Anna Paula Bise Viegas Antônio José Freire de Souza Daniel de Araújo Martins Davidson Rogério de Medeiros Francisca Zilmar de Oliveira Fernandes Helena de Fátima Penalva Gomes João Alves de Souza José Ricardo Lagreca de Sales Cabral Mônica Matias Rafael do Nascimento Neuma Oliveira de Medeiros PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE NATAL/RN 2014 Anna Paula Bise Viegas Antônio José Freire de Souza Daniel de Araújo Martins Davidson Rogério de Medeiros Francisca Zilmar de Oliveira Fernandes Helena de Fátima Penalva Gomes João Alves de Souza José Ricardo Lagreca de Sales Cabral Mônica Matias Rafael do Nascimento Neuma Oliveira de Medeiros PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Plano Diretor Estratégico apresentado ao Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa para certificação como especialista em Gestão de Hospitais Universitários no SUS. Orientador: Silvio Fernandes da Silva Co-orientador: Henrique Brenner Araújo NATAL/RN 2014 Ficha catalográfica Biblioteca Dr. Fadlo Haidar Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa © reprodução autorizada pelo autor somente para uso privado de atividades de pesquisa e ensino não sendo autorizada sua reprodução para quaisquer fins lucrativos. Na utilização ou citação de partes do documento, é obrigatório mencionar a autoria. Souza, Antônio José Freire de. Martins, Daniel de Araújo. Medeiros, Davidson Rogério de. Fernandes, Francisca Zilmar de Oliveira. Gomes, Helena de Fátima Penalva. Souza, João Alves de. Cabral, José Ricardo Lagreca de Sales. Nascimento, Mônica Matias Rafael do. Medeiros, Neuma Oliveira de. Curso de Especialização em Gestão de Hospitais Universitários do SUS: Plano Diretor Estratégico do Hospital Universitário Onofre Lopes/Ministério da Educação, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. São Paulo, 2014. 124f. 1. Capacitação de Recursos Humanos em Saúde. 2. Hospital Universitários. 3. Rede de Atenção à Saúde. 4. Sistema Único de Saúde. 5.Gestão da Clínica. 6. Hospital de ensino. 7. Gestão Hospitalar I. Ministério da Educação. II. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. III. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. IV. Plano Diretor Estratégico do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte . G333 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, acima de todas as coisas. Aos nossos filhos, pela compreensão do tempo ausente no cotidiano de suas vidas. Aos nossos esposos e esposas, pelo carinho demonstrado nessa trajetória, procurando nos incentivar e nos encorajar nas dificuldades vivenciadas durante todo o percurso. A toda equipe de profissionais do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), que demonstrou solidariedade e compromisso na resolução das dificuldades rotineiras da instituição durante os períodos de nossas ausências, a fim de que pudéssemos fortalecer o processo de amadurecimento teórico-metodológico pertinente à nossa formação gerencial. À diretoria da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), por oportunizar a capacitação de profissionais dos Hospitais Universitários Federais, através do Curso de Gestão de Hospitais Universitários Federais no Sistema Único de Saúde (SUS). À equipe do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP/HSL), pelo acolhimento, pelas experiências compartilhadas e pelas contribuições dadas através do notório conhecimento nas áreas de gestão, saúde e educação, fortalecendo nossas competências e nos desafiando a aprender a aprender diariamente. Ao nosso orientador Sílvio Fernandes da Silva, pela dedicação demonstrada na construção do Plano Diretor Estratégico do Hospital Universitário Onofre Lopes e, principalmente, pelas orientações teórico-metodológicas, que tornaram possíveis a concretude deste trabalho. Ao consultor Henrique Brenner Araújo, por suas contribuições. Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, cooperaram com esta produção. RESUMO Atualmente, às organizações públicas tem sido exigido o cumprimento integral de sua missão e objetivos com a máxima eficiência na utilização de seus recursos. Por essa razão, o planejamento institucional se tornou mandatório para todas as organizações. Nesse contexto, se inserem as organizações de saúde, dentre as quais pode ser citado o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)- que, através deste Plano Diretor Estratégico, tem por objetivo implantar um modelo administrativo e assistencial compatível com as exigências e demandas atualmente apresentadas nas Políticas Públicas de Saúde. Para isso, foi pensada uma proposta de intervenção focada em dois macroproblemas principais: modelo administrativo inadequado à realidade do HU e modelo clínico assistencial insuficiente frente às necessidades da população. A metodologia aplicada foi a do planejamento estratégico situacional de Matus (1993), que, partindo da identificação dos problemas, foi construído um plano de ação específico ao contexto analisado. Para tanto, reuniões, visitas técnicas, consultorias e modelos de referência foram utilizados para elaboração do plano de ação. Todo o trabalho foi efetivado por um grupo heterogêneo de 10 componentes, mas agregando, eventualmente, outros atores considerados chave para a problematização e definição da proposta de intervenção. Contou com a orientação de especialistas do Hospital Sírio Libanês e da empresa de Consultoria Everis. Como resultado, foi consolidada uma proposta de intervenção composta por 26 ações concebidas para a resolução dos macroproblemas identificados. A proposta apresenta não só as ações a serem realizadas, mas também as atividades, os recursos necessários, os parceiros e o cronograma de operacionalização. Além da proposta, também foi pensado um framework para acompanhamento da execução das ações, bem como dos resultados auferidos, por meio de indicadores e metas a serem alcançadas. Palavras-chave: Universitários. Planejamento Estratégico. Administração Hospitalar. Hospitais SUMÁRIO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................... 11 1.1 FUNDAÇÃO/HISTÓRICO.............................................................................................. 11 1.2 ESTRUTURA, ESPECIALIDADES E PRODUÇÃO ....................................................... 14 1.3 INSERÇÃO NA REDE ................................................................................................... 16 1.4 CONTRATO DE GESTÃO DA UFRN COM A EBSERH ................................................ 18 1.5 INVESTIMENTOS DO REHUF ...................................................................................... 18 1.6 REFERÊNCIAS DE ENSINO PESQUISA ..................................................................... 18 1.7 GOVERNANÇA DO HU................................................................................................. 20 1.8 DIMENSIONAMENTO ATUAL E FUTURO DE PESSOAL ............................................ 22 1.9 PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................... 23 2 OBJETO E OBJETIVOS .................................................................................................. 31 2.1 OBJETO ........................................................................................................................ 31 2.2 OBJETIVO GERAL........................................................................................................ 31 2.2.1 Objetivos específicos ............................................................................................... 31 3 FUNDAMENTAÇÃO ........................................................................................................ 32 3.1 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 32 3.1.1 Planejamento estratégico ........................................................................................ 34 3.1.1.1 Formulação da identidade organizacional................................................................ 35 3.1.1.2 Análise do ambiente interno e externo..................................................................... 36 3.1.1.3 Formulação das Alternativas Estratégicas ............................................................... 37 3.1.1.4 Implementação da estratégia................................................................................... 37 3.1.1.5 Avaliação e controle estratégico .............................................................................. 38 3.1.2 Planejamento Estratégico Situacional .................................................................... 38 3.1.2.1 Definição do Problema ............................................................................................ 40 3.1.2.2 Fluxograma situacional ............................................................................................ 41 3.1.2.3 Atuação sobre o Problema ...................................................................................... 42 3.1.2.4 Análise de viabilidade .............................................................................................. 43 3.1.2.5 Gestão do Plano ...................................................................................................... 43 3.2 REFERENCIAL TEÓRICO E EMPÍRICO DO MACROPROBLEMA 1 (MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO A REALIDADE DO HU) ............................................... 44 3.2.1 Retórica dos modelos administrativos ................................................................... 44 3.2.1.1 Processo ................................................................................................................. 46 3.2.1.2 Gestão dos processos e da qualidade ..................................................................... 48 3.2.1.3 Padronização dos Processos .................................................................................. 49 3.2.1.4 Logística de abastecimento ..................................................................................... 51 3.2.1.5 Aquisição de Materiais............................................................................................. 53 3.2.1.6 Gestão de Estoques ................................................................................................ 55 3.2.1.7 Classificação ABC .................................................................................................. 57 3.2.2 Referencial Empírico e Casos aplicados ao macroproblema 1 (Modelo Administrativo Inadequado a Realidade do HU) ............................................................. 58 3.3 REFERENCIAL TEÓRICO PARA O MACROPROBLEMA 2 (MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE AS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO) .......... 61 3.3.1 Rede de Atenção à Saúde ........................................................................................ 61 3.3.1.1 Linha de Cuidado e o Conceito de Integralidade ..................................................... 63 3.3.1.2 Contratualização...................................................................................................... 64 3.3.1.3 Gestão da Clínica e Clínica Ampliada ...................................................................... 65 3.3.1.4 Projeto Terapêutico Singular ................................................................................... 67 3.3.1.5 Gestão Participativa ................................................................................................ 68 3.3.2 Referencial Empírico e Casos aplicados ao macroproblema 2 (Modelo Clínico Assistencial Insuficiente frente as necessidades da População) .................................. 68 4 PERCURSO METODOLÓGICO ...................................................................................... 72 4.1 A CONSTITUIÇÃO DO GRUPO AFINIDADE ................................................................ 72 4.2 METODOLOGIAS DE APRENDIZAGEM ...................................................................... 74 4.3 METODOLOGIA PARA CONSTRUÇÃO DO PDE......................................................... 77 4.3.1 Identificação dos Macroproblemas e Atores Sociais............................................. 79 5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO..................................................................................... 92 5.1 PLANO DE AÇÃO ......................................................................................................... 93 5.1.1 Ações dimensionadas para o macroproblema 1 (Modelo Administrativo Inadequado a Realidade do HU) ....................................................................................... 93 5.1.1.1 Análise de viabilidade do plano de ação do macroproblema 1 (Modelo Administrativo Inadequado à Realidade do HU) ....................................................................................... 100 5.1.2 Ações dimensionadas para o macroproblema 2 (Modelo Clínico Assistencial Insuficiente frente às Necessidades da População) ..................................................... 103 5.1.2.1 Análise de viabilidade do plano de ação do macroproblema 2 (Modelo Clínico Assistencial Insuficiente Frente às Necessidades da População)..................................... 108 5.1.3 Ações de infraestrutura ........................................................................................ 111 5.2 MAPA DE RELACIONAMENTO ................................................................................. 115 6 GESTÃO DO PLANO ................................................................................................... 117 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 123 APÊNDICE....................................................................................................................... 130 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Foto do Hospital no início de seu funcionamento................................................ 12 Figura 2 – Antiga estrutura organizacional do HUOL.......................................................... 20 Figura 3 – Nova estrutura organizacional do HUOL........................................................... 21 Figura 4 – Modelo de planejamento................................................................................... 34 Figura 5 - Momentos do PES............................................................................................. 40 Figura 6 – Hierarquia dos processos.................................................................................. 47 Figura 7 - Grupo Afinidade: Atividades de elaboração do PDE........................................... 73 Figura 8 – Cenário da Saúde Pública do RN...................................................................... 75 Figura 9 – Contexto Interno do HUOL............................................................................... 76 Figura 10 - Arvore Explicativa do Descritor 1 do Macroproblema 1...................................... 87 Figura 11 - Árvore Explicativa do Descritor 2 do Macroproblema 1...................................... 88 Figura 12 - Árvore Explicativa do Descritor 1 do Macroproblema 2...................................... 89 Figura 13 – Mapa de Relacionamento da Proposta de Intervenção.................................. 116 Figura 14 - Modelo de Formulário para Cadastro e Controle da Proposta de Intervenção. 117 Figura 15 – Painel de Indicadores...................................................................................... 118 Figura 16 – Fluxograma de Monitoramento da execução da proposta de ação................ 122 LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 – Novas demandas para o HUOL........................................................................ 17 Quadro 2 - Dimensionamento de pessoas realizado pela EBSERH..................................... 22 Quadro 3 – Características da Missão e da Visão................................................................ 36 Quadro 4 – Análise dos Atores Envolvidos nos Processos Administrativos......................... 84 Quadro 5 – Análise dos Atores Envolvidos na Articulação do HU com a Rede.................... 84 Quadro 6 – Análise dos Atores Envolvidos no Modelo Assistencial.................................... 85 Quadro 7 – Análise dos Atores Envolvidos na Academia...................................................... 85 Quadro 8 – Apresentação dos Nós Críticos........................................................................ 91 Quadro 9 – Resumo Plano do Plano de Ação..................................................................... 92 Quadro 10 - Proposta de Intervenção para a falta de estrutura do processo de compras.... 94 Quadro 11 - Proposta de intervenção para o Planejamento ineficaz da demanda............... 95 Quadro 12 – Proposta de intervenção para a falta de comprometimento dos envolvidos.....96 Quadro 13 - Proposta de intervenção para a cultura organizacional inadequada................. 97 Quadro 14 – Proposta de intervenção para a falta de capacitação das equipes.................. 98 Quadro 15 - Proposta de intervenção para o planejamento estratégico incompleto............. 98 Quadro 16 – Proposta de intervenção para formalização dos fluxos administrativos........... 99 Quadro 17 – Descrição dos Parceiros da proposta de Intervenção................................... 100 Quadro 18 – Informações complementares para a análise de viabilidade.......................... 102 Quadro 19 – Proposta de intervenção para a falta de diretrizes para a integralidade.........103 Quadro 20 – Proposta de intervenção para integração das equipes e dos serviços......... 106 Quadro 21 – Proposta de intervenção para substituição do modelo assistencial............... 107 Quadro 22 - Descrição dos Parceiros da Proposta de Intervenção................................... 108 Quadro 23 – Informações complementares para a análise de viabilidade.......................... 110 Quadro 24 – Lista das Reformas Necessárias para Readequação Física.......................... 112 Quadro 25 – Lista das Obras Necessárias para Readequação e Expansão Física............ 114 Quadro 26 – Lista do Material Permanente Necessário para a Readequação Física......... 114 Quadro 27 – Indicadores Referentes às Ações do Macroproblema 1............................... 118 Quadro 28 – Indicadores Referentes às Ações do Macroproblema 2............................... 120 Quadro 29 – Matriz de acompanhamento da proposta de intervenção.............................. 121 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS APB - Aprendizagem Baseada em Problemas ATS - Avaliação Tecnológica em Saúde CHS - Complexo Hospitalar e de Saúde CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas CONSUNI - Conselho Superior da UFRN CSP - Cuidados de Saúde Primários DAB - Departamento da Atenção Básica EBSERH - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares FIDEPS - Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa Universitária HE- Hospitais de Ensino HU - Hospitais Universitários HUOL - Hospital Universitário Onofre Lopes MA - Metodologia Ativa MEC - Ministério da Educação MP - Medida Provisória MS - Ministério da Saúde NIR - Núcleo Interno de Regulação OMS - Organização Mundial da Saúde PBL - Problem Based Learning PCPM – Planejamento e Controle de Produção e Materiais PDC - Programa de Desenvolvimento de Competências PDE - Plano Diretor Estratégico PDR - Plano Diretor de Regionalização PES - Planejamento Estratégico Situacional POP - Procedimento Operacional Padrão PPI - Programação Pactuada e Integrada PTS - Projeto Terapêutico Singular RAS - Redes de Atenção à Saúde REHUF - Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais RJU - Regime Jurídico Único RN - Rio Grande do Norte RNPC - Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Hospitais de Ensino RUTE - Rede Universitária de Telemedicina SIH - Sistema de Informação Hospitalar SINAN - Sistema de Informação de Agravos Notificáveis SNAS - Secretaria Nacional de Assistência Social SUS - Sistema Único de Saúde TBL - Team Based Learning TCU - Tribunal de Contas da União UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte URSAP - Unidades Regionais de Saúde Pública UTI - Unidade de Terapia Intensiva 11 1 CONTEXTUALIZAÇÃO O Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) é um Hospital de Ensino, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, certificado pelos Ministérios da Saúde e da Educação. Desenvolve atividades de formação de recursos humanos, pesquisa, extensão e assistência e está inserido no Sistema Único de Saúde (SUS) como referência de alta complexidade em diversas áreas para todo o Estado do Rio Grande do Norte. 1.1 FUNDAÇÃO/HISTÓRICO O atual Hospital Universitário Onofre Lopes foi inaugurado em 12 de setembro de 1909, com o nome de “Hospital de Caridade Juvino Barreto”, numa homenagem ao homem que foi, em sua vida, modelo de bondade e altruísmo. Foi instalado em uma antiga casa de veraneio, funcionando, inicialmente, com 18 leitos, sob a direção do médico Januário Cicco que, sozinho, administrava e prestava assistência aos doentes internados e ambulatoriais da cidade. Em outubro de 1935, o Hospital mudava de nome, passando a ser “Hospital Miguel Couto” e, em 5 de fevereiro de 1955, é criada a Faculdade de Medicina, tornando-se o Hospital o campo das práticas para todos os cursos da área de saúde. Em 1960, o Hospital passa a denominar-se "Hospital das Clínicas", mediante Decreto assinado pelo então Presidente da República Juscelino Kubitschek. Assume a personalidade de Hospital Escola, integrando-se à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A sua federalização assegura a manutenção, através do Ministério da Educação, das funções de Ensino, Pesquisa e Extensão. Até novembro de 1984, manteve essa denominação, quando então passou a ser denominado de “Hospital Universitário Onofre Lopes”, em homenagem ao criador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Resolução nº 68/68 do Conselho Superior da UFRN (CONSUNI). Em 2009, o hospital teve o novo Regimento Interno aprovado pela Resolução nº 004/2009-CONSUNI, de 30.06.2009 e, em 2013, o Hospital passou a integrar a estrutura da EBSERH por meio de contrato assinado entre a UFRN e a empresa. 12 Figura 1 – Foto do Hospital no início de seu funcionamento Fonte: HUOL (2009) O Rio Grande do Norte (RN) é composto por 167 municípios jurisdicionados às seis Unidades Regionais de Saúde Pública (URSAP), mais a região metropolitana de Natal. A I URSAP com 312.963 habitantes para seus 27 municípios, com sede em São José do Mipibu; a II URSAP com 504.040 habitantes para seus 26 municípios, com sede em Mossoró; a III URSAP com 229.356 habitantes para seus 25 municípios, com sede em João Câmara; a IV URSAP com 282.098 habitantes para seus 25 municípios, com sede em Caicó; a V URSAP com 170.060 habitantes para seus 21 municípios, com sede em Santa Cruz; a VI URSAP com 234.971 habitantes para seus 37 municípios, com sede em Pau dos Ferros; e a GRANDE NATAL, com 1.043.321 habitantes para os seus 6 municípios, com sede em Natal. Os municípios do estado do RN, em sua grande maioria (64,67%), não ultrapassam 10.000 habitantes. O processo de regionalização do estado sofreu transformações traduzidas no Plano Diretor de Regionalização (PDR) do RN e se conformou da seguinte maneira: 4 macrorregiões, 15 microrregiões e 26 sedes de módulos assistenciais. O Pacto pela Saúde e suas prerrogativas de fortalecimento da regionalização, com a delimitação das Regiões Sanitárias de Saúde suscitou a releitura do processo para um novo mapa da saúde, resultando na constituição de 8 regiões de saúde, sendo 6 delas assentadas nos territórios que constituem as atuais URSAP, mais a constituição da 7ª Região de Saúde (Metropolitana 13 ou da Grande Natal) a 8ª Região de Saúde (Vale do Assu Central – sem sede de URSAP no território, neste caso, jurisdicionada à II URSAP, com sede em Mossoró). Neste novo desenho, a 7ª Região - Grande Natal - foi composta por 5 municípios: Natal, Parnamirim, Extremoz, Macaíba e São Gonçalo do Amarante; a 1ª Região – Litoral Sul e Agreste, integrada por 28 municípios (I URSAP - São José do Mipibu); a 2ª Região Oeste, com 13 municípios (II URSAP - Mossoró); a 3ª Região – Mato Grande e Salineira, composta por 22 municípios (III URSAP - João Câmara); a 4ª Região - Seridó, com 25 municípios (IV URSAP – Caicó); a 5ª Região – Trairi e Potengi , com 21 municípios (V URSAP – Santa Cruz); a 6ª Região – Alto-oeste, com 37 municípios (VI URSAP- Pau dos Ferros); e a 8ª Região - Vale do Assu, composta por 15 municípios (sem sede de URSAP). A constatação dos dados referentes à população total por URSAP revela uma significativa concentração na Grande Natal (Metropolitana – SESAP), mais de um milhão de pessoas, seguida pela II URSAP (Mossoró), com cerca de 500 mil pessoas. Essa desigualdade se repete no tocante à população urbana, que na Região Metropolitana, é de 87,37% e na III URSAP, 51,44%. Levando em consideração o índice de urbanização em seu conjunto, nota-se que as seis URSAP concentram, respectivamente, cerca de 50% (2), 40% (2) e 30% (2) de sua população no campo. Apenas a região da Grande Natal possui cerca de 13% de sua população concentrada na zona rural. Referente à densidade demográfica, há, também, grandes desigualdades, com maior concentração na Grande Natal, onde se distribuem 973,94 habitantes por km², enquanto as demais não ultrapassam os 40 habitantes por km². Essa maior densidade populacional, na Grande Natal, reflete um problema, já que, além da demanda própria por serviços e ações de saúde, existe ainda uma demanda flutuante e ascendente - população de outros municípios menores e circunvizinhos. Quanto à baixa densidade verificada nas outras unidades, não se reverte em melhor atendimento, pois o acesso nem sempre é fácil, e ainda existe a baixa densidade tecnológica, de recursos estruturais, humanos, orçamentários e de gestão técnica. A análise da Mortalidade por Causas no estado do Rio Grande do Norte revela que, no ano de 2011, os cinco principais grupos de causas corresponderam, em ordem decrescente do número total de óbitos, às doenças do aparelho circulatório (38,23%), às neoplasias/tumores (21,45%), às causas externas de morbidade e mortalidade (17,40%), às doenças endócrinas nutricionais e metabólicas (12,12%) e às doenças do aparelho respiratório (10,80%). Esses cinco grupos, juntos, representaram 77,20% do total de óbitos motivados por todas as causas. Quanto às doenças de notificação compulsória, e considerando os registros do Sistema de Informação de Agravos Notificáveis (SINAN), as informações consolidadas pelo Sistema de Informação Hospitalar (SIH) do SUS e os indicadores de morbidade 14 apresentados pelo Ministério da Saúde, por meio da Sala de Apoio à Gestão Estratégica, para o ano de 2011, evidenciou-se que as principais causas de morbidade corresponderam à Dengue, à Tuberculose, às Meningites Bacterianas, à Hanseníase, à AIDS, às Hepatites B e C, à Sífilis Congênita, à Leishmaniose Visceral, à Leishmaniose Tegumentar e à Leptospirose. O acesso da população do Estado aos serviços de saúde aumentou devido à expansão da Estratégia Saúde da Família, especialmente nos municípios com menor porte populacional. O Estado possui 861 equipes da Estratégia Saúde da Família, o que corresponde a 75% da proporção de cobertura populacional estimada, segundo dados do Departamento da Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde (MS) para competência de fevereiro de 2012. Ainda no Estado, prevalece o modelo tradicional de especialidades com diferentes composições por região de saúde, existindo verdadeiros vazios assistenciais em algumas regiões e grande estrangulamento em outras, principalmente na Metropolitana. Embora esses serviços de média e alta complexidade estejam assegurados na Programação Pactuada e Integrada (PPI), falta um sistema regulatório eficiente na organização dos fluxos. Cada um dos serviços insere-se de forma distinta dentro do processo do cuidado. A estratégia fundamental para mudança desse modelo se dará com a formação de redes de atenção à saúde, capazes de responder às condições agudas e crônicas existentes no Estado. 1.2 ESTRUTURA, ESPECIALIDADES E PRODUÇÃO O HUOL era um órgão suplementar da UFRN, um dos quatro hospitais do Complexo Hospitalar e de Saúde (CHS) e um dos 45 hospitais de ensino do MEC, tendo obtido a Certificação de Hospital de Ensino, por três vezes, a primeira em 2004; a segunda em 2008 e a terceira em 2010, através de portarias interministeriais dos Ministérios da Saúde e da Educação. Conta com instalações amplas e modernamente equipadas, que transformaram o HUOL em um dos hospitais mais bem aparelhados do Nordeste. O hospital dispõe de uma antiga estrutura secular, permeada com modernizações que favorecem o sentimento de bem-estar de todos. O ambulatório possui sete andares, sendo os três inferiores destinados à área docente e discente com salas de aulas, auditório, espaços de convivência e sede dos serviços e departamentos. Os demais são reservados para os serviços ambulatoriais. O novo edifício central de internação tem oito andares de enfermarias, distribuídas em 32 leitos por piso e três leitos por enfermarias com banheiro e lavabo próprio. Chama 15 atenção a arquitetura agradável desse setor, inclusive com vista para o mar e o efeito agregador e de orgulho da coisa pública. Da mesma forma, o edifício de imagem diagnóstica, com arquitetura moderna e com aparelhos de excelência, atendendo a todos os níveis de atenção à saúde, favorece o tratamento dos que nos procuram e coloca o HUOL como uma grande referência. Resta-nos ainda citar o velho prédio, transformado em área administrativa e testemunha da origem do hospital e das suas figuras notáveis ao longo de um século de vida. De forma descritiva, tem-se: Área Física: 31.569,45 m² 281 leitos 19 leitos de UTI 22 leitos em salas de recuperação 7 salas cirúrgicas 5 salas de cirurgias ambulatoriais 1 Centro de Diagnóstico por Imagem 84 ambulatórios 1 Laboratório de Análises Clínicas 1 Laboratório de Patologia O HUOL atende, respeitando o direito de todo cidadão a receber assistência qualificada em saúde, exclusivamente pacientes do SUS, em mais de 30 especialidades: Angiologia; Cardiologia; Cirurgia Cabeça e Pescoço; Cirurgia Cardíaca; Cirurgia da Obesidade Mórbida; Cirurgia Geral; Cirurgia Plástica; Cirurgia Torácica; Cirurgia Vascular; Clínica Geral; Gastroenterologia; Dermatologia; Geriatria; Endocrinologia; Hematologia; Fisioterapia; Mastologia; Nefrologia; Fonoaudiologia; Neurocirurgia; Neurologia; Oftalmologia; Ortopedia e Traumatologia; Otorrinolaringologia; Pneumologia; Proctologia; Psicologia; Psiquiatria; Reumatologia; Urologia. Anualmente, são realizados cerca de: • 128 mil consultas; • 5 mil internações; • 6 mil cirurgias (grande e médio porte); • 9 mil exames de alta complexidade e 28 mil de média complexidade ambulatoriais. • 241 mil exames laboratoriais; • transplantes renais e de córnea. 16 Cirurgiões e clínicos bem treinados e com excelente nível técnico realizam procedimentos dos mais complexos nos mais diversos órgãos do corpo humano. Pioneiro nos transplantes no Rio Grande do Norte, mantém um programa de transplante renal exitoso com cerca de 270 pacientes operados. O primeiro transplante de fígado do Estado foi realizado pela equipe do Hospital. O HUOL com o objetivo de ampliar sua atuação na atenção terciária, está organizando a estrutura necessária ao credenciamento para transplantes de coração. Possui Serviço de Hemodiálise assistido por profissionais de alto valor técnico, que utilizam modernas máquinas. Habilitações no SUS: • Centro de Referência em Atenção Cardiovascular de Alta Complexidade (Cirurgia Cardiovascular, Endovascular Intervencionista, Eletrofisiologia e Cirurgia Vascular); • Centro de Referência de Alta Complexidade em Neurologia (Neurocirurgia e Neurocirurgia endovascular); • Unidade de Assistência de Alta Complexidade ao paciente portador de obesidade grave; • Transplante renal; • Transplante de córnea; • Assistência em alta complexidade em terapia nutricional (enteral e parenteral); • Banco de Tecido Ocular Humano; • Videocirurgias. 1.3 INSERÇÃO NA REDE Na perspectiva assistencial, como referência para o Sistema Único de Saúde, o Hospital ofereceu ao usuário do sistema público de saúde o acesso a uma assistência especializada, utilizando-se das tecnologias mais avançadas, nos métodos menos invasivos e mais resolutivos aos problemas de diagnóstico, tratamento e recuperação. Na assistência ambulatorial, foram mais de 456.524 procedimentos de média complexidade e 9.208 de totalizando 17.207 internações. Com relação ao desempenho hospitalar, foram, aproximadamente, 1.646 internações clínicas, 5.505 cirúrgicas e mais 848 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Alguns fatos ocorridos, em 2013, foram bastante significativos para a gestão do HUOL. Primeiramente, destaca-se a ampliação do número de leitos do HUOL proveniente da ampliação de 20 leitos no quantitativo de 30 já disponibilizado ao Hospital Monsenhor 17 Walfredo Gurgel. Com essas medidas, o HUOL passou a ofertar 250 leitos ao SUS. Destes, 50 são leitos destinados, exclusivamente, como retaguarda para os pacientes oriundos do referido hospital, medida essa tomada para minimizar o estado de calamidade pública decretado na saúde do Estado do Rio Grande do Norte. Ademais, é importante destacar que, em 2014, os serviços do Hospital de Pediatria da UFRN passaram a integrar, definitivamente, o HUOL, proporcionando ao sistema de saúde pública do RN, uma assistência à saúde pediátrica com um significativo potencial tecnológico. isso resultou em uma assistência de qualidade, com maior resolutividade às necessidades específicas dessa clientela. De fato, todos os envolvidos (profissionais e usuários) foram beneficiados e passaram a habitar uma atmosfera propícia ao desenvolvimento de uma assistência de qualidade. Outro ponto relevante diz respeito à contratualização existente entre o HUOL e os gestores de saúde que torna 100% da oferta de serviços do hospital disponível para Sistema Único de Saúde. A seguir, estão descritos os termos da pactuação. - Assistência Ambulatorial (Mensal) - Metas físicas: 46.302 procedimentos de média complexidade 496 procedimentos de alta complexidade Metas financeiras: R$ 610.753,51 média complexidade R$ 97.626,00 alta complexidade - Assistência Hospitalar (Mensal) - Metas físicas: 160 internações clínicas, 203 internações cirúrgicas. 