Manual para Capacitação de TR para as Hepatites B e C

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Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais
Manual de treinamento para teste rápido
hepatites B (HBsAg) e C (anti-HCV)
Elaboração
Coordenação Geral de Direitos Humanos Risco e Vulnerabilidade (DHRV)
Núcleo Operacional Descentralização de Redes de Atenção
Colaboradores
Carmen Regina Nery e Silva
Edivaldo Luiz Santos
Laura Alves de Souza
Agosto – 2011
INTRODUÇÃO
As hepatites virais, apesar das inúmeras discussões sobre a origem, hoje é
um acometimento que impacta sobremaneira a saúde pública em todo mundo.
A perda da qualidade de vida do paciente e comunicantes, e os gastos no
SUS, requerem esforços para desenvolver medidas eficazes de promoção à
saúde, na vigilância, prevenção e controle desses agravos.
Umas das estratégias eficazes, foi com surgimento dos testes rápidos para
triagem das hepatites virais (B e C). Estes testes são práticos pela simplicidade
de execução e por não necessitarem de equipamentos para leitura. Os resultados
aparecem por meio da formação de linhas coloridas de fácil interpretação, no
entanto, esses testes devem ser continuamente monitorados e avaliados.
Os testes sorológicos específicos, apesar de todos os avanços
tecnológicos, se mantêm como o método eficaz para avaliar o decorrer da
infecção viral, determinando as fases da infecção e os procedimentos a serem
seguidos.
2
1. HEPATITE B
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 2 bilhões de pessoas
no mundo já tiveram contato com o vírus da hepatite B (VHB) sendo que 350 a
400 milhões são portadores do mesmo, compreendendo aproximadamente 5%
da população mundial. O risco de desenvolver cronificação, após a infecção, é de
90% em recém nascidos de mães com o antígeno "e" do VHB (HBeAg) positivo,
25% a 30% em crianças menores de 5 anos, e menos de 5% a 10% em adultos.
(1,2,3,4,5)
Portadores crônicos possuem risco acrescido de 15% a 40% de
desenvolver cirrose, descompensação hepática e carcinoma hepatocelular
(HCC), resultando em um milhão de mortes por ano.(6, 7, 8, 9, 10)
A hepatite B é causada por um vírus pertencente à família dos
hepadnaviridae, de forma esférica, com dupla camada, de 42 nm de diâmetro,
composta por um envelope lipídico, o antígeno de superfície do VHB (HBsAg),
que envolve um nucleocapsídeo interior, o antígeno do centro do vírus hepatite B
(HBcAg). Apresenta no seu genoma um ácido desoxirribonucléico (DNA) circular
e parcialmente duplicado de aproximadamente 3.200 pares de bases e peso de
3.2 kb e uma DNA polimerase (11) (Figura 1).
Figura 1 – Estrutura do VHB
Fonte: ABCDE do Diagnóstico para as Hepatites Virais (12)
A prevalência global do vírus da hepatite B varia em muitos países,
podendo ser definida, segundo a presença de HBsAg, como alta (≥ 8%),
moderada (2% a 7%) e baixa (<2%). Nos países desenvolvidos, a prevalência é
3
alta entre imigrantes asiáticos, 15% a 20%, e naqueles que apresentam
comportamento de risco.(2,3,13,14)
No Brasil, com toda a sua diversidade étnica, econômica e regional, a
prevalência da infecção pelo VHB também tem distribuição muito heterogênea,
com tendência considerada aumentada no sentido sul-norte, sendo na região sul
de 0,5% a 1,1%, centro e noroeste de 1,5% a 3,0%, podendo alcançar até 15%
na região amazônica. Entretanto, esse padrão não deve ser generalizado, uma
vez que já foram identificadas áreas de prevalência elevada no Espírito Santo,
Paraná e Santa Catarina, e de baixa prevalência no Estado do Amazonas.(15, 16,17)
Existem, no mundo, oito tipos de genótipos da hepatite B (A-H), distintos
entre si pela sequência de nucleotídeos no genoma e que variam quanto à
distribuição geográfica. Pequenas variações nos genótipos do vírus B
estabelecem quatro subtipos: adw, ayw, adr, e ayr.
