Toxicologia – aulas teóricas Gases tóxicos Definição o Um gás tóxico é um composto que, quando inalado ou absorvido através da pele, pode provocar uma grande variedade de danos ao ser humano desde simples irritações até a morte. Classificação o Segundo seus efeitos: Irritantes Substancias de ação local que agridem o aparelho respiratório e os olhos, podendo levar à inflamação tecidual Podem ser leves (ozônio), moderados (cloro e derivados) e graves (derivados sulfúricos, aldeídos, flúor, amoníaco, acroleína) Muito ou pouco solúveis em água: os mais solúveis provocam mais lesões de mucosas; os pouco solúveis produzem mais lesões pulmonares. Sinais e sintomas: o Exposição inalatória: cefaleia, rinite, faringite, laringite, secura e insensibilidade nasal, hemorragia, edema de glote, edema laríngeo, pneumonite, bronquite o Exposição cutânea: eritema e queimadura (mais rara) o Exposição ocular: conjuntivite Asfixiantes simples Gases inertes que em altas concentrações reduzem a disponibilidade de oxigênio Metano e butano Sinais e sintomas: o Diminuição de acuidade visual e da visão noturna o Depressão de SNC, cefaleia, sonolência, tontura, distúrbio de humor, confusão mental, perda de memória, incoordenação e narcose o Sinais de asfixia: agitação, dispnéia, cianose o Náuseas e vômitos o Alterações cardiovasculares Asfixiantes químicos Interferem na utilização bioquímica do oxigênio Monóxido de carbono, cianetos e derivados, substâncias metahemoglobinizantes Sinais e sintomas: o Mesmos sinais de hipóxia + os sinais específicos da substância o Em geral os sintomas surgem precocemente e podem não se relacionar à concentração alta do elemento, podendo ocorrer em ambientes abertos o Cianeto: evidentes e precoces sinais de neurotoxicose Intervenção precoce é fundamental. Intervenções e cuidados: o Irritantes Avaliar CAB e intervir Avaliar as vias aéreas Interconsulta com oftalmologia e otorrino se sintomas locais evidentes Acompanhamento da evolução da pneumonite (até 72h) Sinais de gravidade: broncoespasmos, crepitações. Em geral surgem nas primeiras 24h. o o Tratar queimaduras químicas e avaliar cirurgias Asfixiantes simples O primeiro passo é retirar o paciente do local contaminado Avaliar CAB e intervir Suporte clinico básico ou avançado, dependendo da gravidade do quadro Asfixiantes químicos Avaliar CAB e intervir Oxigênio suplementar por máscara facial com reservatório a 10-15L/min ou TOT Buscar sinais clínicos de intoxicações por elementos específicos visando a rápida instituição de terapias adequadas e antídotos. Exames complementares o o Irritantes Gasometria arterial Hemograma PCR RX de tórax Asfixiantes simples o Cianeto Em casos graves: Gasometria arterial Provas hepáticas Função renal Ionograma RX tórax Asfixiantes químicos Gasometria arterial Hemograma Prova hepática Função renal Ionograma Lactato Dosagem de cianeto Dosagem de HbCO Dosagem de metais RX tórax o Fumigante industrial, preguicida, sínteses químicas, liberado da combustão de materiais (plásticos, tecidos de seda, madeira) e do cigarro, produção de borracha sintética. Nitroprussiato de sódio também libera cianeto (cuidado!) o Ligação reversível ao íon férrico (sistema citocromo-oxidase/mitocôndria) levando a paralização da cadeia transportadora de elétrons, reduzindo a capacidade do uso de oxigênio e produção de ATP o Resultado: produção de ácido láctico, hipóxia tissular, redução do débito cardíaco. o Hipoxia tissualr o Aparecimento e progressão rápidas (sintomas em 30min) o Precoces: ansiedade, cefaleia, vasodilação periférica, taquicardia. o Tardios: náuseas, vômitos, taquicardia, bradicardia. o Tto: Administrar O2 a 100% + Taylor Antidote kit Nitrito de amila inalado durante 20-30 segundos a cada minuto (nova ampola a cada 3 minutos) Nitrito de sódio (pode induzir hipotensão severa) 300mg EV (solução 3%) em 5 min (induzirá à metemoglobinemia, se >30% = azul de metileno 1-2mg/kg – solução 1% EV) Hipossulfito de sódio (aumenta em 30x a conversão enzimática de cianeto em tiocianato) 12,5mg EV (solução 25%) 50% das doses das drogas venosas podem ser repetidas em 30 minutos se resposta inadequada. Monóxido de carbono o Formado a partir da combustão incompleta de substâncias que contém carbono, é menos denso que o ar o Exposição em ambientes fechados são piores o Produzidos em incêndios, altofornos, funcionamento de motores e queima de fogões o Cloreto de metileno (solvente de tintas) é metabolizado no organismo em CO o Passa pela membrana alveolocapilar ligando-se à Hb formando a carboxiemoglobina (HbCO) o Intoxicações leves (10-30% de HbCO): cefaleia, fadiga, discreta dispnéia o Intoxicações moderadas (30-40% de HbCO): cefaleia intensa, vertigens, náuseas, ataxia, turvaçao visual, astenia, confusão mental, tquicardia, taquipneia, hipotensão sistólica o Intoxicações graves (>50%): síncope, convulsões, rigidez muscular generalizada, coma, morte por choque e insuficiência cardirrespiratória o Tto: ABCD Suporte ventilatório adequado Administração de O2 a 100% Câmara hiperbárica 2,5-3 Atms (se HbCO >40%) não tem no João XXIII Manter )2 até HbbCO < 10% Outras classes: o Segundo Henderson e Haggard existem mais 2 grupos de tóxicos inalantes: narcóticos e tóxicos sistêmicos Fosfina: hidreto de fósforo. Gás incolor, mais pesado que o ar, inflamável e explosivo em contato com o ar. Fortemente ávido por oxigêncio, a fosfina é um redutor enérgico. Não possui odor quando pura, mas seus derivados possuem cheiro de alho ou peixe, pela presença de impurezas. o Comercializado na forma de pastilhas, pastas, comprimidos e tabletes. Usado para expurgode grãos e algodão, na área agrícola o Absorção pulmonar e gastrintestinal o Na inalação os fosfetos de alumínio e magnésio depositam-se na superfície do trato respiratório, liberando fosfina o Hipóxia por inibição da citocromo oxidase + acúmulo de radicais livres por redução da ação da catalase + alteração de potenciais de membranas o o Sinais e sintomas Tosse, dispnéia, cianose, edema pulmonar Neurológicos Cardiovasculares Gastrintestinais Etc. Se houve intoxicação há mais de 1 hora, é fatal Há menos de 1 hora: tentar retirar a pastilha ingerida Tto: Gás Arsina o Gás usado na industria eletrônica o Quadro abrupto entre 30-60min após a inalação com náuseas, vômitos, cólicas, câimbras, sede, diarreia aquosa profusa o Ação: bloqueio do ciclo de Krebs o Cardiotoxicidade com prolongamento de Q-T, arritmias o Vasodilação generalizada com extravazamento vascular levando ao choque o Reações hemolíticas o Hemoglobinúria levando à lesão glomerular o Choque + lesão glomerular = IRA o Tto: prevenção da IRA e exsanguíneo transfusão em casos graves Gás Sarin o Arma química classificada como agente neural o Incolor, insípido, inodora o Sintomas iniciais são irritativos (coriza, lacrimejamento, pupilar puntiformes, visão borrada, sudorese profusa, tosse com sensação de opressão torácica, taquipneia, diarreia, etc) e anticolinesterásicos o Uma única gota pode causar sudorese local e contraturas musculares o Altas doses: paralisia, convulsões, falência respiratória, perda de consciência e morte. o Tto: atropina Outros o Compostos organometálicos são mais comuns em doenças ocupacionais o Outros agentes neurais: VX, Soman, Tabun o Gás mostarda: irritante que produz graves ulcerações na pele, olhos e sistema respiratório, lesões neurológicas, etc. Plantas tóxicas e cogumelos venenosos Plantas tóxicas são aquelas que, por inalação, contato ou ingestão causam distúrbios no organismo de homens e animais Distribuição o A maioria ou não é identificada ou é de oxalato de cálcio o Faixa etária: maioria de 1-5 anos (curiosidade de crianças); depois entre 20-29 anos (acidentes ocupacionais, uso de drogas de abuso e tentativas de aborto) Causas de subnotificação o Quadros geralmente benignos o Dificuldade ou inexistência de atendimento médico o Só atendimentos do CTI são computados o Falta de informações sobre as plantas tóxicas o Apenas 1-2% do que é notificado no JXXIII são acidentes com plantas. Síndromes toxicológicas o Dependendo da síndrome é possível sugerir a planta Síndrome gastrintestinal o Presença de toxoalbuminas, solaninas, saponinas, resinas, etc o Náuseas, vômitos incoersíveis, dor abdominal tipo cólica, diarreia, hipotensão, distúrbios de coagulação, HDA, choque hipovolêmico, insuficiência renal. o Exemplos: Mamona (Ricinus communis) a semente inteira não tem problema, mas quando mastigada libera toxoalbumina Olho de cabra ou jequiti Buchinha paulista (usada para decoração e artesanato e para tto de sinusite, para o qual se faz um chá para inalação contudo, é muito irritante. Também tem sido usada para aborto o Pinhão paraguaio Joá (melancia de praia) fruto adocicado que contém solanina Fruta-de-lobo fruta usada como hipoglicemiante Cagaita causa disenteria; é um frutinho do tamanho da moeda de 1 real Maconha diarreia Descontaminação gástrica: discutível em alguns casos é feita, em outros não. Uma Tto: criança que está vomitando pedaços da planta pode se beneficiar da lavagem. Suporte vital Sintomáticos Correção vigorosa de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos Hemotransfusão, se HDA Avaliação da função renal, pelo risco de IRA Síndrome hepatotóxicas o Hepatotoxicidade aguda subestimada ou pouco relatada o Sinais degenerativos (cirrose) o Carcinogênese o o Exemplos: Confrei já foi usado como chá; o uso atual está proscrito Losna ou absinto usado para “curar” ressaca, mas é muito hepatotóxico Sacaca usado para perda de peso, mas destrói o fígado Cogumelos (micotoxinas) Descontaminação rigorosa na fase aguda: lavagem gástrica pode prevenir lesão hepática Tto futura Sem antídotos específicos Sintomático e suportivo Síndrome dermatológica o Ação mecânica: espinhos, pelos, cristais de oxalato de cálcio e bordas cortantes (ex: urtiga) o Lesão química primária: látex cáustico o Sensibilização alérgica (respiratória, dermatites): Contato tempo sintoma o Fotossensibilização: a pele fica mais sensível aos raios solares. Ex: limão e exposição ao sol o Exemplos: Plantas usadas para “mau-olhado” Oxalato de cálcio: Quase metade dos casos notificados são causadas por oxalato de cálcio Sintomas: sialorreia, dor e edema de mucosa oral, disfagia, epigastralgia, vômitos, edema de glote (asfixia e morte) Devido ao risco de edema de glote, o paciente deve ficar em observação por 6 horas no hospital, mesmo se estiver com poucos sintomas aparentes. Exemplos: comigo ninguém pode, tinhorão, taioba (se não for bem cozida dá sensação de formigamento na boca), antúrio, spatifilus ou lírio da paz, cheflera, copo de leite, filodendro, costela de Adão, espada de São Jorge (afasta mau olhado) o Tto da lesão mecânica: Lavar a área atingida (geralmente mucosa oral); lavagem gástrica só nas ingestões maciças Sintomáticos Demulcentes (cremes, leite, mingau): alimento frio que dá alívio (sorvete); só pode ser dado se a pessoa estiver respirando sem dificuldades. o Observar algumas horas pela possibilidade de edema importante de VAs/glote Tratar feridas de pele para evitar infecções Látex cáustico Produtoras de seiva ou látex cáustico Ardor, edema, prurido, dor, eritema, lacrimejamento, vômitos, epigastralgia, queimação retroesternal. Exemplos: coroa de Cristo, mama cadela (usada no tto do vitiligo, aumenta a sensibilidade da pele ao sol), chapéu de Napoleão (é também cardiotóxico, pode levar ao óbito), pinhão paraguaio (além dos distúrbios gastrintestinais), avelós ou figueira do diabo (em estudo para uso para tto do câncer de mama) Tto: Lavagem do local com água em abundância (soro fisiológico) Lavagem gástrica não indicada, pois é acidente cáustico o Acometimento ocular: irrigação com SF (20 minutos) e avaliação de oftalmologia Analgésicos e anti-histamínicos, se necessário Fotossensibilização Produzem substâncias chamadas psoralens Fitodermatose: hipersensibilidade da pele aos raios solares Eritema, dor, edema, hiperpigmentação (tardia), vesículas, queimaduras graves Ex: folha de figo (já foi usada para bronzeamento com óleo de cozinha e urucum, causando queimaduras graves), caju, camará (o gado se alimenta da planta e tem queimaduras, além de hepatite), limão o Tto: Suporte vital, principalmente para queimaduras