67 internações estão associadas a procedimentos de alta complexidade. Metas financeiras: R$ 330.505,22 média complexidade R$ 309.043,45 alta complexidade O quadro 1 apresenta a proposta para as novas demandas MEC/MS: Quadro 1 – Novas demandas para o HUOL ITEM PROPOSTA Rede psicossocial Rede de urgência Procedimentos estratégicos Fortalecimento do serviço de psiquiatria e UTAD Urgência referenciada 24 horas (cardiologia) Ampliação da oferta mínima (cardiologia intervencionista, cirurgia cardiovascular, cirurgia vascular, endovascular intervencionista, neurocirurgia, neuroradiologia intervencionista, transplante renal e de hepático, dentre outros. Credenciamento e instalação do serviço de oncologia no HUOL Oncologia Fonte: HUOL (2009). 18 1.4 CONTRATO DE GESTÃO DA UFRN COM A EBSERH No decorrer de 2012, foi aprovado, em todas as instâncias do HUOL e da UFRN, o processo de adesão dos hospitais à EBSERH. Em 29 de agosto de 2013, a UFRN e a EBSERH assinaram o contrato nº 55 formalizando a integração do HUOL à gestão da EBSERH, tendo, inclusive, sua estrutura organizacional modificada. É válido mencionar que, em 2013, como resultado da formalização do contrato, foi definido e aberto concurso público para contratação de 1.104 profissionais para as diversas áreas do hospital, além da designação da equipe de governança 1.5 INVESTIMENTOS DO REHUF Investimentos em 2013: 1. Portaria nº 1.464-MS, de 18/07/2013 - custeio R$ 2.158.862,05 (aquisição de produtos e serviços); 2. Portaria nº 1.839-MS, de 27/08/2013 - custeio (para reforma da UTI, Lactário e Manipulação de quimioterápicos) R$ 1.333.942,98; 3. Portaria nº 2.458-MS, de 18/10/2013 - custeio R$ 2.137.273,43 (aquisição de produtos e serviços); 4. Portaria nº 2.759-MS, de 19/11/2013 - capital (aquisição de equipamentos de videocirurgia) - R$ 2.409.944,99; 5. Portaria nº 3.015-MS, de 10/12/2013 - custeio - R$ 4.974.489,31 (aquisição de produtos e serviços). Com esses recursos, o HUOL vem aperfeiçoando e melhorando sua capacidade operacional, visando atingir sua missão institucional. Com a criação do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitário, o HUOL passou a receber mais recursos do Ministério da Saúde. 1.6 REFERÊNCIAS DE ENSINO PESQUISA Estrutura de Ensino e Pesquisa: 2 Bibliotecas 18 Laboratórios de Pesquisa 109 salas de aula 2 Laboratórios de Informática 6 Portais Eletrônicos 19 321 Pontos de Acesso a Portais Eletrônicos O HUOL é Centro de Referência para a formação de recursos humanos e desenvolvimento de pesquisas na área da saúde, reúne profissionais qualificados, detentores e produtores de conhecimentos avançados e atualizados, dos quais os usuários dos serviços assistenciais também se beneficiam. O hospital sedia diversas atividades de ensino e pesquisa. Dessa forma, contribui para a formação e especialização de profissionais e para o desenvolvimento do conhecimento em saúde. Está incluído na Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Hospitais de Ensino (RNPC) – e integrado à Rede Universitária de Telemedicina (RUTE). Graduação: área de ensinamento e treinamento para 1.137 alunos (semestre) de diversos cursos da UFRN, entre estes: Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Biomedicina. Pós-graduação stricto sensu: Serve de campo de atividades para 12 alunos de programas de mestrado e de doutorado. Pós-graduação lato sensu: Programa de Residência Médica em 20 especialidades credenciadas pelo Ministério da Educação: Anestesiologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Cir. videolaparoscópica, Clínica Médica, Dermatologia, Endocrinologia, Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva, Hepatologia, Infectologia, Medicina de Família e Comunitária, Neurocirurgia, Neurologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Patologia, Psiquiatria, Radiologia, Urologia. Programa de Residência Multiprofissional tem como propósito capacitar o profissional para o cuidado integral da saúde através de articulação das ações de promoção, prevenção e reabilitação, com vista à integralidade da atenção, no contexto dos hospitais universitários, articulados com a rede do SUS, preservando as especificidades dos campos de saberes das diversas profissões. No Hospital Universitário Onofre Lopes, o Programa de Residência Multiprofissional contempla, atualmente, duas áreas de concentração: Atenção em Terapia Intensiva Adulto e Atenção à Saúde da Criança, nas quais integram seis profissões da área de saúde: Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social. O hospital oferece, ainda, a oportunidade de integração ao ambiente de trabalho a 306 estagiários, oriundos de variados cursos e de diferentes instituições de ensino superior e médio, além de fazer com que, em suas instalações, a assistência, o ensino e a pesquisa 20 convivam de forma harmônica e complementar, mantendo, inclusive, áreas dedicadas, exclusivamente, às atividades científicas, como o Laboratório de Pesquisa Clínica. 1.7 GOVERNANÇA DO HU Como uma instituição secular, o HUOL já possuiu diversas configurações organizacionais de forma a atender as suas necessidades de gestão. Em 2007, o hospital passou por um estudo para identificar oportunidades de melhorias estruturais e inovação das práticas de gestão no Hospital Universitário Onofre Lopes, através da análise da estrutura organizacional e suas práticas de gestão para a identificação de possíveis ganhos de qualidade, efetividade e produtividade organizacionais. Com bases nos princípios de modernidade, eficiência e democracia, um novo regimento foi elaborado, aprovado e instituído na comunidade hospitalar. Esse regimento trouxe inovações no modelo de gestão através do conceito de unidades funcionais. Outro ponto marcante foi a importância atribuída à gestão de pessoas, tendo sido criada uma diretoria de recursos humanos com o intuito de promover o bem-estar e o desenvolvimento dos colaboradores do hospital. Outras características do organograma que passaram a vigorar, após o referido processo de reestruturação, podem ser vistas na figura a seguir. Figura 2 – Antiga estrutura organizacional do HUOL Fonte: HUOL (2009). 21 Contudo, em 2013, com a adesão e o contrato firmado entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), um novo modelo de governança foi sugerido aos hospitais em processo de adesão visando promover o alinhamento entre a estrutura da sede e suas filiais. Fato curioso observado se refere à semelhança existente entre a estrutura proposta pela EBSERH e a estrutura que vigorava no hospital até aquele momento. A seguir, o modelo de governança proposto que passou a vigorar com o processo de adesão: Figura 3 – Nova estrutura organizacional do HUOL Fonte: EBSERH (2013). Como pode ser evidenciado, os dois organogramas apresentados possuem uma gestão superior composta por um órgão colegiado para resolver as questões de nível institucional. Na estrutura executiva, ambas as estruturas apresentaram uma departamentalização configurada a partir das áreas acadêmica, administrativa e assistencial. A diferença maior é representada pelo status conferido à unidade de gestão de pessoas. Na proposta da EBSERH, esta unidade passa a ser incorporada pela Gerência Administrativa, enquanto, no modelo próprio do hospital, a unidade representava uma direção. 22 1.8 DIMENSIONAMENTO ATUAL E FUTURO DE PESSOAL O complexo é movido, no momento, pelo trabalho de, aproximadamente, 1.000 funcionários, 270 professores da UFRN, 900 alunos, 110 residentes de medicina e 20 da residência multiprofissional. É importante destacar que, do quantitativo de funcionários supracitado, aproximadamente 55% vêm de contratos de terceirização, via fundação e processos licitatórios. De fato, a contratação desse pessoal terceirizado compromete aproximadamente 60% dos recursos utilizados para o custeio do hospital. Após anos de discussão e recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU) para retirada do pessoal contratado via fundações, o Governo Federal criou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) com o objetivo de prover os hospitais com recursos humanos suficientes para o atendimento de suas necessidades. Contudo, o modelo adotado para isso, não mais é o Regime Jurídico Único (RJU), mas sim, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Dentro desse modelo, houve um dimensionamento de pessoal e realizado um concurso para provimento de funcionários de acordo com o quadro que se segue. PELO DEST AUTORIZADAS NOVAS VAGAS RJU EXISTENTE ESPECIALIDADE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES TOTAL POR Quadro 2 - Dimensionamento de pessoas realizado pela EBSERH SUBTOTAL - MÉDICOS 353 SUBTOTAL - ENFERMEIROS 209 83 212 SUBTOTAL TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 516 199 452 ASSISTENTE SOCIAL 8 12 BIÓLOGO 3 0 BIOMÉDICO 2 0 CIRURGIÃO DENTISTA - CARGO AMPLO 2 0 CIRURGIÃO DENTISTA - POLISSONOGRAFIA 1 FARMACÊUTICO 37 33 FÍSICO - MEDICINA NUCLEAR 1 0 148 FÍSICO - RADIODIAGNÓSTICO 1 FISIOTERAPEUTA - CARGO AMPLO 24 FISIOTERAPEUTA - TERAPIA INTENSIVA 2 FONOAUDIÓLOGO 1 0 NUTRICIONISTA 4 13 PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1 0 PSICÓLOGO - PSICOLOGIA HOSPITALAR 6 3 PSICÓLOGO - PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL 1 8 199 23 SUBTOTAL - DEMAIS NÍVEL SUPERIOR ASSISTENCIAL 94 69 TÉCNICO DE FARMÁCIA 23 5 TÉCNICO DE LABORATÓRIO 6 30 TÉCNICO EM ANATOMIA E NECRÓPSIA 5 TÉCNICO EM RADIOLOGIA 21 TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL 97 17 0 2 55 54 71 ADVOGADO 2 0 2 ANALISTA ADMINISTRATIVO - ADMINISTRADOR 8 5 ANALISTA ADMINISTRATIVO - BIBLIOTECÁRIO 1 ANALISTA ADMINISTRATIVO - CONTADOR 2 ANALISTA ADMINISTRATIVO - ESTATÍSTICO 1 ANALISTA ADMINISTRATIVO - JORNALISTA 1 ANALISTA ADMINISTRATIVO - RELAÇÕES PÚBLICAS 1 ANALISTA ADMINISTRATIVO - ECONOMISTA 1 ANALISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 5 1 ENGENHEIRO - ENGENHEIRO CIVIL 1 1 ENGENHEIRO - ENGENHEIRO CLÍNICO 1 ENGENHEIRO - ENGENHEIRO ELETRICISTA 1 ENGENHEIRO - ENGENHEIRO MECÂNICO 1 ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO 1 0 SUBTOTAL - DEMAIS NÍVEL TÉCNICO ASSISTENCIAL SUBTOTAL NÍVEL SUPERIOR ADMINISTRATIVO 27 7 ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 137 39 TÉCNICO EM INFORMÁTICA 10 0 TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO 4 0 151 39 95 1405 599 1161 SUBTOTAL - NÍVEL TÉCNICO ADMINISTRATIVO TOTAL - CARGOS EBSERH 33 Fonte: EBSERH (2013) A previsão é que todos os funcionários aprovados no concurso sejam convocados até o final do presente ano. Com isso, o HUOL contará com as condições de pessoal adequadas ao cumprimento integral de sua missão. Ademais, com o preenchimento das vagas do concurso, os recursos financeiros que vinham sendo utilizados para pagamento dos profissionais fundacionais poderão ser destinados ao real custeio do hospital, melhorando, assim, as condições de abastecimento. 1.9 PROBLEMATIZAÇÃO Atualmente, o Sistema Único de Saúde tem passado por transformações com o intuito de garantir a melhor efetividade no cumprimento de seus objetivos. Como é sabido, esse sistema de saúde é composto por diversas entidades interligadas em rede cujo objetivo é dar abrangência e integralidade à assistência prestada de forma eficiente, universal e 24 igualitária. Segundo o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo, federal, estadual e municipal. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema, referem-se, ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. Nesse contexto, os hospitais universitários se inserem como entidade assistencial de média e alta complexidade e, historicamente, eles são referências na prestação de serviços médicos hospitalares para a população das diversas regiões do país. De acordo com o Ministério da Educação, os hospitais universitários são centros de formação de recursos humanos e de desenvolvimento de tecnologia para a área de saúde. A efetiva prestação de serviços à população possibilita o aprimoramento constante do atendimento e a elaboração de protocolos técnicos para as diversas patologias. Isso garante melhores padrões de eficiência, à disposição da rede do Sistema Único de Saúde. Os hospitais universitários apresentam grande heterogeneidade quanto à sua capacidade instalada, incorporação tecnológica e abrangência no atendimento, e todos desempenham papel de destaque na comunidade onde estão inseridos. Contudo, nos últimos anos, as políticas governamentais não favoreceram os hospitais universitários, tendo sido observada uma precarização desses equipamentos públicos. Durante anos, os hospitais foram submetidos a um baixo nível de investimentos que ocasionou a degradação em várias de suas dimensões, sejam elas de recursos humanos, infraestrutura ou equipamentos. Em sua maioria, os problemas dos hospitais estavam associados ao seu financiamento tanto no tocante ao custeio quanto a investimentos. A partir da década de 1990, o Governo Federal resolveu instituir uma série de políticas públicas visando a melhoria desses aparelhos da saúde. Em 1991, o Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa Universitária (FIDEPS) foi criado pela portaria da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS)/MS nº 15, com o objetivo de otimizar as condições operacionais dos hospitais universitários para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa. Assim, foi observada uma limitação dessa política pública uma vez que os recursos do FIDEPS foram utilizados para manutenção dos hospitais de ensino no tocante ao seu funcionamento. Segundo Machado e Kuchenbecker (2007), o FIDEPS é ilustrativo das limitações das políticas formuladas para promover a participação dos hospitais universitários (HU) no SUS. Criado para apoiar o desenvolvimento da infraestrutura necessária ao ensino 25 e à pesquisa, o FIDEPS não atingiu, plenamente, seus objetivos, sendo, progressivamente, incorporado ao orçamento dos hospitais, num contexto de crise financeira. Outra política importante para a melhoria do financiamento dos hospitais de ensino através da sua melhor inserção à rede SUS, foi a definição, em 2004, pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação, da política de reestruturação para os hospitais de ensino, induzindo a contratualização entre eles e as secretarias de saúde estaduais e/ou municipais gestoras da rede de serviços (LIMA; RIVERA, 2012). Segundo os autores, o Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino envolvendo os hospitais federais e os demais hospitais de ensino de natureza pública ou privada tem como objetivos a qualificação e o desenvolvimento da assistência, da gestão, do ensino, da pesquisa e da Avaliação Tecnológica em Saúde (ATS), considerando o SUS. No campo assistencial, preconiza o aumento de procedimentos de média e alta complexidade e a diminuição daqueles de atenção básica, a introdução de modalidades assistenciais que diminuam o tempo de internação, a oferta de 100% dos leitos para o SUS, a inserção do hospital no sistema de urgência e emergência, a introdução de práticas e estruturas qualificadoras da assistência, dentre outras diretrizes. No campo gerencial, recomenda a introdução de estruturas colegiadas, de planejamento participativo, dentre outras ações. Há também diretrizes para o ensino e pesquisa (LIMA; RIVERA, 2012). A adesão do hospital ao Programa é incentivada pelo recebimento de um recurso extra-orçamentário. Ademais, os hospitais passam a ter um orçamento misto, composto por um valor global, fixo e conhecido antecipadamente, relativo aos procedimentos de média complexidade, e por um valor variável, referente aos procedimentos de alta complexidade e estratégicos, repassado, retrospectivamente, segundo o número de procedimentos realizados. Para receber grande parte desses recursos, o hospital precisava demonstrar seu perfil de acadêmico. Até 2007, a Portaria Interministerial MEC/MS nº 1.000, de 15 de abril de 2004 era a referência para definição do perfil de um hospital como de ensino. Contudo, em 2 de outubro de 2007 foi instituída uma nova certificação pela da Portaria Interministerial nº 2.400 que verifica in loco os pré-requisitos necessários para o enquadramento de um hospital de ensino. Essa portaria deu melhor ordenação e serviu como elemento balizador na distinção de um verdadeiro hospital de ensino dos demais. A portaria estabelece 17 requisitos a serem atendidos por um hospital que pretenda ser reconhecido como de ensino. No caso específico do Hospital Universitário Onofre Lopes, foram realizadas três visitas de certificação até o presente momento, tendo sido atendidos todos os requisitos da certificação, o que auferiu ao HUOL a certificação como hospital de ensino sem necessidade de readequação. 26 De forma geral, a política de contratualização se constituiu como política de governo que significou um importante avanço, entretanto a estabilidade e o aprimoramento da contratualização requerem que o Estado claramente se posicione mediante uma política nacional de contratualização, sustentada por uma estrutura legal articulada à política nacional de saúde, assegurando inclusive o suporte financeiro à sua manutenção, expansão e aperfeiçoamento. Assim, diminuiria o risco, nos casos de mudança de governos, de descontinuidade da experiência contratual e dos ganhos já conquistados (LIMA; RIVERA, 2012). Outras políticas importantes, pelo menos, para os hospitais universitários federais, que podem sinalizar um avanço nas questões supracitadas foram a instituição do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF) e da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Em 2010, para a continuidade de ações que regulamentam a reestruturação dos HUFs, foi elaborado o Decreto nº 7.082/2010, que instituiu o REHUF. Visando sanar parte desse problema, foi criado o REHUF com o objetivo de oferecer condições materiais e institucionais para que os hospitais universitários federais possam desempenhar plenamente suas funções em relação às dimensões de ensino, pesquisa e extensão e à dimensão da assistência à saúde. Outros avanços significativos do REHUF foram o estabelecimento de um novo mecanismo de financiamento que será progressivamente compartilhado entre MEC e MS, a melhoria dos processos de gestão, a adequação da estrutura física, a recuperação e a modernização do quadro tecnológico, a reestruturação do quadro de recursos humanos e o aprimoramento das atividades por meio de avaliação permanente e incorporação de novas tecnologias. Apesar dos avanços obtidos com a implantação do FIDEPS e REHUF, esses dispositivos não foram capazes de contemplar todos os objetivos de melhorar e qualificar a rede SUS e de ampliar a inserção dos hospitais universitários ao SUS. Por essa razão, uma nova estratégia centrada na gestão dos hospitais universitários passou a ser foco de atenção do Governo Federal, qual seja: a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Segundo Sodre et al. (2013), ainda na tentativa de reestruturação dos hospitais universitários e sob a justificativa de maior autonomia no uso dos recursos, legalização dos contratos de trabalho e aprimoramento do processo de gestão das instituições de ensino e saúde, o MEC, junto ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), elaboram a Medida Provisória n. 520, assinada em 31 de dezembro de 2010, a qual autoriza o Poder Executivo a criar a EBSERH, que tem, entre outras competências, administrar unidades hospitalares, bem como prestar serviços de assistência médico-hospitalar e 27 laboratorial à comunidade, no âmbito do SUS. Após a rejeição da Medida Provisória (MP) n. 520 no Senado, em 2011, a então presidente da República, por meio da Lei n. 12.550, autoriza a criação da EBSERH, empresa com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio. Segundo a Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, a EBSERH terá por finalidade a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim como a prestação às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública, observada, nos termos do art. 207 da Constituição Federal, a autonomia universitária. A legislação ainda define as competências EBSERH: I - administrar unidades hospitalares, bem como prestar serviços de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, no âmbito do SUS; II - prestar às instituições federais de ensino superior e a outras instituições congêneres serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública, mediante as condições fixadas em seu estatuto social; III - apoiar a execução de planos de ensino e pesquisa de instituições federais de ensino superior e de outras instituições congêneres, cuja vinculação com o campo da saúde pública ou com outros aspectos da sua atividade torne necessária essa cooperação, em especial na implementação das residências médica, multiprofissional e em área profissional da saúde, nas especialidades e regiões estratégicas para o SUS; IV - prestar serviços de apoio à geração do conhecimento em pesquisas básicas, clínicas e aplicadas nos hospitais universitários federais e a outras instituições congêneres; V - prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos hospitais universitários e federais e a outras instituições congêneres, com implementação de sistema de gestão único com geração de indicadores quantitativos e qualitativos para o estabelecimento de metas; e VI - exercer outras atividades inerentes às suas finalidades, nos termos do seu estatuto social. (BRASIL, 2011). Concernente ao HUOL, o contrato de adesão foi firmado entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a EBSERH, há, aproximadamente, um ano (agosto de 2013). Uma vez em voga o contrato, uma série de medidas foi iniciada, o que inclui a capacitação dos gestores do hospital, o dimensionamento de pessoal para realização de concurso, bem como o levantamento de informações estratégicas para definição de plano estratégico para os hospitais. Para capacitação dos gestores, a EBSERH, em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio Libanês, definiram um programa voltado para o desenvolvimento de competências do grupo de governança dos Hospitais Universitários (HUs), com base nas 28 necessidades de educação e gestão de cada hospital participante, de acordo com as diretrizes estratégicas para o projeto. Os objetivos específicos do Programa de Desenvolvimento de Competências dos profissionais dos Hospitais Universitários são: 1. orientar a capacitação de profissionais dos HUs segundo o perfil de competências do gestor do Hospital Universitário construído pelo Hospital Sírio-Libanês e a EBSERH; 2. capacitar 100 profissionais nos Modelos de Referência desenvolvidos no Projeto de Capacitação e Planos Diretores de Hospitais Universitários Federais, sendo nove participantes de cada um dos dez HUs indicados e dez participantes da EBSERH; 3. apoiar a elaboração de até dez projetos aplicativos / Planos Diretores, um por Hospital Universitário; 4. promover a construção, a disseminação e o desenvolvimento dos conceitos, das ferramentas e dos dispositivos de gestão hospitalar, segundo as melhores práticas; 5. articular os interesses da assistência, do ensino e da pesquisa; 6. apoiar e fortalecer a constituição de redes de atenção à saúde, orientadas às necessidades de saúde dos usuários, segundo os princípios do SUS. Como pode ser percebido, a construção de Projeto Aplicativo / Plano Diretor é um dos objetivos citados; além de configurar o foco desse trabalho, é uma atividade coletiva, desenvolvida pelo grupo Afinidade, no caso do HUOL constituído pelos nove profissionais que fazem o curso e do representante da EBSERH, no sentido da construção de uma intervenção na realidade. É uma pesquisa translacional do tipo pesquisa-ação ou pesquisa participativa, que envolverá todos os participantes do grupo buscando o desenvolvimento de um Plano Diretor para que o Hospital Universitário, associado ao grupo, atinja um modelo de gestão orientado às melhores práticas oriundas dos Modelos de Referência. Para o plano diretor estratégico do HUOL, pode-se dizer que o ele está fundamentado na definição de um plano de ação para os problemas identificados. No diagnóstico realizado inicialmente, foram identificados sete macroproblemas principais que poderiam ser priorizados, quais sejam: • método administrativo inadequado às necessidades do HU, • dificuldades de articulação entre o HU e o restante da rede SUS, • modelo Clínico Assistencial insuficiente frente às necessidades da população, • fragilidades na política de gestão de pessoas, • conflitos academia x assistência no hospital, 29 • dimensionamento inadequado da infraestrutura física e tecnológica para pleno funcionamento do HU, • conflito de interesses interfere no cumprimento da missão. Contudo, devido ao escopo de tempo e de recurso, foi decidido que o projeto de intervenção deveria focar, apenas, dois macroproblemas que, na sua definição, levou em consideração a capacidade de incorporar ações que possam perpassar os demais macroproblemas desconsiderados. Por essa razão, a inadequação do modelo administrativo frente às necessidade do HU e o modelo assistencial insuficiente frente às necessidades da população constituem os macroproblemas centrais dessa proposta de intervenção. No primeiro caso, trata-se de uma modelo administrativo burocratizado que não tem respondido, suficientemente, às exigências vinculadas ao cumprimento da missão institucional. Há anos, tem-se percebido que o modelo administrativo das organizações públicas não atende à dinâmica que tem se instalado na sociedade. Esse problema tem sido apontado sobre diversos aspectos como a ineficiência, a morosidade e outros capazes de neutralizar a ação do Estado no cumprimento de sua missão. Nessa perspectiva, foi constatado que o modelo administrativo atualmente empregado no hospital universitário não é capaz de atender, em sua plenitude, aos anseios sociais que lhe são atribuídos, principalmente quanto ao processo de abastecimento. Considerando a impossibilidade de substituir o modelo burocrático em voga em sua totalidade por razões legais, algumas ações podem ser propostas para atuar como agente catalisador capaz de amplificar a capacidade organizacional de resposta. Já o segundo macroproblema trata do modelo Hegemônico assistencial e diz respeito a uma série de problemas associada ao cuidado, haja vista que o paciente não recebe um tratamento 100% integralizado tampouco multiprofissional. O problema central do modelo biomédico não reside em uma espécie de maldade intrínseca que o caracterizaria, mas no fato de que ele é demasiado restrito no seu poder explicativo, o que implica óbices importantes para a prática de médicos e pacientes (BARROS, 2002). Em outras palavras, o modelo biomédico reduz a atenção à realização de procedimentos, levando os profissionais de saúde, através de uma visão especializada e, muitas vezes, fragmentada, a lançar mão frequentemente, e sem crítica, de instrumentos e exames cada vez mais complexos e caros para diagnosticar doenças, em detrimento de um cuidado mais integral aos doentes. A escalada dos custos dos Sistemas de Saúde tem sido vertiginosa e de impacto reduzido na produção do cuidado em saúde, evidenciando, os limites do modelo biomédico. Comparando as ações de atenção médica com ações em outros setores (saneamento, educação, emprego), constata-se que os resultados obtidos pelo segundo conjunto, no que 30 diz respeito ao aumento da expectativa de vida, é superior, com melhor relação custo/benefício. Novos modelos assistenciais precisam entrar em curso com referência na escuta aos usuários, na criação de dispositivos de escuta, decodificação e trabalho. Sabe-se que, hoje, é possível falar em integralidade, humanização e qualidade da atenção, segundo os valores de compromisso com a produção de atos de cuidar de indivíduos, coletivos, grupos sociais, meio, coisas e lugares. Nesse campo, parece estar emergindo um novo modo de tematização das estratégias de atenção e gestão no SUS e de formação dos profissionais de saúde pela educação permanente em saúde, pelo menos, no que diz respeito à modelagem dos “corações e mentes” (SILVA JUNIOR; ALVES, 2007). Desta forma, se torna mandatória, além da melhoria de condições administrativas resolutivas, a instituição de ações para promoção de um modelo cujo foco seja essencialmente o paciente, através de um cuidado humanizado, integral e multiprofissional. Com base nesse contexto, o presente PDE foi construído, o objeto de intervenção definido e os seus objetivos alinhados, conforme exposto a seguir. 31 2 OBJETO E OBJETIVOS O Plano Diretor Estratégico (PDE) é um trabalho aplicado e tem como compromisso planejar estratégias que sejam viáveis, para modificações e intervenções na realidade encontrada no HUOL orientado à intervenção da realidade, a partir do reconhecimento de necessidades de gestão relacionadas às áreas de governança, atenção à saúde e educação. Busca desenvolver o Planejamento Estratégico, associando conhecimento e ação para dar respostas técnicas e políticas que visem às melhores práticas de gestão, no contexto do SUS. 2.1 OBJETO Com base no exposto, pode-se dizer que esse Plano Diretor Estratégico tem como objeto de intervenção os modelos administrativo e assistencial atualmente em vigentes no Hospital Universitário Onofre Lopes. 2.2 OBJETIVO GERAL Implantar um modelo administrativo e assistencial compatível com as exigências e demandas atualmente apresentadas nas Políticas Públicas de Saúde. 2.2.1 Objetivos específicos • Acolher adequadamente as pessoas contratadas ao Hospital • Fortalecer o processo de planejamento estratégico do Hospital • Qualificar os processos administrativos e assistenciais • Estimular o trabalho em equipe e multiprofissional • Ampliar a integralidade interna e externa na assistência • Reestruturar a inserção do hospital na rede do SUS 32 3 FUNDAMENTAÇÃO Este capítulo foi estruturado para subsidiar a construção do plano com base em referências conceituais e informações contextuais obtidas através do percurso metodológico desenvolvido conforme apresentado no capítulo anterior. Aqui, serão apresentados conceitos e informações fundamentais para a construção do PDE. Primeiramente, são dadas referências acerca dos conceitos envolvidos no processo de planejamento estratégico e planejamento estratégico situacional, que, iniciando pelos conceitos clássicos de estratégia organizacional, se desenvolve até o conceito de planejamento situacional e outros correlatos. Em seguida, referências teóricas mais específicas sobre o objeto de estudo serão apresentadas para que se possa conhecer o estado da arte nas áreas abordadas. O objetivo é conceituar o problema identificado em suas bases teóricas visando a uma melhor compreensão do mesmo. Por fim, referências empíricas e casos relacionados aos macroproblemas priorizados são apresentados com o intuito de promover uma proposta de intervenção mais eficaz em seus objetivos. Essas referências e casos são aqui listados e resumidos para que se tenha um visão geral da literatura consultada e dos autores citados. A seguir, estão expostos os conceitos básicos aqui tratados. 