(10,18,19)
1.1 Fases clínicas
Cerca de dois terços dos pacientes com hepatite B aguda têm uma doença
assintomática e/ou com manifestações inespecíficas que geralmente passam
despercebidas. Aproximadamente um terço dos adultos com hepatite B aguda
pode desenvolver sintomas e sinais clínicos, que variam entre leves a intensos e
infrequente a insuficiência hepática aguda. O período de incubação do vírus é em
média de 2 a 3 meses, podendo variar de 1 a 6 meses após a exposição (a
duração do período de incubação pode ser relacionada com o nível de exposição
ao vírus). Manifestações extra-hepáticas da hepatite B podem estar presentes em
1% a 10% dos pacientes infectados pelo VHB. Embora a patogênese destas
desordens seja obscura, a mediação por complexo imune relacionado com os
elevados níveis de antigenemia do VHB deve ser pensada.(10,20,21)
Conforme referido anteriormente, uma porcentagem variada de indivíduos
infectados pelo VHB pode evoluir para a forma crônica.(20)
A história natural da hepatite crônica é dividida em cinco fases distintas: a
fase de imunotolerância, a de reação imune; a do estado de portador inativo do
VHB, a de hepatite B crônica HBeAg negativo e a fase do HBsAg negativo.
Ressalta-se que as mesmas não são necessariamente sequenciais. (22)
4
I. Fase da Imunotolerância: caracterizada pela presença do HBeAg
positivo com altos níveis de replicação viral, as aminotransferases estão normais
ou com baixos níveis, atividade necroinflamatória normal ou discreta, ausência ou
lenta progressão para fibrose. Durante esta fase, a perda espontânea do HBeAg
é muito baixa, sendo mais frequente e mais prolongada em indivíduos infectados
no período perinatal ou nos primeiros anos de vida. Em virtude do nível da
viremia, estes pacientes apresentam alto potencial de transmissibilidade.(22)
II. Fase da reação imune: é caracterizada pelo HBeAg positivo, baixos
níveis
de
replicação
viral,
aumento
ou
flutuação
nos
níveis
das
aminotransferases, atividade necroinflamatória moderada ou intensa e maior
progressão para fibrose, quando comparada à fase anterior. Pode durar semanas
ou até anos. Além disso, a taxa de perda do HBeAg espontânea é maior do que a
da fase de imunotolerância. Esta fase pode ocorrer vários anos após a fase
anterior sendo mais frequente em adultos infectados.(22)
III. Fase do estado de portador inativo: ocorre quando da soroconversão
do HBeAg para o anticorpo contra o antígeno "e" do VHB (anti-HBe). É
caracterizada pelo baixo ou indetectável nível do DNA-VHB. Esta situação é
favorável por apresentar baixo risco de evolução para cirrose ou HCC, resultando
em controle imunológico da infecção. A perda do HBsAg e a soroconversão para
o anticorpo contra o antígeno de superfície do VHB (anti-HBs) pode ocorrer
espontaneamente em 1% a 3% dos casos ao ano, geralmente após vários anos,
com persistência do DNA-VHB indetectável.(22)
IV. Fase da hepatite B crônica HBeAg - negativo: durante a fase
imunorreativa,
pode
ocorrer
a
soroconversão
HBeAg
para
anti-HBe,
representando uma fase tardia da história natural da hepatite B crônica. É
caracterizada por reativação periódica, com flutuação nos níveis de DNA-VHB,
das aminotransaminases e com atividade histológica hepática. Estes pacientes
são, em regra, portadores do vírus B com mutações na região precore e ou corepromoter, sendo incapazes de expressar o HBeAg. Portadores crônicos HBeAg
negativos estão associados com baixas taxas de remissão espontânea. Algumas
vezes pode ser difícil distinguí-lo do verdadeiro portador inativo. O portador
5
inativo tem bom prognóstico, com baixo risco de complicações, enquanto este
paciente apresenta um dano hepático com alto risco de progressão a uma
doença hepática crônica avançada.(22)
V. Fase do HBsAg negativo – nesta fase, observa-se baixo nível de
replicação viral,
após a perda do HBsAg,
detectável no fígado.
