PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC – SP Renata Porcel de Oliveira Repercussões da disfunção vestibular no convívio familiar e social de idosos MESTRADO EM GERONTOLOGIA São Paulo 2008 PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC – SP Renata Porcel de Oliveira Repercussões da disfunção vestibular no convívio familiar e social de idosos Dissertação apresentada à Banca examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Universidade Gerontologia Católica de na São Pontifícia Paulo, sob orientação da Professora Doutora Nadia Dumara Ruiz Silveira. São Paulo 2008 BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ DEDICATÓRIA Aos amores da minha vida, Irineu e Neusa, meus pais, e Roberta minha irmã, pelo apoio irrestrito em todos os momentos da minha vida. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por tudo. Aos idosos e seus respectivos familiares que participaram deste estudo. À Professora Nadia Dumara Ruiz Silveira, pela dedicação com que me orientou durante este estudo. A todos os professores do Mestrado em Gerontologia da PUC-SP. A todos que contribuíram para a realização deste trabalho. RESUMO A pesquisa "Repercussões da disfunção vestibular no convívio familiar e social de idosos" amplia conhecimentos pertinentes às interfaces entre as áreas da Gerontologia Social e da Saúde. O objetivo central deste estudo é analisar as influências do acometimento da disfunção vestibular por pessoas idosas, no seu convívio familiar e relacionamento social, visando contribuir para que esse segmento possa viver plenamente a fase da velhice e dispor de um tratamento com qualidade. O desenvolvimento de conceitos referentes à anatomia e fisiologia do sistema vestibular, assim como a compreensão das possíveis disfunções causadoras dessas patologias, em especial constatadas no processo de envelhecimento, são abordados considerando-se uma concepção ampla de saúde. A pesquisa de campo foi realizada através da aplicação de entrevistas envolvendo nove idosos, com idade acima de 65 anos, que possuem a disfunção vestibular, recebem atendimento médico de urgência e realizam a fisioterapia domiciliar com profissionais da MEDMAR/FAMILY Atendimento de Urgência Médica, localizada na Cidade de Santos, no Estado de São Paulo. Estes idosos vivem com suas famílias, as quais também foram entrevistadas. Adotando-se procedimentos metodológicos próprios da pesquisa qualitativa foi feita, inicialmente, a caracterização do estágio da disfunção vestibular dos sujeitos, com base em diagnósticos médicos existentes. Através de roteiro semi-estruturado, procedeu-se à identificação da condição de vida pessoal e de convivência familiar e social, antes e depois do surgimento da doença. A análise dos dados revela que a disfunção vestibular deve ser concebida como um dos elementos constitutivos do processo de envelhecimento e que os sintomas de manifestação deste acometimento devem ser devidamente compreendidos e cuidados pelo próprio pelo idoso e por seus familiares, considerando-se as repercussões reconhecidas nos depoimentos, tanto no convívio familiar como social. PALAVRAS CHAVE: Envelhecimento, Velhice, e Disfunção Vestibular. ABSTRACT The research "Implications of vestibular dysfunction in the family and social coexistence of elderly" wide knowledge relevant to the interfaces between the areas of Social Gerontology and Health The central objective of this study is to examine the influences of the involvement of vestibular dysfunction by elderly people in their conviviality family and social relationships, seeking help in this segment can live fully the stage of old age and have a treatment with quality. The development of concepts concerning the anatomy and physiology of the vestibular system, as well as the understanding of possible malfunctions causing these diseases, particularly noted in the ageing process, are addressed recital is a broad concept of health. The search was conducted of field through the application of interviews involving nine elderly people aged over 65 years, which have the vestibular dysfunction, receive emergency medical care and carry out physiotherapy home with professionals in MEDMAR / FAMILY The Emergency Medical Service, located in the city of Santos, in the State of Sao Paulo. These elderly live with their families, which were also interviewed. Bringing up procedures methodological own qualitative research was done, initially, the characterization of the stage of vestibular dysfunction of the subject, based on existing medical diagnoses. Through semistructured guide, proceeded to the identification of the condition of personal life and family and social coexistence, before and after the onset of the disease. Data analysis shows that the vestibular dysfunction should be conceived as one of the constituent elements of the ageing process and that the symptoms of manifestation of this involvement must be properly understood and cares for the elderly by it and by their relatives, considering the impact recognized in depositions, both in family KEYWORDS: Aging, old age, and Vestibular dysfunction. and social coexistence. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 09 CAPÍTULO I – ENVELHECIMENTO E DISFUNÇÃO VESTIBULAR......................... 3 1.1 - Sistema Vestibular ........................................................................................................... 17 1.1.1 – Anatomia ........................................................................................................ 17 1.1.2 – Fisiologia ........................................................................................................ 19 1.2 - Disfunção Vestibular..........................................................................................................22 1.2.1 - Sistema Vestibular e Envelhecimento ............................................................. 23 1.2.2 - Formas de Tratamento .....................................................................................28 CAPÍTULO II – VELHICE, SAÚDE E CONVIVÊNCIA DE IDOSOS......................................................................................................................................32 2.1 – Envelhecimento e a Relação Normal/ Patológico ...........................................................36 2.2 – Disfunção Vestibular e o Convívio de Idosos....................................................................40 CAPÍTULO III – PESQUISA DE CAMPO...........................................................................48 3.1 – Metodologia da Pesquisa .................................................................................................. 48 3.2 – Resultados da Análise dos Dados ......................................................................................51 CONSUDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 66 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 71 ANEXOS ................................................................................................................................ 76 9 INTRODUÇÃO A conquista da longevidade já é realidade presente em todo o contexto mundial e as necessidades desse novo segmento se tornaram um desafio para todas as áreas profissionais. Por isso, pesquisas e estudos sobre essa temática vêm assumindo posição de destaque em todos os centros acadêmicos geradores de novos conhecimentos científicos. A Gerontologia surge como uma área de conhecimento interdisciplinar que tem como objeto de estudo o envelhecimento, a velhice e os idosos, considerando determinantes genéticos, biológicos, psicológicos e sócio-culturais. A diversificação de temas decorre das várias facetas que caracterizam a realidade atual, dentre elas o aumento da população idosa e o alcance da longevidade com boa condição de saúde. O campo de pesquisa da Gerontologia Social inclui dentre seus temas questões relacionadas à saúde, envolvendo análises sobre o processo de envelhecimento e as articulações entre normal e patológico, próprias dos diferentes contextos sócio-histórico e cultural, tornando-se um desafio para os profissionais de todas as áreas que atuam neste segmento. Na interface entre a Gerontologia e as Ciências da Saúde, em particular com a Geriatria, a disfunção vestibular que acometem os idosos constitui-se num dos objetos de estudo reconhecidos pela sua importância. A Gerontologia Social possibilita a ampliação da abordagem sobre a questão das disfunções ao se embasar nos fundamentos teóricos disponíveis pelas ciências humanas e sociais, otimizando o conhecimento da população idosa em sua totalidade. 10 A compreensão do envelhecimento como um processo de desenvolvimento é fundamental para conhecermos os idosos em todos os seus aspectos, como enfatiza a concepção ampla e interdisciplinar de saúde, com as contribuições das bases teóricas da Gerontologia Social no entendimento de questões relativas à condição de vida do idoso com disfunções, dentre elas à disfunção vestibular. Esta pesquisa tem por objetivo analisar as repercussões da disfunção vestibular no contexto familiar e social de idosos, desenvolvendo reflexões, de modo a compreender mais amplamente as influências desse acometimento, não reduzindo essas repercussões a alterações funcionais. O estudo da disfunção vestibular é de extrema importância, diante da realidade atual do envelhecimento populacional e do aumento da expectativa de vida, em virtude dos avanços na área da saúde, diminuição das taxas de natalidade e de mortalidade, melhoras nas condições de saneamento básico, enfim, o surgimento de novas condições de vida que devem justificar a conquista da longevidade em sua plenitude. Contrapondo a visão negativa do envelhecimento que condena os idosos à condição de exclusão social e inatividade dentro de seu ambiente familiar, delineia-se a concepção de um novo perfil que mostra a possibilidade real de realização de atividades com independência e a autonomia, além da condição de desenvolvimento de novos projetos de vida, mesmo sendo portadores da disfunção vestibular. No envelhecimento a disfunção vestibular surge pelo próprio processo de degeneração natural dos sistemas fisiológicos, diminuindo a eficácia no processamento de informações e na elaboração de respostas reflexas indispensáveis para o controle postural, o que pode originar, quando não tratada adequadamente, sintomas característicos como vertigem, náuseas, zumbidos e desequilíbrio, levando o idoso à 11 perda da confiança motora e comprometimento da sua autonomia, gerando a dependência. A disfunção vestibular, se não tratada, pode gerar incapacidades parciais, com sérias repercussões para o idoso alterando sua condição de vida, e em particular seu convívio familiar e social. O desconhecimento do assunto e a falta de tratamento adequado podem levar o idoso a perder sua qualidade de vida e incapacitá-lo de realizar suas atividades de vida diárias. Esta pesquisa ao estudar a disfunção vestibular e as suas repercussões no convívio familiar e social de idosos busca o entendimento dessa patologia considerando as bases teóricas da Gerontologia para melhor compreender as necessidades não só do idoso acometido por tal disfunção, como também de seus familiares. A realização de estudos sobre essa realidade exige uma compreensão do idoso em sua totalidade, concebendo-o como um ser bio-psico-social, no sentido de garantir sua integridade e individualidade, visando contribuir para que esse segmento possa viver plenamente a fase da velhice. A priorização deste enfoque de análise e a forma de organização deste trabalho se pautaram no interesse em propiciar subsídios para que as formas de tratamento existentes nos casos de disfunção vestibular de idosos sejam repensadas, tendo em vista condições de vida pessoal e social com maior qualidade e dignidade. Abordaremos inicialmente, no capítulo I, as principais teorias relativas ao sistema vestibular como a anatomia e fisiologia, fundamentais para a compreensão de todo seu funcionamento. Será explicitada, também, a disfunção vestibular propriamente dita e sua caracterização dentro das alterações provenientes do processo do 12 envelhecimento, ressaltando as formas de tratamento para os idosos acometidos desta disfunção e as possibilidades de uma vida normal através da reabilitação vestibular realizada pela fisioterapia. Temas como envelhecimento e a relação entre o normal e o patológico serão discutidos no capítulo II para que as idéias conflitantes entre o que é normal e o que é patológico dentro do processo do envelhecimento sejam esclarecidas. Questões relacionadas à saúde, o que é ser saudável e a influência da disfunção vestibular no convívio dos idosos também serão discutidos. A pesquisa de campo será relatada no capitulo III, detalhando-se, inicialmente, a metodologia e posteriormente os resultados das análises qualitativas incluindo-se depoimentos dos sujeitos participantes desta pesquisa em consonância com o objetivo central proposto para este trabalho. A partir das idéias discutidas nos capítulos, finalizamos a dissertação apresentando considerações finais, o que permitirá sistematizar as principais reflexões de ordem teórica e empírica, de modo a enfatizar os resultados considerados mais relevantes. 