Dissertação, AVALIAÇÃO DA ESCALA LIKERT DE DISPNEIA COMO PREDITORA DE EVENTOS CARADIOVASCULARES EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Cristina Klein Weber INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Área de Concentração: Cardiologia AVALIAÇÃO DA ESCALA LIKERT DE DISPNEIA COMO PREDITORA DE EVENTOS CARADIOVASCULARES EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Autora: Cristina Klein Weber Orientador: DrTiago Luiz Luz Leiria Co-orientadora: Drª Mª Antonieta P. de Moraes Dissertação submetida como requisito para obtenção do grau de Mestre ao Programa Ciências de da Concentração: Pós-Graduação em Saúde, de Área Cardiologia, da Fundação Universitária de Cardiologia / Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2013 Catalogação na fonte W373e Weber, Cristina Klein Avaliação da escala Likert de dispneia como preditora de eventos cardiovasculares em pacientes com insuficiência cardíaca / Cristina Klein Weber ; orientador Tiago Luiz Luz Leiria; co-orientadora Maria Antonieta Pereira de Moraes. – Porto Alegre: 2013. 95 f.; il. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia – Programa de PósGraduação em Ciências da Saúde: Cardiologia, 2013. 1. Insuficiência cardíaca. 2. Dispneia. 3. Escala Likert. I. Leiria, Tiago Luiz Luz. II. Moraes, Maria Antonieta Pereira de. III. Título. CDU: 616.1/2 Bibliotecária responsável: Marina Miranda Fagundes CRB 10/2173 Dedico esta dissertação aos meus pais Pedro e Inês pelos ensinamentos e apoio incondicional e a minha irmã Daiana pelo incentivo e exemplo de profissionalismo. iii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por ter me dado persistência para não esmorecer nesta caminhada, pela oportunidade de conhecer e conviver com profissionais competentes e por ter escolhido a cardiologia como especialização. Aos meus pais, Pedro e Inês, agradeço pelo amor e apoio constantes, pelo exemplo e pelas oportunidades concedidas. A minha irmã Daiana, pelo carinho, parceria, exemplo de dedicação e amor à profissão. A esta instituição, agradeço pelo conhecimento transmitido através de seus mestres. Aos meus orientadores Dr Tiago Leiria e EnfªDrª Mª Antonieta pelo incentivo à pesquisa, competência e incentivo na realização deste trabalho. Aos colegas do IC/FUC, especialmente da Hemodinâmica, que compartilham das conquistas e dificuldades desta profissão, mas que, certamente foram fundamentais para o meu crescimento profissional. Aos demais funcionários que de alguma forma auxiliaram na realização deste trabalho. À todos, muito obrigada. iv SUMÁRIO 1. BASE TEÓRICA 01 1.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 03 1.2 ETIOLOGIA 03 1.3 FISIOPATOLOGIA 04 1.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 05 1.4.1 Dispneia 2. 05 1.4.1.1 Dispneia como preditora de congestão pulmonar 07 1.4.1.2 Escalas de avaliação / aferição da dispneia 10 EXAMES COMPLEMENTARES 16 2.1 PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS 16 2.2 ULTRASSONOGRAFIA PULMONAR 18 2.3 ECOCARDIOGRAMA 19 2.4 TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS 20 3. ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA IC 23 4. RELEVÂNCIA DO ESTUDO 27 5. HIPÓTESE 28 5.1 HIPÓTESE CONCEITUAL 6. 28 OBJETIVOS 29 6.1 GERAL 29 6.2 ESPECÍFICOS 29 7. REFERÊNCIAS 30 8. ARTIGO EM PORTUGUÊS 40 9. ARTIGO EM INGLÊS 62 10. ANEXOS 82 v APÊNDICE A 82 APÊNDICE B 83 APÊNDICE C 85 APÊNDICE D 86 APÊNDICE E 87 vi LISTA DE ABREVIATURAS ACC American CollegeofCardiology ACCF American CollegeofCardiology Foundation ACCP American College of Chest Physicians AHA American Heart Association CDI Desfibrilador Implantável DCV Doenças cardiovasculares E/E’ Relação entre o pico do fluxo diastólico transmitral com a velocidade precoce diastólica do anel mitral EAV Escala análogo-visual FC Frequência Cardíaca FEVE Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo IAM Infarto Agudo do miocárdio IC Insuficiência cardíaca NT-proBNP Porção N-terminal do pro-hormônio peptídeo natriurético do tipo B NYHA New York Heart Association PCP PressãoCapilarPulmonar RXT Radiografia de tórax SUS Sistema Único de Saúde TC6 Teste de caminhada de 6 minutos US Ultrassonografia vii 1 1. BASE TEÓRICA A insuficiência cardíaca (IC) consiste em um grave defeito funcional da bomba cardíaca, que provoca a incapacidade do coração atender as necessidades metabólicas do organismo(1,2). É uma síndrome clínica na qual ocorre uma desordem estrutural e funcional do coração. Esta desorganização prejudica a capacidade do ventrículo ejetar ou se encher de sangue a pressões de enchimento fisiológicas, limitando a capacidade do paciente para exercer ou realizar as atividades da vida diária sem sintomas de dispneia ou fadiga(3). É uma doença crônica e progressiva que se manifesta por um conjunto de sinais e sintomas de congestão pulmonar e sistêmica caracterizando-se como a fase final de todas as doenças cardiovasculares (DCV)(1,4,5). Em muitos casos, é bem tolerada, porém, quando a patologia progride, a doença torna-se limitante, reduzindo significativamente a qualidade de vida dos pacientes podendo evoluir para o óbito(6). Esta patologia tem se mostrado uma importante questão de saúde pública, pois está entre as principais causas de hospitalizações e morbimortalidade em adultos com mais de 65 anos nos países ocidentais(7-9). Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, a IC é a primeira causa de internação hospitalar, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por doenças cardiovasculares na população com mais de 65 anos(10). A IC é também responsável por elevadas taxas de morbimortalidade e altos custos em todo o mundo. Esta síndrome afeta entre 1,5% a 2% da população mundial(11). Nos Estados Unidos, mais de 1.000.000 de pacientes são hospitalizados por ano 2 com IC; taxas semelhantes de internações são apresentadas em países representantes da Sociedade Europeia de Cardiologia(4). No Brasil, parece estar havendo um aumento da mortalidade devido a essa patologia(12,13). Estudo realizado com 263 pacientes internados em uma instituição hospitalar de uma cidade brasileira para compensação da IC através de medicamentos demonstrou que durante o primeiro ano de seguimento, um terço dos pacientes foi a óbito e foi necessário atendimento de emergência no pronto-socorro para a metade dos pacientes que haviam tido alta hospitalar. Estes dados demonstram que a IC continua evoluindo com altas taxas de mortalidade e de re-hospitalizações(12). Este cenário de frequentes internações hospitalares com morbimortalidade elevada, se deve à instabilidade clínica dos pacientes pela própria progressão da doença, às falhas de acesso aos serviços de saúde, à falta de acompanhamento contínuo, como também porque o diagnóstico dos principais sintomas da IC, como dispneia e congestão pulmonar estão limitados a subjetividade da doença, às dificuldades físicas e muitas vezes cognitivas dos pacientes(14-17). Entretanto, dados internacionais apontam que muitas das readmissões poderiam ser evitadas se houvesse um planejamento da alta hospitalar e da reabilitação adequada pelos profissionais de saúde, bem como o reconhecimento precoce das manifestações clínicas e de descompensação da doença por parte dos pacientes(18). 3 1.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Clinicamente, esta síndrome caracteriza-se por períodos de remissão e exacerbação; as taxas de re-internações hospitalares variam até 25% dentro de seis meses após uma alta hospitalar. Estes eventos ocorrem possivelmente devido a deterioração da função ventricular, mas também podem ser ocasionados por outros fatores potencialmente evitáveis como a falta de adesão ao tratamento médico, a hipertensão arterial não controlada, o infarto do miocárdio, as arritmias cardíacas, os fatores iatrogênicos e as infecções, principalmente pulmonares(19,20). 1.2 ETIOLOGIA A IC pode ter etiologia hereditária ou adquirida, pode ter inicio progressivo (sobrecarga de pressão ou volume) ou abrupto (infarto agudo do miocárdio). Nestes casos, o coração torna-se incapaz de gerar o débito cardíaco necessário e consequentemente, o suprimento de oxigênio para os órgãos e tecidos torna-se insuficiente, ou possível somente através de pressões sistólicas muito elevadas(21,22). A etiologia subjacente à IC tem significativas implicações prognósticas e terapêuticas para a doença. Suas causas podem ser as principais determinantes para a sobrevida em longo prazo nesta população de pacientes. Cardiopatas com IC de etiologia isquêmica, em geral tem um pior prognóstico quando comparados com os pacientes portadores de IC não isquêmica, pois 4 episódios de isquemia podem desempenhar um importante papel como gatilho para a descompensação(3). 1.3 FISIOPATOLOGIA Devido à redução da função cardíaca, alguns mecanismos adaptativos são estimulados no intuito de corrigir a disfunção ventricular. Nos casos de danos ventriculares menores, estes mecanismos conseguem melhorar a função e muitas vezes normalizá-las; já nos comprometimentos maiores, a contínua estimulação pode levar a deterioração da função cardíaca devido a constante dilatação ventricular (remodelação), o que piora muito o prognóstico do paciente e leva a modificações importantes nas funções renal, metabólica, muscular esquelética e autonômica(23-25). Inicialmente, ocorre um aumento dos níveis de neuro-hormônios como o fator natriurético atrial que além de induzir a vasodilatação arterial melhora a função cardíaca. Este estímulo neuro-hormonal é suficiente para normalizar o funcionamento cardíaco nos casos de danos menores; porém, a deterioração cardíaca mais extensa provoca a estimulação neuro-hormonal vasoconstritora (noradrenalina, adrenalina, arginina, vasopressina, renina), induzindo assim o aumento da resistência e piora da função cardíaca, o que causa um agravamento progressivo do trabalho muscular cardíaco(23). Para que ocorra a compensação cardíaca, também ocorre a hipertrofia miocárdica, fator que contribui para o aumento do número de miócitos, induzindo assim a proliferação instersticial, aumento da região fibrótica e consequentemente causando efeitos deletérios ao coração(21,23). 5 Nos casos mais graves da doença, também ocorre o aumento dos níveis de eritropoetina, o que pode causar a elevação das taxas de hematócrito. Ainda, podem ser encontradas elevações das citoquinas, níveis elevados do fator de necrose tumoral, interleucina-6 e endotelinas(23). 1.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas da IC contribuem na identificação e diagnóstico desta síndrome, pois os sintomas evidenciam a incapacidade do coração em manter as necessidades circulatórias do organismo adequadamente. Os principais sintomas da IC são dispneia, intolerância ao exercício e a fadiga, porém, estes sintomas podem estar associados a outras doenças pulmonares, a história prévia de IC a presença de ortopneia e dispneia paroxística noturna são evidências específicas que facilitam o diagnóstico(11). Outros sintomas incluem a dor torácica, palpitações, o cansaço, a distensão da veia jugular e os sintomas digestivos, como anorexia, distensão abdominal e diarreia (em casos de isquemia ou congestão visceral(2,11). 