TRANSTORNOS MENTAIS EM UMA INDÚSTRIA DE ABATE DE

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
IANANDA BARBIERI ORTIZ
TRANSTORNOS MENTAIS EM UMA INDÚSTRIA DE ABATE DE
AVES DA REGIÃO SUL DE SANTA CATARINA
CRICIÚMA, JANEIRO DE 2010
1
IANANDA BARBIERI ORTIZ
TRANSTORNOS MENTAIS EM UMA INDÚSTRIA DE ABATE DE AVES
DA REGIÃO SUL DE SANTA CATARINA
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Saúde como requisito parcial à obtenção do título
de mestre em Ciências da Saúde
Orientador: Prof. Dr Felipe Dal Pizzol
Co-Orientador: Prof. Dr João Quevedo
CRICIÚMA, JANEIRO DE 2010
2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
O77t
Ortiz, Iananda Barbieri.
Transtornos mentais em uma indústria de abate de
aves da região Sul de Santa Catarina. Iananda Barbieri
Ortiz ; orientador : Felipa Dal-Pizzol ; co-orientador : João.
Quevedo. - Criciúma : Ed. do Autor, 2010.
78 f. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo
Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Saúde, Criciúma (SC), 2010.
1. Doenças mentais. 2. Saúde do trabalhador. 3 Saúde
ocupacional. 4. Epidemiologia psiquiátrica. 5. Agorafobia.
I. Título.
CDD. 21ª ed. 613.62
Bibliotecária Eliziane de Lucca – CRB 1101/14ª Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC
3
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me iluminar todos os dias e colocar em meu caminho pessoas como:
O Professor Dr. Felipe Dal Pizzol, meu orientador e grande incentivador desta
pesquisa, que foi o norte do meu rumo nesta caminhada até aqui.
O Professor Dr. João Quevedo, co-orientador que impediu que eu abandonasse
essa caminhada sem tê-la findado.
Aos pacientes que aceitaram participar deste estudo e contribuir para o
conhecimento.
Ao Sr. Sinésio Volpato, muito mais que um empreendedor de sucesso: um
visionário, um sonhador e um amante da pesquisa e do conhecimento.
Aos colegas que se prontificaram a ajudar: Graziela, Liliane, Cassiana, Tina,
Silvana, Adriana, Daiani, Deivid, Ágata e especialmente ao Lucas, incansável e
prestativo.
À minha amiga Rosana, parceira de todas as horas, cujas longas conversas
tornaram esta jornada mais leve.
Ao meu marido Ricardo, pela paciência nas longas horas de estudo, pelo apoio e
parceria e por acreditar que eu conseguiria.
E especialmente aos meus filhos, Júlia e Henrique, que mesmo tão pequenos e
bem cuidados pela Vivi (um anjo em nossas vidas), foram por muitas vezes privados de
minha presença física, porém nunca emocional e espiritual, e que um dia entenderão a
magnitude deste esforço.
Que eles também aprendam ao longo da vida que somente através de esforço,
disciplina, amor ao próximo e muito trabalho é que se alcança o sucesso na vida.
Muito obrigada!
5
RESUMO
Os transtornos mentais, especialmente os depressivos, constituem um grave problema de
saúde nas empresas devido a sua alta prevalência, impacto econômico e psicossocial. Diversos
fatores ocupacionais têm sido relacionados a doenças mentais, em diferentes tipos de
atividades. Entretanto estudos mostram etiologia variada, indo desde os fatores orgânicos até
os essencialmente psicológicos. Pacientes com transtornos mentais costumam frequentar
serviços de atendimento primário, porém nem sempre são diagnosticados. O objetivo deste
estudo foi avaliar a prevalência de transtornos mentais em duas amostras populacionais que
procuraram um serviço de cuidados primários: em uma indústria de processamento de aves e
em uma Universidade da região sul de Santa Catarina (UNESC). Foram avaliados 103 usuários
de serviços de cuidados de saúde primários em uma indústria de processamento de aves
(grupo Empresa) e 25 usuários de um ambulatório geral da Universidade (grupo UNESC). Foi
aplicado um questionário, em entrevista única, para avaliar perfis econômico-demográfico,
ocupacional e psicossocial dos pacientes e também aplicado o teste M.I.N.I. Plus versão 5.0.0
para diagnóstico dos transtornos mentais. A idade média dos respondentes foi 29 anos e a
maioria mulheres para ambos os grupos. As principais prevalências encontradas no grupo
Empresa foram: 35,9% depressão maior, risco de suicídio 33%, episódio maníaco/hipomaníaco
28,1%, agorafobia 21,4%, transtorno de pânico 12,6%, fobia social 11,7% e fobia sspecífica
10,7%. Sobre felicidade, 83,5% se sentem felizes no trabalho enquanto 77,7% se sentem
felizes na vida. Não houve prevalência aumentada dos transtornos mentais mais comuns,
entretanto houve para agorafobia. Já no grupo UNESC, as principais prevalências encontradas
foram: 40% para episódio depressivo maior, 32% para risco de suicídio, 24% para episódio
maníaco / hipomaníaco e 16% para Transtorno Obssessivo Compulsivo. As fobias não foram
tão importantes quanto no grupo Empresa.
Palavras-chave: Saúde mental do trabalhador, epidemiologia psiquiátrica, prevalência
de transtornos mentais, indústria de aves, saúde ocupacional, agorafobia.
6
ABSTRACT
Mental disorders, especially depression, are a serious health problem in companies due
to its high prevalence, psychosocial and economic impact. Several occupational factors
have been linked to mental disorders in different types of activities. However studies
showed different etiologies, ranging from organic factors to the essentially psychological.
Patients with mental disorders usually attend primary care services, but are not always
diagnosed as suffering from such disorders. The aim of this study was to assess the
prevalence of mental disorders in two population samples that seek primary care
services: in a poultry processing industry and in a University in the southern region of
Santa Catarina (UNESC). One hundred and three users of primary health care services
in a poultry processing industry and twenty-five users in a control group of a University
were analyzed. A questionnaire was applied in one single interview, to assess
economic, demographic, occupational and psychosocial profiles of patients and also
applied the test MINI Plus version 5.0.0 for the diagnosis of mental disorders. The
average age of respondents was 29 years and most women in both groups.The main
prevalence rates found in the Company Group (grupo Empresa) were: Major Depression
35.9%, Suicide risk 33%, Manic/Hypomanic 28.1%, Agoraphobia 21.4%, Panic Disorder
12.6%, Social Phobia 11.7% and Specific Phobia 10.7%. About happiness, 83.5% feel
happy at work, while 77.7% feel happy in life. There was no increased prevalence of
most common mental disorders, however there was for agoraphobia. In group UNESC,
the main prevalence rates were 40% for major depressive episode, 32% for suicide risk,
24% for manic / hypomanic and 16% for Obsessive Compulsive Disorder. Phobias were
not as important as the Company group.
Keywords: Work-related mental ill-health, psychiatric epidemiology, prevalence of
mental disorders, poultry industry, occupational health, agoraphobia.
7
LISTA DE ABREVIATURAS
CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho
CID - Código Internacional de Doenças
CIDI - Composite International Diagnostic Interview
CIS-R - Clinical Interview Schedule, Revised
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas
DIS - Diagnostic Interview Schedule
DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
DSM-III - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Third Edition
DSM-IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition
ECA - Epidemiologic Catchment Area
EVPE - eventos de vida produtores de estresse
HPQ - Health and Work Performance Questionnaire
ICPE - International Consortium in Psychiatric Epidemiology
INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social
MINI - Mini International Neuropsychiatric Interview
MPS - Ministério da Previdência Social – MPS
NCS - National Comorbidity Survey
NTEP - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário
OPCS - Office of Population Censuses and Surveys
OMS - Organização Mundial de Saúde
QIDS - Quick Inventory of Depressive Symptomatology
SUB - Sistema Único de Benefícios
TDPM - transtorno disfórico pré-menstrual
TEPT – transtorno de estresse pós-traumático
TMC - transtornos mentais comuns
TOC – transtorno obsessivo-compulsivo
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Freqüência dos sujeitos de acordo com as características sóciodemográficas ................................................................................................................. 31
Tabela 2 - Freqüência dos sujeitos de acordo com as características relacionadas ao
trabalho .......................................................................................................................... 32
Tabela 3 - Freqüência dos sujeitos de acordo com as características psicossociais
........................................................................................................................................ 33
Tabela 4 - Diagnósticos segundo o Mini-International Neuropsychiatric Interwiew (MINIPLUS) ............................................................................................................................ 34
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................
11
1.1 Epidemiologia Geral dos Transtornos Mentais no Mundo .........................
11
1.2 Epidemiologia dos Transtornos Mentais na população trabalhadora ......
17
1.3 Epidemiologia dos Transtornos Mentais na população trabalhadora ......
19
2 OBJETIVOS ........................................................................................................
25
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................
25
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................
25
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 26
4 RESULTADOS ....................................................................................................
28
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................
35
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 52
7 REFERÊNCIaS ...................................................................................................
53
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 Epidemiologia Geral dos Transtornos Mentais no Mundo
Até a década de 80, a Epidemiologia Psiquiátrica estava apenas começando.
Havia investigações que sugeriam que as doenças mentais existiam, porém não
estavam sendo tratadas como poderiam. Entretanto, os estudos não podiam ser
comparados entre si, pois usavam critérios diferentes para o diagnóstico dos
transtornos mentais, os quais não eram claros o suficiente e permitiam mais de uma
interpretação. O Estudo da Área de Captação Epidemiológica do Instituto Nacional de
Saúde Mental (Epidemiologic Catchment Area – ECA) realizado por Robins e Regier
(1991) foi a primeira grande pesquisa epidemiológica de base populacional nos Estados
Unidos que utilizou critérios diagnósticos padronizados para a definição de transtornos
psiquiátricos – o DIS (Escala de Entrevista Diagnóstica). O estudo ECA foi conduzido
em cinco centros com uma amostra de aproximadamente 20 mil pessoas e seus
achados indicavam que aproximadamente um quarto das pessoas, em algum momento
da sua vida, apresentaria algum transtorno de ansiedade de acordo com os critérios do
DSM-III - Manual Estatístico e de Diagnóstico dos Transtornos Mentais (APA, 1980).
Assim, com a elaboração do DSM-III e a realização do estudo ECA, as definições dos
critérios de diagnóstico em psiquiatria começaram a se tornar mais confiáveis e
permitiram as comparações entre diferentes locais do mundo (Lima 2009).
Enquanto o estudo ECA foi o primeiro a avaliar a prevalência dos Transtornos
Mentais, na próxima década e também nos Estados Unidos, a Pesquisa Nacional de
Comorbidade (National Comorbidity Survey - NCS) foi delineada para avaliar a
11
prevalência e fatores de risco com uma amostra significativa da população (Kessler et
al, 1994). Os diagnósticos foram gerados a partir de uma versão modificada do CIDI
Composite International Diagnostic Interview - Entrevista Diagnóstica Internacional
Composta (Robbins et al., 1989), que por sua vez é baseada no DIS. Foram
entrevistadas 8.098 pessoas, com idades variando entre 15 e 54 anos. A taxa de
respondentes foi de 82,4%. Esse estudo mostrou que 56% das pessoas com
transtornos mentais apresentavam alguma co-morbidade com outras condições
psiquiátricas, sendo que os critérios diagnósticos foram baseados no DSM-III-R (APA,
1987).