3.1 REFERENCIAL TEÓRICO Com o objetivo de tentar manter a sustentabilidade, as organizações têm buscado, frequentemente, aprimorar suas estratégias. Estratégia, segundo Henderson (1998), é a busca deliberada de um plano de ação para desenvolver uma organização. Envolve tudo e requer comprometimento e dedicação por parte de toda a organização. Analisando sob outra ótica, a estratégia ainda pode ser definida como um plano, padrão, posição, perspectiva ou truque. As estratégias podem ser percebidas pelas organizações como planos para seu futuro – olhar para frente - assim como padrões de seu passado – olhar o comportamento passado. A ideia de posição refere-se à forma de situar a organização em seu ambiente (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2001). De acordo com Porter (1999), o posicionamento estratégico significa desempenhar atividades diferentes das exercidas pelos rivais, ou desempenhar as mesmas atividades de maneira diferente. Para o autor, estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades. Passando para a perspectiva organizacional, caminha-se da visão externa (ambiente) para a visão interna da 33 organização. A perspectiva de uma organização está intimamente ligada ao modo de ela enxergar o mundo. Também está relacionada fortemente à sua razão de existir. A perspectiva é para a organização o que a personalidade é para o indivíduo. (MINTZBERGER, 2000). Por fim, a última definição é a de estratégia como truque, isto é, uma “manobra” específica para enganar um oponente ou concorrente (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2001). Outra maneira de analisar a estratégia é a visualização de estratégia deliberada ou emergente. Na estratégia deliberada, pressupõe que ela é pensada a priori e implementada a posteriori. Ademais, é colocada sobre a responsabilidade do estrategista a elaboração da estratégia para que ela possa ser, depois, implementada (BISPO, 2003). Já a estratégia emergente é mostrada por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2001) como um padrão ou conformidade de ação sem que tenha havido a intenção explícita para tal. Nesses moldes, Mintzberg (1989) considera que o trabalho das mãos não pode ser dissociado do trabalho da mente, o que justifica sua argumentação de que nenhuma estratégia é puramente deliberada ou puramente emergente. Os atributos deliberados podem não ser implementados tal qual foram concebidos, e os motivos podem ser plurais, como: resistência oriunda da cultura organizacional, dificuldades de implementação, carência da observação prévia de variáveis importantes, além, de contingências que, dificilmente, podem ser previstas. O importante para o contexto deste trabalho é que independente de como a estratégia é definida, ela envolve a participação direta dos estrategistas, uma vez que as organizações são constituídas por pessoas, as quais podem fazer valer verbos como aceitar, recusar, distorcer, inventar, propor, negociar, burlar, sabotar etc. Quem melhor explica a argumentação anterior é a escola cognitiva que, segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2001), nos dizem que precisamos compreender a mente humana, assim como o cérebro humano, para compreensão da tomada de decisão da estratégia. Independente de como a estratégia seja definida ou analisada, o modelo mental do estrategista exercerá forte influência na sua formulação e implementação, que, por sua vez, determinará as decisões a serem tomadas. Em uma linguagem mais operacional, a estratégia seria a mobilização de todos os recursos da instituição no âmbito global visando atingir objetivos definidos previamente. Para isso, faz-se necessário um planejamento prévio com o intuído de determinar quais são as estratégias utilizadas e como elas serão implementadas. 34 3.1.1 Planejamento estratégico O planejamento estratégico é um processo dinâmico e interativo para determinação de objetivos, políticas e estratégias das funções organizacionais e dos procedimentos das organizações. É elaborado por meio de técnicas administrativas de análise do ambiente (interno e externo), onde se buscam as ameaças e oportunidades do meio externo e os pontos fortes e fracos da organização. Isso possibilita aos gestores estabelecer o rumo para a organização, buscando otimizar o relacionamento entre essa instituição e o meio ambiente que a cerca para produzir e articular resultados via integração sinérgica de decisões e ações organizacionais (MINTZBERG; QUINN, 2001). Em suma, é um processo pelo qual a organização define a mobilização de seus recursos para alcançar os objetivos propostos (curto, médio e longo prazo). Segundo Kaplan e Norton (1998), apesar das características únicas de cada organização, algumas etapas podem ser seguidas para auxiliar o desenvolvimento das estratégias. A figura, a seguir, ilustra um modelo para desenvolver o planejamento estratégico de uma instituição. Figura 4 – Modelo de planejamento Fonte: O autor (2014) De acordo com a figura 1, a princípio, deverão ser estabelecidos a missão, a visão e os objetivos de longo prazo da instituição. Paralelamente, os ambientes (interno e externo) devem ser analisados para detectar as oportunidades e ameaças do mercado e os pontos fortes e fracos da organização, considerados de fundamental importância para entender a dinâmica da instituição e do mercado. 35 Em seguida, as estratégias da organização devem ser definidas, ou seja, pensar como a missão, visão e objetivos de longo prazo serão atendidos. Essas estratégias deverão ser traduzidas em objetivos mais específicos e ações de curto e médio prazo, o que tornará possível a operacionalização da missão, da visão e dos objetivos gerais. Vale ressaltar que os objetivos específicos deverão ser pensados por meio de intenções de ação e metas, que contemplem as quatro perspectivas propostas por Kaplan e Norton (1998): financeira; do cliente; processo interno; e inovação e aprendizado. Assim, é preciso verificar se a organização dispõe de recursos (tangíveis e intangíveis) para implantação dessas ações. Por fim, deve-se monitorar a operacionalização dessas ações e os resultados alcançados. Apesar de se tratar de uma fase de operacionalização e controle das estratégias previamente deliberadas, essa etapa permite que ajustes sejam feitos e ações corretivas sejam tomadas, sempre houver (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2001). 3.1.1.1 Formulação da identidade organizacional O primeiro passo do processo de planejamento estratégico é a formação da identidade organizacional. É preciso conhecer a organização para, então, planejar o seu futuro. A identidade organizacional de uma instituição é composta pela sua missão, sua visão e os objetivos globais. Segundo Hill, Jones e Schilling (1998), a missão visa explicitar, de forma geral, para os clientes e colaboradores, a finalidade da organização no mercado, ou seja, é a razão de sua existência. Já a visão organizacional define o que a instituição pretende alcançar ao longo prazo. Em outras palavras, é um retrato do futuro da instituição (DAVID, 1999). Conhecendo a realidade da instituição (missão) e onde se quer chegar (visão), fica, então, faltando apenas definir os objetivos que deverão ser concretizados. Tais objetivos nortearão as diretrizes que levarão a instituição ao futuro almejado (Visão). De acordo com David (1999), missão é a finalidade da existência de uma organização. É aquilo que dá direção e significado a essa existência. A missão da organização está vinculada, diretamente, aos seus objetivos institucionais, aos motivos pelos quais a organização foi criada, a medida em que representa a sua razão de ser. Segundo Kotler (1997), uma missão bem definida desenvolve, nos funcionários, um senso comum de oportunidade, direção, significância e realização. Uma missão bem explicitada atua como uma mão invisível que guia os funcionários para um trabalho independente, porém, coletivo. Já a visão é o sonho de uma organização. É aquilo que se espera ser em um determinado tempo e espaço. A visão é um plano, uma ideia mental que descreve o que a organização quer realizar, objetivamente, nos próximos anos de sua existência (DAVID, 36 1999). Normalmente, ocorre a longo prazo. É uma descrição clara da intenção da organização em prazos determinados. Comparando os conceitos de missão e visão, tem-se que a missão é algo perene, sustentável como um farol sempre aceso e disponível a guiar pessoas e organizações no curso de suas vidas, enquanto que a visão é mutável por natureza, algo concreto a ser alcançado. A visão deve ser inspiradora, clara e concisa, de modo que todos a sintam. O quadro 3 abaixo compara os significados de missão e visão. Quadro 3 – Características da Missão e da Visão CARACTERÍSTICA DA MISSÃO CARACTERÍSTICA DA VISÃO Identifica o negócio É o que se sonha para o negócio É a partida É aonde vamos É a "Carteira de Identidade" da empresa É o "passaporte" para o futuro Identifica "quem somos" Projeta "quem desejamos ser" Dá rumo à empresa Energiza a empresa É motivadora É inspiradora Focaliza o presente para o futuro Focaliza o futuro Tem vocação para a eternidade É mutável conforme os desafios Fonte: O autor (2014) Após a concretização da missão, deve-se determinar a situação atual da organização, visto que, somente conhecendo a realidade da instituição é que será possível estabelecer estratégias e diretrizes para a operacionalização da missão. Com base nessa realidade é que a visão deverá ser idealizada, ou seja, determinar onde se quer chegar. A visão deve ser uma ideia alcançável do futuro da organização. Com a missão e a visão elaboradas, torna-se possível trabalhar os objetivos gerais da instituição. É importante ressaltar que os objetivos gerais são o elo entre a situação real e a visão e a missão, ou seja, é através de tais objetivos gerais que se estabelecem diretrizes que conduzirão a instituição da situação atual até a situação desejada. Outro ponto merecedor de destaque é a importância de que a missão, a visão e os objetivos gerais sejam elaborados a partir da ideia de um grupo heterogêneo de pessoas, pois, quando elaborada somente pelo topo da organização, existe uma tendência de que a identidade organizacional não corresponda à realidade da organização. Por outro lado, quando existe um grupo muito heterogêneo, há a dificuldade de se obter o consenso do grupo, o que torna o processo lento, cansativo e, muitas vezes, improdutivo. Para isso, fazse necessária a utilização de alguma dinâmica que facilite o processo. 37 3.1.1.2 Análise dos ambientes interno e externo Pode-se iniciar pela análise do ambiente externo à organização que considera as condições externas que a rodeiam e que lhe impõem ameaças e oportunidades (NARAYANAN; FAHEY, 1999). A análise externa envolve: mercados abrangidos pela organização, características atuais, tendências futuras, isto é, instituições que atuam no mercado, disputando os mesmos clientes, consumidores ou recursos. Também se deve observar as conjunturas econômica, política, social, cultural, legal etc. que afetam a sociedade e o mercado como um todo. Dessa análise, a organização deverá ser capaz de determinar quais são as oportunidades e as ameaças. A seguir, faz-se a análise das condições internas da organização para permitir uma avaliação dos pontos fortes e fracos que ela possui. Segundo David (1999), os pontos fortes constituem as forças propulsoras da organização que facilitam o alcance dos objetivos organizacionais, enquanto os pontos fracos constituem as limitações e forças restritivas que dificultam ou impedem o alcance dos objetivos supracitados. No caso, tais fraquezas devem ser fortalecidas (HILL; JONES; SCHILLING, 1998). Essa análise envolve, de forma geral, a identificação e descrição dos recursos (tangíveis e intangíveis) de que a organização dispõe para as suas operações atuais e futuras. É preciso analisar, também, a estrutura organizacional e a divisão de trabalho com seus aspectos positivos e negativos. 3.1.1.3 Formulação das Alternativas Estratégicas Nessa quarta fase do planejamento estratégico, formulam-se as alternativas que a organização pode adotar para alcançar os objetivos pretendidos, tendo em vista as condições internas, externas e a identidade organizacional. As alternativas estratégicas constituem os cursos de ação futura que a organização pode adotar para atingir seus objetivos globais, saindo da situação atual para uma situação futura desejada (DAVID, 1999). Uma vez formuladas, analisa-se e escolhe-se a alternativa estratégica considerada mais apropriada. O próximo passo é a sua implantação, etapa de vital importância para o sucesso do processo de planejamento estratégico, pois de nada adianta uma boa estratégia se não for possível sua operacionalização. 3.1.1.4 Implementação da estratégia Essa é a fase de deflagração por toda a organização da estratégia organizacional concebida na etapa anterior. Ao contrário das fases anteriores, quando se gasta muito tempo no processo de concepção de ideias necessárias à elaboração de estratégias, nessa 38 fase, não se pode perder tempo discutindo sobre o que já está definido; é uma fase de operacionalização das estratégias e não mais de concepção. Todavia, existem algumas situações que demandam alterações de última hora, sendo este o caso, das estratégias emergentes (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2001). Esse tipo de estratégia surge durante o processo de implantação, muitas vezes motivado, por exemplo, por uma mudança de uma variável importante no ambiente externo ou interno. Ou seja, é possível que novas estratégias surjam em meio ao processo de implementação, visto que o mercado está em constante transformação. 3.1.1.5 Avaliação e controle estratégico O controle, passo complexo que consiste no estabelecimento do processo de monitoração, de manutenção e da avaliação dos resultados programados, é responsável pela verificação e medição dos resultados alcançados com base nas estratégias implantadas.. É importante ressaltar que a etapa do controle está envolta em uma discussão paradoxal. Por um lado, o controle se faz necessário como um mecanismo de verificação dos resultados, comparando-os com os objetivos traçados. Por outro lado, o controle é considerado uma atividade onerosa por natureza, não tida propriamente como uma atividade fim, sendo valorizado somente pelos benefícios que trará ao planejamento (RECKTENVALD, 2000). É nessa linha ideológica que os principais teóricos de administração expõem a relevância dessa função administrativa. Faria (1997) afirma que o controle é um instrumento para assegurar a consecução do objetivo e, em consequência, poder tomar medidas corretivas quando necessárias. 3.1.2 Planejamento Estratégico Situacional Explicitados os conceitos envolvidos na construção de um planejamento estratégico, faz-se necessária a definição da metodologia as ser utilizada. No caso, o Planejamento Estratégico Situacional (PES) foi a metodologia empregada para o desenvolvimento do presente Plano Diretor Estratégico (PDE) do Hospital Universitário Onofre Lopes. O planejamento tradicional é do tipo normativo e prescritivo e é genérico. A metodologia PES é elaborada sempre do ponto de vista de um determinado jogador e consiste de uma cadeia de jogadas que dependem das circunstâncias. A figura de planejador não existe no PES, visto que se confunde com o próprio executor das ações ou das jogadas, tampouco existe um plano acabado. No momento da ação é que se decide a prática do PES, de modo que o plano só se completa na ação. O diagnóstico usado no 39 planejamento tradicional é substituído pela apreciação situacional, que ocorre, continuamente, ao longo do plano. Essa apreciação é feita pelo próprio jogador, abrangendo não apenas a análise da situação, mas também fazendo conjecturas sobre as possíveis reações do outro. Segundo Rieg e Araújo Filho (2002), o PES, embora seja influenciado pelo trabalho de outros autores como Ackoff (1974) e Mason e Mitroff (1981), tem em Carlos Matus seu grande mentor intelectual e maior entusiasta. Ministro de Planejamento do Presidente Allende, no Chile, Matus, a partir da queda desse governo, passou a se dedicar à compreensão do que deu errado naquela gestão. Segundo Matus (1993), para resolver e planejar sistemas complexos, é importante diagnosticar a situação (interna e externamente) para consecução de planos de ação bem sucedidos. O PES, segundo Iida (1993), é aplicável a sistemas complexos, como as organizações sociais, sujeitos a diversos tipos de incertezas. O mesmo autor difere o modelo de planejamento tradicional do modelo de planejamento situacional, enfatizando que o primeiro apresenta soluções genéricas, enquanto o segundo traz um plano personalizado ao contexto da organização. Para explicar o modelo PES, Matus (1993) recorre a conceitos como, por exemplo, cenário, atores, governabilidade, incerteza, jogadas, fluxos, etc. De forma geral, todo o modelo PES é fundamentado na lógica das relações de causa e efeitos orientadas por uma boa compreensão do contexto atual. O Planejamento Estratégico Situacional propõe-se a corrigir as duas falhas oriundas dos modelos tradicionais de planejamento e apresenta um instrumento flexível, adequado para explicar as realidades complexas (IIDA, 1993). Segundo Artmann (2000), a explicação situacional é sempre multidimensional e totalizante, ou seja, refere-se às múltiplas dimensões da realidade: política, econômica, ideológica, cultural, ecológica, etc. Exige uma visão interdisciplinar e multissetorial e deve adaptar-se ao plano setorial sem abandonar as outras dimensões e espaços de explicação. É dinâmica, articulando passado, presente e futuro, através do desvendamento dos processos causais, da expressão atual e da análise das tendências futuras. É ativa, pois cada ator busca com a explicação fundamentar sua ação. Para tal, o PES pode ser subdividido em quatro momentos mostrados, na Figura 5: o explicativo busca justificar os porquês da situação atual; o normativo estabelece o que se deseja fazer; o estratégico analisa a viabilidade das operações planejadas; e o tático e operacional, cuidam da implementação das operações no dia-a-dia (RIEG; ARAÚJO FILHO, 2002). 40 Figura 5 - Momentos do PES Fonte: Rieg e Araújo Filho (2002). Para se atingir os objetivos esperados, o PES define etapas que podem ser seguidas com o intuito de melhorar a efetividade do planejamento estratégico: definição do problema, construção do fluxo situacional, atuação sobre o problema, análise e construção de viabilidade e definição do plano de ação. Cada uma dessas etapas foi fonte inspiradora para realização do presente plano e passará a ser detalhada a seguir. 3.1.2.1 Definição do Problema Esse é o momento da seleção e análise dos problemas considerados relevantes para o ator social e sobre os quais pretende intervir (ARTMANN, 2000; IIDA, 1993). Complementa ao afirmar que todo problema social é de natureza situacional ou seja, depende de quem o considere como sendo um problema. O que é problema para um, pode ser uma oportunidade para outro. Portanto, no PES, o ator que declara o problema deve ficar bem definido. É necessário também delimitar o espaço do problema, para descrever a governabilidade do ator. Artmann (2000) afirma que selecionados os problemas, passa-se a descrevê-los por meio de indicadores ou descritores que o definam com clareza. Os descritores quantitativos ou qualitativos devem ser necessários e suficientes para expressar o problema sem confundi-lo com outros ou com suas próprias causas e consequências. A verificação desse critério de suficiência pode ser feita a partir da resposta afirmativa à pergunta: "eliminadas as cargas negativas expressas pelos descritores, fica eliminado o problema?" 41 Caso contrário, é necessário rever os descritores. É importante assinalar a fonte de verificação do descritor ou seja, a procedência da informação. A descrição, quando bem feita, resultará nos indicadores que serão utilizados para avaliar os impactos do plano. 3.1.2.2 Fluxograma situacional Após a descrição, os problemas devem ser analisados através da construção de uma rede de causalidade simplificada. Para tanto, Matus (1993) recomenda a construção de um fluxograma situacional. Segundo Iida (1993), o fluxograma situacional é uma representação gráfica do modelo explicativo do problema. Para construí-lo, a primeira providência é descrever o problema usando um conjunto de frases curtas chamadas de descritores. Esse conjunto deve ser necessário e suficiente para precisar o conteúdo do problema, que não dever se referir nem a causas, tampouco a consequências. Para testar se os descritores estão bem formulados, faz-se a pergunta: caso sejam eliminadas as cargas negativas dos descritores, o problema seria resolvido? Se a resposta for afirmativa, ele estará bem descrito. Se for negativa, é possível que esteja faltando algum descritor ou que os descritores escolhidos não sejam relevantes (IIDA, 1993). Com base nesses descritores, passa-se a construção do fluxograma situacional. É importante chamar a atenção para a necessidade de se conhecer bem o problema para identificar corretamente os processos de causalidade. O método, apenas, ajuda a sistematização mas não substitui o conhecimento da realidade. Matus (1996) alerta para o risco da cegueira situacional que pode surgir de um olhar parcial. Segundo Artmann (2000), com o fluxograma situacional bem realizado, é possível identificar: as relações de determinação entre as causas e o problema tal como descrito sob a forma de indicadores (descritores); as causas de maior poder de determinação; o grau de governabilidade sobre as causas, correspondendo àquelas situadas no espaço de governabilidade às causas controladas pelo ator do plano; as causas localizadas no espaço e fronteira que se referem às causas diretamente relacionadas com o problema, controladas por outros atores, e as causas situadas no espaço fora do problema as quais se relacionam a causas que condicionam o problema mas não fazem parte dele diretamente, sendo causas também de outros problemas. Construído o fluxograma, o próximo passo é identificar os nós críticos – causas sobre as quais o ator planejador tem condições de atuar com eficácia e que têm influência direta sobre o problema – e construir uma versão simplificada do fluxograma situacional (árvore do problema), em que só aparecem as relações causais entre os nós-críticos. 42 Dentre as várias causas do problema estão aquelas que serão os pontos de enfrentamento do mesmo, os nós críticos, sobre as quais serão elaboradas as propostas de ação. Na seleção dos nós críticos, observam-se, segundo Artmann (2000), três critérios representados pelas seguintes perguntas que devem ser aplicadas a cada causa do problema: a) A intervenção sobre essa causa trará um impacto representativo sobre os descritores do problema, no sentido de modificá-los positivamente? b) A causa constitui-se num centro prático de ação, ou seja, há possibilidade de intervenção direta sobre esse nó causal (mesmo que não seja pelo ator que explica)? c) É oportuno politicamente intervir? Quando as três questões são respondidas afirmativamente, o nó deve ser selecionado como crítico, ou seja, é considerado um ponto de enfrentamento. A forma de ataque a essas causas, no entanto, é definida no momento seguinte do PES, o normativo. 3.1.2.3 Atuação sobre o Problema Segundo Iida (1993), para atuar sobre o problema, formulam-se algumas alterações, que são as ações capazes de modificar o estado de algum nó crítico e, assim, produzir impacto sobre os descritores do problema. Esse é o momento de desenhar o plano de intervenção, ou seja, de definir a situação objetivo ou situação futura desejada e as operações/ações concretas que visam a resultados, tomando, como referência, os nós críticos selecionados. A situação-objetivo é, portanto, a nova situação a ser atingida (com os problemas modificados positivamente) através do Plano por Operações. Pode ser desenhada transformando-se os descritores do problema em novos indicadores desejados, os indicadores de resultado. Cada descritor deverá ser transformado num resultado esperado, como decorrência das prováveis intervenções sobre o problema (ARTMANN, 2000). Segundo Rieg e Araújo Filho (2002), para cada cenário, constrói-se um plano a fim de atacar cada nó crítico identificado no primeiro momento. Esses planos são constituídos de operações definidas por Matus como sendo a unidade básica de ação que um ator realiza para mudar a realidade (HUERTAS, 1996). Para realizar essas operações, listam-se os recursos necessários que nem sempre se referem a bens materiais ou monetários, podendo ser conhecimentos pessoais, determinadas habilidades , liderança, influências políticas, controle de organizações e outros (IIDA, 1993). Listam-se, também, os atores que detêm algum tipo de controle sobre esses 43 recursos, portanto, podem influir na solução do problema. Para conseguir uma melhor visualização dos recursos e atores já definidos, constroem-se três matrizes, relacionando as variáveis acima entre si: matriz de motivações, matriz de recursos necessários e matriz do controle dos recursos, que são fundamentais para a análise de viabilidade das ações propostas. 3.1.2.4 Análise de viabilidade Como dito anteriormente, a análise de viabilidade é feita a partir das três matrizes supracitadas. Em geral, nem todas as operações são viáveis na situação inicial (hoje) porque podem existir atores que se opõem a determinadas operações, controlando recursos em montante superior aos dos atores que lhe são favoráveis (IIDA, 1993). Segundo Artmann (2000), nesse momento, faz-se a análise de viabilidade do plano nas suas várias dimensões: política, econômica, cognitiva, organizativa. No momento anterior, já é feita uma pré-análise de viabilidade, mas, agora, é necessário um cálculo mais profundo através da simulação. Cabe lembrar a importância de uma análise de viabilidade bem feita em situações em que o ator não controla todos os recursos necessários à concretização do plano. Caso a análise de viabilidade resulte negativa, indicando operações não viáveis é necessário pensar na construção de estratégias que possam torná-las viáveis. A estratégia é necessária tanto para as operações que exigem cooperação com outros atores como para as de oposição e confronto e a escolha da melhor estratégia depende do tipo das operações e da relação de forças, ou seja, dos recursos que cada ator pode mobilizar a seu favor (ARTMANN, 2000). Segundo Rieg e Araújo Filho (2002), esse, sem dúvida, é o momento de maior complexidade do PES, requerendo uma quantidade expressiva de informações para a realização de todas as análises previstas. Ainda aqui é analisada a sequência no tempo das operações, ações e subações, pois essa ordenação pode alterar significativamente o plano, levando-o até mesmo à inviabilidade (MATUS, 1997). 3.1.2.5 Gestão do Plano Para Artmann (2000), elaborado o plano (flexível e adaptável à conjuntura) e feita a análise de viabilidade, chega-se ao momento da ação, da implementação do plano e do seu controle. É preciso lembrar que, na visão do PES, planejamento e gestão são inseparáveis; o plano não é o desenho no papel, mas um compromisso de ação que visa a resultados, 44 impacto nos problemas selecionados, que se traduzem em novas situações mais favoráveis do que a situação inicial . Rieg e Araújo Filho (2002) afirmam que esse último momento também é conhecido como tático-operacional e se refere à implementação das ações tendo por referência o plano que tem por finalidade a criação de um processo, sem ruptura entre os três momentos e a ação diária (HUERTAS, 1996). Tem-se aqui, como mencionado, a necessidade constante de recalcular o plano, aprimorando-o diante das circunstâncias que surgem com sua implementação. Para acompanhar o plano de tal maneira que possa produzir impactos reais, são necessárias formas adequadas de gerenciamento e monitoramento. Para isso, é fundamental o Sistema de Monitoramento ou Acompanhamento e Avaliação do Plano, para suprir as demandas de informação e permitir avaliar o desenvolvimento do plano tanto em relação aos seus resultados finais quanto aos seus processos intermediários. Vale ressaltar que a informação, apoiada nos diversos sistemas de informações disponíveis, não é importante, apenas, no momento tático-operacional, mas também em todo o processo de planejamento. 3.2 REFERENCIAL TEÓRICO E EMPÍRICO DO MACROPROBLEMA 1 (MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU) 3.2.1 Retórica dos modelos administrativos Há anos tem-se percebido que o modelo administrativo das organizações públicas não atende à dinâmica que tem se instalado na sociedade. Esse problema tem sido apontado nos seus diversos aspectos, tais como a ineficiência, a morosidade e outros capazes de neutralizar a ação do Estado no cumprimento de sua missão. Vários atores apresentam uma tentativa de mudança nesse processo como forma de atualizar a máquina governamental. Segundo Falcão Martins (1998), os problemas organizacionais da burocracia situam-se em torno da busca pela eficiência e pela efetividade. Resumidamente, trata-se da sua capacidade operacional em maximizar resultados, minimizar recursos e orientar-se, finalisticamente, para resultados úteis, em conformidade qualitativa e quantitativa com as necessidades dos beneficiários de sua ação. Esse problema se reporta à busca de estruturas organizacionais e modelos de gestão que assegurem o alcance de padrões de eficiência operacional e satisfação compatível com a expectativa de atores que influenciam a definição da missão institucional da organização burocrática - cidadãos, políticos, os próprios burocratas etc. 45 De fato, o modelo de administração pública mais difundido, atualmente, tem seus pressupostos alicerçados nas premissas da teoria burocrática Weberiana. Uma derivação desse problema é que o consagrado tratamento atribuído ao problema organizacional da burocracia origina-se na clássica formulação de Max Weber, que enalteceu a superioridade técnica da burocracia e estampou sua feição organizacional no tipo - ideal burocrático (FALCÃO MARTINS, 1998). O que se tem observado é que o modelo burocrático tem evoluído, na maioria dos casos, para um modelo permeado pelo excesso de burocracia com implicações severas na capacidade de ação dos entes governamentais. Se, por um lado, as regras e leis criadas protegem a sociedade de atos ilícitos para benefício de poucos, por outro, tira a flexibilidade necessária para dar respostas às necessidades sociais. Não diferente dessa realidade, os aparelhos públicos que compõem a rede do SUS enfrentam dificuldades oriundas no modelo hegemônico. No caso do HUOL especificamente, as amarras da legislação federal e da própria instituição reduziram sua capacidade de garantir condições adequadas para a execução dos seus objetivos relacionados, principalmente a assistência e ao ensino. Não sendo capaz de responder às necessidades básicas das organizações públicas, o modelo administrativo tornou-se o alvo das mais ásperas críticas. O modelo burocrático weberiano foi considerado inadequado para o contexto institucional contemporâneo por sua presumida ineficiência, morosidade, estilo autorreferencial, e descolamento das necessidades dos cidadãos (POLLITT; BOUCKAERT, 2002). Segundo Secchi (2009), desde os anos 1980, as administrações públicas em todo o mundo efetuaram mudanças substanciais nas políticas de gestão pública e no desenho de organizações programáticas. Essas reformas administrativas consolidam novos discursos e práticas derivadas do setor privado e os usam como benchmarks para organizações públicas em todas as esferas de governo. Segundo Matias-Pereira (2008), o processo de modernização da administração pública no Brasil, entre as décadas de 1930 e 1990, seguiu alguns padrões, entre eles a fragmentação institucional e a separação entre a formulação e a implementação política. A retórica da reforma dos anos 1990 avançou do ponto de vista da utilização do conceito de governança e dos princípios políticos que orientaram estas propostas: participação, accountability, controle social. Ainda segundo o autor, por se tratar de um modelo pós-burocrático, buscou importar ferramentas de gestão provenientes do setor privado, bem como a aplicação da lógica de mercado dentro do setor público, focalizando o aumento da eficiência econômica do Estado. Em harmonia com as experiências internacionais que estavam em curso, inicia- 46 se, assim, um amplo processo de revisão das formas de prestação dos serviços públicos no Brasil. Trata-se de uma reforma que buscou e busca tornar os processos administrativos mais eficientes na utilização dos recursos, ao mesmo tempo que proporciona poder de ação dos agentes públicos no desenvolvimento das suas tarefas. Por essa razão, vários princípios da administração gerencial vão sendo incorporados ao modelo administrativo dessas entidades públicas. Como não é possível substituir o modelo hegemônico em sua totalidade por razões legais, esses princípios atuam como agente catalisador capaz de amplificar a capacidade organizacional de resposta. Nessa perspectiva, constatou-se que o modelo administrativo atualmente empregado nos hospitais universitários não é capaz de atender, em sua plenitude, aos anseios sociais que lhes são atribuídos, principalmente, no tocante à gestão e execução dos processos de apoio. 3.2.1.1 Processo Para Ostrenga (1997), existem duas maneiras de se ver uma organização: do ponto de vista funcional e do ponto de vista do processo. A visão funcional baseia-se no organograma como modelo primordial do negócio e, nela, todos os recursos pertencem aos departamentos individuais. Já a visão de processo enfoca o próprio trabalho a fim de administrá-lo e não a estrutura organizacional: os processos, muitas vezes, perpassam um ou mais departamentos. Um processo, para Davenport (1994), é uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com início e término claramente identificados, enfim, uma estrutura para ação. Já Harrington (1993) o define como sendo um grupo de tarefas interligadas logicamente, que utilizam os recursos da organização para gerar os resultados definidos, de forma a apoiar os seus objetivos e normalmente, dispõe de entrada, saída, tempo, espaço, ordenação, objetivo e valores que, interligados logicamente, irão resultar em uma estrutura para fornecer produtos ou serviços ao usuário. Na visão de Batista et al. (1996), os processos organizacionais são compostos de atividades e tarefas interligadas logicamente, que fazem uso dos recursos da organização para gerar resultados definidos, em apoio aos objetivos fixados lhes agregando valor. Para Afonso (1999), a ótica do processo pode proporcionar uma forma poderosa de analisar uma instituição pública, pois essa é a maneira pela qual o cliente ou cidadão a vê. De fato, a rigor, uma pessoa interage com o Estado por meio de seus processos e serviços. 