1.4.1 Dispneia A dispneia é definida como a sensação de desconforto respiratório, sendo uma experiência subjetiva, qualitativamente distinta com intensidade variável. A quantificação de uma sensação subjetiva como a "falta de ar" se faz de forma extremamente difícil, acarretando uma falta de consenso sobre a melhor forma de avaliá-la e quantificá-la(1,17,26). 6 A percepção de dispneia é considerada análoga à percepção da dor e tem uma dimensão sensorial (intensidade) e afetiva (desprazer); desta forma processos corticais similares parecem ser a base da experiência de dispneia em dor; ambos os sintomas podem resultar em sofrimento humano. Devido a isto, alguns peritos realizaram uma declaração de consenso seguindo a política estabelecida pelo American College of Chest Physicians(ACCP) com base no entendimento de que os pacientes com câncer de pulmão avançado ou doença cardíaca não estão sendo tratados de forma coerente e eficaz para o alívio da dispneia(27). Esta declaração de consenso teve por objetivo influenciar a prática clínica e fornecer sugestões para a gestão de dispneia em pacientes com câncer de pulmão avançado ou doença cardíaca, pois, embora ainda existam incertezas e questionamentos a respeito dos mecanismos exatos que causam dispneia, é um sintoma angustiante que requer atenção, consideração, tratamento e cuidados de saúde proveniente dos prestadores de serviço. Ainda, através desta declaração, ficou estabelecido que os profissionais de saúde estivessem eticamente obrigados a tratar dispneia como parte de um plano de assistência integral, solicitando aos pacientes a classificação da intensidade de sua falta de ar bem como os tratamentos médicos específicos devem ser cumpridos com o objetivo de amenizar a dispneia(27,28). A quantificação de uma sensação subjetiva como a falta de ar se faz de forma extremamente difícil. Com isso, muitos instrumentos foram desenvolvidos com o objetivo de graduar a dispneia. Os primeiros tentaram padronizar o relato do sintoma correlacionando-o com o seu impacto nas atividades diárias(29-31). Apesar das inúmeras modificações propostas, todos 7 esses mecanismos de quantificação compartilham de características comuns: avaliam a dispneia num quadro crônico e utilizam atividades diárias para avaliar o esforço. Entretanto o uso dessas atividades diárias não considera as diferenças de esforço extra que é necessário para o cumprimento dessas atividades(29). 1.4.1.1Dispneia como preditora de congestão pulmonar A dispneia é a principal causa de hospitalizações em pacientes com IC aguda e é frequentemente associada com sinais de sobrecarga de fluidos, principalmente pulmonar e /ou congestão periférica. O alívio deste sintoma ocorre em uma percentagem relativamente pequena (40-60%) dos pacientes nos primeiros dias após a admissão hospitalar, pois a rápida melhora clínica dos pacientes dispneicos com IC é um objetivo que ainda não é plenamente alcançado pela terapêutica(32). A American Thoracic Society define dispneia como uma experiência subjetiva de desconforto respiratório que consiste em sensações qualitativamente distintas que variam em intensidade. Este sintoma ocorre a partir de múltiplas interações fisiológicas, psicológicas, sociais e ambientais o que pode induzir as respostas fisiológicas secundárias(13). A intensidade da dispneia e da angústia experimentada pelo paciente inicialmente observa-se somente pelo esforço, entretanto, com o avanço da doença, a dispneia ocorre progressivamente com atividades menos extenuantes até o repouso, variando durante a exacerbação da IC. Enquanto alguns pacientes apresentam níveis aumentados de dispneia e desconforto 8 durante um curto período de tempo, outros permanecem sem estas alterações(33). A sintomatologia da dispneia ainda não foi precisamente compreendida a partir de uma perspectiva fisiopatológica e psicossocial devido a dificuldade de aferição da dispneia. Outros fatores complicadores incluem as diferenças entre experiências subjetivas de pacientes dispneicos dependendo da doença de base (pulmonar ou cardíaca). Bem como, a dispneia induzida por esforço em pacientes com IC crônica, podem diferir daquela causada em pacientes com IC aguda(34). Nestes casos, a dispneia provavelmente ocorre devido a congestão pulmonar, pelo aumento da pressão dos capilares pulmonares (PCP) como resultado da disfunção sistólica e/ou diastólica do ventrículo esquerdo ou das anormalidades valvulares. Estes aumentos de PCP indicam congestão hemodinâmica que podem ou não causar dispneia. Pacientes com PCP cronicamente elevadas, podem não apresentar sintomas graves ou congestão pulmonar visualizada nos raiosX; enquanto que pacientes com IC em fase inicial e elevação da PCP podem ter graves sintomas pulmonares e edema. Portanto, a congestão hemodinâmica torna-se clinicamente manifesta dependendo do grau e da taxa em que a PCP sobe dos mecanismos compensatórios (como a eficiência da drenagem linfática pulmonar), da permeabilidade da membrana alvéolo-capilar e da presença ou ausência da doença pulmonar subjacente(34). Ocasionalmente, esses pacientes podem cursar com astenia concomitante à dispneia. Porém, esses dois sintomas na maioria das vezes não são bem diferenciados tanto pelo avaliador quanto pelos pacientes(35). 9 A presença de congestão pulmonar é resultante da elevação das pressões de enchimento do átrio e ventrículo esquerdo. Esse é um evento clínico frequente e requer, na maioria das vezes, ajustes repetidos da medicação. Caso não haja controle dos sinais de congestão a hospitalização do paciente pode ser necessária para estabilizar o quadro(2). A congestão veno-capilar pulmonar caracteriza-se pelo acúmulo renal de sódio que acarreta em retenção hídrica, o que ocasiona a sobrecarga de volume nos espaços intersticiais dos pulmões. Posteriormente, os alvéolos pulmonares começam a encher-se com o fluido, o que se manifesta clinicamente pelo sintoma de dispneia(16, 36). A dispneia e a fadiga podem limitar a capacidade de realização de esforço físico levando a congestão pulmonar e sistêmica e ao aumento da resistência vascular periférica(37). A presença da dispneia de esforço limitante associada à congestão pulmonar é um dos sinais iniciais da disfunção diastólica, evidenciada pela presença da quarta bulha proeminente. Na disfunção sistólica, ocorre predomínio da fadiga muscular secundária a hipoperfusão tecidual, evidenciada pela presença da terceira bulha e desvio do ictus cordis(38). Além disso, a IC causa alterações funcionais, metabólicas e histológicas na musculatura inspiratória. Em 30 a 50% dos pacientes ocorre fraqueza destes músculos, ocasionando consequentemente redução da capacidade funcional, piora no prognóstico clínico e redução da qualidade de vida destes indivíduos. Ainda, existe relação entre o sistema de controle autonômico destes pacientes com a intolerância ao exercício e a fraqueza da musculatura 10 inspiratória, o que segundo estudos realizados previamente poderiam ser melhorados com treinamento físico(39). Outros aspectos também evidenciados de forma subjetiva, como a severidade e a sensação dos pacientes, são alvos importantes para a intervenção que não podem ser mensurados por radiografia, exames laboratoriais ou outros dados clínicos(40). Desta forma, o exame físico detalhado tem grande relevância clínica, uma vez que consegue achar sinais e sintomas característicos da doença, além de contribuir com o prognóstico médico e o planejamento de intervenções para minimizar os sintomas. Apesar de a dispneia ser um alvo importante para o tratamento da IC, a melhor forma de mensurá-la ainda é dúbia(34), para que seja corretamente aferida, é necessário inicialmente distinguir dispneia usual de dispneia atual. Dispneia usual relaciona-se àquela apresentada nas atividades cotidianas, como por exemplo, para subir escadas. Enquanto que dispneia atual refere-se a um momento preciso, como após os exercícios(15). 1.4.1.2 Escalas de avaliação/ Aferição da dispneia Diferentes instrumentos foram criados e têm sido utilizados para a aferição da dispneia, entre eles a escala Likert de 5 pontos, ondeos pacientes podem demonstrar o grau de concordância ou discordância com os dados apresentados. Trata-se de uma escala psicométrica utilizada em pesquisas quantitativas que tem por objetivo registrar o nível de concordância ou discordância sobre algum assunto. Pode ser apresentada de forma ordinal ou 11 intervalar atingindo graus relativos (hierarquia) e não de quantidade. Mais comumente apresenta-se em cinco níveis, mas pode ser utilizada em 4 a 10 níveis.Na dispneia, esta escala é usada como forma de verificar a mudança da linha de base em que o paciente se encontra em dois momentos e posições diferentes(3,16,17,26). A escala análogo-visual (EAV), proposta para uma avaliação simplificada, na qual, utiliza-se uma linha vertical ou horizontal de 100mm, na qual o paciente sinaliza o ponto correspondente a sua falta de ar. Nas extremidades desta linha existem frases que variam de “ausência de falta de ar” a “falta de ar extrema” para facilitar o entendimento de que a linha deve ser pensada em graduações. Este método foi validado em muitos estudos, sendo considerada uma das melhores escalas de dispneia já desenvolvidas para avaliação de pacientes em associação com exercício físico(29). A escala Likert de 5 pontos, escala psicométrica, não foi elaborada especificamente para a aferição da dispneia, porém tem seu uso descrito nessa situação(2). Essa escala pode ser utilizada como forma de verificar a mudanças na intensidade do sintoma em dois momentos. A escala de Likertvaria de ausência de dispneia (pontuação zero) a falta de ar considerada muito forte (pontuação 5)(3-5,7). Estudos que compararam as múltiplas ferramentas para avaliação da dispneia demonstraram que a EAV, apesar de apresentar grande variabilidade de resposta, provou ser a medida mais reprodutível e sensível para detectar mudanças na sensação de falta de ar, enquanto a escala de Borg(60) tem maior sensibilidade para detectar alterações na sensação de fadiga e a escala Likert possuiu a mais fácil aplicação e interpretação(4,29,41). 12 Estudo de corte observacional multicêntrico internacional avaliou a dispneia através da escala Likert. Entretanto, a abordagem teve por objetivo observar a presença de ortopneia após intervenção terapêutica, não caracterizando a dispneia como preditora de eventos clínicos como reinternação(5). Outro estudo publicado recentemente mostrou que as melhores medidas de dispneia envolvem avaliar a qualidade de vida dos pacientes, porém, os questionários são demorados e exigem mais experiência dos pesquisadores, fatores que justificam a aplicação das escalas Likert Análogovisual. Estes autores ainda salientam que estas duas escalas já foram estabelecidas em vários estudos como instrumentos válidos, confiáveis e fáceis de utilizar na prática clínica(8). Desta forma, não existe consenso ou padrão ouro sobre qual instrumento deve ser utilizado. Embora a escala análogo-visual pareça ter maior sensibilidade, a escala Likert é de fácil aplicabilidade principalmente em estudos clínicos(34,42,43). Neste contexto, a utilização de escalas objetivas para a mensuração da dispneia e da congestão pulmonar, como uma ferramenta prognóstica, podem auxiliar na tomada de decisão da equipe de saúde frente a pacientes acometidos por esta síndrome, contribuindo com a redução das taxas de descompensação, das re-internações hospitalares e melhorando a qualidade de vida destes pacientes. 