graves Anti-histamínicos, analgésicos Uso controverso de corticoides Sensibilização alérgica Latência entre exposição e início dos sintomas Pode dar um quadro respiratório (rinite, asma) ou dermatológico Alergia respiratória: capim gordura (alérgicos ao pólen devem evitar passar perto na época das flores), aroeira (apenas passar perto da árvore pode causar os sintomas), piretro (usados para confecção de inseticidas piretroides), mamona (usada para fabricação de biocombustíveis) Tto da alergia respiratória: o Afastar o agente o Anti-histamínicos, broncodilatadores e corticóides, se necessário o Suporte respiratório Dermatites Eritema, prurido, ardor, edema, vesículas. Exemplos: aroeira, tulipa (dedos de tulipa: doença ocupacional de mulheres que trabalham com a planta), ipê (madeira) Tto: o Afastar agente o Descontaminação cutânea o Anti-histamínicos, corticóides o Cuidados para evitar contaminação bacteriana da lesão Síndrome cardiológica o Intoxicação digitálica, com arritmias diversas, alterações gastrintestinais e neurológicas associadas o Exemplos: o Dedaleira: cachos Espirradeira: muito comum em parques e jardins Chapéu de Napoleão: fruto verde que quando amadurece parece um chapéu Cega-olho Azaléia Suporte vital Monitorização eletrocardiográfica em UTI Tto: Tratamento das arritmias Descontaminação gástrica sempre, apesar do látex caustico, devido ao potencial de arritmia Síndrome cianogênica o Liberação de ácido cianídrico por hidrólise o Sintomas: cefaleia, taquicardia, dispnéia, hipertensão inicial, vômitos, colapso circulatório, hipóxia grave, convulsões, arritmias, coma e óbito. No início agitação, depois depressão do SNC o Exemplos: Mandioca brava ou mandioca-amarga ou manipeba: Rica em cianeto (a diferença entre ela e a mandioca atóxica não é visível mesmas características morfológicas) o Variações da concentração do princípio ativo de acordo com o ambiente Ações preventivas: o Não usar a planta crua o Cozinhar em panela destampada, porque o cianeto é volátil. o Não aproveitar água de cocção Feijão-trepador Bambu Suporte vital; geralmente necessitam de atendimento em UTI Na emergência, uso de antídotos do cianeto Nitrito de amila para dar tempo de preparar o Tto: nitrito de sódio; se paciente ficar azul, dar azul de metileno. Logo após, nitrito de sódio. Por último, hipossulfito de sódio. Correção vigorosa de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos Se o tempo entre a ingesta e o atendimento for curto, fazer lavagem e carvão ativado. Síndrome atropínica o Beladonados o Sintomas: pele quente, mucosas ressecadas, midríase (pupilas quase do tamanho da íris, muito grandes), agitação/torpor (a pessoa agita e apaga sucessivamente), alucinações, hipertermia (até 42°C), retenção urinária. o Muito comum em crianças que avós tomam conta: intoxicação com colírio de atropina o Exemplos: o Atropa belladona: usada no Atroveran Trombeteira Manto de Cristo (muitos nomes) Maria Preta, Amora do campo Suporte vital Descontaminação gástrica pode estar indicada Sedação criteriosa: se for excessiva, o momento da depressão de SNC pode ser fatal; mas Tto tem que ser suficiente para evitar muita agitação Compressas frias, se hipertermia Possibilidade de retenção urinária: Passagem de sonda da alívio Outras substâncias psicoativas o Dama da noite o Maconha o Ipomeia: princípio ativo semelhante ao LSD o Noz moscada: ½ pode matar o Papoula: ópio Plantas de princípio ativo indeterminado ou que causam síndromes complexas o Guiné: usada em rituais de macumba, para tirar mau olhado, etc, muito comum em jardins. Causa distúrbios neurológicos, agitação, alucinações. o Carambola: qualquer pessoa que tenha doença renal ou chance de desenvolver (ex: HAS, DM) não devem comer nem tomar suco de carambola, pelo risco de distúrbios neurológicos e insuficiência renal grave começa a agitar, depois a soluçar, até entrar em coma e morrer. Às vezes precisam de diálise por 15 dias. o Charuto do rei ou couve selvagem: causa vômitos, dor abdominal, paralisia ascendente, que pode levar à insuficiência respiratória. Em geral chega um grupo familiar no hospital, todos intoxicados os vômitos que ela causa auxiliam a desintoxicação. Tto: expectante. o Cicuta: causa paralisia e convulsões. Utilizada na beberagem que levou Sócrates à morte. O lugar preferido dessa planta é a horta. o Citronela o Curare: causa paralisia. Ingerido não é problema, e sim injetado. o Erva de santa Maria: Distúrbios neurológicos, gastrintestinais e respiratórios, arritmia cardíaca. Usada no interior para matar vermes o Giesta: causa alterações gastrintestinais, vertigens, paralisia bulbar, apneia. Muito comum em Poços de Caldas o Camará: Causa distúrbios neurológicos e fotossensibilização. o Fumo: Causa vômitos, arritmias cardíacas e paralisias o Esporinha: Irritação de mucosa orofaríngea, evoluindo para asfixia; cefaleia, miose, mialgia, distúrbios cardíacos. Fitoterapia o Crescimento do mercado o Idéia de que o natural não faz mal o Falta de controle, estudos e normatização o Desconhecimento o Quantidade diversa do princípio ativo em cada parte da planta o Só usar produtos certificados o Exploração sustentável o Biopirataria o Exemplos: Camomila associada ao Ginkgo biloba é proibido! Passiflora (maracujá): pode causar insônia, ao invés de ajudar a dormir Boldo: o único bem estudado é o do Chile, com propriedades digestivas; em excesso pode causar problemas hepáticos Cogumelos venenosos o Bolores, parasitas de plantas e animais o Casos geralmente relacionados ao uso recreacional/ abuso de drogas o Pouca experiência no Brasil o Erros de identificação; comestíveis e terapêuticos o Exemplos: Amanita phalloides: o pior de todos Amanita muscaria Conocybe fragilis Conocybe lactea Inocybe sp. e Clitocybe dealbata: síndrome muscarínica Amanita phalloides: síndrome hepatonefrítica e neurológica Gyromitra esculenta: síndrome hemolítica, hepato e neurotoxicidade Cortinarius orellanus: síndrome renal com fibrose renal progressiva e irreversível Micotoxinas: o Doenças crônicas graves o Perdas na lavoura e armazenagem de grãos o Problemas veterinários o Exemplos: Claviceps purpúrea: alcalóides do ergot distúrbios circulatórios Aspergillus sp: aflatoxinas: hepatotóxicos, carcinogênicos Ferrugem do cafeeiro Pequenos animais peçonhentos Distribuição pela classe do agente nos atendimentos clínicos do JXXIII, 2007: cerca de 25% por ingestão de medicamentos, cerca de 28% animais peçonhentos e 21% animais não peçonhentos. Dentre animais peçonhentos: escorpiões (53,7%), lagartas (21,4%), aranhas (6,4%), serpentes (5%). Erucismo Eruca = lagarta Erucismo: termo utilizado para designar os acidentes provocados por lagartas (forma larval dos lepidópteros) Ocorrem quase sempre em área externa, ao manuseio de frutos, folhas secas, arbustos e caules de árvores (principalmente frutíferas). Curiosidade de crianças. Distribuição por gênero: Lonomia (2%), outras (98%) 3 grupos de maior interesse médico no Brasil o Megalopygidae (lagartas peludas comuns) o Saturniidade (Lonomia e outras não peçonhentas) o Arctiidae (Premolis semirufa): região amazônica quadro semelhante a artrite reumatóide Megalopygidae o Nome popular: sauí, taturana-gatinho, flanela, lagarta de fogo, mandrová, chapéu amarelo o Distribuição geográfica: todo o Brasil. Geralmente solitárias. o Características físicas: mais de 100000 espécies: “pelos” (na verdade são cerdas) longos, macios e coloridos (ornamentais) e curtos e pontiagudos (inoculadores de veneno) o Tipo de acometimento: dermatológico e urticante. Pode causar anafilaxia sistêmica. o Tto sintomático e local Saturniidae: o Nome popular: orugas ou rugas (sul), beijus-de-tapuru-de-seringueira (norte) o Distribuição geográfica: AP, PA, RS, SC, SP, PR, GO, com tendência a se espalhar (ex: norte de MG). São gregárias o Características físicas: recobertas por cerdas duras, de aspecto arbóreo (ramo de cipreste), em geral de corpo marrom-esverdeado com listras longitudinais marrom escuro e amarelo ocre e cabeça cor de caramelo. As glândulas de veneno estão no ápice das cerdas. o Tipo de acometimento: hemorrágico (consumo dos fatores de coagulação) e dermatológico. O acometimento sistêmico é geralmente mais exuberante que as manifestações locais, que são mais discretas que as do grupo Megalopygidae. o Automeris: lagarta verde com 1 listra clara (branca, amarela clara) o Hylesia: verde mais escuro Mariposa fêmea que contém cerdas microscópicas no abdome capazes de provocar dermatite aguda (lepidopterismo acidente com o animal adulto) Distribuição geográfica: AP, MG, SP, PR Tipo de acometimento: dermatite pápulo-pruriginosa urticária mais intensa, queimaduras Tto: sintomático e suportivo Arctiidae o Nome popular: pararama o Distribuição geográfica: seringais amazônicos o Características físicas: pelos macios e longos na cabeça e cauda, com pequenas verrugas inoculadoras de veneno do 2º ao 8º segmento do corpo o Tipo de acometimento: osteoarticular (reumatismo dos seringueiros) o Acidente por Premolis (pararamose). Doença ocupacional dos seringueiros Natureza inflamatória cujas manifestações agudas são indistinguíveis daqueles acidentes por taturanas comuns Pode levar a anquilose permanente das mãos Fisiopatologia dos lepidópteros o Veneno é um composto protéico que sensibiliza a vítima, provocando diversas gradações de reações alérgicas o Atribui-se ação aos líquidos da hemolinfa e da secreção das espículas, tendo a histamina como principal componente estudado até o momento. o No veneno das lonômias existem substâncias fibrinolíticas, uroquinase-like, calicreína-like, fator Xlike e ativador de plasminogênio (substâncias que se assemelham a fatores endógenos) o Capacidade de ativar fator X e protrombina. Extratos de cerdas de lagartas possuem componentes com atividade de fosfolipase A2 e proteolíticas capazes de ativar complemento. Atividade antitrombótica também foi descrita. Quadro clínico: o Tatuagem traumática hiperemia, edema, às vezes algumas petéquias. o Dor semelhante a escorpionismo e araneísmo por Phoneutria, intensa e irradiada por toda a área adjacente ao contato. o Na maioria dos casos associa-se quadro dermatológico com eritema, lesões puntiformes, edema leve, calor e prurido locais. o Posteriormente, em alguns casos, podem surgir pápulas, vesículas e até necrose local, bem como linfadenomegalia. o Manifestações sistêmicas são raras nos casos não lonômicos, entre elas: mal estar, diaforese, febre, náuseas, lipotímia e agitação psicomotora. Acidente por Lonomia: o Quadro local semelhante ao das outras o São preditivas do surgimento de sangramento: cefaleia (hemorragia cerebral), náuseas, tonturas, dor abdominal e artralgia. o Discrasia sanguínea entre 1-48h após o acidente (geralmente aparecem nas primeiras 8h), com ou sem sintomas Hematomas, equimoses e outros sinais hemorrágicos: gengivorragia, hematúria, epistaxe, hematoquezia e sangramento pós-traumático o Hipotensão e mialgia são sinais inespecíficos o Principais complicações e causas de óbito (inferior a 5%): IRA, CIVD, AVC hemorrágico Exames laboratoriais: o Só tem relevância para o diagnóstico diferencial ou nos acidentes por Lonomia, levando a discrasias sanguíneas da seguinte ordem: Alteração do tempo de coagulação Elevação do PTT Elevação da atividade de protrombina Redução do fibrinogênio Aumento do PDF e PDFib (produtos de degradação do fibrinogênio e da fibrina) Plaquetas normais ou diminuídas, em alguns casos Tto: o Analgésicos o Elevação do membro o Hidratação venosa o Se for acidente de trabalho, notificar o centro de medicina do trabalho. o Em acidentes hemorrágicos: ácido épsilon-aminocapróico (Ipsilon). Dose de ataque de 30mg/kg, EV e 15 mg/kg a cada 4 horas até a normalização da coagulação o Corrigir a anemia com concentrado de hemácias. o Soro antilonômico: Gravidade leve: quadro local presente, coagulação normal, sem sangramento, tto sintomático Gravidade moderada, quadro local presente ou ausente, coagulação alterada, sangramento ausente ou presente na pele e mucosas, tto sintomático + 5 ampolas EV Gravidade grave, quadro local presente ou ausente, coagulação alterada, sangramento em vísceras (hematêmese, hipermenorragia, broncorragia, AVC, alterações hemodinâmicas