FORMAÇÃO DOCENTE PARA EAD: NOVAS COMPETÊNCIAS PARA OS PROFISSIONAIS DO ENSINO SUPERIOR GT1-Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas) *Poliana de Oliveira Lima **Mariângela Dias Santos RESUMO O presente estudo busca discutir sobre a formação docente para a EAD, assim como o aperfeiçoamento dos profissionais atuantes no ensino superior, propondo uma reflexão das práticas pedagógicas diante do novo paradigma estabelecido pela educação informatizada. Desse modo, o trabalho utilizou-se de um estudo bibliográfico no qual analisa referências de diversos teóricos que refletem a especificidade da educação a distância como uma modalidade que vem apresentando novas práticas, exigindo diferentes competências para os atores educacionais. O referido estudo, conclui enfatizando a importância da formação e do aperfeiçoamento dos profissionais do ensino superior com as vivências dos ambientes criados pelas TIC`S para a aquisição de um novo perfil que atenda as propostas da educação a distância. Palavras – chave: Educação a Distância, Formação docente, Novas Competências. ABSTRACT This study aims to discuss teacher education for the EAD, as well as the improvement of working professionals in higher education, proposing a reflection on pedagogical practices of the new paradigm established by computer literacy. Thus, the work has used a literature which analyzes various theoretical references that reflect the specificity of distance education as one which has shown new ways, requiring different skills for their actors. The study concludes by emphasizing the importance of training and improvement of higher education professionals with the experience of environments created by ICT `s for the purchase of a new profile that meets the proposed distance education. KEYS-WORD: Distance Education, Teacher Training, New Skills. * Especialista em Didática do Ensino Superior pela Faculdade Pio Décimo. Pedagoga pela Universidade Tiradentes – UNIT. Assessora Pedagógica do Curso de Pedagogia /EAD –UNIT.Membro do grupo de Estudos Pedagógicos Interdisciplinares sobre temas atuais da Educação (GEPISTAE/UNIT/CNPq). ** Mestre em Educação pela UFS. Pedagoga pela Universidade Tiradentes e professora da mesma instituição. Membro do grupo de Estudos Pedagógicos Interdisciplinares sobre temas atuais da Educação (GEPISTAE/UNIT/CNPq). 2 INTRODUÇÃO Vivemos em um momento complexo e marcado pelo crescente uso das tecnologias digitais, principalmente no que diz respeito à comunicação e informação, o que tem encurtado distâncias, influenciando e acelerando as tomadas de decisões e os processos históricos. Esse uso tecnológico crescente vem adentrando o cotidiano das pessoas nos mais diversos campos da atividade humana. A educação, por sua vez, não poderia se encontrar apartada desse processo. A presença das tecnologias na educação é algo notório e inquestionável, principalmente quando se usa como recurso didático. Dentro deste contexto a Educação a Distância vem se apresentando no século XXI como uma ferramenta concreta que vem permitindo a educação superior ultrapassar os centros urbanos, levando formação continuada e permanente através do acesso a novas tecnologias. Deve-se considerar que a EAD é parte de um amplo e contínuo processo de mudança, que envolve não só a democratização do acesso a níveis crescentes de escolaridade e atualização permanente como a também a adoção de novos paradigmas educacionais, em que a aprendizagem esta voltada para a formação de sujeitos autônomos, capazes de buscar, criar e aprender ao longo de toda vida e de realizar intervenções no mundo o qual esta inserido. Diante das transformações presentes, aumentam as pressões por maior qualidade no processo educacional e espaços para a construção do saber, espaços estes que não mais se resumirão a sala de aula, mais um espaço de aprendizagem cujo ambiente favoreça ao desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar, crítico, criativo, aberto a diversidade cultural e é claro comprometido com o ambiente físico e social em que vivem. Analisando a realidade brasileira e as suas demandas nos cursos superiores, percebe-se que a Educação a Distância é a modalidade de educação mais viável e oportuna para atender as exigências impostas pela sociedade e ao fluxo de indivíduos em busca da qualificação. Vale ressaltar que a Educação a Distância é parte de um amplo e continuo processo de mudança, inclusive respaldada na LDB 9394/96 nos artigos 80 e 87, que inclui não só a democratização de acesso a níveis de escolaridade, como também a adoção de novos paradigmas educacionais. É preciso acrescentar que a modalidade a distância envolve não apenas aspectos tecnológicos contemplam a participação humana no apoio ao processo de aprendizagem. 