A Pesquisa Nacional de Morbidade Psiquiátrica na Grã-Bretanha (The National
Survey of Psychiatric Morbidity in Great Britain and Office of Population Censuses and
Surveys - OPCS) foi planejada para estudar a prevalência de transtornos psiquiátricos,
mas também a extensão da incapacidade associada, comorbidades e utilização dos
serviços de saúde (Jenkins e Meltzer, 1995; Mason e Wilkonson, 1996). Além disso, o
objetivo também era investigar fatores precipitantes das doenças e suas associações
com diferentes estilos de vida. A população-alvo constituiu-se de adultos com idades
entre 16 e 64 anos, vivendo na Inglaterra, País de Gales e Escócia. Quatro amostras
separadas foram entrevistadas: domicílios privados, uma amostra suplementar com
pessoas sofrendo de psicose e vivendo em suas residências, instituições para doenças
mentais e um quarto grupo incluindo pessoas sem domicílio fixo, vivendo na rua ou em
instituições próprias para indivíduos sem moradia. Os diagnósticos foram gerados a
partir de entrevistas utilizando o CIS-R (Entrevista Clinica Padronizada, Revisada).
Os estudos epidemiológicos conduzidos nas últimas três décadas têm
proporcionado uma compreensão mais ampla da ocorrência e do curso dos transtornos
12
mentais, bem como propicia um levantamento de informações sobre os prejuízos no
funcionamento individual, familiar e social que estes transtornos mentais têm sobre a
vida das pessoas e que servem como base para formulação de políticas públicas na
área de saúde mental (Lima, 1999). O conhecimento da epidemiologia dos transtornos
mentais complementa a investigação clínica, dando-lhe amplitude e dimensão temporal
para uma adequada compreensão de sua história natural, não só pelos psicólogos e
psiquiatras, como também pelos clínicos que usualmente lidam com estes transtornos
nos serviços de atendimento primário à saúde (Lima, 1999).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 450 milhões de
pessoas no mundo sofram de afecções neuropsiquiátricas, sendo que os distúrbios
mentais têm prevalência em torno de 10% em adultos (Murray & Lopez, 2000). Há mais
de 120 milhões de pessoas deprimidas no planeta e até 2020 a depressão, que hoje
ocupa a quarta posição entre os principais motivos de incapacitação para o trabalho,
alcançará a segunda posição (WHO 2008). O estudo transcultural realizado pela OMS
em 14 locais distintos (Goldberg & Lecrubier, 1995) através de três diferentes métodos
de diagnóstico (triagem, entrevista e diagnóstico clínico pelo médico de atenção
primária) demonstrou que em torno de 24% de todos os pacientes tinham algum
transtorno mental. Os diagnósticos mais comuns foram depressão, ansiedade e
transtornos por uso de substâncias, sendo que estes transtornos estão presentes
isoladamente ou em conjunto com um ou mais transtornos físicos. Neste estudo, não
houve diferenças significativas na prevalência entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento.
O Grupo Internacional de Epidemiologia Psiquiátrica da OMS (International
Consortium in Psychiatric Epidemiology - ICPE) comparou estudos de prevalência de
13
transtornos mentais em vários países do Mundo, através dos resultados obtidos pela
Entrevista CIDI - Composite International Diagnostic Interview (OMS, 2000). Os
resultados foram baseados nos critérios do DSM-III-R (APA, 1987) e DSM-IV (APA,
1994) para transtornos mentais e abuso de substâncias em sete países diferentes: dois
da América do Norte (Canadá e Estados Unidos), dois da América Latina (Brasil e
México) e três da Europa (Alemanha, Turquia e Países Baixos). A prevalência estimada
ao longo da vida variou muito, desde acima de 40% nos Países Baixos e Estados
Unidos (EUA), até 12% na Turquia e 20% no México. Estudos retrospectivos sugerem
que os transtornos mentais são geralmente crônicos, principalmente no que tange a
ansiedade; tem início precoce (15 anos para Ansiedade, 26 para Transtornos de Humor
e 21 para Abuso de Substâncias (Kessler et al., 2002
Todos esses três transtornos
tinham forte associação com algumas questões sócio-econômicas como baixo nível de
instrução, baixa renda, desemprego e o fato de não estarem casados. A análise
retrospectiva destes dados demonstrou que a prevalência durante a vida vem
aumentando, principalmente em relação aos transtornos do humor e abuso de
substâncias, bem como vem diminuindo a idade de início dos sintomas. Entretanto
somente uma pequena parcela desta população recebeu tratamento adequado (Kessler
et al., 2002
Ainda em relação ao fator socioeconômico, estudos populacionais sugerem que
pessoas com baixa escolaridade e renda apresentam maiores prevalências de
transtornos mentais. O estudo americano de co-morbidade – NCS (Kessler et al, 1994),
as pessoas com menor renda apresentaram maiores prevalências de transtornos
afetivos. No estudo OPCS (Jenkins e Meltzer, 1995), as pessoas com depressão maior
14
apresentaram menor escolaridade e situação econômica inativa em relação àquelas
sem transtorno mental.
Em 2003, Andrade e colaboradores analisaram dados epidemiológicos obtidos
através deste mesmo questionário da OMS, o CIDI, porém desta vez em 10 países:
América do Norte (Estados Unidos e Canadá), América Latina (Brasil, Chile, e México),
Europa (República Tcheca, Alemanha, Países Baixos e Turquia), e Ásia (Japão). A
amostra continha mais de 37.000 indivíduos e a prevalência estimada dos transtornos
mentais baseados no DSM-III-R/DSM-IV variou bastante, desde 3% no Japão até
16,9% nos EUA, em uma média de 8 a 12%. A taxa de prevalência no último ano antes
da entrevista variou de 40% a 55%, a taxa no ultimo mês variou de 45% a 65%, e a
média de idade em que o transtorno iniciou ficou entre 20 e 25 anos na maioria dos
países. Neste estudo, mulheres solteiras tiveram significativamente mais transtornos
mentais. Além disso, verificou-se que episódio depressivo maior era fortemente
associado a transtornos de ansiedade em todos os países analisados, sendo que o
transtorno de pânico e transtorno de ansiedade generalizada foram os maiores fatores
preditivos para o desencadeamento de depressão secundária.
Diferenças entre os gêneros foram encontradas em estudos prospectivos para se
determinar incidência de transtornos mentais (Andrade et al., 2006). No estudo
NEMESIS (Kessler et al, 1994), uso de substâncias, particularmente abuso de álcool, foi
o transtorno com maior incidência em homens (incidência de 4,09), seguido por
depressão (1,72), fobia simples (1,34) e dependência ao álcool (0,82). Para mulheres, o
transtorno com maior incidência foi depressão (3,9), seguida por fobia simples (3,17). A
razão entre as incidências para mulheres e homens (controlada para idade), fornecendo
uma medida do risco das mulheres em relação aos homens, foi de 1,54 para qualquer
15
transtorno
mental.
Essa
razão
foi
maior
para
transtornos
ansiosos
(2,58),
particularmente para transtorno de pânico (4,17), seguido pelos transtornos do humor
(2,39). A razão se inverte para transtornos relacionados ao uso de substâncias, sendo
maior o risco para homens (3,7). Mortes por suicídio são mais freqüentes em homens
do que em mulheres, com a razão de 3,6 homens para 1 mulher no mundo e 3,5:1 no
Brasil, em 1995. Exceto na China, com semelhantes taxas nas áreas urbanas e maior
freqüência entre as mulheres nas áreas rurais. Embora as estatísticas de tentativas de
suicídio sejam pouco fidedignas, estas parecem ocorrer com maior freqüência em
mulheres que em homens, e entre 10 a 20 vezes mais freqüentemente do que as
mortes por suicídio (World Mental Health, 1999).
Os transtornos depressivos são altamente prevalentes, tendem a afetar mais
adultos jovens e apresentam um curso episódico ou crônico. São geralmente mais
comuns em mulheres, em pessoas de menor renda, menor escolaridade, e estão
associados a uma maior utilização dos serviços de saúde em geral (Andrade et al.,
2002). Desta forma, Lima (1999) conclui que os achados de estudos populacionais
sugerem que maior atenção deve ser dada a transtornos de severidade e duração
menor, já que essas condições também se associam à incapacidade e prejuízo social,
além de constituírem-se em condições de risco para o desenvolvimento de transtornos
mentais mais severos.
16
1.2 Epidemiologia dos Transtornos Mentais na população trabalhadora
Ainda em termos epidemiológicos, particularmente na população trabalhadora,
os episódios depressivos e o estresse estão entre os mais estudados (Thomas &
Morris, 2003). Estatísticas oficiais Inglesas (Office for National Statistics, 2000) estimam
uma prevalência de depressão em adultos de 28 por 1000 entre mulheres e de 24 por
1000 em homens. Em maio de 2009, na reunião da Associação Psiquiátrica Americana
(APA), Kenneth Kendler abordou a importância da epidemiologia genética na
psiquiatria. Assim, a hereditariedade dos transtornos psiquiátricos varia de 20 a 40% na
ansiedade, na depressão, bulimia e transtorno de personalidade; de 40 a 60% na
dependência de álcool e drogas; de 60 a 80% na esquizofrenia e transtorno bipolar e
até 80 a 100% no autismo. De acordo com este autor, todos os transtornos psiquiátricos
seriam hereditários, porém em muitos deles, fatores de risco genéticos e ambientais
não apenas se somariam, mas também os genes influenciariam a sensibilidade aos
efeitos patogênicos de estressores ambientais e a probabilidade de exposição a
ambientes de alto risco, inclusive ocupacionais (Lenroot et al., 2009).
Em termos econômicos, há diversos estudos demonstrando o impacto que os
transtornos mentais têm. Nos Estados Unidos, o absenteísmo e a redução de
produtividade decorrente de distúrbios ansiosos atingiram 4,1 bilhões de dólares em
1990 (Greenberg et al., 1999). O absenteísmo atribuído à depressão levou a perdas
anuais estimadas em 17 bilhões de dólares (Greenberg et al.,1993).
Em Kessler et al. (2003), foi utilizado um instrumento de pesquisa autoaplicável
chamado Questionário de Performance no Trabalho da Organização Mundial de Saúde
(HPQ - World Health Organization Health and Work Performance Questionnaire), criado
17
para estimar os custos de trabalho
relacionados a problemas como redução da
performance, absenteísmo por doenças e acidentes e doenças relacionados ao
trabalho. Para isso compararam quatro grupos: agentes de reservas de companhias
aéreas (n = 441), representantes do serviço de atenção ao cliente (n = 505), executivos
de companhias automobilísticas (n = 554) e engenheiros de estradas de ferro (n = 850).
Apesar de áreas tão diferentes o estudo concluiu que são semelhantes no que se refere
aos custos de redução de produtividade, principalmente no que tangem os transtornos
mentais. Através deste mesmo questionário, foram encontradas diversas doenças
associadas a condições de trabalho (absenteísmo, presenteísmo e incidentes críticos)
tais como: artrite, asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, depressão e cefaléia
crônica. Dentre elas, somente a depressão afetava as três condições, enquanto as
demais afetam uma ou no máximo duas (Wang et al. 2003).
Dentre os transtornos mentais, a depressão é um dos que representam maior
ônus para a sociedade e os indivíduos afetados, já que pacientes deprimidos ficam
incapacitados em média 35 dias/ano (Teng et al., 2009). Traz consequências na forma
de perda da produtividade (Stewart et al., 2003), na piora da qualidade de vida (Murray
& Lopez, 1997), na má evolução de doenças clínicas e concomitantes, já que dificulta a
adesão aos tratamentos e aumentam a mortalidade dos idosos com doenças crônicas
(Moussavi et al., 2007), e até na morte por suicídio, já que a depressão aumenta de 12
a 20 vezes o risco de morte por suicídio em relação à população em geral e
corresponde a 20,8%-35,8% dos casos de tentativas de suicídios que se tornaram
fatais (Teng et al., 2005; Teng et al., 2007).