e falência de múltiplos órgãos), tto sintomático + 10 ampolas o Recomendação de 1998: sempre realizar TC, com ou sem sangramento e repetir em 12-24h não é seguida no JXXIII. Himenópteros Insetos são os animais mais numerosos e amplamente distribuídos no planeta Classificação: o Filo: Artrhopoda o Classe: Insecta o Ordem: Hymenoptera Interesse médico: o Vespas (4,3%) o Formigas (5,3%) o Abelhas (72,1%) o Mamangavas (1,4%) o Marimbondos (15,9%) Os himenópteros possuem ovopositor modificado ferrão injeção de peçonha Grave inflamação local ou hipersensibilidade Abelhas o Produtividade de mel o Produção de feromônios o Resistência a pragas e doenças o Adaptação em ambientes diversos o Mais excitáveis o Mais ativas o Apis mellifera: abelha africanizada, muito comum. Alta agressividade: “killer bees” Maior número de ferroadas; persistem no ataque ao inimigo mesmo se ele se afasta. Atraídas por cheiros doces. o o Aumento do número de casos: Introdução no país de abelhas africanas Desmatamentos e queimadas Acidentes com ciclistas e motoqueiros Patogenia: Veneno contém múltiplas substâncias patogênicas Estimulam produção de IgE sensibilização para um novo contato Quanto menos tempo entre os acidentes, maior o risco de anafilaxia. Componentes e atividade tóxica: Fosfolipase A2 e melitina: bloqueio neuromuscular, hemólise e rabdomiólise (o risco é maior nas múltiplas picadas: prestar atenção à queixa de mialgia do paciente na suspeita, solicitar CK total e função renal) o Apamina: neurotoxina de ação motora (contrações musculares) Cardiopeptídeo: beta-adrenérgico (taquicardia, hipertensão) Peptídeo MCD: degranulador de mastócitos Histamina e serotonina: dor, vasodilação, aumento de permeabilidade vascular Hialuronidase: facilita absorção do veneno Diagnóstico: Identificação fácil autonomia Animais em orifícios do corpo (enxame) retirada do ferrão com pinça é controversa, porque o ferrão esprimido pode liberar mais veneno. o Manifestações clínicas: Intensidade variável: número de picadas, local acometido, dose do veneno, sensibilidade individual (principalmente). Reações alérgicas sistêmicas ou anafiláticas: Independem do número de picadas Sintomas precoces Prurido, urticária, mal estar Angioedema, broncoespasmo, distúrbios gastrintestinais IRpA (broncoconstrição + secreção de muco), disfagia, alterações de sensório Arritmias (mais comum é taquicardia sinusal), choque (aumenta permeabilidade, reduz contratilidade miocárdica, constrição de aa periféricas e coronárias, dilatação de vênulas choque), coma, PCR Complicações tardias renais, vasculares; doença do soro (urticária, febre, artralgia: ligação Ag-Ac deposição tecidual de imunocomplexos. Tto: anti-histamínicos.) Reações tóxicas sistêmicas Síndrome do envenenamento o Ocorrem em acidentes com múltiplas picadas o Prurido, urticária o Distúrbios gastrintestinais o Hipotensão, choque o Mialgia mioglobunuria (rabdomiólise) (histamina conseqüente) o Crise hipertensiva, aumento de FC e T (adrenalina conseqüente) o IRpA, IRA, insuficiência hepática, coagulopatia. Acidentes mais comuns: forma leve (90%) Dor, edema, calor, eritema Duração de horas a dias: manter sintomáticos por 1-2 dias, pelo menos. Ferrão presente Porta de entrada para bactérias: infecção secundária (mais rara) Acidentes moderados: angioedema e urticária: IgE + mastócitos degranulação (histamina) vasodilação e extravazamento de fluidos pápulas pruriginosas + edema Acidentes graves: anafilaxia Inicio e progressão rápidos Manter via aérea definitiva Manifestações tardias são raras: o Vasculites, nefrose, neurites, encefalite Exames complementares Úteis para complicações, não para diagnóstico Leucocitose com desvio a E Aumento de CK e CKMB Aumento de AST, ALT, Bb o Mioglobinúria Aumento de uréia e creatinina Íons, gasometria arterial ECG Tto: Alcalinização do sangue ou da urina pode auxiliar a excreção de algumas substâncias. Nesse caso, deve-se alcalinizar a urina. No álcool, alcaliniza-se o sangue. Monitorar o pH sanguíneo. Reação anafilática: ABCDE diagnóstico (buscar por início agudo da doença, risco de morte por problemas na permeabilidade de vias aéreas e/ou respiração e/ou distúrbios circulatórios, mudanças na pele/mucosas) chamar por ajuda, manter paciente deitado, elevar pernas do paciente prioridade (primeira linha) = adrenalina IM reavaliar em 5 minutos e repetir, se necessário segunda linha = anti-histamínicos e corticóides outras drogas: broncodilatadores (via inalatória, IV), vasopressores (NE, vasorpressina, metaraminol), antagonistas beta-adrenérgicos (glucagon). Estabelecer via aérea: O2 de alto fluxo. Monitorar: oximetria de pulso, ECG, PA Tto geral é apenas suportivo Não há soro específico Quadros leves: Analgésicos Anti-histamínicos: associação anti-H1+anti-H2 (prometazina + ranitidina) eficaz. Não reduzem sintomas de vias aéreas, embora reduzam o prurido, urticária e sintomas nasais. Seu uso na anafilaxia não é justificado. o Corticóides orais Remover ferrões: lâmina de bisturi. Não morder, chupar, apertar com os dedos Quadros graves: emergência Acompanhamento Poucas picadas: 12 horas Múltiplas picadas: 72 horas (reações podem ser tardias) Quadros graves: intensivo Não há indicação para profilaxia anti-tetânica. Imunoterapia: altamente efetiva (90%) Previne anafilaxia em pacientes de risco Quem deve tratar? o Anafilaxia prévia o Doença do soro prévia Vespas: o + de 15.000 espécies o Marimbondo, marimbondo-cavalo, vespaõ, exu o Atraídas por perfumes e substâncias doces o Composição do veneno é pouco conhecida o Raramente há sensibilidade a abelhas e vespas simultaneamente (cruzada) o Clínica o Ferrão não fica aderido à pele Edema (endurado), eritema, calor, dor local Choque anafilático Suportivo Semelhante a abelha Tto Formigas: o Inúmeras espécies o Abundantes o Reações locais e/ou sistêmicas o Tto: idem abelhas e vespas o Gênero Eciton: o o Amazônia Colônias imensas percorrem florestas Mandíbulas para “morder” e liberação de ácido fórmico acidose metabólica Gênero Solenopsis Todo Brasil Lava-pés,formiga de fogo, doceira, malagueta Agressivas: maior número de acidentes Picadas múltiplas quando afixadas à pele Veneno diferente das vespas Anafilaxia cruzada em pré-expostos a vespas Dor local, prurido Pápula evolui para pústula estéril em 1-2 dias Uso de sintomáticos Tto habitual para anafilaxia Gênero Paraponera Brasil Central e Amazônia Tocandira, formiga vinte e quatro horas, formiga da febre Até 3cm de comprimento Hábitos solitários Picadas dolorosas: febre, taquicardia, calafrios, vômitos Reação urticariforme Tto sintomático Usadas em rituais de passagem indígenas. Diferença de reação anafilática e anafilactoide? o Clinicamente semelhantes. Contudo, na primeira a ativação de mastócitos e basófilos se dá através de IgE, e na segunda essa ativação é independente de IgE. Escorpionismo Para uma propedêutica adequada do acidentes escorpiônico são importantes o conhecimento da biologia, fisiopatologia e classificação do quadro clínico do escorpionismo. É essencial o conhecimento clínico e epidemiológico do escorpionismo, inclusive georreferenciamento, para orientação de políticas de saúde. Desafios o Acreditar que a incidência é alta e extensa e que o escorpionismo pode ser gravíssimo e provocar muitos óbitos: alta suspeição, especialmente em crianças que podem não notar a picada, se sintomas aparecerem. o Reconhecer o agente o Entender a fisiopatologia o Conhecer o tratamento adequado o Ter os recursos necessários o Prevenção Os acidentes escorpiônicos apresentam prevalência importante em vários estados brasileiros. A picada do escorpião do gênero Tityus é um problema de saúde pública, a despeito das campanhas preventivas e educativas. Distribuição: MG lidera o número de acidentes notificados; no CIAT-BH, animais peçonhentos representam 20% dos acidentes, sendo 60% deles escorpiões. Meses de maior incidência: crescimento a partir de agosto e declínio a partir de janeiro. Mortalidade em crianças: 18 vezes maior que adultos. o 88 mortes em 12858 casos em MG o Soroterapia em 4036 (moderados-graves) o 77 dos óbitos em casos graves o 43 dos óbitos na faixa entre 1-4 anos em 2590 casos o 3 dos óbitos a faixa < 1 ano em 348 casos Escorpiões o São artrópodes quelicerados incluídos entre os aracnídeos o Primeiras espécies no período Siluriano,há 400 milhões de anos o Grande capacidade de sobrevivência e adaptação ambiental o Habitat preferido, ecologia e comportamento: o 1500 espécies, porém apenas 25 capazes de provocar acidentes graves ou fatais – todos da família Buthidae o Ampla distribuição geográfica. No Brasil, SE e NE o Gêneros mais perigosos Androctonus e Leiurus (África e Oriente Médio) Centruroides (EUA e México) Tityus (América do Sul e Trinidad) o O mais peçonhento do mundo: Leiurus quinquestriatus (Sudão) o O mais peçonhento do Brasil: Tityus serrulatus (amarelado, com dorso mais escuro, marrom homogêneo; 3º e 4º segmentos caudais possuem serras e há uma espícula embaixo do ferrão). Possui reprodução por partenogênese (independente do macho), o que favorece sua maior disseminação, além da sua maior resistência. Espécies no Brasil Gênero Tityus: o Complexo T. stigmurus, que inclui T. serrulatus, T. stigmurus (bege mais claro, com mancha negra no meio do dorso), T. lamottei o T. parensis o T. bahiensis: mais escuro (marrom) com alternância de cores nas patas (bege com marrom); possui garras mais fortes e maiores. o T. brazilae, T. neglectus e T. matogrossensis o T. costatus o T. metuendus: mais escuro (negro) o T. fasciolatus o T. adrianoi: o primeiro acidente foi descrito há pouco tempo no JXXIII. Garras mais fortes que T. serrulatos. Outros gêneros o Brotheas amazonicus o Rhopalorus agamemmon, R. rochae, R. acromelas o Bothriurus spp. Mecanismos de ação do veneno o Mistura de diferentes concentrações de hialuronidases; liberadores de fosfodiesterases, serotonina, histaminas e citocinas; além de neurotoxinas e cardiotoxinas. Ação direta no coração e no pulmão (edema agudo de pulmão não cardiogênico) o Pode iniciar-se poucos minutos após a picada, implicando na necessidade de se aplicar a soroterapia o mais precocemente possível. Fisiopatologia (COMPLETAR) o Grande descarga autonômica com liberação maciça de catecolaminas, aumento de AT2 e inibição da secreção de insulina podem ser responsáveis pela maioria das manifestações clínicas e laboratoriais o Miocardiopatia descrita como isquêmica o Participação de interleucinas o Devido à liberação de acetilcolina pode ocorrer aumento de secreção de glândulas lacrimais, sudoríparas, pâncreas e mucosa gástrica. Hipertermia, sudorese profusa e aumento de perdas gastrintestinais pode causar desequilíbrio hidro-eletrolítico, facilitando a instalação de choque. o Alterações hemodinâmicas responsáveis pela falência respiratória complexa e multifatorial o Choque inicialmente é cardiogênico. Sintomas o o Locais: 99,3% Dor local: 94,4% Parestesia: 32,6% Hiperemia Eritema Sudorese local Edema Dormência Sistêmicos: 11% Vômitos: 3,6% Taquicardia: 2,2% Náuseas: 2% Cefaleia: 1,8% Tonteira Sudorese Dispnéia Dor abdominal Diagnósticos diferenciais: o Dor e sinais locais típicos (araneísmo: dor surge horas após a picada) o Tempo médio para surgimento de manifestações sistêmicas o Intensidade e freqüência dos vômitos como forte sinal premonitório sensível da gravidade Exames complementares o Glicemia: aumenta o Amilase: aumenta o CK: aumenta o TGO: aumenta o Hemograma: leucocitose o Potássio sérico: cai o Escórias renais o Gasometria arterial: acidose metabólica o Urina rotina: glicosúria o ECG: Alterações bastante variáveis, em geral volta ao normal em 3 dias. Taquicardia, alterações de onda T e anormalidades do segmento ST e bloqueios de ramo D o RX tórax o Ecocardiograma Hipocinesia de paredes o Tomografia cerebral: alguns casos. o Dosagem de veneno circulante o Troponina: aumenta. Marcador de gravidade da isquemia cardíaca provocada pelo veneno. Manifestações clinicas o Dependem da espécie, quantidade de veneno inoculado, idade da vítima e susceptibilidade individual (massa corporal) o Para fins de orientação terapêutica e prognóstico classificamos escorpionismo em leve, moderado e grave o o Leve: Manifestações: Dor e parestesias