47 Figura 6 – Hierarquia dos processos Fonte: Afonso (1999). No caso do governo, os processos são tratados no âmbito da classificação funcional-programática em funções, programas, subprogramas, atividades e tarefas. Essa diferenciação foi criada, pela da Portaria Ministerial n° 9, de 28/01/74, com o intuito de modernizar o orçamento e inserir formas mais adequadas de controlar custos da empresas públicas. O teor das definições embutidas na ordenação de ações sustenta que: • Função: é o propósito direto estabelecido pelos órgãos políticos e que deve ser cumprido pelo Governo. • Programa: é um instrumento destinado a cumprir as funções do Estado, através do qual se estabelecem objetivos ou metas quantificáveis. • Subprograma: é uma divisão de programas complexos, destinada a facilitar a execução em um campo específico. • Atividade: é uma divisão mais reduzida de cada uma das ações que se deve desenvolver para cumprir as metas do programa ou subprograma. • Tarefa: é a parte menor de uma atividade. A realização de várias tarefas leva a consecução de uma atividade. Independente do tipo de empresa, analisar e compreender os processos torna-se de vital importância para uma boa gestão. Nesse contexto, cabe destacar o relevante papel desempenhado pela tecnologia da informação que constitui um requisito indispensável à obtenção de acentuados ganhos de efetividade nos processos. A Tecnologia de Informação (TI) deverá ser utilizada como meio de promoção de mudanças para a gradativa melhoria de um determinado processo e de seus resultados (DAVENPORT, 1994). 48 As definições de processos já mostram que eles estão presentes em todas as áreas, sendo possível dividi-los naqueles que são aplicados diretamente aos pacientes e àqueles que servem de suporte ou atendimento entre as áreas e subáreas. Em outras palavras, para que aqueles sejam efetivados, existe a necessidade de outros processos denominados de processos meio. Esses processos guardam, entre si, alguns aspectos como diversidade, complexidade e intensa intersetorialidade que precisam ser, meticulosamente, organizados visando o atendimento da missão institucional. 3.2.1.2 Gestão dos processos e da qualidade No contexto dos hospitais, a gestão dos processos de apoio também tem sido de fundamental importância para que essas organizações possam atingir seus objetivos com eficácia. Portanto, faz-se necessário que os processos de apoio sejam também submetidos à atividade de melhoria contínua com vistas ao melhoramento sistêmico da organização, sendo os modelos de gestão da qualidade um forte elemento basilar para melhor estruturação dos processos organizacionais. O Sistema de Gestão da Qualidade tem por finalidade garantir a previsibilidade e a repetibilidade dos processos executados dentro da empresa, gerando, dessa forma, a padronização, que é a essência do funcionamento de todo o sistema (KURTA; CARVALHO; KOVALESKI, 2004). Desse modo, a organização deve, através de métodos adequados, manter registrados os procedimentos necessários e importantes para garantir a conformidade do produto produzido ou do serviço prestado. Nessa perspectiva argumentativa, podem ser inseridas as certificações como meio para alcançar tal conformidade exigida. Como parte do processo de certificação, a normatização dos processos de trabalho configura uma das principais etapas quando o objetivo é a implantação de um sistema de gestão da qualidade. Os principais benefícios de sua adoção podem ser sumarizados em: redução de defeitos, de retrabalho e do prazo de entrega, menores níveis de estoque, redução de custos em geral, maior competitividade empresarial, maior participação no mercado, aumento de lucro e clientes internos e externos mais satisfeitos (TEIXEIRA, 2014). A normatização é a atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto. Segundo Silva (1985), a normatização é baseada nos resultados já consolidados da ciência, técnica e da experiência, determinando não só as bases para o presente, mas também para o futuro, e deve acompanhar o progresso da tecnologia e as mudanças de padrões e as mudanças de consumidores. 49 De acordo com Silva, Duarte e Oliveira (2004), ela tem como principal função permitir que a empresa ofereça, de maneira sistemática, produtos e/ou serviços com características constantes, ou seja, com o mesmo padrão de qualidade, forma de atendimento, prazo e custo aos clientes. Logo, a padronização visa garantir a execução uniforme dos processos com a finalidade de se obter maior previsibilidade dos resultados (MARTINS; ZVIRTES; MARTINS, 2008). Contudo, é pertinente observar que a simples imposição de um padrão ao trabalhador não fará com que ele absorva o sentimento de responsabilidade pela atividade que desenvolve; é necessário envolvê-lo no estabelecimento do padrão, explicar seus objetivos e potenciais resultados (TEIXEIRA, 2014). Dessa forma, evitando tratá-lo como um mero substituto de uma máquina e priorizando a gerência participativa, haverá muito menos resistência às mudanças, consequentemente, as chances de sucesso do processo de padronização aumentarão consideravelmente (KONDO, 2000). 3.2.1.3 Padronização dos Processos Segundo Scartezini (2009), entender como funcionam os processos e quais são os tipos existentes é importante para determinar como eles devem ser gerenciados para obtenção de melhores resultados. Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e deve ser gerenciado a sua maneira. A visão de processos é uma forma de identificar e aperfeiçoar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho que está sendo efetivado é transferido de um setor para o seguinte. Nessas transferências, normalmente, ocorrem os erros e a perda de tempo. Para entender como se dá a padronização dos processos é válido retornar aos primórdios da teoria administrativa, abordando os pensadores da escola clássica da administração. O primeiro pensador a tratar a padronização como aspecto primordial para o desempenho da organização foi Taylor. A proposta de Taylor, para a organização do trabalho, procurava, basicamente, diminuir qualquer perda de tempo na produção, baseando cada fase do processo de trabalho em passos cuidadosamente cronometrados, com o intuito de eliminar processos longos e inúteis. Taylor foi quem introduziu práticas científicas para determinação e padronização dos processos de trabalho (BEJARANO et al., 2005). Ainda segundo os autores, Henry Ford aperfeiçoou o Taylorismo através de dois princípios adicionais: a integração das etapas do processo de trabalho e a fixação dos trabalhadores em seus designados postos de trabalho. O modelo administrativo de Taylor, consolidado e expandido, permeou o século passado e é, ainda, de grande influência, uma vez que gerou empresas bem estruturadas, eficientes e hierarquicamente organizadas, 50 capazes de produzir grandes quantidades de bens materiais (GARRATY; MCCAUGHEY, 1991). O sociólogo alemão Weber exerceu grande influência na estruturação das empresas do século passado, e algumas de suas ideias vieram complementar e organizar a administração científica de Taylor. Weber julgava a burocracia como o modo mais lógico, eficiente e racional de estruturar o trabalho em grandes organizações (BEJARANO et al., 2005), portanto, com forte influência no padronização de processos. Desde o século passado, a padronização dos processos tem, como princípio inicial, a determinação da melhor forma de se fazer uma tarefa. Determinado e padronizado o processo, ele deve ser operacionalizado da mesma maneira, não importa quem seja seu executor. A situação de status quo se mantém até que o processo padronizado não esteja mais atendendo às necessidades da organização. Nesse momento, é preciso analisar, profundamente, esses processos visando à sua redefinição e ao seu melhoramento. Dependendo do grau e da profundidade da mudança imposta ao processo após o repensar, pode-se dizer que o processo passou por uma reengenharia. A padronização de um determinado processo se inicia pelo mapeamento do processo atual. Segundo Villela (2000), o mapeamento de processos seria uma ferramenta gerencial analítica e de comunicação com a intenção de ajudar a melhorar os processos existentes ou de implantar uma nova estrutura voltada para processos. A análise estruturada permite, ainda, a redução de custos no desenvolvimento de produtos e serviços, a redução nas falhas de integração entre sistemas e melhora do desempenho da organização, além de ser uma excelente ferramenta para possibilitar o melhor entendimento dos processos atuais e eliminar ou simplificar aqueles que necessitam de mudanças (HUNT, 1996). O mapeamento dos processos busca trazer a ideia de processo como um fluxo de trabalho em que são identificados e apontados os inputs e outputs claramente definidos e tarefas discretas que seguem uma sequência e dependem umas das outras numa sucessão clara. Para proceder ao mapeamento e à padronização de um processo, várias ferramentas são comumente empregadas, sendo, contudo, aqui detalhadas, apenas, três delas: o fluxograma, a matriz 5W2H e os procedimentos operacionais padrão. O fluxograma é uma ferramenta de baixo custo e de alto impacto, utilizada para analisar fluxos de trabalho e identificar oportunidades de melhoria. São diagramas da forma como o trabalho acontece, através de um processo. O fluxograma permite uma ampla visualização do processo, facilita a participação das pessoas e, ainda, serve para documentar um órgão ou seção específica envolvida em cada etapa do processo, permitindo identificar as interfaces do mesmo. O seu estudo permite aperfeiçoar os fluxos 51 para maximizar as etapas que agregam valor e minimizar os custos, além de garantir a realização de tarefas, indispensáveis à segurança de um sistema específico. Por sua vez, a ferramenta do 5W2H é responsável por organizar as tarefas apontadas como relevantes em um plano de ação (DOLLAROSA, 2011). A referida ferramenta auxilia os gestores para as devidas tomadas de ações em cada tarefa abordada: 1.What (o que será feito); 2.Who (quem fará); 3.When (quando será feito); 4.Where (onde será feito); 5.Why (por que será feito); 6.How (como será feito); 7.How much (quanto custará). Alimentada a planilha 5W2H, o gestor pode determinar, para cada evento, de forma estruturada, o que será realizado, quem será o responsável pela tarefa, quando, onde e como será realizada e quanto custará cada tarefa. Por fim, O POP é o procedimento que busca fazer com que um processo, independente da área, possa ocorrer sempre de uma mesma forma, permitindo a verificação de cada uma de suas etapas. Ele deve ser escrito de forma detalhada para a obtenção de uniformidade de uma rotina operacional, seja ela na produção ou na prestação de serviços (LOUSANA, 2005). Além dessas ferramentas, outras podem ser utilizadas. O importante é que a organização saiba como concatenar tais ferramentas com o propósito de definir e padronizar os processos de trabalho. 3.2.1.4 Logística de abastecimento Segundo Infante e Santos (2007), os materiais e a logística são, juntamente com recursos humanos e administração financeira, fatores críticos para o desenvolvimento de atividades de atenção à saúde e para a excelência operacional da organização hospitalar. A tendência no setor público parece reduzir todos os problemas de abastecimento dos serviços de saúde à insuficiência de recursos orçamentários. É bem verdade que os efeitos deletérios dos períodos de desabastecimento provocados por disfunções da execução orçamentária não são desprezíveis. Entretanto, também são notórios os desperdícios e a má utilização de insumos e equipamentos, a escassa qualificação dos profissionais da área de abastecimento e a pouca atenção ao planejamento logístico nas organizações públicas de saúde. 52 Para Ballou (2002), a logística preocupa-se com o suporte à produção, quando disponibiliza matérias-primas no lugar e no momento em que são necessários, com a distribuição dos produtos acabados nos pontos de venda, e com a integração das diversas atividades visando à redução de custos e melhoria da eficiência, por meio de uma aproximação entre clientes e fornecedores. É possível, assim, afirmar que a administração de materiais, atuando como suporte à produção e à prestação de serviço, compreende a aquisição, o recebimento, a estocagem e a distribuição interna de materiais, e é o alvo da logística de abastecimento. Segundo Batista e Maldonado (2008), a logística de abastecimento é um dos principais pilares de qualquer instituição pública, tendo uma considerável importância estratégica, pois é um dos locais onde se aplicam os recursos orçamentários existentes, por meio da efetivação dos processos de compras de materiais, bens e serviços necessários ao alcance dos objetivos da instituição. A logística de abastecimento em instituições públicas propicia, notadamente em organizações da saúde, o suprimento constante de materiais necessários para utilização nas atividades fins, tais como: medicamento, equipamentos hospitalares, produtos químicos e reagentes que, pela sua natureza e especificidades, precisam ter qualidade e comprovada eficácia, já que a utilização de materiais e equipamentos de qualidade duvidosa poderá acarretar respostas inadequadas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos realizados na instituição. A gestão de um número expressivo de itens, em processos de produção distintos obriga as instituições de saúde a trabalhar, muitas vezes, com estoques os quais, economicamente, têm o mesmo sentido de dinheiro guardado nas prateleiras, com o agravante de ocuparem espaço, consumirem energias de conservação, terem seus prazos de validade vencidos, ficarem obsoletos, desaparecerem sem explicações e outros riscos. Por várias razões, é importante administrar bem o processo de abastecimento das unidades de saúde. Os objetivos da administração de materiais e do abastecimento estão relacionados e contribuem para o alcance dos objetivos gerais das instituições. São considerados objetivos da logística de abastecimento: 1. alcançar baixos custos de aquisição, de manutenção, de reposição e de mão de obra; 2. promover a rotatividade de estoques, estimular o treinamento aperfeiçoamento do pessoal; 3. possibilitar a continuidade de fornecimento; 4. garantir a qualidade dos materiais adquiridos; 5. promover boas relações com os fornecedores, bons registros e cadastros; e 53 6. realizar a padronização, otimização do atendimento, maximização de retornos, e centralização de atividades; 7. garantir harmonia interdepartamental, economia, reciprocidade, atualização e melhoria da qualidade. Como visto em capítulos anteriores do PDE, a proposta de intervenção, ao ser elaborada, perpassa as diversas etapas do processo de abastecimento, sendo necessária sua conceituação para melhor entendimento e proposição de um plano de ação efetivo na resolução do problema identificado. 3.2.1.5 Aquisição de Materiais De acordo com Dias (2005) e Pereira (2006), o processo da logística de abastecimento é responsável pela compra de materiais necessários à produção, ou à prestação de serviços. O processo de compras considera aspectos diversos como maior relacionamento com fornecedores, negociação de preços e prazos de entregas, e planejamento de compras programadas visando à redução de custos. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, Lei de Licitações e Contratos Administrativos, conceitua “compra como toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente” (BRASIL, 1993). Para Batista e Maldonado (2008), sua finalidade é suprir com os materiais ou serviços necessários, em quantidades e qualidades certas, a preço adequado, e no momento certo. Corroborando esse entendimento, Baily et al. (2000) enfatizam que essa definição é bastante criticada pela sua simplicidade e superficialidade. Acrescenta, ainda, que um bom objetivo deve ser mensurável de alguma forma; por isso, sugere uma definição mais ampla para os objetivos, quais sejam: 1. suprir a organização com um fluxo seguro de materiais e serviços para atender a suas necessidades; 2. assegurar continuidade de suprimento para manter relacionamentos efetivos com fontes existentes, desenvolvendo outras fontes de suprimentos alternativas, ou para atender a necessidades emergentes ou planejadas; 3. comprar eficiente e sabiamente, obtendo por meios éticos o melhor valor por centavo gasto; 4. administrar estoques para proporcionar o melhor serviço possível aos usuários e ao menor custo; 5. manter relacionamentos cooperativos sólidos com outros departamentos, fornecendo informações e aconselhamentos necessários para assegurar a operação eficaz de toda a organização; 54 6. desenvolver funcionários, políticas, procedimentos e organização para assegurar o alcance dos objetivos previstos. Assim, a área de compras desempenha um papel importante na consecução dos objetivos estratégicos da instituição, devido à sua capacidade de afetar a qualidade e entrega de produtos ou serviços essenciais que serão utilizados nas organizações de saúde. Segundo Garcia et al. (2012), o processo de compras, em organizações da saúde pública, é feito por meio de licitações, que são procedimentos administrativos mediante o qual a organização pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse, visando proporcionar oportunidades iguais aos fornecedores. As modalidades de licitação utilizadas para a compra de materiais nas instituições são: a concorrência, a tomada de preço, o convite, o pregão, dentre outros. Ainda segundo o autor, a escolha de uma ou outra modalidade de licitação ocorre em função do valor estimado para a compra e dos casos de emergência em que a falta de material pode ocasionar prejuízos no atendimento ao paciente. É necessário que instituições públicas respeitarem, rigidamente, as normas legais que regulamentam as licitações e os critérios e detalhes do processo, considerando a importância de existir um controle ao adquirir materiais para uma organização, porém, em muitos casos, torna-se moroso e requer um tempo maior de espera pelo produto. A lentidão nos processos administrativos, presenciada nos serviços de saúde no Brasil, é apontada como um problema crônico, gerando formalidade nas comunicações, excessiva burocracia e apresentando serviços que não satisfazem. Batista e Maldonado (2008) apontam algumas causas para o problema crônico que assola o processo de abastecimento: 1. O fluxo de informação é truncado. A informação flui pelas diversas atividades que compõem o processo de forma não-linear. Muitas vezes, quem as envia não sabe com certeza por que o faz e quem as recebe, também ignora a real importância que ela pode ter para o desempenho de seu papel na empresa. 2. O fluxo de material é, geralmente, desorganizado e pode, por causa disso, gerar perdas elevadas tanto de matéria-prima quanto de material em processo. 3. O processo não tem um líder. 4. A sequência de operações não pode ser reorganizada facilmente porque as pessoas não têm controle absoluto sobre o que estão fazendo, além de ser mal documentadas. 5. Cada empregado só conhece, quando muito, sua própria atividade. Não conhece o papel que deve desempenhar. 6. As melhorias no processo são raras e demoradas. 55 7. Cada empregado só é responsável por sua atividade, uma vez que não conhece as atividades anteriores e posteriores. 8. Cada empregado faz, geralmente, muito mal, só sua parte. A empresa terá empregados desmotivados e desinteressados. Estes, por sua vez, devem ser combatidos com práticas gerenciais capazes de otimizar o processo, sem ferir as questões regimentais impostas pela constituição. Ademais, segundo Ballou (2002), a eficiência do processo de compras depende diretamente das atividades de estoque, pois as compras programadas e a determinação de lotes são influenciadas pelas informações de demanda e de estoque. 3.2.1.6 Gestão de Estoques Para Dias (2005), o estoque tem duas grandes características: funciona como um pulmão que assegura as oscilações entre produção e demanda, no que se refere à sua função de armazenagem de produtos acabados (para os casos de manufatura e entregas), e é garantia do abastecimento dos materiais necessários à produção ou prestação de serviços. No caso específico dessa proposta de intervenção, o estoque se enquadra na segunda opção. Em organizações de saúde, a boa gestão dos estoques garante a continuidade das suas operações sem que haja desperdício de recursos, nem sua imobilização. Ballou (2002) comenta que, para o abastecimento dos materiais necessários à prestação de serviços, o estoque deve planejar e controlar a quantidade necessária de materiais armazenados a fim de garantir suas disponibilidades nos momentos em que o serviço deles necessitarem. Na visão de Grabois, Castelar, Mordelet e Grabois (1995), entende-se que a gestão de materiais, mais precisamente de estoques em materiais de uso hospitalar, assim como o próprio hospital como instituição, precisa empenhar-se em proporcionar meios que permitam o aprimoramento de sua eficiência, eficácia e da qualidade dos seus serviços. Por isso, várias técnicas foram desenvolvidas para auxiliar o planejamento e o controle de estoque ao longo dos anos. Basicamente, trata-se de técnicas matemáticas e estatísticas, suportadas por métodos de pesquisa operacional, que garantem a disponibilidade de materiais levando em conta o custo de armazenagem, tempos de abastecimento e o impacto causado pela falta de materiais no momento em que são necessários (BALLOU, 2002). Contudo, fazer gestão de estoque em organizações da saúde não é uma tarefa fácil, visto que elas possuem um número de itens elevado e com diferentes características. Ao mesmo tempo que é realizada a estocagem de material de expediente, também possui 56 material médico hospitalar de grande complexidade e custo elevado. O desafio do gestor de estoques é saber quando repor cada material e quanto deve manter em estoque de segurança. Com o crescente número de itens com diferentes padrões de demanda e características específicas, a complexidade na gestão dos estoques hospitalares aumenta devido à necessidade de controle diferenciado. Segundo Partovi e Anandarajan (2002), em ambientes com centenas de itens de estoque para controle, o gerenciamento se torna mais complexo devido à diversidade. Uma alternativa é a separação dos itens em subgrupos, permitindo a escolha e adoção da política mais adequada para cada um deles. Uma grande variedade de itens no estoque aumenta, consideravelmente, a complexidade do gerenciamento, criando a necessidade de classificá-los com multicritérios, que podem ser vários, tais como: lead time, existência de atributos comuns, obsolescência, facilidade de substituição, escassez, durabilidade, distribuição de demanda, dentre outros (SANTOS; RODRIGUES, 2006). De toda forma, para se conseguir uma boa gestão do estoque, é fundamental fazer a previsão da demanda com maior grau de precisão, visto que é, a partir dela, que se consegue estabelecer padrões de comportamento para os estoques. Nesse caso, cada grupo de itens a ser estocado tem um padrão diferente a ser utilizado no planejamento da demanda. Segundo Love (1979), previsões de demanda são pré-requisitos absolutos para o planejamento dos níveis de estoque. Ainda que as previsões estejam sujeitas a erros, o conhecimento desses erros permite a definição dos estoques de segurança necessários. Bartezzghi, Verganti e Zotteri (1999) comprovaram que as diferentes formas de distribuições da demanda, originadas por essa variabilidade, impactam diretamente os níveis dos estoques. Daí, a definição da política de reposição ser um problema desafiador, pois os estoques, geralmente, operam em presença de eventos aleatórios, tais como: falta de evidência, falta de certeza das evidências e sob informações imprecisas (PETROVIC; PETROVIC, 2001). Feita com precisão, a previsão da demanda pode orientar todo o processo de abastecimento. Trata-se de uma informação estratégica para a organização hospitalar e, por isso, devem ser investidos recursos para estimular o bom funcionamento. Várias ferramentas podem ser empregadas, tais como: prática do Just in time, do Just in case, planejamento e controle de produção e materiais (PCPM), curva ABC, etc. Cada uma dessas ferramentas exerce um papel fundamental, sendo a curva ABC uma técnica bastante utilizada para classificar os itens de um estoque. 57 3.2.1.7 Classificação ABC A administração dos estoques, segundo Dias (2005), não deve se preocupar somente com o fluxo diário de entrada e saída de materiais, mas também adotar um instrumento que permita identificar itens que justifiquem atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. O instrumento que permite essa identificação é a classificação ABC, ou curva ABC. A Curva ABC é uma forma de classificação muito utilizada que se apoia no critério valor de uso. Entretanto, essa técnica só é considerada eficiente para classificação de itens quase homogêneos, em que o valor de uso é a principal diferença (RAMANATHAN, 2004). Por meio da Curva ABC, pode-se dedicar mais atenção aos itens A devido à alta participação nos valores movimentados de estoque. Segundo Lourenco e Castilho (2006), a classificação pelo método ABC pode ser entendida como uma classificação baseada no valor de utilização dos itens de estoque, permitindo o controle seletivo de estoque. É um procedimento que tem por objetivo identificar os produtos em função dos valores que eles representam e, com isso, estabelecer formas de gestão apropriadas à importância de cada item em relação ao valor total dos estoques. A maioria das empresas, inclusive os hospitais, trabalha com uma considerável diversidade de produtos tornando-se difícil para o setor administrativo manter um padrão único de planejamento e controle de estoque. Dedicar o mesmo grau de atenção a todos os itens não é uma prática recomendável, uma vez que cada um possui suas peculiaridades, tais como: custo, demanda, prazo de entregas e alternativas de fornecimento. Dessa maneira, um tipo de controle adequado para um produto pode ser inadequado para outro, acarretando falta de material ou estoque excessivo (LOURENCO; CASTILHO, 2006). De acordo, ainda, com Dias (2005), obtém-se a classificação ABC por meio da ordenação dos itens segundo sua importância relativa. Obtida a sequência dos itens e sua classificação ABC, deve-se partir para a aplicação preferencial das técnicas de gestão administrativas dos estoques de materiais, conforme a importância de cada item. A classificação ABC, segundo o mesmo autor, tem sido usada não somente para administração de estoques, mas também para a definição de políticas de vendas, estabelecimento para a programação da produção e outros problemas relativos a cada organização. Da mesma forma, as organizações de saúde devem proceder para controle dos seus estoques. Malagón-Londoño (2003) comenta que, na classificação ABC, o estoque de materiais médicos e medicamentos é segregado em três classes de itens. Para Dias (2005), entretanto, as porcentagens utilizadas em qualquer controle de estoque com relação à 58 adoção da classificação ABC são aproximadas e não devem ser tomadas como absolutas, pois podem variar de acordo com os produtos armazenados ou a critério da diretoria da organização. Segundo os autores Martins e Alt (2005), a classificação dos materiais em grau de importância é necessária para avaliar os percentuais de itens que determinam a movimentação do estoque. A classificação dos itens é feita na ordem decrescente de importância: • Aos materiais que compõem o estoque e estão em alto nível de valor de consumo e quantidade denominam-se itens classe A. • Aos materiais que compõem o estoque e estão em nível intermediário de valor de consumo e quantidade denominam-se itens de classe B. • Aos materiais que compõem o estoque e estão em nível baixo de valor de consumo e quantidade denominam-se itens de classe C. De acordo com Martins e Alt (2005), os itens da classe A são mais significativos em termos de valor e de consumo, e podem representar algo entre 35% e 70% do valor movimentado no estoque; os itens da classe B variam de 10% a 45%; e os itens da classe C representam o restante. Verifica-se que a classificação ABC permite focar, naqueles itens, considerados, de fato, impactantes para a organização. Em outras palavras, para controlar grande parte do valor monetário investido em materiais no estoque, basta estabelecer controle sobre alguns poucos itens; neste caso, aqueles classificados como A (DIAS, 2005). Pode-se argumentar, todavia, que, em razão das características da organização de saúde ou dos produtos nela utilizados, a definição das classes A, B e C obedece a critérios de bom senso e conveniência dos controles a serem estabelecidos, uma vez que as porcentagens poderão variar de caso para caso de acordo com as diferentes necessidades de tratamentos administrativos a serem aplicados. Assim, é essencial que cada organização estabeleça políticas e/ou procedimentos de gestão dos estoques (PEREIRA, 2006). 3.2.2 Referencial Empírico e Casos aplicados ao macroproblema 1 (Modelo Administrativo Inadequado a Realidade do HU) Para auxiliar a criação e a implantação de uma proposta de ação consistente e efetiva, vários artigos foram coletados e estudados, subsidiando e apresentando, de forma geral, estudos empíricos e casos que podem ser tomados como base para resolução dos problemas priorizados nesse PDE. A seguir, estão listadas as referências e seus respectivos resumos organizados para o macroproblema 1. 59 BARBOSA, E. A.; AZEVEDO, L. G.; VILLAR, A. M. Gestão de Estoques em Materiais de uso Hospitalar: Análise de Modelo utilizado num Hospital Universitário Público. 2004. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 24., Florianópolis, SC. Anais... Florianópolis, SC, 2004. Neste trabalho, é apresentado o resultado de uma pesquisa realizada junto a uma unidade hospitalar universitária pública, destacando a importância da administração de materiais, com ênfase na gestão de estoques em materiais de uso hospitalar, enfocando os setores de compras, almoxarifado, farmácia e dispensário de medicamentos. Além de serem identificadas as principais disfunções que mais influenciam, negativamente, na gestão do estoque desse tipo de material na instituição estudada, foram destacadas questões interrelacionadas, tais como: a falta de uma política única, voltada para estoques, caracterizada, sobretudo, quanto à própria estrutura da administração de materiais como serviço, ao dimensionamento físico dos setores envolvidos, à forma de aquisição de materiais, a periodicidade dos inventários e ao número de itens estocados. Finalmente, foram elaboradas algumas recomendações que poderão contribuir significativamente para o aperfeiçoamento do processo da gestão de estoques em materiais de uso hospitalar, de forma a assegurar, de maneira otimizada, o reabastecimento racional e regular dos itens necessários à manutenção do fluxo operacional da instituição, destacando-se a minimização do capital investido, não só na organização estudada, assim como em outras instituições hospitalares com características e variáveis semelhantes. INFANTE, M.; SANTOS, M. A. B. A organização do abastecimento do hospital público a partir da cadeia produtiva: uma abordagem logística para a área de saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 12, n. 4, p. 945-954, jul./ago. 2007. Apesar de sua relevância para a operação dos hospitais, a discussão sobre processo logístico, abastecimento e cadeia de suprimentos em organizações de saúde está notadamente ausente da literatura nacional. O presente artigo descreve uma metodologia para a organização do setor de abastecimento de materiais médico-hospitalares de hospitais públicos, desenvolvida com base em uma abordagem de pesquisa-ação. A premissa que norteou as intervenções propostas para o setor foi a de que grande parte dos problemas em unidades médico-assistenciais do Sistema Único de Saúde nessa área decorria do fato de setores clínicos e administrativos não se identificarem como uma cadeia produtiva integrada; o que os setores clínicos produzem não é transparente para os setores ligados ao abastecimento e vice-versa. São apresentados um histórico do desenvolvimento da 60 metodologia, a descrição de suas principais etapas e uma discussão à luz da literatura recente e de alguns conceitos de qualidade e de gestão da cadeia de suprimentos. GARCIA, S. D. et al . Gestão de material médico-hospitalar e o processo de trabalho em um hospital público. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 65, n. 2, p. 339-346, mar./abr. 2012. Estudo exploratório-descritivo de abordagem qualitativa. Objetivou-se identificar a percepção sobre a gestão de material médico-hospitalar no processo de trabalho de profissionais em hospital público de média complexidade. As informações foram levantadas utilizando a questão norteadora: como a gestão de materiais influencia o seu processo de trabalho? A análise dos relatos permitiu identificar cinco categorias denominadas: ausência de autonomia na escolha dos materiais, falta de manutenção de equipamentos, burocracia no processo de compra, falta de qualidade e ausência de envolvimento dos profissionais na gestão de materiais. Concluiu-se que a gestão de materiais é centrada na direção de enfermagem, necessitando de maior participação dos outros profissionais na escolha dos materiais em uso, para reduzir as fragilidades encontradas nesse processo. BOSCO, C. S. et al. A Gestão de materiais: um caso de mudanças em hospital filantrópico. 2009. Disponível em: <http://fio.edu.br/cic/anais/2009_viii_cic/artigos.html>. Acesso em: 4 jul. 2013. Dada a relevância da gestão de materiais, o presente trabalho tem como foco discutir em suas variáveis, a administração de suprimentos dentro de uma cadeia hospitalar, dando ênfase à gestão de compras que tem como função a aquisição de materiais pelos melhores preços, dentro das melhores condições, bem como tudo o que se fizer necessário para o funcionamento eficaz e eficiente da empresa. A função da gestão de estoque e almoxarifado é gerir o estoque, sendo essencial que este venha a minimizar o investimento em inventário e, ao mesmo tempo, providenciar os níveis almejados de disponibilidade. O problema abordado pelo artigo é a questão da inexistência de uma gestão de suprimentos adequada para atender às necessidades de um hospital filantrópico e teve por como objetivo mostrar e analisar a importância de gestão de mudanças na estruturação de processos de materiais. Após a análise dos problemas na gestão de materiais, foi sugerido um plano de ação para que os processos de mudanças fossem realizados. Com o desenvolvimento das ações, a entidade obteve excelentes resultados; entre eles, o custo do estoque reduzido, negociações com confiabilidade devido à transparência nos processos, equipe qualificada e capacitada para as áreas que compõem a gestão de materiais, rastreabilidade no uso de produtos e controle financeiro de inventários. 