Segundo Lerner (2010), o estresse psicológico no ambiente de trabalho pode
levar a um enorme custo econômico e humano, principalmente quando trabalhadores
18
são acometidos de depressão, já que muitos têm problemas em desempenhar
adequadamente suas tarefas e serem produtivos para a empresa. Foram avaliados
14.268 adultos empregados, sendo que 286 trabalhadores deprimidos foram
comparados a 193 não-deprimidos. Para este estudo, a equipe de pesquisadores
recrutou participantes entre 2001 e 2003 em consultórios médicos. As conclusões do
estudo indicam que há uma vinculação entre a produtividade de um empregado e sua
capacidade para controlar seu trabalho, já que frequentemente estes trabalhadores
deprimidos estavam cansados e apresentavam problemas de motivação, dificuldades
para ajustar-se a um ritmo de trabalho ou rotina, bem como para desempenhar tarefas
físicas e lidar com a carga de trabalho habitual.
1.3 Epidemiologia dos Transtornos Mentais na população trabalhadora
No Brasil, ainda é muito pequeno o número de investigações epidemiológicas de
base populacional. Entretanto, nas últimas décadas, isto vem se modificando. Iacoponi
(1989) encontrou uma prevalência desses transtornos em cerca de metade dos
pacientes em serviços de atenção primária à saúde em São Paulo. Em Porto Alegre e
São Paulo, cerca de 50% dos pacientes que procuram os serviços primários de saúde
são considerados portadores de distúrbios mentais não-psicóticos (Coutinho et al.,
1999). No Rio de Janeiro, em 1995, observou-se a presença desses quadros em cerca
de um terço dos pacientes de um ambulatório geral universitário.
Lima (1999) comparou cinco estudos no Brasil e concluiu que as prevalências de
depressão maior e de distimia, bem como a de outros transtornos depressivos, são
altas, independentemente do lugar onde a pesquisa foi conduzida, tipo de instrumento
19
diagnóstico usado ou dos períodos de tempo para os quais a prevalência se aplica.
Depressão é mais comum entre mulheres, pessoas divorciadas ou separadas, ou
vivendo sozinhas, com baixo nível de escolaridade e renda, desempregadas e
moradores de zonas urbanas (Lima et al.,1996). Além disso, pessoas deprimidas são
mais sujeitas a consultarem médicos e a serem hospitalizadas. O custo e a eficácia dos
tratamentos para depressão devem ser balanceados com o alto custo individual e social
associados à enfermidade (Lima, 1999).
A preocupação com a exposição a riscos potenciais de doenças ocupacionais
vem aumentando, tanto por parte dos próprios trabalhadores e associações que os
representam,
quanto
das
empresas,
dos
médicos
e
dos
próprios
órgãos
governamentais que fiscalizam e regem leis sobre estas questões (MPS, 2007).
Entretanto, o trabalho só foi reconhecido mais efetivamente como possível causador de
doença mental nas últimas três décadas, principalmente graças ao crescimento da
Ergonomia que, apesar de reconhecer a inexistência de um consenso em relação à
classificação dos distúrbios psíquicos relacionados ao trabalho, também admite a
existência do reconhecimento dos cientistas quanto à importância dessa relação
(Seligmann-Silva, 2003).
Cientificamente, diversos fatores ocupacionais têm sido relacionados a doenças
mentais, principalmente atividades socialmente desprestigiadas como pessoas que
mantém contato com cadáveres, esgoto e lixo; também atividades em que a tensão
gerada é constante e elevada, especialmente quando não ocorre apoio social e
reconhecimento, como é o caso de atividades perigosas, ou com grande densidade de
atividade mental, ou ainda trabalhos monótonos ou trabalhos que gerem isolamento ou
afastamento prolongado do lar (Seligmann-Silva, 2003).
20
Desta forma, cada vez mais tem sido discutida a questão destes transtornos
mentais nas empresas – seriam fatores pessoais predisponentes os causadores destes
transtornos ou a influência do meio ambiente, dentre eles o trabalho? No entanto a
doença mental/comportamental possui etiologia variada, indo desde os fatores
orgânicos até os essencialmente psicológicos (Kendler 1999). Nesse sentido, o
Ministério da Saúde (2001), no livro Doenças Relacionadas com o Trabalho - Manual de
Procedimentos para os Serviços de Saúde, relaciona uma série de exemplos de
produtos químicos passíveis de causarem transtorno mental, destacando-se monóxido
de carbono, sulfeto de hidrogênio, sulfeto de carbono, metais pesados, tricloroetileno,
tolueno, brometo de metila, entre outros.
Um estudo epidemiológico realizado por Barbosa-Branco et al. (2003), realizado
com dados provenientes do Sistema Único de Benefícios – SUB do Ministério da
Previdência Social – MPS (2003), utilizou informações referentes aos registros de
pagamentos de benefícios para trabalhadores no período de 1999 a 2002, relacionando
a Doença (CID-10) e o ramo de atividade econômica – CNAE. A análise dos dados foi
estruturada em quatro eixos: morbidade; custos, perda de produtividade e
reconhecimento formal da relação doença mental – trabalho – calculada pela proporção
entre os benefícios acidentários por doença mental e os benefícios acidentários por
todas as causas. Estes autores encontraram uma prevalência de benefícios por doença
mental de 10,04 por 1000 vínculos no período e concluíram que as doenças mentais
representam uma importante causa de incapacidade para o trabalho, com elevado
impacto social e econômico. Além disso, essas doenças distribuem-se de formas
diferentes entre os ramos de atividade, sendo que aqueles com maior participação do
sexo feminino são mais atingidos pelos distúrbios afetivos, enquanto os com
21
predominância masculina sofrem maior impacto dos distúrbios mentais devido ao uso
de substâncias psicoativas. Assim, os distúrbios afetivos foram as doenças mentais e
comportamentais mais prevalentes, tanto em quantidade de benefícios quanto em
custos previdenciários. Entretanto, para estes autores, ocorre forte subnotificação, já
que a caracterização destas doenças como relacionadas ao trabalho pode depender
mais da organização da classe do que necessariamente dos fatores de risco (BarbosaBranco et al.,2003). Entretanto, uma das características da doença mental,
principalmente na sua relação com o trabalho, é a invisibilidade, pois grande parte das
alterações psíquicas envolve processos crônicos, cumulativos e multicausais, já que
doenças como hipertensão arterial, úlcera gástrica e doenças de pele têm grande
relação com problemas mentais como depressão, alcoolismo, ansiedade generalizada e
reações ao estresse (Barbosa-Branco et al., 2003).
Em relação à saúde do trabalhador no Brasil, para Wünsch-Filho (2004), asma e
os transtornos mentais deverão assumir gradativamente maior relevância na nosologia
ocupacional nas próximas décadas, de acordo com as tendências observadas. Para o
Ministério da Saúde (2001), fatores econômicos como a insegurança no emprego, o
próprio desemprego em si, o subemprego e a segmentação crescente do mercado de
trabalho podem contribuir com os processos psicopatológicos desenvolvidos pelo
trabalhador. Assim, o INSS elaborou as Diretrizes de Conduta Médico-Pericial em
Transtornos Mentais, por meio da Orientação Interna nº 203, de 19 de novembro de
2008, aprovado pelo Conselho Federal de Medicina (PARECER CFM Nº 22/08). Esse
documento auxilia os médicos peritos do INSS a enquadrar os transtornos mentais
como decorrentes do trabalho, bem como avaliar o grau de incapacidade, levando-se
em consideração limitações da vida diária e funções sociais.
22
Além disso, até o mês de abril de 2007, era obrigatória a existência de uma
Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT, protocolada junto ao INSS. A partir desta
data, com a implementação do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP)
houve a possibilidade de caracterização da natureza acidentária a partir da anamnese
do caso efetuada pela perícia médica do INSS, mesmo sem a CAT, de acordo com
Anexo II. (Decreto Nº 3.048/1999). Isso provocou uma mudança radical no perfil da
concessão de auxílios-doença de natureza acidentária: houve um incremento da ordem
de 148%. Segundo relatório do MPS (Ministério da Previdência Social), a quantidade de
afastamentos por distúrbios mentais e comportamentais cresceu 22 vezes entre 2006 e
2009. Foram 612 profissionais afastados em 2006 e 13.478 em 2009, dos quais 12.277
(cerca de 90% do total) apresentavam estresse e transtorno de humor. O aumento no
índice pode ser atribuído tanto ao real crescimento das fontes de mal-estar no emprego
quanto à falha nas notificações anteriores à criação do Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário em 2007. Entretanto há ainda muita dificuldade em realizar o diagnóstico
desse tipo de transtorno, já que os trabalhadores podem ter medo de serem
estigmatizados, demitidos ou terem o salário reduzido. Em 2007, com base no Código
Internacional de Doenças (CID), os diagnósticos psiquiátricos mais frequentemente
associados ao trabalho foram F43 (reação ao estresse grave) e F32 (episódios
depressivos). Em 2008, estes mesmos diagnósticos relacionados ao trabalho sofreram
um aumento de 33% e 44% respectivamente (MPS, 2010). Os casos de acidentes de
trabalho/doenças ocupacionais, não-psiquiátricos, aumentaram apenas 13% no mesmo
período. Significativa parcela deste aumento deveu-se a benefícios sem emissão de
CAT, ou seja, com nexo firmado baseando-se exclusivamente em associações do
anexo II do Decreto 3048/99 ou do cruzamento entre CID e CNAE (NTEP). Percebe-se
23
que houve nos últimos anos um importante aumento das enfermidades psiquiátricas
consideradas como ocupacionais pela Previdência Social.
Nesse cenário de maior preocupação com a saúde dos trabalhadores e com
maiores investimentos em prevenção é que se incluem as Agroindústrias. A avicultura é
um setor que cresceu rapidamente e despontou em meio ao progresso do Brasil e de
diversos países. Desta forma, o mundo passou a contar com um setor fornecedor de
alimentos de qualidade, porém muito parecidos entre si, demandando uma ampliação
considerável do quadro de trabalhadores, o que apesar de ter favorecido milhares de
pessoas também pode ter sido prejudicial para alguns trabalhadores de frigoríficos,
expostos à ambientes com baixas temperaturas, repetitividade, monotonia, trabalhos
em turnos e alta demanda de trabalho (Mosisa, 2002; Tossi, 2002).
Portanto, em função de todo este contexto de ocupações em frigoríficos de aves
e sua possível relação com doenças mentais determinada pelo NTEP, e mesmo já
havendo vários estudos demonstrando alta prevalência de transtornos mentais no
Mundo, no Brasil e relacionados ao Trabalho, é que se justifica a realização desta
pesquisa, já que até o presente momento não há um estudo de prevalência de
transtornos mentais com base populacional que pudesse comparar trabalhadores do
segmento frigorífico em relação à população da região de Criciúma em Santa Catarina.
Assim, espera-se com este trabalho verificar se existe realmente uma maior prevalência
de sintomas psíquicos dentro de uma população de trabalhadores de um Frigorífico do
Sul de Santa Catarina em relação ao grupo controle - uma população de um
ambulatório geral ligado à Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina. Isto
propiciará um maior entendimento das doenças psíquicas em um contexto ocupacional,
e auxiliará novos projetos.
24
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral:
• O objetivo geral deste estudo é avaliar se existe uma maior prevalência de
transtornos mentais em uma população de indústria de Abate e Processamento
de Aves na região de Criciúma em relação à população de um ambulatório geral.
2.2 Objetivos específicos:
• Conhecer o perfil epidemiológico e avaliar a prevalência de transtornos mentais
nesta indústria frigorífica;
• Conhecer o perfil epidemiológico e avaliar a prevalência de transtornos mentais
numa amostra da população de Criciúma, que procuram o ambulatório geral da
Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina (UNESC);
• Correlacionar e comparar estas prevalências.
25
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, realizado em uma amostra de 103
colaboradores de uma Indústria de Abate de Aves localizada no Sul de Santa Catarina,
designada neste trabalho como “grupo empresa” e em uma amostra de 25 pacientes do
ambulatório geral da Universidade do Extremo Sul Catarinense, designada “grupo
ambulatório geral”.