13 1.5 DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO Os sinais e sintomas clínicos possuem fundamental importância para a suspeição e o diagnóstico clínico da IC, o qual pode ser realizado a partir dos critérios de Boston e de Framigham. O diagnóstico realizado através dos critérios de Framingham apresenta algumas características clínicas como critérios maiores e menores; necessitando da presença simultânea de pelo menos dois critérios maiores ou um critério maior em conjunto com dois critérios menores(11)(QUADRO 1). Critérios maiores: a) Dispneia paroxística noturna; b) Turgência de jugular; c) Crepitações pulmonares; d) Cardiomegalia (à radiografia de tórax); e) Edema agudo de pulmão; f) Terceira bulha (galope); g) Aumento da pressão venosa central (>16cm H 2O no átrio direito); h) Reflexo hepatojugular; i) Perda de peso> 4,5Kg em 5 dias em resposta ao tratamento.. Critérios menores: a) Edema de tornozelos bilateral; b) Tosse noturna; c) Dispneia a esforços ordinários; d) Hepatomegalia; e) Derrame pleural; f) Diminuição da capacidade funcional em um terço da máxima registrada previamente; g) Taquicardia (FC> 120bpm). QUADRO 1: Critérios de Framingham para o diagnóstico da IC(32). 14 Através dos critérios de Boston, o diagnóstico é dado como definitivo, com uma pontuação entre 8 e 12 pontos, “possível”, com uma pontuação entre 5 e 7 pontos e “improvável” se a pontuação for de 4 ou menos (QUADRO 2). Critério Pontos Categoria I: história Dispneia em repouso 4 Ortopnéia 4 Dispneia paroxística noturna 3 Dispneia ao caminhar no plano 2 Dispneia ao subir escadas 1 Categoria II: exame físico Frequência cardíaca (FC) (1 ponto se FC 91 a 110bpm; 2 pontos se 1 ou 2 FC>110bpm) Turgência de jugular (2 pontos se >6cm H 2O; 3 pontos se > 6cm H2O 2 ou 3 mais hepatomegalia ou edema ) Crepitantes pulmonares (1 ponto se restrito às bases; 2 pontos se 1 ou 2 mais do que apenas nas bases) Sibilos 3 Terceira bulha cardíaca 3 Categoria III: radiografia de tórax Edema pulmonar alveolar 4 Edema pulmonar intersticial 3 Derrame pleural bilateral 3 Índice cardiotorácico> 0,50 3 Redistribuição de fluxo para lobos superiores 2 QUADRO 2: Critérios de Boston para o diagnóstico da IC(32). O diagnóstico entre IC com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) preservada ou não, é feito através da presença de quatro 15 características: presença de sinais e sintomas de IC; FEVE ≥ 50%, VE não dilatado (volume telediastólico<97ml/m2) e evidência de pressão de enchimento do VE elevada(44). Com o intuito de melhor descrever a IC, algumas classificações foram criadas conforme seu estágio clínico. A IC aguda pode surgir a partir de diversas etiologias e pode incluir várias comorbidades, pois se manifesta após uma súbita alteração estrutural e funcional cardíaca. Já a IC crônica é uma síndrome clínica complexa, resultante da disfunção cardíaca que prejudica a capacidade de enchimento e ejeção ventricular, produzindo as manifestações clínicas da doença(9). A forma clássica e muito questionada da IC classifica os pacientes em dois grupos: os que apresentam IC diastólica (ICD) ou com fração de ejeção preservada e os portadores de IC sistólica (ICS) ou com fração de ejeção reduzida(9,44). ICD tem se mostrado predominantemente em pacientes do sexo feminino, mais idosos, com diversas comorbidades associadas a hipertensão, diabetes e obesidade(9). A classificação da IC crônica proposta pela New York Heart Association (NYHA) categorizada conforme a intensidade dos sintomas estratifica em quatro classes conforme o grau de limitação imposto pela doença para atividades cotidianas(11,13,45). Em 2001, foi publicada a classificação da IC proposta pela American Heart Association (AHA) e American College of Cardiology (ACC), outra classificação, com acréscimo dos fatores de risco para a IC(13,46). 16 Estágios da IC pela ACCF/ AHA Classificação funcional pela NYHA A Com alto risco de IC mas sem Nenhum sintomas estruturais de IC. B Doença cardíaca estrutural mas I Sem limitações para ausência de sinais e/ou atividades físicas. Atividades sintomas de IC. físicas comuns não causam sintomas de IC. C Cardiopatia I estrutural com Sem limitações para sintomas prévios ou atuais de atividades físicas. Atividades IC. físicas comuns não causam sintomas de IC. II Discreta limitação à atividade física. Confortáveis em repouso, mas atividade física resulta em sintomas de IC. III Marcada limitação à atividade física. Confortável em repouso, mas atividades menores que as rotineiras (pequenos esforços) causam sintomas. D IC refratária necessitando de IV Incapaz de realizar qualquer intervenções especializadas atividade física sem sintomas de IC. Sintomas de IC em repouso. QUADRO 3: Comparação entre os estágios da IC conforme a ACCF/AHA e a Classificação funcional pela NYHA(47). 2. EXAMES COMPLEMENTARES 2.1 PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS (BNP) Os exames laboratoriais também auxiliam não só no diagnóstico, mas também no controle prognóstico da patologia. As gasometrias arteriais permitem analisar a oxigenação e a função respiratória dos pacientes; as troponinas são utilizadas como critérios de exclusão para as síndromes coronarianas agudas e os peptídeos natriuréticos (BNP e NT-proBNP) podem excluir o diagnóstico de IC(13,32,34). 17 O Peptídeo Natriurético Atrial (BNP) é liberado na tentativa de compensar os sistemas vasoconstritores ativados quando o coração sofre uma agressão crônica ou aguda. As principais ações desse sistema são a promoção de diurese e a vasodilatação(48,49). Estudos demonstraram que o uso da medida sérica do BNP auxilia no diagnóstico diferencial de dispneia de causa cardíaca e não cardíaca em nível emergencial(47,50). A dosagem desse peptídeo também tem importância na avaliação do tratamento e prognóstico dos pacientes com IC congestiva(49,50). Estudo prospectivo realizado em um departamento de emergência incluindo 70 pacientes com queixas de dispneia em repouso teve por objetivo avaliar a utilidade do BNP. Ao término do trabalho, os autores observaram que em pacientes com dispneia intensa e um diagnóstico duvidoso de IC, os índices de BNP < 900pg/ml ajudam a excluir a presença de IC, enquanto que níveis >5500pg/ml identificam pacientes com risco aumentado de óbito(51). Meta-análise que incluiu pacientes com quadro clínico de dispneia aguda em emergências buscou investigar se a aferição do BNP reduziria as admissões, o tempo de permanência e a sobrevida em curto prazo, comparado com cuidados médicos habituais, sem BNP. Os achados mostraram que o tempo de permanência hospitalar destes pacientes diminuiu por cerca de um dia, porém, não foram conclusivas as avaliações a respeito das taxas de mortalidade(52). Estudo transversal contemporâneo realizado em um ambulatório de IC com 63 pacientes teve por objetivo comparar a avaliação clínica de congestão realizada por uma enfermeira com a avaliação do cardiologista (durante a mesma visita) e correlacioná-los aos níveis de BNP. Ao término do estudo, foi 18 estabelecido que avaliações dos enfermeiros pudessem ter um desempenho semelhante às dos cardiologistas para a detecção clínica de congestão e avaliação hemodinâmica do pacientes com IC(53). 2.2 ULTRASSONOGRAFIA PULMONAR Além disso, a ultrassonografia pulmonar também pode ser um indicador da presença de edema pulmonar assintomático, auxiliando na profilaxia e otimização do tratamento clínico(54, 55). Através desse método diagnóstico não invasivo, pode-se mensurar a quantidade de líquido pulmonar existente; desta forma, a presença das linhas B de Kerley são um indicador de congestão pulmonar e está correlacionada diretamente com os níveis de NT-proBNP(17). Assim, pacientes com maiores graus de congestão pulmonar possuem níveis mais elevados de peptídeos natriuréticos, sendo esses diretamente correlacionados a um pior prognóstico(11,20,44). Porém, existem poucos estudos que avaliam a dispneia e a congestão pulmonar por medidas de água livre nos pulmões. A escassa literatura existente avalia pacientes com IC em unidades de urgência / emergência e não a nível ambulatorial. Embora se saiba que o BNP não é considerado padrão ouro para avaliação da congestão pulmonar e o método mais apropriado para esta aferição é hemodinamicamente invasivo, por avaliar a pressão pulmonar no átrio esquerdo, o que é impraticável ambulatorialmente, serão considerados congestos os pacientes atendidos no ambulatório com níveis de NT-proBNP> 1000pg/mL. Estes valores baseiam-se em estudos que evidenciaram um 19 aumento da morbidade e mortalidade em pacientes com IC e valores superiores deste marcador(56-58). Bem como, vão ao encontro do ponto de corte utilizado em ensaios clínicos randomizados que guiaram o tratamento ambulatorial da IC(59, 60). 2.3 ECOCARDIOGRAMA A realização do eco cardiograma também merece consideração não só no diagnóstico como também no prognóstico e para definir a terapêutica que deverá ser utilizada(13,32,34). Este exame possibilita informações anatômicas e fisiológicas importantes como a quantificação da função sistólica ventricular esquerda (fração de ejeção), fundamental na definição do tratamento, bem como para a diferenciação entre IC sistólica e diastólica(13,32). Tal método permite ainda avaliar a pressão atrial esquerda, quando avaliado em associação ao fluxo valvar trans mitral não tissular (E/E’)(13). Esta relação E/E’ obtida ao estudo ecocardiográfico, considerando-se como ponto de corte o valor E/E’≥15 como indicativo de congestão hemodinâmica, correspondente a uma pressão de enchimento ventricular esquerdo elevado(61,62). Ainda, o eco cardiograma pode mensurar de forma não invasiva as pressões sistólica e diastólica, o débito cardíaco, a pressão venosa sistêmica, a pressão média da artéria pulmonar e a resistência vascular pulmonar e sistêmica(13,32). Outros métodos de imagem também podem ser usados na avaliação do paciente com IC principalmente nos casos em que as informações fornecidas pela eco cardiografia não tenham sido suficientes. Estes exames incluem eco 20 cardiografia de estresse, a ressonância magnética cardíaca, a imagem por medicina nuclear e a tomografia computadorizada cardíaca(13,34). 