classificador - cap2

Propaganda
Universidade Federal de Santa Catarina
Licenciatura em Letras-Libras na Modalidade a Distância
Aline Lemos Pizzio
Ana Regina e Souza Campello
Patrícia Luiza Ferreira Rezende
Ronice Muller de Quadros
Língua Brasileira de Sinais III
ISBN 978-85-60522-12-5
Florianópolis, 2008
Capítulo 1
Uso do espaço
A língua de sinais brasileira, assim como qualquer língua de sinais, é organizada
espacialmente, de forma bastante complexa. O uso do espaço é uma característica
fundamental nas línguas visual-espaciais e está presente em todos os níveis de análise. No
que se refere ao nível fonológico, um mesmo sinal pode ser realizado em diferentes
locais, dentre eles o espaço neutro, que corresponde à área localizada na frente do
sinalizante.
Dependendo do ponto utilizado no espaço para a realização de um sinal, pode
haver a produção de sinais com diferentes referentes.
Referente é o que é indicado/referido no contexto relacionado com os
interlocutores no discurso.
Para saber mais sobre a Teoria da Referência veja
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_linguagem
CASA
Aquela Casa Ali
Aquela casa lá
Esta casa do lado direito
Esta casa adiante
CARRO
Aquele carro
O carro atrás
O carro à frente
O carro à esquerda
O carro à direita
Vejam que a realização de um sinal em um determinado ponto no espaço implica
em mudanças de significados relacionadas com o referente, ou seja, está ligada a questões
semânticas. Quando se quer ser específico quanto ao referente, é possível realizar um
sinal em uma determinada localização.
Além disso, se o mesmo sinal for reproduzido em diferentes pontos do espaço,
estaremos entrando no campo morfológico, pois poderemos estar incorporando
movimentos que indicam marcação de plural e flexão verbal.
No nível sintático, o uso do espaço é explorado para estabelecer as relações
gramaticais entre os referentes. A seguir estaremos apresentando os elementos básicos
que constituem o uso do espaço nas línguas de sinais. No eixo temático de estudos
lingüísticos e línguas de sinais IV, estaremos aprofundando ainda mais estas questões,
pois o uso do espaço é um dos componentes mais importantes das línguas de sinais, além
de ser universal, ou seja, todas as línguas de sinais estudadas até então apresentam esse
componente lingüístico visual-espacial.
Estabelecimento de pontos no espaço de sinalização1
Segundo Bellugi, VanHoeck, Lillo-Martin e O'Gray (1988), as nominalizações, o
sistema pronominal e a concordância verbal nas línguas de sinais são, essencialmente,
espacializadas. Bellugi & Klima (1982) realizaram um estudo para identificar os termos
dêiticos na língua de sinais americana – ASL – e constataram que tais termos formam a
base da referência pronominal, da concordância verbal e das relações gramaticais. Além
disso, verificaram que esses termos são ‘apontados’ literalmente. Essas conclusões
aplicam-se da mesma forma à LIBRAS.
Os sinalizantes apontam para pontos virtuais no espaço para indicar pessoas,
coisas, lugares e entidades em geral. Esses pontos são usados ao longo do discurso
anaforicamente, ou seja, esses pontos no espaço passam a fazer referência aos nominais
que os introduziram.
1
Parte deste texto é uma adaptação do capítulo 2 da dissertação “As categorias vazias pronominais: uma
análise alternativa na libras e reflexos no processo de aquisição” de Quadros (1995).
Você pode saber o que é anáfora consultando os seguintes link:
http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/A/anafora.htm
http://www.brazilianportugues.com/index.php?idcanal=275
O uso adequado do estabelecimento nominal é o primeiro passo para o
estabelecimento da concordância verbal e para o uso dos demais mecanismos sintáticos
espaciais.
O tipo de associação mencionado acima ocorre tanto com referentes presentes
como com referentes não presentes no contexto do discurso. No primeiro caso, os
elementos envolvidos no discurso (a primeira e segunda pessoas) são formados
apontando-se com o dedo indicador a quem o sinalizador se refere: se for a si mesmo, ele
apontará para o próprio peito; se for ao receptor, ele apontará diretamente ao receptor
(Bellugi & Klima, 1982).
Formas Pronominais usadas com Referentes Presentes
(Lillo-Martin & Klima, 1990:192)
Os pronomes de terceira pessoa usados para fazer referência às pessoas que
estejam presentes no contexto do discurso são sinalizados apontando-se diretamente ao
referente. Quando o referente não estiver presente, ou temporariamente ausente, a
apontação é direcionada a um local espacial arbitrário, ao longo do plano horizontal,
defronte ao corpo do sinalizante (um ponto virtual no espaço de sinalização). Da mesma
forma, a apontação pode ser usada para referir a objetos, lugares no espaço e entidades. A
referência anafórica requer que o sinalizante aponte (olhe ou gire o corpo) a um local
previamente estabelecido, isto é, após a introdução de um nominal co-referente a um
ponto estabelecido no espaço, este ponto no espaço referir-se-á àquele nominal, mesmo
depois de outros sinais serem introduzidos no discurso (Bellugi & Klima, 1982; Loew,
1984).