locais Sem soroterapia Moderado: Manifestações: Dor local intensa associada a uma ou mais manifestações, como náuseas, vomitos, sudorese, sialorreia discretos, agitação, taquipneia e taquicardia o Grave: Soroterapia: 2 ampolas IV Manifestações: Além das citadas na forma moderada, presença de 1 ou mais das seguintes: vômitos profusos incoercíveis, sudorese profusa, sialorreia intensa, prostração, convulsão, coma, bradicardia, IC, edema pulmonar agudo e choque Soroterapia: 4 ampolas IV (suficiente para a maioria dos casos graves, pois neutraliza o veneno circulante e mantém efeito antiveneno por pelo menos 24 horas) Acompanhamento: o Crianças: 6-12 horas o Na falta de soro antiescorpiônico, pode-se usar antiaracnídeo o Pacientes que receberam soro: observação por 24 horas Tratamento o Suporte vital o Neutralizar o veneno o mais rápido possível o Sintomático: analgesia, hidratação e antieméticos o Específico: soroterapia (controvérsia em âmbito internacional) Soro deve ser puro, endovenoso, em 10 minutos, sendo a dose independente do peso ou idade. o Graves: terapia de primeira linha é a reperfusão coronariana precoce (angioplastia, etc) Captopril: usar; se EAP reduzir, mas houver hipotensão, dar volume e até dopamina, mas não retirar captopril. Soro o Laboratórios produtores: IVB, IB, FUNED. o Soroterapia: casos moderados-graves ou casos leves, mas com dor muito intensa sem melhora com analgesia o Casos em que se usa mais de 4 ampolas Picadas múltiplas Soro anterior pós via inadequada Prazo de validade vencido o Reações ao soro e necessidade de pré-medicação: raras o Suporte intensivo, correção hidroeletrolítica e ventilação mecânica Pacientes de atenção especial: o Identificar causa da evolução desfavorável: Moderado que recebeu 2 ampolas e precisou completar Criança pequena Sofreu hipóxia Criança que apesar de tempo hábil, número de ampolas suficientes, apresentou reação grave individual. E a dor? o Sintomas até 96 horas após a picada o Hiperexcitabilidade das fibras do tipo A lentas e rápidas em até 80% dos casos com provável aumento estésico de 20 vezes o Catecolaminas aumentam a percepção dolorosa o Como controlar? Bloqueios anestésicos são mais eficientes, mas de curta duração Analgésicos periféricos para dores leves Morfina é escolha, tendo em vista seus benefícios em IAM e EAP BZP tem ação moduladora na descarga de catecolaminas Mudanças recentes: o Foco de atenção era o pulmão, mas hoje entende-se que o EAP, alem da alteração da permeabilidade vascular, há grande contribuição da disfunção cardíaca na sua gênese o Arritmia era a grande preocupação, hoje é a isquemia miocárdica. o Não há evidencias de doença coronariana com escorpionismo Gestantes: o Aumento do índice de prematuridade, sem lesões diretas evidentes ao feto o Aumento da contração uterina Prevenção o Erradicação? o Higiene domiciliar e peridomiciliar o Criação de galinhas o Erradicar alimentos dos escorpiões Ofidismo Cobras peçonhentas: o Hábitos noturnos, não enxergam bem, possuem 2 dentes inoculadores de veneno Possibilidades do acidente o Região de ocorrência do acidente: ambiente Se o acidente foi na água, provavelmente não foi cascavel; se a cobra está enrolada, provavelmente não era jararaca. o O informante é confiável? o Pessoas do interior em geral conhecem cobras, mas a clínica é sempre soberana. Usava equipamentos de proteção individual? Em geral cobras peçonhentas têm hábitos noturnos, não enxergam e notam apenas as ondas de calor pela fosseta loreal até 3m de distância, após a mordida, ficam próximas ao local esperando a vítima cair; as não peçonhentes têm hábitos diurnos, enxergam bem e fogem imediatamente após a mordida. As brasileiras não são muito agressivas; atacam mais quando se sentem ameaçadas. Conseguem atacar a uma distância de até 1/3 do seu comprimento. Não pulam de cima de árvores. o Tem certeza de que foi uma serpente? o Diagnósticos diferenciais Mordida de rato: possuem 4 dentes e geralmente arrancam um pedaço da pele. Aranha: ponto de inoculação para dentro e convergente o Trouxe ou identificou a serpente? o Existe ponto de inoculação? 2 dentes provocam 2 furinhos pequenos com uma distância de até 2 dedos entre eles ou 2 arranhões o Apresenta sintomas locais ou sistêmicos? o Realizou garroteamento? Maior risco de trombose Identificando a serpente: o o Peçonhentas Cabeça triangular, bem destacada do corpo, com escamas Cabeça com escamas pequenas semelhantes às do corpo Cauda curta, afinada bruscamente Presas inoculadoras anteriores Lentas, hábitos noturnos, agressivas Olhos pequenos, pupilas em fenda vertical e fosseta loreal entre olhos e narinas Jararaca: possuem telefone Cascavel: possuem chocalho e corpo com losangos (doce de leite) Surucucu: diagnóstico por eliminação Não peçonhentas Cabeça estreita, alongada, mal destacada. Exceção: jibóia, que tem cabeça triangular e mata apenas por constrição o Cabeça com placas em vez de escamas, semelhante a uma tartaruga Cauda longa, afinada lentamente Sem presas inoculadoras; vários dentes Hábitos diurnos Olhos grandes, pupila circular, fosseta loreal ausente. Possibilidade de ser um anelídeo? Minhocoçu, anfíbios, etc. Corais: características diferentes de outras peçonhentas: A boca é mais parecida com a das não peçonhentas: vários dentes, sendo o último inoculador de veneno; como para morder precisa abrir muito a boca, acidentes com ela são raros. Dificuldade para identificar se é falsa ou verdadeira Gêneros o Bothrops Jararaca, jararacuçu, urutu, urutu-cruzeiro, jararaca-verde (parece cobras verdes não peçonhentas), caiçara, etc o “Ganchos de telefone” no dorso 90% dos acidentes no Brasil (perfil está mudando) Em MG há mais crotálico que no resto no Brasil, pois o cerrado é o habitat da cascavel. Preferem lugares úmidos (beira de rios, lagoas Crotalus “Losangos” no dorso (doce de leite claro); guizo ou chocalho na cauda No Brasil, 8% dos acidentes (em MG, chegam a 30-45%) Preferem regiões de campos e cerrados; lugares secos e pedregosos Podem ficar até 3 meses sem comer; cada anel do chocalho corresponde a uma troca de escamas. o Laquesis Surucucu, pico-de-jaca, surucutinga Losangos escuros no dorso, mas sem circundar o corpo todo (doce de leite preto) Escamas eriçadas na cauda o o Presente na Amazônia e Mata Atlântica (ambientes úmidos) Acidentes raros (ou subnotificados? Quadro clínico semelhante ao botrópico) Maior serpente das Américas Micrurus Sem fosseta loreal, pupilas redondas Pequenas presas inoculadoras Acidentes são raros. Anéis coloridos, circulares, incluindo o ventre: diversos padrões de cores Falsa: o ventre é branco Cobras não peçonhentas: Substâncias ativas na saliva podem causar extensa celulite Ação de cada veneno: o Botrópico Coagulante (consumo dos fatores V, VII e plaquetas) risco de trombose Consumo de fibrinogênio (sangue incoagulável) Hemorrágico (lesão endotelial direta com sangramento local) Proteolítico (dor, edema duro, bolhas, necrose) síndrome compartimental Lesão renal (ação direta, formação de imunocomplexos, hipoperfusão) Filhotes (fração coagulante mais evidente que a proteolítica) muitas vezes não há edema, mas o coagulograma está muito alterado o o Crotálico: Neurotóxico (bloqueio de grupos musculares) Fácies neurotóxica (paralisia facial, ptose palpebral) Paralisia diafragmática (insuficiência respiratória) Miotóxico (rabdomiólise). Os primeiros músculos a perder função são: Ciliar: midríase e dificuldade de enxergar (perda da acomodação) Levantador da pálpebra: ptose Estrabismo divergente Mioglobinúria Coagulante (consumo de fibrinogênio) Nefrotóxico (ação direta, mioglobinúria, hipoperfusão) Elapídico Neurotóxico (bloqueio neuromuscular) Paralisisa diafragmática (insuficiência respiratória) Fácies neurotóxica Proteolítico (lesão tecidual severa) Coagulante (sangramento) Neurotóxico (acometimento de parassimpático: PA baixa, bradicardia, diarreia, hipersecreção brônquica, etc) o Resumo: Botrópico causa mais lesões locais, crotálico mais sistêmicas e laquético é uma mistura Sintomas o Botrópico Dor, edema, equimose, bolhas o o Sangramento contínuo no ponto de inoculação Eventos hemorrágicos (epistaxe, gengivorragia) Necrose ou abscesso Síndrome compartimental Crotálico Dor leve ou parestesias no local da picada Fácies neurotóxica (paralisia facial, ptose palpebral) Mialgia. Ex: cervical, costas, pernas Distúrbios visuais (borramento, diplopia) Alterações do sensório Urina escura (mioglobinúria) O quadro pode ser unilateral Elapídico (coral) Veneno de absorção rápida (até 3 minutos) Dor discreta ou parestesia no local da inoculação Paralisia muscular progressiva Fácies neurotóxica Oftalmoplegia (dificuldade de acomodação visual) Náuseas, sialorreia, disfagia Insuficiência respiratória por acometimento de diafragma necessidade de intubação rápida, muitas vezes o Laquético Dor, edema, vesículas, necrose e abscessos Eventos hemorrágicos (epistaxe, HDA) Alterações neurotóxicas (parassimpático: bradicardia, hipotensão, diarreia, broncoespasmo) Exames complementares o o Botrópico Anemia, plaquetopenia, leucocitose Atividade de protrombina diminuída PTT aumentado Fibrinogênio pouco diminuído Função renal: aumento das escórias Urina rotina: proteinúira, hematúria CK: aumentada Crotálico: o Laquético: CK muito aumentada (grande diferença entre botrópico e crotálico) Mesmas alterações no botrópico Tratamento o Geral: Assistência respiratória adequada Suporte vital/ cuidados gerais Retirada imediata de torniquete, se houver Hidratação venosa vigorosa Correção de distúrbios de coagulação e sangramentos Limpeza do local e elevação do membro acometido Preparar medicação para eventual anafilaxia Soro específico Vigilância rigorosa de função renal (manter fluxo urinário em cerca de 150-200mL/hora, para eliminação de macromoléculas) Alcalinização urinária (mioglobinúria): em pH básico a mioglobina tende a não cristalizar, sendo eliminada mais facilmente Tratamento de complicações (infecções, necrose) Orientações sobre a doença do soro: depois de 7-15 dias: febre, dor no corpo, manchas, artralgia. Tto: corticóide. o Soroterapia especifica Precoce Sem diluição IV, em 30 minutos Possibilidade de reações de hipersensibilidade Tratar reação e reiniciar soroterapia Botrópico Crotálico: o Moderado/grave (não existe acidente leve): 10 ou 20 ampolas Elapídico: Leve/moderado/grave: 2 a 12 ampolas (depende do fabricante do soro) Grave: 10 ampolas + fisostigmina + atropina Laquético: Moderado/grave: 10 ou 20 ampolas de antilaquético Na ausência do específico, usar antibotrópico Atropina se necessário (broncorreia) Soro polivalente: varia em cada região. Aqui ele é metade botrópico e metade crotálico. Evitar no primeiro atendimento o Torniquetes o Traumatizar o local (cortar, espremer, etc) o Colocar substâncias estranhas sobre a lesão o Medicação via IM o Anti-histamínicos e ansiolíticos o Uso de alcoólicos Araneísmo São mais de 30000 espécies de aranhas catalogadas Interesse médico: o Caranguejeiras o Phoneutria (armadeiras) o Loxosceles (aranha-marrom) o Lycosa (tarântula, aranha-de-jardim) o Latrodectus (viúva-negra) Classificação o Filo: Artrhopoda o Subfilo: Chelicerata o Classe: Arachinida o Ordem: Aranae o Subordem: Araneomorphae (Grupo Labidognatha) o Gêneros: o Phoneutria Loxosceles Lycosa Latrodectus Subordem: Mygalomorphae (grupo Orthognatha) Caranguejeiras Morfologia externa: o Cefalotórax (órgãos mais importantes) e abdome (trato digestivo) o Pata articulada: 4 pares o Olhos o Quelíceras (pinça inoculadora de veneno) o Pedipalpo (1 par) o Fiandeiras (fazem as teias: as aranhas peçonhentas não perdem muito tempo fazendo teias bonitas) Estatísticas o Casos são geralmente benignos o Subnotificação o Perfil dos acidentes: Não identificada: 45,3% Phoneutria: 40,7% - aranha grande (pessoa procura o hospital) cujo acidente dói muito Lycosa: 3,9% Loxosceles: 6,2% Caranguejeira: 3,9% Diagnostico diferencial o Escorpiões: não há ponto de inoculação o Ofídios: 2 pontos de inoculação o Erucismo: tatuagem da lagarta (edema, hiperemia). No início do quadro é muito semelhante a aranha. Para diferenciar, sopra-se a lesão. Se doer, indica erucismo (pois os pelos da lagarta encostam e queimam) o Himenópteros (vespa, abelha, formiga) o