2.4 TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS Além disso, aos pacientes clinicamente estáveis e sem contraindicações ao exercício físico, é indicado o teste de esforço ergoespirométrico ou o teste de caminhada de seis minutos(34). Por ser amplamente disponível, seguro e de fácil execução(8,63) o teste de caminhada está sendo cada vez mais utilizado para avaliar a capacidade funcional dos pacientes com IC como uma alternativa ao teste de esforço cardiopulmonar(8). O teste de caminhada de seis minutos é utilizado para medir a capacidade funcional em pacientes com variabilidade das condições clínicas e tenta reproduzir as atividades da vida diária(8,63). Isto ocorre porque até o término do teste, o consumo de oxigênio aumenta minuto a minuto, desta forma, diz-se que é um teste de capacidade funcional máxima, pois é realizado acima do limiar ventilatório(63). Geralmente, é bem tolerado pelos pacientes e a distância percorrida durante o teste é uma preditora independente de mortalidade e re-internações por IC. Através do aumento da distância percorrida durante os seis minutos do teste também é possível avaliar a resposta às intervenções terapêuticas realizadas(8). Porém, alguns fatores podem influenciar no desempenho do teste, tais como a altura, idade, sexo, comorbidades e motivação aos pacientes pelo operador do teste(63). Como alternativa para avaliar a capacidade física ao exercício submáximo, os pacientes são submetidos ao teste de caminhada de 6 minutos 21 (TC6). O teste é realizado em um corredor plano com 30 metros de comprimento, no qual é avaliada a distância máxima que o paciente conseguiu andar durante o tempo de 6 minutos. Nas ocasiões em que o paciente não completa o TC6, deve-se reportar o motivo da interrupção, o tempo tolerado e a distância percorrida. Todos os pacientes que realizam o teste devem ter os sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória e saturação de oxigênio) avaliados antes e imediatamente após o seu término. O teste de caminhada também se mostra uma alternativa segura e adequada à prescrição de exercícios físicos em pacientes com IC não avançada(8), já que a prática desses pode reduzir a fraqueza muscular inspiratória e consequentemente a dispneia(39). Os sintomas experimentados por pacientes com IC frequentemente levam à redução das atividades físicas e a falta de condicionamento físico; o que faz com que ocorra intolerância ao exercício e piora dos sintomas. Os sintomas como fadiga e dispneia são atribuídas à falha da bomba cardíaca e consequente acúmulo de resíduos da produção anaeróbia devido ao aporte insuficiente de oxigênio, bem como o aumento das pressões do átrio esquerdo e congestão pulmonar(64). Porém, além desta fisiopatologia tradicionalmente atribuída como causadora dos sintomas da IC, o cansaço e a dispneia também pode ocorrer em parte devido a incapacidade do exercício muscular na utilização de oxigênio em vez da falta de fornecimento de oxigênio secundário para a falha da bomba cardíaca como se pensava anteriormente. Fatores estes que podem explicar a melhoria da ação da musculatura esquelética e o impacto do exercício físico na redução de sintomas como fadiga e dispneia nos pacientes com IC(64). 22 Estudo prospectivo longitudinal controlado realizado com 60 pacientes idosos portadores de IC congestiva teve por objetivo determinar os efeitos de um programa de exercícios físicos sobre a capacidade física e qualidade de vida nestes pacientes. Para realização do mesmo, foram aplicados exercícios e treinamento de resistência durante 12 meses. Os resultados obtidos neste estudo mostraram aumento significativo da resistência muscular e melhora em menos de 3 meses do teste de caminhada de seis minutos bem como da qualidade de vida dos pacientes(65). 23 3. ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA IC Nas últimas décadas diversas abordagens multidisciplinares na avaliação, no acompanhamento e no seguimento de pacientes com IC têm sido estudadas, mostrando benefícios para a melhora da qualidade de vida e consequentemente redução das readmissões(66). No Brasil, ainda são incipientes os estudos de efetividade da avaliação multidisciplinar ou de enfermagem para avaliar os desfechos clínicos nesta população de pacientes. É sabido que a forma mais comum de instabilidade clínica são quadros congestivos presentes em 80-90% dos pacientes que se apresentam nos serviços de emergência(67). Uma avaliação clínica criteriosa e especializada permite que os pacientes sejam precocemente manejados para reduzir a congestão pulmonar e sistêmica. Um estudo recente avaliou o papel da enfermeira e as responsabilidades educacionais e exigências de treinamento referentes à IC, pois, pode haver variações nas responsabilidades em diferentes contextos dos cuidados à saúde, no entanto, os princípios são semelhantes e incluem anamnese, avaliação clínica e conduta apropriada sobre o manejo das condições clínicas dos pacientes(18). Estes autores citam ainda que a readmissão poderia ter sido evitada em 40-59% dos pacientes se a alta hospitalar tivesse sido mais cuidadosamente planejada, se a reabilitação tivesse sido mais adequada, se problemas de má adesão medicamentosa tivessem sido identificados e se os pacientes tivessem sido instruídos a procurar atendimento médico aos primeiros sintomas. Sendo assim, foram necessárias formas inovadoras de gerir este grupo de pacientes, 24 tanto para reduzir custos como para melhorar a prestação do cuidado na qual demonstrou-se que as enfermeiras especialistas em IC têm um impacto substancial em limitar as dispendiosas admissões além de auxiliar na melhora da qualidade de vida destes pacientes(18). A quantificação objetiva dos sintomas IC, principalmente o de dispneia, é limitada por uma subjetividade na descrição da sensação referida pelo paciente. Os fatores responsáveis por esse fenômeno são diversos, estando entre eles a variabilidade da percepção entre os diferentes pacientes, o tempo de instauração do sintoma, a presença ou não de patologias associadas, a cognição, entre outros(10,14-16). Um estudo gaúcho comparou a avaliação clínica sistemática para congestão estimada em pacientes com IC entre enfermeira e cardiologista, correlacionando com níveis de NT-ProBNT, marcador sanguíneo de congestão. Os resultados evidenciaram uma correlação das pontuações obtidas pelos escores clínicos de congestão entre enfermeira e cardiologista de 0,45 com p<0,0001 e 0,51 com p<0,0001 respectivamente. Esses achados inferem que enfermeiras e equipes multidisciplinares quando treinados na avaliação clínica e no reconhecimento de quadros congestivos podem impactar diretamente na melhora da qualidade de vida e otimização do tratamento com segurança. Estratégias de educação, avaliação e intervenções de enfermeiros para alcançar e manter a estabilidade clínica da doença possui comprovado impacto na redução da mortalidade e na melhora da qualidade de vida dos pacientes portadores de IC, principalmente no que se refere ao manejo não farmacológico(1,20,26). 25 Estudo clínico cego realizado com portadores de IC, residentes em Curitiba e região metropolitana, teve por objetivo analisar o impacto das consultas de enfermagem na frequência das admissões hospitalares. Os resultados mostraram que a frequência das readmissões foi reduzida através das orientações sobre o tratamento complexo que envolve a IC emitidas nas consultas de enfermagem(45). Este processo educacional de conscientização dos pacientes sobre a importância do autocuidado inclui principalmente o processo de tomada de decisão que os pacientes usam para a restrição de sódio e líquidos, para o excesso de peso e para a monitorização dos sinais de descompensação(11,20). Entretanto, estudos comprovam ainda que, embora a educação sistemática para o autocuidado seja reforçada pelas equipes multiprofissionais, nem sempre são compreendidas ou realizadas pelos pacientes devido a má adesão às orientações para mudanças no estilo de vida(1,11). Ensaio clínico randomizado que incluiu 111 pacientes com IC descompensada, objetivou verificar o conhecimento dos pacientes três meses após serem reforçadas as orientações a respeito da doença em consultas ambulatoriais. Os resultados mostraram que embora a educação tenha melhorado o conhecimento e o autocuidado referente a IC, não foram suficientes para reduzir as re-internações e melhorar a adesão ao tratamento(2). Desta forma, a qualidade de vida dos pacientes cardiopatas é atingida diretamente pela autolimitação causada pela doença, bem como pelas mudanças impostas ao estilo de vida destes doentes. Sendo assim, a avaliação 26 da qualidade de vida dos pacientes cardiopatas é indispensável para o manejo da doença pela equipe de saúde, bem como das orientações necessárias para a realização de um autocuidado que minimize os efeitos dos sintomas infundidos pela patologia(68). 27 4. RELEVÂNCIA DO ESTUDO Este estudo torna-se relevante para a prática clínica uma vez que existem poucos estudos que avaliam a dispneia e a congestão pulmonar por medidas de água livre nos pulmões. A escassa literatura existente avalia pacientes com IC em unidades de urgência / emergência e não a nível ambulatorial. Desta forma, faz-se necessário avaliar se a dispneia pode definir objetivamente a congestão pulmonar e predizer a ocorrência de eventos em pacientes com IC, correlacionando de maneira objetiva com o número de linhas B pulmonares e com os níveis séricos da Porção N-terminal do pró-hormônio Peptídeo Natriurético do Tipo B (NT-proBNP), a fim de desenvolver estratégias de medidas de saúde dirigidas a esta população de pacientes. 28 5. HIPÓTESE 5.1 HIPÓTESE CONCEITUAL Níveis de dispneia estimados pelas escalas podem definir objetivamente congestão pulmonar e predizer a ocorrência de eventos em pacientes com IC através da associação entre água livre no pulmão (congestão mensurada pela ultrassonografia pulmonar) e níveis séricos de NT-proBNP com os níveis de dispneia estimada pelas escalas análogo visual e a escala Likert. 29 6. OBJETIVOS 6.1 GERAL Avaliar se a dispneia pode definir objetivamente a congestão pulmonar e predizer a ocorrência de eventos em pacientes com IC. 6.2 ESPECÍFICOS 1. Verificar se existe a associação entre água livre no pulmão (congestão mensurada pela ultrassonografia pulmonar) com os níveis de dispneia estimados pelas escalas análogas visuais e a escala Likert. 2. Verificar se existe a associação entre níveis séricos de NT-proBNP com os níveis de dispneia estimados pelas escalas análogas visuais e a escala Likert. 3. Verificar se pacientes com maiores pontuações em escalas objetivas de mensuração de dispneia possuem uma maior ocorrência de eventos adversos quando estratificados por fatores como fração de ejeção ventricular, idade, classe funcional e NT-proBNP. 30 7. REFERÊNCIAS 1. Rabelo ER, Aliti GB, Goldraich L, Domingues FB, Clausell N, Rohde LE. Non-pharmacological management of patients hospitalized with heart failure at a teaching hospital. Arquivos Brasileiros de Cardiologia.2006;87(3):352-8. 2. Domingues FB, Clausell N, Aliti GB, Dominguez DR, Rabelo ER. 