O exemplo de Lillo-Martin & Klima (1990:192) esclarece a referência à terceira
pessoa na situação de sinalização com referentes não presentes no discurso. O sinalizante
pode associar 'John' com um ponto à direita e 'Mary' à esquerda. 'John' e 'Mary' são
introduzidos através de sinais que os identificam ou seus nomes são soletrados através do
alfabeto manual. As formas pronominais são, então, diretamente associadas a esses loc no
espaço: para a direita refere 'John', e para a esquerda refere 'Mary', conforme ilustrado a
seguir:
Formas Pronominais Usadas com Referentes Ausentes
(Interlocutor
Mary John
Sinalizante
(Lillo-Martin & Klima, 1990:193)
Conforme Loew (1984:15) um sinalizante não distribui os pontos no espaço
aleatoriamente, pois existem restrições na seleção do local. Raramente os pontos são
estabelecidos de forma arbitrária, pois o sinalizante sempre procurará associar o local real
do referente ao local no espaço. Os pontos estabelecidos serão arbitrários com referentes
abstratos (por ex., parlamentarismo e presidencialismo) ou para referentes descritos
individualmente não interagindo com outros (por ex., diferentes turmas dentro de uma
escola). Os pontos arbitrários, também, são usados se o sinalizante desconhecer a relação
espacial real relevante.
No caso do uso de pontos arbitrários, o estabelecimento ocorre em um local
neutro do espaço da sinalização e, em geral, são distribuídos no espaço de forma a serem
amplamente diferenciados. Os pontos podem estar acima ou abaixo do espaço neutro se
esses apresentarem uma imagem apropriada (por ex.., um avião será apontado acima do
espaço neutro).
Baker & Cokely (1980:206-209) explicaram muito bem as relações espaciais para
referentes presentes e não-presentes através de figuras. Na figura a seguir, apresentamos
um diagrama em que a referência é feita a VOCÊ, supondo-se que o sinalizante esteja
olhando para o receptor A. Baker & Cokely observam a importância da direção do olhar
para a compreensão do significado da referência pronominal.
Pronome de 2ª pessoa: VOCÊ/TU
(Baker & Cokely, 1980:206)
Entretanto, se o sinalizante estiver olhando para B quando apontar para A, o
significado será 'ele(a)'. Na figura a seguir, o diagrama mostra essa diferença.
Pronome de 3ª pessoa: ELE(A)
A apontação para C, A e B pode significar 'você, você e você'. Similarmente, se o
sinalizante dirigir-se a C apontando para A e B, isso significará 'ele(a) e ele(a)' conforme
apresentado nas figuras a seguir:
Pronome de 2ª pessoa
VOCÊ, VOCÊ, VOCÊ
(Baker & Cokely, 1980:207-208)
Pronome de 3ª pessoa
ELE(A), ELE(A)
Se o sinalizante dirigir-se a C e apontar para C e A, o significado será 'você e
ele(a)'. A referência definida pode envolver um número indefinido de pessoas. Por outro
lado, se o sinalizante quiser referir-se a um grupo de pessoas (três ou mais) sem enfatizar
nenhum deles, ele pode usar uma configuração de mão que inclui todos a serem referidos
em forma de arco. Se o sinalizante apontar concomitantemente para si e para todos, tal
sinal significará 'nós', conforme ilustrado a seguir.
Pronome de 2ª e 3ª pessoas
Pronome de 1ª pessoa:
VOCÊ, ELE(A)
NÓS
(Baker & Cokely, 1980:208-209)
Conforme já mencionado anteriormente, para referentes não presentes são
estabelecidos pontos específicos no espaço da sinalização. Na LIBRAS, assim como em
outras línguas de sinais, há vários mecanismos para estabelecer referentes no espaço. São
eles:
a) fazer o sinal em uma localização particular (se a forma do sinal permitir);
b) apontar um substantivo em uma localização particular;
c) direcionar a cabeça e os olhos (e talvez o corpo) em direção a uma localização
particular fazendo o sinal de um substantivo ou apontando para o substantivo;
d) usar um pronome antes de um sinal para um referente;
e) usar um pronome numa localização particular quando é óbvia a referência;
f) usar um classificador (que representa aquele referente) em uma localização particular;
g) usar um verbo com concordância, incorporando os pontos estabelecidos no espaço
quando é óbvio o referente.
As línguas de sinais têm muitas formas de estabelecer os referentes em pontos
específicos ao redor do corpo do sinalizante. Esses estabelecimentos são determinados
por regras. Por exemplo, se o sinalizante quiser descrever um evento passado e quiser
contar algo relacionado a tal evento, ele estabelecerá um local no espaço havendo relação
entre os participantes, o tempo e o evento no local real. Este mecanismo é chamado por
Baker & Cokely (op.cit:223) de Princípio Real. Quando o local do evento, pessoa ou
objeto é desconhecido, o Princípio Real não pode ser seguido. Assim, estabelecem-se
locais observando-se um padrão alternado, conforme ilustrado a seguir. Se o receptor
estiver à esquerda ou à direita, os locais serão estabelecidos no lado oposto. Nesses casos,
aplica-se o Princípio de ordem dos referentes com localizações desconhecidas (Baker &
Cokely, op.cit:224).
Padrão para o
estabelecimento de loc
(Baker & Cokely, 1980:224-225)
Padrão para o
estabelecimento de loc
Quando um referente é associado a um local, como citado acima, essa associação
é mantida até uma mudança futura. A mudança ocorre sob certas circunstâncias a fim de
que novas associações sejam automaticamente estabelecidas. Normalmente, essas
mudanças são assinaladas por um ou mais pontos estabelecidos no espaço, ou por uma
mudança na postura do corpo do sinalizante. Conforme Loew (1984), um local
referencial pode ser transferido durante uma narrativa se houver um movimento
característico ou se a cena muda, isto é, o sinalizante estabelece o ponto como a
reprodução de um cenário.