3 Dessa maneira, os docentes assim como os tutores representam elementos essenciais para o desenvolvimento e organização do processo de ensino-aprendizagem. Para isso, estes precisam refletir a concepção de educação que norteia a sua prática, bem como desenvolver novas habilidades e competências diante dos desafios que a referida modalidade põe em questão. É importante acrescentar que muitos dos docentes que atuam nos cursos superiores a distância já trabalham na modalidade presencial e já possuem titulações de especialistas, mestres e até doutores. Para alguns esse desafio ainda é encarado com desconfiança, pois requer novas possibilidades de ensinar e aprender com as tecnologias o que inclui orientação e acompanhamento de alunos, domínio do sistema, produção de conteúdos e até especificidades no processo de avaliação por meio do espaço de aprendizagem virtual. O presente estudo pretende abordar a importância e necessidade de uma formação continuada por parte dos profissionais atuantes do ensino superior presencial que se depara com as propostas e desafios de lecionar na modalidade a distância. A produção científica parte da hipótese de que muitos destes docentes não estão preparados para uma atuação na EAD, encarando o novo desafio com desconfiança, em função das alterações que acontecem na sua prática pedagógica diante das inovações tecnológicas. Assim, a formação continuada passa a atender necessidade de re-significar as suas formas de ensinar, de ser e agir para atender as demandas que circulam no âmbito educacional. Para isso, a realização das etapas desta produção científica esta baseada em uma metodologia qualitativa/ bibliográfica. Dessa maneira, começamos discorrendo um breve histórico da EAD, o surgimento das primeiras manifestações desse ensino e a sua expansão ao longo dos anos. Logo em seguida, são discutidas as novas competências necessárias para atuação docente no âmbito específico da EAD. BREVE HISTÓRICO DA EAD As primeiras experiências em educação a distância foram singulares e isoladas. No entanto, já foram significativas para pessoas implicadas na questão religiosa. A exemplo há o apóstolo “São Paulo”, que escreveu suas famosas epístolas a fim de ensinar as comunidades cristãs da Ásia menor, como viver como cristãs. Para isso, ele usou as tecnologias da escrita e 4 dos meios de transportes para a divulgação do seu trabalho missionário. Isso já era claramente uma substituição da pregação do ensino face a face por uma pregação de ensino assíncrona e mediada. (PETERES, 2003. p.29). Foi em meados do século XIX, que pode ser identificada em todos os lugares onde a industrialização modificou as condições tecnológicas, profissionais e sociais de vida, a primeira abordagem geral à educação à distância. No entanto, os sistemas educacionais da época não conseguiam adaptar-se a forte mudança de paradigma educacional, onde as necessidades não eram sequer identificadas e ao menos supridas. Diante dessa situação, os empresários no início da revolução industrial, principalmente os editores, identificaram essas lacunas no sistema educacional e resolveram lucrar com a produção e distribuição em massa através das novas tecnologias dos correios e das ferrovias. Assim, surgiram muitas escolas por correspondência em países como a Inglaterra, França, Alemanha e mais tarde em outros continentes. Essas práticas tornaram-se importantes porque ofereciam instrução aquelas pessoas que foram esquecidas pelo sistema educacional, sujeitos que desejavam ascender socialmente na vida a fim de uma melhor qualidade de vida. Segundo Peters (2003, p.31), dois aspectos desta forma particular de ensino a distância contribuíram para a sua importância, entre eles: o oferecimento de instrução via correspondência com o apoio do rádio, para as pessoas que moravam em áreas remotas; a oportunidade de informação para as pessoas que residiam longe dos seus países de origem, nas colônias, a exemplo dos colonos britânicos que não tinham