Trauma Localização no corpo o Phoneutria: mãos e pés: agressivas; sentam sobre as patas traseiras e armam as dianteiras o Loxosceles e Latrodectus: não são agressivas; os acidentes ocorrem por você encostar nelas. Phoneutria: o “Linha nas costas e bolinhas no bumbum” o Pelos curtos o Até 5cm de corpo e 15 cm de envergadura o Não constroem teias o Freqüentes em peridomicílio, bananeiras (aranha de sacolão perto das bananas) o Ooteca com até 1000 ovos o Agressivas: saltam até 30cm o Cor homogênea, com manchas claras (arredondadas) nas patas (parte posterior) e abdome o Disposição dos olhos: 2-4-2 o Quelíceras cor de tijolo, transversais o Veneno de ação neurotóxica; liberação de catecolaminas; aumento da permeabilidade vascular o Acidente leve (90%): dor muito intensa (ferrão muito grosso), irradiada, edema, eritema, ponto de inoculação, sudorese local o o Acidente moderado (9%): Sintomas anteriores Náuseas e vômitos Dor abdominal Sialorreia Ansiedade Agitação psicomotora Hipertensão arterial Convulsões Coma Acidente grave (1%): idêntico ao escorpiônico. Importante saber onde foi o acidente (dentro de casa sugere mais escorpião); reações locais. o o Geralmente em crianças Sintomas anteriores Hipotermia Arritmias cardíacas Colapso circulatório Priapismo Edema pulmonar Convulsões Coma Exames: Hemograma: Leucocitose Glicemia (aumento) Ionograma (alterações inespecíficas) ECG (arritmias) RX tórax (EAP) ELISA (diferenciar de escorpiônico) Casos leves: Tto: Analgésicos Bloqueio anestésico (questionável) Observação por 6 horas (para o caso de ser escorpião; se está provado que foi aranha, liberar assim que melhorar a dor) Casos moderados: Sintomáticos (analgesia) Soro antiaracnídeo (5 ampolas, EV) cuidado com anafilaxia Observação por 12 horas (a molécula do soro é pequena, bem menor que no soro antiofídico, com menor risco de lesão renal) Casos graves: Sintomáticos (analgesia, antieméticos) Suporte vital (controle respiratório e hemodinâmico) Internação em UTI Soro antiaracnídeo (5-10 ampolas, EV) Observação por no mínimo 12 horas Loxosceles: o Penas finas e compridas, pelo escasso, olhos o 1 cm de corpo e até 3cm de envergadura o Pelos escassos, quelíceras transversais o Pernas finas e longas o Teia irregular, parecendo fios de algodão o Ooteca com cerca de 50 ovos o Não agressivas: picam quando comprimidas contra o corpo o Encontradas em casas e peridomicílio o 3 pares de olhos:2-2-2 (em ciranda) o Macha em forma de violino no dorso o Veneno de ação proteolítica, hemolítica e coagulante: na hora da picada não dói; começa após algumas horas, devido à coagulação sanguínea com conseqüente isquemia ao redor dor de isquemia o o Acidente leve: Sintomas 8-12 horas após o acidente Identificação da aranha causadora Lesão incaracterística Sem alterações sistêmicas Acidente moderado: Pequena equimose local Placa marmórea: áreas de necrose circundadas por pontos isquêmicos e com hiperemia ao redor o A lesão para dentro é muito maior; ocorre formação de bolhas Acidente grave: Febre, mal estar, náuseas, tonturas Dor local intensa Equimose, com ou sem flictema; placa maior. Exantema Cefaleia o Petéquias Infecção bacteriana associada Icterícia Hemólise (anemia aguda) Hemoglobinúria CIVD Comprometimento renal Possibilidade de óbito Exames: Hemograma: anemia (hemólise), leucocitose com desvio à E, leucopenia e eosinopenia, plaquetopenia por consumo o Uréia e creatinina aumentadas Coagulograma (ativ protrombina, fibrinogênio e PTT alterados) Amilasemia (aumentada) Bilirrubinas (aumentadas a médio prazo) Urina rotina (hematúria e hemoglobinúria) ELISA Leves: Tto: Sintomáticos Cuidados locais, para evitar infecções Observação por 72 horas (alta com retorno, não precisa manter no hospital) Moderados: Sintomáticos ATB, se infecção secundária Soro antiaracnídeo: 5 ampolas Desbridamento cirúrgico, s/n Graves: Sintomáticos Suporte vital Hemotransfusão Hiperidratação (proteção renal) ATB Corticoides sistêmicos Soro Latrodectus: o 1 cm de corpo e 3cm de envergadura o Corpo globoso, negro, com desenhos em vermelho o Quelíceras transversais o Teias irregulares sob arbustos o Ooteca com até 450 ovos o Não agressivas o Macho morre logo após acasalamento o Olhos: 4-4 o Potente veneno de ação neurotóxica (central e periférica) o Sintomas de início rápido (15-60min) o Comprometimento de terminações nervosas sensitivas o Liberação de NT adrenérgicos e colinérgicos o Alterações de canais de Na e K o Acidentes leves: o o o o Dor Edema Sudorese local Paresteias (câimbras) Tremores em MMII Acidentes moderados Sudorese profusa Dor abdominal Ansiedade Agitação psicomotora Mal estar Tonturas Hipertermia Mialgia Dificuldade de deambular Acidentes graves: Alterações de FC HAS Náuseas e vômitos Dispnéia Priapismo Retenção urinária Trismo e contratura facial Exames: Hemograma: leucocitose Glicemia aumentada Ionograma: alterações de CA, Na e K CK e CKMB podem estar aumentadas Gasometria: alterações respiratórias ECG: FA; BAV, isquemia Leves: Tto Lycosa Sintomáticos Reposição de Ca Moderados As mesmas medidas anteriores Soro anti-latrodectus (IM, 1 ampola); na falta, usar antiaracnideo comum o Semelhante à Phoneutria, mas não é agressiva o Escudo branco nas costas e seta no mumbum (apontando para o escudo) o Pelos curtos o 3 cm de corpo e até 5cm de envergadura o Cor marrom-acinzentada o Desenho em ponta de lança no dorso o Quelíceras transversais o Não constroem teias, mas revestem a toca com seda o Não agressvias o Ooteca com até 600 ovos o Olhos: 4-2-2 o Veneno pouco potente, de ação proteolítica e neurotóxica o Sintomas Inespecíficos, tto desnecessário, geralmente. Analgésicos Cuidados locais para evitar infecções Tto para infecções já instaladas Caranguejeiras: o Até 9 cm de corpo e até 30cm de envergadura o Negras, pelos abundantes e grosseiros, com minúsculos espinhos o Quelíceras longitudinais o Geralmente não constroem teias; algumas vezes fazem teias em forma de funil o Como defesa liberam pelos do abdome, de ação irritante o Olhos: 4-4 o Sintomas inespecíficos o Tto Analgésicos ou anti-histamínicos Cuidados locais Anafilaxia Prevenção: o Manter jardins e quintais limpos o Evitar acúmulo de entulhos de construção no peridomicílio o Manter a grama aparada o Evitar bananeiras e grandes folhagens próximo à residência o Eliminar insetos caseiros o Utilizar EPI ao trabalhar em plantações, jardins com entulhos o Observar interior de calçados e roupas antes de vestir o Vedar possíveis passagens de aranhas para o interior da casa o Manipular com cuidado caixas de bananas e folhas caídas Tratamento do paciente intoxicado Objetivo o Conhecer as etapas básicas do tratamento das intoxicações para aplicá-las no atendimento do paciente intoxicado, em ambiente pré-hospitalar e hospitalar Etapa 1: o Etapa 2: o Diagnóstico da intoxicação: Anamnese Exame físico Exames laboratoriais Outras informações úteis no diagnóstico Etapa 3: o Avaliação das funções vitais e medidas de suporte e reanimação Tratamento Interromper ou diminuir a exposição ao tóxico Administração de antídotos e antagonistas Aumentar a excreção do agente tóxico Medidas não específicas O que é intoxicação? o Manifestação clínica do efeito nocivo, resultante da interação de uma substância química com um organismo vivo. Quando suspeitar? o Vítimas de TCE o Coma o Convulsão o Acidose metabólica (pode ocorrer devido ao uso de bebida alcoólica de baixa qualidade, como etanol) o Arritmia cardíaca súbita o Colapso circulatório o Resgate de incêncio o Alteração repentina do estado mental (em idosos, pensar primeiramente em ITU; nos demais casos, sempre investigar glicemia) ETAPA 1: “tratar o paciente e não o toxicante” Estabilização o Rápida o Exame geral: avaliação das funções vitais, medidas de suporte e reanimação o Objetivo: prevenir o agravamento do estado do paciente o ABCDE: A: vias aéreas e antídotos (ex: na intoxicação por carbamato, a via aérea estará obstruída por secreção; fazer atropina é mais importante do que intubar) Aspirar secreções ou vômitos Retirar próteses dentárias Remover resíduos de alimentos Evitar queda de língua Colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo Intubar, se necessário Se houver edema ou lesão faringo-laríngea grave: realizar traqueostomia B: respiração e ventilação (atenção: mesmo pacientes com Glasgow 15 e saturação boa de oxigênio, na presença de sinais de esforço respiratório, devem ser intubados, pelo risco de falência respiratória) Avaliar se o paciente respira normalmente Administrar oxigênio, se necessário (exceção: uso de paraquat) Sinais de oxigenação inadequada: o Cianose o Taquipneia o Hipoventilação o Transpiração o Retração supraestenal e intercostal o Alteração do estado mental (muita atenção a isso, pois permite diagnóstico precoce) C: circulação (2 acessos calibrosos periféricos) Estabilidade hemodinâmica: medir PA, FC e ritmo (sempre escrever na prescrição: contínua até estabilização; depois disso, pode-se prescrever essa monitorização a cada 4 ou 6 horas). Iniciar monitorização eletrocardiográfica contínua Acesso venoso Colheita de sangue para exames de rotina Infusão intravenosa de soro fisiológico ou ringer lactato Pacientes graves (hipotensos, obnubilados, convulsionando ou em coma): passar cateter vesical de demora. D: incapacitação; estado neurológico (ECG é um indicador prognóstico apenas de TCE; na toxicologia não tem valor prognóstico, mas nos ajuda a avaliar necessidade de proteção de vias aéreas Avaliação neurológica rápida: nível de consciência, tamanho das pupilas (colocar em mm e não apenas citar midríase ou miose), reflexo pupilar ECG: mais detalhada e precisa E: exposição/ controle ambiental (examinar todos os orifícios do paciente) Remoção completa das roupas e acessórios/ evitar hipotermia Avaliação de sinais externos o Icterícia: agentes hepatotóxicos e hemolíticos: arsina, metanol, etanol, anilina, clorofórmio o Edema: queimaduras com cáusticos: animais peçonhentos o Pele: erupções, eritema, hiperemia, necrose, coloração ETAPA 2: diagnóstico da intoxicação Anamnese o 5W: Who: identificar o paciente e suas condições, incluindo patologias de base e uso de medicamentos What: identificar o agente tóxico When: horário do evento (para saber se o pico de ação da droga ainda não começou ou já passou) Where: via e local da exposição (ex: lavagem desnecessária se a via é IV) Why: motivos/circunstâncias da exposição (intencional ou não; em casos acidentais, a pessoa procura atendimento mais rápido e toma medidas, como vômitos) o Interrogar o paciente e seus acompanhantes: nas tentativas de autoextermínio o paciente pode omitir dados ou mentir. o Dados do paciente: idade, sexo, peso, gestante (sempre priorizar a mãe e não o feto; por exemplo, na necessidade de um RX ou TC; também por isso, não é necessário pedir beta-HCG na urgência), atividade profissional (contato com produtos específicos; ex: pintor e contaminação por chumbo, fotógrafo e intoxicação por cianeto contido no produto de revelação de fotos) o Dados do toxicante: identificação da substância ou do produto (composição), apresentação do produto (ex: gotas ou comprimido: dependendo do tempo, a lavagem é contraindicada se for gotas e indicada se for comprimido, por mais demora na absorção), associação com outros produtos, quantidade do produto, via e tempo de exposição, horário e local da exposição. Exame físico: sintomatologia clínica o o Sinais vitais: ajudam a direcionar para as síndromes tóxicas PA FC Tamanho da pupila Atividade peristáltica Temperatura Exame neurológico Síndrome colinérgica muscarínica: Manifestações clínicas: em geral parassimpáticas, mas pode haver manifestações simpáticas dependendo de aspectos individuais e dos medicamentos (por exemplo, maior tropismo pelas glândulas adrenais) Sudorese/sialorreia Bradicardia Aumento de peristaltismo Broncorreia Êmese Diarreia Incontinência urinária Miose (se houver intoxicação do SNC, há depressão do centro respiratório, o que pode causar midríase) cuidado com a antiga regra de “dar atropina até o paciente ficar midriático, pois ele já pode chegar midriático” Sibilos Agentes prováveis: Acetilcolina Toxinas de fungos Anticolinesterásicos o Inseticidas organofosforados e carbamatos (a