Por exemplo, se 'João' (estabelecido à direita do sinalizante) está trabalhando na
casa (estabelecida à esquerda), 'João' será transferido para o local estabelecido para a casa
(Loew, 1984:17).
Berenz & Ferreira Brito (1987) traçaram um paralelo entre os pronomes da
LIBRAS e da ASL. Nas duas línguas, os itens pronominais podem ser considerados
prototípicos, uma vez que constituem, basicamente, elementos dêiticos. O eixo frente/trás
é a base dos sistemas pronominais dessas línguas. Verificaram que a ASL e a LIBRAS
apresentam similaridades na composição do sistema pronominal. Os três pronomes
pessoais do singular são idênticos nas duas línguas - o dedo indicador estendido,
orientado em direção à localização do referente.
Capítulo 2
Classificadores
Leitura obrigatória:
FELIPE, T. (2002) Sistema de flexão verbal na libras: os classificadores enquanto
marcadores de flexão de gênero. Anais do Congresso Nacional do INES de 2002.
2.1 Classificadores nas línguas faladas
Classificadores representam a relação entre significação-função em um dado
contexto dentro do sistema de uma determinada língua, como escreve Dubois et alli (apud
Tanya A. Felipe, 2002, p.37-58): Chama-se classificador um afixo utilizado, em
particular nas línguas negro-africanas, para indicar a que classe nominal pertence uma
palavra (sin.: índice de classe).
Em várias línguas apresentavam diversas categorias, como determinantes,
quantificadores, modificadores, de medida, de espécie (de Lyons, em 1977), e outras
denominações. Lingüístas, como Allan, em 1977, estabeleceu os critérios para definir as
suas classificações: eles se realizam como morfemas na estrutura de superfície sob
condições específicas; eles têm significado, já que os classificadores denotam alguma
característica saliente ou imputada a uma entidade que é referida por um nome.
Na conclusão de Allan, os sistemas de classificadores existentes nas línguas faladas
constituem um conjunto completo e universal e, por isso, agrupam-se em quatro tipos,
conforme observado em mais de cinqüenta línguas classificadoras. São eles:
1. línguas de classificador numeral: são línguas em que um classificador é
obrigatório em muitas expressões de quantidade e em expressões anafóricas e
dêiticas, como, por exemplo, a língua Thai;
2. línguas de classificador concordante: são línguas em que os classificadores são
afixados (geralmente prefixos) aos nomes e seus modificadores, predicados e
pró-formas como, por exemplo, em muitas línguas africanas (Bantu e SemiBantu) e australianas;
3. línguas de classificador predicativo: são línguas que possuem verbos
classificadores, que variam seu radical de acordo com as características das
entidades que participam enquanto argumentos do verbo como, por exemplo, os
verbos de movimento/localização em Navajo, Hoijer (1945), e verbos
classificadores em outras línguas Athapaskan;
4. línguas de classificador intra-locativo: são línguas nas quais classificadores
nominais são embutidos em expressões locativas que obrigatoriamente
acompanham nomes em muitos contextos. Existem apenas três línguas: Toba,
uma língua sul-americana, Eskimo e Dyirbal, uma língua do noroeste da
Austrália.
O número de classificadores nas línguas pode variar, mas sete categorias de
classificação podem ser encontradas: (i) material; (ii) formato; (iii) consistência; (iv)
tamanho; (v) localização; (vi) arranjo e (vii) quantia. Os classificadores podem combinar
duas ou mais categorias e elas podem ser também subdivididas.
Para entender melhor, observe nos quadros abaixo:
Material
Animado (animais e pessoas, também reclassificada como mulher,
homem e criança) e inanimado (árvores, objeto de madeira, etc)
Formato
Subdividida em objetos longos, planos e arredondados (que podem
ser em uma, duas ou tres dimensões) e se associa com outras
categorias, como consistência, textura, etc. Existem três
subcategorizações, como proeminência de curva exterior, objetos
com o interior vazio, e também tem relação com a quantia.
Consistência
Tem três subdivisões: flexível, rígido e não-definido. Está
associado com material e forma
Tamanho
É subdivida em grande e pequeno/a e está associada à forma
Localização
Relaciona um lugar e está associada com o tipo de objeto
Arranjo
Relaciona objetos colocados de uma maneira especifica
Quantia
Relaciona uma quantidade e é subdividida em coleção, volume,
peso e tempo.
Diversos lingüistas, como Hoijier (1945), Carter (1966), Haas (1967), Friedrich
(1970), Adams e Conklin (1973), Allan (1977), Denny (1980), Shachter (1985) e Hiyomi
(1992), nas suas pesquisas, chegaram às seguintes conclusões:
1) há uma certa relação entre os classificadores associados aos tipos de língua
classificadora.
Embora
tenham
encontrado
alguns
tipos
diferentes
de
classificadores que podem estar ligados a uma função morfossintática, que no seu
processo de classificar, acrescenta um radical nominal ou verbal ou uma
derivação interna da raiz, em todas as línguas de classificadores coordenantes;
2) Na morfossintaxe, os morfemas classificadores podem ser relacionados como
marca de concordância de gênero, de número, de caso, ou de lugar;
3) Os tipos de verbos podem trazer características semânticas e não sintáticas, e sua
classificação pode conter a sua significação, no caso de instrumento, paciente ou
tema;
4) No nível morfológico, não há um sistema de morfemas, enquanto uma subclasse
de verbos que concordam com seu sujeito ou objeto em relação às categorias de
material e de formas. O mesmo acontece em relação a verbos que usam traços
semânticos incorporados à categoria arranjo.