o acesso a universidade tradicional, dedicando-se aos estudos sozinhos no intuito de realizar os exames da Universidade de Londres. Essas atividades configuram-se em outra raiz da educação a distancia e da educação superior aberta moderna. Mais adiante, nos anos 70, a educação a distância ganhou uma nova abordagem, modificando significativamente o cenário educacional. Esse fato é caracterizado pelo uso adicional de dois meios de comunicação de massa eletrônicos analógicos - o rádio e a televisão mais ainda o uso do vídeo, fitas cassete, assim como os centros de estudos. As novas tecnologias foram usadas de modo integrado e não apenas ocasionalmente. Neste mesmo período, as universidades contaram com o financiamento governamental que permitiu o desenvolvimento de materiais didáticos de alta qualidade. A produção em 5 massa de materiais impressos foi suplementada pelas transmissões dos poderosos meios de comunicação (rádio-televisão). A fim de implementar suas políticas educacionais, os governos criaram universidades autônomas de uma única modalidade de ensino a distância que conferiam graus. As principais características desta proposta política foram: Progresso na criação e no acesso a educação superior para grupos maiores de adultos, experimentação pedagógica, o uso cada vez maior das tecnologias educacionais, a introdução e manutenção ao aprendizado aberto e permanente. Os resultados destes avanços tornaram a educação a distância ainda mais relevante do que antes. Neste momento, esta forma de aprendizagem passa a ser reconhecida e financiada pelos governos. Entre os anos de 1970 e 1980 a imagem da educação a distância nunca havia se tornado tão importante e tão valorizada. Até então, pode-se verificar três períodos na história da educação a distância. O primeiro momento, projetos singulares que criaram e testaram métodos para o aprendizado on-line. O segundo período representa a era da educação por correspondência promovida pela iniciativa privada e logo depois pelo Estado. E o terceiro período é a era da educação a distância pela universidade aberta. Para Peteres (2003, p. 33), esta última etapa em especial “atraiu a atenção mundial e tornamos testemunhas de um avanço inesperado deste método na educação superior”. E necessário enfatizar que a importância crescente deste método de ensinar, está intimamente relacionada às tecnologias utilizadas em cada etapa: escrita, meios impressos, transportes por meio de aviões, ferrovias, carros, transmissão das “velhas mídias” como o rádio e a televisão, assim como pelas “novas mídias” em especial o computador. MUDANÇAS DE PARADIGMA NA APRENDIZAGEM INFORMATIZADA A Educação a Distância vem vivenciando transformações pedagógicas em virtude dos avanços tecnológicos. Face às tecnologias da informação e comunicação, essa modalidade de ensino, requer planejamento de novos formatos de aprendizagem e ensino o que acarreta mudanças no processo de ensino-aprendizagem. Esse novo paradigma com o acréscimo das novas mídias difere das mudanças acontecidas nos anos 60 e 70, quando a estrutura pedagógica foi alterada apenas temporariamente e de modo superficial. Esse momento representa um impacto nos moldes 6 tradicionais da educação, onde o processo de ensino-aprendizagem passa a ser aberto, centrado no aluno, baseado na interação, participação, flexibilidade curricular e estratégias de ensino não mais fixadas no espaço das Instituições Superiores, já que a educação pode-se dar nos lares e locais de trabalho. É preciso ratificar que esta mudança também implica nas relações dos professores e alunos, em que o primeiro precisará replanejar o ensino e a aprendizagem através de uma nova abordagem. Para Moran1, a Educação a Distancia “é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e temporalmente.” Apesar de não estarem normalmente juntos, fisicamente, os mesmos agora, poderão estar conectados, interligados por tecnologias, com a internet, utilizando os seguintes recursos: rádio, correio, TV, Cd-room, telefone e tecnologias semelhantes. Os estudantes passam a acessar qualquer informação de que precisam sem uma ajuda expositiva tradicional de um professor, sem espaço e hora especificamente agendados. Além disso, o aluno precisa desenvolver a capacidade de estudar sozinho e se tornara autônomo. Dessa maneira, a produtividade do aluno vai se tornar mais importante