diferença entre eles é que no carbamato a ligação às terminações nervosas é mais instável e mais reversível; enquanto no organofosforado é mais estável e praticamente irreversível) o o Neostigmina o Fisostigmina Síndrome colinérgica nicotínica: Manifestações clínicas Taquicardia Hipertensão Fasciculações Paralisia: no último estágio, quando os músculos entram em fadiga Agentes prováveis: Inseticidas à base de nicotina Nicotina do tabaco (cuidado com pacientes em uso de adesivos de nicotina para parar de fumar, quando fumam mesmo assim) o Inseticidas organofosforados e carbamatos Síndrome anticolinérgica Manifestações clínicas Taquicardia/hipertensão Pele seca, vermelha, quente Redução de peristaltismo Retenção urinária Hipertermia Agitação psicomotora Confusão mental Alucinações visuais/delírio Mioclonia/midríase Movimentos coreatetoides Coma Agentes prováveis: (intoxicação acidental para assaltos, porque causa confusão mental, alucinações e amnésia) Atropina Anti-histamínicos Antidepressivos Fenotiazínicos Cogumelos Vegetais beladonados Tratamento: deixar o paciente quieto, porque movimentação ao seu redor provocará agitação, distúrbios visuais e alucinações o Síndrome simpaticomimética o Manifestações clínicas Excitação do SNC (dica: não contrariá-lo, pois ele pode ter vasoespasmos e infartar) Hipertensão Arritmias cardíacas Convulsões Agentes prováveis Cocaína Anfetaminas Aminofilina Efedrina: cuidado com antigripais! Nafazolina: cuidado com antigripais! Cafeína Antagonista beta-adrenérgico Teofilina: cuidado com antigripais! Fenilpropanolamina Síndrome narcótica: Manifestações clínicas Depressão do SNC Depressão respiratória Miose Hipotensão Hipoventilação Agentes prováveis (comum em profissionais de saúde) Codeína (alguns medicamentos “naturais” usados para bebês com cólicas contém esse princípio) o Morfina Heroína Propoxifeno Síndrome extrapiramidal: Manifestações clínicas Disfasia/disfagia (cíclicos, às vezes passa e depois volta) Hipertonia/trismo Opistótono Espasmos musculares Crises oculógiras (olhar de sol poente, para cima) Torcicolo Laringoespasmo Choro monótono em crianças Catatonia Agentes prováveis Fenotiazina Haloperidol (tem sido vendido em festas como se fosse ecstasi, devido à cor azul do comprimido) Clorpromazina Metoclopramida Obs: a síndrome neuroléptica maligna é semelhante a esta, mas de forma crônica, com comprometimento de vários sistemas orgânicos. o Síndrome de depressão do SNC: a mais comum no JXXIII Manifestações clínicas Sonolência Hipotensão Bradicardia Confusão mental Coma Parada respiratória Parada cardíaca Agentes prováveis BZP Anticonvulsivantes Barbitúricos Anti-histamínicos Opióides Derivados da imidazolina Antidepressivos Obs: no Brasil tem se usado muito a terapia associada de vários desses medicamentos na atenção primária, o que favorece a intoxicação por eles. o Outras síndromes Convulsiva: Anfetaminas, antidepressivos, carbamazepina, teofilina, cafeína, fenilpropanolamina o Ataxia: BZP, hidantoína, etanol, piperidina, fenotiazínicos, benzidamida Pele e mucosas Sudorese ou pele seca síndromes autônomas Hiperemia monóxido de carbono, anticolinérgicos, interação de etanol com dissulfiram (vasodilatação) o Palidez acentuada e localizada anfetaminas Cianose agentes metemoglobinizantes Odores e secreções Odor de alho, amêndoas (cianeto) Aspecto visual: resíduos do agente tóxico Coloração Presença/quantidade Anormalidades Exames laboratoriais o Rotina Hemograma Glicemia Íons: Cl, Na, K o Uréia e creatinina Coagulograma Função hepática Exame de urina Enzimas musculares Gases sanguíneos Eletrocardiograma Específicas Análises toxicológicas: pouco úteis para tratamento inicial; úteis em suspeitas de homicídios, assalto ou abuso infantil Testes qualitativos: identificação do agente e podem ser úteis na manutenção e tratamento específico Testes quantitativos e semiquantitativos:predizer evolução e necessidade ou não de antídoto. O resultado do exame vai alterar o prognóstico ou tratamento? O resultado estará em mãos em tempo hábil? RX abdominal: Revelar cápsulas radiopacas Camisinhas contendo drogas Outras informações úteis o História de casos anteriores o Condição física e psíquica do paciente o Medicação habitual o Onde esteve nos últimos dias e com quem o Vômitos (aspecto) o Investigação do entorno: restos do toxicante, embalagens vazias, seringas, notas de despedida, ambiente contaminado (trabalho, doméstico, odores, etc) o Intoxicações potencialmente graves podem cursar inicialmente com sintomatologia leve ou assintomáticos: paracetamol, etc o Substâncias úteis no diagnóstico diferencial de depressão de SNC ETAPA III – tratamento da intoxicação A: interromper ou diminuir a exposição o Descontaminação de superfície: Exposição cutânea: Retirar vestes contaminadas Lavagem corporal ou da área afetada (exaustivamente, com água e sabão; não usar soro morno, o que pode causar vasodilatação e aumentar a absorção sistêmica) Pacientes sem condições: descontaminação no leito Proteção do socorrista (avental, luvas e máscara) Exposição ocular: Cabeça lateralizada no sentido médio lateral Eversão da pálpebra Lavar por 30min com água ou solução fisiológica correntes Não usar neutralizante Avaliação por oftalmologista. Exposição respiratória: Remoção da vítima do local de exposição Socorrista deve estar protegido Fornecer O2 a 100% e suporte ventilatório adequado (exceto na intoxicação por paraquat) Lavagem corporal devido contaminação cutânea associada Descontaminação gastrintestinal: Controvérsias: o Utilização excessiva (muitas vezes com o argumento de que não há certeza do medicamento ingerido; porém, o erro está em não se levar em conta a clínica e colher uma história melhor) o Necessidade de indicação precoce o Remoção insuficiente do agente tóxico (quando a lavagem não é feita corretamente. O correto é fazer até a secreção sair clara, e não após uma quantidade pré-determinada de soro) o Estimula a passagem do agente tóxico pelo piloro (pela distensão gástrica provocada pelo excesso de líquidos) o Retarda o uso do carvão ativado, que é muito mais específico para a intoxicação o Não altera o tempo de evolução da intoxicação (nos casos em que o pico de ação do medicamento já passou) o Riscos de procedimentos (ex: epistaxe em pacientes já predispostos, o que pode causar aspiração. Sempre perguntar se o paciente costuma sangrar) Critérios para indicação o Risco potencial causado pela ingestão o Possibilidade de remoção significativa o Riscos do procedimento x benefícios da remoção Métodos o Emese: muito mais eficiente do que a lavagem, porque pode ser feito mais precocemente, permite uma limpeza mais efetiva em quantidade eliminada (a sonda tem calibre pequeno) Vantagens: Realizável no local da ocorrência Procedimento rápido Tempo de latência curto Remove partículas grandes (muito bom para folhas de plantas) Contraindicações Crianças < 6 meses (maior risco de aspiração, porque o pescoço não é firme) Depressão do SNC (cuidado com drogas que não causaram, mas ainda podem causar rebaixamento, ex: ADT) Presença de convulsões ou agitação psicomotora Ingestão de cáusticos Ingestão de derivados de petróleo e hidrocarbonetos, porque sua eliminação é pulmonar e a emese pode causar complicações pulmonares Estímulo físico Estímulo químico: Solução emetizante aniônica: detergente neutro (preferencialmente dermatologicamente e oftalmologicamente testados) 20mL diluído em 200mL água morna ou SF Latência: 20 minutos Efeitos adversos: dor abdominal e diarreia Xarope de ipeca: em desuso devido à cardiotoxicidade: tinha ação de irritação local e ação central, com latência de 20-30 minutos, por isso era mais eficiente. Efeitos adversos: vômitos incoercíveis, diarreia, arritmias, convulsões. o Lavagem gástrica Indicações: Ingestão de agentes potencialmente tóxicos Pacientes com depressão respiratória Ingestão de agentes que provocam sintomatologia grave e imediata Contraindicações: Derivados de petróleo e cáusticos Diminuição do reflexo de proteção de vias aéreas Coma e convulsões Técnica: Usar sonda de grande calibre (18-24 em adultos e 12-16 em crianças) Intubação traqueal para proteção de vias aéreas Decúbito lateral esquerdo (para manter piloro pra cima) Conferir posição correta da sonda Retirar primeiro líquido drenável sem diluir (reservar amostra para análise toxicológica) Infundir solução fisiológica 0,9% (iniciar com cerca de 150mL, podendo aumentar depois) Retirar volume infundido Repetir até retorno límpido o Crianças: 5-6mL/kg/vez – máximo de 100mL/infusão o Adultos: 5-6mL/kg/vez – máximo de 200250mL/infusão o Volume total: RN: 100mL, adultos 6-8L Fatores que afetam o resultado: Técnica adequada o Características do agente tóxico: o Apresentação e dose o Velocidade de absorção Tempo decorrido entre a ingestão e a lavagem Complicações Aspiração Efeitos cardiorrespiratórios (reflexo vago-vagal) Intubação endotraqueal inadvertida Trauma Uso de adsorventes: carvão ativado = antídoto universal com ação em todo o TGI Preparação: Pirólise de material orgânico a partir da polpa de madeira Ativação por passagem de gás oxidante em altas temperaturas quem remove substâncias previamente adsorvida e produz uma rede fina de poros Apresentação Pó Suspensão aquosa Suspensão com sorbitol Mecanismo de ação Adsorvente eficaz para quase todas as substâncias Capacidade de adsorção: 950m2/g Eficácia: o Inversamente proporcional ao tempo da ingestão o Diretamente proporcional à quantidade do carvão Indicações Ingestão de doses potencialmente tóxicas Agente de ação prolongada ou circulação entero-hepática Suspeita de ingestão concomitante de outras substâncias Administração: VO ou sonda, em suspensão, diluído 1:4 ou 1:8 Dose: crianças: 1-2g/kg de peso; adultos: 50-100g/dose (100g em pacientes obesos ou grandes, etc) Restrições: Proporção ideal é de 1:10 volume muito grande, fica difícil para pacientes beberem. Não adsorve bem todas as substâncias: alcoóis, ácidos, metais, lítio, cianeto, álcalis Eficácia questionável: etilenoglicol, metanol, ipeca, malation, DDT Contraindicações RN ou paciente muito debilitado Ingestão de cáusticos Ingestão de voláteis Alterações neurológicas Cirurgia abdominal recente (cuidado com bariátrica) e diminuição da motilidade intestinal. Se for necessário carvão, fazer muito diluído, como 1:15 ou 1:20. Administração de antídoto VO (ex: NAC – intoxicação por paracetamol), porque o carvão adsorve o antídoto. o Efeitos adversos: constipação intestinal e vômitos Complicações Constipação Obstrução intestinal Pneumonite por aspiração Uso de catárticos Reduzem o tempo de transito GI e efeitos constipantes das doses múltiplas de carvão ativado. Funciona desde as porções superiores do TGI, enquanto os demais só agem no intestino grosso Mais usados: Sorbitol Sulfato de sódio Sulfato de magnésio Dosagem: sorbitol a 70%; adultos: 250mL Contraindicaçoes Obstrução intestinal ou íleo paralitico Pacientes com IRA ou hipovolemia: não usar catárticos que contem sódio ou magnésio Efeitos adversos: perda de fluidos, hipernatremia, hiperosmolaridade, hipermagnesemia (se IRA), cólicas e vômitos o Irrigação intestinal Nunca utilizar: o Diluição dos agentes tóxicos o Utilização de leite (excepcionalmente) o Neutralização produção de calor (reação exotérmica) B: administração de antídotos/antagonistas o Substâncias capazes de neutralizar ou reduzir efeitos de uma substancia tóxica o Antídoto: se opõe ao efeito tóxico atuando sobre o toxicante o Antagonista: exerce ação oposta à do agente tóxico o Principais mecanismos de ação: Impedem formação de metabólitos tóxicos: ex: NAC (paracetamol), etanol (metanol) Ligam-se ao agente tóxico formando complexos menos tóxicos e de fácil excreção renal ferro (deferoxamina) Adsorvem o agente (carvão) Exercem ação competitiva sobre o sítio alvo (atropina) Atuam corrigindo distúrbios funcionais ou dano celular produzido pelo agente Atuam por mecanismos imunológicos o o Principais antídotos e antagonistas para decorar: Atropina: anticolinesterásicos Etanol: metanol Naloxona: opioides Oxigênio: CO Nitritos: cianeto Hipossulfito de sódio: nitritos Uso após avaliação mais minuciosa, sem pressa: NAC Pralidoxima Deferoxamina Azul de metileno C: aumentar