Durante o período do estudo, foram elegíveis todos os funcionários entre 18 e 50
anos da referida empresa, e todos os pacientes entre 18 e 50 anos do ambulatório geral
da UNESC. Foram excluídos pacientes em acompanhamento em ambulatório de
referência de Saúde Mental, ou já com diagnóstico confirmado de Transtorno Mental,
realizado por Psiquiatra. Os participantes foram incluídos somente após consentimento
livre e informado (Anexo I). Antes de sua execução este projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense sob o
protocolo número 220/2010.
A coleta de dados foi feita através de um questionário padronizado, com
informações sócio-demográficas (idade, sexo, renda, nível de instrução, estado civil,
número de filhos) e ocupacionais (local de trabalho, tempo de empresa) relacionadas a
possíveis sintomas de Transtornos Mentais. Para diagnóstico de doenças psiquiátricas
utilizou-se o M.I.N.I. Plus versão 5.0.0, validado no Brasil por Amorim (2000). O MINI é
uma entrevista diagnóstica padronizada breve (15-30 minutos), compatível com os
critérios do DSM-III-R/IV e da CID-10, destinada à utilização na prática clínica e na
pesquisa em atenção primária e em psiquiatria, e pode ser utilizada por clínicos após
um treinamento rápido (de 1 a 3 horas). A versão Plus foi usada neste estudo por ser
26
mais detalhada e incluir sintomas imputáveis a uma causa orgânica ou ao uso de
medicamentos, droga ou álcool, além de gerar diagnósticos positivos dos principais
transtornos psicóticos e do humor do DSM-IV.
O presente estudo não interferiu negativamente nos cuidados dos pacientes,
nem de forma alguma serviu ou servirá para prejudicar a empresa ou seu colaborador.
Após a coleta, os dados foram inseridos em planilha eletrônica, para posterior
análise estatística. Após a digitação dos dados, houve um procedimento de checagem
em duplicata de uma amostra aleatória de 10% do total de pacientes incluídos na
amostra da empresa. As comparações de variáveis categóricas foram feitas com o teste
do qui-quadrado. As variáveis contínuas foram apresentadas na forma de média ±
desvio padrão ou de mediana (intervalo interquartil) e comparadas com o teste tStudent ou o teste U de Mann-Whitney Rank-sum conforme indicado. Em todas as
análises, foi adotado como nível para significância estatística um valor de P <0,05
bicaudado.
O planejamento amostral foi baseado na seguinte composição: Desvio padrão:
20.0000; diferença a ser detectada: 10.0000; nível de significância: 1%, poder do teste:
90%; tamanho da amostra calculado para grupo empresa: 103.
27
4 RESULTADOS
Foram aplicados 103 questionários socioeconômicos na empresa (grupo
Empresa) e 25 no ambulatório da Universidade do Extremo Sul Catarinense (grupo
UNESC), após orientação e assinatura do Termo de Consentimento (Anexo 1), em
salas individuais, através de alunos treinados do Curso de Psicologia da Universidade
do Extremo Sul Catarinense. Após a aplicação dos questionários socioeconômicos
(Anexo 2), foi feita a aplicação do M.I.N.I. Plus versão 5.0.0 (Anexo 3).
Os resultados serão apresentados em quatro tabelas, comparando-se os dados
do grupo empresa e do grupo UNESC. Inicialmente são apresentados os dados sóciodemógraficos (Tabela 1), as características relacionadas ao trabalho (Tabela 2), o perfil
psicossocial (Tabela 3) e os diagnósticos segundo o Mini-International Neuropsychiatric
Interwiew (MINI-PLUS). No próximo capítulo serão analisados mais profundamente.
A idade média da população estudada foi de 29,28 anos (DP 7,63), idade mínima
de 18 (limite inferior para ambos os grupos) e idade máxima de 48 e 50 anos
respectivamente, no grupo Empresa e grupo UNESC. Com relação ao gênero, as
mulheres corresponderam a 68,9% no grupo empresa e a 80% na UNESC. Como
atividade principal do grupo Empresa, a maioria era assistente de produção (P = 0,000),
principalmente na Sala de Cortes (62,1%), e abaixo de 30 anos. Dentre os setores com
maior número de respondentes estão, nesta ordem: Sala de Cortes (64), Abate (18),
Áreas de Apoio (15) e Área Fria (06).
No grupo Empresa, em relação ao gênero, os homens correspondem a 31,1%
(32) e as mulheres correspondem a 68,9%. No grupo UNESC, 20 e 80%,
respectivamente. Quanto ao estado civil, no grupo Empresa 45% eram solteiros, 41%
28
casados, 7% separados e 7% referiram "outro". No grupo UNESC, 64% casados e 24%
solteiros. A maior parte dos entrevistados provinham de área urbana (89,3% e 100%,
respectivamente), principalmente da cidade de Criciúma (56.4% e 88%).
No grupo Empresa a maioria tem renda familiar entre um e dois salários mínimos
(P = 0,051) e é bastante comum os casos de marido e mulher trabalhando em turnos
diferentes para poder cuidar das crianças. No grupo UNESC, houve diversos tipos de
ocupação, inclusive casos de estagiários (32%) ou pessoas que ficavam em casa (do
lar 44%, autônomos 4% e não trabalham 8%), por isso na tabela 2 colocou-se N/A (Não
se aplica). Somente 28% tinham carteira assinada. Já em relação à renda, 60% entre 2
e 4 salários mínimos e 20% de 1 a 2 salários. A maioria respondeu que apenas trabalha
e que é o principal responsável pelo sustento da família (P = 0,000). Por se tratar de
uma empresa privada, o tipo de vínculo é o contrato formal (P = 0,000), pois só haviam
2 estagiários. Quanto à escolaridade, houve mais tempo de estudo em relação aos pais
(P <0,001) nos dois grupos. Em relação ao número de filhos, não houve significância
estatística (P = 0,342), e a taxa média ficou entre 0 e 2 filhos para ambos os grupos.
Nos dois grupos houve baixas taxas de atividades em geral, quer desportivas,
recreativas, culturais ou artísticas (P = 0,953), entidades (P = 0,417) ou de ajuda
financeira ou voluntariado (P = 0,059). No que tange à religiosidade, dentro do grupo
Empresa, 42,7% se disseram católicos, 32% evangélicos ou protestantes e 22,3%
acreditam em Deus, mas não seguem uma religião específica (P = 0,129). No grupo
UNESC, 64% se disseram católicos, 32% evangélicos ou protestantes e 4% acreditam
em Deus, mas não seguem uma religião específica. No total, 85,4% e 88%,
respectivamente, receberam algum tipo de educação religiosa na infância (P = 0,371)
29
sendo que 93,2% e 100% costumam orar ou rezar regularmente (P = 0,180). Entretanto
não houve significância estatística com as doenças investigadas.
Quando questionados se já haviam feito algum tratamento psiquiátrico ou
psicológico, 76,7% no grupo Empresa e 60% no grupo UNESC responderam que nunca
o fizeram. Dentre os que responderam sim, houve referência a motivos diversos como
depressão, ansiedade e problemas de relacionamento familiar. Entretanto, no presente
estudo, mais de 80% em ambos os grupos referiram nunca ter sofrido algum tipo de ato
violento como sequestro, espancamento, estupro ou violência doméstica. Apesar disso,
17 pessoas do grupo empresa (16,5%) e 5 do controle referiram já ter vivenciado
alguma destas situações. Ao serem perguntados sobre felicidade de maneira geral, no
grupo Empresa 83,5% (P = 0,000), enquanto que 77,7% (P = 0,001) disseram se sentir
felizes na vida. No grupo UNESC, 52% disseram se sentir felizes no trabalho, porém
44% disseram não trabalhar. Dos que responderam não se sentir felizes na vida, a
maioria referiu motivos ligados aos inter-relacionamentos familiares (relação difícil com
parceiro, filhos e outros parentes, solidão, falta de afeto e falta de sentido na vida) e
condições financeiras (baixa remuneração, dívidas). Em relação aos diagnósticos
avaliados pelo M.I.N.I. Plus, no grupo UNESC não houve prevalência aumentada dos
transtornos mentais pesquisados. Já no grupo Empresa houve prevalência aumentada
apenas para agorafobia (P = 0.043). As prinicpais prevalências encontradas no grupo
empresa foram: 35,9% para episódio depressivo maior, 33% para risco de suicídio,
28,1% para episódio maníaco / hipomaníaco, 21,4% para agorafobia, 12,6% para
transtorno de pânico, 11,7% para fobia social e 10,7% para fobia específica. Já no
grupo UNESC, as principais prevalências encontradas foram: 40% para episódio
depressivo maior, 32% para risco de suicídio, 24% para episódio maníaco /
30
hipomaníaco e 16% para Transtorno Obssessivo Compulsivo. As fobias não foram tão
importantes quanto no grupo Empresa.
Tabela 1 - Freqüência dos sujeitos de acordo com as características sócio-demográficas.
(n = 103 Grupo Empresa/ n= 25 Grupo ambulatório geral)
Indicador
n
(%)
N
(%)
Sexo
P
0,273
Masculino
Feminino
32
71
31,1%
68,9%
18
64
06
15
17,5%
62,1%
5,8%
14,6%
39
41
5
1
17
37,9%
39,8%
4,8%
1,0%
16,5%
5
20
20%
80%
6
16
2
1
24%
64%
8%
4%
Setor
Abate
Sala de Cortes
Área fria
Apoio
Estado civil
Solteiro
Casado
Separado/Divorciado
Viúvo
Vive c/ companheira
Região em que mora
Urbana
Rural
Cidade
Criciúma
Nova Veneza
Forquilhinha
Outras
Filhos
Nenhum
Um
Dois
Três
Quatro ou mais
Escolaridade
Fundamental incompleto
Fundamental completo
Médio incompleto
Médio completo
Superior incompleto
Superior completo
Especialização
0,130
0,087
92
11
89,3%
10,7%
25
100%
58
26
14
5
56,4%
25,2%
13,6%
4,8%
22
88%
3
12%
0,456
0,342
40
31
18
9
5
38,8%
30,1%
17,5%
8,7%
4,9%
8
32%
6
6
5
24%
24%
20%
36
12
22
25
6
1
1
35,0%
11,6%
21,4%
24,2%
5,8%
1,0%
1,0%
7
2
4
7
5
28%
8%
16%
28%
20%
0,410
31
Tabela 2 - Freqüência dos sujeitos de acordo com as características relacionadas ao
trabalho. (n = 103 Grupo Empresa/ n = 25 Grupo ambulatório geral)
Indicador
Situação de trabalho
Trabalha e estuda
Apenas trabalha
Apenas estuda
Desempregado
Licença/incapacitado para o trabalho
Aposentado
Nem trabalha/nem estuda
Ocupação principal
Ajudante geral
Outros
N
%
N
%
13
90
12,6%
87,4%
6
4
1
5
3
1
5
24%
16%
4%
20%
12%
4%
20%
0,000
0,000
86
17
83,5%
16,5%
N/A*
N/A*
Condição Trabalhista
0,000
Carteira assinada
Estágio remunerado
Do lar
Não trabalham
Autônomo
Renda familiar (Base Salário Mínimo)
Menos de 1 salário
De 1 a 2 salários
De 2 a 4 salários
De 4 a 6 salários
Mais de 6 salários
Participação na renda
Não trabalha/Sustentado
Trabalha/Sustentado
Somente próprio sustento
Sustento parcial de outros
Principal responsável sustento outros
Quantas pessoas ajudam na renda
101
2
9
14
71
9
8,7%
13,6%
68,9%
8,7%
Uma
Duas
Três
Quatro
Mais de Cinco
Quantas pessoas vivem da renda
Uma
Duas
Três
Quatro
Cinco
Mais de cinco
27
58
14
3
1
26,2%
56,3%
13,6%
2,9%
1,0%
*N/A: Não se aplica
P
98,0%
2,0%
7
4
11
2
1
28%
32%
44%
8%
4%
1
5
15
4
4%
20%
60%
16%
0,051
37
47
10
9
35,9%
45,6%
9,7%
8,7%
0,000
12
6
7
-
48%
24%
10
10
5
40%
40%
20%
28%
0,567
0,498
14
23
29
22
11
4
13,6%
22,3%
28,2%
21,4%
10,7%
3,9%
1
2
6
6
8
1
4%
8%
24%
24%
32%
4%
32
Tabela 3 - Freqüência dos sujeitos de acordo com as características psicossociais
(n = 103 Grupo Empresa/ n = 25 Grupo ambulatório geral )
Indicador
n
(%)
N
(%)
Atividades desportivas ou artístico-culturais
Sim
Não
Participa em entidades
Sim (Associação bairro,Sindicato
Partido, associação política, time
de futebol, grupo religioso)
Não
Trabalho voluntário
28
75
27,2%
72,8%
4
21
16%
84%
0,417
27
26,2%
4
16%
76
73,8%
21
84%
Sim
Não
Religiosidade
15
88
14,6%
85,4%
6
19
24%
76%
Acredita Deus, mas sem religião definida
Católico
Protestante/Evangélicos
Espírita
Outra religião
Educação religiosa na infância
23
44
33
2
1
Sim
Não
0,059
0,129
22,3%
42,7%
32,0%
1,9%
1,0%
1
16
8
4%
64%
32%
0,371
88
15
85,4%
14,6%
22
3
88%
12%
0,180
Reza ou ora
Sim
Não
96
7
93,2%
6,8%
25
100%
15
2
85
1
14,6%
1,9%
82,5%
1,0%
1
2
22
4%
8%
88%
Vítima de Ato Violento
Sim, uma vez
Sim, mais de uma vez
Não
Prefere não declarar
Vítima de Violência Doméstica
0,215
0,328
Sim, uma vez
5
4,9%
Sim, mais de uma vez
11
10,7%
Não
86
83,5%
Prefere não declarar
1
1,0%
Tratamento com psicólogo ou psiquiatra alguma vez na vida
Sim, apenas terapia
Sim, apenas medicação
Sim, terapia e medicação
Não
3
10
11
79
2,9%
9,7%
10,7%
76,7%
2
8%
23
92%
0,249
4
2
4
15
16%%
8%
16%
60%
Você se sente feliz no trabalho
Sim
Não
Não trabalha ou não respondeu
0,000
86
17
83,5%
16,5%
13
1
11
52%
4%
44%
Você se sente feliz na vida
Sim
Não
P
0,953
0,001
80
23
77,7%
22,3%
23
2
92%
8%
33
Tabela 4 - Diagnósticos segundo o Mini-International Neuropsychiatric Interwiew (MINI-PLUS).
