OUTROS SABERES • Laboratório de Imagens, no Centro Cultural de Belém Promover a ciência, envolvendo a sociedade Sob a chancela do Laboratório de Imagens, foi inaugurada no passado dia 3, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, uma exposição fotográfica promovida pela Associação Viver a Ciência, com o apoio da Pfizer. Com o título «Viver a ciência», a exposição teve por base um concurso de fotografia • Ana Paula Avença «O nosso principal objectivo é a mi divulgação da ciência que se faz em Portugal. E esta é a primeira vez que nos lançamos num evento deste género», disse, em declarações ao «Tempo Medicina», a coordenadora da Associação Viver a Ciência, Margarida Correia, promotora da exposição «Viver a ciência», que estará patente ao público no CCB, até ao próximo dia 28 do corrente mês. «Esta ideia surgiu como costumam surgir as restantes ideias na associação: na sequência de um processo de reflexão entre os seus sócios fundadores e os colaboradores mais próximos, que, na sua maioria, são cientistas da área das ciências da vida», explicou Margarida Correia. Em causa estava a melhor forma de comunicar e divulgar aos portugueses o trabalho desenvolvido pela comunidade científica. «Sabemos que, entre nós, se estão a fazer trabalhos muito interessantes: faz-se ciência de grande qualidade em Portugal, de calibre internacional. No entanto, há um grande desconhecimento do público em geral, em relação a esta realidade», realçou aquela responsável. Na sua perspectiva, «estamos numa fase em que vale a pena mostrar o que se faz em ciência, a nível nacional», também numa tentativa de contrariar «a velha ideia do cientista fechado no seu laboratório, a fazer coisas muito específicas», sem esquecer «os próprios cientistas, para quem pode ser uma oportunidade para olharem para o seu trabalho de uma forma diferente». 13 de Fevereiro de 2006 • Tempo Medicina Cultivar o gosto pela ciência «Aderimos ao projecto por considerarmos que este está perfeitamente inserido no conjunto de actividades que a Pfizer tem vindo a desenvolver, sobretudo no âmbito da promoção da ciência. E quando se fala de ciência, pensamos que se deve começar precisamente pelas bases», disse Luís Rocha ao «TM». Para o director de Assuntos Institucionais da Pfizer, «um dos factores mais importantes para que o País desenvolva uma cultura do conhecimento é, efectivamente, começar a trabalhar-se a sensibilização das pessoas, o que se pode fazer através da atracção de novos públicos para a ciência». Portanto, no seu entender, «só se pode cultivar o Assim, a associação considerou que um concurso de fotografias, seguido de exposição num espaço apelativo, poderia funcionar. «O concurso correu de forma excepcional. Pensámos que poderíamos ter muitas candidaturas, mas a adesão superou as expectativas: concorreram cerca de 700 trabalhos». Para se chegar ao resultado final, recorreu-se ao apoio de um júri composto por cientistas e por pessoas do meio artístico. Margarida Correia explicou que «a ideia era mostrar imagens que viessem do processo de investigação científica. Não deveriam ser só bonitas, com impacte visual, mas deveriam também transmitir uma mensagem que, por sua vez, seria igualmente avaliada». De resto, a exemplo da noite de abertura da exposição, está prevista uma grande afluência de visitantes, porque, segundo a coordenadora da associação, o público «está muito de- gosto pela ciência atraindo as pessoas, mostrando-lhes como esta pode ser útil no dia-a-dia». Neste contexto, a colaboração da Pfizer com a Associação Viver a Ciência passou pela própria concepção da exposição - que na opinião de Luís Rocha, «está a ser um sucesso» -, indo até à respectiva logística. Pessoalmente, este responsável pensa que estão expostos «trabalhos muito interessantes», embora tenha uma especial admiração por aqueles que estão relacionados com a área da Biologia Celular, «mais do ponto de vista estético do que propriamente pelos resultados que apresentam». sejoso e preparado para receber este género de eventos relacionados com a investigação científica». E, ao que tudo indica, depois do próximo dia 28 a exposição irá estar patente noutros locais do País. Baixa cultura científica A Associação Viver a Ciência, sedeada em Lisboa, foi fundada em Fevereiro de 2005, por 10 pessoas. «Ao longo destes meses, temos vindo a desenvolver uma série de actividades. Por exemplo, produzimos um livro sobre a profissão de cientista, onde retratámos 14 cientistas portugueses com menos de 40 anos», explicou Margarida Correia ao «TM». Com aquela publicação, intitulada Profissão: Cientista — Retratos de uma Geração em Trânsito, a associação pretende chamar a atenção para o facto de, hoje, a ciência estar descentralizada. Ou seja, «os cientistas retra- tados no livro são portugueses, alguns trabalham aqui, outros trabalham algures no Mundo», sublinhou a responsável, acrescentando: «Uns voltaram, outros ficaram por lá... e foi essa a ideia que tentámos dar». Margarida Correia explicou ainda que a Associação Viver a Ciência congrega cientistas «relativamente jovens, muitos dos quais passaram longos períodos no estrangeiro» e que, no regresso a Portugal, encontraram um país «onde a cultura científica ainda é muito baixa». Por outro lado, «a associação também foi criada para tentar chamar a atenção para o facto de a carreira científica, em Portugal, estar ainda muito dependente de financiamentos públicos», por isso mesmo, «pretendemos apoiar o desenvolvimento de carreiras em investigação nas ciências da vida, através do incentivo ao investimento privado», acrescentou.