a excreção do agente tóxico o Se houver circulação entero-hepática CA o Se não, mas tiver depuração renal alcalinizar se for ácido fraco, diurese forçada se for base fraca (ou acidificar) Diurese forçada: Aumenta eliminação de substancias de excreção renal Eficácia: manter débito urinário de 5-8mL/kg/h Sempre monitorar: pH e débito urinário Complicações: hipocalemia Alcalinização do pH urinário: Bicarbonato: manter pH urinário próximo a 8 ionização de ácidos fracos aumento da ionização 1-2mEq/kg em bolus seguido de manutenção suficiente. Usar sonda vesical de demora para medir diurese. Indicações: instabilidade hemodinâmica, depressão respiratória, depressão do sensório importante. Ácidos fracos: fenobarbital, salicitado, clorpropamida, Cuidados: monitorar pH sanguíneo deve ficar < 7,55, monitorar pH urinário: cada 2h, gasometria arterial e ionograma a cada 2-4h Complicações: hipocalemia, alcalose, hipernatremia Acidificação: Não recomendada pelos riscos de administrar ácidos IV (acidose metabólica) Indicações anteriores: cocaína, anfetaminas, ADT Diálise GI: Doses múltiplas de carvão e catárticos Mecanismo de ação: Adsorção e bloqueio da circulação entero-hepática Método: administração de doses seriadas, VO ou sonda: 0,5g/kg a cada 4-6h, catárticos 1h após o carvão ou associado. Indicações de doses seriadas: ADT, carbamazepina, diazepan, digoxina, etc. D: medidas não específicas o Sintomáticas: após o controle da intoxicação; evitar dar mais medicamentos no início do quadro pra não prejudicar a eliminação da droga. Indicações: convulsões, dor, hipo/hipertensão, reações alérgicas, vômitos, coma, choque, hiper/hipotermia o o Suporte: Aporte calórico e nutrientes Correção de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos Assistência respiratória, cardiocirculatória e neurológica Controle das funções renal e hepática. Considerações especiais: Seguimento do paciente Intoxicação em gestantes Intoxicação em crianças Avaliação psicossocial Intoxicações ocupacionais Notificações Cáusticos Exemplos o Alvejantes o Soluções de amônia o Etc A partir da década de 1990, a quantidade máxima de NaOH permitida passou a ser de 10%. Antes, chegava a 50%. Agentes ácidos: em geral são coloridos, o que chama a atenção de crianças o Limpadores de esgoto (sulfúrico, clorídrico) o Compostos anti-oxidantes (clorídrico, oxálico) o Líquido para bateria (sulfúrico) o Limpadores de piscina e pisos (clorídrico). O ácido muriático é o ácido clorídrico fortemente concentrado. o Propriedades: Uso doméstico: vinagre Uso industrial: Ácido acético: impressão, tinturaria, desinfetantes, neutralizadores Ácido carbólico: farmacêutica, tinturaria Ácido crômico: galvanização, cimento, fotografia Ácido fórmico: fabricação de colas, curtimento, preservação tissular Ácido clorídrico: tinturaria, clarificação de metais, funilaria, soldagem Ácido nítrico: galvanoplastia, gravação, fabricação de fertilizantes Graduação de lesões anatomopatológicas Tipo e quantidade de cáustico (correto: cáustico seria para acidentes com bases e corrosivos para acidentes com ácidos) Tempo de contato com a mucosa Motivo da ingestão: acidental ou intencional Outros fatores, como o estado prévio da mucosa, enfermidade digestiva associada, cirurgia prévia no estômago, existência de zonas declives ou estreitamentos anatômicos e espasmo pilórico secundário (pelo excesso de ácido o peristaltismo fica alterado. O mesmo não ocorre com bases, que costumam causar espasmo da cárdia) Fatores agravantes Concentração do agente agressor, quantidade e duração da exposição Ácidos: odor desagradável, irritação orofaríngea imediata tende a beber menos Bases: insípidos e inodoros pH > 12 ou pH < 2: queimadura grave em 2s Volume de ingestão: aumenta risco de lesões Tempo de exposição e forma de apresentação Estado de enchimento do estômago. Ácidos: Coagulação protéica perda de água escara mucosa menor poder de penetração Grande problema: absorção sistêmica acidose metabólica, alterações de coagulação e hidroeletrolíticas Por isso, ácidos são mais graves na fase aguda. Álcalis: Liquefação tissular saponificação de gorduras, trombose capilar, desnaturação protéica retenção de água queimadura térmica por hidratação grande poder de penetração Álcalis são mais graves na fase crônica são pacientes cirúrgicos (os pacientes dos ácidos morrem antes) Evolução: Exposição em segundos necrose em 24-72h perfuração e ulceração (risco maior se a pessoa comer alguma coisa, pois a parede está muito frágil) em 14-21 dias atividade fibroblástica em semanas a anos estenose em anos câncer esofagiano Evolução temporal da lesão: Aguda: 1-4 dias: o Rápida necrose de liquefação o Trombose vascular o Necrose tecidual o Colonização bacteriana Granulação: 4-7 dias o Descamação da mucosa o Proliferação de fibroblastos o Início da síntese de colágeno Perfuração: 7-21 dias: o Muscularis, na sua maior parte fibrosada o Camada epitelial única o Parede do esôfago enfraquecida o Perfuração, mediastnite, peritonite, sepse cuidado com alimentação!!! Reparação: 3 sem-anos: o Estreitamento pela cicatriz o Estenoses o Obstrução do esôfago o Alteração na arquitetura dos órgãos Álcalis: o Localização das lesões: Granular: não ingeriu, cuspiu boca, faringe, esôfago superior menos grave, penetrante, não circunferencial o Líquido: ingeriu estômago mais grave Nos ácidos há mais vômitos na fase aguda, maioria das lesões no estômago e piloro e trânsito rápido. Necrose por coagulação. Formação de escara protetora que retarda a lesão e limita a penetração tissular. Meio alcalino e transito rápido limitam a lesão. Abordagem clínica o História o Estabilização inicial: tratar o paciente como um grande queimado hidratar até conseguir diurese de 150mL/h. o Tipo e concentração Tempo de ingestão Quantidade Intencional e acidental Acontecimentos iniciais Vômitos: sugere mais ácidos Diluentes/demulcentes foram dados? O diluente facilita o trânsito, gerando a queimadura térmica por hidratação. o Vasilhame o A equipe deve agir com muita cautela devido ao potencial devastador de uma ingestão cáustica não identificada. o Clinica: Dor local, disfagia, odinofagia, sialorreia Estridor, afonia, dispneia Dor retroesternal, dor nas costas Dor abdominal, vômitos, peritonite 2 ou mais sinais/sintomas são preditivos para presença de lesões do TGI Não tratar dor abdominal até se estabelecer o diagnóstico!!! Não existe correlação entre a ausência e o grau da lesão orofaríngea com o grau de lesão esofagogástrica. o o Cuidados: Crianças: acidentais, exceto em casos de abuso Adultos: avaliar possibilidade de intoxicação mista Graduação da lesão no TGI: Lesões presentes mesmo quando boca e faringe estão normais o o o Sialorreia e incapacidade para deglutir Disfonia, estridor Disfagia, odinofagia Complicações Obstrução e lesão das vias aéreas Hemorragia TGI Perfuração de estômago e esôfago Sepse Necrose traqueobrônquica, atelectasia, lesão obstrutiva pulmonar Periesofágicas secundárias à perfuração: mediastinite, pericardite, etc Crônicas Obstrução do esôfago DRGE Estenose pilórica Carcinoma de esôfago (1000-3000x maior risco) Evolução: Assintomáticos: muito variável Clínica não prediz a ocorrência nem a gravidade das lesões Exames: Hemograma, eletrólitos, creatinina, uréia, coagulograma, tipo sanguíneo, gasometria objetivo: pré-operatório Metemoglobineminemia: oxidantes fortes RX tórax: mediastinite, pneumonia de aspiração, perfuração de esôfago e estomago. RX abdome: ascite e ar livre perfuração TC Exames contrastados: Na fase precoce apenas se esofagoscopia for incompleta ou não puder ser realizada Na fase tardia, para complicações Endoscopia: Determinação da extensão das lesões 36-48h após a ingestão Indicações: o Todos os pacientes com sinais e sintomas o Ingestão de bases fortes o Lesões/ulcerações em cavidade oral o Todos com história não confiável Contraindicações: o Paciente instável o Evidência de perfuração o Comprometimento de vias aéreas o + de 48 horas: lesa a mucosa frágil em reconstrução Graduação: Zargar 1991: o 0: Exame normal o I: Edema e hiperemia da mucosa o o o IIa o IIb o III Estabilização: Vias aéreas pérveas Acesso venoso Monitorização dos dados vitais Cuidados pré-operatórios Avaliação clínica freqüente Dieta suspensa até EDA Manejo inicial: Diluição: Reduz concentração, diminuindo dano tecidual Lavagem dos delicados tecidos das vias aéreas Água/leite: 1 copo (adultos), ½ copo (crianças), mas apenas se for imediato Contraindicações: ver Neutralização: Controverso A maioria dos trabalhos não mostra benefício e sim aumento das complicações Emese: Aumenta risco de aspiração Sondagem nasogástrica: Não indicada geralmente Indicada em ácidos fortes com <2h: permite aspiração do conteúdo gástrico Deve ser feita sob visão endoscópica e pode ser usada, posteriormente, para alimentação e gastrostomia. Contraindicações: Catárticos: risco aumentado de lesão pelo peristaltismo aumentado no tecido lesado Carvão ativado: o Pouca adsorção de ácidos e bases o Bloqueio à visualização endoscópica o Mediastinite caso ocorra perfuração o Em intoxicações mistas pode ser benéfico, ainda controverso Pacientes assintomáticos: Merecem avaliação individualizada Quantidade, tipo, veracidade da história, sinais/sintomas Uso de corticóides: Pacientes com vias aéreas muito edemaciadas, na fase aguda Não é mais recomendado na fase crônica, que dura vários anos. Domissanitários Produtos usados para desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos ou privados. A maioria não é grave, exceto: o Alcoóis em grande concentração o Produtos de desentupir esgotos o Limpadores de fornos o Substâncias para fixar unhas postiças o Etc Incidência: o Centenas de produtos novos anualmente o 1 milhão de crianças por anos o 60% em menores de 6 anos o Curiosidade Embalagens atraentes e inseguras (não tem abertura “anti-crianças”) Falta de noção do perigo Odor por vezes agradável Armazenamento em locais inadequados (reaproveitamento de embalagens) Fome (crianças daltônicas podem confundir a cor dos produtos com Toddy, por exemplo) Negligência dos responsáveis 95% de exposição humana Armadilhas domésticas: saber o cômodo em que ocorreu o acidente pode facilitar a descoberta do produto quando não se sabe informar. o Quarto: Inseticidas, anti-mofo, naftalina, remédios, perfumes o Sala: Bebidas alcoólicas, inseticidas, plantas ornamentais o Cozinha: Desentupidores, sabões, desengordurantes, desinfetantes, detergentes Exemplos: o Balas de chocolate (M&M) com neosaldina o Produtos de limpeza com sucos, gatorade, Classificação das intoxicações: o o o Leve: grande maioria dos casos Irritação cutânea ou mucosa Sintomas TGI Sonolência Queimaduras de 1º grau Taquicardia sem hipotensão Tosse Todos os sintomas são autolimitados e tendem a se resolver sem tratamento. Moderada: sintomas mais prolongados ou sistêmicos Abrasão corneana (ex: cloro, amônia) Distúrbios ácido-básicos Febre alta Desorientação Hipotensão Resolvem rapidamente com tratamento Grave: efeitos ameaçadores à vida, incapacidade ou deformidade residual permanente Convulsões reentrantes Necessidade de intubação o Taquicardia ventricular com hipotensão Suporte cardíaco ou respiratório CIVD Morte Paciente morre pelo resultado direto da exposição ou complicações decorrentes da exposição. Ex: Seromin Epidemiologia: o 30% entre 1-6 anos são de repetição Falta da orientação médica: não adianta esconder os produtos, é preciso explicar à criança os perigos daquilo e manter em lugar de difícil acesso. o Frequentemente não tóxicos o Crianças: Agente único/ mais novos/ não intencional/ menos grave o Adolescentes e adultos: múltiplos agentes/ intencionais/ mais graves Suspeita de ingestão em crianças o História de ingestão de substância desconhecida o Idade de risco: 1-5 anos o Criança subitamente doente, não febril, sem pródromos, convulsão ou coma sem explicação o Doença envolve múltiplos sistemas sem explicação aparente o Resíduos na pele ou queimaduras periorais ou orais o Hematêmese não explicada Muito cuidado! o Produtos saneantes clandestinos, geralmente, tem cores bonitas e atrativas, principalmente para crianças, e costumam ser vendidos em embalagens reaproveitadas de refrigerantes, etc. o Abordagem