2.1.1 Classificadores verbais2
2.1.1.1 Propriedades dos classificadores verbais
Os classificadores verbais aparecem no verbo categorizando o referente dos seus
argumentos em termos de forma, consistência, tamanho, estrutura, posição e
animacidade. Eles sempre se referem ao argumento de um predicado e podem co-ocorrer
com ele. A escolha de um classificador é geralmente uma escolha semântica, sendo que
cada substantivo de um língua não necessariamente precisa de um classificador verbal.
Alguns substantivos podem ser associados a mais de um classificador. A escolha de um
classificador é baseada muito mais em uma seleção lexical do que em relação à
concordância gramatical, ficando muitas vezes limitada a grupos semânticos de verbos.
2.1.1.2 Realização dos classificadores verbais
Em muitas línguas, os classificadores verbais são opcionais e são determinados
pela função discursiva dos substantivos de um predicado adicional. Eles podem ser
usados para manter a referência de um substantivo dentro de uma narrativa, podem
também reintroduzir os participantes e podem ser usados anaforicamente.
2
Baseado no texto da Aikhenvald (2000).
2.1.1.3 Tipos de classificadores verbais:
1) Incorporação classificatória de substantivos:
É a incorporação de um substantivo ao verbo para caracterizar um argumento
externo, geralmente em função de sujeito (S) ou de objeto (O). Frequentemente há uma
relação de genérico-específico entre o argumento incorporado e o argumento externo que
o acompanha. De qualquer forma, os classificadores verbais incorporados caracterizam o
referente de um substantivo em termos de sua forma, consistência e animacidade.
Aikhenvald (2000) apresenta como exemplos algumas línguas prefixais do norte
da Austrália, em que um substantivo genérico, o qual descreve o substantivo específico
correspondente na função de S ou O, pode ser incorporado ao verbo. Como exemplo,
temos o Mayali que apresenta um conjunto de quarenta classificadores verbais, conforme
ilustrado abaixo:.
a) Classificador verbal referente a um substantivo com função de objeto:
ga-yaw-garrm-e
al-daluk
3/3-GEN.CL:BEBÊ-ter-NP
CLII-mulher
‘Ela tem um bebê menina’.
b) Classificador verbal com função de sujeito:
ga-rrulk-di
3NP-GEN.CL:ÁRVORE-ERGUIDA(NP)
na-dubang
CLIII-árvore-pau-ferro
‘Uma árvore de pau ferro está lá’
Entretanto, a incorporação de substantivos e os classificadores verbais podem ser
vistos como categorias distintas. Este é o caso da língua Mayali, que tem composição
lexical não produtiva, incorporação de partes do corpo e, também, classificadores verbais
(chamados por Evans (1996) de incorporação classificatória genérica). A composição
lexical é um processo não-produtivo e constitui um sistema fechado obrigatório. Em
oposição, a incorporação de partes do corpo e os classificadores verbais são opcionais,
sendo que a escolha entre construções com incorporação ou sem incorporação dependerá
do status discursivo do constituinte nesta língua.
Duas diferenças entre incorporação de partes do corpo e classificadores verbais
são encontradas:
(a)
Os classificadores verbais são uma classe fechada de aproximadamente
40 membros de maioria inanimada, enquanto as partes do corpo são
uma classe semi-aberta;
(b)
Duas partes do corpo em uma relação parte-todo podem ser
incorporadas juntas em um verbo, enquanto dois classificadores
verbais não podem co-ocorrer.
A composição lexical e os classificadores verbais podem co-ocorrer na mesma
palavra.
2) Classificadores verbais afixados ao verbo:
Classificadores verbais podem ser realizados com prefixos ou sufixos, mas nunca
são expressos com repetidores. Na língua Imonda, existem aproximadamente 100
classificadores verbais, mas nem todos os verbos aceitam classificadores. Eles
caracterizam um substantivo, em função de S ou de O, em relação as suas propriedades
inerentes, tais com forma.
sa
coco
ka-m
1SG-ALVO
põt-ai-h-u
CL:FRUTA-dar-RECIPIENTE-IMPERATIVO
‘Dá-me o coco.’
Sistemas de classificadores verbais como afixos variam em seu tamanho e na sua
semântica. Em Terena, existem dúzias de classificadores que caracterizam os argumentos
S/O em relação ao tamanho, forma, aspecto e animacidade. Como exemplo, temos – pu’i
(redondo), a seguir:
oye-pu’i-co-ti
cozinhar-CL:REDONDO-TEMA-PROGR
‘Ele está cozinhando (coisas redondas).’
Em
línguas
classificadoras
múltiplas,
os
classificadores
são
usados
freqüentemente em verbos. Em Mundurukú, por exemplo, há um sistema múltiplo de
classificadores com mais de 100 morfemas para referir forma e aspecto. Os índices acima
de cada parte da língua representam os tons, pois essa é uma língua tonal.
Veja o que são línguas tonais
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_tonal
a2ko3-ba4
i3-ba2-dom3
banana-CL:COMPRIDA RÍGIDA
3SG.POSS-CL: COMPRIDA RÍGIDA-ficar+FUT
ko4be3
be3
canoa
loc
‘Uma banana ficará na canoa.’