13 CAPÍTULO I: ENVELHECIMENTO E DISFUNÇÃO VESTIBULAR O aumento da expectativa de vida é uma realidade presente em toda a humanidade, resultante da queda da natalidade e da mortalidade. Os avanços não só da medicina como de todas as outras áreas contribuem para a melhora da qualidade de vida dos indivíduos, como observa Medeiros (2004 p.186) ao afirmar que a longevidade é uma conquista real: (...) muito se investiu: pesquisas na área da saúde, o avanço da genética, a luta por políticas públicas, a preocupação com o desenvolvimento da infra-estrutura sanitária. Finalmente, no século XXI, a longevidade foi atingida. Viver até 100 anos ou mais é uma possibilidade concreta a ser alcançada. O interressante, porém, foi que ao mesmo tempo em que a longevidade se tornou real, os velhos começaram a perder espaço na família e na sociedade. O importante é que a longevidade seja acompanhada da condição de boa saúde. Isto é possível porque a doença não é mais uma conseqüência inevitável da velhice, mas sim, o resultado de vários fatores, dentre eles, a escolha de estilos de vida. Podemos perceber que a maneira de viver e enfrentar o passar dos anos está se modificando. A população idosa está crescendo rapidamente e a visão sobre o envelhecimento tem se modificado com a construção de novos conhecimentos científicos, como demonstra Terra (2001 p.194) ao abordar sobre novos conceitos resultantes das pesquisas na área da gerontologia social: (...) tendência de sair do modelo de déficit do envelhecimento para o modelo de competência e dos potenciais novos das pessoas idosas, enfocando componentes objetivos e subjetivos da competência e entendendo o envelhecimento como um processo dinâmico, que não significa perdas e danos, mas pode significar desenvolvimento de novos potenciais. 14 Os idosos estão vivendo com melhor condição de boa saúde, diminuição de suas incapacidades e com maior qualidade de vida. Muitos ainda exercem as mesmas atividades assumidas ao longo de suas vidas ou experimentam novas experiências em diferentes espaços sociais, o que se contrapões à concepção preconceituosa que relaciona velhice à dependência. Novas pesquisas mostram o que já foi enfatizado por Saad (1990) apud Alonso (2005, p. 41) no que diz respeito à importância e necessidade da autonomia do idoso, que pode ser independente, mesmo com o aumento da idade: Com freqüência, a pessoa é considerada idosa perante a sociedade a partir do momento em que encerra as suas atividades econômicas. Em outras ocasiões, é a saúde física e mental o fator de peso, sendo fundamental a questão da autonomia: o individuo passa a ser visto como o idoso quando começa a depender de terceiros para o cumprimento de suas necessidades básicas ou tarefas rotineiras. Atualmente, os pesquisadores que estudam o envelhecimento estão mais preocupados com a qualidade de vida do idoso, seus hábitos como alimentação, desempenho nas atividades de vida diárias, prática de atividades físicas, desenvolvimento cognitivo e estado psicológico, base para mudanças no estilo de vida. Destacam-se, nesta abordagem, as medidas preventivas e não só curativas para um envelhecimento bem sucedido de acordo com as necessidades de cada pessoa. O termo qualidade de vida, segundo Terra (2001, p.30), é de difícil conceituação, pois não é possível mensura-lá. Podemos somente relacioná-la com a sensação de bem estar, autonomia, independência e satisfação pessoal. O autor ainda complementa destacando que “essas questões são individuais, pois o comportamento e hábitos de vida variam de um idoso para o outro (...)”. 15 A Organização Mundial da Saúde adotou o termo envelhecimento ativo para expressar o processo de conquista de uma vida mais longa acompanhada de oportunidades contínuas de melhoria na saúde, maior participação e segurança dentro da família e sociedade, cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida dos idosos. A noção de envelhecimento ativo abrange, portanto, situações vividas individualmente e coletivamente; deve ser uma preocupação presente nos ambientes sociais, incluindo a convivência dentro da família, onde os idosos precisam ter seu potencial reconhecido visando à garantia do seu bem-estar físico, social e mental ao longo de toda a vida. Em todos os ambientes os idosos devem ser estimulados a participar, tendo suas necessidades, desejos e capacidades atendidas; ao mesmo tempo, cabe à sociedade propiciar a esse segmento proteção e cuidados adequados às suas necessidades. A fisioterapia vem de encontro a esse conceito por ter como objetivo principal a independência do idoso para as suas tarefas básicas de vida diária visando amenizar e evitar as conseqüências das alterações fisiológicas e patológicas do envelhecimento. A autora Silva destaca o papel da fisioterapia para o atendimento de idosos, enfatizando a importância da atenção específica e a compreensão ampla das necessidades desse segmento, como atribuições do profissional da área. Estas características representam um desafio para os fisioterapeutas, pois faz parte de sua atuação prevenir e retardar as incapacidades possíveis com o avançar da idade e assim prolongar as funções ideais para as atividades diárias funcionais (...) (SILVA, 2005, p.19). 16 A garantia da mobilidade é uma das funções que contribui para uma qualidade de vida satisfatória. Em relação a este aspecto a conduta fisioterapêutica deve ter como preocupação as relações entre a funcionalidade e grau de independência do idoso, o que lhe permitirá reavaliar o significado da presença de limitações específicas como às encontradas na disfunção vestibular. A integridade do movimento humano é mantida através da utilização de recursos específicos da área da fisioterapia, visando à minimização e, em alguns casos, a eliminação dos sintomas gerados pela disfunção vestibular. O atendimento fisioterapêutico possibilita aos idosos portadores da disfunção continuar realizando suas atividades de modo a não terem seu convívio familiar e social afetados. A compreensão dessa realidade nos remete à necessidade de sistematizarmos conceitos específicos da fundamentação anatômica e fisiológica sobre o sistema vestibular, como embasamento para análise da disfunção vestibular e suas características especifícas no processo de envelhecimento, como apresentadas a seguir. 17 1.1 – SISTEMA VESTIBULAR 1.1.1 - ANATOMIA Para manter o equilíbrio o ser humano necessita do sistema vestibular, sistema ocular e do sistema proprioceptivo. O sistema vestibular é responsável pela percepção da posição e dos movimentos da cabeça, o sistema ocular informa sobre o posicionamento dos objetos em relação ao corpo, e o sistema proprioceptivo controla a postura e movimentação corporal. Estes sistemas funcionam sempre em conjunto para o indivíduo se manter em equilíbrio, caso contrário o desequilíbrio será manifestado de diversas formas, de acordo com o órgão afetado. São inúmeras as conexões, bastante complexas que garantem a eficiência dessa função. A compreensão desse sistema exige o reconhecimento dos elementos constitutivos da sua anatomia, dentre eles a orelha que se destaca por suas funções garantidas por vários componentes. Cabe destacar, com relação a esses componentes, que na orelha interna se encontra o labirinto, principal elemento se tratando da disfunção vestibular. O labirinto é dividido em uma parte membranosa e outra parte óssea, está localizado na orelha interna e na parte interior do rochedo temporal. Anatomicamente, a orelha é dividida em um componente externo, um médio e outro interno, sendo constituída pelo pavilhão auricular, conduto auditivo externo e membrana timpânica. (...) Sua porção externa é formada pelo esqueleto ósseo ebúrneo denominado labirinto ósseo, o qual contém no 18 seu anterior o labirinto membranoso (BRASILEIRO, 2002, p. 1018). Na parte membranosa do labirinto está presente a endolinfa, líquido que acompanha a movimentação da cabeça, se tornando indispensável para as informações de manutenção do equilíbrio. As formações do labirinto membranoso se comunicam entre si formando o sistema endolinfático. Qualquer movimentação da cabeça gera consequentemente, a movimentação da endolinfa, o que resulta na condição de equilíbrio. O labirinto ósseo é subdividido em dois segmentos, o anterior e posterior. A porção anterior contém a cóclea com função auditiva. E a porção posterior é formada pelo aparelho vestibular, constituído pelos canais semicirculares e o vestíbulo, responsáveis pelo equilíbrio corporal. O vestíbulo possui vesículas membranosas, designadas utrículo e sáculo, cuja composição lhe garante a capacidade de responder a estímulos sensoriais. Brasileiro (2002, p. 1019) descreve sobre estas especificidades: “O utrículo e o sáculo apresentam otólitos (formações de carbonato de cálcio), nas suas áreas sensoriais, sendo, portanto capazes de detectar acelerações lineares, como a gravidade”. A caracterização da estrutura anatômica do sistema vestibular é imprescindível para o estudo do objeto desta pesquisa. Sua estrutura compõe-se do sistema vestibular periférico e sistema vestibular central. O sistema vestibular periférico é constituído pelos canais semicirculares, o sáculo, o utrículo e os nervos vestibulares superiores e inferiores. Já o sistema vestibular central tem origem a partir dos núcleos vestibulares que estabelecem sinapses, ou seja, ligações, com as fibras dos nervos vestibulares. 19 Segundo Machado (2001), os canais semicirculares são fundamentais porque atua em sintonia com todos os planos do nosso corpo, horizontal, vertical e anteroposterior. Por isso é que, conforme dito anteriormente, a mudança de posição da cabeça gera a movimentação da endolinfa presente no interior desses canais, o que provoca o deslocamento dos cílios das células sensoriais existente na crista ampular situada na extremidade do utrículo. 1.1.2 – FISIOLOGIA O sistema vestibular responde constantemente a estímulos, em condições normais, com o corpo parado ou em movimento. E tem por função proporcionar a manutenção do equilíbrio constante. Equilíbrio é a capacidade de manutenção da postura mesmo quando os movimentos realizados pelo nosso corpo são adversos. A maior parte das funções do equilíbrio é de natureza reflexa, sendo consciente apenas as nossas correções posturais. O conjunto de mecanismos que processa essa condição de equilíbrio é praticamente inconsciente, se dando de forma automática. Autores como Freitas (2002) conceituam o equilíbrio como o controle postural realizado pelo sistema nervoso central, garantindo a movimentação muscular necessária para coordenar a relação entre o centro de massa corporal (CdM) e a base de suporte do nosso corpo (BdS). De acordo com o autor citado anteriormente, o CdM está localizado anteriormente à segunda vértebra sacral, sobre a BdS ou seu limite de estabilidade, que 20 representa a área contida entre os pés na posição ereta.O controle postural é um processo complexo que envolve os esforços conjugados dos sistemas sensoriais. A manutenção do equilíbrio feita pelo sistema vestibular transforma as forças provocadas pela movimentação da cabeça em relação à gravidade no sinal biológico que informa os centros nervosos sobre esta movimentação e posição no espaço, iniciando os reflexos necessários para a estabilização do olho, da cabeça e do corpo. É valido ressaltar que o sistema ocular, o sistema osteomuscular incluindo a pele com seus receptores possuem importante influência na manutenção do equilíbrio, atuando em sintonia e ajudando o sistema vestibular na realização desta função. O movimento da cabeça altera o repouso dos labirintos: quando um é excitado o outro é inibido. Essa informação levada aos músculos do sistema ocular a produzirem o movimento compensatório e linear de cabeça; na seqüência, as células motoras da medula espinhal reajustam o tônus dos músculos do corpo todo para a nova posição, garantindo o equilíbrio. Portanto, o sistema vestibular é nosso centro de controle indispensável para a manutenção do controle postural, exercendo a difícil função de processar as informações sensoriais a partir da movimentação da cabeça e dos movimentos posturais bruscos. Assim, a estimulação excessiva ou o mau funcionamento desse sistema é denominado disfunção vestibular a qual que gera sintomas típicos como a vertigem, a movimentação errada dos olhos, náuseas, vômitos, sudorese e outras sensações que causam desconforto às pessoas acometidas por esta disfunção. 