61 RAZZOLINI FILHO, E.; RODRIGUEZ, C. M. T. Logística de Suprimentos nos Hospitais Paranaenses: desafios para a competitividade. Revista Administrare, Curitiba, PR, v. 2, n. 1, p. 77-100, 2003. No presente artigo, se apresenta uma pesquisa conduzida junto a 78 hospitais paranaenses, para se verificar a visão das organizações médico-hospitalares no que diz respeito ao relacionamento dessas organizações com seus fornecedores e o respectivo processo de avaliação do desempenho dos fornecedores utilizado por essas organizações para mensurar questões logísticas. Demonstra-se que as organizações pesquisadas ainda são administradas de forma não profissional, não existindo conhecimento dos benefícios que um adequado gerenciamento logístico pode proporcionar aos seus fluxos logísticos e, como consequência, apresentar vantagens competitivas. Ou seja, os resultados obtidos permitem concluir que as organizações médico hospitalares do Estado do Paraná não avaliam, adequadamente, seus fornecedores e não estão preparadas para uma gestão eficiente de sua área de suprimentos, o que gera dificuldades à sua competitividade. Por fim, têm-se algumas dificuldades logísticas a serem superadas por essas organizações, em conjunto com seus fornecedores, para que possam melhorar o nível de serviço logístico apresentando ganhos de competitividade em cenários empresariais mutáveis e turbulentos. 3.3 REFERENCIAL TEÓRICO PARA O MACROPROBLEMA 2 (MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE AS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO) Nesta seção, serão inseridas as referências utilizadas na compreensão dos conceitos envolvidos no macroproblema 2. De forma geral, são tratados os conceitos relacionados ao modelo assistencial hegemônico empregado, atualmente, na maioria dos hospitais. Serão tratados temas, tais como: a rede de atenção à saúde, o conceito de linha de cuidado e integralidade e, ainda, a gestão da clínica, a contratualização e o projeto terapêutico singular. A seguir, os referidos temas serão apresentados, obedecendo a essa ordem de configuração. 3.3.1 Rede de Atenção à Saúde Os sistemas de atenção à saúde são respostas sociais às necessidades de saúde dos cidadãos e devem operar em coerência com a situação de saúde das pessoas usuárias. A situação de saúde brasileira vem mudando, com uma transição demográfica acelerada e tripla carga de doenças: a permanência de doenças infecciosas e carenciais, uma carga 62 importante de causas externas e o aumento das condições crônicas. Essa situação de saúde não consegue ser respondida, adequadamente, por um sistema de atenção à saúde totalmente fragmentado, reativo e voltado, prioritariamente, para o enfrentamento das condições agudas e das agudizações das condições crônicas. Surge a necessidade da implantação das Redes de Atenção à Saúde (RAS), uma nova forma de organizar o sistema de atenção à saúde em sistemas integrados que permitam responder, com efetividade, eficiência, segurança, qualidade e equidade, às condições de saúde da população brasileira (MENDES, 2011). A implantação das RAS conduz a mudanças radicais no modelo de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) e aponta para a necessidade da implantação de novos modelos de atenção às condições agudas e crônicas. Os sistemas fragmentados de atenção à saúde, fortemente hegemônicos, que se organizam através de um conjunto de pontos de atenção à saúde isolados e sem comunicação uns com dos outros, são incapazes de prestar uma atenção contínua à população. Nos sistemas fragmentados de atenção à saúde, há uma estrutura hierárquica, definida por níveis de complexidades crescentes, e com relações de ordem e graus de importância entre os diferentes níveis. O SUS organizase, segundo suas normativas, em atenção básica, atenção de média e de alta complexidades. Essa organização apresenta sérios problemas teóricos e operacionais, pois leva a uma banalização da atenção primária à saúde e a uma sobrevalorização das ações que exigem maior densidade tecnológica e são exercitadas nos níveis secundário e terciário de atenção à saúde. A organização das RAS, para ser feita de forma efetiva, eficiente e com qualidade, precisa-se estruturar com base nos seguintes fundamentos: economia de escala, disponibilidade de recursos, qualidade e acesso; integração horizontal e vertical; processos de substituição; territórios sanitários; e níveis de atenção. As principais vantagens das redes são: a capacidade de aprendizagem, o funcionamento como canais de difusão de conhecimentos e a utilização das informações existentes para produzir novos conhecimentos; a criação de vínculos diversificados entre atores e organizações permite reduzir as incertezas nas políticas e nos programas; e benefícios com ganhos de escala, redução de custos e melhoria da qualidade. Entretanto, algumas características das redes geram dificuldades para sua gestão: o envolvimento de numerosos atores dificulta a prestação de contas (accountability); o processo de negociação e de formação de consensos pode ser lento; a diluição de responsabilidades pode afetar o alcance dos objetivos; pode ocorrer a exclusão de atores sociais ou regiões importantes em função da fragilidade dos critérios de participação; e as dificuldades de controle e coordenação das interdependências tendem a gerar problemas na gestão (MENDES, 2011). 63 O movimento em busca da construção de RAS está sustentado por evidências de que essas redes constituem uma saída para a crise contemporânea dos sistemas de atenção à saúde. Há evidências, provindas de vários países, de que as RAS melhoram os resultados sanitários e econômicos dos sistemas de atenção à saúde. O cenário de saúde brasileiro, hoje, apresenta-se com crescente especialização da assistência médica e incorporação tecnológica e custos, com modelo hospitalocêntrico e médicocentrado, informações e registros deficientes, pouca profissionalização da gestão em saúde e assistência fragmentada. O Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu o conceito e os princípios das RAS no Brasil, formulou um processo de transição para as RAS por meio dos territórios integrados de atenção à saúde e as linhas de cuidado e propôs as diretrizes para sua implantação. 3.3.1.1 Linha de Cuidado e o Conceito de Integralidade A linha do cuidado é fruto de pacto que deve ocorrer entre todos os atores que controlam serviços e recursos assistenciais. O usuário é o elemento estruturante de todo processo de produção da saúde, quebrando com um tradicional modo de intervir sobre o campo das necessidades, de forma compartimentada. Neste caso, o trabalho é integrado e não partilhado, reunindo, na cadeia produtiva do cuidado, um saber-fazer cada vez mais múltiplo (FRANCO; MAGALHÃES JÚNIOR, 2004). A integralidade do cuidado requer transversalidade a todo o sistema e não há integralidade sem essa possibilidade de transversalidade. A integralidade do cuidado só pode ser obtida em rede. Pode haver algum grau de integralidade focalizada quando uma equipe, em um serviço de saúde, através de uma boa articulação de suas práticas, consegue escutar e atender às necessidades de saúde trazida por cada um. Porém, a linha de cuidado pensada, de forma plena, atravessa inúmeros serviços de saúde. A integralidade da atenção hospitalar pode ser problematizada com base em de dois ângulos: a integralidade da atenção olhada no hospital e a partir do hospital (a integralidade tendo como referência o atendimento no ambiente hospitalar em si) e a integralidade tendo como referência a inserção do hospital no sistema de saúde. O hospital pode ser visto como um componente fundamental da integralidade do cuidado pensada de forma ampliada, como um ponto na linha que cada indivíduo percorre para obter a integralidade de que necessita. No hospital, o cuidado, de forma idealizada, recebido/vivido pelo paciente, é somatório de um grande número de pequenos cuidados parciais que vão se complementando, de maneira mais ou menos consciente e negociada, entre os vários cuidadores. Assim, uma complexa trama de atos, de procedimentos, de fluxos, de rotinas, 64 de saberes, num processo dialético de complementação, mas também de disputa, vão compondo o que entendemos como cuidado em saúde. A maior ou menor integralidade da atenção recebida resulta, em boa medida, da forma como se articulam as práticas dos trabalhadores do hospital. Um dos desafios do processo gerencial do hospital contemporâneo é conseguir coordenar, adequadamente, esse conjunto diversificado, especializado, fragmentado de atos cuidadores individuais, que resulte em uma dada coordenação do cuidado. O tema da integralidade do cuidado no hospital, como nos demais serviços de saúde, passa, necessariamente, pelo aperfeiçoamento da coordenação do trabalho de equipe (CECILIO; MERHY, 2003). 3.3.1.2 Contratualização Para o estabelecimento das linhas de cuidado nas RAS, torna-se necessário um processo de contratualização adequado e focado nesse novo modelo. A contratualização é formalizada por meio de instrumento celebrado entre o gestor do SUS contratante e o prestador de atenção à saúde sob sua gestão, com a definição das regras contratuais, do estabelecimento de metas, indicadores de acompanhamento e dos recursos financeiros (BRASIL, 2013b). Nos hospitais, o Núcleo Interno de Regulação (NIR) constitui a interface com as Centrais de Regulação para delinear o perfil de complexidade da assistência que sua instituição representa no âmbito do SUS e disponibilizar consultas ambulatoriais, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, além dos leitos de internação, segundo critérios preestabelecidos para o atendimento, além de buscar vagas de internação e apoio diagnóstico e terapêutico fora do hospital para os pacientes internados, quando necessário. Para um processo adequado de contratualização, a equipe de Governança do hospital deve promover reuniões com o gestor do SUS para discutir o papel do hospital na RAS e a estruturação e funcionamento da Comissão de Acompanhamento da Contratualização; articular a participação do hospital em reuniões estratégicas no âmbito da gestão do SUS, como no Conselho Municipal de Saúde; analisar e adequar as responsabilidades do hospital de acordo com os eixos operacionais da contratualização: assistência à saúde, gestão, ensino e pesquisa e avaliação; analisar o perfil epidemiológico local e regional, as necessidades de saúde da população e a regionalização da assistência, para definir a oferta de ações e serviços; negociar contratualização de linhas de cuidado (COSTA; MOTA; FIGUEIREDO, 2009). A direção do hospital deve negociar com o gestor do SUS a reformulação do contrato para garantir: acesso regulado e inserção do hospital universitário e de ensino (HUE) na rede, com a definição do perfil assistencial do hospital; qualificação da assistência 65 e centralidade no cuidado ao usuário, de forma horizontalizada, multiprofissional e interdisciplinar, organizada por linhas de cuidado; aprimoramento dos processos de gestão hospitalar no sentido da qualificação, democratização e transparência da gestão; e estabelecimento de valores e formas de repasse dos recursos financeiros condicionados ao cumprimento de metas qualitativas e quantitativas. A equipe de governança deve desdobrar as metas pactuadas na contratualização em objetivos internos para todas as áreas do hospital, monitorar e avaliar o cumprimento das metas pactuadas em contrato, definindo os responsáveis pelo seu acompanhamento, com retroalimentação das áreas envolvidas e participar ativamente da Comissão de Acompanhamento da Contratualização, utilizando os resultados da análise do monitoramento nas reuniões. Com o monitoramento, o hospital deve articular com o gestor do SUS, se necessário, a adequação do instrumento de contratualização, seu financiamento e a redefinição de metas, indicadores e responsabilidades. Para os hospitais universitários (HUs), a contratualização tem ainda particularidades. As funções ensino e pesquisa sempre foram essenciais a essas instituições e, só a partir da década de 1990, todos os serviços prestados pelos HUs passaram a ser remunerados pelo SUS. Foram denominados Hospitais de Ensino (HEs) pela Portaria SNES/MS nº. 15/91, que criou o Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa Universitária em Saúde (Fideps). Para serem reconhecidos pelo MEC como HEs, tinham de atender a alguns requisitos. A Portaria GM/MS no. 1.480/99 estabeleceu, para cada hospital habilitado ao recebimento do Fideps e de acordo com a sua classificação e situação de gestão, um montante de recursos mensais destinados ao pagamento do incentivo. As condições de repasse deveriam ser estabelecidas por meio de um contrato de metas. Os HEs federais, até 2004, foram custeados de forma compartilhada pelo MEC, responsável pelo pagamento do pessoal, e pelo Ministério da Saúde (MS), cujos recursos, repassados contra a prestação de serviços, acrescidos do Fideps, eram utilizados para as outras despesas de custeio e investimento. O Governo Federal, em parceria com diversas entidades, concebeu, a partir de 2003, um programa de reestruturação que contempla a transferência de significativos recursos financeiros aos gestores municipais e estaduais do SUS, com o objetivo de promover profundas mudanças nos HEs a partir da relação contratual e do financiamento público desses estabelecimentos (CHIORO DOS REIS, 2011). 3.3.1.3 Gestão da Clínica e Clínica Ampliada Outro conceito importante para a mudança do modelo assistencial vigente é o de Gestão da Clínica. A Gestão da Clínica tem como objetivo assegurar padrões clínicos 66 ótimos e, consequentemente, melhorar a qualidade das práticas clínicas (OMS, 1998). Segundo Mendes (2002), é o conjunto de instrumentos tecnológicos que permite integrar os diversos pontos de atenção à saúde para conformar uma rede de atenção à saúde, capaz de prestar a atenção no lugar certo, no tempo certo, com o custo certo e a qualidade certa. A Gestão da Clínica dispõe de diversas ferramentas que colaboram para o cuidado integral ao usuário: gestão da patologia, gestão de casos, lista de espera, auditoria clínica e diretrizes clínicas. A Gestão de Casos trata de um processo em que um profissional, ou uma equipe, toma, para si, a responsabilidade de sustentar um relacionamento de suporte com um paciente. Viabiliza-se pela criação de arranjos que facilitem a aproximação singularizada entre profissionais, pacientes e território de vida destes, possibilitando a construção e o acompanhamento de projetos terapêuticos sensíveis às necessidades peculiares a cada sujeito. Um dos arranjos destinados a tal finalidade é o trabalho de referência, organizado por meio de profissionais ou equipes de referência. Seu funcionamento baseia-se na formação de vínculo entre usuários e profissionais e na co-construção do tratamento, de tal modo que, mediante a elaboração compartilhada do projeto terapêutico, um profissional ou um grupo deles toma, para si, os encargos do acompanhamento do paciente em suas diferentes facetas. Cabe ao terapeuta de referência, em contínuo diálogo com sua equipe técnica e com o usuário, monitorar o seu projeto terapêutico individual, fazer contatos com a família do paciente e avaliar, periodicamente, as metas traçadas. Além de espaço de discussão de casos, a equipe se caracteriza como organização privilegiada para o compartilhamento das diferentes funções que cada paciente requer. O modelo de equipe de referência é útil para viabilizar a discussão interdisciplinar dos casos e o compartilhamento das responsabilidades. A sustentação dos espaços de compartilhamento nas equipes exige regularidade de encontros, discussões e trabalho em comum, o que requer certa escolha por parte dos profissionais de construírem e sustentarem uma instância coletiva de gestão da clínica (MIRANDA; ONOCKO-CAMPOS, 2010). Nesse modelo de gestão do cuidado, impera a clínica ampliada, sendo fundamental ampliar o objeto de trabalho. A clínica que caracteriza o modelo biomédico se encarrega do tratamento de doenças; para a clínica ampliada, é necessário agregar, além das doenças, também problemas de saúde (situações que ampliam o risco ou vulnerabilidade das pessoas). A ampliação mais importante seria a consideração de que não há problema de saúde ou doença sem que estejam em sujeitos, em pessoas. A principal ampliação é que ela se torna Clínica do Sujeitos (CAMPOS; AMARAL, 2007). 67 Na clínica ampliada, é necessário um compromisso radical com o sujeito doente visto de modo singular; assumir a responsabilidade sobre os usuários dos serviços de saúde; buscar ajuda em outros setores (intersetorialidade); reconhecer os limites do conhecimento dos profissionais de saúde e das tecnologias por eles empregadas e buscar outros conhecimentos em diferentes setores; e assumir um compromisso ético profundo. A Clínica Ampliada propõe que o profissional de saúde desenvolva a capacidade de ajudar as pessoas, não só a combater as doenças, mas também a transformar-se, de forma que a doença, mesmo sendo um limite, não a impeça de viver outras coisas na sua vida (BRASIL, 2004). Para que o diagnóstico consiga avaliar a vulnerabilidade, a equipe deverá coletar dados e analisar o problema de saúde de um sujeito em um contexto específico; para esse fim, além de utilizar a semiologia tradicional, será necessário agregar elementos da história de vida de cada pessoa, identificando fatores de risco e de proteção. 3.3.1.4 Projeto Terapêutico Singular O Projeto Terapêutico Singular tem como objetivo proceder à revisão do diagnóstico, à nova avaliação de riscos e à redefinição das linhas de intervenção terapêutica, redefinindo tarefas e encargos dos vários especialistas. Projeto Terapêutico é uma discussão de caso em equipe, um grupo que incorpore a noção interdisciplinar e que recolha a contribuição de várias especialidades e de distintas profissões. Assim, após uma avaliação compartilhada sobre as condições do usuário, são acordados procedimentos a cargo de diversos membros da equipe multiprofissional (equipe de referência). Trata-se de uma discussão prospectiva e não retrospectiva, conforme acontecia, tradicionalmente, na discussão de casos em medicina. Assim, as equipes de referência empreendem a construção de responsabilidade singular e de vínculo estável entre equipe de saúde e usuário/ família. Cada profissional de referência terá o encargo de acompanhar as pessoas ao longo de todo seu tratamento naquela organização, providenciando a intervenção de outros profissionais ou serviços de apoio consoante necessário e, finalmente, assegurando sua alta e continuidade de acompanhamento em outra instância do sistema. Nesse sentido, a dimensão singular é, pois, a essência do projeto terapêutico. É o lócus onde se inscreve a concepção de ser humano que determina a ação de saúde oferecida para alcançar o objetivo de criar produtos de saúde: cuidar, melhorar a qualidade de vida dos usuários, ampliar o entendimento e a apropriação do processo saúde-doença, entre outros (PINTO et al., 2011). As descobertas científicas e as demandas atuais da humanidade vêm exigindo profundas transformações das formas tradicionais de abordagem do conhecimento, da 68 natureza e das relações sociais, caracterizando o momento histórico atual como um período de mudança de paradigma. A interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade têm sido apontadas como possíveis saídas para o enfrentamento dessa questão, uma vez que buscam redefinir não apenas os modos de produção do conhecimento, como também da organização social. A concepção de saúde do SUS, sustentada pelo princípio da integralidade, é permeada pelos novos paradigmas científicos e culturais, tendo em vista o desenvolvimento de estratégias que abordem a complexidade inerente à saúde (ERIOTTI, 2009). 3.3.1.5 Gestão Participativa Um procedimento que aumenta a democracia institucional e amplia o poder de influência das deliberações é a adoção de uma metodologia de cogestão (gestão participativa). Adotar o costume de construir protocolos ou diretrizes clínicas sempre buscando sua construção dialógica: a proposta inicial é elaborada pelos especialistas ou encarregados dos problemas, mas, em seguida, institui-se um processo de análise e de reelaboração do documento pelas equipes e pessoas que serão afetadas pela nova diretriz. O mesmo procedimento processual poderá ser adotado quando da elaboração de planos, projetos ou programas, bem quando da realização de avaliações ou de acreditações. Tanto a construção de indicadores como a análise sobre seu significado podem ocorrer de modo compartilhado e não somente pela chefia ou pelos especialistas (CAMPOS; AMARAL, 2007). 3.3.2 Referencial Empírico e Casos aplicados ao macroproblema 2 (Modelo Clínico Assistencial Insuficiente frente as necessidades da População) Para auxiliar a criação e a implantação de uma proposta de ação consistente e efetiva, vários artigos foram coletados e estudados. Estes, de forma geral, subsidiam e apresentam estudos empíricos e casos que podem ser tomados como base para resolução dos problemas priorizados nesse PDE. A seguir, estão listadas as referências e seus respectivos resumos organizados para o macroproblema 2. ERIOTTI, Maria de Lourdes. Equipe multiprofissional, transdisciplinaridade e saúde: desafios do nosso tempo. Vínculo, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 179-190, dez. 2009. As descobertas científicas do início do século XX e as demandas da humanidade no processo de globalização vêm exigindo profundas transformações das formas tradicionais 69 de abordagem do conhecimento, da natureza e das relações sociais, caracterizando o momento histórico atual como um período de transição paradigmática. A interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade têm sido apontadas como possíveis saídas para o enfrentamento dessa questão, uma vez que buscam redefinir não apenas os modos de produção do conhecimento, como também da organização social. A concepção de saúde do SUS, sustentada pelo princípio da integralidade, é permeada pelos novos paradigmas científicos e culturais, tendo em vista o desenvolvimento de estratégias que abordem a complexidade inerente à saúde. Este trabalho pretende enfatizar a importância das equipes multiprofissionais para a efetivação desse projeto de saúde, desenvolvendo uma reflexão ético-filosófica acerca dos obstáculos objetivos e subjetivos, para o exercício da prática transdisciplinar no cotidiano das instituições da saúde. LINASSI, J. et al. Projeto terapêutico singular: vivenciando uma experiência de implementação. Rev Contexto e Saúde, Ijuí, v.11, n.20, p. 425-434, jan./jun. 2011. O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma estratégia que vem sendo implantada e está mudando a forma de trabalhar de muitas equipes de saúde. Nesta pesquisa, buscou-se analisar os efeitos da utilização do PTS no processo de trabalho das equipes de referência (ESF – Estratégia de Saúde da Família) e de apoio (CAPS – Centro de Atenção Psicossocial) e na relação entre elas. A pesquisa possibilitou uma discussão sobre pesquisa- intervenção, na medida em que as próprias pesquisadoras foram sujeitos da pesquisa e que a análise de suas percepções e dificuldades integraram os resultados. Trabalhar com a proposta do PTS, nas equipes de referência e apoio, significa experimentar uma nova estratégia de atuação para a criação da rede de atenção à saúde, ousando pensar um novo modo de promover e produzir saúde. PIRES, P. Medicina centrada no paciente: melhor qualidade com menores custos. Rev Port Clin Geral, Lisboa, v. 27, n. 5, p. 482-486, set. 2011. Este estudo teve como objetivo determinar se a medicina centrada no paciente fornecida aos utentes em nível dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), está associada à utilização de serviços médicos, divididos em 5 categorias: (1) consultas nos CSP; (2) consultas por especialidades hospitalares; (3) recorrências ao serviço de urgência; (4) hospitalizações; e (5) exames complementares de diagnóstico. Atendendo ao conhecido impacto significativo do estado de saúde do paciente, comportamentos de risco, características sociodemográficas e gênero no recurso a cuidados de saúde, esses fatores foram controlados. 70 CECILIO, L.C.O; MERHY, E.E. A integralidade do cuidado como eixo da gestão hospitalar. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (Orgs.). Construção da integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde. Rio de Janeiro: IMS; UERJ; ABRASCO; 2003. p. 197-210. Partindo do senso comum e correndo o risco de uma tautologia, poderíamos dizer que a atenção integral de um paciente no hospital seria o esforço de uma abordagem completa, holística, enfim, integral, de cada pessoa portadora de necessidades de saúde que, por um certo período de sua vida, precisasse de cuidados hospitalares. Tal abordagem implicaria garantir, desde o consumo de todas as tecnologias de saúde disponíveis para melhorar e prolongar a vida, até a criação de um ambiente que resultasse em conforto e segurança para a pessoa hospitalizada. Cuidado integral em saúde ocorreria a partir de uma combinação generosa e flexível de tecnologias duras, leve-duras e leves (MERHY, 2002). “Tecnologia” e “Humanização” combinadas, no desafio de adotar o “lugar” do paciente e suas necessidades singulares como ponto de partida para qualquer intervenção hospitalar. Achamos que tal tipo de definição, em princípio, é bastante razoável como ponto de partida para a construção do texto, mas não é suficiente. Outras questões precisam ser agregadas a ela, na perspectiva de se tratar a integralidade da atenção como tema da gestão hospitalar. A integralidade da atenção hospitalar pode ser problematizada a partir de dois ângulos: a integralidade da atenção olhada no hospital e a partir do hospital (a integralidade tendo como referência o atendimento no ambiente hospitalar em si) e a integralidade tendo como referência a inserção do hospital no “sistema” de saúde. BERTAKIS, K.D.; AZARI, R. Patient-centered care is associated with decreased health care utilization. J Am Board Fam Med., v.24, n.3, p. 229-39, maio/jun. 2011 Este artigo usa um instrumento de análise interacional para caracterizar o cuidado centrado no paciente no contexto dos cuidados primários e examinar sua relação com a utilização dos cuidados de saúde. Quinhentos e nove novos pacientes adultos foram randomicamente escolhidos para passar pelos cuidados de médicos da família e especialistas. Uma adaptação do Código de Observação de Davis foi usada para medir o estilo de prática centrada no paciente. As conclusões do estudo mostram que o cuidado centrado no paciente foi associado com a diminuição da utilização dos serviços de saúde. Redução de encargos anuais de cuidados médicos pode ser um importante resultado de consultas médicas que são centrados no paciente. 71 ERDMANN, A. L. Construindo um modelo de sistema de cuidados. Acta paul. enferm., São Paulo, v.20, n.2, p. 180-185. jun. 2007. O trabalho teve como objetivo a construção de um modelo teórico explicativo de Sistema de Cuidados, tendo sido realizado através de estudo exploratório qualitativo apoiado nos pressupostos da Grounded Theory. Participaram do estudo 15 profissionais e os dados foram coletados por entrevista aberta. Como resultado, o estudo apresentou que o modelo de sistema de cuidados foi considerado sistema vital e dinâmico construído a partir de redes interacionais de vários saberes do agir humano expresso pelo trabalho compartilhado, multidisciplinar e em equipe. 72 4 PERCURSO METODOLÓGICO 4.1 A CONSTITUIÇÃO DO GRUPO AFINIDADE O percurso metodológico começou com a constituição do Grupo Afinidade, cujo processo inicial ocorreu no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), com a definição de critérios para escolher as chefias que participariam do Curso Gestão de Hospitais Universitários no SUS, no Instituto de Pesquisa do Sírio Libanês. Inicialmente, o Superintendente apresentou a proposta e fez o convite às coordenações envolvidas tanto na área assistencial e de ensino, quanto na área administrativa. Porém, a quantidade de concorrentes era maior que as vagas oferecidas pela EBSERH. Naquele momento, aconteceu uma segunda reunião, quando foi esclarecido que a participação de algumas pessoas, por assumir áreas estratégicas, seria imprescindível no curso. Um dos critérios destacados pela Direção do HUOL seria que os participantes assumiriam o papel de multiplicadores e deveriam aplicar os conhecimentos que seriam adquiridos no curso com maior urgência e precisão. Houve uma auto-avaliação de cada um, levando também em consideração a disponibilidade para viajar mensalmente. Enfim, houve uma desistência e os nove puderam fazer suas inscrições. A equipe do HUOL ficou bem diversificada tanto por cargos quanto por setores de atuação. O grupo foi formado por 01 médico (superintendente); 01 contadora (Gerente Administrativo); 01 psicólogo (Chefe da Divisão de Gestão de Pessoas); 01 administrador (Chefe da Divisão Administrativa Financeira); 01 engenheiro eletricista (Chefe da Divisão de Logística e infraestrutura Hospitalar); 01 enfermeira (Chefe da Divisão de Enfermagem); 01 assistente social (Chefe da Divisão de Gestão do Cuidado); 01 economista (Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico); 01 enfermeira (Chefe do Setor de Regulação e Avaliação em Saúde) e 01 médica (EBSERH). O curso de Gestão de Hospitais Universitários Federais no SUS conta com o apoio do Ministério da Saúde, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, EBSERH, do Hospital Sírio Libanês e da Fundação Dom Cabral; esse curso, organizado pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, conta com a participação de 10 hospitais universitários federais. Na organização das atividades, os 10 grupos são formados por 02 critérios: os grupos diversidade, constituídos por 09 participantes de hospitais diversos e 01 representante da EBSERH; os grupos afinidades, formados por 10 componentes, sendo 09 membros do mesmo hospital, e o décimo membro é um funcionário da sede da EBSERH. Essa composição dos grupos caracteriza uma diversidade que é um ponto importante para o sucesso da metodologia escolhida para o curso. 73 Figura 7 - Grupo Afinidade: Atividades de elaboração do PDE Fonte: O autor (2014) Essa diversidade de competências foi necessária para que os especializandos pudessem desenvolver, de modo integrado, capacidades nas três áreas de competência: gestão, assistência e educação. Na área de Gestão, os conteúdos envolveram Gestão da Assistência, Ensino, Pesquisa, Pessoas, Finanças Públicas, Projetos, Logística e Comunicação. Na área de Assistência à Saúde, os conteúdos abrangeram cenários e contextos da assistência à saúde; modelos de assistência à saúde; diretrizes ético-legais do trabalho em saúde e gestão da clínica: eficácia, efetividade, eficiência e segurança na assistência à saúde. Na educação, foram abordados os processos de ensino-aprendizagem; metodologia da pesquisa e gestão do conhecimento. O Programa de Desenvolvimento de Competências (PDC) tem por objetivo capacitar a equipe de governança dos Hospitais Universitários nas necessidades relacionadas às áreas de gestão, assistência à saúde e educação, e é fundamentado em quatro diretrizes: • Viabilizar a assistência de excelência, favorecendo a evolução do ambiente de ensino e pesquisa. • Promover a cultura da relevância dos HUs no SUS e na formação de profissionais para o país. • Adotar padrões baseados nas melhores práticas, respeitando a autonomia responsável e a vocação dos hospitais universitários. 74 • Comprometer-se com a transparência das informações e com o aprimoramento da missão pública, com qualidade e eficiência (PADILHA, 2013). Nesse sentido, a consonância dessas diretrizes com a identificação dos macroproblemas vivenciados no cotidiano da gestão dos hospitais universitários redesenha o perfil de competência dos gestores dessas instituições hospitalares cujo fundamento está centrado na articulação de conhecimentos, habilidades e atitudes, bem como na valorização da excelência técnica e a humanização nas relações com pacientes, familiares, profissionais e estudantes com destaque no cuidado focado na necessidade do paciente, promovendo, assim, mudanças no paradigma do modelo assistencial, que passa a enfatizar a integralidade do cuidado e a agregação do valor à saúde. 