inicial dos produtos sem rótulo: Descontaminação TGI e CA Contraindicações Cáusticos ou corrosivos (perguntar ao paciente para que o produto era usado em casa, o que pode sugerir que é ácido ou base) Destilados de petróleo Risco de aspiração o Perda de reflexo da tosse o Convulsões o Distúrbios neurológicos o Coma Ingestões “acidentais”: o > 5 anos “cry for help” (problemas psicossociais, familiares, busca por atenção) o < 1 ano maus tratos? (a criança tem a capacidade de fazer aquilo que os pais estão descrevendo, por exemplo, abrir tampas de produtos?) o Mais de 1 episódio acidental o Manifestação clínica bizarra: simula Síndrome de Munchausen Doença simulada por pais ou cuidadores Procura médica freqüente múltiplos procedimentos Negativa dos pais ou cuidadores sobre a forma da intoxicação Ausência ou diminuição dos sintomas quando longe dos pais ou cuidadores Ingestão por produtos atóxicos o Absoluta identificação do produto o Absoluta certeza de que somente esse produto foi ingerido o Absoluta certeza de que não há nenhuma advertência no rótulo (em caso de ingestão excessiva, faça isso ou aquilo: quer dizer que o produto não é atóxico) o Boa aproximação da quantidade ingerida o Possibilidade de retorno em caso de alteração do quadro atual Agentes alcalinos o Hidróxido de sódio e potássio o Carbonato de sódio, hidróxido de amônio, hipoclorito de sódio e cálcio, peróxido de hidrogênio Ex: soda cáustica, diabo verde, brio Agentes ácidos: o Limpadores de esgoto o Compostos anti-oxidantes o Etc Graduação de lesões anatomopatológicas: o Tipo e quantidade o pH e concentração o Tempo de contato o Intencional ou não Manejo básico: o Imediatamente: diluir com água ou leite (vomita leite talhado) o Salpicado ou derramado na pele: lavar, remover roupas o Ingerido: Remover resíduos Lavar a boca Se consegue ingerir e está estável: pequena quantidade de leite ou água (30mL crianças, 150mL adultos), apenas se for imediatamente. Manejo inicial: o Colher boa história o Estabilização Vias aéreas Acesso venoso, etc Verificar necessidade de EDA Exposição a agente de limpeza: o Sem dispneia, disfagia, estridor, choque leite lavar boca, olhos, pele determinar os ingredientes e concentração Sabões aniônicos: observação de sintomas atípicos Detergente de ma´quinas de lavar louças tratar como cáustico, pois são muito concentrados Detergentes catiônicos, amaciantes observar em casa <5%: mais irritante do que cáustico, observar convulsões >5%: EDA se sintomas Branqueadores (hipoclorito, amônia) o <6%: observação >6%: cáustico Se algum dos sintomas hospital Desinfetantes: o Observar se tem fenol, iodo.... mais grave o Na ausência dessas substâncias, a preocupação é menor. Naftalina: o Conseguir uma amostra da substãncia, colocar em um copo com água salgada (100mL + 3 colheres de sal). Naftaleno flutua e PDB (não é tóxico para humanos) afunda. o RX abdome pode ajudar: naftaleno é radiotransparente e PDB é radiopaco (só é válido se a bolinha estiver inteira) Solventes e derivados de petróleo: o Destilados de petróleo: querosene, gasolina, aguarrós, óleo de eucalipto Apenas suporte clínico eliminação pulmonar com pneumonite que pode ou não ser clinicamente significativa o Hidrocarbonetos aromáticos: benzenos, xileno, tolueno (os produtos de limpeza costumavam ter esses produtos para melhorar o cheiro. É o conteúdo da cola de sapateiro) o Hidrocarbonetos halogenados alifáticos: solventes e removedores o Hidrocarbonetos pesados: asfalto, óleo lubrificante de motor, óleo diesel, petróleo, vaselina, paraninfa, graxas Intoxicações graves e geralmente vêm associados a metais pesados, o que complica o quadro o Abordagem: Paciente sintomático: tosse persistente, vômitos, angústia respiratória, estimulação ou depressão do SNC Medidas de suporte: ventilação, ECG RX tórax Se depressão de SNC proteger VA Evitar epinefrina Se broncoespasmos broncodilatadores ATB e corticóides não usados de rotina Se cianose e metemoglobinemia avaliar função renal e hepática, complicações de SNC Paciente assintomático: Identificar produto, quantidade e intuito Não dar: xarope de ipeca, LG ou CA Suicida: grandes quantidades, alifáticos com aditivos, associação com metais pesados/ pesticidas Hidrocarbonetos aromáticos: >1mL/kg Halogenados: o Muito tóxicos: >0,3mL/kg100% (= do produto a 100%) o Moderadamente tóxicos: >0,5 mL/kg100% o Baixa toxicidade: >1 mL/kg100% Cosméticos: o Óleos, cremes hidratantes, sabonetes não tóxicos o Para cabelos: shampoo Maioria não tóxicos Shampoos secos: metanol ou álcool isopropílico Shampoos de selênio: não absorvido, hálito e respiração com odor de alho Descolorantes: oxidantes alcalinos (amônia, metasilicato) e detergentes: pH 9,5-11,5 o Talco: Silicato de magnésio Aspiração maciça Aumento do risco de câncer Tratamento: o o Suporte Lavagem é ineficaz, pois o talco é insolúvel Provoca broncoespasmos e pneumonia graves Clareadores de pele: o Moderadamente tóxicos Hidroquinona: Cianose Convulsões Tratamento: Suportivo CA Tinturas e descolorantes de cabelo: Peróxido de hidrogênio Amônia Carbonato de potássio ou cálcio Permanentes: Peróxido de hidrogênio muito alcalinos, pH 13 Drogas de abuso Baixar aula: Dra. Adriana Barotto, CIT-SC Todas as substâncias são venenos: não existe nada que não seja venenoso. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio. Epidemiologia: o 55,5%: cocaína o 16,5%: etanol o 10,7%: hidrocarbonetos o 6,2%: anfetaminas o 6,2%: canabinoides Classificação dos agentes: o Estimulantes: cocaína e anfetamínicos (ação estimulante simpática) o Depressores: barbitúricos. BZP e álcool o Opiáceos e opioides o Substâncias voláteis o Canabinoides o Psicotomiméticos (psicodélicos): agitação alterna com depressão o Outros agentes Classificação pelo potencial de adicção o Classe I: nenhuma utilidade clínica e alto potencial de abuso e dependência: heroína, maconha, alucinógenos (LCD) o Classe II: baixa utilidade clínica e alto potencial de abuso e dependência: ópio ou morfina, codeína, opiáceos, barbitúricos, anfetaminas e análogos, cocaína. o Classe III: alguma utilidade clínica e moderado potencial de abuso e dependência: paracetamol e codeína combinados, esteróides anabolizantes o Classe IV: grande utilidade clínica, baixo potencial de abuso e dependência: BZP, fenobarbital o Classe V: grande utilidade clínica e muito baixo potencial de abuso e dependência: mistura de narcóticos e atropina, misturas diluídas de codeína. Cocaína: o Alcalóide derivado da coca o Uso terapêutico: o Vasoconstrição local Anestesia tópica: derivados (lidocaína, etc) Dor severa Padrões de uso Chá de coca: 0,5-1,5% Cloridrato de cocaína: 15-75% Pasta de coca (bazuco): 40-90% Pasta básica, crack e merla Uso em cachimbo: estratégias de redução do dano: acrescentar água resfriamento (reduz queimaduras de vias aéreas) o Doses tóxicas são muito variáveis: Tolerância individual (tolerância reversa???) Via de administração (aspirada, fumada, injetadas, body packers, body stufffers) Uso concomitante de outros fármacos: álcool (cocaetileno), heroína (speed ball) e outros agentes (INChe) o Bem absorvida por todas as vias o Biodisponibilidade: 90%: EV e fumada 80%: nasal (é menor que EV devido à vasoconstrição) o Meia-vida: 30-60 minutos o Biotransformação hepática e pelas esterases plasmáticas (às vezes, pacientes utilizam chumbinho + cocaína além do efeito alucinógeno, pode comprometer a degradação da cocaína no corpo) o Excretada na urina – 4 subgrupos identificáveis (benzoilecgonina: 1-3 dias) pedir apenas em casos suspeitos; se há historia consistente, não é necessário pedir para confirmação. o Ação: Inibição da recaptação e liberação de catecolaminas no SNC e periférico Mesmo efeito com dopamina, NE e epinefrina. Bloqueio de canais de sódio Diminuição da permeabilidade da membrana dos axônios ao íon sódio (efeito anestésico local) o Ação sinérgica: efeitos cardiotóxicos Outros mecanismos/neurotransmissores: Serotonina (efeito prazeroso) e acetilcolina Aspartato e glutamato Efeitos gerais: COONG: Midríase Glaucoma de ângulo fechado Amaurose: cegueira Ceratite Madarose: sem sobrancelha Perfuração do septo nasal: botulismo Broncoespasmo: inalação e fumada Pneumotórax Pneumomediastino Pneumopericárdio Pulmão de crack: alveolite hemorrágica (sem cefalização de fluxo Infarto pulmonar AR: ACV: 25% dos IAM em < 45 anos o Taquicardia + aumento de pós carga + vasoconstrição? Aterogênese: permeabilidade a lípides na íntima Hipercoagulabilidade: plaquetas + inibição do ativador de plasminogênio Vaughn-Willians (classificação IA) para geração de arritmias. Bloqueio de canais de sódio o Brugada o Torsades des pointes Dissecção aórtica ou coronariana: sempre avaliar pulsos para identificar a possibilidade Arritmias Miocardiopatia dilatada: uso crônico Úlceras perfuradas Colite isquêmica Infarto intestinal Infarto renal Infarto isquêmico Rabdomiólise (por isso deve-se pedir CK) AD: AL: Traumas SNC Estimulação Depressão Hemorragia em qualquer sitio AITs, infartos Convulsões, cefaléias Distonias Movimentos coreoatetoides (crack dancing) Psiquiátricos Hipervigília Excitação Agitação Euforia Hipersexualidade e agressividade Confusão Desorientação e alucinações Washed-out syndrome: anedonia, cansaço, dificuldade de movimento, provavelmente por esgotamento de dopamina o Obstétricos: Insuficiência vascular (CIUR) Placenta prévia (abruptio placentae) Outras complicações relativas à abstinência Clínica geral: Síndrome simpaticomimética Bloqueio de canais de sódio: depressão do SNC gera alguns dos principais mecanismos de morte o Diagnóstico: o Material: Sangue Urina Saliva Cabelo Mecônio Cocaína: poucas horas Benzoilecognina: 3 dias Conduta: ABCDE B: se dispneia oxigênio suplementar; se broncoespasmo broncodilatador C: se hipotensão dar volume Contraindicação relativa ao suxametônio, se houver necessidade de intubar Hipertermia: medidas físicas Drogas, inclusive o dantrolene, estão contraindicadas devido a interações. Apenas em casos de hipertermia maligna usam-se medicamentos. Cuidado também porque a redução abrupta da temperatura pode causar convulsões também. BZP de início rápido para agitação Não usar fenotiazinas! Aumenta a letalidade Cuidado com hipoglicemia! Body stuffer: LG, CA e catártico salino Body packer: EDA ou CA, laparotomia e, se necessário, remoção cirúrgica Convulsões: administrar diazepam EV em bolus. Se após 30mg (adultos) persiste convulsão – barbitúricos Agitação: diazepam EV em bolus (repetir se necessário). Evitar antipsicóticos Hipotensão/choque: posição de Tredelemburg, infusão de cristalóides e aminas vasoativas (preferir dopamina e, se não houver resposta, epinefrina) o Bicarbonato se QRS largo alcalinizar sangue e controlar com gasometria arterial frequente Body packers: Nova rota internacional: Colômbia Brasil Europa. Participação importante da Nigéria 60-80 cápsulas, em média, com 10g em cada. Cápsulas fabricadas com forma arredondada e lisa para lesar menos o TGI Pasta base é prensada e envolvida por 8-14 camadas de materiais resistentes e impermeáveis filmes plásticos de embalar alimentos, dedos de luvas cirúrgicas. Tto no JXXIII: manitol + carvão seriado; monitoramento por TC e ECG até o término da evacuação de todas as cápsulas. Tempo médio: 4 dias. o IAM e cocaína: Aumento da demanda de oxigênio Diminuição da oferta pela vasoconstrição Indução de estado pró-trombótico. Tto: Terapia antiplaquetária com uso de aspirina 325mg e clopidogrel Nitratos Bloqueadores de canal de cálcio iECA Betabloqueadores devem ser evitados por aumentar o consumo de oxigênio pelo miocárdio, devido ao aumento da FC e da PA, entre outros fatores (com excesso de catecolaminas, se os receptores beta são bloqueados, elas se ligam aos receptores alfa, exacerbando as ações) o o Propranolol + fentolamina Uso de betabloqueadores que também bloqueiam alfa 1 Monitorização Oxigênio Bicarbonato se QRS largo Cocaína: diagnóstico clínico o Possibilidades em caso de taquicardia: Adulto jovem que desenvolve síndrome adrenérgica Indicações de internação o Arritmias: Arritmias que surgem imediatamente após o uso provavelmente por bloqueio dos canais de sódio podem responder ao bicarbonato o Arritmias que surgem horas após o uso provavelmente por isquemia