21 1.2 – DISFUNÇÃO VESTIBULAR É extremamente necessária uma avaliação completa para identificar a origem e as causas específicas que provocam a disfunção vestibular e resultam em queixas do paciente envolvendo sintomas como vertigem, náuseas, zumbidos e desequilíbrio. O histórico do paciente apresentando esta sintomatologia específica, juntamente com uma avaliação otoneurológica detalhada é de suma importância para o diagnóstico da disfunção vestibular. A definição do tratamento medicamentoso e clínico apropriado para intervenção dependerá deste diagnóstico, que se constitui na principal referência de todos os processos médicos e de outros procedimentos pertinentes. A vertigem de um modo geral pode também acompanhar outras síndromes além da disfunção vestibular e pode surgir em qualquer fase da vida. É conceituada como a sensação errada de movimento, e pode ser de origem central ou periférica, possuindo sintomas bastante similares entre si. Nas síndromes de origem central especificamente são observados sinais neurológicos como ausência de coordenação nos movimentos musculares voluntários (ataxia), percepção de duas imagens a partir de um único objeto (diplopia), alterações da articulação da fala (disartria), distúrbios de deglutição (disfagia) e fraqueza para a realização dos movimentos corporais. Já nas síndromes periféricas podem estar presentes sintomas como a perda da audição, zumbidos no ouvido, pressão ou desconforto auditivo e alterações neurovegetativas como náuseas e vômitos. 22 Portanto, os distúrbios vestibulares podem ser de origem central ou de origem periférica, os quais incluem especificações próprias quanto às manifestações de seus sintomas, explicitadas detalhadamente no estudo feito por Delisa et al (2002), no qual se baseia a especificação sintetizada a seguir. No que se refere aos distúrbios de origem central encontramos as seguintes patologias: isquemia vértebro-básilar e enxaqueca, ataques isquêmicos transitórios do território vértebro-básilar e vertigens fisiológicas. É valido destacar de acordo com Delisa et al (2002) a isquemia vértebro-básilar, causada por uma compressão da artéria vertebral, já os ataques isquêmicos transitório são os denominados AVC (acidente vascular cerebral) e o mais comum deles é a vertigem fisiológica gerada por uma movimentação não familiar ao corpo como, por exemplo, a experimentada em transportes como carro, navio e avião. Aos distúrbios vestibulares periféricos correspondem sintomas como a vertigem postural paroxística benigna (VPPB), falência vestibular súbita, doença de Ménoère, fistula perilinfática, vertigem postural incapacitante, disfunções vestibulares bilaterais, labirintite bacteriana, neurioma do acústico e tumor de angulo pontocerebelar e vertigens por drogas. Dentre todas essas patologias é importante ressaltar a vertigem postural paroxística benigna (VPPB) tipo mais comum, de acordo com Delisa et al (2002) este distúrbio pode ser gerado por um trauma, infecções virais, alterações isquêmicas ou degenerativas. Os acometidos se queixam de vertigens quando realizam movimentos rápidos com a cabeça, geralmente ao virar na cama, deitar, levantar e nas mudanças de olhares. 23 Estudos feitos por Freitas (2002) sobre a fisiopatologia do sistema vestibular destacam que as alterações anatômicas e fisiológicas típicas do envelhecimento contribuem para o surgimento da disfunção vestibular, pois com o aumento da idade ocorre à degeneração deste sistema, gerando lentidão nas respostas reflexas que promove o equilíbrio, assunto que será abordado no decorrer deste estudo. 1.2.1 – SISTEMA VESTIBULAR E ENVELHECIMENTO A disfunção vestibular em idosos e sua repercussão no contexto familiar e social, objeto de estudo desta pesquisa constituem temas de interesse que se localizam na interface da Geriatria e Gerontologia por sua estreita relação com o processo de envelhecimento e as influências que exercem na condição de vida desse segmento. O envelhecimento populacional mundial, de um modo geral, está ocorrendo aceleradamente, em conjunto como aumento significativo de doenças crônicodegenerativas, que hoje através dos avanços da área da saúde, já são bastante controladas. A expectativa de maior qualidade de vida e maior participação da população idosa, no ambiente social e familiar, é uma realidade incontestável. O novo perfil das famílias revela também uma nova forma de integração e participação do idoso nesse contexto. A família mudou e os velhos também. Novos arranjos estão surgindo. (...) Existem as chefiadas por idosos, mas todas buscam reproduzir muitas vezes aquele modelo idealizado de um lugar sem conflitos (MEDEIROS, 2004, p 192). 24 Frente à resistência às mudanças, temos que começar dentro do ambiente familiar a nos preparar para a velhice, já que desde a nossa concepção estamos envelhecendo, em um processo que se desencadeia até o final da vida, gerando alterações estruturais e fisiológicas nos indivíduos. Autores como Papaleo (1996) descrevem o envelhecimento como o processo dinâmico e progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais bioquímicas e psicológicas que determinam progressivas mudanças na capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. Ocorre, também, uma maior vulnerabilidade e aumento da incidência de processos patológicos. Ainda com base no referido autor, alterações na forma do corpo começam a aparecer, dentre elas a perda da estatura, o aumento das curvaturas da coluna e o aumento do diâmetro da caixa torácica. Ocorre também, a diminuição do teor de água do corpo pela perda intracelular desse componente e perda de massa muscular que se torna cada vez mais evidente. As alterações funcionais e estruturais variam de um indivíduo a outro, e são visivelmente observadas nos idosos nos estágios mais avançados do seu processo de envelhecimento. A força muscular também se enfraquece, a marcha fica mais lenta com a diminuição dos movimentos associados, os reflexos ficam prejudicados e podem ser notadas falhas na memória. Complementando as descrições sobre os sinais do envelhecimento feitas ainda por Papaleo (1996) outras características também se evidenciam na velhice. Alterações no sistema hormonal podem gerar a diminuição de células ciliares do aparelho vestibular, um dos fatores responsáveis pela disfunção vestibular. 25 A disfunção vestibular assume particular importância no processo de envelhecimento, pois o aumento da idade é proporcional ao aparecimento de múltiplos sintomas otoneurológicos. A vertigem, a perda auditiva, o zumbido, as alterações do equilíbrio corporal, os distúrbios da marcha e as quedas ocasionais, sintomas que caracterizam o quadro clínico da disfunção vestibular, afetam sensivelmente a condição de vida das pessoas idosas. A vertigem e o desequilíbrio são considerados parte importante das síndromes geriátricas. Suas origens são multifatoriais e ocorrem do efeito acumulativo dos déficits nos múltiplos sistemas, acometendo idosos por tornarem-se mais vulneráveis a episódios de vertigens e desequilíbrio devido todas as alterações provenientes do envelhecimento como observado anteriormente. O controle do equilíbrio corporal depende da integração dos vários sistemas corporais sob o comando central. O desempenho desses sistemas reflete diretamente nas habilidades do indivíduo em sua capacidade funcional para realizar tarefas cotidianas. Dentre as modificações no sistema vestibular, provenientes do processo de envelhecimento, destacam-se a perda da qualidade e da funcionalidade das células ciliadas, a redução na formação dos cristais de carbonato de cálcio presentes no utrículo e no sáculo e dos neurônios dos núcleos vestibulares, alterações em neurotransmissores, diminuição da eficácia de excitação do sistema vestibular periférico e central, além da perda da eficiência dos reflexos vestíbulo-ocular e vestibuloespinhal. Assim, com o envelhecimento ocorre um desgaste natural das estruturas presentes no sistema vestibular e, como conseqüência, pode surgir às vertigens e o 26 desequilíbrio. Além disso, o idoso pode ser acometido de outras doenças que podem comprometer o funcionamento do sistema de equilíbrio corporal, como aquelas ligadas ao sistema osteomuscular, o que agrava as tonturas e sua predisposição às quedas. O conhecimento da funcionalidade do equilíbrio em idosos com disfunção vestibular crônica e a identificação de sintomas associados à perda do equilíbrio nestes indivíduos permitem o desenvolvimento de programas específicos de prevenção, tratamento e reabilitação, visando à manutenção da autonomia e a preservação da independência do idoso, por maior tempo possível ou por toda a sua vida. As alterações geradas pelo envelhecimento abordadas anteriormente, devem ser consideradas na diversidade da sua forma de manifestação na velhice, pois as mesmas são geradoras de disfunções que não devem ser generalizadas, pois podem, inclusive, não acontecer com todas as pessoas que envelhecem. Mesmo sendo portador de doenças, devemos dar condições para que o idoso não perca sua capacidade de participação nas atividades que realizava durante a sua vida como também pode desenvolver outras potencialidades engajando-se em novos projetos. A população idosa não deve ser isolada de seu ambiente familiar e social, mas devem-se buscar novas formas de adaptação às mudanças que podem ocorrer com sua saúde. As expectativas decorrentes da condição de vida na velhice exigem novas formas de pensar o cotidiano dos idosos, considerando que os mesmos podem e devem reagir, mesmo quando acometidos de doenças como as decorrentes da disfunção vestibular. Seu potencial deve ser reconhecido e estimulado. Beauvoir (1970) destaca essa concepção: 27 É o homem inteiro que é preciso refazer, são todas as relações entre os homens que é preciso recriar, se quisermos que a condição do velho seja aceitável. Um homem não deveria chegar ao fim da vida com as mãos vazias, e solitárias. Se a cultura não fosse um saber inerte, adquirido de uma vez por todas e depois esquecido; se fosse prática e viva; se através dela, o individuo tivesse sobre o seu meio um poder que se realizasse e se renovasse ao longo dos anos, em todas as idades ele seria um cidadão ativo, útil (...) (BEAUVOIR, 1970, p. 664-665). Admitir a idéia do ser idoso como alguém em constante mudança é reconhecer que o entendimento do processo de envelhecimento e da pessoa que envelhece deve ser multidimensional, visando uma concepção de totalidade dessa população. Todas as alterações geradas com o envelhecimento, em particular aquelas resultantes da disfunção vestibular, não devem assustar, mais sim, estimular um entendimento da necessidade de adaptação, prevenção e da busca constante para a melhor compreensão do funcionamento do nosso corpo, das alterações que surgem constantemente, o que permite delinear com objetividade progressiva as possibilidades de maior qualidade de vida, entendida em seu sentido amplo como aponta Ramos (2005): Embora a grande maioria dos idosos seja portadora de pelo menos uma doença crônica, nem todos ficam limitados por esse motivo, e muitos levam vida perfeitamente normal, com as suas enfermidades controladas e expressa satisfação. Um idoso com uma ou mais doenças crônicas pode ser considerado saudável, se comparando com um idoso com as mesmas doenças, porém sem controle das mesmas, com seqüelas decorrentes e incapacidades associadas. (RAMOS, 2005, p.2). Os paradigmas norteadores da vida saudável devem ser revistos para que se possa evitar o isolamento dos idosos, tanto nos ambientes sociais quanto no familiar, agravando ainda mais as alterações fisiológicas trazidas com o envelhecimento e 28 colocando em risco sua autonomia, requisito essencial para enfrentar desafios colocados pelas novas situações e condições de vida. Na verdade, o que está em jogo na velhice é a autonomia, ou seja, a capacidade de determinar e executar seus próprios designos. Qualquer pessoa que chegue aos 80 anos capaz de gerir sua própria vida e determinar quando, onde e como se darão suas atividades (...), certamente será considerado saudável. (RAMOS, 2005, p. 2). O conhecimento multidimensional do envelhecimento em conjunto com recursos avançados existentes atualmente na área da saúde, como as formas de tratamento, colabora para que as alterações provenientes do envelhecimento deixem de ser um desconforto e passem a ser um incentivo para a superação e constante busca do desenvolvimento e da vida plena. 1.2.2 - FORMAS DE TRATAMENTO A alteração do equilíbrio corporal é uma das principais causas de consulta médica geriátrica, assim como das quedas em idosos e, frequentemente, o maior motivo de inatividade desse segmento seja no espaço social ou familiar. De um modo geral tratamentos de diferentes tipos se fazem necessários e devem ser projetados considerando as singularidades de cada caso. O tratamento dos diversos distúrbios vestibulares deve ser direcionado considerando-se a origem do problema, para ser solucionado com maior eficácia, possibilitando a diminuição e, se possível, a extinção dos sintomas decorrentes da disfunção, que prejudicam o desempenho nas atividades de vida diária e alteraram a qualidade de vida do idoso. 