podendo persistir com DNA-VHB
Geralmente o DNA-VHB não é detectável no soro,
enquanto o anti-HBc, com ou sem anti-HBs, são detectáveis. A perda do HBsAg
está associada a um melhor prognóstico com importante redução do risco de
cirrose e HCC. A reativação da atividade da doença pode ocorrer mesmo nesta
fase, quando, por exemplo, o paciente for submetido a algum processo que leve a
imunodepressão.(22)
1.2. DIAGNÓSTICO
Como metodologia de referência, é utilizado o ensaio imunoenzimático
ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay), que pode ser realizado para a
pesquisa do HBsAg, anti-HBc total, anti-HBc IgM, anti-HBs, HBeAg e anti-HBe.
Como metodologia de triagem para a hepatite B, o Departamento de DST,
Aids e Hepatites Virais para ampliar o acesso ao diagnóstico, utilizará a testagem
rápida.
1.2.1 TESTE RÁPIDO.(23)
O Ministério da Saúde disponibilizará, nesse primeiro momento para a
triagem da hepatite B, o teste VIKIA – HBsAg da empresa BioMérieux Brasil S/A.
Os teste rápidos utilizam a tecnologia imunocromatográfica, (formato ICT
ou lateral flow), que permite a detecção de antígeno do HBs no soro, plasma ou
sangue total.
1.2.2 Princípio do Teste
O VIKIA HBsAg é um teste qualitativo baseado na associação de
anticorpos monoclonais e policlonais específicos do HBsAg. Este teste utiliza o
6
princípio de imunocromatografia lateral para a pesquisa do HBsAg circulante.
Permite a detecção dos principais subtipos ad e ay no soro, no plasma e no
sangue total.
O teste é composto por um suporte impregnado com um conjugado
constituído por:
-
uma mistura de dois anticorpos monoclonais anti-HBs ligada a microsferas
de poliestireno de cor vermelha,
-
um complexo BSA-biotiniado ligado a microsferas de poliestireno de cor
azul.
A amostra é introduzida no poço da amostra e migra por capilaridade ao
longo da membrana.
Se o antígeno HBs estiver presente na amostra, forma um complexo
antígeno-anticorpo com os anticorpos específicos deste vírus, presentes nas
microsferas de poliestireno de cor vermelha.
Os complexos antígeno-anticorpos migram ao longo da membrana e fixamse aos anticorpos anti-HBs formando complexos visíveis numa linha vermelha na
zona de teste “T”da membrana.
Como controle, uma linha de cor azul aparece sempre na zona de controle
"C" se o teste tiver sido corretamente efetuado.
O complexo BSA-biotinilado ligado a microsferas de poliestireno de cor
azul migra ao longo da membrana, ao mesmo tempo que a amostra, e fixa-se ao
7
anticorpo anti-biotina que forma um complexo visível numa linha azul na zona de
controle C. A ausência desta linha invalida o teste.
8
KIT VIKIA ® HBsAg
1.3 MATERIAIS
Fornecidos
Caixa contendo 25 testes
I. 25 saches contendo:
01 dispositivo pronto para uso (anticorpo policlonal de cabra anti-HBs +
anticorpo monoclonal de rato anti-biotina + microsferas de poliestireno)
sensibilizadas com anticorpos monoclonais de rato anti-HBs e um
complexo BSA-biotinilado.
01 pipeta de transferência – (desprezar esse material e utilizar o capilar
enviado separadamente)
II. Frasco do tampão
01 frasco conta-gotas contendo 3ml.
9
Pronto para uso, estável durante 18 meses após abertura.
Tampão Fosfato pH 7,4 + caseína 5 g/l + azida sódica 0,2 g/l.
III. 25 lancetas para punção digital
IV. 1 Cartão de leitura visual
V. 1 Folheto Informativo
VI. Tubo capilar com anticoagulante
10
O número do lote dos dispositivos, tampão e lancetas são diferentes.
Não fornecidos
Óculos de proteção individual
Pêras descartáveis
Cronômetro ou relógio
Álcool 70%
Luvas descartáveis
Algodão
Jaleco para proteção individual
Água sanitária ou solução de hipoclorito de sódio a 2,5%
Recipiente para descarte de material biológico e pérfuro-cortante
1.3.2 CUIDADOS E PRECAUÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DOS TESTES
RÁPIDOS
Exclusivamente para diagnóstico in vitro.