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ARTIGO EM PORTUGUÊS A ESCALA LIKERT DE CINCO PONTOS PARA DISPNEIA PODE AVALIAR ADEQUADAMENTE O GRAU DE CONGESTÃO PULMONAR E PREVER EVENTOS ADVERSOS EM PACIENTES COM IC AVALIADOS AMBULATORIALMENTE Título abreviado: quantificação da dispneia Cristina K Weber RN, Marcelo H Miglioranza MD, Mª Antonieta P de Moraes RN PhD, Roberto T Sant'anna MD, Marciane M Rover MD, Renato A K Kalil MD PhD FACC, Tiago Luiz L Leiria MD PhD AUTOR PARA CORRESPONDÊNCIA: Tiago Luiz Luz Leiria MD PhD Avenida Princesa Isabel, 395. Telefone (51)32303860. Bairro Santana, 90620-001 - Porto Alegre, RS - Brasil e-mail: [email protected] 41 RESUMO Objetivo: Determinar se a dispneia classificada de acordo com a escala Likert de 5 pontos (5PLS) pode definir objetivamente congestão pulmonar e predizer a ocorrência de eventos cardiovasculares em pacientes ambulatoriais com insuficiência cardíaca (IC) crônica. Métodos: Estudo de coorte prospectivo que incluiu pacientes com IC moderada a grave. A 5PLS foi aplicada durante as visitas ambulatoriais regulares ao longo das avaliações clínicas. Ultrassom de pulmão com número de linhas B ≥ 15 e níveis de NT-proBNP> 1000pg/mL foi utilizado como referência para congestão pulmonar. A cada 30 dias, durante o acompanhamento, os pacientes foram avaliados para identificar os desfechos clínicos adversos. Resultados: Foram incluídos 58 pacientes, 65,5 % do sexo masculino, idade 43,5±11 anos, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) de 27±6% e 29,3% de etiologia isquêmica de IC. A congestão pulmonar esteve presente em 58% dos pacientes. Um maior grau de dispneia (3 ou 4 pontos na 5PLS) foi correlacionada significativamente com um número maior de linhas B (P=0,016). Pacientes estratificados em Likert 3-4 estavam em um risco aumentado para a admissão, quando comparados àqueles do grupo 1-2 após o ajuste pela idade, FEVE, classe funcional (New York Heart Association), e níveis de NT -proBNP>1000pg/ml (HR= 4,9, IC 95% 1,33-18,64, P=0,017). Conclusão: Os escores basais mais elevados sobre 5PLS foram relacionados para congestão pulmonar e associada independentemente com eventos cardiovasculares durante o acompanhamento. Esta ferramenta clínica simples pode ajudar a identificar os pacientes que são mais propensos a descompensar e cujo tratamento deve ser intensificado. Palavras-chave: Insuficiência cardíaca, dispneia, escala Likert 42 INTRODUÇÃO A dispneia é definida como uma experiência subjetiva do desconforto respiratório que consiste em sensações qualitativamente distintas que variam em intensidade. Esta condição é causada por interações entre vários fatores fisiológicos, psicológicos, sociais, ambientais e podem induzir respostas secundárias fisiológicas e comportamentais 1. A quantificação objetiva da dispneia na insuficiência cardíaca (IC) é limitada pela subjetividade em relatar este sintoma comum. Não há consenso sobre qual é a melhor maneira de medir e quantificar a sensação subjetiva de "falta de ar”, tornando esta tarefa extremamente difícil para os pacientes e profissionais da área da saúde 2. A escala de Likert de 5 pontos (5PLS) é um instrumento psicométrico para o medição e classificação de dispneia1,3,4. Alguns autores recomendam o uso desta escala para avaliação de pacientes com IC descompensada5-7; outros afirmam que a melhor maneira de medir a dispneia envolve a avaliação da qualidade de vida, no entanto, os questionários utilizados para este tipo de avaliação são morosos e requerem mais investigadores experientes e bem treinados e, geralmente, não são adequados para a prática clínica diária. Todos esses fatos justificam o uso de instrumentos mais simples que mensurem corretamente o grau de dispneia8-10. A avaliação do número de linhas B pela Ultrassonografia pulmonar durante a avaliação dos pacientes tem sido proposta como uma ferramenta simples, não invasiva, e semi-quantitativa para avaliar água extravascularpulmonar11,12. Estudo recente13 em pacientes ambulatoriais com insuficiência cardíaca crônica demonstrou o valor fiável deste método não 43 invasivo para identificar clinicamente edema silencioso e prever resultados pulmonares adversos14. A porção amino-terminal de Peptídeo Natriurético Tipo B (NT- proBNP) é um poderoso preditor neuro-hormonal e prognóstico de elevação das pressões de enchimento do ventrículo esquerdo em IC, em que os níveis mais altos são correlacionados com maiores graus de congestão pulmonar15-17. Até o momento, não encontramos estudos que avaliaram a intensidade da dispneia quantificada pela 5PLS estimando congestão pulmonar significativa em pacientes ambulatoriais com IC crônica 18. O objetivo do nosso estudo foi determinar se a dispneia classificada de acordo com a 5PLS pode definir objetivamente congestão pulmonar significativa e predizer a ocorrência de eventos cardiovasculares em pacientes ambulatoriais com insuficiência cardíaca crônica, em comparação com o ultrassom de pulmão, NT-proBNP e classe funcional. MATERIAIS E MÉTODOS Delineamento do estudo e população Estudo de coorte prospectivo no qual foram incluídos pacientes com IC sistólica (pré-transplante) em acompanhamento ambulatorial no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Brasil, entre novembro de 2011 e janeiro de 2012. Os critérios de inclusão foram: idade >18 anos; IC sistólica com diagnóstico de falhas por mais de seis meses, independentemente da causa definida pelo critério de Framingham19 e satisfazendo a diretriz da Sociedade 44 Europeia de Cardiologia20, moderada a IC sistólica grave (fração de ejeção < 45%), ausência de diagnóstico prévio de fibrose pulmonar, ausência de doença cardíaca congênita, e ausência de recentes admissões (6 meses anteriores). A avaliação clínica, análise de NT-proBNP, US pulmonar, ecocardiograma e raio X de tórax (RX) foram realizadas de forma independente por diferentes médicos clínicos (índice de avaliação) dentro de um intervalo máximo de tempo de 5 horas entre o primeiro e o exame anterior. Depois de uma breve explicação dada por uma enfermeira, todos os pacientes preenchiam uma 5PLS imediatamente antes e depois de submetidos a um teste de caminhada de 6 minutos (TC6) de acordo com a metodologia padronizada. Escala Likert de 5 pontos para dispnéia A 5PLS para dispneia é um instrumento psicométrico auto aplicado para a medição e classificação da experiência de desconforto para respirar, validado para uso em pacientes com IC agudamente descompensada 1-4. Esta escala pode ser usada para verificar mudanças na intensidade da falta de ar entre dois momentos diferentes. A escala varia da ausência de dispneia (1 ponto), falta de ar leve (2 pontos), falta de ar moderada (3 pontos), falta de ar (4 pontos) e a pior falta de ar possível (pontuação de 5). Todos os pacientes preencheram a 5PLS, depois de uma breve explicação fornecida por uma enfermeira, sem qualquer interferência. 45 Ultrassom de pulmão, NT-proBNP e avaliação clínica A ultrassonografia pulmonar foi usada para avaliar a presença de linhas B12,21. Uma linha B foi definida como um discreto laser como artefato de reverberação hiperecoico vertical que surge a partir da linha A pleural e se estende para a parte inferior da tela sem desbotar e move-se de forma síncrona com pulmão em deslizamento22. Foram analisados os hemitórax anterior e lateral, digitalização ao longo do parasternal, hemiclavicular, axilar anterior e das linhas axilar média, como previamente descrito22. Um total de 28 locais no peito foram digitalizados, e o número total de linhas B foram gravadas por um investigador independente. Um número de linhas B≥15 foi considerado como um ponto de corte para a congestão pulmonar significativa13. A análise de NT-proBNP foi realizada utilizando o analisadorElecsys® 2010(Roche Diagnostics, Mannheim, Alemanha). Foi utilizado como ponto de corte para IC descompensada níveis de NT-ProBNP>1000pg/mL17,23. Considerações Éticas O estudo foi conduzido de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição (UP 4720.12). Todos os pacientes foram convidados a participar do projeto previamente e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 46 Análise estatística Os dados foram analisados com o auxílio do programa IBM SPSS statistics versão 19.0 (Chicago, IL, EUA). As variáveis contínuas são expressas como média ± desvio padrão ou mediana (com 25, Percentil 75), conforme o caso. Usamos teste t de Student para variáveis contínuas com distribuição simétrica e qui-quadrado ou teste exato de Fisher para as variáveis categóricas. Para variáveis assimétricas, os teste de Mann-Whitney e ANOVA foram utilizados para repetir medidas. A correlação entre o escore 5PLS e o número de linhas B foi avaliada com uma análise do coeficiente de correlação não-paramétrico de Spearman. A análise multivariada foi utilizada para verificar a diferença entre os diferentes pontos da Likert. Foram utilizadas pontuações e modelos de regressão logística. As análises foram separadas realizadas para variáveis individuais para permitir o maior tamanho amostral possível. Modelos graduais foram executados com todos os potenciais fatores de risco identificados na análise univariada. Finalmente, o modelo foi executado usando um backward (probabilidade) método que inclua variáveis, tendo como critérios de entrada um valor de P de 0,05 e uma remoção valor de 0,20 na análise de regressão anterior. Incidência cumulativa de internação durante o seguimento foi analisada individualmente e em conjunto com o Cox proporcional do modelo de regressão de risco. Análise de sobrevida de Kaplan-Meier com teste de log-rank foi também utilizada. Um valor bicaudal P<0,05 foi considerado como sendo estatisticamente significativo. 47 RESULTADOS Os 58 pacientes incluídos tiveram idade media de 49±11 anos, 47,2 % eram portadores de cardiomiopatia dilatada idiopática, com FE de 27±4% e o volume do átrio esquerdo indexado pela área de superfície do corpo foi de 53,8±27 mL/m². Sendo acompanhados por um período de 106±12 dias (intervalo interquartil: 89-115 dias). Estas e demais características basais estão listadas na Tabela 1. Congestão pulmonar foi diagnosticada em 44,8 % dos indivíduos com base no nível de NT-proBNP>1000pg/mL. Cinquenta e oito por cento dos pacientes tiveram congestão pulmonar diagnosticada por ultrassom de pulmão (número de linhas B ≥ 15). Quando 5PLS para dispneia foi aplicada durante o repouso, 44,8 % dos pacientes tiveram uma pontuação de um, 32,7 % tiveram uma pontuação de dois, 17,2 % tiveram uma pontuação de três e 5,17 % tiveram uma pontuação de quatro. Nenhum dos pacientes teve cinco pontos na escala quando a mesma foi realizada durante o repouso. A classe funcional média foi maior para aqueles que tiveram pontuações mais altas na 5PLS para dispneia (P<0,001). A média de NYHA foi de 3,67 para Likert = 4, 3 para Likert = 3, 2 para Likert = 2 e 1,87 para Likert = 1. Não houve diferenças significativas nos níveis de NT-proBNP médios entre grupos com diferentes percepções de dispneia (P = 0,16). Após o teste de caminhada de 6 minutos, houve um aumento significativo na média da Escala de Likert 48 para escore de dispneia em comparação com o resultado médio em repouso (P<0,0001) (Figura 1). Quando divididos com base na pontuação na escala de Likert de 5 pontos para a dispneia, pacientes que tiveram uma pontuação de 4 tinham maior número de linhas B identificadas por ultrassonografia pulmonar do que o outros grupos (P = 0,016) (Figura 2). Os eventos adversos ocorreram em 15 pacientes durante o acompanhamento. Doze deles foram hospitalizados com congestão pulmonar, dois foram hospitalizadas com infarto agudo do miocárdio (IAM) e um deles recebeu um choque do desfibrilador cardíaco implantado(CDI), devido à taquicardia ventricular. A sobrevida livre de eventos adversos foi maior para os pacientes com escores mais baixos na escala Likert de 5 pontos para dispneia (Long-rank P<0,001). Pacientes com escores de Likert de 3 