29 Existem três formas de tratamento para as disfunções labirínticas: a medicamentosa, a cirúrgica e a reabilitação vestibular. Mudanças de hábitos e vícios como (tabagismo, alcoolismo, má alimentação) e acompanhamento psicológico, devem ser consideradas, dependendo das necessidades apontadas no diagnóstico. Inicialmente deve-se diagnosticar e eliminar as causas da vertigem, através do uso de medicamentos antivertiginosos, que têm função depressora do sistema labiríntico. A escolha do medicamento deve ser feita de acordo com o diagnóstico e das reações do organismo de cada indivíduo. Os hábitos alimentares do paciente também devem receber atenção durante o período de tratamento clínico, pois o consumo de alguns alimentos pode agravar a vertigem e os sintomas associados. Como exemplo pode-se citar o café, álcool, açucares de rápida absorção e o uso do fumo. A reabilitação vestibular reputada como melhor tratamento terapêutico, é realizada com ou sem auxílio de medicamentos; esse procedimento é imprescindível, para a maioria dos fisioterapeutas e outros profissionais da saúde. Na fisioterapia, a reabilitação vestibular é extremamente importante uma vez que esses distúrbios afetam o individuo causando um déficit de equilíbrio acentuado. As metas da reabilitação são: resolver déficits agudos ou reversíveis, compensar déficits irreversíveis, minimizar a carga de déficit crônico e diminuir o perigo de quedas para restaurar a mobilidade segura e ereta, promovendo a independência. A reabilitação como um recurso terapêutico da Fisioterapia, deve ser aplicada como tratamento de pacientes com distúrbios do equilíbrio corporal, sendo a proposta 30 de atuação baseada nos mecanismos relacionados à plasticidade neuronal do sistema nervoso central promovendo a estabilização visual e melhorando a interação vestíbulovisual durante a movimentação da cabeça, ampliando a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições que produzem informações sensoriais conflitantes. A compensação vestibular é definida como o mecanismo de recuperação funcional do equilíbrio corporal e consiste numa série de eventos que regularizam a harmonia das respostas vestibulares. A melhora do paciente é obtida em função das adaptações neurais multifatoriais, substituições sensoriais, recuperação funcional dos reflexos vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinal, pelo condicionamento global, alteração do estilo de vida e efeito psicológico positivo com a recuperação da segurança física e psíquica. Quando aplicada por equipes multidisciplinares, incluindo além de fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos e psicólogos, a reabilitação vestibular obtém melhores resultados. Essa equipe deverá ter como principal objetivo a melhora do equilíbrio global, da qualidade de vida e a restauração da orientação postural por meio de exercícios que estimulam a adaptação. Portadores da disfunção vestibular que realizam a reabilitação vestibular de forma supervisionada e são medicados com drogas antivertiginosas como complemento terapêutico, acabam eliminando as vertigens de forma rápida e completa. É necessário destacar que o sucesso do tratamento necessita da cooperação e da participação ativa do paciente, para se alcançar resultados mais satisfatórios. A 31 abordagem cirúrgica para tratamento da vertigem é usada somente em casos de tumores e fracassos do tratamento clínico em patologias específicas. Podemos então observar, que estas alterações do sistema vestibular que aparecem com o envelhecimento, são de fácil abordagem e tratamento. Como parte da uma ação multidisciplinar, esses procedimentos e cuidados deverão proporcionar melhora na expectativa de vida das pessoas envolvidas, que passarão a viver com maior qualidade desempenhando ativamente seu papel dentro da sociedade em todos os ambientes de convivência, inclusive o grupo familiar. 32 CAPÍTULO II: VELHICE, SAÚDE E CONVIVÊNCIA DE IDOSOS Estamos vivendo um processo evolutivo caracterizado por uma progressiva queda da mortalidade em todas as faixas etárias, e conseqüente aumento da expectativa de vida da população, conforme apontado anteriormente. O investimento na promoção da saúde em geral, para prevenir a morte prematura e aumentar a expectativa de vida da população, igualando nossos patamares aos dos países desenvolvidos, mostram a queda progressiva da mortalidade, contribuindo para essa realidade. Há um enorme desafio neste início de século em relação ao aumento da população idosa, o que demanda novas formas de convivência e atuação profissional em todas as áreas, e em especial na saúde. Diante desse cenário torna-se também necessário investir em novas políticas públicas que proporcionam melhores condições e qualidade de vida saudável para a população idosa que cresce progressivamente e vem assumindo novos papéis dentro da sociedade contemporânea. À medida que os indivíduos envelhecem participando ativamente em diferentes ambientes como: familiar, social, cultural e político da sociedade, tendo ocupações remuneradas ou não, há uma grande possibilidade de diminuição dos gastos com tratamentos médicos e serviços de assistência. 33 Programas e políticas de envelhecimento ativo reconhecem a importância do desenvolvimento da responsabilidade pessoal, do cuidado consigo mesmo e da criação de ambientes adequados às necessidades e interesses individuais e propiciadores à interação entre gerações, incentivando o respeito e a ajuda mútua entre as pessoas. Os indivíduos e as famílias precisam planejar e se preparar para a velhice. Precisam também se esforçar para que seja adotada uma postura de práticas saudáveis em todas as fases da vida, possibilitadora de um desenvolvimento pessoal integral. Ao mesmo tempo, é necessário que os ambientes de apoio sejam cada vez mais facilitadores da vida saudável e que sejam acessíveis a todos. Há múltiplas razões para a criação de programas e políticas que promovam o envelhecimento ativo, enfatizando a participação dos idosos na sociedade e em seu ambiente familiar. Podemos observar que as pessoas que se mantêm saudáveis, ativas e participativas no decorrer do seu processo de envelhecimento enfrentam menos problemas para continuar a trabalhar e exercer suas atividades de vida. O envelhecimento da população demanda a necessidade de políticas públicas próprias para os indivíduos que atingem a velhice com boa saúde e aptos para o trabalho. O que compensaria os custos com pensões e aposentadorias, proveniente do incentivo à aposentadoria precoce dos países industrializados, além de minimizar os gastos com medicamentos. Para que os idosos busquem seus direitos, nessa realidade e assumam seus deveres junto à sociedade e no seu meio familiar, é indispensável o autoconhecimento inclusive das alterações fisiológicas trazidas com o envelhecimento. A necessidade de adaptação frente a essas mudanças deve ser reconhecida de forma positiva, como parte das atividades do seu cotidiano e de seus projetos. 34 Os sintomas gerados pela disfunção vestibular, já tratado no capitulo anterior, podem provocar ou intensificar esse processo de esvaziamento de papéis e impedir a participação ativa desses idosos nos ambientes em que estejam inseridos. Por falta de estrutura ou até mesmo de conhecimento do problema, os familiares, podem não ter condições de acolher seus idosos, que passam a ser vistos como um peso. Essas atitudes são reforçadas por valores predominantes na sociedade atual que tem a juventude como objeto de desejo da maioria das pessoas e como segmento visado nos investimentos dos programas de políticas públicas. Assim, Beauvoir apud Medeiros (2004 p. 188), enfatiza a forma equivocada que a sociedade vê seus idosos, visão ainda persistente, apesar das mudanças de concepções e práticas voltadas para a população idosa. Os homens eludem os aspectos de sua natureza que lhes desagradam. E, estranhamente, a velhice. (...) Há apenas pessoas menos jovens do que as outras, e nada mais. Para a sociedade, a velhice aparece como uma espécie de segredo vergonhoso, do qual é indecente falar. (...) Com relação às pessoas idosas, essa sociedade não é apenas culpada, mas criminosa. Abrigada por trás dos mitos da expansão e da abundância, trata os velhos como párias. Tanto a família como o próprio individuo que envelhece deve rever constantemente seu entendimento sobre os valores da velhice, portando-se de maneira positiva frente a essa fase de vida, priorizando seu potencial de desenvolvimento e sua capacidade de vivenciar novos projetos. Esses aspectos são mais bem compreendidos com base nos conhecimentos gerontológicos que propiciam uma visão critica sobre o envelhecimento, a velhice e a vida pessoal e social do idoso. 35 As pesquisas realizadas na área da gerontologia têm examinado as alterações que vem ocorrendo nas configurações familiares e o aumento da variação dos arranjos de papéis familiares, que tem tido influência na condição de vida do idoso na sociedade atual. É fato que o envelhecimento, por se tornar uma realidade de vida cotidiana e um tema acadêmico, permite comprovações sobre o aumento do número de idosos, e a divulgação de estudos sobre a sua participação na vida social, o que tem aberto caminhos para um melhor entendimento da situação da velhice na realidade brasileira. A pesquisa realizada pelo IBGE, em 2000, traça o perfil dos idosos no Brasil apontando dados interessantes como o fato de que os idosos contribuem para o aumento da renda familiar, assumem a responsabilidade por domicílios e contribuem no processo de crescimento econômico e desenvolvimento social do país. Esses dados mostram a mudança da realidade na identificação do segmento idoso na sociedade, enfatizando com isso, a importância de não priorizarmos somente os aspectos negativos do envelhecimento, mas a necessidade de reafirmação da idéia de que com conhecimento e assistência adequada todos os idosos podem e devem continuar participando e realizando novos projetos na velhice. 36 2.1 – ENVELHECIMENTO E A RELAÇÃO NORMAL / PATOLÓGICO O processo de envelhecimento, conforme explicitado anteriormente, vem acompanhado de várias alterações fisiológicas, psicológicas e anatômicas que conferem aos idosos características específicas tanto na dimensão pessoal, individual como coletiva. O conflito entre normal e patológico está constantemente presente no processo de envelhecer, o que resulta na necessidade de conhecer os diferentes tipos de mudança presentes na vida dos envelhecentes para melhor compreensão da fase velhice. Outro aspecto que merece relevância é que as mudanças que ocorrem no processo de envelhecimento são continuas, alterando várias funções do corpo, como destacado por Spence (1991). A singularidade é um atributo deste processo, de extrema importância, pois cada idoso possui a “sua” velhice, conceito fundamental para a caracterização da condição de vida desses indivíduos, de modo geral, inclusive quanto à sua saúde. A concepção da existência das diversas formas de velhice foi analisada pela gerontologia e tem, ajudado significativamente os profissionais da área da saúde para compreender seus pacientes de maneira mais individualizada, evitando as generalizações que impõem visões distorcidas sobre os idosos e a velhice. Terra (2001, p. 194) destaca neste sentido: Tendências de passar de “normas de envelhecimento” para “formas de envelhecimento” (surgimento da gerontologia diferencial), enfocando as diferenças individuais, mostrando que as diferenças entre os indivíduos aumentam com o processo de envelhecimento (...). 37 Para os profissionais da saúde que atendem pacientes idosos, é muito importante o conhecimento das alterações fisiológicas do envelhecimento, denominadas senescência, para que sejam diferenciadas do envelhecimento patológico ou senilidade. Conhecer o considerado normal e o considerado patológico e fazer a distinção entre eles podem ser difícil, pois muitas vezes esses conceitos se confundem e, portanto, não se deve, generalizar a velhice como a fase de doenças, pois, muitas vezes, estas são passíveis de tratamento e cura. O envelhecimento é um processo natural da vida e, para entendê-lo devidamente, devemos avaliar como os fatos que o caracteriza surgem e se desenvolvem. A má compreensão desses acontecimentos leva estudiosos, profissionais e os próprios idosos a associarem a fase da velhice somente a doenças, subestimando ou aniquilando os potenciais existentes que podem e devem ser estimulados ao longo de toda a vida. As variações que ocorrem no processo de envelhecimento dependem de fatores genéticos, psicológicos e os relativos às condições culturais e de estilos de vida das pessoas. Este processo que deve ser analisado do ponto de vista cronológico, biológico, funcional, psíquico e social, contemplando as especificidades diferenciadoras das suas formas de manifestação. Ao nascer, biologicamente o envelhecimento se inicia. Funcionalmente, o indivíduo fica velho quando perde a sua independência precisando de ajuda para desempenhar suas necessidades básicas. Psiquicamente o individuo fica velho quando suas faculdades cognitivas começam a falhar, apresentando problemas de memória, atenção, orientação e concentração. Socialmente a velhice vai variar de acordo com o momento histórico e cultural. 