45696 Sábado 15 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL As matérias serão incluídas em Ordem do Dia oportunamente. O SR. PRESIDENTE (Marco Maciel. DEM – PE) – Sobre a mesa, ofícios de Ministros de Estado que passo a ler. São lidos os seguintes: OFÍCIOS NºS 416, 683 E 12.610, DE 2008 – Nº 416/2008, de 4 do corrente, do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, encaminhando informações em resposta ao Requerimento nº 190, de 2008, da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária; – Nº 683/2008, de 11 do corrente, do Ministro de Estado da Integração Nacional, encaminhando informações em resposta ao Requerimento nº 191, de 2008, da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária; e – Nº 12.610/2008, de 6 do corrente, do Ministro de Estado da Defesa, encaminhando informações em resposta ao Requerimento nº 790, de 2008, do Senador Arthur Virgílio.) O SR. PRESIDENTE (Marco Maciel. DEM – PE) – As informações foram encaminhadas, em cópia, aos requerentes. As informações referentes aos Requerimentos nºs 190 e 191, de 2008, foram juntadas, em cópia, no processado do Aviso nº 27, de 2006, que volta à sua tramitação normal e vai à Comissão de Agricultura e Reforma Agrária. Os requerimentos vão ao Arquivo. O SR. PRESIDENTE (Marco Maciel. DEM – PE) – Concedo a palavra ao nobre Senador Tião Viana, 1º Vice-Presidente da Casa, para sua manifestação. O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT – AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, eminente Senador Marco Maciel, Srs. Senadores, tenho em mão uma carta intitulada Carta de Salvador, de um dos mais renomados hepatologistas do mundo, Professor Dr. Raimundo Paraná, professor livre-docente em hepatologia pela Universidade Federal da Bahia, mestre e doutor em Medicina e especialista em Gastroenterologia, que diz respeito a uma das doenças chamadas doenças negligenciadas do planeta. Talvez eu tenha sido o único Parlamentar a tratar dessa matéria ao longo de toda a história do Senado. Com isso já demonstro que não é uma doença tratada no quotidiano da sociedade, como a dengue, a tuberculose e outras doenças. Trata-se exatamente a hepatite Novembro de 2008 delta, também chamada febre negra de Lábrea, que desde 1927 tem registro de ocorrência. A doença afeta de maneira endêmica a Amazônia Ocidental brasileira. Afeta hoje, de maneira endêmica, países como a Turquia, a Romênia, a Bulgária e a Rússia. Era restrita, por uma concepção de controle nos países desenvolvidos, à Amazônia Ocidental, à África, ao Oriente Médio e a algumas regiões Bálcãs, tendo descrições fortes no sul da Itália também. Hoje está reconhecida como uma doença presente, devido aos processos migratórios, a essas regiões européias, como me referi há pouco. Então, essa carta retrata a necessidade de regulamentação de um tratamento no Brasil, por ser uma área de maior expressão, talvez, em número de casos, do planeta, e que não ocorreu até hoje. A doença foi motivo também da minha tese de doutorado pela Universidade de Brasília em doenças tropicais. Acho mais do que justa essa homenagem que faço a essa chamada Carta de Salvador, de autoria do ilustre Professor Livre-Docente Raimundo Paraná. Diz ele o seguinte: A hepatite delta é um caso único entre as viroses humanas, pois é um vírus parasita de outro. O delta só infecta pacientes que já são infectados pelo vírus da hepatite B. No Brasil ela está quase restrita à Amazônia Ocidental, principalmente nas comunidades do alto Purus, Vale do Javari, do Juruá, do Madeira. Alcança intensamente Rondônia e todo o Acre, porém também é endêmica do Purus e em várias localidades do Estado do Amazonas. Outros focos têm sido descrito em Mato Grosso e no Pará. A hepatite delta, doença grave que infecta crianças e adolescentes, piora a evolução da hepatite B pré-existente, reduz sobremaneira a sobrevida dos pacientes e parece ser mais causadora de câncer de fígado nas pessoas que são vítimas da sua ocorrência. A Europa e os Estados Unidos deixaram de se preocupar temporariamente com a hepatite delta, pois a mesma foi considerada sob controle no mundo desenvolvido. Por sua vez, a indústria também se desinteressou, daí esta ser das mais negligenciadas doenças do mundo. Ficou restrita à Amazônia, à África e a alguns bolsões do Bálcãs e do Oriente Médio. Agora, a Europa volta a se preocupar, pois a integração do Leste Europeu à União Européia descortinou uma realidade pouco co-