ou 4 estavam em um risco aumentado de admissão na emergência durante o acompanhamento do que os pacientes com pontuação de 1 ou 2, quando ajustados para fatores como idade, fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FE), classe funcional pela New York Heart Association (NYHA) e níveis de NTproBNP>1000 pg/ml (HR=4,9, IC de 95% 1,33-18,64 , P= 0,017) (Figura 3). DISCUSSÃO Nossos resultados demonstram que existe uma relação objetiva entre o escore na escala de Likert de 5 pontos para a dispneia, que avalia a gravidade dos sintomas percebidos pelo paciente, níveis mais elevados de água extra 49 vascular pulmonar avaliada por US pulmonar, elevada pressão de enchimento do VD e NT-proBNP. No entanto, um estudo prévio realizado para investigar as relações entre a história do paciente, resultados de exames físicos, radiografia torácica e pressão capilar pulmonar em 42 pacientes com insuficiência cardíaca encaminhados para avaliação para transplante cardíaco mostrou que a avaliação clínica, raio-X e avaliação hemodinâmica falharam porque eles produziram resultados conflitantes19. Os autores justificam esta afirmação com base no fato de que os pacientes com um elevada pressão capilar pulmonar podem não mostrar congestão durante um exame clínico ou radiológico, e a ausência de congestão no raio-X está associada com uma melhor capacidade pulmonar. A discordância entre os exames clínicos, radiológicos e os resultados hemodinâmicos tem implicações para a o manejo de pacientes com IC e poderia levar a diagnósticos imprecisos e tratamento inadequado24. Ecocardiografia pode também ser usada para mensurar as pressões não-invasivas de enchimento do VE12: a proporção da velocidade de fluxo inicial diastólica mitral e velocidade de fluxo diastólico precoce do anel mitral (E/e') é um dos parâmetros mais frequentemente usados para avaliar as pressões do VE13,14. Ambos, Peptídeos natriuréticos e E/e' identificam congestão hemodinâmica em pacientes com IC sistólica e diastólica, uma condição que precede a congestão pulmonar. Além disso, a congestão pulmonar é geralmente, mas nem sempre, relacionada com a pressão de enchimento elevada do VE, o que pode explicar a ausência de correlação com o NT-proBNP48. 50 IC provoca alterações funcionais, metabólicas e histológicas nos músculos inspiratórios. Em 30 a 50 % dos pacientes, estes músculos são fracos, com uma consequente redução na capacidade funcional, um pior prognóstico clínico e uma menor qualidade de vida para estes indivíduos. Além disso, existe uma relação entre os sistemas de controle autonômicos desses pacientes, intolerância ao exercício e fraqueza dos músculos inspiratórios, que, de acordo com estudos previamente realizados, podem ser melhoradas com exercício físico25. Este fenômeno desempenha um papel importante na sensação de falta de ar durante e após o exercício. Acredita-se que a Likert de 5 pontos pode transformar a sensação de dispneia (dados subjetivos) em dados objetivos, porque, na nossa população de pacientes, foi capaz de demonstrar uma excelente relação entre os escores de Likert e os achados da ultrassonografia pulmonar utilizada para quantificar o volume de fluido livre nos pulmões deste grupo de doentes com insuficiência cardíaca avançada. No entanto, essa relação não foi observada quando a escala foi utilizada após o exercício. Esta descoberta pode ser devido ao componente muscular da dispneia, que desempenha um papel importante na população de pacientes com doenças crônicas, especialmente depois atividade física. Deste modo, a gravidade da dispneia medida pela escala Likert é apenas diretamente correlacionada com congestão pulmonar quando utilizada para avaliar pacientes em repouso. Talvez a descoberta mais notável do nosso estudo é que os pacientes com grau 3 ou 4 dispneia (definido pela escala de Likert de 5 pontos para dispneia como moderada e forte, respectivamente) tiveram um número maior 51 de internações hospitalares. Esta associação permaneceu estatisticamente significativa mesmo após o controle de fatores clínicos que já são conhecidos para prever resultados adversos, tais como o nível de NYHA, FE e NT-proBNP. Em nossa opinião, dispneia deve ser medida objetivamente quando se toma a história do paciente durante o exame clínico inicial, pois é o sintoma mais comum e significativo da angústia em pacientes com IC. Este sintoma é ainda um importante alvo terapêutico, e sua medição deve influenciar o tratamento7,8. Apesar do reduzido número de pacientes que receberam a dose alvo de medicação para IC, semelhante ao relatado na literatura, não foi encontrada relação com a ocorrência de eventos adversos. Outra observação importante é que, mesmo para os pacientes que se encontram na mesma classe funcional (NYHA III, por exemplo), a escala de Likert pode ajudar a diferenciá-los por informar objetivamente a intensidade da dispneia no mesmo nível de esforço. E esta distinção pode prever de forma independente os resultados clínicos durante o acompanhamento, como demonstrados na análise multivariada. Pacientes com insuficiência cardíaca geralmente apresentam sinais e sintomas de hipertensão pulmonar congestão sistêmica quando eles são admitidos no hospital. No entanto, as altas pressões de enchimento ventricular podem estar presentes muito antes do desenvolvimento da congestão pulmonar clínica que resulta em internação hospitalar. Assim, é necessário administrar e reavaliar congestão pulmonar e sistêmica em cada consulta 26. A escala de Likert de 5 pontos para a dispneia utilizada no estudo é fácil de aplicar e pode ser usada por qualquer profissional de saúde (enfermeiro, médico, fisioterapeuta, etc) nos ambulatórios de insuficiência cardíaca. Esta 52 pontuação simples para a avaliação da dispneia tem uma correlação objetiva com congestão pulmonar e tem implicações prognósticas. Algumas limitações devem ser citadas na interpretação dos resultados, como a inclusão apenas de pacientes com disfunção sistólica moderada a grave, e a falta de um padrão de ouro para verificar a presença ou ausência de congestão pulmonar no ambiente ambulatorial. No entanto, a adoção do nível de NT-proBNP e da relação E/E' ao invés de medidas invasivas tornou possível a realização do estudo durante as visitas ambulatoriais de rotina com os pacientes em estado clínico estável. A mudança na pontuação 5PLS após o TC6 não foi testada em comparação com outras metodologias para determinar se foi correlacionada com o aumento de água extra vascular pulmonar após o teste de exercício. CONCLUSÕES Em nossa coorte de pacientes com insuficiência cardíaca, o uso da escala de Likert de 5 pontos para dispneia foi capaz de predizer eventos clínicos adversos, mesmo quando controlados para potenciais preconceitos (NYHA, FE, idade e NT-proBNP). A escala é capaz de quantificar objetivamente congestão pulmonar. Pontuações mais altas na escala Likert de 5 pontos para dispneia foram associados com desfechos clínicos desfavoráveis em pacientes com IC. 53 Profissionais da saúde podem lançar mão desse instrumento para auxiliar na sua avaliação clínica e minimizar as taxa de reinternações hospitalares. REFERÊNCIAS 1. Parshall MB, Schwartzstein RM, Adams L, Banzett RB, Manning HL, Bourbeau J, et al. An official American Thoracic Society statement: update on the mechanisms, assessment, and management of dyspnea. American journal of respiratory and critical care medicine. 2012 Feb;185(4):435–52. 2. Pang PS, Cleland JGF, Teerlink JR, Collins SP, Lindsell CJ, Sopko G, et al. A proposal to standardize dyspnoea measurement in clinical trials of acute heart failure syndromes: the need for a uniform approach. European Heart Journal . 2008 Mar;29 (6):816–24. 3. Likert R. 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Congestion in acute heart failure syndromes: an essential target of evaluation and treatment. The American journalof medicine. 2006 Dec;119(12 Suppl 1):S3–S10. 58 TABELAS Tabela 1. Características clínicas e basais da população. n = 58 Características Idade n (%) 49 ± 11 Raça branca 46 (79) Gênero masculino 38 (65) Índice de massa corporal 28 ± 4 Frequencia cardíaca (batimentos por minuto) 74 ± 12 Pressão arterial sistólica (mmHg) 112 ± 17 Pressão arterial diastólica (mmHg) 71 ± 11 Doença arterial coronariana 16 (27) Infarto do miocárdio 15 (26) Hipertensão 24 (41) Dislipidemia 26 (49) DPOC 1(2) Diabete mellitus 12 (20) Minnesota 43 ± 22 Etiologia da cardiopatia Idiopática 29 (50) Isquêmica 17 (29) Classe funcional NYHA 2,2 ± 0,9 II 24 (41) III 13 (22) IV 6 (10) Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%) 27 ± 0,9 Volume do átrio esquerdo (mL/m²) 54 ± 27 Eletrocardiograma Ritmo sinusal 46 (79) Fibrilação atrial 10 (17) Marcapasso QRS≥150 ms Creatinina 2 (3) 35 (60) 0,9 ± 0,3 59 Insuficiência renal crônica 7 (12) Uréia 48 ± 27 Potássio 4,4 ± 0,5 Sódio 139 ± 4 Hematócrito / Hemoglobina 40 ± 4 / 13 ± 1,4 ß-bloqueadores 56 (96) Dose alvo 22 (38) IECA Dose alvo Receptores bloqueadores da Angiotensina II Dose alvo 38 (65) 12 (20) 15 (26) 9 (15) Antagonistas da Aldosterona 42 (72) Diuréticos 42 (72) Digoxina 34 (58) Antagonistas do Cálcio 3 (5) Nitratos 10 (17) Hidralazina 4 (0,7) Estatinas 27 (46) Aspirina 24 (41) Cumarínicos 10 (17) Amiodarona 8 (14) Marcapasso / CDI 9 (15) TRC 4 (7) Dados são apresentados como a média ± desvio padrão ou n (%). DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; NYHA: New York Heart Association; IECA: inibidor enzima conversora da angiotensina; CDI: Desfibrilador Cardio Implantável; TRC: terapia de ressincronização cardíaca 60 FIGURAS E LEGENDAS P<0.001 Likert-5 points dyspnea scale 5 4 3 2 1 B A ef or e ft er 0 6 minute walk test Figura 1. Escala Likert de cinco pontos para dispneia antes e após o esforço. Means (error bars: 1 SEM) P = 0,016 70 60 50 40 30 20 10 1 2 3 4 Likert dyspnea scale Figura 2. Numero de linhas B estimadas por ultrassonografia pulmonar em pacientes com diferentes escores de dispnea mensurados por Escala Likert de 5 pontos. ANOVA: P=0.016; os testes T de Student–Newman–Keuls foram testados para todas as comparações pareadas e mostraram uma diferença entre aqueles que tiveram uma pontuação de 4 na escala e aqueles com outros escores(P <0,05). 61 Figura 3. Curva de sobrevida de Kaplan-Meier para pacientes admitidos na emergência estratificados em dois grupos com base na escala Likert de 5 pontos: pacientes com pontuação 1-2 e 3-4. 