Unicamente para uso profissional.
Este dispositivo contém componentes de origem animal. O controle da
origem e/ou do estado sanitário dos animais não pode garantir de maneira
absoluta que estes produtos não contenham nenhum agente patogênico
transmissível. É aconselhável manipulá-los com as precauções de
utilização relativas aos produtos potencialmente infecciosos (não ingerir;
não inalar).
Não utilizar os reagentes após a data de validade indicada nas etiquetas
das embalagens.
O dispositivo deve ser conservado até utilização no sachê selado que
contém o desidratante.
O dispositivo é descartável: não voltar a utilizá-lo.
Todas as amostras devem ser consideradas potencialmente infecciosas e
manipuladas de acordo com as precauções de utilização recomendadas
(CLSI/NCCLS M29-A, Protection of Laboratory Workers from Instrument
Biohazards and Infectious Disease Transmitted by Blood, Body Fluids, and
11
Tissue;
Approved
Guideline
–
versão
atual).
Para
informações
complementares sobre as precauções de manipulação, consultar o
"Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories, CDC/NIH última edição", ou a regulamentação em vigor no país de utilização.
Não misturar reagentes.
Os reagentes da embalagem contêm um conservante (azida sódica),
susceptível de reagir com as canalizações de chumbo ou de cobre dos
lavatórios, formando azidas metálicas explosivas. É aconselhável passar
por água qualquer produto de rejeição.
1.3.3 CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO E ESTABILIDADE
Conservar a embalagem entre 4º e 30° C.
Não congelar
Todos os componentes permanecem estáveis até a data de validade
indicada nas embalagens, se forem conservados nas condições exigidas.
Não utilizar após a data de validade.
O dispositivo deve ser mantido no sachê selado até utilização.
1.3.4 COLETA E PREPARAÇÃO DA AMOSTRA
Coleta da Amostra
Coleta de sangue total por punção digital
Utilizar um tubo capilar para a coleta na ponta do dedo. Esta coleta deve
ser realizada no momento do teste.
O sangue total coletado na ponta do dedo deve ser imediatamente
analisado.
12
1.3.5 PROCEDIMENTO PARA A REALIZAÇÃO DO TESTE RÁPIDO
1. Deixar os reagentes necessários atingir a temperatura ambiente
antes da utilização.
2. Retirar o dispositivo do sachê selado.
3. Colocar o dispositivo numa superfície plana e limpa.
13
4. Realizar punção digital
Desencapar a lanceta girando a capa protetora e
separando-a do corpo da mesma
Segurar a mão do paciente com firmeza levantando-a e
garroteando entre a falange proximal e média do dedo a
ser puncionado
Posicionar a lanceta desencapada no local da punção.
Acionar a lanceta sobre a ponta da última falange do dedo.
Descartar a lanceta
14
5. Coletar aproximadamente 75 µl de amostra com o capilar
heparinizado.
6. Colocar
3
gotas
de
amostra
(aproximadamente
75 µl), com a capilar no poço amostra (S) do dispositivo, evitando a
formação de bolhas de ar no poço.
7. Colocar 1 gota de tampão na zona de introdução da amostra
(aproximadamente 40 µl), evitando a formação de bolhas.
15
8. Ligar o cronômetro.
- Ler o teste após 15 minutos.
- Não fornecer um resultado negativo antes de 30 minutos.
- Não interprete o teste após 60 minutos da adição do diluente.
1.3.6 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Positivo
- Aparecem duas linhas distintas: uma de cor azul na zona de controle (C), uma
de cor vermelha na zona de teste (T).
Mesmo uma linha (T) muito fina rosada a vermelha indica um resultado
positivo.
16
Negativo
- Aparece uma linha azul na zona de controle (C). Não aparece nenhuma linha na
zona de teste T.
Inválido
- A linha de controle (C) não aparece ou não aparece nenhuma linha de “C” e “T”;
um volume de amostra insuficiente ou uma execução incorrecta do teste são as
causas prováveis.