(n = 103 Grupo Empresa/ n= 25 Grupo ambulatório geral )
Presença do transtorno
% n
Empresa
(%)
% n
Ambulatório geral
(%)
P
Episódio Depressivo Maior (atual ,2 sem ou passado)
37
35,9%
10
40%
0,093
Transtorno Distímico (atual, últimos 2 anos ou passado)
6
5,8%
1
4%
0,711
Risco de suicídio (Baixo, médio, alto)
34
33,0%
8
32%
0,923
Episódio Maníaco/Hipomaníaco (atual ou passado)
29
28,1%
6
24%
0,093
Transtorno de Pânico (atual, último mês ou passado)
13
12,6%
2
8%
0,711
Agorafobia (atual)
22
21,4%
1
4%
0,043
Fobia Social (atual – último mês)
12
11,7%
1
4%
0,256
Fobia Específica (atual)
11
10,7%
2
8%
0,691
TOC (atual – último mês)
9
8,7%
4
16%
0,906
TEPT (atual – último mês)
(atual
–
Dependência/Abuso
de Álcool (Vida inteira ou últimos 12
m)
Dependência/Abuso de substância não álcool (Vida
inteira ou últimos 12 m)
6
5,8%
0
6
5,8%
2
1
1,0%
0
Transtornos Psicóticos (atual ou vida inteira)
10
9,7%
1
Anorexia nervosa
0
Bulimia nervosa
0
Transtorno de Ansiedade Generalizada
1
1%
0
0,781
Transtorno de Personalidade Anti-social
1
1%
0
0,621
Transtorno de Somatização
0
0
1
4%
0,621
Hipocondria
6
5,8%
2
8%
0,719
Transtorno Dismórfico Corporal
15
14,6%
6
12%
0,502
Transtorno Doloroso
0
1
4%
0,428
Transtorno da Conduta
0
0
Transtorno de Déficit de Atenção
0
1
4%
0,042
Transtorno Disfórico Pré-menstrual (Entre mulheres que
menstruam)
13
12,6%
2
8%
0,509
Transtorno misto de Ansiedade-depressão
4
3,9%
1
4%
0,999
0,216
8%
0,216
0,621
4%
0,378
0
0
34
5 DISCUSSÃO
É extremamente preocupante a magnitude epidemiológica dos transtornos
mentais das populações no mundo. A OMS estima que a depressão, por exemplo,
acometa em média 16% da população em alguma fase da vida (Waraich et al., 2004) e
afete pelo menos 50 milhões de pessoas, considerada um dos transtornos mentais
mais incapacitantes em função da sua duração, recorrência e multiplicidade de
indicadores de disfunção e sofrimento.No Brasil, levantamentos epidemiológicos
populacionais apontam para uma prevalência de transtornos mentais aproximada de
30% na população adulta, no período de um ano, e 20% destes precisariam de atenção
especializada em serviços de saúde mental, ou seja, um em cada cinco adultos com
algum tipo de transtorno mental necessita de acompanhamento psicológico e/ou
psiquiátrico (Almeida-Filho et al.,1997). Estes transtornos mentais são mais frequentes
na população feminina, aumentam com a idade e predominam no estrato de baixa
renda (Lima, 1999).
Fleck et al. (2002) foi o primeiro estudo no Brasil que mostrou associação de
sintomas depressivos e maior procura por serviços de cuidados primários em saúde e
também relacionou depressão a um pior funcionamento no trabalho e concluiu que é
uma das maiores causas de afastamento no trabalho, demonstrando mais dias perdidos
no trabalho também observado por Simon et al. (2002).
Desta forma, também no presente estudo, objetivou-se conhecer o perfil da
população da região de Criciúma que procura por serviços de cuidados primários em
saúde, no que diz respeito aos transtornos mentais, quer seja através de um
ambulatório geral de universidade ou num ambulatório de um frigorífico.
35
A idade média de 29,28 anos demonstra uma população relativamente jovem, o
que poderia explicar o grande número de solteiros nos dois grupos. Segundo AlmeidaFilho et al., (2004), a condição marital poderia influenciar na prevalência de transtornos
mentais, o que não parece ter sido o caso, já que não houve associação com o fato de
estar sozinho ou com parceiro.
A grande maioria respondeu que não participa de qualquer atividade desportiva,
recreativa, artístico-cultural, entidade ou associações. Da mesma forma, basicamente
não prestam serviços assistenciais, de ajuda financeira ou trabalhos voluntários. Esse
resultado pode demonstrar falta de tempo em realizar tais atividades, ou pelo excesso
de obrigações ou pelo próprio cansaço. Isso é preocupante, já que é fundamental para
a qualidade de vida do ser humano o equilíbrio entre prazer e obrigação. Segundo
Cañete (1996), as pessoas que praticam atividade física, por exemplo, são mais
saudáveis e muito menos propensas a adoecer, pois segundo Shephard (1999),
existem fortes e comprovadas evidências de que a prática de atividade física regular
atua contrariamente às doenças renais e artério-coronarianas, hipertensão, diabetes
mellitus tipo II, osteoporose, traumas cirúrgicos e alguns tipos de câncer, e que podem
inclusive atuar contra desordens neuro-musculares, problemas lombares, obesidade e
transtornos emocionais, principalmente depressão e ansiedade.
No que tange à religiosidade, em ambos os grupos a maioria recebeu algum tipo
de educação religiosa na infância e quase todos costumam orar/rezar com frequência.
No Brasil, vários autores têm estudado a religiosidade nas suas relações com o
sofrimento individual e os transtornos mentais (Dalgalarrondo, 2007). Lotufo Neto (1996)
avaliou a prevalência de transtornos mentais em ministros religiosos cristãos (nãocatólicos) no Brasil e observou que cerca da metade dos ministros religiosos (47%)
36
apresentou algum transtorno mental durante a vida e 12,5%, no mês precedente à
entrevista. Os transtornos mais freqüentes foram os depressivos (16,4%), do sono
(12,9%) e ansiosos (9,4%). Os principais fatores associados à presença destes
transtornos foram: problemas financeiros, conflitos com outros pastores ou os líderes
leigos da Igreja, dificuldades conjugais, problemas doutrinários na Igreja e sobrecarga
de trabalho. Fleck (2002) identificou numa amostra de 242 sujeitos (122 pacientes
psiquiátricos e 119 controles normais), que, de modo geral, as dimensões
espiritualidade e religiosidade associaram-se à melhor qualidade de vida. Volcan et al.
(2003) investigaram em 464 jovens universitários de Pelotas (RS) a relação entre bemestar espiritual e prevalência de possível transtorno mental e verificaram que jovens
com bem-estar espiritual baixo ou moderado apresentavam o dobro de chances de
apresentar também transtorno mental.
A empresa avaliada iniciou suas atividades em 1997 no município de Nova
Veneza, no sul do Estado de Santa Catarina, uma cidade com forte tradição italiana.
Especializada em cortes de frango, exporta 75 % de seus produtos para vários países e
atualmente são cerca de 1700 trabalhadores. Por se tratar de um frigorífico de abate e
processamento de aves, tem seu ponto de maior concentração de funcionários na Sala
de Cortes, cuja temperatura varia de 10 a 12 graus Celsius. O processo inicia no setor
de Recepção de Aves, onde os caminhões descarregam as aves que são penduradas
em ganchos de nóreas para serem abatidas, sangradas, escaldadas, depenadas,
evisceradas e pré-congeladas no setor de Evisceração/Schiller. Após esse processo, e
conforme o mix de produção, essas aves vão então para a Sala de Cortes através de
nóreas aéreas onde são cortadas, desossadas, pesadas, embaladas e encaminhadas
para o setor de Congelamento que envolve os setores de Armário de Placas, CMS e
37
Expedição, de onde o produto é despachado por caminhões até o seu destino. Em
relação às práticas de Gestão de Recursos Humanos, possui diversos programas e a
preocupação com o meio ambiente é um ponto forte e já renderam prêmios e
certificações. A grande maioria deste grupo Empresa atualmente apenas trabalha, já
que a carga horária é extensa: são 44 horas semanais, divididas em mais de 8 horas
diárias e mais o tempo gasto com deslocamento que em alguns casos chega a ser de 1
hora. A grande maioria dos respondentes que buscam a assistência médica
ambulatorial da empresa vem do setor de produção (cargo ajudante geral). Dentre os
setores com maior número de respondentes estão, nesta ordem: Sala de Cortes (64),
Abate (18), Áreas de Apoio (15) e Área Fria (06). Foram agrupados desta forma, pois as
atividades e os riscos são diferentes. Por exemplo, na Sala de Cortes a temperatura é
de 10 a 12 graus, é o setor onde ocorre o corte e o processamento da carne, é onde
tem maior número de funcionários e também onde ocorre o maior absenteísmo e a
maior procura ambulatorial. É considerada ergonomicamente como atividade de
estresse moderado, pois envolve atividades com faca, sob roupas especiais para frio,
com muitas pessoas e ao mesmo tempo permeadas por diversos tipos de máquinas
ruidosas, onde não há controle da velocidade pelo colaborador, com diversas chefias e
com riscos iminentes de acidentes pérfurocortantes, quedas pelo piso escorregadio,
traumas com bacias ou máquinas, além, é claro, da monotonia, da pressão por
resultados, do trabalho em turnos e do ambiente fechado, sem janelas e sem contato
com o exterior – não sabem se é dia ou noite, sol ou chuva. De acordo com NogueiraMartins (1998), a privação de sono pode acarretar dificuldade de concentração,
depressão, irritabilidade, inadequação afetiva e déficit de memória. Já no setor de
Abate é aonde o frango chega vivo para ser abatido e posteriormente escaldado,
38
depenado, eviscerado e pré-congelado. Podemos dividi-lo em Recepção de Aves e
Evisceração. Aqui os funcionários ganham insalubridade, pois lidam com o risco
biológico das aves e com a umidade constante. As áreas frias incluem Armário de
Placas (no qual chega o mix proveniente da Sala de Cortes para ser congelado), CMS
(estocagem nas câmaras frias) e Expedição (de onde é despachado o produto para os
caminhões contêineres. Nestes setores a temperatura fica abaixo de 10 graus.