4.2 METODOLOGIAS DE APRENDIZAGEM O curso adotou, como proposição metodológica, o Método Baseado em Resolução de Problemas, Aprendizagem Baseada em Problemas (APB) ou Problem Based Learning (PBL), que, fundamentado nas teorias interacionistas, tem como cerne o protagonismo do sujeito aprendiz. Nesse sentido, a Metodologia Ativa (MA) é uma concepção educativa que estimula processos de ensino-aprendizagem crítico-reflexivos, no qual o educando participa e se compromete com seu aprendizado. Dessa forma, as atividades do curso têm como fundamento o estímulo à capacidade de aprender, suscitando as competências essenciais ao trabalho em equipe, ou seja, adoção de postura ética e respeitosa às diversidades, buscando referenciar o processo de construção de conhecimentos críticos e reflexivos em evidências científicas produzidas nas áreas de gestão, saúde e educação (PADILHA, 2013). Assim, com base nesse processo reflexivo, o grupo Afinidade do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), a partir da análise situacional amplamente discutida pelo grupo com a assessoria do facilitador Prof. Sílvio Fernandes e de co-facilitador Henrique Brenner, consultor da Everis, avaliou a necessidade de aprofundar o processo de discussão e revisitar o planejamento da instituição, visto que havia consenso no grupo da necessidade de reavaliar práticas assistenciais e administrativas que interferiam no processo organizacional da instituição. Considerando as contribuições de Carlos Matus (1996), o Planejamento Estratégico Situacional possibilita uma análise real do jogo social, ou seja, identifica no cenário: limites e oportunidades e no processo de construção desse planejamento articula técnica com política, uma vez que, no delineamento das etapas desse processo, ações e objetivos vão 75 se imbricando imprimindo concretude à realidade institucional, bem como possibilita tecer o cenário que se planeja construir. A construção do PDE pela equipe do grupo Afinidade do HUOL seguindo o percurso metodológico referenciado no Planejamento Estratégico Situacional, no primeiro momento, teve por objetivo explicar a realidade; assim, a equipe, utilizando a técnica do brain storm, levantou hipóteses que consubstanciasse o diagnóstico situacional. Nesse cenário, surgiram várias questões referentes à saúde pública no estado do Rio Grande do Norte: Figura 8 – Cenário da Saúde Pública do RN Caos na Saúde do RN Reflexo da situação da saúde do estado no HU. Desorganização do SUS Gestão ineficiente Não integração na rede SUS. Fonte: O autor (2014) Nesse processo surgiram também reflexões sobre o contexto interno do Hospital Universitário (HU): 76 Figura 9 – Contexto Interno do HUOL Recursos Humanos escasso, inquieto com as mudançasadesão à EBSERH Modelo administrativo Processo de compras burocrático - assistência Hospital Universitário Onofre Lopes: cenário interno e externo Fonte: O autor (2014). O Team Based Learning (TBL) – aprendizagem baseada em equipe foi uma das metodologias também utilizadas pelo Grupo Afinidade para, coletivamente, propiciar situações de aprendizagem na construção do conceito do Plano Diretor Estratégico (PDE). Dessa forma, foi apresentada ao Grupo Afinidade uma enquete com 05 questões envolvendo aspectos conceituais do PDE: objetivo, elemento desencadeador, fator crítico de sucesso para o processo de construção, principal contribuição dos modelos de referência e dos especialistas e o maior risco das visitas de campo em relação à construção desse plano. No primeiro momento, essas questões foram apresentadas, individualmente, aos participantes do Grupo Afinidade; posteriormente, foi feita a consolidação das respostas em equipes, esse processo de aprendizagem no qual os especializandos procuram argumentos para suas respostas representa a singularidade de alinhar conceitos e, através da socialização das contribuições individuais, o grupo realinhar sua questão de aprendizagem e, assim, promover um melhor desenvolvimento da equipe. Como parte do percurso de aprendizagem, o Grupo Afinidade participou de uma Oficina de Trabalho cujo objetivo era desenvolver, na equipe de Governança, competências inerentes ao processo de liderança em equipes de trabalho. Assim, a proposta da oficina era através da ferramenta de “como fazer e receber críticas”, promover o efetivo desenvolvimento profissional, assim a partir da exposição conceitual dos seguintes critérios: cuidado, atenção, solicitação, especificidade, afetividade, objetividade, oportunidade, direção, confirmação e compreensão, 77 individualmente, os participantes do grupo deveriam pontuar de 1º ao 5º os critérios que considerassem mais importantes, e, em seguida, haveria uma discussão coletiva para chegar a um consenso de como a crítica poderá ser um recurso efetivo que implique um crescimento pessoal. Além das metodologias de aprendizado, foram repassadas diversas ferramentas e métodos para aplicação prática de planejamento que foram utilizadas para construção do Plano Diretor Estratégico (PDE) do HUOL e estão descritas em seção própria conforme apresentada a seguir. 4.3 METODOLOGIA PARA CONSTRUÇÃO DO PDE A metodologia utilizada na consecução do Plano Diretor Estratégico, PDE, do HUOL destacou sempre a relevância do trabalho em equipe, porém ressalta a importância de organizar, em equipe, encontros com pautas objetivas e explícitas, bem como a necessidade de pactuar regras expressas em contratos para o trabalho em grupo. Como dito anteriormente, para a construção do PDE, as atividades do grupo foram montadas de forma a seguir os pressupostos e as etapas do Planejamento Estratégico Situacional (PES) conforme definido por Matus (1993). Portanto, a primeira etapa a ser perpassada pelo grupo dizia respeito à identificação de problemas institucionais. Esse processo reflexivo dialógico suscitou no grupo Afinidade refletir sobre as questões que estavam na governabilidade da equipe de governança. Assim, com essa metodologia, o grupo identificou os macroproblemas descritos abaixo: • Modelo administrativo inadequado às necessidades do HU • Dificuldades de articulação entre o HU e o restante da rede SUS • Modelo Clínico Assistencial insuficiente frente às necessidades da população • Fragilidades na política de gestão de pessoas • Conflitos academia x assistência no hospital • Dimensionamento inadequado da infraestrutura física e tecnológica para pleno funcionamento do HU • Conflito de interesses interfere no cumprimento da missão Nesse percurso, o grupo, ao avaliar vários critérios previamente explicitados nos termos de referência que orientavam passo a passo as variáveis referentes aos macroproblemas, a equipe de governança reavaliava e redesenhava os macroproblemas levando em consideração o tempo necessário à operacionalização do PDE e a governabilidade da equipe. 78 Em outubro de 2013, o grupo Afinidade colocou em prática a Oficina de TrabalhoAtores Sociais que teve por objetivo a priorização do macroproblema a ser abordado no PDE, considerando três critérios: a governabilidade para intervir no problema, ainda que, seja necessária a parceria com atores externos, a viabilidade política e o interesse da equipe em atuar na resolutividade do problema. No final do mês de outubro de 2013, a equipe Afinidade do HUOL recebeu in loco a visita dos representantes do Sírio Libanês, da consultoria da Everis e da EBSERH para, junto a outros atores sociais, tratar dos seguintes temas: Gestão Hospitalar, Humanização, Gestão da Clínica, Compras, Hotelaria, Obras e Prestação de Contas. No processo de construção do Plano de Ação, o grupo utilizou, como ferramenta, a construção da árvore explicativa, que possibilitou ampliar a capacidade de a equipe realizar, uma leitura da realidade. Essa ferramenta tem como referência orientar o processo de planejamento por problemas que, por sua vez, são analisados a partir do grau de interesse, da governabilidade, da complexidade e outros fatores. A construção preliminar da árvore explicativa de problemas adotou os seguintes passos: • Escolha dos macroproblemas • Identificação dos descritores • Identificação das causas dos descritores • Identificação das consequências de cada descritor • Identificação do nós críticos Nesse processo de (re)alinhamento da árvore explicativa, o grupo afinidade do HUOL, em consonância com o espiral construtivista, percorreu os movimentos de identificação do problema, formulou explicações, construiu novos significados, organizou questões, articulou com outros sujeitos envolvidos no processo, buscou novas informações, avaliou a necessidade de envolver mais atores na construção do PDE, buscou multiplicar as informações e desenhou e redesenhou a árvore explicativa. Nesse processo, foi tecida uma nova elaboração mais compatível com a governabilidade das equipes para operacionalização dos nós críticos e, assim, elaborar estratégias factíveis para atuar na lacuna do real e o planejado. A construção do PDE possibilitou ao grupo Afinidade a análise do termo de referência de outras ferramentas metodológicas para o enfrentamento dos nós críticos. Destacamos a metodologia do 5W2H, cujo objetivo é o check-list de ações/atividades a serem desenvolvidas a fim de identificar e priorizar os nós críticos. Enfatizamos, ainda, o uso da Matriz SWOT que possibilita a análise do cenário e privilegia a tomada de decisões; o fluxograma analisador – diagrama- que representa como está constituído o processo de trabalho em saúde no HU, vislumbrando as lógicas e práticas 79 dominantes, contribuindo assim para analisar como esses processos do cuidado estão constituídos e poderão ser revistos tendo como foco modelos assistenciais de gestão da clínica em linhas de cuidado. Nesse sentido, após o grupo Afinidade proceder à leitura da realidade do HU, identificar suas necessidades e descrever o problema, a equipe passou a construir, elaborar e avaliar a proposta de intervenção. A metodologia utilizada para explicitar o nó crítico foi o desenho da proposta de enfrentamento. Essa ferramenta demonstra o resultado esperado com a sua solução e requer as atividades necessárias propostas para essa resolutividade. Nesta seção, estão identificadas as informações extraídas do diagnóstico organizacional feito para municiar a construção do PDE no tocante à identificação dos principais problemas a serem atacados. Considerando que a metodologia adotada é o PES, o ponto principal do processo é a apresentação dos problemas a serem trabalhados. Nas próximas páginas deste trabalho, estão expostos os atores sociais relevantes, bem como os macroproblemas identificados, e priorizados seus descritores, suas causas e suas consequências. 4.3.1 Identificação dos Macroproblemas e Atores Sociais Ao mesmo tempo que o processo de capacitação se desenvolvia, fomos construindo o PDE, na busca de ações para transformar a realidade do hospital no sentido de melhorar o cuidado à saúde da população. Como já dito, o PDE tem o objetivo de, após identificados os principais problemas que entravam o desenvolvimento das ações da instituição, no cumprimento da sua missão, planejar, definir e orientar as mudanças necessárias a uma assistência de excelência em um ambiente de ensino e pesquisa. Como elemento fundamental para a identificação dos problemas a serem trabalhados, foi importante resgatar e apresentar conceitos basilares na constituição do PDE, qual seja: a identidade organizacional. Para o HUOL, foi estabelecida a seguinte identidade organizacional: Missão: Promover de forma integrada o ensino, a pesquisa, a extensão e a assistência, no âmbito das ciências da saúde e correlatas, com qualidade, ética e sustentabilidade. Visão: Ser reconhecido como hospital universitário de referência, identificado pela excelência, sentido humanitário e relevância social. Objetivos Gerais: I - promover o ensino e a assistência à saúde, com qualidade, ética e sustentabilidade, e servir de campo de aprendizagem para o ensino de nível técnico, de graduação e pósgraduação das profissões da área da saúde e áreas afins; 80 II - apoiar e desenvolver a extensão e a investigação científica e tecnológica, no campo das ciências da saúde e correlatas; III - participar da capacitação de recursos humanos na área da saúde, promovendo a integração em equipes e propiciando o exercício profissional em conformidade com os preceitos éticos e legais; IV - contribuir com a realização de estudos, pesquisas e intervenções sobre os problemas de saúde da população, em sintonia com os princípios do SUS; V - servir como hospital de referência para o SUS, prestando assistência à comunidade, em consonância com o papel que lhe é destinado no Sistema Único de Saúde; VI - contribuir como campo de validação de novas tecnologias aplicadas à saúde e para a vigilância sanitária em áreas estratégicas; VII - colaborar com órgãos de saúde, públicos ou privados, regionais, nacionais ou internacionais que desenvolvam ações de natureza curativa ou preventiva, de caráter individual ou coletivo. Definida e apresentada a identidade organizacional, os trabalhos de definição dos problemas a serem trabalhados foram iniciados a partir de uma confrontação de problemas gerados em um brainstorm pelo grupo afinidade e os macroproblemas identificados por uma equipe de especialistas que dão suporte ao curso. Classificamos em várias categorias que, de certa forma, podiam definir o contexto dos problemas. • Categoria 1: - corporativismo profissional; - conflitos de interesses interferem no acesso ao hospital; - oferta e sua ampliação são dificultadas por interesses corporativos. • Categoria 2: - rede de saúde desarticulada e não integrada; - baixa resolutividade na atenção básica; - gestão pública inconstante, tornando-se ineficiente. • Categoria 3: - Déficit de pessoal no hospital; - não cumprimento de carga horária; - regimes de trabalho diferentes no hospital; - terceirização da força de trabalho da atividade fim; - insegurança com as mudanças no hospital; - desestímulo profissional. • Categoria 4: - falta de leitos de UTI no hospital para sua complexidade; 81 - falta de leitos de UTI na rede de saúde; - capacidade instalada ociosa (alguns equipamentos por falta de equipe); - falta de estrutura física (urgência referenciada, etc). • Categoria 5: - informalidade dos processos de trabalho; - dificuldades no processo de compras e serviços; - baixa resolutividade dos processos administrativos. • Categoria 6: - conflitos academia X assistência no hospital Os problemas relacionados à categoria 1 representam uma realidade de grande importância, que interfere fortemente na vida da instituição. É histórica, de muitos anos de duração, provavelmente, pertence a toda a vida dos hospitais de ensino. Originada com a hegemonia da classe médica, desenvolveu, ao longo do tempo, uma necessidade de posicionamento das outras classes, notadamente a de enfermagem, agregando o fator de ser a maior representatividade quantitativa, em qualquer instituição hospitalar, representando muitas vezes, cerca de 40 a 60% do número total de pessoas. Os conflitos de interesses terminam por atravessar todas as ações da gestão, da assistência e da educação, resultando, portanto, em graves consequências. As possibilidades de ter, no aprendizado do curso de capacitação, a absorção de reais conhecimentos relacionados a causa, potencializa, fortemente, o planejamento de estratégias para as mudanças. A categoria 2 se refere ao ambiente externo, exercendo influências negativas no desenvolvimento do projeto institucional. De longa duração, com um contexto político partidário atua em interrupções ou desvios do amadurecimento do sistema e sem avançar em uma relação construtivista com o hospital. Contudo, há um momento diferente, com participações mais claras e profissionais do sistema, entendendo e integrando o perfil do hospital de ensino, na melhoria da assistência à saúde. Isso recebe bem as transformações que estamos nos capacitando a realizar, na medida em que podemos aplicar o nosso potencial, ampliado pelos novos conhecimentos adquiridos. Evidentemente, que as questões de pessoal assinaladas, na categoria 3, assumem, entre todas as dificuldades, grandes proporções, não apenas, no número quantitativo sempre deficitário, mas no que isso representou ao longo de um longo período, como influência nos problemas em geral. Desestímulo profissional, acentuação dos movimentos corporativos e baixa qualidade nas ações de saúde; tudo isso parecia não ter solução, mas a contratação de profissionais em número adequado ao que se precisa cumprir e principalmente com os novos modelos para as mudanças que estamos agregando aos 82 valores da gestão, certamente favorecerão às novas realidades que deverão ser concretizadas. Atrelada a uma desenvoltura sem grandes planejamentos de envolvimentos nas ações de saúde, sobretudo pela própria situação de pouca visibilidade do sistema, passamos a sofrer acentuadas falta de leitos de UTI, para acolher as complexidades que apareceram em maior número e frequência. Essa deficiência, apesar de ser de maior significado na composição da categoria 4 de problemas, também era agravada pela inexistência de estrutura física para as urgências de referência cardiológica. Todas refletem o modelo histórico de pouca inserção do hospital de ensino nas atividades do sistema, em razão das políticas exercidas tanto na ambiência externa como na interna. Essa problematização sofrerá influências favoráveis a medida que vamos evoluindo na capacitação da inserção real no sistema, ao mesmo tempo que recebemos as condições materiais e humanas para implementar as modificações. A categoria 5 representa o reflexo da forma trabalhada na área administrativa, que é, de fato, o resultado do modelo das instituições hospitalares de ensino tratarem essa complexidade. Talvez uma das maiores, sem a devida profissionalização, inerente à importância da matéria. Esforço demasiado das pessoas para alcançar os objetivos com sucesso, mas sem a institucionalização concreta dos processos. É necessário salientar a deficiência de pessoal existente como fator agravante. Essa dificuldade foi considerada prioritária para resolução, ao mesmo tempo que assumiu a importância de um macroproblema a ser trabalhado pelo grupo, baseado em soluções de intervenções planejadas ao longo da construção do PDE. Por fim, a categoria 6, com os conflitos da academia X assistência, também se destacou no universo da problematização das questões do hospital. Nascida com a própria origem do ensino das áreas da saúde, não foi preparada para as transformações naturais do tempo. O ensino romântico, cheio de saberes, os mais nobres com certeza, todavia, desligados das necessidades que o mundo passou a exigir na sua relação com a assistência. Mal compreendida, como uma coisa que não pode conviver com a outra, tornou-se cristalizada na vida das explicações dos insucessos daquelas relações. O tempo, por si só, não poderia ser mais o responsável na modificação desse rumo. Algo precisava de uma forma mais concreta, ser decidido. O estudo e o entendimento com os referenciais dos modelos de gestão favorecem a absorção da necessidade dessas mudanças. Talvez não seja tão difícil. Precisava sistematização do processo decisório. Com base na confrontação ocorrida, pode se observar a nítida relação do que é descrito nesses problemas, com a elaboração dos macroproblemas realizada por especialistas do curso propriamente dito, quando se refere a: • Baixa inserção no SUS. 83 • Dificuldade de articulações entre os interesses acadêmicos e a assistência. • Estrutura física, tecnológica e de pessoas insuficiente para garantir o funcionamento dos HUs. • Modelo clínico assistencial insuficiente frente às necessidades da população. • Modelo de gestão pouco qualificado para a missão do HU. Os problemas escolhidos pelo grupo precisavam ser agrupados de acordo com a similaridade do seu conteúdo e enunciados através de uma única definição que explicasse os demais. Assim, o corporativismo empresarial e profissional, o conflito de interesses interferindo ao acesso do hospital, a ampliação da oferta do SUS dificultada por interesses corporativos, foram todos consolidados em uma única ideia de que o conflito de interesses interfere no cumprimento da missão. A partir daí, foi construída uma planilha com os enunciados consolidados, e submetidos a uma escala de valorização e de interesse na sua resolução, quando, ao mesmo tempo, se pontuava através de uma nota, essa demonstração apresentada. Conhecedor dessa importância, agora explicitada para todo o grupo como uma realidade que precisava ser transformada para uma situação mais desejada, este mesmo grupo definiu para trabalhar, os macroproblemas relativos à : • Modelo administrativo inadequado à realidade do HU • Modelo clínico assistencial insuficiente frente às necessidades da população • Dificuldades de articulação entre o HU e o restante da rede SUS • Conflitos academia X assistência no hospital Essas definições se revestem do maior significado por terem sidas escolhidas, pelo próprio time, como o cerne das modificações que deverão ser encaminhadas ao longo da execução do plano diretor estratégico. Isso significa, ao mesmo tempo, que há possibilidades de intervenção nos problemas, que há viabilidade política para essas intervenções e existe grande interesse das pessoas em atuar. As importâncias históricas tiveram anteriormente, através de pequenos relatos, o espaço da fundamentação bem assegurado para a sustentação das decisões do plano. Todo esse cenário possui atores que, agindo na realidade encontrada, podem ser capazes de transformá-la. De uma maneira ou de outra, se envolvem nos encaminhamentos que poderão advir e, assim, necessariamente, precisam ser conhecidos. A sua importância e o interesse, em cada um dos macroproblemas, devem, pois, ser, também, salientados. 84 Problema Contexto Quadro 4 – Análise dos Atores Envolvidos nos Processos Administrativos Modelo administrativo inadequado à realidade do HU Atores Ministérios do Planejamento EBSERH Reitoria Ass. Jurídica Superintendência de Informática Equipe Afinidade 8 Superintendente Gerente Administrativo Divisão de RH Docentes Corpo Clínico Sindicato Fonte: O autor (2014) Problema Contexto Valor Médio Alto Médio Baixo Médio Alto Alto Alto Alto Baixo Médio Baixo Interesse + + + 0 0 + + + + + + 0 Quadro 5 – Análise dos Atores Envolvidos na Articulação do HU com a Rede Dificuldades de articulação entre o HU e o restante da rede SUS Atores Gestor Municipal Gestor Estadual Superintendente Equipe de Governança (HU) Corpo Clínico Coordenador de Regulação (SUS) Equipe Afinidade 8 Gerente de Atenção à Saúde e Gestão de Contratos (HU) Coordenação de Contratualização (EBSERH) Conselho Estadual Conselho Municipal Comissão de Intergestores Bipartite Ministério da Saúde Municípios da área de influência Docentes UPAS e Hosp Walfredo Gomes Serviços privados de alta complexidade em cardiologia Fonte: O autor (2014) Valor Alto Alto Alto Alto Médio Alto Alto Interesse + + + + + + + Alto + Alto + Alto Alto Alto Alto Alto Médio Alto + + + + + + + Alto - 85 Problema Contexto Quadro 6 – Análise dos Atores Envolvidos no Modelo Assistencial Modelo clínico assistencial insuficiente frente às necessidades da população. Valor ALTO ALTO ALTO Interesse + + + MÉDIO + ALTO MÉDIO MÉDIO MÉDIO ALTO MÉDIO MÉDIO ALTO ALTO 0 + 0 + + 0 + + Atores Gestor municipal Gestor estadual Superintendente Chefes das áreas de atenção à saúde do hospital Médicos Profissionais assistenciais Docentes (departamento) Corpo clínico Sistema de saúde Chefe da divisão de enfermagem Chefe da divisão médica Gerente de Atenção à Saúde Ministério da Saúde Fonte: O autor (2014) Quadro 7 – Análise dos Atores Envolvidos na Academia Problema Contexto Atores 1- Equipe governança 2- Docentes 3- Técnicos Administrativos 4- Médicos 5- Coordenação da residência 6- Pró-reitor de graduação 7- Gerente de ensino e pesquisa 8- Chefes de departamentos 9- Chefes das linhas de cuidado 10- Gerente de atenção à saúde 11- Adm. Central 12- Ministério da educação 13- Ministério da saúde Fonte: O autor (2014) Conflitos academia x assistência no hospital Valor ALTO ALTO ALTO MÉDIO ALTO MÉDIO ALTO MÉDIO MÉDIO ALTO MÉDIO ALTO MÉDIO Interesse + + + + + 0 + 0 + + 0 + + Esses problemas são vivenciados na Instituição Hospital Universitário Onofre Lopes, que, de certa forma, precisava ser visitada para conhecimento de todos, da sua estrutura física – arquitetônica, funcional e de profissionais. Na oportunidade, aspectos de gestão da clínica, humanização, ouvidoria, hotelaria, compras, prestação de contas, gestão de obras, infraestrutura e outros mais, foram amplamente discutidos, agora, com a participação ampliada de outros atores do hospital. 86 Uma ressalva deve ser feita em relação aos macroproblemas trabalhados. Considerando o tempo para construção do PDE, foi recomendado ao grupo reduzir a quantidade de problemas trabalhados. Por essa razão, o PDE, aqui apresentado, foi construído com base em dois macroproblemas: 1. Modelo administrativo inadequado à realidade do hospital, 2. Modelo clínico assistencial insuficiente frente às necessidades da população. Quando o PDE que está baseado nos macroproblemas supracitados é confrontado com os modelos de referências e os relatórios de oportunidade, fica, claramente, evidenciado que há muitos aspectos importantes não sendo contemplados no plano como, por exemplo, as boas práticas voltadas à gestão orçamentária e a gestão de obras e engenharia clínica. De toda forma, para evitar que o plano fique incompleto em suas dimensões, foi tentando incluir os problemas descartados e outras questões relevantes nos dois (macroproblemas) a serem trabalhados. Os macroproblemas escolhidos pelo grupo deveriam, a partir desse ponto, ter um referencial de planejamento estratégico para encaminhamento das correções através de um plano de ação. Passamos então a utilizar uma ferramenta de planejamento estratégico, a matriz da árvore de problemas. Descritores dos macroproblemas, suas causas, consequências, a cadeia multicausal, e os nós críticos, foram identificados para composição da nossa árvore. Dessa maneira, avançamos e construímos a árvore relativa ao primeiro macroproblema identificado 87 Figura 10 - Arvore Explicativa do Descritor 1 do Macroproblema 1 Fonte: O autor (2014) Conforme figura acima, o primeiro nó crítico do macroproblema 1 a ser trabalhado é relativo à demora significativa do processo de compras, que, por sua vez, traz inúmeras consequências para o hospital, sendo a maioria atrelada ao seu desabastecimento. São exemplos das consequências associadas à demora no processo de compras: o cancelamento de exames, cirurgias e procedimentos; a insatisfação dos usuários e dos colaboradores; o aumento na taxa de permanência; o descumprimento da contratualização com o SUS; o retrabalho; a perda de receita; dentre outras. Por essa razão, foi necessário identificar as causas desse nó crítico e atuar para sua eliminação. Na figura, ainda, estão expostas as principais causas identificadas. De forma geral, três principais causas foram destacadas pelo grupo de trabalho. A primeira é referente à centralização das compras pela Administração Central da UFRN. A falta de estrutura para realização das compras também foi visto como um sério problema. De fato, o hospital não dispõe de uma Assessoria Jurídica para acompanhar os processos do hospital, o que levou a uma total dependência do HUOL em relação à Procuradoria Jurídica da UFRN. Por fim, foi também identificada a falta de especificação e de planejamento da demanda, bem como de interesse dos envolvidos no processo. 88 Por um lado, com a adesão do HUOL à EBSERH, acredita-se que parte desses problemas deixará de existir, naturalmente, em curto prazo, pois será possível instituir, por exemplo, uma Assessória Jurídica do próprio hospital que permitirá que o processo de compras seja realizado diretamente pelo HUOL. Por outro, várias ações devem ser implantadas, em paralelo à adesão, para dar condições ao acontecimento de compras em prazos satisfatórios. Essas ações serão apresentadas mais adiante nesse PDE. Figura 11 - Árvore Explicativa do Descritor 2 do Macroproblema 1 Fonte: O autor (2014) O segundo alvo da proposta de intervenção é a informalidade dos processos de trabalho, que, por sua vez, afeta diretamente na qualidade do resultado das atividades administrativas com implicações severas na área assistencial. A falta de padronização dos resultados, a dependência das pessoas, a dificuldade no controle de custos, o retrabalho, a descontinuidade do fluxo de trabalho são exemplos que constituem o rol de implicações oriundas da informalidade detectada nos processos de trabalho. Portanto, é vital para a efetividade das atividades administrativas atuar sobre essa informalidade. Para isso, foram identificadas as seguintes variáveis: a cultura organizacional é inadequada, a falta de capacitação das equipes de trabalho, bem como a inexistência de definição dos fluxos administrativos e há um processo de planejamento estratégico 89 incompleto. De forma geral, esses são nós críticos com alta governabilidade e que podem ser trabalhados a partir de ações internas que poderão ser observadas na proposta de intervenção apresentada no próximo capítulo. Figura 12 - Árvore Explicativa do Descritor 1 do Macroproblema 2 Fonte: O autor (2014) Na figura acima, está representada a árvore de causa e efeito utilizada para criar o plano de ação para enfrentamento do modelo clínica assistencial que tem se mostrado insuficiente diante das necessidades da população (macroproblema 2). Para melhor descrever esse problema, percebeu-se que a ineficácia do modelo é, em grande parte, ocasionada pela inexistência de integralidade na assistência. A falta de integralidade acarreta a assistência fragmentada, a baixa resolutividade do problema do usuário, o aumento na taxa de permanência e reinternação e, até mesmo, a insegurança do paciente e sua insatisfação. Visando à promoção da integralidade na assistência, o grupo identificou a necessidade de criar diretrizes internas e de fomentar a integração das equipes e dos serviços, identificados como causas do problema, mas com resolução bastante complexa, demandando uma geniosa articulação de recursos no delineamento de um plano de ação 90 capaz de perpassar as dificuldades e a aversão que serão encontradas no processo de mudança. Essa mudança representa, de fato, uma mudança de paradigma assistencial. O plano diretor estratégico alcança, nesse ponto, onde os macroproblemas, após serem dissecados desde as suas manifestações que o melhor descrevem, expressando-os em formas de descritores, suas causas, consequências e a cadeia lógica multicausal, até as causas que serão alvo de intervenção no plano de ação ou nós críticos, um formidável preparo para receber as transformações, que, de fato, irão se delinear. Como realizá-las? O plano de ação passa a ser uma etapa fundamental nessa sucessão de eventos construtivistas. O macroproblema 1 de características mais relacionadas ao segmento administrativo ou de atividade meio, exerce fortes influências nas atividades finalísticas que dependem, fundamentalmente, dos seus resultados. O macroproblema 2, com ligações intrínsecas às atividades-fim, tem uma maior influência do meio externo com fortes dependências das corporações e da academia. De maneira geral, as intervenções que deverão acontecer sobre os nós críticos descritos, deverão resultar em transformações favoráveis dos descritores dos problemas, havendo, portanto possibilidades dessas intervenções e também viabilidade política. Os resultados esperados com as soluções dos nós críticos, no macroproblema 1, através das operações empregadas, envolvem diversos atores que demonstram sinais de claro entendimento do processo de transformação. Por outro lado, em relação ao macroproblema 2, algo mais deverá ocorrer. São atores em grande número, até externos, e, muitas vezes, envolvidos com o aspecto acadêmico que, de certa forma, exige uma atenção especial, inclusive, mudanças significativas do comportamento devem existir. Trabalhos com oficinas, negociações e pactuações, deverão ser empregados com muita frequência. A recomposição da força de trabalho será um mecanismo extremamente facilitador, no encaminhamento das soluções. Existe, contudo, clareza desse entendimento e das possibilidades das modificações. O caminho percorrido, ao longo da construção do PDE do Hospital Universitário Onofre Lopes, leva a um ponto de grande reflexão. Apesar de apresentar uma boa estrutura funcional, com muito envolvimento das pessoas e uma grande referência na área da assistência, ensino e pesquisa, existem problemas bem identificados, que exercem influências negativas na vida da Instituição, tanto do ponto de vista finalístico como de atividades meios. Há um desejo e sensibilidade das pessoas que a constituem, no sentido de absorver e praticar as orientações para avançar. Existem estratégias para as intervenções e também viabilidade política. Portanto, os macroproblemas escolhidos pelo grupo do hospital, e validados por outros atores deverão sofrer modificações extremamente 91 representativas do trabalho realizado. Consideramos, dessa forma, uma perspectiva muito boa com a execução do PDE. Por fim, deve-se destacar os nós críticos identificados como elementos a serem trabalhados e que, quando eliminados, trarão parte da solução dos problemas identificados. No quadro abaixo, estão listados os nós críticos identificados para cada um dos macroproblemas evidenciados. MACROPROBLEMA Quadro 8 – Apresentação dos Nós Críticos NÓ-CRÍTICO Falta de estrutura das unidades envolvidas no processo de compra Modelo administrativo inadequado à realidade do hospital Planejamento ineficaz da demanda Falta de capacitação, responsabilização e comprometimento dos envolvidos no processo de abastecimento. Cultura organizacional inadequada Falta de capacitação das equipes Modelo clínico assistencial insuficiente frente às necessidades da população Faltam diretrizes internas voltadas à integralidade do cuidado Pouca integração entre as equipes e os serviços Fonte: O autor (2014) A partir dos nós críticos e macroproblemas identificados, seguem algumas referências e casos que serviram como norte para a construção da proposta de intervenção do PDE. Outros recursos metodológicos foram também empregados na construção das propostas