Esse tipo de classificador geralmente se desenvolve a partir da incorporação
classificatória de substantivos. Às vezes os dois tipos coexistem em um enunciado,
refletindo diferentes estágios de gramaticalização.
3) Verbos classificatórios supletivos:
Raízes verbais supletivas, geralmente referenciado como verbos classificatórios,
são raras nas línguas do mundo. A seleção de uma raiz é condicionada por propriedades
do referente do constituinte S ou O. Os verbos classificatórios, ao contrário dos verbos
apresentados no tipo II, não podem ser usados em outras funções classificadoras.
Entretanto, verbos classificatórios mostram certas correlações com números e com outras
categorias verbais flexionais (imperativos, aspectos, tempo, pessoa).
Os verbos classificatórios se enquadram em duas categorias:
(A) eles podem ser usados para categorizar o argumento S/O em termos de suas
propriedades inerentes: esse tipo de verbo classificatório é predominantemente
encontrado em línguas indígenas norte-americanas, em línguas Tibeto-Burman e em Ika,
uma língua do norte da Colômbia.
(B) eles podem ser usados para categorizar o argumento S/O em termos de sua orientação
e posição no espaço, com suas propriedades inerentes, assim como nas línguas de sinais.
2.1.1.4 Interação entre os três tipos de classificadores verbais:
A incorporação classificatória de substantivos é uma origem freqüente dos
classificadores verbais como afixos. Muitas raízes classificatórias ‘iniciam a vida’ como
substantivos, sendo usadas com um escopo restrito e posteriormente sendo usadas como
genéricos. A gramaticalização de substantivos incorporados pode resultar na criação de
raízes classificatórias supletivas.
Ao contrário dos classificadores verbais como afixos, a incorporação
classificatória de substantivos não é usada em outros ambientes classificadores em
línguas classificadoras múltiplas, ela é restrita apenas ao seu contexto gramatical.
Substantivos são incorporados em verbos e esses mantêm a mesma estrutura do
argumento. O substantivo incorporado é usado como um meio de categorizar um
argumento expresso.
2.1.1.5 Classificadores verbais e a função sintática do argumento
Os classificadores verbais indicam a presença de um NP (sintagma nominal) de
superfície. Em cada língua, esse NP pode estar na função de S ou de O, ou seja, eles
operam em bases absolutas. Em algumas poucas línguas, os classificadores verbais
podem também se referir a argumentos periféricos (adjuntos e complementos).
Adjuntos e complementos: veja a diferença entre esses dois termos em:
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=gramatica/docs/adjuntoco
mplemento
Em Motuna, os classificadores verbais podem indicar a presença de um
argumento S, ou O, ou então um argumento periférico. Em Tarascan, os classificadores
verbais se referem frequentemente a um argumento locativo. Nesta língua, há 32 sufixos
verbais de espaço ‘locativo’, o qual significa as características de uma locação, incluindo
sua dimensão e forma.
2.1.1.6 Combinação de diferentes tipos de classificadores verbais
Neste item, serão apresentadas algumas combinações de diferentes tipos de
classificadores verbais. Foram analisados dados de línguas que têm sistemas distintos de
classificadores em distribuição complementar, e de línguas que têm classificadores
verbais afixados e verbos classificatórios como sistemas distintos. Entretanto, quanto à
combinação de incorporação classificatória de substantivos e classificadores verbais
afixados como sistemas diferentes, não foi encontrada nenhuma língua com essa
característica. Também não é conhecida nenhuma língua que combine incorporação
classificatória de substantivos e raízes verbais classificatórias.
Com as diversas tipologias para classificação de classificadores das línguas
faladas, os lingüistas perceberam que a língua de sinais possui uma classificação
semelhante, assim como todas as línguas do mundo.
2.2 Classificadores nas línguas de sinais
O classificador é um tipo de morfema, utilizado através das configurações de mãos que
podem ser afixado a um morfema lexical (sinal) para mencionar a classe a que pertence o
referente desse sinal, para descrevê-lo quanto à forma e tamanho, ou para descrever a
maneira como esse referente se comporta na ação verbal (semântico).
Para acompanhar a análise dos classificadores, segue abaixo a tabela da Configurações de
Mãos - CM (quadro de CM da LSB Vídeo).