62 9. ARTIGO EM INGLÊS A FIVE-POINT LIKERT SCALE FOR DYSPNEA CAN PROPERLY ASSESS THE DEGREE OF PULMONARY CONGESTION AND PREDICT ADVERSE EVENTS IN HEART FAILURE OUTPATIENTS Short Title: Quantifying dyspnea Cristina K Weber RN, Marcelo H Miglioranza MD, Maria A P de Moraes RN PhD, MSc, Roberto T Sant'anna MD, Marciane M Rover MD, Renato A K Kalil MD PhD FACC, Tiago Luiz L Leiria MD PhD CORRESPONDING AUTHOR Tiago Luiz Luz Leiria MD PhD Avenida Princesa Isabel, 395. Phone (51)32303860. Fax (51)32175595. Bairro Santana,90620-001 - Porto Alegre, RS - Brazil e-mail: [email protected] 63 ABSTRACT Objectives: Proper assessment of dyspnea is important in patients with heart failure(HF). Our aim was to evaluate the use of a 5-point Likert scale(5PLS) for dyspnea to assess the degree of pulmonary congestion and to determine the prognostic value of this scale for predicting adverse events in HF outpatients. Methods: Prospective study of outpatients with moderate to severe HF. The 5PLS was applied during regular outpatient visits along clinical assessments. Lung ultrasound with B-lines number≥15 and NT-proBNP level>1000pg/mL were used as reference for pulmonary congestion. Every 30 days during followup, patients were assessed to identify adverse clinical outcomes. Results: We included 58 patients (65.5% male, age 43.5 +11 years), with a mean left ventricular ejection fraction(LVEF) of 27.6% and an ischemic etiology of HF in 29.3%. Pulmonary congestion diagnosed by lung ultrasound (total number of Blines ≥15) was present in 58% of patients. A higher degree of dyspnea (3 or 4 points on the 5PLS) was significantly correlated with a higher number of Blines(P=0.016). Patients stratified into Likert 3-4 were at an increased risk for admission when compared to those in class 1-2 after adjusting by age, LVEF, New York Heart Association functional class and levels of NT- proBNP>1000pg/ml (HR=4.9, 95%CI 1.33 to 18.64,P=0.017). Conclusion: In our series, higher baseline scores on 5PLS were related to pulmonary congestion and independently associated with adverse events during follow-up. This simple clinical tool can help identify patients who are more likely to decompensate and whose treatment should be intensified. Keywords: Heart failure; Dyspnea; Likert scale. 64 INTRODUCTION Dyspnea is defined as a subjective experience of breathing discomfort that consists of qualitatively distinct sensations that vary in intensity. This condition is caused by interactions among multiple physiological, psychological, social and environmental factors and may induce secondary physiological and behavioral responses1. The objective quantification of dyspnea in heart failure (HF) patients is limited by the subjectivity in reporting this common symptom. There is no consensus on which is the best way to measure and quantify the subjective sensation of "shortness of breath, thus making this task extremely difficult for patients and healthcare professionals 2. The 5-point Likert scale (5PLS) for dyspnea is a psychometric instrument for the measurement and grading of dyspnea1,3,4. Some authors recommend the use of this scale to assess patients with acute decompensated HF 5-7. Others state that the best way to measure dyspnea involves evaluating the quality of life; however, the questionnaires used for this type of assessment are lengthy and require more experienced and well-trained researchers and usually are not well suited for daily clinical practice. All these facts justify the use of simpler instruments to properly grade dyspnea 8-10. Lung ultrasound (LUS) throught B-line evaluation (formerly ultrasound lung comets) has been proposed as a simple, noninvasive, and semi-quatitative tool to assess extravascular lung water 11-12. Recent study13 in chronic heart failure outpatients demonstrated the reliable value of this noninvasive method to identify clinically silent pulmonary edema and predict adverse outcomes 14. The amino-terminal portion of B-type natriuretic peptide (NT-proBNP) is a powerful 65 neurohormonal predictor of prognosis and elevated left ventricular filling pressures in HF, in which higher levels are correlated with greater degrees of pulmonary congestion15-17. To date, no study has evaluated the intensity of dyspnea quantified by 5PLS in estimate significant pulmonary congestion in chronic HF outpatients18. The aim of this study was to determine whether dyspnea graded using 5PLS can objectively define significant pulmonary congestion and predict the occurrence of adverse events in chronic heart failure outpatients, in comparison with lung ultrasound, NT-proBNP and NYHA functional class. MATERIALS AND METHODS Study design and population This study is a prospective cohort study in which patients were included patients with systolic HF who were followed in a pretransplant outpatient clinic at the Cardiology Institute of Rio Grande do Sul, Brazil, between November 2011 and January 2012. Inclusion criteria were: 1) Age >18 years; 2) LV systolic heart failure diagnosis for more than 6 months regardless of cause as defined by the Framingham criteria(19) and satisfying the European Society of Cardiology guideline(20) 2) moderate to severe systolic HF (ejection fraction <45%), 3) no prior diagnosis of pulmonary fibrosis, 4) the absence of congenital heart disease, and 5) No recent admission due to decompensated HF in the previous 6 months. 66 Clinical assessment, NT-proBNP analysis, LUS, echocardiography and chest Xray (CXR) were independently performed by different physicians at the clinical appointment (index evaluation) within a maximum 5-h time delay between the first and last examination. Following a brief explanation provided by a nurse, all patients filled out a 5PLS immediately before and after underwent a 6-minute walk test (6mWT) in accordance with standardized methodology. Likert-5 points dyspnea scale The 5PLS for dyspnea is a self-applied psychometric instrument for the measurement and grading the experience of breathing discomfort, validated to use in acute decompensated HF patients 1-4 This scale can be used to verify changes in the intensity of the shortness of breath between two different time points. The scale ranges from the absence of dyspnea (a score of 1), mild shortness of breath (a score of 2), moderate shortness of breath (a score of 3), severe shortness of breath (a score of 4) and worst possible shortness of breath (a score of 5). All patients filled out the 5PLS, after a brief explanation provided by a nurse, without any interference. Lung ultrasound, NT-proBNP and clinical assessment LUS was used to assess the presence of B-lines12,21. A B-line was defined as discrete laser-like vertical hyperechoic reverberation artifact that arises from the pleural line extend to the bottom of the screen without fading, 67 and moves synchronously with lung sliding 22. We analyzed the anterior and lateral hemithoraces, scanning along the parasternal, midclavicular, anterior axillary and mid-axillary lines, as previously described22. A total of 28 chest sites were scanned, and the total number of B-lines was recorded by aindependenteinvestigator. A B-lines number ≥ 15 was considered as a cut-off for significant pulmonar congestion13. The NT-proBNP analysis was performed using the Elecsys 2010 analyzer (Roche Diagnostics, Mannheim, Germany). A NT-proBNP level >1000 pg/mL was used as the cut-off for decompensated HF17,23. Ethics The study was conducted according to the Guidelines and Standards Regulating Research Involving Human Beings, and it was approved by the Ethics and Research Committee of the Institution (UP 4720.12). All patients were previously invited to participate in the project and signed the Free and Informed Consent. Statistical analysis The data were analyzed with the help of program IBM SPSS statistics, version 19.0 (Chicago, IL, USA). Continuous variables are expressed as mean ± standard deviation or as median (with 25th, 75th percentiles), as appropriate. We used student´s t-test for continuous variables with symmetric distribution and chi-square or Fisher exact test for categorical variables. For asymmetrical 68 variables, the Mann-Whitney test and ANOVA were used for repeat measures. The correlation between the 5PLS score and the number of B-lines was assessed with a non-parametric Spearman’s correlation coefficient analysis. Multivariate analysis was used to verify the difference between the different 5PLS scores, and logistic regression models were used. First, separate analyses were performed for individual variables to allow for the largest possible sample size. Second, stepwise models were run using all of the potential risk factors identified in the univariate analysis. Finally, a model was run using a backward stepwise (likelihood) method that included variables having as entry criteria a P-value of 0.05 and a removal value of 0.20 in the prior regression analysis. Cumulative incidence of hospital admission during follow-up was analyzed individually and altogether with the Cox proportional hazard regression model. Kaplan-Meier survival analysis with log-rank test was also used. A two-tailed P value <0.05 was considered to be statistically significant. RESULTS The main characteristics of the patients are listed in Table 1. The mean age was 49 ± 11 years, and 47.2% of patients had idiopathic dilated cardiomyopathy. The mean left ventricular (LV) ejection fraction (EF) determined by the bi-planar Simpson method was 27+4%, and the left atrial volume indexed by the body surface area was 53.8 ± 27mL/m2. Patients were followed-up for a median period of 106+12 days (interquartile range: 89-115 days). 69 Significant pulmonary congestion (SPC) was diagnosed in 44.8% of subjects based on the NT-proBNP level >1000pg/mL. Fifty eight percent of patients had SPC diagnosed by lung ultrasound (B-lines number ≥15). When 5PLS for dyspnea was applied during rest, 44.8% of patients had a score of 1, 32.7% had a score of 2, 17.2% had a score of 3 and 5.17% had a score of 4. None of the patients had a score of 5 points on the scale when it was performed during rest. The mean NYHA functional class was higher for those who had higher scores on the 5PLS for dyspnea (P<0.001). The mean NYHA was 3.67 for Likert=4, 3 for Likert=3, 2 for Likert=2 and 1.87 for Likert=1. There were no significant differences in the mean NT-proBNP levels between groups with different perceptions of dyspnea (P = 0.16). After the 6-minute walk test, there was a significant increase in the mean 5-point Likert scale for dyspnea score compared with the mean score at rest (P<0.0001) (Figure 1). When divided up based on the score on the 5-point Likert scale for dyspnea, patients who had a score of 4 had more B lines identified by lung ultrasound than the other groups (P = 0.016) (Figure 2). Adverse events occurred in 15 patients during follow-up. Twelve of them were hospitalized with pulmonary congestion, two were hospitalized with acute myocardial infarction (AMI), and one had an implanted cardiac defibrillator (ICD) shock due to ventricular tachycardia. Survival free of adverse events was higher for patients with lower scores on the 5-point Likert scale for dyspnea (Log-rank P<0.001). Patients with Likert scores of 3 or 4 were at an increased risk of emergency room admission during follow-up than those with scores of 1 or 2 when adjusted for factors such as 70 age, left ventricle ejection fraction (EF), New York Heart Association (NYHA) functional class and level of NTproBNP> 1000 pg/ml (HR = 4.9, 95% CI 1.33 to 18.64, P = 0.017) (Figure 3). DISCUSSION Our results demonstrate that there is an objective relationship between the score on the 5-point Likert scale for dyspnea, which assesses the severity of symptoms perceived by the patient, and higher levels of extravascular lung water assessed by LUS and elevated LV filling pressure NT-proBNP. However, a previous study performed to investigate the relationships