17 Workshop de Plantas Medicinais do Mato Grosso do Sul/7º Empório da Agricultura Familiar CQPV Morfoanatomia floral e micromorfologia do pólen de Bidens pilosa L. como ferramenta para controle de qualidade 1* Pricila G. S Julio (PQ/Docente Colaboradora) 1 Professora Colaboradora do Instituto de Biociências no Departamento de Botânica, Universidade Estadual Paulista – Campus de Botucatu, Distrito de Rubião Júnior s/n – CEP 18618-000 – Botucatu – SP. *Email:[email protected] RESUMO Bidens pilosa L. (Asteraceae), pertence à tribo Heliantheae, e é conhecida como picão-preto e utilizada por gerações como medicinal. A maioria dos trabalhos de anatomia usa como ferramenta no controle de qualidade de espécies medicinais, partes vegetativas como folha e ramos. O objetivo deste trabalho é descrever a anatomia floral e a micromorfologia dos grãos de pólen da espécie selecionada auxiliando como uma ferramenta na identificação da espécie e controle de qualidade da mesma, pelo fato de os órgãos reprodutivos manterem suas características anatômicas, mesmo com as mudanças de ambiente. Para caracterizar a anatomia foram utilizadas técnicas usuais; já, para a micromorfologia, o material foi processado e analisado em microscopia eletrônica de varredura (MEV). Foi observado que a planta de B. pilosa estudada apresenta flores tubulares, hermafroditas, com pétalas concrescidas entre si. As anteras apresentam-se conadas, formando um tubo por onde o estilete cresce, logo após a antese. O estilete é curto com ramos reflexos e com muitos tricomas coletores no dorso, que participam na exposição secundária do pólen. Na região basal do mesmo encontra-se um nectário em forma de anel, circundando o estilete, com cerca de cinco camadas de células secretoras, de formato isodiamétrico, com citoplasma denso. Na região estigmática as células são papilosas. Os grãos de pólen são esféricos, equinados, tricolporados, com cerca de 25 µm de diâmetro. O ovário é ínfero, bicarbelar, sincárpico e unilocular. Palavras-chave: Bidens pilosa, planta medicinal, morfoanatomia INTRODUÇÃO Bidens pilosa L. (Asteraceae), conhecida popularmente como picão-preto, é uma erva anual, apresenta flores tubulares diminutas, reunidas em capítulos pequenos, de coloração amarelo-paleácea (DURIGAN et al. 2004). É considerada uma planta invasora, dada sua ampla dispersão e colonização de diversos ambientes (LORENZI, 2006), e tem sido utilizada como planta medicinal por gerações. Levantamentos etnobotânicos relatam o uso de B. pilosa para o tratamento de úlceras, icterícia, angina, amigdalite, além de febre, dor, diabetes, infecções, inflamações e edema (VENDRUSCOLOo et al., 2005, KUMARI, 2009). 2 Análises fotoquímicas revelaram uma ampla constituição química, sendo substâncias poliacetilênicas e flavonoides os principais compostos isolados da planta (KVIECINSKI, 2008). Diante de tantos princípios ativos com expectativas de propriedades terapêuticas as plantas medicinais passaram a ser utilizadas em preparações em diversos setores da indústria, como farmacêuticos e cosméticos. A Organização Mundial da Saúde, em 1998, reuniu procedimentos no documento Quality control methods for medicinal plant materials, para auxiliar os países na formulação de padrões para o controle de qualidade de drogas vegetais e produtos (WHO, 1998), dentre estes procedimentos está incluída a verificação macro e microscópica da planta. No Brasil, comumente é usada a anatomia da folha para o reconhecimento de uma espécie para uso farmacêutico ou fitoterápico, porém as estruturas reprodutivas das plantas conservam suas estruturas mesmo com as mudanças ambientais, diferentemente das folhas que sofrem alterações anatômicas diante das diversidades ambientais (HEYWOOD, 1970). Desta forma o presente trabalho visa descrever a morfoanatomia floral e a micromorfologia do pólen para dar subsídios na identificação de Bidens pilosa L. e o controle de qualidade de produtos naturais que utilizam esta espécie. MATERIAL E MÉTODOS 1. Material Vegetal 2. Estudo Anatômico Amostras serão fixadas em FAA 50 (Johansen, 1940) por 24 horas; desidratadas em série alcoólica crescente, embebidas em resina metacrilato (Historresina Leica); seccionadas em micrótomo rotativo semi-automático (8 a 12 µm) e coradas com Azul de Toluidina 0,05% em tampão fosfato ph 4,3 (O’Brien et al., 1964). A seguir, os cortes serão montados entre lâminas e lamínulas em resina sintética Permount e analisadas em microscópio Zeiss. 3. Estudo ultra-estrutural 3.1. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) Amostras foram preparadas segundo técnica descrita por Machado & Rodrigues (2004): fixação em glutaraldeído 2,5% (tampão fosfato 0,1M pH 7,3 por 24 horas); pós- 3 fixação em tetróxido de ósmio 1%, no mesmo tampão; desidratação em série alcoólica; secagem em ponto crítico com CO2; metalização com camada de 10nm de ouro; observação em microscópio eletrônico de varredura Quanta - Fei. RESULTADOS E DISCUSSÃO Bidens pilosa é uma planta de porte herbáceo cuja altura pode chegar a um metro. As plantas observadas possuem capítulos do tipo discoide (Figura 1A) com flores tubulares, amarelas e bissexuadas, conferindo com o descrito por Grombone-Guaratini et al. (2004), apresentando cinco pétalas concrescidas (Figura 1C). Cada pétala é formada apenas pela epiderme (face adaxial e abaxial), apresentando apenas um feixe vascular na região central de cada pétala, ladeado por dois canais secretores. As anteras também são concrescidas, formando um tubo por onde o estilete cresce depois da antese (Figura 1C e E). O estilete é curto com ramos reflexos (Figura 1A) e com muitos tricomas coletores no dorso que participam na exposição secundária do pólen (Figura 2F-I). Na região basal do estilete, encontra-se um nectário em forma de anel, circundando o estilete (Figura 1D), com cerca de cinco camadas de células secretoras de formato isodiamétrico e citoplasma denso. O estigma é bífido (Figuras 2G e K), apresentando células papilosas, semelhantes em espécies de Asteraceae estudadas por Torres e Galetto (2007), e assim como nas pétalas, são encontradas cavidades secretoras ladeando os feixes vasculares dorsais. Os grãos de pólen são esféricos, equinados, tricolporados, com cerca de 25 µm de diâmetro, (Figura 1C e 2J-K) , corroborando com os resultados apresentados em Galvão et al. (2009). O ovário é ínfero, bicarpelar, sincárpico e unilocular, com cinco a sete camadas de células, contendo um único óvulo, anátropo e tenuinucelado (Figura 1B-D) como descrito em Julio e Oliveira (2009). 4 5 AGRADECIMENTOS Ao Instituto de Biociências – Unesp – Campus de Botucatu, por tornar possível a realização dos estudos. REFERÊNCIAS DURIGAN, G.; BAITELLO, J.B.; FRANCO, G.A.D.C.; SIQUEIRA, M.F. Plantas do cerrado paulista: imagens de uma paisagem ameaçada. Páginas e Letras Editora e Gráfica, São Paulo. 2004. GALVÃO, M. N.; PEREIRA, A. C.M.; GONÇALVES-ESTEVES, V.; ESTEVES, R.L. Palinologia de espécies de Asteraceae de utilidade medicinal para a comunidade da Vila Dois Rios, Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v. 2, n.31, p. 247-258. 2009. GROMBONE-GUARATINI, M. 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