17
Ler novamente as instruções e efetuar de novo o teste com um novo dispositivo.
Se o problema persistir, não utilizar mais a embalagem e contactar o
seu distribuidor local.
NOTA: A intensidade da linha vermelha na zona de teste "T" pode variar
dependendo das concentrações em HbsAg antígeno HBs presentes na amostra.
No entanto, este teste qualitativo, não pode indicar a quantidade de antígeno
presente na amostra. Para auxiliar a leitura, verificar o cartão de leitura visual.
A interpretação dos resultados do teste deve ser feita tendo em conta o histórico
do paciente e, eventualmente, os resultados de outros testes
1.3.7 CONTROLE DE QUALIDADE
O teste inclui um sistema de controle interno de migração representado
pela linha azul que aparece na zona de controle (C). Esta linha confirma que o
teste foi correctamente efetuado com um volume de amostra suficiente. Se a
linha de controle não aparecer, o teste não é válido.
Nota: É da responsabilidade do utilizador garantir que o controle da
qualidade é efetuado em conformidade com a legislação local em vigor.
Critério de rejeição do Teste
O teste Vikia – HBsAg tem 2 linhas coloridas na janela do teste, uma azul
(Controle) e uma vermelha (Teste). Se a linha “C” ou as duas linhas estiverem
ausentes, desconsidere o teste e guarde o mesmo para análise técnica do
problema pelo controle de qualidade. Comunique o ocorrido ao SAC do
Departamento
de
DST/Aids
e
Hepatites
Virais
pelo
e-mail:
[email protected]
Utilizar um novo suporte de teste para continuar o procedimento
18
1.3.8 LIMITES DO TESTE
Um resultado negativo em VIKIA HBsAg não permite excluir uma infecção
pelo vírus da hepatite B. A concentração em Ag HBs sérico pode,
efetivamente, ser inferior à sensibilidade analítica do reagente. A presença
de antígeno HBs modificado (variante) não pode ser excluída, o antígeno
seria então, mal ou não reconhecido pelos anticorpos do reagente.
Se ambos, antígeno HBs e anticorpos anti-HBs estão presentes, a
quantidade de antígeno pode ser reduzida, ou mesmo, tornar-se negativa,
em casos raros.
Este teste foi validado com soro, plasma e sangue total. Não deve ser
utilizado com outros líquidos biológicos, tais como a saliva, o LCR e a
urina.
Não utilizar pools de soros.
1.3.9 COMPORTAMENTO FUNCIONAL
Para ter em conta os diferentes genótipos de VHB, foi estudado o
comportamento funcional do VIKIA HBsAg no âmbito de uma avaliação
internacional multicêntrica efetuada na África Ocidental, na América do Sul e na
Ásia (Índia e China).
O status das amostras de plasma e soro (EDTA) foi estabelecido utilizando
a técnica de Elisa.
O
comportamento
funcional
de
VIKIA
HBsAg :
especificidade
e
sensibilidade relativas com plasma recente, soro e sangue total venoso foram
estabelecidas em relação a esta técnica Elisa.
Foi efetuado um estudo de equivalência entre plasma fresco, soro e
sangue total venoso e sangue capilar com um número restrito de amostras
pareadas.
Por outro lado, o VIKIA HBsAg foi avaliado com plasma ou soro por
comparação com outro teste ICT.
19
1.3.10 QUADRO DE SÍMBOLOS
Símbolo
Significado
Referência de catálogo
Dispositivo
médico
para
diagnóstico in vitro
Fabricante
Limites de temperatura
Prazo de validade
Número do lote
Consultar as instruções de
uso
Conteúdo suficiente para
"n" testes
Não reutilizar
1.4. TRATAMENTO
O tratamento, desde que indicado, é fundamental para evitar a progressão
hepática e suas complicações, como o câncer e a cirrose. O Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas para o Tratamento da Hepatite Viral Crônica B e
Coinfecções e a disponibilização dos medicamentos pelo SUS no país oferece
aos hepatologistas e infectologista uma ferramenta que possibilita uma prescrição
segura e eficaz aos portadores de hepatite crônica B.