Os classificadores utilizam configurações de mãos que representam alguma propriedade
física de uma classe. A seguir apresentamos alguns exemplos de configurações de mãos
(CM) para classificadores de tamanho e forma (baseado em Supalla, 1982):
Categoria
CM
Exemplos de CL:
Fino
5
BARRA-FERRO-CONSTRUÇÃO
45
FIO-DENTAL-FINO
56 ou 53
MESA-PLANA
Plano
TELHADO-RETO
PORTA-ARMÁRIO-RETA
Plano com ângulo
30
PRATELEIRA
ESTANTE
Espessura fina
17
LÂMINA-FERRO
45
LIVRO-FINO
ALIANÇA-FINA
Espessura média
18
LIVRO-MÉDIO
ALIANÇA-MÉDIA
Espessura grossa
19
LIVRO-GROSSO
ALIANÇA-GROSSA
Espessura grossa e 28
ESPESSURA-MESA
densa
ESPESSURA-SAPATO
Arredondado
22
CABO-VASSOURA
CANO
Arredondado médio 29
LUMINÁRIA-ARREDONDADA
e grosso
CANECA-COPO
Retângulo
18
REGUA
FAIXA-TESTA
FAIXA-CABELO
Quadrado
38
PORTA-RETRATO
CAIXA-CD
QUADRO
Largura
Altura
14
MEDIDA DE ALGUMA COISA PEQUENA
53
MEDIDA DE ALGUMA COISA GRANDE
56
HOMEM-ALTO
HOMEM-BAIXINHO
OBJETO-NO-ALTO
OBJETO-EM-BAIXO
Esses classificadores podem incorporar algum tipo de ação, vejam exemplos a seguir:
CANO—AMOLECEU
PRATELEIRAS-CAIRAM
QUADRO-CAIU
FOLHA-CAIU-NO-AR
COMETA-CAIU
ESTRELA-CADENTE
A seguir apresentamos alguns exemplos de configurações de mãos (CM) para
classificadores de entidades (baseado em Supalla, 1982):
Categoria
CM
Exemplos de CL:
Humano – 1 pessoa
14
PESSOA/RÔBO/ET-PASSANDO-UMAPELA-OUTRA
PESSOA/RÔBO/ET-PASSANDO
49
PESSOA/RÔBO/ET-ANDANDO
48
PESSOA-CAINDO
PESSOA-DEITADA
PESSOA-PARADA
Humano – 2 pessoas
49
2-PESSOAS/RÔBO/ET-PASSANDO
Humano – 3 pessoas
51
3-PESSOAS/RÔBO/ET –PASSANDO
Humano – 4 pessoas
54
4-PESSOAS/RÔBO/ET-PASSANDO
Humano – 5 ou mais 61
PLATÉIA-EM-AUDITÓRIO
pessoas
MUITAS-PESSOAS-CAMINHANDO
MUITAS-PESSOAS-VINDO
Animal andando
07 (grandes animais)
ELEFANTE-ANDANDO
48 ou 56
CACHORRO-ANDANDO
(animais
em geral, especialmente,
de pequeno porte)
36 (aves em geral)
GATO-ANDANDO
AVES-ANDANDO
Animal nadando
57
PEIXE-NADANDO
GOLFINHO-NADANDO
Animal rastejando
57
JACARÉ-RASTEJANDO
14
COBRA-RASTEJANDO
LESMA-RASTEJANDO
Animal voando
61
BORBOLETA-VOANDO
PÁSSARO-VOANDO
Animal pulando
58
COLEHO-PULANDO, SAPO-PULANDO
Veículos em geral 57
AVIÃO-LOCOMOVENDO-SE
em locomoção
ÔNIBUS-LOCOMOVENDO-SE
TREM-LOCOMOVENDO-SE
METRÔ-LOCOMOVENDO-SE
CAMINHÃO-LOCOMOVENDO-SE
Veículos
de
duas 57
rodas em locomoção
MOTO-LOCOMOVENDO-SE
BICICLETA-LOCOMOVENDO-SE
A categoria humano inclui todos os seres que apresentam a configuração física humana,
mesmo não sendo necessariamente humanos de fato, tais como, robôs, seres
extraterrestres, etc.
A seguir apresentamos alguns exemplos de configurações de mãos (CM) para
classificadores manuais (incluindo verbos manuais e verbos classificadores) (baseado em
Sandler e Lillo-Martin, 2006 e Ferreira-Brito, 1995):
CM
Exemplos de CL:
17 e 44
PINCELAR
PEGAR-LÁPIS
PEGAR-FOLHA
Categoria de verbos
manuais
28
PEGAR-LIVRO
PUXAR-PRATEIRA
1e7
PASSAR-ROUPA
PINTAR-COM-PINCEL-GROSSO
PINTAR-COM-ROLO
COZINHAR
VARRER
29
PEGAR-CELULAR
PASSAR-ESCOVA-SAPATO
Tipos de classificadores encontrados nas línguas de sinais
1) Classificadores descritivos
As descrições visuais podem ser captadas de acordo com as imagens dos objetos
animados ou inanimados. Observam-se aspectos tais como: som, tamanho, textura,
paladar, tato, cheiro, “olhar”, sentimentos ou formas visuais, bem como a localização e a
ação incorporada ao classificador. Essa classificação pode ter até três dimensões:
a) dimensional - dar dimensões determinadas e adequadas de acordo com o que está
sendo visualizado;
b) bidimensional – dar o dobro das dimensões determinadas adequando-as ao que
está sendo visualizado;
c) tridimensional – dar as três dimensões do que está sendo visualizado dando a
sensação de penetração do relevo visual.
Na descrição visual para referir a forma, tamanho, textura, paladar, cheiro, sentimentos,
“olhar”, ou desenhos de forma assimétrica ou simétrica é utilizado, dependendo da
situação, uma mão ou duas.
A FORMA, A TEXTURA E O
TAMANHO DA MOCHILA
A FORMA E O PALADAR DO
ABACAXI
A FORMA, A FORÇA DO JACARÉ
SENTIMENTOS DE UMA PESSOA
SURDA AO PRESTAR VESTIBULAR
EM LIBRAS
OLHAR DE UM HOMEM CIUMENTO E
BRAVO
Há também o classificador descritivo locativo que envolve uma ação que determina o
objeto em relação ao outro objeto, seja animado ou inanimado. São usados com uma ou
duas configurações de mãos.
SURFANDO
CARRO BATENDO NO POSTE
MOTO VOANDO NA PISTA
ÁRVORE SENDO CORTADA
Outro classificador descritivo envolve uma ação ou posição de várias partes do corpo
humano, objetos animados e inanimados.