do que a produtividade do corpo docente. O que esta sendo ensinado vai depender do interesse e necessidade do que os estudantes precisam aprender. Por sua vez, as interações sociais não serão mais reais e sim virtuais. Há diferentes possibilidades para comunicação e interação virtual que podem ser exploradas com o propósito pedagógico. Exemplificando essa situação, há o método do eu-sozinho, no qual os estudantes trabalham de acordo com o paradigma do www; o método uma-a-um, onde os alunos utilizam o e-mail e o método um-a-muitos, que trata-se das conferências por computadores para discussão, debates, estudos, fóruns. Todo esse avanço tecnológico no espaço educacional, também acarreta alterações no conceito de educação presencial. Na medida em que as tecnologias da comunicação virtual (internet,videoconferência) avançam, permite-se um maior intercâmbio de saberes, pois os professores do presencial poderão compartilhar construir conhecimento com o professor virtual e vice-versa. 1 MORAN, José Manuel. O que é educação a distância. Ponto de vista retirado do site: http:// www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm. Acesso em: 22 nov. 2010. 7 Moran enfatiza que “estamos numa fase de transição na educação a distância (...)há um predomínio de interação virtual-fria (formulários,rotinas,provas, e-mail) e alguma interação on-line”(MORAN,2000,p.59). O estudioso ainda acrescenta que a educação a distância não é um “fast-food”, ou seja, não é algo em que o aluno se serve de materiais pronto, trata-se de uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e grupais. Partindo da perspectiva de um trabalho virtual e presencial, as possibilidades educacionais que se abrem são as melhores possíveis, pois irão permitir uma maior integração com inúmeras pessoas. As tecnologias streaming2 representam um desses recursos de maior interação, pois permite visualizar o professor numa tela, acompanhar o que fala fazer perguntas e comentários. Toda essa transformação na educação a distância não é algo simples e fácil. Existe no contexto a qual esta inserida uma grande desigualdade econômica de acesso, maturidade e motivação das pessoas. Muitos ainda não estão preparados para as mudanças e nem todos tem acesso aos recursos tecnológicos. Portanto, o primeiro grande passo para resultados satisfatórios nesta modalidade de ensino, é possibilitar a todos o acesso as novas tecnologias, a informação significativa e a mediação de docentes preparados para a sua utilização inovadora. NOVAS COMPETÊNCIAS: O APERFEIÇOAMENTO DOS PROFISSIONAIS ATUANTES PARA A EAD Como já discutido nas outras secções deste artigo, as mudanças tecnológicas, científicas que vem ocorrendo na sociedade refletem intensivamente na educação e consequentemente traz novas exigências a formação de professores. Ao falarmos de formação docente, surge uma série de indagações tais como: Quais são as melhores formas de fazer a educação? Quais metodologias mais adequadas? Como trabalhar com a proposta da modalidade de ensino EAD?Para LIBÂNEO (2000, p.77) o 2 Streaming é uma técnica de transferência de dados, onde os dados são processados em fluxo contínuo de forma a permitir que o conteúdo seja reproduzido antes de ser completamente enviado. Um famoso exemplo do uso dessa tecnologia são os vídeos do YouTube, onde os visitantes desse site podem começar a assistir a um vídeo (e a ouvir o seu áudio) enquanto o mesmo está sendo carregado. Disponível em: <http://www.htmlstaff.org/ver.php?id=24775> Acesso em: 22 nov. 2010. 8 professorado diante da nova complexidade de saberes carece de uma formação teórica mais profunda e operativa para lidar com a diversidade cultural, a diferença e com a proposta das TIC´s. Direcionando - se para os profissionais que atuam no ensino presencial, percebe-se que muitos destes foram orientados por um paradigma tradicional. Por sua vez, estes são os educadores chamados para atuar na educação a distância, desempenhando múltiplas funções, para muitas das quais não se sente, e não foi, preparado. O ensinar em EAD, requer a definição de um novo papel, diferente daqueles desempenhados no ensino convencional. Neste modelo tradicional, o processo de ensino está ligado à pessoa do professor, figura central, que organiza e estabelece de forma sistemática e objetiva as suas ações no processo de aprendizagem. Trata-se de uma