38 A abordagem do envelhecimento a partir de diferentes pontos de vista é desenvolvida por autores como Carvalho Filho (1996), quando ressalta que o envelhecimento ocorre de formas variadas, independentemente da idade da pessoa. Existem indivíduos que, aos 80 anos, estão em plena atividade, apesar de todas as vicissitudes impostas pela idade, ao passo que pessoas que ainda não chegaram aos 60 anos encontram-se em estado de total desanimo. Algumas idéias contribuem para a concretização negativa da velhice quando conceitua o envelhecimento somente como um processo dinâmico e progressivo com alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, que mudam progressivamente o organismo dando susceptibilidade às agressões intrínsecas e extrínsecas que terminam por levá-lo à morte. O processo de envelhecimento, marcado por declínios funcionais, geralmente torna-se mais perceptível para os idosos, que frequentemente, reagem a esta situação, associando o envelhecer à doença. A realidade sócio-cultural vivida pelos idosos impõe valores que sustentam seus padrões de exclusão responsáveis por essa visão, dando ênfase à relação envelhecimento e doença. A capacidade de adaptação às novas condições de vida, com o surgimento ou não de doenças, é de fundamental importância e faz com que o envelhecimento não seja vivido como processo indesejável. A educação ao longo da vida torna-se relevante para o desenvolvimento de uma vida saudável e digna, fazendo com que o indivíduo seja capaz de aprender a conviver com situações diversas. Devemos reconhecer como um grande desafio o número de pessoas idosas incapacitadas que por conta de seus déficits, se isolam e comprometem sua capacidade de participação e reação frente aos problemas diários. Pessoas que, diante de suas 39 limitações, se tornam dependentes dos cuidados de outras pessoas que nem sempre estão preparadas para incentivar o exercício de autonomia do idoso. O fenômeno do aumento da população envelhecida presente nas sociedades atuais, revela-se profundamente desafiante para os cidadãos idosos e não idosos frente às novas expectativas, comportamento e valores, determinando a necessidade de novas formas de relacionamento entre a sociedade e sujeito. Essas reflexões sobre o envelhecimento expressam as idéias conflitantes existentes e a polêmica sobre o entendimento da relação normal e patológico, considerando que precisamos continuamente elucidar a distinção entre saúde e doença nesse processo de envelhecer que é histórico e se relaciona à realidade da longevidade. Mesmo tendo como foco central deste estudo a doença, não partilhamos da idéia de reduzir o sentido da velhice a essa dimensão. Reconhecemos a necessidade de um contínuo exercício de reflexão para construir a idéia de velhices, considerando a contextualização dessa fase da vida numa abordagem que articula as dimensões biológicas às sócio-culturais. Porém, não podemos deixar de abordar uma das funções do nosso corpo mais comprometidas com o envelhecimento, e a mais importante para esta pesquisa, que é a diminuição da capacidade do individuo manter-se em equilíbrio na posição ortostática. Alteração justificada pelo fato de que a posição ortostática é um evento dinâmico, o corpo obrigatoriamente tem que realizar movimentos involuntários constantes, mesmo quando parado. 40 Para a preservação do equilíbrio nessa posição ortostática, os mecanismos neuromusculares corretivos devem estar íntegros para que as respostas estáticas e dinâmicas desses movimentos involuntários sejam eficientes. Com o envelhecimento é normal que esses mecanismos neuromusculares se apresentem com certa lentidão, provocando um notável desequilíbrio quando o idoso está em pé, em movimento ou parado, tornando esta a principal queixa desse segmento. Essa condição é limitante para a motivação e tomada de decisões das pessoas acometidas quanto as suas opções por uma vida participativa e com convivência social. 2.2 – DISFUNÇÃO VESTIBULAR E O CONVÍVIO DE IDOSOS Pessoas que apresentam disfunção vestibular, seja ela causada por processo patológico ou como decorrência do envelhecimento normal do organismo, se queixam de dificuldades na marcha e no equilíbrio, e freqüentemente relatam episódios de vertigem. Todos esses fatores imputam ao indivíduo um aumento significativo do risco de quedas, o que para o idoso, em particular, representa alterações no seu contexto familiar e social. Como acometimento que afeta a população idosa como decorrência das alterações provenientes do processo de envelhecimento, a disfunção vestibular é caracterizada por Delisa et al (2002 p. 1851), que destaca as seguintes repercussões: “Tontura, vertigem e problemas de falta de equilíbrio, têm um impacto negativo na habilidade do idoso para executar rotinas cotidianas e viver independentemente. Em geral, a manutenção do equilíbrio e da postura ereta não requer esforço consciente. Os sistemas visual, vestibular e sensoriomotor têm importante papel de fornecer informações precisas e muito rápidas que são integradas ao cérebro, que precisa ignorar as 41 informações errôneas e selecionar informações confiáveis ao executar a atividade motora coordenada para o controle postural”. Cabe aos membros da família e à sociedade entender o idoso em seu processo de vida, conhecer suas fragilidades e limitações, assim como suas potencialidades, modificando sua visão e atitude sobre o envelhecimento e a velhice. Devem-se garantir as condições necessárias para que ele possa interagir em relação de igualdade junto ao grupo familiar e em outros ambientes sociais. Historicamente, podemos observar que na antiguidade, os idosos tinham papel principal na estrutura familiar e nas sociedades patriarcais que cresciam ao redor da experiência dos mais velhos. Hoje o núcleo familiar está mais voltado para o casal e seus filhos, com redução do espaço destinado aos idosos, característica apontada por Medeiros (2004, p. 188) quando aborda a mudanças dessa estrutura: Os netos “sabem” mais que os avos. Nas famílias, o lugar dos mais velhos, que sabiam mais “das coisas da vida”, foi sendo ocupado pelos mais jovens, que dominavam o manejo de aparelhos e computadores com extrema destreza. Embora alguns idosos, incomodados com esta nova condição, tentem a viver sozinhos, quando acometidos por doenças, que em alguns casos chegam com o envelhecimento, como a disfunção vestibular, tornam-se dependentes necessitando de cuidados específicos. Recentemente, vivemos em um período importante de transição, mudanças, e complexidade cujo cenário exige a compreensão das transformações sociais e culturais que vêm se desenvolvendo nos últimos anos. No entanto, qualquer que seja a estrutura 42 de organização da família do futuro, há a necessidade de se manterem os vínculos afetivos entre seus membros e o idoso. Vivendo por mais tempo, o idoso tem a necessidade de sentir-se valorizado, ter sua dignidade respeitada, receber atenção e carinho de seus familiares. A família só tem a ganhar quando pode cuidar de seus idosos, que não só contribuíram para a estruturação familiar, como também podem servir de referência de valores, ajudando com isso o fortalecimento de novas gerações. É fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações do seu corpo na velhice, mantenha sua autonomia mesmo com patologias como a disfunção vestibular. Hábitos de vida como a prática de exercícios físicos, boa alimentação, extinção de fumo e bebidas alcoólicas, podem colaborar para que essa autonomia seja preservada mesmo com a longevidade. Profissionais da área da saúde, de modo geral, defendem que exercícios adequados e regulares ajudam a manter o peso ideal, regulam as funções cardiorespiratórias, fortalecem a musculatura e dão mais equilíbrio ao corpo, proporcionando aos idosos melhor qualidade de vida e adaptação as alterações provenientes do envelhecimento, principalmente para aqueles acometidos com a disfunção vestibular, que se queixam principalmente de perda do equilíbrio e medo de queda. Além disso, os exercícios físicos fazem com que o sangue circule melhor e levando mais oxigênio para todas as partes do corpo, reduzindo o colesterol ruim, que obstrui artérias, elevando o nível de colesterol bom, importante no combate das doenças cardíacas e favorecendo, assim, o estado de saúde dos praticantes de modo geral, inclusive os idosos. 43 Em conjunto com os exercícios físicos regulares e o tratamento medicamentoso, a atividade realizada pela fisioterapia na reabilitação vestibular, pode estimular os idosos a se tornarem cada vez mais ativos, controlando o desequilíbrio, as vertigens, o medo de queda, enfim, toda a sintomatologia da disfunção que gera perda de autonomia desse segmento, diminuindo com isso sua qualidade de vida. A tendência das pessoas idosas é reduzir em suas atividades sociais, restrita em visitar amigos doentes, ir à igreja, visitar netos e filhos. A família também contribui para essa situação, pois isolam o idoso devido suas limitações físicas, fato enfatizado por Medeiros (2004, p. 186) quando destaca: “O interessante, porém, foi que, ao mesmo tempo em que a longevidade se tornou real, os velhos começaram a perder espaço na família e na sociedade”. O aumento da dependência do idoso em relação aos seus familiares devido à fragilidade física que às vezes se faz presente, contribui para a concretização da idéia descrita por Saad apud Alonso (2005, p. 41): (...) Em outras ocasiões, é a saúde física e mental o fator de peso, sendo fundamental a questão da autonomia: o indivíduo passa a ser visto como idoso quando começa a depender de terceiros para o cumprimento de suas necessidades básicas ou tarefas rotineiras. A fisioterapia e o trabalho de reabilitação vestibular têm avançado em relação à concepção de doença enfocando essa disfunção de modo a oferecer aos idosos a possibilidade de uma vida social ativa e de boa qualidade, garantindo uma maior participação do idoso na sociedade e na família, em especial. 44 A família do idoso constitui-se num importante elemento do diagnóstico da disfunção vestibular, visto que os maiores problemas geriátricos exigem o conhecimento das condições de vida, do ambiente familiar, físico e psíquico e de moradia do idoso, elementos indispensáveis para uma avaliação correta da sua condição de saúde. A família também pode agir como agente terapêutico na reabilitação vestibular, à medida que a capacidade de adaptação do idoso diminui e sua dependência no ambiente familiar aumenta por este ser o espaço caracterizado pelo próprio idoso como o local de estabilidade e proteção. Papaleo (1996, p.94) reforça a percepção dessa realidade: “A esta diminuição da capacidade adaptativa do idoso às variações sociais observa-se, paralelamente, um aumento de sua dependência do ambiente familiar, caracterizando pelo próprio paciente como um local de estabilidade e de proteção (...)”. Diagnosticada a disfunção vestibular, é indispensável que familiares saibam tudo que se passa, principalmente quando o idoso acometido já apresenta outras doenças secundárias, fazendo uso de muitas medicações e apresenta evidente lentidão e dificuldade em realizar suas atividades de vida diária. É necessário que a família esteja preparada e saiba como tratá-los, ajudando a evitar o seu isolamento devido à sintomatologia da disfunção. A solução para amenizar os sintomas da disfunção vestibular está também no bom suporte social com assistência adequada à saúde além da estrutura familiar adaptada às transformações da vida moderna, para manter o idoso na comunidade de forma participativa, evitando a institucionalização, o que na maioria das vezes só agrava os sintomas como zumbidos, vertigens e desequilíbrio. 45 A Geriatria tem sua contribuição a partir do diagnóstico médico, baseando-se na história clínica, no exame físico e em recursos especializados. A história clínica inclui informações detalhadas do idoso sobre seus sintomas, antecedentes pessoais e familiares, conhecimento de hábitos de vida, medicações e preferências alimentares. O exame físico, através de testes de audição e testes vestibulares adequados para cada paciente, caracteriza o grau da disfunção. Os recursos como à tomografia computadorizada e a ressonância magnética auxiliam em um diagnóstico mais preciso. Dando seqüência a fase diagnóstica ocorre à intervenção dos outros profissionais da saúde, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas, que em conjunto com o médico compõe uma equipe multidisciplinar que irá proporcionar ao idoso um tratamento eficaz na perspectiva de manter a sua autonomia. Porém, todos esses profissionais envolvidos, obrigatoriamente, não poderão possuir apenas uma visão clínica e biológica desse idoso, mas sim, uma visão que envolva todo um contexto familiar e social, para melhor atender as dificuldades encontradas por esse idoso com disfunção vestibular e de seus familiares, que convivem diariamente com esta realidade. Além do conhecimento técnico específico da disfunção vestibular, os profissionais que atendem esse segmento devem possuir uma visão positiva em relação à velhice, como enfatiza Alonso (2005, p. 45), numa perspectiva gerontológica: “Não devemos assim renegar ou rejeitar a velhice, mas tentar enxergá - la e vivê - la sob uma nova ótica. (...) Mas podemos transformar o quadro do envelhecimento se conseguirmos modificar a visão que o restante da sociedade possui desse segmento (...).” 