BOCA DE JACARÉ
LÁGRIMAS SAINDO DOS OLHOS
MENTIR FAZ NARIZ CRESCER
LÍNGUA SABOREANDO COMIDA
GOSTOSA
2) Classificadores especificadores
A sua função é descrever visualmente a forma, o tamanho, a textura, o paladar, o cheiro,
os sentimentos, o “olhar”, os “sons” do material, do corpo da pessoa e dos animais.
SOM DO RELÓGIO DO
DESPERTADOR
FORMA HUMANA
CELULAR TOCANDO NO QUADRIL
FORMA ANIMAL (QUATRO PATAS)
Há também os classificadores que especificam elementos gasosos.
FUMAÇA DO CIGARRO
FUMAÇA DA EXPLOSÃO DA BOMBA
ATÔMICA
FUMAÇA DO CHURRASCO
FUMAÇA DO FOGÃO A LENHA
Outro especificador é a descrição dos símbolos e nomes das logomarcas.
MCDONALDS
VOLKSWAGEN
PARIS
Também há o classificador especificador que descreve os números relacionados ao objeto
animado e inanimado.
NÚMERO DA CAMISA DE FUTEBOL
NÚMERO DA RESIDÊNCIA
NÚMERO DE TELEFONE
3) Classificadores de plural
A configuração de mão substitui o objeto em si sendo repetido várias vezes.
CONFIGURAÇÃO DE MÃO “B” EM
MOVIMENTO PARA LADO DIREITO
INDICANDO VÁRIOS LIVROS NA
ESTANTE NA POSIÇÃO VERTICAL
EM
MOVIMENTO
INDICANDO
EMPILHADOS
PARA
VÁRIOS
CIMA
LIVROS
INDICANDO
VÁRIOS
CARROS
ESTACIONADOS UM AO LADO DO
OUTRO
CARROS NO PÁTIO DA FÁBRICA
MUITAS ÁRVORES (FLORESTA)
MUITA GENTE (MULTIDÃO)
Exemplos com a incorporação do objeto repetido várias vezes: um conjunto de potes lado
a lado, quadros espalhados na parede.
UM CONJUNTO DE POTES LADO A
LADO
QUADROS ESPALHADOS NA
PAREDE (ORGANIZADOS)
QUADROS ESPALHADOS NA
PAREDE (DESORGANIZADOS)
CADEIRAS NA RODA PARA
BRINCADEIRA
CADEIRAS
ENFILEIRADAS
AUDITÓRIO
4) Classificadores instrumentais
É a incorporação do instrumento descrevendo a ação gerada por ele.
USAR A FURADEIRA
USAR O REVÓLVER
EM
PINTAR COM O PINCEL A PAREDE
PINTAR COM O LÁPIS NO PAPEL
ESCREVER NO PAPEL
ESCREVER NA AREIA
ESCREVER NO TECLADO
ESCOVAR CABELO
ESCOVAR DENTES
5) Classificadores de corpo
É o classificador que descreve como uma ação acontece na realidade por meio da
expressão corporal de seres animados.
REAÇÃO FACIAL DO GATO
O ANDAR DO CACHORRO
O ANDAR DO ELEFANTE
O CABELO GRANDE
COM FAIXA
O CABELÃO
LEÃO BRAVO
Papel dos classificadores
Nesta parte, vamos listar várias questões que podem estar implicadas nos classificadores.
1) Questões relacionadas à semântica
a) Para o caso de deslocamento de um lugar para outro lugar, quando associado com
diferentes formas de olhar, apresentam-se diferentes significados.
CM 16, acompanhar com o olhar o deslocamento, em horizontal, da mão. No contexto da
cultura dos surdos, o “olhar” implica diversos sentidos, por exemplo: se olharem para o
determinado deslocamento (a mão), os surdos querem defini-lo como pessoa conhecida.
Caso contrário, implica pessoas desconhecidas ou pessoas que não querem ser
identificadas.
CM 56 mão palma para baixo CARRO PASSANDO
CM 56 mão palma em frente do peito MOTO PASSOU
b) Para caso de homonímia: um classificador pode apresentar diferentes significados,
embora apresente a mesma forma.
PESSOA DEITADA NORMAL ou PESSOA CAIU (CM 49 deitada na outra palma
aberta da mão esquerda CM 57 significando deitada ou pessoa caída naquela posição)
DORMINDO MAL ou TROCANDO DE LUGAR NA CAMA (CM 49 virando várias
vezes na palma mão CM 57
CM 49 PERNAS LEVANTADAS PRÁ CIMA NA CAMA (CM 57) COMO QUE
FAZENDO EXERCÍCIO ou PESSOA-OLHANDO-PARA-CIMA
CM 49 e CM 57 (palma prá baixo) MODELO DESFILANDO ou PESSOA PASSANDO
POR CIMA DA PONTE
2) Questões relacionadas à sintaxe
Nas línguas de sinais, assim como na LIBRAS, apresentam-se vários casos de
incorporação de argumento ou complemento. Esse processo é muito freqüente e visível
devido às características espaciais e icônicas dos sinais. Os exemplos abaixo ilustram
esse tipo de incorporação.
a) Se o objeto direto do verbo for, por exemplo: prato, rosto, etc, o verbo incorporará este
argumento e teremos formas verbais diferentes.