mediação pedagógica que acontece de forma hierárquica, não considerando o sujeito. Na educação a distância, esses referenciais tradicionais se perdem e “o professor deverá tornar-se parceiro dos estudantes no processo de construção do conhecimento, isto é, em atividades de pesquisa e na busca da inovação pedagógica”(BELLONI, 2006.p.81). As funções de selecionar, organizar e transmitir o conhecimento, exercidos nas aulas magistrais no ensino presencial, corresponde em EAD a preparação e autoria de unidades curriculares (cursos) e de textos que constituem a base dos materiais pedagógicos realizados em diferentes suportes (livro-texto ou manual, programas em áudio, vídeo ou informática). Como já mencionado nas discussões anteriores, alunos e professores agora, estão distantes em tempo e espaço com um acesso direto a um oceano de informações. Assim, as orientações do processo de aprendizagem passam a ser exercidas através de tutoria a distância, em geral individualizada mediatizada por vários meios acessíveis. Considerando, de uma forma geral, que o sistema EAD lida com um grande número de estudantes, fica visível a necessidade de um processo de trabalho mais segmentado. Lembrando que a maioria destas funções faz parte do cotidiano do professor de ensino presencial, só que organizados de forma artesanal e trabalhando com grupos reduzidos de alunos. A mudança radical em que o processo educativo encontra-se – do professor para o aprendente, do ensino para a aprendizagem – precisa ser conscientizada, esclarecida para os docentes de modo a oferecer novos métodos, práticas inovadoras, mais apropriadas e 9 condizentes com as características dos aprendentes, sejam eles do ensino presencial ou do ensino a distância. Belloni apud Blandin (2006) acrescenta que a formação multimídia engrenda uma verdadeira “revolução copérnica”, introduzindo uma nova lógica no universo educacional. Nesta lógica esta o papel dos docentes claramente identificados: de um lado, no ensino presencial desempenha uma maior proximidade com os discentes e por outro, a perda da posição central e a incorporação de parceiro, de prestador de serviços, recurso o qual o aluno recorre quanto sente necessidade no que diz respeito aos materiais didáticos. Este perfil de professor “atuará diante de um novo tipo de estudante, mais autônomo, mais próximo do usuário/cliente, que do aluno protegido do ensino convencional” (BELLONI, 20006.p.82). Diante desta nova situação, o docente terá a necessidade de uma atualização constante, tanto nas suas disciplinas específicas, quanto em relação às novas tecnologias. A redefinição do papel do professor e o seu aperfeiçoamento continuado é crucial para um bom desempenho tanto nos processos educacionais presenciais ou a distância. Para promover a formação de sujeitos para o exercício de inúmeras e desconhecidas funções, a educação deverá incentivar sempre a contínua formação dos aprendizes. Assim, a formação dos formadores não poderá desviar desta lógica, como afirma Belloni apud Dieuzeide: A formação de professores não escapa a esta lei: estes devem, como o restante da sociedade, levar em consideração a inovação; mas esta deve ser preparada por uma formação adequada.(...) Todo o pessoal docente deve aceitar evoluir com as outras profissões (DIEUZEIDE,1994: p. 200). Perante a estes novos paradigmas, a formação docente deverá envolver um preparo para a inovação tecnológica e suas conseqüências pedagógicas, assim como uma formação continuada, numa perspectiva de formação ao longo da vida. Houve uma evolução positiva no que se refere a inovação pedagógica (ex: teorias construtivistas e metodologias ativas) e a convicção da necessidade de formação continuada do professor em exercício. As contradições vividas pelos profissionais atuantes em seu cotidiano, onde estes se deparam com alunos muito diferentes daqueles aos quais se referiam a sua formação inicial e suas relações ambivalentes com as novas tecnologias, levam aos docentes a questionar a sua formação inicial e a buscar formas de atualização e de complementação. 