Entretanto, nestes setores insalubres onde se esperaria um maior índice de
absenteísmo, não foi o que ocorreu, e sim no setor de Sala de Cortes. Talvez pelo fato
de haver muito mais mulheres neste setor, ao contrário dos demais onde predomina o
sexo masculino. Lerner et al., (2010), avaliaram 286 empregados deprimidos e
observaram que estes faltavam mais ao trabalho e tinham também uma saúde física
mais debilitada.
Em relação à felicidade, Diener et al., (2010) realizaram um estudo para explorar
as razões pelas quais a felicidade está associada com maior renda, incluindo o
atendimento às necessidades básicas, satisfação das necessidades psicológicas,
aumentando a satisfação com a qualidade de vida, e os bens públicos . Em todo o
mundo, a associação de renda com bem-estar subjetivo foi linear, mas convexo com
rendimento bruto, indicando o efeito marginal decrescente da renda em bem-estar
subjetivo. A renda foi um preditor moderadamente forte de avaliação da vida, mas um
indicador muito mais fraco dos sentimentos positivos e negativos. Assim, pode-se dizer
que existem dois tipos distintos de percepção do bem-estar: prosperidade econômica,
medida por padrão de vida e conveniências de luxo, que denota uma espécie de
evolução na vida, enquanto que prosperidade psicossocial reflete-se em sentimentos
positivos, medidos principalmente por satisfação de necessidades psicológicas básicas,
39
como aprendizagem, autonomia, uso da própria capacidade/habilidades, respeito e
possibilidade de contar com os outros em caso de emergência. Também Deaton (2008)
já havia observado que há alguma relação entre renda e satisfação na vida e com a
própria saúde. Esse resultado de felicidade e satisfação na vida é um fato interessante
de se ser observado, já que trabalhar neste segmento costuma estar associado com
adoecimento pelos órgãos governamentais brasileiros (MPS, 2007). Embora a natureza
dos tipos de trabalho esteja mudando de acordo com o crescimento e evolução da
economia mundial, e apesar do aumento da profissionalização em alguns casos, houve
aumento de funções que praticamente não requerem muita formação ou treinamento
(Hecker, 2005). Por exemplo nos Estados Unidos, o segmento que mais cresce é o de
trabalhadores latinos, muitos deles na indústria de processamento de aves (Mosisa,
2002; Tossi, 2002). Grzywacz et al, (2008) realizaram um dos primeiros estudos
sistemáticos abordando conflito família-trabalho entre imigrantes latinos nos EUA neste
tipo de ocupação. Os resultados indicam uma questão fortemente cultural envolvida
nisso, já que não se observou incidência aumentada de conflito família-trabalho entre
trabalhadores de indústria de processamento de aves, ao longo de toda a cadeia
produtiva (foram avaliados inclusive trabalhadores do campo). Houve diferença de
gênero entre os que tiveram mais conflito, pois demandas físicas contribuiram para
maior conflito entre as mulheres (provavelmente devido à dupla jornada). Também
houve fraca evidência de associação entre conflito família-trabalho com a saúde desta
população. A análise feita pelos autores indica que há uma tendência dos imigrantes
latinos em ver trabalho e família de uma forma mais integrada e não dissociada
(Spector et al., 2004), além disso, o mercado de trabalho americano é bastante restrito
e há relativamente poucas oportunidades de trabalho formal para imigrantes latinos
40
(Catanzarite, 2002), portanto uma das hipóteses é que o trabalho em indústria de aves
seja uma forma de gerar estabilidade e segurança financeira, mais do que em outras
atividades sasonais, como agricultura e construção civil (Grzywacz et al., 2008).
Também neste estudo pode-se supor que, apesar das longas jornadas de trabalho, do
pouco tempo disponível para outras atividades como lazer e estudo, o tempo disponível
seja usado para estar com a família e, da mesma forma que os imigrantes latinos nos
EUA, os trabalhadores da indústria de aves sentem que é melhor ter um trabalho “de
carteira assinada, com todos os direitos”, do que estar inseguros em atividades menos
estáveis ou informais.
No presente estudo encontrou-se prevalência aumentada para agorafobia (P =
0.043). De acordo com a literatura, sua prevalência estimada para 12 meses varia entre
5 e 12%. É duas vezes mais freqüente entre as mulheres (Magee et al., 1996). Já para
Goodwin et al (2005), a prevalência de 12 meses de transtorno do pânico e agorafobia
sem história de pânico foram estimadas em 1,8% (0,7-2,2) e 1,3% (0,7-2,0),
respectivamente. A diferença entre os sexos poderia ser atribuível a fatores
sócioculturais que permitem uma maior expressão de estratégias de enfrentamento de
esquiva por mulheres (DSM-IV), embora outras explicações sejam possíveis.
A etiologia da agorafobia não está totalmente identificada ou compreendida, mas
parece envolver uma combinção de fatores genéticos (Kessler et al., 1998; Smoller &
Tsuang, 1998; Maciejewski et al., 1999;), neuroendócrinos (Rush et al., 1998), sociais e
psicológicos (Barlow & Lehman, 1996; Coplan et al., 1997; Thorn et al., 1999 Kandel,
1999). Como conseqüências, trazem enorme prejuízo pessoal e social, principalmente
quanto mais precoce for o início dos sintomas fóbicos, levando a maiores taxas de
absenteísmo, maior amplitude dos sintomas fóbicos e mais complicações psiquiátricas
41
(Menezes et al., 2005). Há diversas escalas de avaliação, dentre elas o Inventário de
Ansiedade e Fobia Social (Social Phobia and Anxiety Inventory), validada em diferentes
países e línguas, que demonstraram idade de início bastante variada, porém com
predomínio em jovens (Turner et al., 1989; Clark et al., 1994; Osman et al., 1996;
Boegels & Reith, 1999; Olivares et al., 1999; Picon et al., 2005 – este último no Brasil,
com 1014 estudantes universitários do Rio Grande do Sul).
Nas últimas décadas, os estudos epidemiológicos têm contribuído de forma
significativa para uma melhor compreensão dos elos entre fatores do ambiente social e
a origem e o curso de distúrbios psiquiátricos. Grande parte desta produção acadêmica
está voltada para o papel dos chamados eventos de vida produtores de estresse
(stressful life events) como fatores de risco para transtornos mentais não-psicóticos
(Paykel, 1978; Surtees et al., 1986; Brown & Harris, 1989; Kendler et al., 1995).
Numerosos estudos indicam que os eventos estressantes são a chave dos distúrbios
psicológicos. Estresse severo geralmente precede o aparecimento ou agravamento da
doença em indivíduos vulneráveis e pode ser de primordial importância na gênese de
algumas perturbações mentais. Vários autores têm sugerido que os eventos de vida
desempenham um importante papel no desenvolvimento de sintomas relacionados a
fobias/agorafobia e pânico. Pollard, et al. (1989) avaliaram 50 indivíduos com
agorafobia e 62% reportaram eventos de vida prévios e desencadeantes que envolviam
perda, separação ou conflitos. Além disso, 12% tinha tido algum tipo de lesão ou
doença, 54% novas responsabilidades e 56% eventos múltiplos e diversos.
Rapee et al. avaliaram 64 indivíduos que sofriam de transtorno do pânico com
agorafobia e quase todos (98,4%) relataram pelo menos um acontecimento importante
na vida que havia ocorrido no período de 6 meses antes do início de sua doença:
42
60,9%
destes
acontecimentos
relacionados
à
saúde,
73,4%
devido
aos
relacionamentos interpessoais, 78,1% relacionados à carreira ou financeiros. Kleiner &
Marshall (1987) observaram que no ano anterior ao aparecimento do transtorno, 84%
apresentaram grave ou prolongado conflito
relatados
casamento
foram
(22%),
conflitos
isolamento
conjugal. Outros estressores comuns
família
social
(22%),
(64%),
morte
divórcio
de
um
ente
(26%),
querido
(22%), e mudança de residência (18%). Todos os precipitantes envolviam mais de um
estressor, com pelo menos um sendo de natureza interpessoal. Roy-Byrne et al. (1986),
examinou os eventos de vida durante o ano anterior ao início dos sintomas e os mais
freqüentemente relatados foram: mudança de de rotina, mudança para uma casa/bairro
melhor, ou mudança de cidade, aumento da carga de trabalho. Faravelli & Pallanti
concluiram que os pacientes experimentaram uma quantidade significativamente maior
de estresse durante os 12 meses anteriores ao aparrecimento dos sintomas, medida
pela escala de Paykel et al. (1971).
Scooco et al.(2007) analisaram 55 pacientes que sofrem de transtorno do pânico,
com ou sem agorafobia, em conformidade com os critérios diagnósticos especificados
no MINI PLUS, e analisaram problemas interpessoais e a capacidade de se adaptar e
obter satisfação do ambiente social através da Escala Social de Reajustamento
(Holmes et al., 1967). Observaram que todos os indivíduos tinham problemas
interpessoais relevantes no ano anterior ao início do transtorno: 92,7% haviam
experimentado uma transição de papéis, 85,5% tiveram déficits interpessoais, 74,5%
disputas de papéis e 38,2% haviam sofrido a perda de um ente querido. Estes
resultados também foram confirmados pela escala Paykel et al., (1971).
43
Lopes et al., (2003) avaliaram a associação entre eventos de vida produtores de
estresse (EVPE) e transtornos mentais comuns (TMC) em 4.030 indivíduos. Após ajuste
por sexo, idade, renda e situação conjugal, problemas financeiros graves foram os
eventos associados a uma chance mais elevada de TMC (OR = 2,6; IC95%: 2,2-3,0),
seguidos de agressão física (OR = 2,1; IC95%: 1,5-2,9), mudança forçada de moradia
(OR = 1,9; IC95%: 1,5-2,4), doença grave (OR = 1,8; IC95%: 1,5-2,1), rompimento de
relação amorosa (OR = 1,9; IC95%: 1,6-2,3), internação hospitalar (OR = 1,4; IC95%:
1,1-1,8) e assalto ou roubo (OR = 1,5; IC95%: 1,2-1,8). Assim, possivelmente a maior
dificuldade em se avaliar o papel dos determinantes sociais na iniciação e curso dos
distúrbios psiquiátricos encontra-se na possibilidade de causalidade bidirecional
associada a estes eventos. Fatores ambientais desfavoráveis estão sabidamente
associados ao aparecimento e/ou à maior severidade no curso de grande parte dos
distúrbios psiquiátricos.
Por outro lado, a doença mental pode provocar uma série de prejuízos sociais na
vida do indivíduo, como baixo nível educacional, desemprego, ruptura de relações
pessoais (Lopes et al., 2003). Na América Latina, e no Brasil especificamente, existem
vários fatores que contribuem para a elevada prevalência de eventos de vida
estressantes e de transtornos mentais na população, tais como processos acelerados
de urbanização e industrialização, acesso desigual aos cuidados de saúde, condições
de moradia inadequadas, distribuição desigual da renda, desemprego, altas taxas de
violência e criminalidade (Lopes et al., 2003). Portanto, distinguir fatores de risco de
efeitos adversos constitui um dos grandes desafios da área e por esse motivo talvez
seja difícil julgar o quanto o fator ocupacional influencia nos transtornos mentais a ponto
de imputar às empresas o ônus referente ao NTEP.