46 Os conhecimentos gerontólógicos enriquecem a interpretação dessa realidade através de uma abordagem multidisciplinar do envelhecimento e da pessoa envelhecida, enfocando aspectos psicológicos e sociais, tão indispensáveis na concepção da disfunção vestibular e que na maioria das vezes é reduzida pelos profissionais da área da saúde somente ao seu aspecto biológico e fisiológico. Ao estudar o envelhecimento, a velhice e os idosos, as pesquisas realizadas na área da gerontologia abrangem também os determinantes genéticos, biológicos, psicológicos e sócio-culturais do processo de envelhecer, aspectos estes que complementam a compreensão das repercussões que a disfunção vestibular pode gerar nos indivíduos acometidos por essa patologia. Isto justifica os resultados do estudo realizado por Simoceli et al (2003) chamando a atenção dos profissionais que atendem pessoas com alterações de equilíbrio. Esses profissionais devem ter em mente não a busca de um diagnóstico específico, mais sim todas as possíveis variáveis clínicas que podem estar alteradas. É indispensável avaliar nesses pacientes, suas doenças de base, problemas cardiovasculares, metabólicos, hormonais, sintomas de depressão e ansiedade, sinais sensoriais e alterações de postura, bem como as medicações utilizadas e hábitos de vida, para que a origem do desequilíbrio seja diagnosticada com eficácia e tratada com sucesso. A associação das alterações em múltiplos órgãos e sistemas é a principal causa do surgimento da vertigem e desequilíbrio no idoso. A multidisciplinariedade é imprescindível para obter-se a completa reabilitação do equilíbrio nesses pacientes minimizando, assim, os riscos e morbidades associadas à disfunção vestibular e seus 47 sintomas que podem levar o idoso à inatividade dentro do seu ambiente familiar e social. Portanto, conceitos da Gerontologia associados à Fisioterapia, se complementam na abordagem do idoso com disfunção vestibular, tendo como principal objetivo a reabilitação a preservação da autonomia e qualidade de vida, e mostram conforme enfatizado por Terra (2001) que envelhecer de modo satisfatório depende do equilíbrio entre as limitações e potencialidades, o que irá permitir adaptação frente às mudanças decorrentes do envelhecimento. A oportunidade de assumir decisões próprias, preservar a independência e capacidades de viver em comunidade, evitar o isolamento no ambiente familiar e social, pelo desconforto trazido pelos sintomas da disfunção vestibular, são objetivos que devem ser almejados não só pelos acometidos com a disfunção vestibular, como também pelos familiares envolvidos neste contexto. 48 CAPÍTULO III: PESQUISA DE CAMPO Esta pesquisa teve como principal objetivo analisar os efeitos da disfunção vestibular do idoso no contexto familiar e social, visando melhorar as formas de diagnóstico e tratamento da sua saúde, além de contribuir para que esse segmento possa viver plenamente essa etapa da vida. 3.1 – METODOLOGIA DA PESQUISA O perfil de cada um dos idosos foi traçado para possibilitar uma melhor compreensão desses indivíduos, através de uma entrevista semi estruturada, com uso de um roteiro (anexo I), contendo perguntas abertas, o que, de acordo com May (2004), permite gerar e manter conversações mais livres com as pessoas sobre tópicos específicos de interesse para a pesquisa. O roteiro contém itens relativos à identificação pessoal e outros que abordam aspectos relativos ao contexto familiar e social dos sujeitos investigados. A realização da pesquisa se deu, mediante a assinatura de um termo de consentimento pelos idosos (anexo II). Também foram realizadas, entrevistas com um dos familiares de cada idoso, incluído como sujeito da pesquisa, após assinatura do termo de consentimento (anexo II). Esse procedimento possibilitou ampliar a compreensão da vida cotidiana do idoso tanto no âmbito individual quanto no contexto familiar e social. 49 A pesquisa foi realizada tendo como base os fundamentos teóricos, sobre disfunção vestibular e envelhecimento, utilizando conceitos da Geriatria, da Fisioterapia e da Gerontologia, como referências para realização da pesquisa de campo com utilização de métodos e técnicas qualitativas, no caso da entrevista, para a coleta de dados e posterior análise. Bases teóricas desenvolvidas por Haguette (2000 p. 55-56) contribuíram para a compreensão e escolha da metodologia qualitativa para esta pesquisa, que atende aos requisitos dessa abordagem: Identificam-se três situações onde se presta atenção particular a indicadores qualitativos: a) situações nas quais a evidência qualitativa substitui a simples informação estatística relacionada a épocas passadas; b) situações nas quais a evidência qualitativa é usada para captar dados psicológicos que são reprimidos ou não facilmente articulados como atitudes, motivos, pressupostos, quadros de referência etc.; c) situações nas quais simples observações qualitativas são usadas como indicadores do funcionamento complexo de estruturas e organizações complexas que são difíceis de submeter à observação direta. Portanto, esta pesquisa foi desenvolvida com a abordagem qualitativa, empregando-se a concepção trazida das ciências humanas, para o desenvolvimento de estudos que permitam ampliar o significado da saúde para a vida das pessoas. Contribuição já reconhecida por Turato (2003) que explicitou a importância dessa metodologia para a compreensão dos aspectos biopsicossociais da vida dos pacientes. Inicialmente, foi realizada a triagem de pacientes com disfunção vestibular associada ao envelhecimento, já com o diagnóstico médico constatado, no cadastro dos arquivos da empresa de home care na qual trabalho, a MedMar/Family Atendimento Médico de Emergências, situada na cidade de Santos, Estado de São Paulo. Vale ressaltar que nenhum desses sujeitos são meus pacientes na fisioterapia. 50 Para atendimento dos requisitos colocados para esta pesquisa de que os pacientes tivessem idade superior a 65 anos, apresentassem a sintomatologia da disfunção vestibular pura, e morassem com algum familiar, este processo foi demorado, já que a maioria dos idosos apresentava outra doença secundária além da disfunção vestibular o que poderiam alterar os resultados da análise. Foram selecionados quatorze pacientes, dos quais quatro se dispuseram à aplicação piloto do instrumental de coleta e dez participaram da realização da pesquisa de campo, sendo entrevistados individualmente. A aplicação do questionário como instrumental na fase da pesquisa piloto foi feita na casa dos idosos, em um clima de muita expectativa e receptividade. Todas as perguntas foram respondidas sem intercorrências o que permitiu o aprimoramento do instrumento para a fase de coleta de dados. Utilizando o mesmo processo para agendamento, realizei as entrevistas com os dez sujeitos restantes. Minha decepção foi grande quando cheguei à residência de um dos sujeitos com 79 anos, e constatei que seria difícil a compreensão das perguntas que lhe seriam feitas, pois seu estado de confusão mental era severo. Infelizmente este senhor, foi então, eliminado como sujeito, restando apenas nove idosos. Fui recebida com a mesma atenção nas residências dos idosos incluídos como sujeitos da pesquisa. O ambiente de algumas casas era alegre e iluminado, o que não se repetia em outras, onde havia escuridão e tristeza. No decorrer das entrevistas ficava claro que esses ambientes refletiam a expectativa e qualidade de vida desses idosos e de seus familiares. 51 Em média cada entrevista durou cerca de trinta minutos. Todos eles ao contarem suas experiências com os sintomas da disfunção vestibular pareciam bem à vontade, pois já estavam cientes das condições explicitado no termo de conscentimento livre e esclarecido (anexo II). Os familiares, ao relatar a realidade vivida, pareciam interessados em conhecer mais sobre o tema. Para dar anonimato aos sujeitos idosos participantes, todos foram denominados com a letra S e um número para diferenciá-los na apresentação dos resultados da análise de dados. O mesmo foi feito com os familiares entrevistados, que foram denominados pela letra F, também seguido do numeral. 3.2 – RESULTADOS DA ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados coletados nas entrevistas levou em consideração os depoimentos subjetivos e a narrativa de histórias pessoais, o que expressa a interação do pessoal com o social, além da importância do ambiente familiar e sua adaptação às novas condições provenientes do envelhecimento. Obedecendo às normas do trabalho científico e aos aspectos éticos da realização desta pesquisa, as entrevistas foram realizadas de acordo com fundamentos teóricometodológicos expostos por Portelli (1997, p.2) quando descreve sobre seu significado: “(...) quando fazemos uma entrevista, invadimos a privacidade de outra pessoa e tomamos seu tempo. (...) Também neste caso, a abordagem ética ou cortês é cientificamente compensadora: boas maneiras e respeito pessoal constituem um bom protocolo para trabalho de campo (...)”. 52 O grupo compõe-se de cinco mulheres e quatro homens. As idades dos idosos, sujeitos da pesquisa, variam de 69 a 90 anos. Até a data da realização das entrevistas, cinco moravam com seus cônjuges e quatro eram viúvos (as), residindo com seus respectivos filhos e netos. Quanto à escolaridade a maioria possui apenas ensino fundamental, todas as mulheres são donas de casa, exceto uma que é professora aposentada. Os homens são todos aposentados das seguintes profissões: engenheiro civil, mecânico, professor e comerciante. Cinco dos noves entrevistados possuem características de vida bastante semelhantes; realizam varias atividades e permanecem fazendo exercícios da conduta de reabilitação vestibular. A maioria das mulheres ainda cuida da casa; as que já possuem netos participam diretamente dos cuidados diários, colaborando para garantir sua alimentação, higiene e o cumprimento dos horários escolares. Na rotina desses idosos inclui-se caminhada e exercícios na praia, participação em encontros da terceira idade e na vida comunitária. Portanto, os sintomas da disfunção vestibular, controlados com o auxilio de medicamento, não interfere em suas atividades de vida diária como se verifica nos depoimentos: “Se um dia eu faltar na casa, minha filha e meus netos não vivem...”. (S1) 53 “Depois de aposentado, curto mais a vida com minha esposa, controlo minha labirintite com remédios e vivo uma vida normal...”. (S3) Quatro dos sujeitos, já demonstram um quadro de tristeza e desânimo. Ficam a maior parte do tempo em casa e só saem quando acompanhados de algum familiar; passam o dia todo deitados ou sentados vendo programas de televisão. Seus relatos indicam que são muito dependentes. Não gostam e não saem na rua por medo de queda. Dois viúvos apresentam ainda uma tristeza maior pela falta de seus cônjuges, o que revela a influência dessa situação no modo como avaliam sua condição pessoal, inclusive de saúde: “Depois que meu marido morreu, me sinto muito só. Tenho medo de sair na rua, dar tontura e cair...”. (S6) “Não tenho mais animo, estou velho, não sirvo para nada, já estou fazendo hora extra...”. (S9) Nos relatos, o aparecimento dos primeiros sintomas da disfunção vestibular oscila em um período de 2 a 25 anos, proporcionalmente à idade, ou seja, para o sujeito de 69 anos os primeiros sintomas apareceram há 2 anos atrás e consequentemente para o sujeito de 90 anos a sintomatologia da disfunção vestibular foi percebida há 25 anos. Fica evidente que na maioria dos casos os primeiros sintomas como vertigens, tonturas, zumbido no ouvido, vontade vomitar, desequilíbrio e medo de queda apareceram após os 65, o que é característico da disfunção vestibular proveniente do envelhecimento. 54 A maioria dos entrevistados relatou que sentir vertigens, desequilíbrio, medo de queda, não são problemas desconhecidos, pois pelo menos o pai ou a mãe apresentavam as mesmas queixas, e quando os pais não relatavam esses sintomas, alguém da família sempre dizia ter tido episódios de vertigens, desequilíbrio e conseqüente queda. “Meu pai reclamava muito de tonturas e falava que tinha as pernas bambas...” (S3). “Mamãe sempre dizia estar com barulho nos ouvidos...” (S5). Quatro sujeitos relatam que as suas atividades mudaram. Antes, tomavam conta da casa, dos familiares; no caso das mulheres faziam todas as atividades domésticas e serviam os filhos e maridos. Os homens saiam para clubes e preservavam o encontro com amigos. A mudança nos hábitos de vida está relacionada com o desconhecimento da sintomatologia da disfunção vestibular e com a falta da capacidade de adaptação frente às alterações geradas pelo envelhecimento. Assim, se torna comum para os idosos não conscientes dessa realidade se caracterizar como anormal, como fica explicito no relato abaixo: “Antes eu era uma pessoa normal, agora tenho muito medo de cair...”