between patient history, physical examination results, chest X-ray findings and pulmonary capillary pressure in 42 patients with HF referred for assessment for a heart transplant showed that the clinical, X-ray and hemodynamic assessments failed because they yielded conflicting results 19. These authors justified this statement based on the fact that patients with an elevated pulmonary capillary pressure may show no congestion during a clinical or radiological exam, and the absence of congestion on the X-ray is associated with a better pulmonary capacity. Discordance among clinical, radiological and hemodynamic results has implications for the management of patients with HF and could lead to inaccurate diagnoses and inadequate treatment 24. Echocardiography can be also used to non-invasively measure left ventricular (LV) filling pressures 12: the ratio of early diastolic mitral inflow velocity to early diastolic velocity of the mitral annulus (E/e’) is one of the most frequently used parameters to assess LV pressures13,14. Both natriuretic peptides and E/e’ identify hemodynamic 71 congestion in systolic and diastolic HF patients, a condition that precedes pulmonary congestion. Furthermore, pulmonary congestion is usually, but not always, related to high LV filling pressure, which may explain the absence of correlation with NT-proBNP48. HF causes functional, metabolic and histological changes in the inspiratory muscles. In 30 to 50% of patients, these muscles are weak, with a consequent reduction in functional capacity, a worse clinical prognosis and a lower quality of life for these individuals. Furthermore, there is a relationship between the autonomic control systems of these patients and intolerance to exercise and weakness of the inspiratory muscles, which, according to previously performed studies, can be improved with physical training 25. This phenomenon plays an important role in the sensation of shortness of breath during and after exercise. It is believed that the 5PLS can transform the sensation of dyspnea (subjective data) into objective data because in our patient population, we were able to demonstrate an excellent relationship between the Likert scores and the pulmonary ultrasound findings used to quantify the amount of free fluid in the lungs of this cohort of patients with advanced heart failure. However, this relationship was not observed when the scale was used after exercise. This finding may be due to the muscle component of dyspnea, which plays a major role in the population of chronically ill patients, especially after physical activity. Thus, the severity of dyspnea measured by the Likert scale is only directly correlated with pulmonary congestion when used to assess patients at rest. Perhaps the most striking finding of our study is that patients who had grade 3 or 4 dyspnea (defined by the 5-point Likert scale for dyspnea as 72 moderate and strong, respectively) had a greater number of hospital admissions. This correlation remained statistically significant even after controlling for clinical factors that are already known to predict adverse outcomes, such as the NYHA, EF and NT-proBNP level. In our view, dyspnea must be measured objectively when taking the patient’s history during the initial clinical exam because dyspnea is the most common and significant symptom of distress in patients with HF. This symptom is still an important therapeutic target, and its measurement should influence treatment 7,8. Despite the reduced number of patients receiving the target dose for HF medication, similar to reported in literature, no relation was found with adverse events occurrence. Another important observation is that even for patients that are in the same functional class (e.g. NYHA III),Likert scale can help to differentiate them by graduating objectively the intensity of dyspnea on the same level of effort. And this distinction can independently predict clinical outcomes during followup, as demonstrated by multivariate analysis. Patients with heart failure generally present signs and symptoms of pulmonary systemic congestion when they are admitted to the hospital. However, high left ventricular filling pressures may be present long before the development of clinical pulmonary congestion that results in hospital admission. Thus, it is necessary to manage and reassess pulmonary and systemic congestion at each clinical encounter26. The 5-point Likert scale for dyspnea used in the study is easy to apply and can be used by any healthcare professional (nurse, physician, physician assistant, respiratory therapist, etc.) in heart failure outpatient clinics. This 73 simple score for the assessment of dyspnea has an objective correlation with pulmonary congestion and has prognostic implications. One limitation of this study is the small size of the sample, which included only patients with moderate to severe systolic dysfunction. This limitation should be taken into account when interpreting the results. Moreover, the lack of a gold standard to verify the presence or absence of pulmonary congestion in the outpatient environment is a further limitation of the study. However, the adoption of the NT-proBNP level and E/E’ relationship rather than invasive measures made it possible to perform the study during routine outpatient visits with the patients in stable clinical condition. The change in 5PLS score after 6MWT was not tested in comparison to other methodologies to determine if it was correlated to increased extravascular lung water after exercise test. In our cohort of heart failure patients, the use of the 5-point Likert scale for dyspnea was able to predict adverse clinical events, even when controlling for potential biases (NYHA, EF, age and NT-proBNP). Higher scores on the 5point Likert scale for dyspnea were associated with unfavorable clinical outcomes in patients with HF. The scale is capable of quantifying pulmonary congestion objectively. Healthcare professionals can use this instrument to better assess patients and improve their care, thereby potentially reducing the rate of hospital admissions. REFERENCES 1. Parshall MB, Schwartzstein RM, Adams L, Banzett RB, Manning HL, Bourbeau J, et al. An official American Thoracic Society statement: update on 74 the mechanisms, assessment, and management of dyspnea. 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Primary patient characteristics. n = 58 Characteristic Age Caucasian Male Body mass index Heart rate (beats per minute) Systolic arterial pressure (mmHg) Diastolic arterial pressure (mmHg) Coronary artery disease Myocardium Infarction Hypertension Dyslipidemia COPD Diabetes mellitus Minnesota Cardiomyopathy etiology Idiopathic Post-ischemic NYHA II III IV Left ventricle ejection fraction (%) Left atrium volume (mL/m²) Electrocardiogram Sinus rhythm Atrial fibrillation Pace QRS≥150 ms Creatinine / DCE Chronic renal failure Urea Potassium Sodium Hematocrit / Hemoglobin ß-blockers target dose ACE-inhibitors target dose Angiotensin II receptor blockers target dose Aldosterone antagonist Diuretics Digoxin Calcium-antagonists Nitrates n (%) 49 ± 11 46 (79) 38 (65) 28 ± 4 74 ± 12 112 ± 17 71 ± 11 16 (27) 15 (26) 24 (41) 26 (49) 1 (2) 12 (20) 43 ± 22 29 (50) 17 (29) 2,2 ± 0,9 24 (41) 13 (22) 6 (10) 27 ± 0,9 54 ± 27 46 (79) 10 (17) 2 (3) 35 (60) 0,9 ± 0,3/ 109 ± 40 7 (12) 48 ± 27 4,4 ± 0,5 139 ± 4 40 ± 4 / 13 ± 1,4 56 (96) 22 (38) 38 (65) 12 (20) 15 (26) 9 (15) 42 (72) 42 (72) 34 (58) 3 (5) 10 (17) 79 Hydralazine Statin Aspirin Coumarin Amiodarone Pace / ICD CRT 4 (0,7) 27 (46) 24 (41) 10 (17) 8 (14) 9 (15) 4 (7) Data are presented as the mean±standard deviation or n (%). COPD: Chronic obstructive pulmonary disease; NYHA: New York Heart Association functional class; ACE: Angiotensin converting enzyme; ICD: Implantable cardioverter defibrillator; CRT: Cardiac resynchronization therapy FIGURE AND LEGENDS P<0.001 Likert-5 points dyspnea scale 5 4 3 2 1 B A fte ef or e r 0 6 minute walk test Figure 1. Five-point Likert scale for dyspnea before and after effort. 80 Means (error bars: 1 SEM) P = 0,016 70 60 50 40 30 20 10 1 2 3 4 Likert dyspnea scale Figure 2.Number of B-lines estimated by lung ultrasound in patients with different dyspnea scores measured by the 5-point Likert scale for dyspnea. ANOVA: P=0.016; the Student– Newman–Keuls test for all pairwise comparisons showed a difference between those who had a score of 4 on the 5-point Likert scale for dyspnea and those with other scores (P<0.05). 81 Figure 3. Kaplan-Meier 1-cumulative survival curve for emergency room admission for patients stratified into two groups based on the 5-point Likert scale for dyspnea: patients with scores of 1-2 and those with scores of 3-4. 82 10. ANEXOS APÊNDICE A CONSENTIMENTO INFORMADO AUTORIZAÇÃO PARA PARTICIPAR DE UM PROJETO DE PESQUISA 1.NOME DO ESTUDO: Dispneia pode definir objetivamente congestão pulmonar e predizer a ocorrência de eventos em pacientes com insuficiência cardíaca? 2.INSTITUIÇÃO: Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul 3.PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Dr. Tiago Leiria, Enfª Cristina Klein Weber 4.OBJETIVO DESTE ESTUDO: Avaliar se a dispnéia pode definir objetivamente a congestão pulmonar e predizer a ocorrência de eventos em pacientes com insuficiência cardíaca. 5.PROCEDIMENTOS: Serão realizados uma entrevista para coleta de dados clínicos através de um questionário padronizado, coleta de exames de sangue (os mesmos que já seriam realizados de rotina na consulta ambulatorial), raio X do Pulmão, ultrassonografia do tórax e do coração e teste de caminhada. A sua participação é voluntária e não implica ônus ou gratificação. 6.RISCOS: Não existem riscos. 7.BENEFÍCIOS DESTE ESTUDO: A avaliação da congestão pulmonar (água no pulmão) por este novo método simples e rápido poderá, no futuro, facilitar o tratamento de pacientes em acompanhamento ambulatorial por Insuficiência Cardíaca. 8.COBERTURA: Não há cobertura financeira para qualquer perda ou inconveniente decorrentes da participação neste estudo. 9.DIREITO DE DESISTÊNCIA: Você poderá desistir de participar a qualquer momento. 10.SIGILO: Todas as informações obtidas através deste estudo podem ser publicados com finalidade científica, mantendo-se o sigilo pessoal, ou seja, suas respostas estarão no estudo como números em um universo de mais de 50 pacientes. Será mantido sigilo de sues dados e seu nome não constará em nenhuma publicação. 11.CONSENTIMENTO: Declaro ter lido - ou me foram lidas - as informações acima antes de assinar este formulário. Foi me dada ampla oportunidade de fazer perguntas, esclarecendo plenamente minhas dúvidas. Telefone dos pesquisadores - Cristina Weber: (51)95045342; Tiago Leiria: (51)85744494 Por este instrumento, tomo parte, voluntariamente, no presente estudo. Nome do Paciente:____________________________________ Assinatura do paciente:________________________________ CPF:_________________-_______ Assinatura do pesquisador:_____________________________ Assinatura de Testemunha:_____________________________ Porto Alegre, ____ de ____________de 201_. 83 APÊNDICE B 84 85 APÊNDICE C 86 APÊNDICE D 87 APÊNDICE E