44
Apesar de “depressão ansiosa” não estar especificamente listada entre as
doenças do DSM-IV, este termo tem sido constantemente usado para descrever
pacientes depressivos com uma gama enorme de sintomas ansiosos (Kenedy, 2008).
Ansiedade está associada com depressão entre 50% e 60% dos casos (Fava et
al.,1997; Gaynes et al., 2007), pode ser exacerbada por relações familiares pobres e
variar conforme raça, sexo e classes sociais (Weisberg, 2009), além de estar associada
a transtornos concomitantes (Angst et al., 2009) e a uma menor taxa de resposta nos
pacientes depressivos, principalmente nos casos de Depressão refratária a tratamento
(Souery et al., 2007).
A Pesquisa Nacional de Comorbidade (National Comorbidity Survey – NCS)
mostrou que os transtornos de ansiedade e depressão frequentemente estão
associados e grande parte dos casos de depressão é secundária a um transtorno de
ansiedade (67,9%), especialmente o transtorno de pânico e, além disto, 35% a 91% dos
pacientes com transtorno do pânico também apresentam pelo menos um episódio de
depressão ao longo da vida (Kessler et al., 1994).
A chance de os pacientes
deprimidos apresentarem transtorno do pânico comórbido foi 12 vezes maior, sendo
que nos pacientes com transtorno de ansiedade generalizada foi 7 vezes maior (RoyByrne et al.,2000). O transtorno do pânico também está associado com outros
transtornos mentais como fobias ou abuso de álcool e benzodiazepínicos, o que pode
aumentar o risco de suicídio nestes pacientes (Nardi & Valença, 2005). Em relação ao
consumo de álcool, também não houve prevalência aumentada em nenhum dos
grupos. Ezzati et al., (2002), referem que este é um dos principais fatores para o ônus
das doenças em nível global e regional, principalmente nos países desenvolvidos ou
em desenvolvimento.
45
Apesar de não ter havido significância estatística, houve maior prevalência de
indivíduos do sexo feminino que buscaram atendimento tanto no grupo Empresa quanto
no grupo UNESC. Da mesma forma, dados da empresa mostram que por se tratar de
demanda espontânea de procura ambulatorial, esses dados corroboram com a
literatura no que diz respeito a uma maior procura do sexo feminino pelos serviços de
saúde, especialmente ambulatoriais, já que estudos mostram até uma prevalência de
79,8% de mulheres em serviços de atendimento primário (Schwenk et al.,1996).
Rocha e Ribeiro (2001), num estudo comparativo de gêneros sobre analistas de
sistemas, observaram a existência de fatores de incômodo predominantes em
mulheres, tais como: postura desconfortável, maior exposição ao computador, e
presença de equipamento obsoleto. Além disso, mulheres relataram maior freqüência
de sintomas visuais, musculares e relacionados ao estresse; maior insatisfação com o
trabalho, bem como maior fadiga física e mental. Existem hipóteses que tentam explicar
as diferenças entre os sexos, ressaltando que as mulheres são mais vulneráveis à
depressão do que os homens. O aspecto mais aceito e discutido está na importância de
variáveis sociais, como gestação, jornada de trabalho, estado marital e número de filhos
(Ware e Sherboune, 1992). Estudos também mostram a associação entre oscilações de
humor e alterações hormonais (Parry, 1995). Outros estudos mostram que os homens
reagiriam abusando de bebidas alcoólicas e através de outros comportamentos antisociais, ao passo que as mulheres reagiriam com depressão (Harris et al., 1991).
Estudos populacionais normalmente evidenciam ocorrência de depressão de duas a
três vezes maiores entre as mulheres (Riolo et al., 2005).
Em 2005, Wang e colaboradores realizaram um estudo em ambulatórios de
psiquiatria e verificaram predomínio de pacientes do sexo feminino, principalmente
46
mulheres com queixas depressivas e ansiosas. Estas pacientes costumam tanto
frequentar os serviços de atendimento médico primário (Toney, 2007) quanto os
serviços ginecológicos, cardiológicos, neurológicos e outros, sendo que ocorre maior
prevalência de depressão entre pacientes com doenças crônicas (Agatisa et al., 2005).
No Brasil, num estudo sobre prevalência de transtornos depressivos durante um
ano na cidade de Salvador (BA), foi demonstrado que o que estava mais fortemente
relacionado à presença dos transtornos depressivos em mulheres em relação aos
homens era o menor nível educacional (Almeida-Filho et al., 2004), em concordância
com outros estudos conduzidos no Brasil (Ludermir & Lewis, 2001; Lima et al., 1998).
Também no presente estudo, apesar de não ter havido prevalência aumentada
de casos de Episódio Depressivo Maior entre os respondentes, dentre os 37 que
preencheram critérios para este diagnóstico no grupo Empresa, apenas 5 eram do sexo
masculino, enquanto que 32 eram do sexo feminino (P = 0.004). Já na amostra do
ambulatório geral, não houve diferença estatística, talvez pelo n ser muito pequeno.
Embora as bases neurobiológicas da depressão não estejam totalmente
esclarecidas, vários pesquisadores da área destacam o aspecto multifatorial desse
transtorno, incluindo influências genéticas (Mc Guffin & Katz, 1991; Bierut et al., 1999),
biológicas (Steiner et al., 2003; Buist et al.,2006), ambientais e psicológicas (Kendler et
al.,1993; Kendler e Prescott 1999). Por exemplo, há determinados transtornos do humor
que ocorrem exclusivamente na mulher e apesar de receberem tratamentos
semelhantes, cada um deles tem sua particularidade clínica, já que o grande diferencial
biológico entre homens e mulheres sem dúvida é o ciclo reprodutivo feminino e suas
diferentes fases. Além das oscilações mensais dos hormônios sexuais regulados pelo
eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, a mulher passa por intensas alterações de seu perfil
47
hormonal na puberdade (menarca), na gravidez, no puerpério e no climatério (Veras et
al., 2006). Ainda em relação à influência dos fatores hormonais, indivíduos do sexo
feminino que apresentam menarca precoce ou tardia têm uma taxa de depressão ainda
mais elevada (30% e 34%, respectivamente). Assim, existe um transtorno chamado
disfórico pré-menstrual (TDPM), um transtorno variante da síndrome pré-menstrual,
mais severa ou extrema, cujos sintomas de disfunção serotoninérgica são comuns
também para ansiedade e depressão (Veras et al., 2006; Rennó et al., 2007; Valadares
et al., 2006) Em geral, os sintomas pioram com a aproximação da menstruação e
usualmente cessam de forma imediata ou logo a seguir (um a dois dias) ao início de
fluxo menstrual (Thys-Jacob et al., 1998; Parry, 1999). Hylan et al. (1999) avaliaram a
prevalência e o impacto desses sintomas peri-menstruais em mulheres de 18 a 49 anos
da população geral em três países: Estados Unidos, Inglaterra e França. Os resultados
foram consistentes entre eles, com 80% das mulheres tendo relatado irritabilidade/raiva,
fadiga e sensação de inchaço ou ganho de peso. Esses sintomas foram incapacitantes
e provocaram perdas de dias de trabalho, porém poucas receberam tratamento
adequado. Apesar de haverem procurado especialistas, muitas tinham a crença de não
existir tratamento para os seus sintomas. Angst et al. (2001) descreveram a prevalência
de alguns sintomas no período peri-menstrual em 299 mulheres de uma coorte em
Zurich, entre as idades de 21 e 35 anos, sendo este o primeiro estudo prospectivo, na
população geral, no qual foram avaliados sintomas perimenstruais, sua duração, padrão
de comorbidade, interferência nas atividades e grau de sofrimento, uso de medicações
e procura de tratamento, além de determinadas características de personalidade.
Irritabilidade e humor depressivo foram os sintomas mais comuns do período prémenstrual (44,6% e 29,1%), seguidos por nervosismo e tensão (23,3% e 22,3%),
48
enquanto humor irritável e depressivo foram os sintomas mais freqüentes no período
menstrual. A comorbidade mais comum dos sintomas perimenstruais foi com
transtornos do humor (depressão breve recorrente) e de ansiedade (generalizada). Foi
importante a associação com abuso/dependência de álcool (OR = 4,2), mas não foi
verificada associação com dependência de tabaco. O presente estudo também avaliou
estes sintomas perimenstruais através do MINI-Plus e demonstrou que entre as
mulheres que menstruavam no grupo Empresa (70), 18,5% delas apresentaram
critérios diagnósticos positivos para transtorno disfórico pré-menstrual, concordando
com a literatura.
Em relação aos fatores ambientais e psicológicos, as mulheres parecem ser mais
afetadas por relacionamentos interpessoais e mostram-se mais expostas a eventos
traumáticos como abuso físico e sexual (Golding, 1999; Keita, 2007). A prevalência de
depressão é duas vezes maior entre pacientes que sofreram estupro na infância (52%),
comparadas às que não sofreram estupro (27%) (Saunders et al.,1999). Além disso,
existem diferenças culturais na criação de meninos e meninas e maior exposição do
sexo feminino a estressores crônicos como a pobreza e a discriminação de gênero, que
reforçam a lista de fatores de risco para depressão (Belle & Doucet, 2003). Entretanto,
no presente estudo, a grande maioria referiu nunca ter sofrido algum tipo de ato violento
como seqüestro, espancamento, estupro ou violência doméstica.
Algumas limitações do estudo referem-se à população, já que o tamanho da
amostra do grupo UNESC ficou bastante reduzida, por questões da própria estrutura da
universidade alheias ao estudo. Além disso, a população é restrita geograficamente,
com predomínio europeu (italiano), e pode não se aplicar para toda uma população.
Além disso, a utilização de dados seccionais, que não permitem investigar a
49
possibilidade de causalidade reversa. Outra limitação refere-se ao instrumento utilizado
o MINI desenvolvido por Sheehan et al., (1998) e validado no Brasil por Amorim (2000),
pois apesar de poder ser utilizado para avaliação breve de critérios diagnósticos em
estudos longitudinais e permitir a coleta sistemática de informações necessárias ao
estabelecimento ou à confirmação de hipóteses diagnósticas, ele é o único questionário
padronizado de aplicação rápida atualmente disponível para a avaliação dos
transtornos psicóticos, e portanto ele seria melhor adaptado ao contexto clínico e à
avaliação de pacientes mais graves, o que não era o caso. Entretanto este instrumento
representa uma alternativa econômica para a seleção de pacientes, segundo critérios
internacionais, além de ser breve, simples e bastante abrangente, o que é bom para
aplicação em locais como empresas, onde não é possível permanecer longos períodos
fora do posto de trabalho.
Em 2007, Wang e seus colaboradores realizaram um estudo randomizado
envolvendo 604 trabalhadores que preenchiam critérios para depressão, e os
resultados demonstraram que no grupo onde houve intervenção (tratamento
farmacológico e/ou psicoterapia), houve significativamente redução da severidade da
doença, bem como maior retenção no trabalho e mais horas efetivamente trabalhadas
do que no grupo controle, concluindo que valeria a pena investir no diagnóstico e
tratamento deste transtorno mental. Em 2010, Zasshi conduziu um estudo no Japão
que sugere que mesmo em funções de baixa autonomia, o suporte psicossocial da
supervisão minimiza os efeitos dos sintomas depressivos relacionados ao trabalho.
Entretanto este tema ainda parece nebuloso, já que a relação entre liderança e
performance no trabalho ainda carece de estudos mais conclusivos (Kuoppala et al.,
2008), apesar dos já existentes levantados nessa metanálise terem demonstrado que
50
que a liderança exerce um importante papel na satisfação e bem-estar no trabalho, na
bem como na diminuição de doenças e afastamentos.