. (S6) Já os outros cinco sujeitos, relataram que fazem tudo como antes, apenas um pouco mais devagar e com cautela, detalhe que não os incomoda e fato que indica a 55 aceitação das alterações provenientes do envelhecimento e a visão positiva da necessidade de adaptação frente esta nova realidade. “Hoje, como tomo conta dos meus netos para a minha filha, parece que até tenho mais trabalho, não tenho a mesma rapidez de antes, mais dou conta de todas as minhas tarefas...” (S1). A maioria desses cinco idosos relata que depois de aposentados (as) passam a se dedicar mais a família, à vida social e que os sintomas da disfunção não os atrapalham. Este fato se relaciona à visão ampla de saúde que enfoca que a presença de alguma patologia não precisa levar necessariamente o idoso à dependência e à perda da autonomia. Os relatos das mulheres sintetizam essa idéia quando expõem que não fazem os serviços domésticos porque possuem ajudantes e não porque não são capazes de realizar estes serviços. “Hoje tenho uma ajudante, não porque não dou conta da casa, mas sim para ter mais tempo para mim...”. (S7) “Depois que aposentei, me dedico mais ao filho adotivo com necessidades especiais e a trabalhos voluntários. Quando tenho crises de labirintite tomo medicamento, repouso e depois de algumas horas às atividades volta ao normal...”. (S4) Esses relatos contrapõem a visão de saúde caracterizada somente como o estado de ausência da doença, e estão dentro do conceito trazido por Papaleo (1996 p. 313) quando aborda o significado de saúde: 56 “Saúde, portanto, é a capacidade de um indivíduo ou de um grupo de continuar exercendo funções em seu meio físico e social, contribuindo para a sociedade e interagindo com ela.” Quando abordados sobre como está a vida depois do surgimento dos sintomas da disfunção vestibular, a maioria relatou que juntamente com estes sintomas veio a aposentadoria, e que essa mudança de estilo de vida só facilitou para que os desconfortos causados pela doença fossem mais bem tratados e controlados. No convívio familiar dos cinco idosos, os que moram com netos relatam que as responsabilidades aumentaram, pois participam ativamente dos cuidados e educação deles. Fica evidente o quão importante é essa interação entre gerações, possibilitando que os idosos se sintam ativos e reconhecidos dentro do contexto familiar. “Hoje sou a única que fica em casa, minhas tarefas aumentaram, sou a responsável por meus netos enquanto minha filha fica fora...”. (S1) Os que moram apenas com os cônjuges, dizem que agora aproveitam mais a vida, só aconselham os filhos quando precisa e possuem mais tempo para cuidar de si mesmo, sentem-se mais dispostos, como mostra o relato de uma idosa: “Depois de aposentada tenho mais tempo para a família...”. (S4) Outros quatro sujeitos dizem que após o aparecimento dos sintomas da disfunção vestibular, tudo mudou para pior. Não participam mais de reuniões de família, 57 não querem mais tomar decisões sobre problemas e questões familiares. Enfim, acham que dentro da família, depois que envelheceram, eles não têm mais função. Esses idosos relataram que ficam em casa sozinhos, pois os filhos trabalham. Reclamam que muitas vezes esses filhos quando chegam em casa nem conversam, piorando ainda mais o sentimento de solidão e a acomodação desses idosos frente à condição de exclusão e a perda do papel dentro da família, como relatado abaixo: “Não participo e não tenho mais cabeça para nada...”. (S2) “Não sirvo para nada, já fiz minha parte nesta vida...”. (S6) No convívio social o quadro não é diferente, os cinco idosos que participam ativamente das atividades familiares, também possuem uma vida ativa na sociedade, com momentos de lazer e descontração, participando inclusive de trabalhos voluntários. Dizem que com os sintomas da disfunção vestibular, quando controlados, levam uma vida perfeitamente ativa com possibilidades concretizáveis de terem ocupações que correspondem às suas expectativas e necessidades. Os relatos abaixo indicam a possibilidade de recuperação desses idosos que a partir do momento que conhecem o que é, quais são os sintomas e o tratamento da disfunção vestibular, vivem uma vida ativa, aproveitando o envelhecimento para novos projetos e mais desenvolvimento pessoal e social. 58 “No começo das vertigens achei que estava grávida (risos), depois que fiquei sabendo que era labirintite faço o tratamento certo e não tenho mais nada, levo uma vida tranqüila...”. (S4) “Minhas vertigens são controladas, minha vida social é muito boa, tenho vários amigos e programas para fazer...”. (S7) A vida social dos quatro sujeitos que acreditam não terem mais função dentro da família, também é expressivo, correspondendo aos idosos que, antes de tornarem-se portadores da disfunção vestibular, mantinham relações sociais, participavam de programas com casais de amigos, de locais que ofereciam atividades para pessoas de terceira idade e em atividades nas igrejas. Atualmente não saem mais de casa, não convivem com amigos, não gostam de conversar e nem de receber visitas em casa. O medo de cair, faz com que eles, muitas vezes se isolem em casa, atitude que só enfatiza os problemas gerados pela disfunção vestibular mal compreendida por eles. “Ando na praia só um pouco, pois tenho medo de cair...”. (S8) “Não converso mais com ninguém, não saio mais, não recebo mais visitas, só assisto televisão...”. (S9) O desconhecimento da disfunção vestibular e a falta de tratamento adequado fazem com que seus sintomas se agravem, afetando ainda mais o contexto familiar e social dos idosos por ela acometidos. Muitos dizem não conhecer, por exemplo, a influência do fumo e da bebida no agravamento das vertigens, zumbidos e náuseas. 59 A maioria dos idosos entrevistados já fumou ou experimentou cigarro, sendo que um sujeito com mais queixas dos sintomas da disfunção vestibular, ainda fuma de vez em quando. Bebida não faz parte do cotidiano dos entrevistados, apenas um vinho para os que participam de programa à noite para conversar, jantar ou dançar. O envelhecimento após o surgimento da disfunção vestibular, para alguns sujeitos que não conhecem o assunto, está relacionado ao constante medo de queda, o que os leva a não saírem na rua e se sentirem presos em casa por esse medo. Esse fato se liga diretamente à perda de função dentro da família, gerando com isso um sentimento de tristeza, impotência e solidão, do qual decorre a inatividade e a dependência conforme abordado anteriormente. “Estou velha e ninguém me dá atenção, tenho medo de andar sozinha, pois não tenho equilíbrio...”. (S6) “Sou sozinho, muito triste e muito fraco, minha cabeça quando eu levanto fica tonta...”. (S9) Cinqüenta por cento dos sujeitos relatam não ter mudado em nada a vida após os primeiros sintomas da disfunção. Todos dizem que, inicialmente acharam que nunca mais poderiam sair da cama e que iam ter que andar sempre apoiando em algo para não cair e se machucar. Ao receberem os tratamentos da disfunção vestibular, perceberam que o envelhecimento a partir do surgimento desse quadro, vem acompanhado de situações 60 novas e alguns sintomas nunca notados antes, que quando controlados não interferem em nada nas atividades do cotidiano. Reconhecem a disfunção vestibular como estimulo para a superação e aceitação do aumento da idade, os relatos descritos a seguir demonstram a visão positiva do envelhecimento, mesmo depois do surgimento de patologias: “Fiquei muito assustada, achei que iria morrer, depois, com os remédios sou uma idosa normal...” (S1). “As tonturas são controladas, não me atrapalham em nada...”. (S5) As entrevistas com os familiares dos idosos, sujeitos desta pesquisa nos permitiu delinear a identificação desse grupo: cinco familiares são cônjuges e quatro são filhos e/ou filhas dos idosos entrevistados. As idades dos cônjuges variam de 70 anos a 84 anos, proporcional à idade de seus respectivos familiares. Todos são aposentados (as) e ficam em casa. Já as idades dos filhos variam de 40 a 60 anos, sendo dois solteiros (as) e dois casados (as), o que confirma dados relatados anteriormente pelos idosos. Todos os familiares trabalham o dia inteiro. Quando indagados sobre o comportamento do idoso antes da disfunção vestibular, os familiares de quatro sujeitos, afirmam que antes os idosos eram bem 61 humorados, alegres, com vontade de viver e pareciam estar satisfeitos com a vida que estavam levando. “Antes minha mulher tomava conta da casa, das roupas e comida. Era alegre e tinha vontade de fazer tudo...”. (F2) “Antes, papai era alegre, vivia de bem com a vida, ativo, conversava muito e era muito adorável...”. (F9) Já outros cinco familiares relataram não terem notado alteração negativa no comportamento, afirmando que os idosos continuam sorridentes, bem dispostos e contentes com a vida. Alguns familiares observaram diminuição das reações de irritação e cansaço, fato este que pode estar correlacionado com a chegada da aposentadoria com uma vida menos regrada, o que, os possibilita viver de maneira mais prazerosa. Isto se confirma nos seguintes relatos: “A mamãe sempre me ajudou e me ajuda muito, toma conta da casa toda, dos meus filhos e sempre está com vontade de viver e bem humorada...”. (F1) “Antes ele trabalhava muito, não tinha tempo e vivia estressado...” (F3). 62 No que diz respeito ao desempenho do idoso nas atividades de vida diária antes do aparecimento dos sintomas da disfunção vestibular, todos sem exceção, relataram que seus familiares eram mais ágeis e mais eficientes. “Apesar de ela me ajudar muito, antes ela era mais independente para tomar as decisões e iniciativas domésticas...”. (F1) O idoso quando perde sua autonomia, automaticamente fica dependente. Essa perda como descreve Papaleo (1996), aumenta com o avançar da idade. Porém, se os idosos mantiverem-se autônomos e independentes, as dificuldades tornam-se mais amenas para serem enfrentadas. Quatro familiares relatam ainda que, o idoso era mais participativo, e que assumia todas as responsabilidades domésticas como cuidar da organização e da parte financeira da casa com bastante eficácia, e tinham, mesmo dentro de casa, momentos de descontração e lazer como ouvir músicas. O depoimento de um idoso mostra a mudança: “Atualmente até as músicas que ele gostava de ouvir antes, ele fala que aumenta o barulho da cabeça...” (F9). Os familiares que disseram não terem notado alteração no comportamento dos idosos portadores da disfunção vestibular, enfatizam que, mesmo com notável lentidão característica da velhice e que se reflete na realização das atividades de vida diária, eles levam uma vida muito ativa e saudável e a maioria tem mais tempo para dedicar a casa e a si mesmo. 63 “As crises aparecem quando ela abusa de doces e dorme mal. Quando ela sente tontura, toma remédio, faz repouso e logo fica melhor, com toda a disposição de antes...” (F1) “Depois da primeira crise de labirintite, meu marido percebeu que a saúde não é brincadeira, passou a cuidar mais de mim e de si mesmo...”. (F3) Depois do surgimento da disfunção vestibular, cinco dos familiares dizem que os idosos mudaram para melhor, juntamente com a aposentadoria, veio mais tempo para o lazer e prática de atividades físicas. Os sintomas da disfunção são controlados com remédios e, em três casos com a reabilitação vestibular, não interferindo em seu convívio familiar e social. “Com a ajuda dos medicamentos e dos exercícios eu e meu marido damos até nossas rodopiadas nas aulas de bolero...”. (S3) “Ela percebeu que ficar parada era pior. Começou a se movimentar e melhorou, faz tempo que minha esposa não se queixa mais...”. (S7) No caso dos familiares dos sujeitos que notaram alteração no contexto familiar e social dos idosos, quatro descrevem situações de tristeza, isolamento, falta de vontade e medo de sair de casa e uma dependência grande para a realização das atividades. “Quando eu falo que vamos receber visitas ela fica brava, só que ficar sozinha e em frente à televisão...”. (F6) 64 “Toda vez que ele levanta reclama de tontura e diz que vai cair...”. (F9) Ter que ficar em casa, ser cobrado a dar mais atenção, ouvir sempre reclamações de solidão, e a necessidade da dependência são as questões mais faladas quando os familiares dos sujeitos que sofrem com os sintomas da disfunção vestibular são indagados sobre a função de cuidar do idoso acometido com tal problema. “Também passei a ficar só dentro de casa...”. (F2) “Redobramos a atenção, às vezes quando saímos com ele, ele se desequilibra...”. (F5) Independência e auxilio do próprio idoso nas atividades da casa, são as palavras mais enfatizadas para os familiares que descrevem a função de cuidar do idoso com disfunção vestibular, já que esses idosos como já colocado anteriormente, possuem seu sintomas controlados, levam uma vida saudável e ativa dentro da família e dos ambientes sociais que participam como é descrito nos seguintes relatos; “Ela não precisa de cuidados especiais, ela que cuida dos meus filhos (risos)...”. (F1) “Ele se cuida sozinho, é muito independente...”. (F3) Finalizamos a análise dos dados coletados nesta pesquisa sobre as repercussões da disfunção vestibular no convívio familiar e social de idosos, com a idéia exposta por 65 Terra (2001, p.32) quando enfoca a reabilitação do idoso como elemento principal para a manutenção de sua autonomia discutida ao longo deste trabalho: A reabilitação é, assim, de fundamental importância para restabelecer e adquirir o máximo da autonomia e independência, melhorar as relações interpessoais desses pacientes, trabalhar a parte das deficiências funcionais aumentando a auto-estima. Portanto, os avanços nos tratamentos e técnicas específicas para a abordagem da disfunção vestibular em idosos e a visão positiva do envelhecimento como sendo um processo que todos percorremos, desde o nascimento, proporcionam aos idosos de hoje a garantia de uma vida saudável, ativa e participativa em seu contexto familiar e social. 