20
2. HEPATITE C
Estima-se que aproximadamente 3% da população mundial estejam
infectados pelo vírus da hepatite C (HCV), o que representa cerca de 170 milhões
de indivíduos com infecção crônica e sob risco de desenvolver as complicações
da doença. De acordo com a OMS, o Brasil é considerado um país de
endemicidade intermediária para hepatite C, com prevalência da infecção situada
entre 2,5% e 10%. Entretanto, estudos de base populacional e com doadores de
sangue revelam prevalências inferiores às estimadas, colocando o Brasil como de
baixa endemicidade. (24)
A hepatite C é causada por um vírus constituído por RNA de fita simples
pertencente à família dos flaviridae, de 55 a 65 nm de diâmetro, possuindo um
invólucro protéico (Figura 2) (12).
Figura 2 – Estrutura do VHC
Fonte: ABCDE do Diagnóstico para as Hepatites Virais.(12)
2.1 FASES CLÍNICAS
De modo geral, a hepatite aguda C apresenta evolução subclínica: cerca
de 80% dos casos têm apresentação assintomática e anictérica, dificultando o
diagnóstico. Aproximadamente 20 a 30% dos casos podem apresentar icterícia e
10 a 20% apresentam sintomas inespecíficos, como anorexia, astenia, malestar e
21
dor abdominal. Quando presente, o quadro clínico é semelhante àquele
decorrente de outros agentes que causam hepatites virais e o diagnóstico
diferencial somente é possível com a realização de testes sorológicos para
detecção de anticorpos específicos. (24)
2.2 DIAGNÓSTICO
Como metodologia de referência, é utilizado o ensaio imunoenzimático
ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay), que pode ser realizado para a
pesquisa do anti-HCV.
Como metodologia de triagem para a hepatite C, o Departamento de DST,
Aids e Hepatites Virais para ampliar o acesso ao diagnóstico, utilizará a testagem
rápida.
2.2.1 TESTE RÁPIDO (23)
O Ministério da Saúde disponibilizará, nesse momento para a triagem da
hepatite C, o teste IMUNO RÁPIDO HCV da empresa Wama Diagnóstica.
É um teste de determinação qualitativa do anticorpo anti-HCV, por método
imunocromatográfico usando antígenos sintéticos e recombinantes imobilizados
na membrana para identificação seletiva de anti-HCV em amostras de soro ou
sangue total.
2.2.2 Princípio do Teste
O avanço no desenvolvimento de testes diagnósticos para hepatite não-A,
não-B veio com a clonagem de um cDNA obtido do genoma do HCV por Qui-Lim
Choo e colaboradores, em 1989. Este genoma possui cerca 9400 nucleotídeos e
no mínimo 9 proteínas codificadas, sendo 3 estruturais (Core, E1 e E2) e 6 nãoestruturais (NS2, NS3, NS4A, NS4B, NS5Ae NS5B).
O Imuno-Rápido HCV utiliza na placa-teste, uma mistura de proteínas
sintética e recombinantes do HCV.
22
Os anticorpos anti-HCV presentes na amostra ligam-se ao conjugado ouro
coloidal que flui pela membrana da placa-teste indo se ligar aos antígenos do
HCV imobilizados, na área da reação positiva (T), determinando o surgimento de
uma banda colorida rosa-clara. Na ausência de anti-HCV não haverá o
aparecimento da banda colorida na área T. A mistura da reação continua a fluir
pela membrana atingindo a área controle (C). O conjugado não ligado ao
antígeno une-se aos reagentes desta área produzindo uma banda colorida rosa
clara, demonstrando que os reagentes estão funcionando corretamente.
IMUNO-RÁPIDO HCV
2.3 MATERIAIS
- Fornecidos
Cada caixa contém:
I. 20 placas-teste (dispositivo)
II. Frasco solução diluente
2 frascos conta gotas contendo 2 ml de solução diluente cada.
III. 20 lancetas para punção digital
IV. 20 pipetas capilares
VI. 1 folheto informativo
O número do lote e a data de validade dos dispositivos são diferentes do
número do lote da solução diluente.