Importante salientar que houve satisfação e felicidade na vida. Assim,
concordando com Ventegodt et al., (2008), parece que os fatores mais importantes para
a qualidade de vida do indivíduo, inclusive de sua saúde, são as boas relações com o
próximo, assim como a visão global da vida. O que se possui em termos objetivos dinheiro, status, trabalho - não parece ser tão importante para a qualidade de vida
global e nem para a saúde de maneira geral, indicando que o que realmente importa
não é o que se tem, mas como o indivíduo vê e avalia suas experiências vividas.
Um estudo publicado em dezembro de 2010 (Berry et al., 2010) é a prova
conclusiva de que o investimento no bem-estar do empregado, além das exigências
mínimas da lei, oferece um excelente retorno sobre o investimento financeiro das
empresas. Por exemplo a multinacional Johnson & Johnson elaborou um relatório
demonstrando ter economizado US $ 2,71 para cada US $ 1 gasto nos EUA, salvando
a empresa de US $ 250 milhões em custos de saúde nos últimos dez anos e é possível
que nos outros países da companhia o retorno seja ainda maior. A Unilever também
relata um retorno de US $ 5,44 sobre cada US $ 1,55 gasto no bem-estar dos
trabalhadores através do seu programa de Qualidade de Vida. Se todos os funcionários
da Unilever em todo o mundo participarem deste programa, o potencial de economia
para a empresa equivaleria a mais de 600.000 dólares por ano. Os custos aparecem
em redução do absenteísmo, da rotatividade e de maior produtividade dos funcionários
(Berry et al., 2010).
51
6 CONCLUSÃO
Os transtornos mentais têm alta prevalência entre as doenças crônicas mundiais,
causando um enorme impacto pessoal, social e econômico. Além disso, fazem parte do
diagnóstico médico e, em termos epidemiológicos ou econômicos, são tão importantes
quanto à hipertensão arterial ou o diabetes mellitus e também passíveis de tratamento.
Portanto, também é dever do médico reconhecer e oferecer tratamento adequado para
este transtorno, principalmente em serviços de saúde dentro das empresas. O presente
estudo avaliou a prevalência dos transtornos mentais em trabalhadores de uma
indústria de aves e comparou à população de um ambulatório geral e encontrou
prevalência aumentada para agorafobia. Para os demais transtornos, não houve
aumento. Isso é especialmente importante, já que o segmento vem sendo apontado
como grande causador de depressão, o que não foi observado nesta pesquisa. Estudos
como este visam conhecer melhor a população trabalhadora da indústria de aves bem
como sugerem suporte às equipes de saúde e segurança do trabalho para que possam,
juntamente com seus gestores, promover melhorias e prevenção de agravos à saúde
do trabalhador. Sugere-se também novos estudos, principalmente multicêntricos, para
avaliar se o segmento tem efetiva responsabilidade sobre o adoecimento mental de
seus trabalhadores, já que a etiologia é multifatorial.
52
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72
ANEXOS
73
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO
PARTICIPANTE
Estamos realizando um projeto para Mestrado intitulado Prevalência dos
Transtornos Mentais em Saúde do Trabalhador: comparativo entre uma Indústria
de Abate de Aves da Região Sul de Santa Catarina e um ambulatório Geral, da
mestranda Iananda Barbieri Ortiz”. O (a) sr(a). foi plenamente esclarecido de que
participando deste projeto, estará participando de um estudo de cunho acadêmico, que
tem como um dos objetivos avaliar a Prevalência de Transtornos Mentais na
População estudada. Embora o (a) sr(a) venha a aceitar a participar neste projeto,
estará garantido que o (a) sr (a) poderá desistir a qualquer momento bastando para
isso informar sua decisão. Foi esclarecido ainda que, por ser uma participação
voluntária e sem interesse financeiro o (a) sr (a) não terá direito a nenhuma
remuneração. Desconhecemos qualquer risco ou prejuízos por participar dela. Os
dados referentes ao sr (a) serão sigilosos e privados, preceitos estes assegurados
pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo que o (a) sr (a)
poderá solicitar informações durante todas as fases do projeto, inclusive após a
publicação dos dados obtidos a partir desta.
A coleta de dados será realizada por entrevistadores e orientado pelos
professores Dr Felipe Dal Pizzol e Dr João Quevedo. O telefone do Comitê de Ética é
3431.2723.
_______________, ____de______________de 20___.
______________________________________________________
Assinatura do Participante
Contato com os pesquisadores responsáveis:
Dr Felipe Dal Pizzol 048 9988 5483
Dra Iananda B Ortiz 048 3471 2518
74
ANEXO B
Questionário Sócio-Econômico – Data: ________
Setor:__________________
1. Sexo:
A ( ) Masculino
B ( ) Feminino
2. Idade:
3. Estado Civil:
A ( ) Solteiro(a)
B ( ) Casado(a)
C ( ) Separado(a) / Divorciado(a)
D ( ) Viúvo(a)
E ( ) Vivo com companheira (o)
4. Em que região você mora?
A. ( ) Urbana (cidade)
B. ( ) Rural (fazenda, sítio, chácara,
aldeia, vila agrícola, etc.)
_________ Anos completos.
5. Município em que mora hoje: _________________________
6. Bairro em que mora hoje:____________________________
7. Com quem
a. ( ) Pais
c. ( ) Filhos
f. ( ) Amigos
você mora atualmente? (pode ser mais de uma escolha)
b.( ) Marido/esposa ou Companheiro (a)
d.( ) Sogros
e. ( ) Parentes
g. ( ) Outros h. ( ) (ou) Sozinho (a)
8. Quantos irmãos ou meio-irmãos você tem?
(A) Nenhum.
(B) Um.
(C) Dois.
(D) Três.
(E) Quatro ou mais.
9. Quantos filhos você tem?
(A) Nenhum.
(B) Um.
(C) Dois.
(D) Três.
(E) Quatro ou mais.
10. Atualmente você:
( ) Apenas estuda
( ) Trabalha e estuda
( ) Apenas trabalha
( ) Está desempregado (a)
( ) Está de licença ou incapacitado de estudar / trabalhar
( ) Está aposentado (a)
( ) Não trabalha nem estuda
11. Qual é o seu trabalho ou ocupação principal? ______________________________________
Possui outras?
(A) Sim
(B) Não
Quais?_______________________________________________
12. No seu trabalho principal, você é:
( ) Empregado assalariado (exceto empregado doméstico)
( ) Empregado doméstico mensalista ou diarista
( ) Empregado que ganha por produção (comissão)
( ) Estagiário remunerado ou Bolsista
75
(
(
(
(
(
) Trabalha por conta própria, é autônomo
) É dono de negócio, empregador
) Presta serviço militar obrigatório, assistencial ou religioso com alguma remuneração.
) Do lar, sem remuneração.
) Não trabalho.
13. Qual é a sua renda FAMILIAR mensal?
( ) Menos de 1 salário mínimo (até R$510)
( ) De um a dois salários mínimos (de R$510 até R$1020)
( ) De dois a quatro salários mínimos (de R$1021 até R$ 2040)
( ) De quatro a seis (de R$ 2041 até R$ 3060)
( ) Mais de 6 salários (acima de R$ 3061)
14. Qual a sua participação na vida econômica do grupo familiar?
( ) Não trabalho e sou sustentado por minha família ou outras pessoas
( ) Trabalho e sou sustentado parcialmente por minha família ou outras pessoas
( ) Trabalho e sou responsável apenas por meu próprio sustento
( ) Trabalho, sou responsável por meu próprio sustento e ainda contribuo parcialmente para o
sustento da família
( ) Trabalho e sou o principal responsável pelo sustento da família
( ) Outra situação
15. Quantas pessoas (contando com você)
contribuem para a renda da sua família
(ajudam a pagar contas)?
( ) Uma
( ) Duas
( ) Três
( ) Quatro
( ) Cinco
( ) Mais. Quantas? ____
16. Quantas pessoas (contando com você)
vivem da renda da sua família?
( ) Uma
( ) Duas
( ) Três
( ) Quatro
( ) Cinco
( ) Mais. Quantas? ____
17. Qual o seu grau máximo de escolaridade?
( ) Nunca frequentou
( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior incompleto
( ) Ensino superior completo
( ) Especialização ou grau mais alto
18. Qual o grau máximo de escolaridade do seu
pai ?
( ) Nunca frequentou
( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior incompleto
( ) Ensino superior completo
( ) Especialização ou grau maior
( ) Desconheço
19. Qual o grau máximo de escolaridade da sua
mãe ?
( ) Nunca frequentou
( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior incompleto
( ) Ensino superior completo
( ) Especialização ou grau maior
( ) Desconheço
76
20. Você participa de alguma destas atividades? (múltipla escolha)
( ) Capoeira, judô, karatê ou outras lutas
( ) Futebol, vôlei, basquete, natação ou outros esportes
( ) Atividades artísticas ou culturais (artes cênicas, dança, atividades circenses, artes musicais,
literatura, artesanato, artes visuais, etc.)
( ) Outra atividade recreativa. Qual? ___________________
( ) Não participo.
21. Você participa de alguma entidade ou associação? (múltipla escolha)
( ) Associação de bairro ou de moradores
( ) Sindicato de trabalhadores ou patronal
( ) Partido ou associação política
( ) Organização não governamental
( ) Time de futebol ou clube esportivo
( ) Escola de samba, Grupo de dança, música ou teatro
( ) Grupo religioso (Igrejas católicas, evangélicas, ou outras)
( ) Outros tipos de associações ou entidades. Quais? _______________________
( ) Não participo.
22. Você presta algum tipo de serviço assistencial, ajuda financeira ou trabalho voluntário?
(A) Não.
(B) Sim. Citar: ______________________________________
23. Em relação à religião, você diria que é:
( ) Ateu
( ) Acredito em Deus mas não sigo nenhuma religião
( ) Católico
( ) Protestante (evangélico, batista, mórmon, luterano, testemunha de Jeová ou outro)
( ) Espírita kardecista
( ) Praticante de religião afro-brasileira (umbanda, candomblé)
( ) Tenho outra religião. Qual? _______________________________
24. Você recebeu algum tipo de educação religiosa na infância?
( ) Sim
( ) Não
25. Você reza/ora?
( ) Sim
( ) Não
26. Você já foi vítima de algum tipo de ato violento, tal como seqüestro, seqüestro relâmpago,
espancamento, estupro, ou outro?
( ) Sim, uma vez
( ) Sim, mais de uma vez
( ) Não
( ) Prefiro não declarar
27. Você já foi vítima de algum tipo de violência doméstica?
( ) Sim, uma vez
( ) Sim, mais de uma vez
( ) Não
( ) Prefiro não declarar
77
28. Você já fez algum tipo de tratamento com psicólogo ou psiquiatra?
( ) Sim, apenas terapia
( ) Sim, apenas tomei medicação
( ) Sim, fiz terapia e tomei medicação
( ) Não
( ) Prefiro não declarar
29. Se respondeu sim na questão 31, escolha qual o motivo que fez buscar o tratamento (múltipla
escolha)
( ) Depressão, estresse
( ) Ansiedade, dificuldade para dormir, irritação
( ) Fobias (medos)
( ) Problemas de relacionamento (Familiares, de trabalho, amigos)
( ) Outros. Qual?________________
30. Você se sente feliz no trabalho?
( A ) sim
( B ) não ( C ) não trabalha
31. Você se sente feliz na vida?
( A ) sim
( B ) não
32. Se você respondeu não a pergunta anterior, o que mais pesa para que você não se sinta feliz?
( ) trabalho que exerço (eu gostaria de fazer outra coisa)
( ) relação com parceiro (a)
( ) relação com filho (a)
( ) relação com outros parentes
( ) condições financeiras
( ) outra: especificar________________________
Agradecemos a sua colaboração!
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