Exibir - Humanas UFPR

Propaganda
Plano de Ensino
DISCIPLINA: Teoria das Ciências Humanas I
PRÉ-REQUISITOS: HF300 ou HF305 ou HF362 ou HF397
PROFESSOR: Marco Antonio Valentim
CÓDIGO: HF390
SEMESTRE: 2 / 2015
C.H. TOTAL: 90
C.H. SEMANAL: 06
EMENTA (parte permanente)
Estudo de um ou mais autores clássicos e/ou temas da discussão filosófica acerca das
Ciências Humanas (Marx, Heidegger, Merleau-Ponty, Sartre, Foucault, Hannah Arendt,
Adorno, Horkheimer, Marcuse, Benjamin, Habermas).
PROGRAMA (parte variável)
Título: A anedota das Antilhas: diferença e divergência entre mundos
Resumo: O curso tem por objetivo a problematização da tese filosófica ocidental da
universalidade da natureza humana sob a perspectiva da divergência entre diferentes
povos e mundos. Tomaremos como fio-condutor a “anedota das Antilhas”
originalmente reportada por Oviedo e interpretada por Lévi-Strauss primeiro, em “Raça
e história” (1952), como testemunho da universalidade do etnocentrismo, e depois,
em Tristes trópicos (1955), como um verdadeiro conflito político entre mundos, no qual
a atitude etnocêntrica dos colonizadores seria confrontada por outra, “mais digna de
homens”: “Enquanto os brancos proclamavam que os índios eram animais, os segundos
contentavam-se em suspeitar que os primeiros fossem deuses”. Que imagens de
humanidade, certamente bastante distintas, subjazem àquela proclamação e a essa
suspeita acerca da natureza de outrem? Qual é o grau de divergência entre elas? Sendo
essa divergência expressão de uma diferença entre povos, será ela somente entre
culturas que comungam o mesmo mundo ou, mais além, entre mundos sem medida
comum? Procuraremos elaborar essas indagações segundo a hipótese “geo-filosófica”
(Deleuze-Guattari) da diferença ontológico-política entre povos diferentemente
humanos, numa discussão contrastante com o paradigma europeu da universalidade do
homem e da unidade do mundo enquanto fundamento metafísico do colonialismo. Para
tanto, estudaremos algumas apropriações antropológicas da anedota das Antilhas (LéviStrauss, Clastres, Viveiros de Castro), investigando seus pressupostos e consequências,
bem como confrontando-as com concepções referenciais da tradição filosófica
ocidental.
Plano das aulas
Aula 1: Introdução
Parte I – Etnocentrismo, primitivismo e colonialismo
Aula 2: Lévi-Strauss, “Jean-Jacques Rousseau, fundador das ciências do homem”
Aula 3: Lévi-Strauss, “Raça e história”
Aula 4: Lévi-Strauss, Tristes trópicos (Cap. 8: “A calmaria”)
Aula 5: Lévi-Strauss, O pensamento selvagem (Cap. 9: “História e dialética”)
Parte II – A guerra contra o Estado
Aula 6: Clastres, “Do etnocídio”
Aulas 7 e 8: Clastres, “Arqueologia da violência: a guerra nas sociedades primitivas”
Aula 9: Clastres, “Do Um sem o Múltiplo”
Parte III – Multinaturalismo
Aulas 10 e 11: Viveiros de Castro, “O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma
selvagem”
Aulas 12 e 13: Viveiros de Castro, “Perspectivismo e multinaturalismo na América
indígena”
Aula 14: Viveiros de Castro, “O nativo relativo”
Conclusão
Aula 15: Deleuze-Guattari, O que é a filosofia? (Cap. 4: “Geo-filosofia”)
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
Leitura, interpretação e discussão de textos selecionados.
FORMAS DE AVALIAÇÃO
Resenha crítica de um dos textos constantes da bibliografia (valor 2.0), a ser entregue no
meio do semestre letivo, e trabalho monográfico sobre o tema do curso (valor 8.0), a ser
entregue no final do semestre.
BIBLIOGRAFIA MÍNIMA
Lévi-Strauss, C. “Jean-Jacques Rousseau, fundador das ciências do homem”.
In: Antropologia estrutural dois (pp. 45-55). Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São
Paulo: Cosac Naify, 2013.
_____. “Raça e história”. In: Antropologia estrutural dois (pp. 357-369). Tradução de
Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
_____. “A calmaria”. In: Tristes trópicos (pp. 69-76). Tradução de Rosa Freire
D’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
_____. “História e dialética”. In: O pensamento selvagem (pp. 273-298). Tradução de
Tânia Pellegrini. Campinas: Papirus, 1997.
Clastres, P. “Do etnocídio”. In: Arqueologia da violência: pesquisas de antropologia
política (pp. 75-87). Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
_____. “Arqueologia da violência: a guerra nas sociedades primitivas”. In: Arqueologia
da violência: pesquisas de antropologia política (pp. 213-250). Tradução de Paulo
Neves. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
_____. “Do Um sem o Múltiplo”. In: A sociedade contra o Estado (pp. 184-189).
Tradução de Theo Santiago. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
Viveiros de Castro, E. “O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem”.
In: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia (pp. 181-264).
São Paulo: Cosac Naify, 2002.
_____. “Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena”. In: A inconstância
da alma selvagem e outros ensaios de antropologia (pp. 345-399). São Paulo: Cosac
Naify, 2002.
_____. O nativo relativo. Mana, vol. 8(1): 113-148, 2002.
Deleuze, G. & Guattari, F. “Geo-filosofia”. In: O que é a filosofia? Tradução de Bento
Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
A ser fornecida ao longo do semestre letivo.
Download