66 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados coletados e as interpretações resultantes das análises nos permitem expor algumas considerações gerais sobre a realidade da disfunção vestibular. Acometendo um número equivalente entre homens e mulheres, a disfunção vestibular se mostra presente na maioria dos idosos, que também relatam lembrar de antecedentes familiares ou amigos com queixas particulares da disfunção vestibular. Fica evidente que o surgimento dos sintomas da disfunção vestibular, na maioria dos casos, aparece mais severamente após os 65 anos de idade, caracterizado por vertigens, tonturas, náuseas, zumbido no ouvido, desequilíbrio e medo de queda. Os sintomas da disfunção vestibular podem afetar atividades de vida diária, principalmente, quando desconhecidos e, dessa forma, mal entendidos, podem gerar repercussões relevantes no convívio familiar e social dos idosos, como já apontado anteriormente. Após análise das nove entrevistas realizadas com os idosos e seus respectivos familiares, podemos constatar que quatro dos sujeitos que sofrem com os sintomas da disfunção vestibular, não conhecem a fundo a patologia, acham que é condição normal do envelhecimento. A falta de acompanhamento médico e a perda da eficácia dos medicamentos por uso incorreto, provocam uma exacerbação na sintomatologia da disfunção vestibular, que, conseqüentemente, afeta ainda mais o convívio familiar e social, gerando maior dependência e falta de autonomia do idoso para a realização de suas atividades de vida diária. 67 O desconhecimento da reabilitação vestibular realizada por profissionais da área da saúde com diferentes formações, porém com um mesmo objetivo, colabora ainda mais para a condição de doente desses idosos acometidos por não acreditarem que os sintomas podem ser controlados com uma abordagem multidisciplinar adequada. Essa limitação é mais evidente quando os idosos sujeitos dessa pesquisa relatam seu cotidiano antes dos sintomas aparecerem, quando eram ativos, tomavam conta das atividades da casa, saiam, gostavam de se relacionar com amigos, fazer compras, caminhar na praia, dentre outros, que agora deixaram de fazer. No contexto familiar, se isolam, não gostam mais de participar de reuniões familiares, almoços e também são apáticos nas decisões domésticas. Descrevem não ter mais função dentro da família, se sentem inúteis, e por isso passam a maior parte do dia em frente à televisão, tentando esquecer os problemas. No contexto social, os relatos afirmam que antes possuíam amigos, participavam de programas para a terceira idade, iam a igrejas e hoje não saem mais de casa, por medo de cair preferem ficar a maioria do tempo sentados e deitados, gerando ainda mais desequilíbrio e insegurança na hora de caminhar e de sair na rua. O envelhecimento para os idosos que sofrem com os sintomas da disfunção vestibular revela uma situação que deteriora a visão sobre a fase da velhice. Passam a acreditar que por estarem velhos não possuem mais função, não podem vislumbrar novos projetos, não tem expectativa de vida, esperam o tempo passar e à hora da morte chegar. 68 Os familiares dos idosos que sofrem com os sintomas da disfunção vestibular, além de não conhecerem formas de tratamento como a reabilitação vestibular, também apresentam a visão negativa do envelhecimento e descrença de uma vida absolutamente normal mesmo sendo portador desta disfunção. As queixas dos familiares foram às mesmas enfatizadas por seus idosos. Todos afirmam que bom humor, alegria de viver e satisfação estavam presentes antes das vertigens e o desequilíbrio aparecerem. A falta de tratamento adequado, muda essa realidade, dando espaço para a insegurança, o medo, a dependência e a cobrança de atenção devido a situação que se encontram. A falta de atividade e a não realização das tarefas do lar, levaram esses indivíduos a aumentarem o sentimento de inutilidade. Uma vez isolados e inativos só fazem agravar a manutenção dos sintomas da disfunção vestibular, que se exacerbam com a falta da movimentação e com falta de estimulação do sistema vestibular para manutenção do equilíbrio do corpo. Quanto menos o sistema vestibular é utilizado mais ele vai se degenerando. Portanto, a movimentação, a reabilitação vestibular e bom hábitos de vida, fazem com que o sistema vestibular se adapte a nova condição e consiga se adequar dentro dessa realidade, fazendo a manutenção do equilíbrio de maneira eficaz, como descrito por idosos que relataram experiências diferentes dos demais que se acomodaram com os sintomas da disfunção vestibular. Encontramos nos relatos da maioria dos idosos entrevistados que após o surgimento dos sintomas não mudaram em nada suas atividades; admitem que no primeiro instante ficaram assustados e apreensivos, mas depois com orientações e conhecimento do assunto passaram a levar uma vida normal, sem intercorrências. 69 Todos eles participam e desempenham ativamente seu papel dentro da família, sendo que alguns ainda aumentaram a responsabilidade por terem que cuidar dos netos. No caso das mulheres, não realizam mais as atividades domésticas, porque destinam querem tempo para se divertir. O mesmo acontece com os homens que já são aposentados e não querem trabalhar mais. Momentos de lazer, jantares, danças, trabalhos voluntários está presente na vida desses idosos, que não param em casa. Dizem que quando algum sintoma como vertigem ou náusea aparecem é só tomar a medicação que logo passa. Exercícios de cabeça, olhos e pescoço usados na reabilitação vestibular é uma atividade diariamente presente na rotina desses indivíduos. Para viver com qualidade, se adaptaram á disfunção vestibular, tomam medicamento corretamente, praticam atividades físicas e realizam ou já realizaram exercícios de reabilitação vestibular. Esses idosos, não deixam se abater com a disfunção vestibular e levam uma vida normal e realizam suas atividades com independência e eficácia. Os familiares que mostram satisfação em terem seus idosos felizes com a vida que levam, enfatizam que disposição, alegria, e vontade de viver são as palavras apropriadas para descrever esses idosos. E que, certa lentidão na hora da realização das atividades diárias pode ser notada, mais que isso não interfere em nada e nem é problema para esses sujeitos. Contrapondo essa realidade, podemos constatar que os sintomas da disfunção vestibular originadas pelas alterações no processo de envelhecimento, quando não tratados e controlados, podem gerar uma série de desconfortos aos indivíduos. Essa condição de vida acentua ainda mais o sentimento de inutilidade e vazio desses idosos 70 que com a velhice, associam a falta de função dentro do contexto familiar e social que se encontram. Porém, o conhecimento da disfunção vestibular, a orientação médica e a prática da reabilitação são indispensáveis para que os acometidos por tal patologia levem uma vida sem privações e com qualidade de acordo com as necessidades e disposição de cada um. Os idosos que aceitam bem o avanço da idade, não deixam de realizar suas atividades por estarem mais velhos, mas se mostram participativos na família e gostam do convívio social. Essa situação indica que a disfunção vestibular associada ao envelhecimento, quando tratada não priva os idosos de uma vida normal e muito agradável. 71 BIBLIOGRAFIA ALONSO, F.R.B. O idoso ontem, hoje e amanhã: o direito como alternativa para a consolidação de uma sociedade para todas as idades. Revista Kairós. São Paulo, n.8(2), EDUC, dez.2005. BACELAR, R. O lugar da avó. Recife: Fundação Antonio dos Santos Abranches – FASA, 2002. BEAUVOIR, Simone. A Velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1970. BOTTÓS, M. R. M. O envelhecer na visão de idosos com seqüelas do Acidente vascular Encefálico. Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela PUC-SP, 2007. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia. 6ª Ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2002. BROWN, K.E., WHITNEY, S.L., MARCHETTI, G.F., WRISLEY, D.M., Furman JM. Physical therapy for central vestibular dysfunction. Arch Phys Med Rehabil. Janeiro, 2006. CAETANO, MARIA ALICE. 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Disponível em < http://www.wgate.com.br/fisioweb> Acesso 16 dez. 2006. 76 ANEXO I IDENTIFICAÇÃO Nome: ______________________________________________________________________ Idade: _____________ Sexo: _____________ Estado civil: ______________________ Escolaridade: ______________________________________________________________________ Profissão: ______________________________________________________________________ Atividades de rotina diária: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ A - DIAGNÓSTICO 1. Estado clínico atual de acordo com o diagnóstico médico: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. Medicamentos em uso: tipo (s) e forma de administração (?): ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ B - QUESTÕES APLICADAS AOS IDOSOS COM DISFUNÇÃO VESTIBULAR 1. Quando (mês e ano) apareceram os primeiros sintomas da disfunção vestibular*? Quais foram os sintomas? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Antecedentes Familiares quanto à doença: ( ) sim __________________________ ( ) não 3. Quais eram as suas atividades antes dos sintomas da disfunção vestibular *? 77 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4. Atualmente como está sua vida depois do surgimento dos sintomas da disfunção vestibular *? 4.1 No convívio familiar: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4.2 Nos ambientes sociais: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5. Nas suas AVD’s está incluído: Fumo ( ) sim ___________________________________________________________ ( ) não Bebida ( ) sim __________________________________________________________ ( ) não 6. Como foi envelhecer para você após o aparecimento da disfunção vestibular*? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ C - QUESTÔES APLICADAS AO FAMILIAR DO IDOSO COM DISFUNÇÃO VESTIBULAR IDENTIFICAÇÃO Nome: ______________________________________________________________________ Idade: __________________ Sexo: _____________ Estado civil: ________________ Escolaridade: ______________________________________________________________________ 78 Profissão: ______________________________________________________________________ Atividades de rotina diária: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 1. Descreva o comportamento do idoso e como era o seu jeito de ser (humor, expectativa de vida) antes do surgimento da disfunção vestibular. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Como era o desempenho do idoso nas atividades de vida diária antes do aparecimento dos sintomas da DV? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3. O que mudou em seu familiar no comportamento e no jeito de ser e como tem sido o convívio familiar e social depois da disfunção vestibular? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4. Comente sobre a função de cuidar de um idoso com DV. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ * Sintomas da Disfunção Vestibular: Perda do equilíbrio, medo de queda, lentidão na marcha, diminuição da largura dos passos, vertigens, zumbidos e náuseas. 79 ANEXO II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Pesquisa: REPERCUSSÕES DA DISFUNÇÃO VESTIBULAR NO CONVÍVIO FAMILIAR E SOCIAL DE IDOSOS. Pesquisadora: Renata Porcel de Oliveira O objetivo desta pesquisa é analisar as repercussões da disfunção vestibular em idosos, no seu convívio familiar e social, visando melhorar as formas de diagnóstico e tratamento, possibilitando uma vida plena e feliz. A pesquisa será realizada através de entrevistas no domicílio de cada participante pela pesquisadora responsável. Será mantido o anonimato dos entrevistados na divulgação dos resultados deste trabalho. Ao concordar em participar desta pesquisa estou ciente de que: • Sou livre para participar ou não das entrevistas e se aceitar posso desistir a qualquer momento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma; • Não serei submetido a nenhum risco ou desconforto perante a pesquisadora; • Durante a entrevista, terei liberdade para interromper a qualquer momento para pedir esclarecimentos sobre as questões propostas; • Não serei ressarcido de nenhuma despesa, pois não terei nenhum custo ao participar desta pesquisa; • Concordo que os resultados obtidos estão sujeitos a apresentação em eventos acadêmicos, revistas ou outros meios de divulgação de estudos desta natureza. Uma cópia deste Termo de Consentimento ficará sob minha guarda e a segunda via será entregue aos entrevistados. Santos, _______________________________ de 2008. __________________________ Nome e assinatura do idoso participante ____________________________ Nome e assinatura do familiar