de ação para os macroproblemas priorizados, como, por exemplo: as plenárias com especialistas, as visitas monitoradas ao Hospital Sírio Libanês e os trabalhos realizados in loco. 92 5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Este capítulo contém o plano de ação que configura uma proposta de intervenção para o Hospital Universitário Onofre Lopes com vista, senão a eliminação dos macroproblemas priorizados, pelo menos sua atenuação. O plano de ação está definido e organizado de forma objetiva e lógica de acordo com o macroproblema e os respectivos descritores e nós críticos que serão atacados. Para tanto, será fornecida uma visão global através de um quadro que define o conjunto de ações para cada descritor pretendido. Quadro 9 – Resumo Plano do Plano de Ação MACRO PROBLEMA NÓ CRÍTICO MP1 NC1 MP1 NC1 MP1 NC2 MP1 NC3 MP1 NC3 MP1 NC3 MP1 NC4 MP1 NC4 MP1 NC5 MP1 NC6 MP1 NC6 MP1 NC7 MP1 NC7 MP1 NC7 MP2 NC8 MP2 NC8 MP2 NC8 MP2 NC8 MP2 NC8 MP2 NC8 MP2 NC8 MP2 NC9 MP2 NC9 MP2 NC9 MP2 NC9 RESULTADO ESPERADO Revisar o procedimento operacional padrão (POP) para o Processo de compras processo de compras mais bem estruturado Alocar pessoal para as unidades envolvidas no processo Processo de compras de abastecimento mais bem estruturado Melhor planejamento da Instituir o sistema de gestão de estoque demanda dos almoxarifados Pessoal capacitado e Sensibilizar o pessoal envolvido no processo de comprometido com o abastecimento processo de e Pessoal capacitado Capacitar pessoal envolvido no processo de comprometido com o abastecimento processo de e Pessoal capacitado Avaliar o pessoal envolvido no processo de comprometido com o abastecimento processo de Cultura organizacional Elaborar campanha de sensibilização para o uso de propícia a formalização POPs dos organizacional processos Cultura Capacitar o pessoal envolvido no processo propícia a formalização administrativo doscapacitado processos para Pessoal Capacitar pessoal da Gerência administrativa de acordo execução das suas com os POPs definidos tarefas Rever o modelo de planejamento estratégico para o Planejamento estratégico HUOL com visão de crescimento instituído Planejamento estratégico Implantar planejamento orçamentário no HUOL instituído Processos Elaborar regimento interno e POPs para todos os setores Administrativos bem da Gerência Administrativa definidos e fortalecidos Processos Reestruturar processos de infraestrutura hospitalar Administrativos bem definidos e fortalecidos Processos Instituir interações matriciais para os processos Administrativos bem administrativos definidos e fortalecidos mobilizado e com Sensibilizar e envolver os atores sobre a necessidade do HUOL avanços na integralidade cuidado centrado no paciente cuidado e com HUOL do mobilizado Instituir as linhas de cuidado avanços na integralidade cuidado e com HUOL do mobilizado Construir e institucionalizar os protocolos clínicos avanços na integralidade assistenciais multiprofissionais cuidado e com HUOL do mobilizado Repactuar os termos da contratualização avanços na integralidade cuidado e com HUOL do mobilizado Revisar os mecanismos e institucionalizar a regulação avanços na integralidade interna (NIR) cuidado e com HUOL do mobilizado Instituir rotinas e equipes de auditoria clínica avanços na integralidade cuidado e com HUOL do mobilizado Institucionalizar a educação permanente avanços na integralidade do cuidado Institucionalizar o dispositivo projeto terapêutico Assistência centrada no singular paciente e multidisciplinar Assistência centrada no Sensibilizar e envolver os atores na implementação do paciente e multidisciplinar trabalho em equipe Assistência centrada no Instituir interações Matriciais entre Processos paciente e multidisciplinar Assistenciais e de Apoio Assistência centrada no Reestruturar o plano de humanização paciente e multidisciplinar AÇÕES E ATIVIDADES 93 MP2 NC10 Instituir plano de segurança do paciente Redução no quantitativo de eventos adversos Legenda MP1 Modelo administrativo inadequado à realidade do HU MP2 Modelo clínico-assistencial insuficiente frente às necessidades da população NC1 Falta de estrutura das unidades envolvidas no processo de compra/abastecimento NC2 Planejamento ineficaz da demanda NC3 Falta de capacitação, responsabilização e comprometimento dos envolvidos no processo de abastecimento NC4 Cultura organizacional inadequada NC5 Falta de capacitação das equipes NC6 Processo de planejamento estratégico incompleto NC7 Falta de definição dos fluxos dos processos administrativos NC8 Falta de diretrizes internas voltadas à integralidade do cuidado NC9 Pouca integração entre as equipes e os serviços NC10 Modelo centrado na necessidade do profissional Fonte: O autor (2014) Como pode ser visto, o plano de ação está definido segundo lógica de hierarquização que tem como base os macroproblemas e os nós críticos definidos. A partir dos macroproblemas, é possível agrupar as ações cujos objetivos convergem para um ponto focal. A seguir, o plano de ação será mais bem detalhado obedecendo à ordem de configuração que se inicia pelo macroproblema 1 e seus nós críticos e finaliza com a apresentação das nuances associadas ao macroproblema 2. 5.1 PLANO DE AÇÃO 5.1.1 Ações dimensionadas para o macroproblema 1 (Modelo Administrativo Inadequado a Realidade do HU) Nesta seção, serão reveladas as ações que compõem o plano de intervenção voltado para a resolução dos problemas associados ao modelo administrativo inadequado à realidade do HUOL. É importante ressaltar que os casos e as referências extraídas da literatura, bem como os modelos de referência foram o ponto de partida para a proposição das intervenções que se seguem. Os planos estão configurados a partir dos descritores elaborados para caracterização do problema, e detalhados de acordo com o nó crítico identificado. Além das ações dimensionadas, também é possível observar quais são as tarefas a serem executadas para o cumprimento de cada ação, a equipe responsável, os indicadores de qualidade, os prazos para realização de cada etapa e os custos associados. 94 A seguir, é possível vislumbrar as ações designadas para o nó crítico número 1, qual seja: a resolução da falta de estrutura das unidades envolvidas no processo de compras. Quadro 10 - Proposta de Intervenção para a falta de estrutura do processo de compras MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 1 - Demora significativa do processo de compras Nó Crítico 1 : Falta de estrutura das unidades envolvidas no processo de compra RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 1 - Revisar o procedimento operacional padrão para o processo de compras (fluxograma): 1.1 - Mapear o processo de compras atual 1.2 - Constituir comissões adicionais para avaliação/aprovação de produtos não padronizados 1.3 - Criar sistemática de revisão das especificações dos produtos e serviços 1.4 - Definir equipe técnica multiprofissional de apoio ao processo licitatório 1.5 - Padronizar os formulários das compras de novos itens Processo de 1.6 - Implantar sistemática para registro e acompanhamento dos compras mais problemas apresentados no pós-compra bem 1.7 - Readequar o processo de compras de acordo com as estruturado necessidades de adaptação identificadas e o modelo da EBSERH 1.8 - Normatizar o processo de compras 1.9 - Sistematizar o acompanhamento e o controle do processo de abastecimento (da demanda ao consumo) AÇÃO 2 - Alocar pessoal para as unidades envolvidas no processo de compras 2.1 - Rever o dimensionamento de pessoas 2.2 - Solicitar novas contratações 2.3 - Receber novos profissionais e alocar de acordo com o perfil PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEI S Daniel, Myrna, Mônica Cabral, João Carlos, Leonardo, Augusto e Samuel 1.1 1.7 1.8 2.1 2.2 João Alves,Ângela Lobo, Zilma, Zilmar, Daniel e Rogério. Fonte: O autor (2014) Como pode ser observado no quadro, para melhor estruturação das unidades envolvidas no processo de compras, duas ações foram propostas. A primeira diz respeito a um estudo e a redefinição do processo de compras como um todo. Nessa ação, estão incluídos o mapeamento e a revisão do fluxo atual, bem como a criação de formulários e mecanismos de controle. Devido ao déficit de pessoal alocado nos setores administrativos, o provimento, por meio de concurso, também, está previsto, o que eliminará a sobrecarga de trabalho, sobretudo, no setor de compras, de abastecimento e de apoio jurídico. Outro ponto focal do plano de ação trata do planejamento da demanda que, atualmente, é feito de forma ineficaz. O quadro a seguir, apresenta as ações definidas com o objetivo de subsidiar o processo de compra através do levantamento preciso das necessidades de abastecimento. 95 Quadro 11 - Proposta de intervenção para o Planejamento ineficaz da demanda MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 1 - Demora significativa do processo de compras Nó Crítico 2 : Planejamento ineficaz da demanda RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 3 - Instituir o sistema de gestão de estoque 3.1 - Elaborar curva ABC de estoque 3.2 - Criar rotina de estudo e revisão da demanda integrada com a equipe assistencial 3.3 - Definir e implantar o estoque mínimo, o estoque máximo Um e o ponto de pedido planejamento 3.4 - Definir os fluxos de operação do estoque e treinar as eficaz da equipes demanda 3.5 - Selecionar itens de baixo risco de classificação C para teste de reposição contínua 3.6 - Aplicar e monitorar o piloto para reposição contínua 3.7 - Evoluir para as outras classificações, para reposição contínua PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEIS 3.1 3.3 João Carlos, Rogério, Augusto e Isaura 3.4 3.5 3.6 Fonte: O autor (2014) Para melhorar a previsão da demanda, foi sugerida a implantação de um sistema de gestão estoque através de metodologia de reposição contínua. Alguns estudos demonstram que essa metodologia, além de confiável, é capaz de reduzir os custos envolvidos no abastecimento. Para tanto, será implementado um projeto piloto, em alguns itens, para não comprometer o abastecimento durante o período de adaptação e aprendizado. O projeto piloto será dimensionado a partir da aplicação da curva ABC, para que se possa trabalhar, apenas, com os itens classificados como “C”, considerados de menor relevância para o hospital, visto que são consumidos em menor quantidade ou possuem valor agregado menor. Para esses itens, serão definidos os pontos de pedido e o estoque máximo e mínimo. Somente com esses valores de referência, é que se pode adotar a metodologia de reposição contínua. Instituída e aprendida a metodologia, ela poderá ser aplicada nos produtos da classe A e B, passando a ser a técnica oficial e predominante na gestão dos estoques do HUOL. Ainda inserido no plano de intervenção, para otimização do processo de compras, é preciso capacitar, responsabilizar e tornar o pessoal comprometido com o processo de abastecimento, sendo as ações definidas para esse fim expostas no quadro abaixo. 96 Quadro 12 – Proposta de intervenção para a falta de comprometimento dos envolvidos MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 1 -Demora significativa do processo de compras Nó Crítico 3: Falta de capacitação, responsabilização e comprometimento dos envolvidos no processo de abastecimento. RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEIS AÇÃO 4 - Sensibilizar o pessoal envolvido no processo de abastecimento João Alves, 4.1 - Criar projeto para envolver os profissionais quanto à Ângela Lobo, importância do processo de abastecimento Rogério, Isaura, 4.2 - Identificar atores envolvidos no processo de Zilmar, Liziane e abastecimento 4.1 Zilma 4.3 - Definir plano de comunicação para cada interlocutor 4.2 4.4 - Comunicar aos interlocutores e convidá-los a participar 4.3 AÇÃO 5 - Capacitar pessoal envolvido no processo de abastecimento Pessoal mais 5.1 - Mapear as necessidades atuais de capacitação 5.2 - Definir o modelo de aplicação das capacitações efetivo e João Alves, comprometido 5.3 - Viabilizar e aplicar as capacitações Ângela Lobo, 5.1 e 5.2 com o Rogério, Isaura, 5.4 - Avaliar o aprendizado 5.3 abastecimento 5.5 - Incluir responsáveis pela educação permanente da Zilmar, Liziane e Zilma equipe administrativa no Núcleo de Educação Permanente 5.6 - Inserir as necessidades de capacitação da área administrativa nas demandas do Núcleo de Educação 5.5 Permanente AÇÃO 6 - Avaliar o pessoal envolvido no processo de João Alves, abastecimento Ângela Lobo, 6.1 - Definir critérios de avaliação de acordo com as Rogério, Isaura, responsabilidades nos processos Zilmar, Liziane e 6.2 - Definir instrumentos e rotinas de avaliação 6.1 Zilma 6.3 - Aplicar e monitorar a avaliação 6.2 Fonte: O autor (2014) Como observado no quadro, as ações aqui definidas fazem parte da área e dos subsistemas de gestão de pessoas. Inicialmente, será feito um trabalho de sensibilização com os envolvidos no processo de abastecimento no tocante aos impactos negativos que a falta de um produto ou material pode causar nas atividades finalísticas do hospital e, consequentemente, nos usuários, sejam eles pacientes ou pessoal em treinamento. Ademais, é preciso treinar as equipes envolvidas, pois, para serem cobradas, as pessoas precisam ter referências sobre como agir e executar suas tarefas. Esses treinamentos serão realizados de acordo com a definição do fluxo estruturado para o processo de abastecimento. Em seguida, o processo de avaliação deverá ser instituído de forma a trazer responsabilização e comprometimento do envolvidos no abastecimento. Muito do que se vê, hoje em dia, é resultado da falta de capacidade de responsabilizar os atores do processo. A informalidade dos processos de trabalho também é algo bastante aparente na área administrativa. Não obstante uma legislação muito rigorosa, vários processos precisam ser mais bem formalizados. As ações apresentadas, a partir de agora, têm esse objetivo. 97 Quadro 13 - Proposta de intervenção para a cultura organizacional inadequada MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 2 - Informalidade dos processos de trabalho Nó Crítico 4: Cultura organizacional inadequada RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS Cultura de trabalho profissional AÇÃO 7 - Elaboração de campanha de sensibilização para uso de POPs 7.1 - Identificar atores envolvidos nos processos administrativos 7.2 - Definir plano de comunicação para cada interlocutor 7.3 - Comunicar aos interlocutores e convidá-los a participar AÇÃO 8 -Capacitação do pessoal envolvido no processo administrativo 8.1 - Mapear as necessidades atuais de capacitação 8.2 - Definir o modelo de aplicação das capacitações 8.3 - Viabilizar e aplicar as capacitações 8.4 - Avaliar o aprendizado 8.5 - Incluir responsáveis pela educação permanente da equipe administrativa no Núcleo de Educação Permanente 8.6 - Inserir as necessidades de capacitação da área administrativa nas demandas do Núcleo de Educação Permanente PRECEDÊNCIA 7.1 7.2 8.1 e 8.2 8.3 RESPONSÁVE IS João Alves, Ângela Lobo, Lagreca, Zilmar, Rogério e Daniel João Alves, Ângela Lobo, Lagreca, Zilmar, Rogério e Daniel 8.5 Fonte: O autor (2014) O ponto de partida para formalização dos processos diz respeito ao trabalho de conscientização das pessoas sobre a necessidade de trabalhar de acordo com norma e padrões instituídos. Para isso, deve-se mudar a cultura atualmente instituída, visto que ela está baseada em princípios de informalidade. Como visto na literatura, a gestão da cultura não é fácil, e alterá-la é ainda mais difícil - não impossível, mas extremamente difícil. A cultura tem raízes profundas, portanto, o trabalho de informar e de capacitar é indispensável para esse fim. Quadro 14 – Proposta de intervenção para a falta de capacitação das equipes MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 2 - Informalidade dos processos de trabalho Nó Crítico 5 : Falta de capacitação das equipes RESULTADO Processos de trabalho bem definidos OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 9 - Capacitação do pessoal da Gerência Administrativa de acordo com o regimento e os POPs definidos 9.1 - Definir o conteúdo da capacitação de acordo com o regimento e POPs definidos 9.2 - Aplicar o plano de capacitação conforme programado 9.3 - Avaliar o aprendizado obtido na capacitação PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEIS Zilmar, Daniel, Rogério e João Alves 9.1 9.2 Fonte: O autor (2014) Não basta só informar e capacitar, mas também estabelecer parâmetros e padrões de conduta para que as equipes possam seguir. As boas práticas da administração recomendam que qualquer organização deve passar pelo ciclo de planejamento, organização, direção e avaliação. Isso ajuda no processo de formalização das práticas e 98 operações de uma organização, sinalizando o que cada um deve fazer, como fazer e quando fazer. É importante lembrar que o processo de planejamento deve ser iniciado no nível estratégico e, em seguida, traduzido em ações táticas e operacionais. Por essa razão, uma das ações aqui expostas é exatamente a formalização de um planejamento estratégico completo, conforme visto no quadro a seguir: Quadro 15 - Proposta de intervenção para o planejamento estratégico incompleto Descritor 2 - Informalidade dos processos de trabalho Nó Crítico 6 : Planejamento estratégico incompleto RESULTADO Planejamento estratégico instituído OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 10- Rever o modelo de planejamento estratégico para o HUOL com visão de crescimento 10.1 - Estruturar Assessoria de Planejamento do HUOL 10.2 - Definir modelo de planejamento estratégico a ser adotado, com desdobramentos para outros planejamentos 10.3 - Desenhar os processos e as rotinas da Assessoria de Planejamento 10.4 - Implantar modelo instituído para definição do Planejamento Estratégico 1.5 - Monitorar e avaliar a execução do modelo instituído AÇÃO 11 - Implantar o planejamento orçamentário no HUOL 11.1-Definir modelo de planejamento orçamentário 11.2- Capacitar os gestores participantes de acordo com o modelo definido 11.3- Inserir o processo de planejamento orçamentário nas rotinas da Assessoria de Planejamento 11.4- Implantar o planejamento orçamentário de acordo com os padrões definidos 11.5- Monitorar e avaliar a execução do planejamento orçamentário PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEIS 10.1 10.2 Assessoria de Planejamento, Lagreca, Zilmar, Stênio e Irami 10.3 10.4 11.1 11.1 Assessoria de Planejamento, Lagreca, Zilmar e Daniel 11.2 11.4 Fonte: O autor (2014) Como pode ser observado, existem duas ações dimensionadas com o objetivo de conseguir a completude no processo de planejamento estratégico no HUOL. Deve-se, contudo, ressaltar que o hospital já vem utilizando o planejamento estratégico desde o ano de 2010, com relativo sucesso. De fato, o que foi observado é que esse planejamento precisa se expandir para outras áreas, como, por exemplo, a financeira e orçamentária. Por essa razão, está sendo proposta uma revisão no modelo adotado para garantir a integração entre o plano estratégico e o plano orçamentário, evitando que as ações planejadas não sejam executadas por falta de recursos. Outro ponto importante dessa revisão é a diretriz de integração do plano estratégico do HUOL com o da EBSERH, definido melhor a relação entre sede e filial. Dessa forma, será possível angariar recursos junto à esfera federal para consecução de projetos estratégicos para o hospital. 99 Outra ação muito útil para a formalização do trabalho, diz respeito ao processo de documentação das atividades e relações de trabalho. Para isso, o uso de regimentos e procedimentos operacionais padrões é um potente recurso de gestão. Quadro 16 – Proposta de intervenção para a falta de formalidade dos fluxos administrativos MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 2 - Informalidade dos processos de trabalho Nó Crítico 7 : Falta de definição dos fluxos dos processos administrativos RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 12 - Elaboração de regimento interno e POPs para todos os setores da Gerência Administrativa 1.1 - Priorizar os processos críticos da Gerência Administrativa a serem normatizados 12.1 - Mapear as estruturas e os processos definidos como prioritários 12.2 - Readequar as estruturas e os processos mapeados 12.3 - Normatizar o regimento interno e os processos das unidades de acordo com a prioridade definida 12.4 - Sistematizar o acompanhamento e o controle do processo definidos 12.5 - Instituir mecanismo de revisão periódica para os regimentos e POPs AÇÃO 13 - Reestruturar os processos de infraestrutura hospitalar. 13.1- Mapear os processos do setor de engenharia e manutenção 13.2 Definir os fluxos, os POPs e indicadores de qualidade e de gestão dos setores de manutenção e engenharia clínica, Processos incluindo rotinas de manutenção preventiva Administrativos 13.3 Capacitar os envolvidos no processo de acordo com as bem definidos e definições feitas fortalecidos 13.4- Inserir as demandas de capacitação para uso dos equipamentos no Núcleo de Educação Permanente 13.5- Monitorar e avaliar a execução dos processos reestruturados AÇÃO 14 - Instituir interações Matriciais para os Processos Administrativos 14.1 - Identificar atores da academia, atores interno e externos à universidade PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEIS 12.1 12.2 Zilmar, Daniel, Rogério e João Alves 12.3 12.4 12.5 13.1 Rogério, Josimar, Amorim e Rafael 13.2 13.3 14.2 – Definir grupos de trabalho 14.1 14.3- Mapear fluxos e estudar as relações entre eles 14.5 14.4 – Revisar fluxos considerando inexistências 14.3 14.5- Definir os pontos de contatos entre os processos 14.2 14.6- Aplicar treinamento 14.4 14.7- Pactuar rotinas de trabalho 14.6 14.8- Monitorar a adesão 14.7 Rogério, Zilmar, Daniel, João Alves Fonte: O autor (2014) O quadro acima mostra que o combate à informalidade deve ser precedido da elaboração dos regimentos internos e dos procedimentos operacionais padrões, bem como do matriciamento dos processo administrativos. O Regimento e o Procedimento Operacional Padrão (POP), seja técnico ou gerencial, são a base para garantia da padronização de suas tarefas e, assim, assegurarem a seus usuários um serviço ou produto livre de variações indesejáveis na sua qualidade 100 final. Trata-se do mapeamento das estruturas e dos processos atuais de trabalho, readequando-os quando necessário e acompanhando sua operacionalização. Obviamente, que, para lograr êxito na implantação dos POPs, faz-se necessário o treinamento do pessoal envolvido na execução da tarefa. Outra importante inovação aqui proposta é o matriciamento dos processos administrativos. Essa é uma inovação que busca detalhar e descrever, através de práticas transparentes, como os setores administrativos e, até mesmo, assistenciais interagem para o cumprimento da missão organizacional. Para tanto, é preciso mapear as interações intersetoriais, descrevendo os atores e os produtos esperados em cada uma das interseções. É importante lembrar que a definição de um plano de ação deve ser acompanhada de uma análise de viabilidade no tocante aos recursos necessários, ao tempo de execução e às possíveis resistências que poderão ser encontradas. Na próxima seção deste documento, está apresentada a análise de viabilidade do plano de ação proposto para o macroproblema 1 5.1.1.1 Análise de viabilidade do plano de ação do macroproblema 1 (Modelo Administrativo Inadequado à Realidade do HU) Para o dimensionamento do plano de ação, é necessária uma análise de viabilidade de cada uma das ações propostas. Para tanto, é importante tentar dimensionar como os diversos atores se comportam diante das ações propostas, visto que elas acarretam diversas mudanças no ambiente de trabalho. A seguir, estão apresentadas análises que auxiliam na descrição das possíveis reações dos diversos atores e seus respectivos posicionamentos enquanto ator social. Quadro 17 – Descrição dos Parceiros da proposta de Intervenção MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 1 - Demora significativa do processo de compras Nó Crítico 1 : Falta de estrutura das unidades envolvidas no processo de compra OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 1 - Revisar o procedimento operacional padrão para o processo de compras (fluxograma) AÇÃO 2 - Alocar pessoal para as unidades envolvidas no processo de compras PARCEIROS NATURAIS Equipe de governança, EBSERH, Pessoal envolvido nos processos de compras, chefes dos serviços envolvidos no processo de compras, chefes dos serviços administrativos e profissionais da área assistencial. Equipe de governança, EBSERH, Pessoal envolvido nos processos de compras, chefes dos serviços envolvidos no processo de compras e chefes dos serviços administrativos. PARCEIROS A CONQUISTAR Não há Não há Nó Crítico 2 : Planejamento ineficaz da demanda AÇÃO 3 - Instituir o sistema de gestão de estoque Equipe de governança, EBSERH, Pessoal envolvido nos processos de compras, e chefes dos serviços envolvidos no processo de compras e chefes dos serviços administrativos. Não há Nó Crítico 3 : Falta de capacitação, responsabilização e comprometimento dos envolvidos no processo de 101 abastecimento. Equipe de governança, EBSERH, Pessoal envolvido nos AÇÃO 4 - Sensibilizar o pessoal envolvido processos de compras, chefes dos serviços envolvidos no no processo de abastecimento processo de compras e chefes dos serviços administrativos. Equipe de governança, EBSERH, Pessoal envolvido nos AÇÃO 5 - Capacitar pessoal envolvido no processos de compras, chefes dos serviços envolvidos no processo de abastecimento processo de compras e chefes dos serviços administrativos. Não há Não há Pessoal Equipe de governança, EBSERH, chefes dos serviços envolvido nos envolvidos no processo de compras e chefes dos serviços processos de administrativos. compras Descritor 2 - Informalidade dos processos de trabalho Nó Crítico 4 : Cultura organizacional inadequada AÇÃO 6 - Avaliar o pessoal envolvido no processo de abastecimento PARCEIROS A CONQUISTAR OPERAÇÕES / TAREFAS PARCEIROS NATURAIS AÇÃO 7 - Elaboração de campanha de sensibilização para uso de POPs AÇÃO 8 -Capacitação do pessoal envolvido no processo administrativo Equipe de governança, EBSERH, Pessoal administrativo, e chefes dos serviços administrativos. Equipe de governança, EBSERH, Pessoal administrativo, e chefes dos serviços administrativos. Não há Não há Nó Crítico 5 : Falta de capacitação das equipes AÇÃO 9 - Capacitação do pessoal da Equipe de governança, EBSERH, Pessoal administrativo, e Gerência Administrativa de acordo com o chefes dos serviços administrativos. regimento e os POPs definidos Não há Nó Crítico 6: Processo de planejamento estratégico incompleto AÇÃO 10- Rever o modelo de Equipe de governança, EBSERH, Pessoal administrativo planejamento estratégico para o HUOL assistencial, e chefes dos serviços administrativos com visão de crescimento assistenciais. Equipe de governança, EBSERH, Pessoal administrativo AÇÃO 11 - Implantar o planejamento assistencial, e chefes dos serviços administrativos orçamentário no HUOL assistenciais. e e Não há e e Não há Nó Crítico 7: Falta de definição dos fluxos dos processos administrativos AÇÃO 12 - Elaboração de regimento Equipe de governança, EBSERH, Pessoal envolvido nos interno e POPs para todos os setores da processos de compras, e chefes dos serviços envolvidos no Gerência Administrativa processo de compras. Equipe de governança, EBSERH, Pessoal administrativo e AÇÃO 13 - Fortalecer os processos de assistencial, e chefes dos serviços administrativos e manutenção e de engenharia clínica. assistenciais. Equipe de governança, EBSERH, Pessoal administrativos e AÇÃO 14 - Instituir interações Matriciais assistencial, e chefes dos serviços administrativos e para os Processos Administrativos assistenciais Não há Não há Não há Fonte: O autor (2014) Como pode ser visto, as ações contempladas para a solução do macroproblema 1 apresentam, de forma geral, baixo poder de rejeição, não provocando resistência latente para sua implantação. Isso se justifica pelo fato de as ações propostas afetarem diretamente as atividades de administrativas sem que haja o envolvimento de muitos atores. Contudo, deve-se salientar a ação 3 do nó crítico 3 do descritor 1 que versa sobre a avaliação dos envolvidos no processo de compras. Nesse caso, é previsto que o pessoal envolvido nos processos de compras, em sua maioria, por não gostar de ser avaliado, fique, pelo menos, incomodado em relação à implantação dos mecanismos de avaliação de suas atividades. Portanto, faz-se necessário esclarecer e sensibilizar essas pessoas sobre os aspectos positivos da avaliação. Uma avaliação pode ser vista como um mecanismo de retroalimentação muito útil para correção e aperfeiçoamento de competências. Essa ação, 102 provavelmente, irá neutralizar qualquer oposição que possa eventualmente aparecer no decorrer da implantação do processo de avaliação. Outro passo importante para uma boa execução do plano de ação diz respeito às informações complementares associadas a cada uma das ações, quais sejam: o cronograma e os recursos empregados na execução. O quadro, a seguir, está montado com o intuito de demonstrar essas informações. Quadro 18 – Informações complementares para a análise de viabilidade da proposta de intervenção MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 1 - Demora significativa do processo de compras OUTROS RECURSOS NECESSÁRIOS Nó Crítico 1 : Falta de estrutura das unidades envolvidas no processo de compra AÇÃO 1 - Revisar o procedimento operacional padrão Político, técnico e R$ 10.400,00 para o processo de compras (fluxograma) organizacional AÇÃO 2 - Alocar pessoal para as unidades envolvidas Político, técnico e R$ 5.000,00 no processo de compras organizacional OPERAÇÕES / TAREFAS RECURSOS FINANCEIROS DATA DE INÍCIO DATA DE CONCLUSÃO 01/08/2014 31/01/2015 01/08/2014 01/04/2015 Nó Crítico 2 : Planejamento ineficaz da demanda Recurso técnico e 15/08/2014 31/07/2016 organizacional Nó Crítico 3 : Falta de capacitação, responsabilização e comprometimento dos envolvidos no processo de abastecimento. AÇÃO 4 - Sensibilizar o pessoal envolvido no Recurso técnico e R$ 10.000,00 01/08/2014 31/12/2014 processo de abastecimento organizacional AÇÃO 5 - Capacitar pessoal envolvido no processo de Recurso técnico e RS 12.000,00 01/10/2014 01/07/2015 abastecimento organizacional AÇÃO 6 - Avaliar o pessoal envolvido no processo de Político, técnico e 0 01/01/2014 31/07/2016 abastecimento organizacional Descritor 2 - Informalidade dos processos de trabalho AÇÃO 3 - Instituir o sistema de gestão de estoque OPERAÇÕES / TAREFAS R$ 26.400,00 RECURSOS FINANCEIROS OUTROS RECURSOS NECESSÁRIOS Nó Crítico 4: Cultura organizacional inadequada AÇÃO 7 - Elaboração de campanha de sensibilização Recurso técnico e R$ 10.000,00 para uso de POPs organizacional AÇÃO 8 -Capacitação do pessoal envolvido no Recurso técnico e R$ 35.000,00 processo administrativo organizacional Nó Crítico 5: Falta de Capacitação das Equipes AÇÃO 9 - Capacitação do pessoal da Gerência Incluído na ação Recurso técnico e Administrativa de acordo com o regimento e os POPs 2, do NC1, D2 organizacional definidos Nó Crítico 6: Processo de planejamento estratégico incompleto AÇÃO 10- Rever o modelo de planejamento Político, técnico e R$ 26.400,00 estratégico para o HUOL com visão de crescimento organizacional AÇÃO 11 - Implantar o planejamento orçamentário no Incluso na Ação Político, técnico e HUOL 1, NC3, D2 organizacional Nó Crítico 7: Falta de definição dos fluxos dos processos administrativos AÇÃO 12 - Elaboração de regimento interno e POPs Recurso técnico e R$ 62.400,00 para todos os setores da Gerência Administrativa organizacional AÇÃO 13 - Fortalecer os processos de manutenção e Incluso na ação Recurso técnico e de engenharia clínica 1, NC4, D2 organizacional AÇÃO 14 - Instituir interações Matriciais para os Recurso técnico e R$ 18.200,00 Processos Administrativos organizacional Político, técnico Consolidação R$ 215.800,00 e organizacional Fonte: O autor (2014) DATA DE INÍCIO DATA DE CONCLUSÃO 01/08/2014 31/12/2014 01/10/2014 01/07/2015 01/10/2014 01/07/2015 01/08/2014 30/11/2014 01/01/2015 01/02/2015 01/08/2014 31/07/2015 01/08/2014 31/07/2015 01/01/2016 31/07/2016 01/08/2014 31/07/2016 103 Como esperado, todas as ações deverão ser executadas em um intervalo de 2 anos. Também é importante observar que muitas ações serão efetivadas em paralelo e ao mesmo tempo. Outras devem respeitar a precedência que uma ação pode ter em relação à outra, permitindo que esse tipo de ação só possa ser iniciado após a conclusão daquela que a precede. Através do quadro acima, é possível identificar esse tipo de ação. Outro ponto destacado, no quadro, evidencia os recursos necessários à implantação das ações. Como visto, o plano de ação proposto tem orçamento previsto no total de R$ 215.800,00, recurso esse que será, em grande parte, utilizado para pagamento de consultorias, capacitações e ações de sensibilização. Deve-se destacar que as ações irão ser trabalhadas a partir da utilização não somente de recursos financeiros, mas também organizacional, técnico e político. Nesse caso, é importante verificar a disponibilidade dos recursos antes de se iniciar as ações, evitando, assim, interrupções na operacionalização do plano e, consequente, perda da motivação. 