Exemplos:
LAVAR-PRATO – Duas CM 57 circulando juntos ao mesmo tempo
LAVAR-ROSTO – Duas CM 57 em movimento circular no rosto
LAVAR-CARRO – Duas CM 1 em movimento circular no espaço neutro
LAVAR-CABELO - CM 59 com movimento circular
LAVAR-ROUPA – CM 54 associada ao movimento circular na máquina
ESCREVER-PAPEL
ESCREVER-TECLADO
ESCREVER-AREIA
ESCREVER-CELULAR
ESCREVER-QUADRO BRANCO
COMER-ARROZ
COMER-CHURRASCO-PICADO
COMER-PIPOCA
COMER-PIZZA
COMER-SUSHI
COMER-MILHO
COMER-SANDUICHE
b) Incorporação do modo e aspecto
Descrição dos sinais: CM 49 (de ponta dos dedos e de palma para baixo), mover os dedos
como se fossem pernas a caminhar ou andar ou andar depressa ou para cima ou para
baixo ou em circular ou para frente ou para trás.
ANDAR-DEVAGAR
ANDAR-DEPRESSA
ANDAR-DISTRAÍDA
ANDAR-COM-ATENÇAO
ANDAR-REBOLADO
ANDAR-SUBINDO
ANDAR-DESCENDO
Descrição dos sinais: CM 49 (de ponta dos dedos e de palma para baixo), mover os dedos
como se estivesse subindo ou descendo de escada. Se for de caracol, mover os dedos em
espiral de cima para baixo ou de baixo para cima.
NADAR-BORBOLETA LENTAMENTE, RAPIDAMENTE, NORMAL
CM 33 DUAS PESSOAS PASSARAM EM MINHA FRENTE DEVAGAR - RÁPIDO
CM 61 MÃOS MOVIMENTANDO COMO QUE MUITAS CRIANÇAS PASSARAM
EM MINHA FRENTE UMA-VEZ, MUITAS-VEZES, ALGUMAS-VEZES
Descrição dos sinais: CM 13 + CM 12 em movimentos alternados andando de diferentes
formas (subindo na árvore, entrando no buraco, andando em cima da grama, etc.).
Descrição dos sinais: CM 57 em movimento para baixo significando uma folha de papel
caindo no chão. Essa folha de papel pode cair de diferentes formas (levemente,
rapidamente, em linha reta, em linhas ondulantes, etc.).
FOLHA DE PAPEL CAINDO
FOLHA DE PAPEL VOANDO
JOGAR AVIÃO DE PAPEL AO ALTO
FOLHA DE ÁRVORE CAINDO
MAÇA CAINDO DA ÁRVORE
JABUTICABAS CAINDO DA ÁRVORE
Descrição dos sinais: CM 8 pressiona na palma da CM 57 + CM 7 na ponta do nariz com
o punho fechado para fora do lado direito para lado esquerdo significando que o carro
bateu bruscamente. Poderia ser feito de diferentes formas (levemente, vagarosamente,
fortemente, etc.).
c) Incorporação de locativo
Descrição dos sinais: CM 29 movendo para baixo colocando o copo na mesa. Poderia ser
colocando o copo em outros lugares.
COLOCAR COPO EM MESA
COLOCAR COPO EM ARMÁRIO
COLOCAR COPO NO CHÃO
Descrição dos sinais: 2 CM 57 formando um quadrado e movendo de um lugar para o
outro, colocando em diferentes lugares.
3) Questões relacionadas à morfologia
Descrição dos sinais: CM 45 - moeda com diferentes formas e tamanhos.
Descrição dos sinais:
CM 57 em direção para frente com diferentes movimentos
(ondulante, plano, zigue-zague, esburacada, etc.).
Referências Bibliográficas
ALLAN, K. (1977) Classifiers. Language, 53: 285-311.
AIKHENVALD, Alexandra. 2000. Classifiers: A typology of noun categorization
devices. New York: Oxford University Press.
BELLUGI, U. & KLIMA, E. vanHOEK; LILLO-MARTIN, D.; O'GRADY, L. The
acquisition of syntax and space in young deaf signers. In Language Development in
Exceptional Circumstances. Churchill Livingston. 1988. p.132-149.
BAKER, C. & COKELY, D. American Sign Language: a teacher's resource text on
grammar and culture. [s.l.,s.n.] 1980.
BELLUGI, U. & KLIMA, E. The Roots of Language in the Sign Talk of the Deaf.
Psychology Today. [s.l.s.n.] 1972.
BERENZ, N. & FERREIRA BRITO, L. Pronouns in BCSL and ASL. In Papers from The
Fourth International Symposium on Sign Language Research. Lapperanta, Finlândia.
1987. p. 26-36.
LOEW, R.C. Roles and Reference in American Sign Language: A Development
Perspective. Doctoral Thesis. University of Minnesota. 1984.
LILLO-MARTIN, D. & KLIMA, E. Pointing Out Differences: ASL Pronouns in Syntatic
Theory. In: Theorical Issues in Sign Language Research. v.1: Linguistics. Chigago,
IL: University of Chicago Press. 1990. p. 191-210.
FERREIRA-BRITO, L. (1995) Por uma gramática das línguas de sinais.
Tempo Brasileiro. UFRJ. Rio de Janeiro.
SUPALLA, T. (1982) Structure and Acquisition of Verbs of Motion and
Location in American Sign Language. Ph.D. Dissertation, University of
California, San Diego.
SANDLER, W.; LILLO-MARTIN, D. (2006). Sign language and linguistic universals.
Cambridge: Cambridge University Press.
LYONS, J. (1977) Semantics. New York:Cambridge University Press.
Download