10 Reforçamos que, apesar de não ser mais ser o centro principal, o professor continua sendo um elemento essencial para o processo educativo em todos os níveis e modalidades de ensino. Por isso, as inovações permanentes na educação devem refletir em uma melhoria permanente na formação de formadores. Segundo Belloni (2006, p.88), do ponto de vista teórico, a formação e o aperfeiçoamento de professores, tanto para EAD como para o ensino presencial adequados ao presente e ao futuro, deve organizar-se par atender a necessidade de atualização em três grandes dimensões: pedagógica, tecnológica e didática. A dimensão pedagógica se refere ao domínio de conhecimentos específicos da pedagogia, isto é, as atividades de orientação, acompanhamento nos processos de aprendizagem, enfocando o uso de metodologias ativas, desenvolvendo capacidades cognitivas, o ato de pesquisa e a aprendizagem autônoma. Já a segunda dimensão citada pela autora é a tecnológica, a qual envolve as relações entre tecnologia e educação em todos os seus aspectos: o uso dos instrumentos técnicos disponíveis, como a seleção de materiais, avaliações, elaboração de estratégias de uso. Por fim, a dimensão didática, que diz respeito a formação específica do docente em determinado campo específico e é claro a necessidade constante de atualização com as disciplinas e com a dimensão tecnológica. Evidentemente, que a discussão em torno das novas competências para a formação e aperfeiçoamento dos profissionais atuantes para a EAD não se limita a esta produção científica, procuramos apresentar alguns pontos fundamentais e necessários para uma atuação significativa no âmbito especifico do ensino superior a distância. CONSIDERAÇÕES FINAIS O cenário educacional contemporâneo vem apresentando uma crescente inserção dos métodos, técnicas e tecnologias de educação a distância, o que tem atraído um grande número de estudantes em busca de ingressar no ensino superior. Vivemos na chamada sociedade em Rede que esta presente desde a década de 70. Nesta sociedade, o conhecimento esta disponível e acessível nos mais diferentes espaços, construídos por diferentes sujeitos. Diante de um novo paradigma educacional, onde o acesso a informação é facilitado pelas novas tecnologias digitais virtuais, o modelo de educação tradicional centrado no 11 docente não atende as necessidades dos envolvidos no processo. Por isso, pensar na discussão da formação, do aperfeiçoamento de professores, levá-nos a refletir sobre as concepções de educação que norteiam as práticas pedagógicas. O ensinar na educação a distância, é um claro exemplo da necessidade de rever o ofício da prática docente, atentando-se a demandas emergentes neste novo contexto onde a EAD esta inserida. Assim, o professor e o aluno são atores principais, sendo o professor aquele que desperta confiança, motivação, entusiasmo, orienta os caminhos e mostra as possibilidades; e o aluno aquele que questiona, produz, contribui e constrói sua aprendizagem baseado nas suas vivências e interesses. Considerando que a mediação pedagógica em EAD vai além do estar entre discente e conteúdo, é também estar junto dialogando, aprendendo a aprender dentro de um universo de possibilidades, para construir, criar e por fim atingir um mesmo objetivo: a aprendizagem. Neste novo contexto, o professor mais do que ter influência tecnológica, precisa desejar, sentir prazer estar aberto ao novo, ao inesperado, eliminando as desconfianças e resistência que impedem a inserção das inovações tecnológicas em suas práticas. Com base nas discussões proposta ao longo deste artigo, julgamos fundamental que o docente que irá atuar na EAD, vivencie práticas com as novas ferramentas da EAD. É por meio da experiência, nos processos de ação e reflexão na EAD, que os docentes aperfeiçoarão suas competências para o desempenho de um novo perfil de educador que articule os conhecimentos diante dos ambientes criados pelas TIC`s. Acreditamos que o docente em processo de formação e aperfeiçoamento da suas técnicas de ensino em contato com o trabalho na EAD, terá a oportunidade de romper paradigmas educacionais construídos e vividos ao longo da sua vida, e assim atuar diante das mudanças necessárias para uma educação a distância de qualidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 5. ed. – Brasília : 2010. 12 GATTI, Bernadete Angelina. BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 10ª ed., São Paulo: Cortez, 2007. MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos T., BEHRENS, Marilda A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000. PETERES, Otto. A educação a distância e transição. São Leopolodo: Unisinos, 2003.