- Não fornecidos
Óculos para proteção individual
Cronômetro ou relógio
Papel absorvente
23
Álcool 70%
Luvas descartáveis
Algodão
Jaleco para proteção individual
Água sanitária ou solução de hipoclorito de sódio a 2,5%
Recipiente para descarte de material biológico e pérfuro-cortante
2.3.1 PREPARAÇÃO E ESTABILIDADE DOS REAGENTES
PLACAS-TESTE (1): devem ser mantidas a temperatura entre 2-30ºC.
Deixar a placa adquirir a temperatura ambiente antes de realizar os testes,
se armazenado em geladeira.
SOLUÇÃO DILUENTE (2): pronta para uso. Contém azida sódica 0,1%
como conservante. Estável a 2-30ºC até a data do vencimento. Não
congelar. Deixar adquirir a temperatura ambiente antes de realizar os
testes, se armazenado em geladeira.
Utilizar o kit somente até a data de validade (reagente e placas-teste) que
são descritas.
Não utilizar sobras do tampão de um kit para realizar testes em outros.
2.3.3 COLETA E PREPARAÇÃO DA AMOSTRA
Coleta da Amostra
- Coleta de sangue total por punção digital
Utilizar um tubo capilar para a coleta na ponta do dedo. Esta coleta deve
ser realizada no momento do teste.
24
O sangue total coletado na ponta do dedo deve ser imediatamente
analisado.
Amostras diluídas podem ocasionar resultado falso negativo
2.3.4 PROCEDIMENTO PARA A REALIZAÇÃO DO TESTE RÁPIDO
Ler o procedimento por inteiro e cuidadosamente antes de iniciar o teste.
Deixar os reagentes necessários atingir a temperatura ambiente antes da
utilização.
Retirar o dispositivo do sachê selado.
Colocar o dispositivo numa superfície plana e limpa.
1. Realizar punção digital
25
2. Pipetar 10 µl de amostra (sem bolhas de ar)
3. Dispensar 10 ul do sangue na cavidade da amostra (►) na placa-teste.
26
3. Dispensar 3 gotas (100µl) da solução diluente (2).
4. Fazer a leitura dos resultados entre 10 e 15 minutos.
2.3.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
NEGATIVO: Somente uma banda rosa clara aparecerá na área controle (C).
POSITIVO: Aparecerão duas bandas, uma na área teste (T) e outra na área
controle (C).
27
Considerar o resultado POSITIVO para qualquer intensidade de cor rosa na
área teste (T)
INVÁLIDO : Se não surgir uma evidente banda de cor visível na área do teste (T)
e controle, ou se não surgir banda no controle (C).
Não interprete o teste após 20 minutos da adição do diluente.
Os resultados devem ser ignorados após o tempo determinado
para leitura.
Critério de rejeição do Teste
O teste IMUNO-RÁPIDO HCV tem 2 linhas coloridas na janela do teste, uma
(Controle) e uma (Teste). Se a linha “C” ou as duas linhas estiverem ausentes,
desconsidere o teste e guarde o mesmo para análise técnica do problema pelo
controle de qualidade.
Comunique o ocorrido ao SAC do Departamento de
DST/Aids e Hepatites Virais pelo e-mail [email protected]
28
TRATAMENTO
O tratamento, desde que indicado, é fundamental para evitar a progressão
hepática e suas complicações, como o câncer e a cirrose. O Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas para o Tratamento da Hepatite Viral Crônica C e
Coinfecções e a disponibilização dos medicamentos pelo SUS no país oferece
aos hepatologistas e infectologista uma ferramenta que possibilita uma prescrição
segura e eficaz aos portadores desse agravo.
29
Referências Bibliográficas
1 Ferreira CT; Silveira TR. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da
prevenção. Rev. Bras Epidemiol. 2004 Dez;7(4):473-87.
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Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
4 Daruich J; Gadano A, Fainboim H, Pessoa M, Cheinquer H. Guía
Latinoamericana de tratamiento de la hepatitis crónica B. Acta Gastroenterol
Latinoam. 2007 Set;37(3):168-77.
5 Tillmann HL. Antiviral therapy and resistance with hepatitis B virus infection.
World J Gastroenterol. 2007 Jan;13(1):125-40.
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9 Lavanchy D. Hepatitis B virus epidemiology, disease burden, treatment, and
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