5.1.2 Ações dimensionadas para o macroproblema 2 (Modelo Clínico Assistencial Insuficiente frente às Necessidades da População) Da mesma forma que na seção anterior, nesta, serão mostradas as ações que compõem o plano de intervenção voltado para a resolução dos problemas associados ao modelo clínico assistencial insuficiente às necessidade da população. Vale ressaltar que os casos e as referências extraídas da literatura, bem como os modelos de referência foram o ponto de partida para a proposição das intervenções que se seguem. Os planos estão configurados a partir dos descritores elaborados para caracterização do problema, e detalhados de acordo com os nós críticos identificados. Além das ações dimensionadas, também é possível observar quais são as tarefas a serem realizadas para o cumprimento de cada ação, a equipe responsável, os indicadores de qualidade, os prazos para realização de cada etapa e os custos associados. A seguir, é possível vislumbrar as ações designadas para falta de diretrizes internas voltadas à integralidade do cuidado. Quadro 19 – Proposta de intervenção para a falta de diretrizes para a integralidade MP 2: MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE ÀS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO Descritor 3 – Inexistência de integralidade na assistência Nó Crítico 8 : Faltam diretrizes internas voltadas à integralidade do cuidado RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS HUOL mobilizado Ação 15 - Sensibilizar e envolver os atores sobre a e com avanços na necessidade do cuidado centrado no paciente PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEIS Mônica, Stenio, Lagreca, Irami, 104 15.1 - Identificar atores da academia, atores internos e externos à universidade 15.2 - Definir plano de comunicação para cada interlocutor 15.3 - Comunicar aos interlocutores e convidá-los a participar 15.1 15.2 AÇÃO 16 - Instituir as linhas de cuidado 16.1 - Definir as Linhas de Cuidado prioritárias a serem implantadas 16.2 - Identificar atores relevantes e compartilhar objetivo de linhas de cuidado 16.3 - Definir grupos de trabalho específicos para cada Linha de Cuidado priorizada 16.4 - Mapear o fluxo atual de atendimento do paciente 16.5 - Construir Protocolos Clínicos específicos que operacionalizem as Linhas de Cuidado priorizadas 16.6 - Revisar os fluxos de atendimento incluindo o passo de discussão do projeto terapêutico 16.7 - Definir e pactuar novos papéis e responsabilidades 16.8 - Instituir e monitorar a adesão às Linhas de Cuidado 16.1, 15.3 16.2 16.3 16.3 16.5 16.6 16.7, 20.7 AÇÃO 17 - Construir e institucionalizar os protocolos clínicos assistenciais multiprofissionais 17.1 - Priorizar os protocolos clínicos assistenciais a serem trabalhados 17.2 - Identificar atores relevantes e compartilhar objetivos 17.1, 15.3 17.3 - Definir grupos de trabalho incluindo especialistas locais 17.2 17.4 - Construir os protocolos 17.3 17.5 - Redefinir e pactuar novos papéis e responsabilidades 17.4 17.6 - Instituir os protocolos e monitorar a adesão aos protocolos Stenio, Mônica, Lagreca, Irami, Neuma, Juarez, Kátia, Aldair, Consuelo, Ivânia, Conceição Batista, Hênia, representante das Linhas de Cuidado priorizadas Irami, Stenio, Mônica, Lagreca, Neuma, Juarez, Débora, Kátia, representante da residência médica, Ivânia 17.5, 20.7 AÇÃO 18 - Repactuar os termos da contratualização 18.1 - Analisar o perfil epidemiológico e as necessidades do usuário para redefinir o papel do HUOL na RAS 18.2 - Fazer análise da capacidade instalada X capacidade operacional X capacidade real 18.3 - Negociar e pactuar com a equipe interna os serviços a serem ofertados, verificando as questões legais como, por exemplo, carga horária. 18.4 - Negociar e repactuar com os gestores os serviços a serem ofertados 18.5 - Monitorar e avaliar a pactuação AÇÃO 19- Revisar os mecanismos e institucionalizar a regulação interna (NIR) 19.1 - Revisar os processos de trabalho de regulação, incluindo a articulação interna e externa do cumprimento da oferta de serviços pactuada 19.2 - Dimensionar pessoal 19.3 - Negociar alocação de pessoal para o NIR 19.4 - Instituir o NIR 19.5 - Monitorar o NIR, através de metodologias e indicadores de desempenho de regulação assistencial AÇÃO 20 - Instituir rotinas e equipes de auditoria clínica 20.1 - Identificar os atores internos e externos ao hospital Helena, Stenio, Zilmar, Lagreca, Antônio José, Elza, Conceição Moreno, Irami 18.3 18.4 19.1 19.2 19.3 Stênio, Mônica , Antônio José, Lagreca, Rute, Helena e equipe que será do setor. 19.4 16.7 e 17.6 Equipe de auditoria, 105 120.2 - Elaborar e executar o plano de sensibilização e capacitação conceitual 20.3 - Constituir o grupo de trabalho 20.4- Definir o modelo de trabalho da auditoria 20.5 - Desenhar os processos de trabalho (POPs), incluindo monitoramento de indicadores,da qualidade assistencial e relação com a gestão da clínica 20.6- Capacitar e pactuar os processos de trabalho com os envolvidos 20.7- Acompanhar, monitorar o funcionamento da auditoria AÇÃO 21 - Institucionalizar a educação permanente 21.1 - Identificar os atores internos e externos ao hospital 21.2 - Elaborar e Executar o plano de sensibilização e capacitação conceitual 21.3 - Constituir a equipe/ Núcleo de Educação Permanente 21.4 - Definir os processos de trabalho do Núcleo de Educação Permanente 21.5 - Definir relação/integração com os gestores de educação continuada atuais e Recursos humanos 21.6- Monitorar e acompanhar a atuação do Núcleo de Educação Permanente 20.1 20.2 20.3 20.4 20.5 20.6 21.1 21.2 21.3 21.4 Maria da Guia, João Alves, Juarez, Neuma, COREME e COREMU, Stênio e Irami. 21.5 Fonte: O autor (2014) Como observado no quadro supracitado, as ações, aqui propostas, estão dimensionadas com o objetivo de trazer uma integração mais efetiva ao cuidado. O que se percebe é que o modelo hegemônico traz fragmentação ao processo assistencial dificultando o tratamento do usuário. Em parte, essa fragmentação é provocada pela falta de diretrizes internas com vistas à integralidade da assistência. Por essa razão, grande parte das ações propostas busca, de alguma forma, a integração inter e intra-hospitalar, pois a fragmentação também é percebida na rede. A integralidade do cuidado necessita ser transversal a todo o sistema. Não há integralidade sem esta possibilidade de transversalidade. A integralidade do cuidado só pode ser obtida em rede. É importante ainda destacar que muitas ações propostas são capazes de promover mudanças de paradigmas no modelo atualmente vigente, como, por exemplo, a implantação de linhas de cuidado e de protocolos clínicos multiprofissionais. A linha do cuidado é fruto de pacto que deve ser realizado entre todos os atores que controlam serviços e recursos assistenciais. Os protocolos clínicos, por sua vez, cumprem um relevante papel na organização e qualificação da atenção à saúde e na melhoria de sua gestão, bem como difunde informações técnicas de qualidade baseada na melhor evidência científica. Além dessas ações, outras procuram regulamentar o funcionamento do fluxo assistencial para eliminar pontos de fragmentação e possíveis gargalos. Nesse sentido, a repactuação do termo de contrato com o SUS, a instituição do núcleo interno de regulação e a implantação do processo de auditoria clínica irão melhorar, significativamente, e garantir o correto fluxo assistencial. 106 Ademais, foi proposto um conjunto de ações que visa à mudança de mentalidade e cultura dos profissionais da área assistencial, tentando incutir, nas práticas desses profissionais, os princípios por trás do modelo de assistencial centrado no usuário. Para isso, faz-se necessário sensibilizar os participantes do processo, bem como adotar práticas de educação permanentes nessa área visando à sistematização da integralidade do cuidado no cotidiano dos profissionais. Segundo Ceccin (2005), a Educação Permanente em Saúde é uma proposta política e pedagógica que coloca o cotidiano do trabalho em constante análise, construindo espaços coletivos para a reflexão e avaliação de sentido dos atos produzidos no cotidiano. O objeto de transformação é o sujeito no processo de trabalho, orientado para melhoria da qualidade da atenção à saúde. Portanto, essa é uma boa estratégia para incutir novas ideias na mente dos trabalhadores. Além dessas ações macro propostas para melhorar a integralidade do cuidado, é mandatório a busca pela melhor integração entre as diferentes categorias profissionais que compõem a equipe de assistência, conforme visto a seguir. Quadro 20 – Proposta de intervenção para a pouca integração entre as equipes e os serviços MP 2: MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE ÁS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO Descritor 3 – Inexistência de integralidade na assistência Nó Crítico 9: Pouca integração entre as equipe e os serviços RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 22 - Institucionalizar o dispositivo projeto terapêutico singular 22.1 - Identificar atores da academia, atores interno e externos à universidade 22.2 - Elaborar e Executar o plano de sensibilização e capacitação conceitual 22.3 - Definir grupos de trabalho 22.4 - Definir fluxos de discussão do projeto terapêutico singular (PTS) que inclua equipe multi profissional e paciente/rede social - família 22.5 - Redefinir as rotinas de discussão multiprofissional de casos Atuação em 22.6 - Promover capacitação para todos os profissionais equipe multiprofissionais assistenciais 22.7 - Pactuar atuação em equipes multiprofissionais 22.8 - Monitorar e avaliar a adesão AÇÃO 23 - Sensibilizar e envolver os atores na implementação do trabalho em equipe AÇÃO 17 - Construir e institucionalizar os protocolos Clínicos Assistenciais Multiprofissionais AÇÃO 24 - Instituir interações Matriciais entre Processos Assistenciais e de Apoio 24.1 - Identificar atores da academia, atores interno e externos à universidade 24.2 - Definir grupos de trabalho PRECEDÊNCIA RESPONSÁVEIS 22.1 22.2 22.3 Lagreca, Stênio, Eudes Godoy, COREME e COREMU, Aldair, Fátima Olivar, Representante das categorias. 22.4 22.5 22.6 22.7 24.1 Mônica, Antônio José, Neuma, Juarez, Mabel, Helena, Daniel, Rogério,Eliel, 107 24.3- Mapear fluxos e estudar as relações entre eles 24.4- Revisar Fluxos considerando inexistências 24.5- Definir os pontos de contatos entre os processos 24.6- Aplicar treinamento 24.7- Pactuar rotinas de trabalho 24.8- Monitorar a adesão AÇÃO 25 - Sistematizar o plano de humanização 25.1- Reestruturar o comitê de humanização 25.2- Definir um plano de comunicação e sensibilização 25.3- Readequação dos manuais de direitos e deveres (Usuários, trabalhadores, docentes e discentes) 25.4- Socializar o Manual de Direitos e deveres 25.5- Executar o plano de Humanização 25.6- Monitorar a adesão e aderência 24.5 24.3 24.2 24.4 24.6 24.7 25.1 25.1 25.3 25.4 25.5 Maria da Guia, João Alves, Representante Serviço Social, Juarez, Nelma e Neuma. Fonte: O autor (2014) No rol das ações acima listadas, estão ações que buscam reunir esforços no sentido de propor um projeto terapêutico específico para cada usuário com base na discussão multiprofissional do caso. Essas ações colocam o usuário no centro do processo terapêutico, forçando a integração dos saberes para solução do seu problema. Como ponto basilar do conteúdo supracitado, está a proposta de implantação do projeto terapêutico singular. Essa é uma ação que, de fato, apresenta muito potencial de mudança. De acordo com os preceitos encontrados na literatura, o projeto terapêutico singular é uma discussão de caso em equipe, um grupo que incorpore a noção interdisciplinar e que recolha a contribuição de várias especialidades e de distintas profissões. A sua adoção, pressupõe, necessariamente, o fortalecimento do trabalho em equipe, portanto, a adoção do projeto terapêutico singular está justificada por se tratar de uma estratégia inspiradora para melhorar a integração das equipes de trabalho. Além da interação dos diversos profissionais, também é buscada a interação dos serviços intra-hospitalares em prol do cuidado. Para isso, é proposta a criação de uma matriz de interações que prescreve e explicita como os diversos serviços do hospital se inter-relacionam. Isso tornará transparentes os diversos serviços do hospital para os próprios profissionais, facilitando a interação entre as partes. Em outras palavras, essa matriz assegura que todos os trabalhadores envolvidos na tarefa tomem conhecimento dos procedimentos e das possibilidades de interação possível. Nessa tabela, percebem-se, também, algumas ações são recorrentes. Isso se justifica, pelo fato de serem ações transversais, consequentemente, capazes de cumprir relevante papel na resolução de diversos nós críticos. No caso específico desse plano de ação, pode-se citar a criação de protocolos clínicos multiprofissionais e as ações de sensibilização que configuram importantes ações para melhorar a integração entre as equipes de trabalho. 108 Por fim, estão sendo propostas, no quadro abaixo relacionado, ações que fortalecem ainda mais o foco no usuário em substituição ao modelo assistencial hegemônico. Quadro 21 – Proposta de intervenção para substituição do modelo assistencial centrado no profissional MP 2: MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE ÁS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO Descritor 3 – Inexistência de integralidade na assistência Nó Crítico 10 : Modelo assistencial centrado no profissional RESPONSÁVEI RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS PRECEDÊNCIA S AÇÃO 26 - Institucionalizar o plano de segurança do paciente 26.1 Formar grupos técnicos de trabalho com vistas as PNSP 26.2 Identificar ações já desenvolvidas pelo HUOL na perspectiva do PNSP 26.3 Priorizar os passos a serem desenvolvidos inicialmente 26.4 Elaborar os protocolos para os passos priorizados 26.5 Instituir mecanismos e indicadores de segurança do paciente Assistência com 26.6 Monitorar a aderência foco no paciente 26.1 26.2 26.3 26.4 Lagreca, Stênio, Eudes Godoy, COREME e COREMU, Aldair, Fátima Olivar, Representante das categorias. 26.5 AÇÃO 25 - Sistematizar o plano de humanização AÇÃO 17 - Construir e institucionalizar os protocolos Clínicos Multiprofissionais AÇÃO 22 - Institucionalizar o dispositivo projeto terapêutico singular. AÇÃO 18 - Repactuar os termos da contratualização Fonte: O autor (2014) Como visto na literatura, o usuário deve ser o elemento estruturante de todo o processo de produção da saúde, quebrando com um tradicional modo de intervir sobre o campo das necessidades, de forma compartimentada. Neste caso, o trabalho é integrado e não partilhado, reunindo, na cadeia produtiva do cuidado, um saber-fazer cada vez mais múltiplo (FRANCO; MAGALHÃES JÚNIOR, 2004). Além das ações já propostas nos quadros anteriores, é preciso pensar na segurança do paciente, sendo esse o foco principal desse último bloco de ações propostas para a resolução do macroproblema 2. Trata-se de uma ação fundamentada na diretrizes da Portaria n°529, de 1° de abril de 2013, para regulamentar o Programa Nacional de Segurança do Paciente em âmbito Nacional, com objetivo de contribuir para a qualidade do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos que prestam assistência à saúde. 5.1.2.1 Análise de viabilidade do plano de ação do macroproblema 2 (Modelo Clínico Assistencial Insuficiente Frente às Necessidades da População) Assim como na análise das ações propostas para a resolução do macroproblema 1, para o dimensionamento do plano de ação associado ao macroproblema 2, é necessária 109 uma análise de viabilidade de cada uma das ações propostas. Para tanto, importa tentar dimensionar como os diversos atores se comportam diante das ações propostas, visto que elas acarretam diversas mudanças no ambiente de trabalho. A seguir, estão apresentadas análises que auxiliam na descrição das possíveis reações dos diversos atores e seus respectivos posicionamentos enquanto ator social. Quadro 22 - Descrição dos Parceiros da Proposta de Intervenção MP 2: MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE ÀS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO Descritor 3 - Inexistência de integralidade na assistência Nó Crítico 8 : Faltam diretrizes internas voltadas à integralidade do cuidado PARCEIROS A OPERAÇÕES / TAREFAS PARCEIROS NATURAIS CONQUISTAR Ação 15 - Sensibilizar e envolver os Equipe de governança, EBSERH, Gestor do atores sobre a necessidade do cuidado Não há SUS e Residentes multiprofissionais. centrado no paciente Chefes dos serviços Equipe de governança, EBSERH, Gestor do afetados, Docentes da Ação 16 - Instituir as linhas de cuidado SUS e Residentes médicos e multiprofissionais. área médica e Corpo clínico médico. Chefes dos serviços afetados, Docentes da Ação 17 - Construir e institucionalizar os Equipe de governança, EBSERH, Gestores do área médica, Corpo protocolos clínicos assistenciais SUS, residentes multiprofissionais. clínico médico e não multiprofissionais médico e residentes médicos. Equipe de governança, Chefes dos serviços, Ação 18 - Repactuar os termos da EBSERH, Gestores do SUS, Equipe de Corpo clínico médico. contratualização assistência não médica e residentes médicos e multiprofissionais. Equipe de governança, EBSERH, gestores do Chefes dos serviços, Ação 19 - Revisar os mecanismos e SUS, Equipe assistencial não médica e docentes da área médica institucionalizar a regulação interna (NIR) residentes médicos e multiprofissionais. e corpo clínico médico. Chefes dos serviços, docentes da área médica Ação 20 - Instituir rotinas e equipes de Equipe de governança, EBSERH, gestores do e corpo clínico médico e auditoria clínica SUS e residentes multiprofissionais. não médico e residentes médicos. Equipe de governança, Chefes dos Serviços, Ação 21- Institucionalizar a educação Docentes, EBSERH, Gestores do SUS, Equipe Corpo clínico médico. permanente assistencial não médica e residentes médicos e multiprofissionais. Nó Crítico 9 : Pouca integração entre as equipe e os serviços Equipe de governança, EBSERH, Gestores do Ação 22 - Institucionalizar o dispositivo SUS, Equipe assistencial não médica e projeto terapêutico singular residentes médicos e multiprofissionais. Ação 23 - Sensibilizar e envolver os Equipe de governança, EBSERH, Gestor do atores na implementação do trabalho em SUS, Equipe assistencial não médica e equipe residentes médicos e multiprofissionais. Equipe de governança, Chefes dos serviços, Ação 24 - Instituir interações Matriciais EBSERH, Gestores do SUS, Corpo clínico entre Processos Assistenciais e de Apoio médico e não médico e residentes médicos e multiprofissionais. Equipe de governança, Chefes dos serviços, Ação 25 - Reestruturar o plano de EBSERH, Gestores do SUS, Corpo clínico humanização médico e não médico e residentes médicos e multiprofissionais. Nó Crítico 10 : Modelo assistencial centrado no profissional Equipe de governança, Chefes dos serviços, Ação 26 - Instituir plano de segurança do Docentes, EBSERH, Gestores do SUS, Corpo paciente clínico médico e não médico e residentes médicos e multiprofissionais. Fonte: O autor (2014) Chefes dos serviços, docentes médicos e corpo clínico médico. Corpo clínico médico. Não há Não há Não há 110 Diferentemente do macroproblema 1, as ações do macroproblema 2 são mais profundas e requerem a mudança de paradigma e de comportamento por parte dos profissionais que serão envolvidos. Por essa razão, foi prevista a necessidade de agir para conquistar determinados atores, evitando, assim, resistência ao processo de mudança. As organizações de saúde vivenciam, hoje, um desafio constante. Por um lado, atender aos anseios e necessidades prementes da população; por outro, conciliar as divergências de ideias dos profissionais que atuam nas organizações, que não contribuem para o avanço e o crescimento do desempenho, por estarem estes, na maioria das vezes, com a atuação voltada para a disputa de poder ou para o interesse individual (BRASIL, 2004). De forma geral, as ações propostas, nesse último quadro, são ações de sensibilização que devem focar, especialmente, os profissionais que estão diretamente na assistência. Trata-se, como visto, de um plano de ação cujo foco é a quebra do modelo clínico assistencial hegemônico. Portanto, todos os envolvidos deverão mudar para que se consiga o objetivo pretendido. Por outro lado, como esse é um plano de interesse estratégico, foi percebido que os atores posicionados em níveis de maior escalão são aqueles vistos como parceiros para a execução do plano proposto. Outro passo importante, para uma boa execução do plano de ação, diz respeito às informações complementares associadas a cada uma das ações, quais sejam: o cronograma e os recursos empregados na execução. O quadro a seguir está montado com o intuito de demonstrar essas informações. Quadro 23 – Informações complementares para a análise de viabilidade da proposta de intervenção MP 2: MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE ÀS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO Descritor 3 - Inexistência de integralidade na assistência Nó Crítico 8 : Faltam diretrizes internas voltadas à integralidade do cuidado RECURSOS OUTROS DATA DE OPERAÇÕES / TAREFAS DATA DE INÍCIO FINANCEIROS RECURSOS CONCLUSÃO Ação 15 - Sensibilizar e envolver os atores sobre a necessidade do cuidado R$20.000,00 Recursos técnicos e 30/06/2016 15/08/2014 centrado no paciente organizacionais. Recursos técnicos, Ação 16 - Instituir as linhas de cuidado R$ 47.500,00 Políticos e 16/10/2014 16/01/2015 organizacionais. Ação 17 - Construir e institucionalizar os Técnico e protocolos clínicos assistenciais R$35.000,00 16/10/2014 16/01/2015 Organizacional multiprofissionais Ação 18 - Repactuar os termos da Técnico, politicos e 0 01/01/2014 jul/16 contratualização Organizacional Ação 19 - Revisar os mecanismos e Técnico, politicos e R$20.000,00 02/10/2014 jun/16 institucionalizar a regulação interna (NIR) Organizacional Ação 20 - Instituir rotinas e equipes de Técnico e R$10.000,00 01/03/15 31/07/16 auditoria clínica Organizacional Ação 21- Institucionalizar a educação Técnico e 0 01/09/2014 02/02/2015 permanente Organizacional Nó Crítico 9: Pouca integração entre as equipe e os serviços 111 Ação 22 - Institucionalizar o dispositivo projeto terapêutico singular R$ 40.000,00 Ação 23 - Sensibilizar e envolver os atores na implementação do trabalho em equipe R$20.000,00 Técnico, politicos e Organizacional Recursos técnicos, político e organizacionais. Ação 24 - Instituir interações Matriciais Técnico e R$ 36.000,00 Organizacional entre Processos Assistenciais e de Apoio Ação 25 - Reestruturar o plano de Técnico e R$20.000,00 humanização Organizacional Nó Crítico 10 : Modelo assistencial centrado no profissional Recursos técnicos, Ação 26 - Instituir plano de segurança do R$40.000,00 político e paciente organizacionais Consolidação R$288.500,00 Recursos técnicos, político e organizacionais 01/06/2015 15/08/2014 jul/16 30/06/2016 16/01/2016 31/07/16 01/09/2014 31/07/16 01/08/2014 31/07/16 01/08/2014 31/07/2016 Fonte: O autor (2014) Assim como o plano de ação associado ao macroproblema 1, nesse, todas as ações deverão ser executadas também em um intervalo de 2 anos. Vale observar que muitas ações serão trabalhadas em paralelo e ao mesmo tempo. Outras devem respeitar a precedência que uma ação pode ter em relação à outra, permitindo que esse tipo de ação só possa ser iniciado após a conclusão daquela que a precede. Através do quadro acima, é possível identificar esse tipo de ação. Outro ponto destacado no quadro evidencia os recursos necessários à implantação das ações. Como visto, o plano de ação proposto tem orçamento previsto no total de R$ 288.500,00, recurso esse que será, em grande parte, utilizado para pagamento de consultorias, capacitações e ações de sensibilização. Convém destacar que as ações irão ser executadas a partir da utilização não somente de recursos financeiros, mas também organizacional, técnico e político. Nesse caso, é importante verificar a disponibilidade dos recursos antes de iniciar as ações, evitando, assim, interrupções na execução do plano e, consequente, perda da motivação. 5.1.3 Ações de infraestrutura Para dar suporte às ações de melhoria no campo assistencial e administrativo, é sabido que a organização deve contar com projetos estruturantes na área de infraestrutura. Nessa perspectiva, o Hospital Onofre Lopes vem desenvolvendo, ao longo dos anos, projetos estruturantes que conferem à instituição condições de assistência e de trabalho satisfatórias aos envolvidos no processo. Importa frisar que, ao longo da última década, o hospital conseguiu pôr em prática executar projetos de modernização de infraestrutura (predial e de equipamentos) que colocaram o HUOL na vanguarda hospitalar como, por exemplo, a construção de um 112 moderno centro de imagem e de um edifício central de internação dentro dos padrões atuais exigidos para uma assistência de qualidade. O HUOL conta ainda com equipamentos de última geração nos serviços de tomografia, ressonância magnética, hemodinâmica, dentre outros. Se, por um lado, esses projetos executados no passado vêm garantindo boas condições, por outro, é importante manter especial atenção para o processo contínuo de manutenção e renovação tecnológica e predial, pois caso ela seja interrompida haverá deterioração do atual parque, bem com a desmotivação dos profissionais que aqui exercem suas atividades. Por essa razão, algumas ações estruturantes são de vital importância para o atendimento do objetivo deste PDE e, consequentemente, da missão institucional. Trata-se de um plano de ação voltado para a melhoria das condições físicas do hospital, se caracterizando como obras, reformas ou aquisição de material permanente. Essas ações, por sua vez, proporcionarão condições adequadas para a implantação de um modelo assistencial e administrativo compatível com práticas modernas de gestão hospitalar. É válido destacar que, nessa seção, serão mencionadas obras e reformas cujo início ocorrerá nos próximos dois anos, embora sua conclusão extrapole esse período de tempo. Primeiramente, serão listadas as reformas necessárias para adequação física. Quadro 24 – Lista das Reformas Necessárias para Readequação Física REFORMAS Reforma da área de acolhimento do setor de internamento Climatização do setor de manipulação de intravenosos un. Farmácia Reforma de área para a implantação da unidade de atendimento de emergência referenciado Conclusão do setor de manipulação de intravenosos da unidade de farmácia, incluindo a climatização. Substituir forro na divisão de nutrição e dietética do HUOL Substituição do forro do ambulatório do HUOL Pintura das fachadas de prédios do HUOL. Reforma das instalações do serviço de oftalmologia, otorrino e banco de olhos Reforma de setores no centro de diagnóstico por imagem (2º e 3º andar) VALOR ESTIMADO PRAZO 92.547,00 EM EXECUÇÃO 119.100,10 EM EXECUÇÃO 1.333.025,00 EM EXECUÇÃO 405.220,00 EM EXECUÇÃO 86.125,48 2014-2015 1.138.617,92 2014-2015 431.561,42 2014-2015 2.432.220,00 2014-2015 2.268.500,00 2014-2015 113 Construção da passarela de acesso a central de material esterilizado Reforma e ambientação do auditório Ovídio Fernandes e sanitários coletivos Reforma da sala de conforto dos residentes Reforma de área para a implantação da central de equipamentos Reforma de área destinada a UTI clínica (2º subsolo - eci) Reforma do setor de internação e ambulatório de oncologia Reforma de área para a implantação do CRO Reforma de área para a implantação do repouso Reforma de área para a implantação do vestiário central dos servidores Reforma de muro e guarita no acesso ao 5º subsolo Urbanização do acesso principal ao campus da saúde Recuperação estrutural do prédio do ambulatório do HUOL Reforma da divisão de nutrição Reforma de ambiente para a implantação do elevador da nutrição Reforma do setor da internação hospitalar Reforma do serviço de processamento de roupas Reforma da central de material esterilizado com instalação de monta-cargas para o centro cirúrgico Reforma de área para condicionamento físico de servidores Substituição da pavimentação do passeio público da fachada frontal Reforma de área para a implantação da coleta seletiva Reforma de área para a implantação da unidade coronariana Recuperação estrutural da passarela metálica de interligação do hospital ao ambulatório e escadas de acesso aos reservatórios do edifício central de internação 56.575,00 2014-2015 570.280,00 2014-2015 99.280,00 2014-2015 154.640,00 2014-2015 150.000,00 2014-2015 634.040,00 2014-2015 208.120,00 2014-2015 285.894,00 2014-2015 159.860,00 2014-2015 898.670,00 2014-2015 91.981,80 2014-2015 653.420,25 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Fonte: O autor (2014) Como pode ser visto, há reformas em diferentes áreas do hospital com porte e orçamento variados. Além das reformas, algumas obras de maior magnitude estão 114 previstas, já estando muitas delas inseridas no plano do REHUF desde a sua gênese. As principais obradas demandadas estão listadas a seguir. Quadro 25 – Lista das Obras Necessárias para Readequação e Expansão Física OBRA VALOR PRAZO Dependendo de projeto 2015-2016 Dependendo de projeto 2015-2016 Dependendo de projeto 2015-2016 Ampliação dos Leitos de Internação Dependendo de projeto 2015-2016 Construção para implantação do Vestiário Central dos Servidores Dependendo de projeto 2015-2016 Construção do novo Serviço de Processamento de Roupas Dependendo de projeto 2015-2016 Construção do novo Serviço de Nutrição Dependendo de projeto 2015-2016 Construção das Oficinas da Manutenção Predial Dependendo de projeto 2015-2016 Construção de Edifício Garagem Dependendo de projeto 2015-2016 Construção de Edifício para Farmácia de produção Dependendo de projeto 2015-2016 Adequação das instalações físicas para o Sistema de Prevenção e Combate a Incêndios Construção do bloco contendo: Centro Cirúrgico; Unidade de tratamento intensivo (50 leitos); unidade de diálise, ampliação dos serviços de imagem, pronto atendimento referenciado e central de esterilização. Construção do novo prédio para o ambulatório Central com Unidade de internação ambulatorial (60 leitos dia) e centro cirúrgico ambulatorial Fonte: O autor (2014) Essas obras demandam a elaboração de projeto para estimar os valores necessários para sua execução. De toda forma, estão nomeadas por fazer parte do plano diretor de obras desse hospital. De fato, com a execução dessas obras, o HUOL poderá ampliar sua produção, como também melhorar ainda mais o serviço prestado à população. Deve-se ressaltar que todas as reformas e obras, aqui propostas, pressupõem a aquisição de material permanente para mobiliar e instrumentalizar os serviços que irão se instalar nessas áreas físicas. Além dessas, outras áreas já existentes e em funcionamento no hospital precisam de substituição de seu mobiliário e instrumental de trabalho para garantir melhores condições de acolhimento dos usuários e de trabalho para profissionais. A seguir, listamos alguns casos mais emergentes. Quadro 26 – Lista do Material Permanente Necessário para a Readequação Física MATERIAL PERMANENTE Aquisição de material permanente para estruturação da gerência administrativa e suas divisões, com os respectivos setores e unidades, promovendo o acolhimento de novos funcionários contratados através do concurso no Hospital Universitário Onofre Lopes. Aquisição de material permanente para instalação da Unidade Pediátrica de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes VALOR PRAZO 150.438,00 EM EXECUÇÃO 138.176,42 2014-2015 115 Aquisição de material permanente para ampliação dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes Aquisição de aparelho de anestesia e monitor multiparamétrico para RM Aquisição de mobiliário para o SAME da Unidade de Pediatria 1.101.264,79 2014-2015 334.000,00 2014-2015 Dependendo de projeto 2014-2015 Aquisição de mobiliário para renovação das áreas de recepção dos serviços do Centro de Imagem Dependendo de projeto 2014-2015 Aquisição de mobiliário para renovação das áreas de recepção dos serviços ambulatoriais do HUOL Dependendo de projeto 2014-2015 Fonte: O autor (2014) Como visto anteriormente, a lista de obras, reformas e aquisição de material permanente irá garantir condições físicas adequadas para o funcionamento dos serviços pretendidos, subsidiando, assim, tanto às atividades assistenciais quanto as administrativas. 5.2 MAPA DE RELACIONAMENTO Para uma melhor compreensão do mapa de relacionamento, algumas considerações devem ser feitas. Primeiramente, deve-se definir o que vem a ser um mapa de relacionamento. Esse é um mapa de causa e efeito, onde cada meta é relacionada com seu respectivo conjunto de ações. Sua leitura é visual e facilita a compreensão do planejamento estratégico. A vantagem de se utilizar o mapa de relacionamento, no caso específico desse PDE, é que ele faz uma conexão dos macroproblemas analisados com a missão e visão da instituição, imprimindo uma visão mais ampla do planejamento organizacional. Tal leitura deve ser iniciada pela identidade organizacional que apresenta a missão e a visão da instituição que deverão servir como ponto inicial para a compreensão do mapa. Tais conceitos são apresentados no topo do mapa em retângulos na cor cinza. Seguindo a hierarquia já apresentada anteriormente, para se atingir o proposto na identidade organizacional, deve-se compreender as metas institucionais, que no mapa de relacionamento, estão separadas e organizadas por cores. É possível observar que cada meta está vinculada a diversas ações. Isso significa que a realização de tais ações leva ao cumprimento da meta em questão que, por sua vez, leva ao alcance, consequentemente, da visão e da missão estabelecidas. Feitas as devidas considerações, pode-se então compreender o mapa de relacionamento. 116 Figura 13 – Mapa de Relacionamento da Proposta de Intervenção Fonte: O autor (2014) 117 6 GESTÃO DO PLANO A avaliação e controle são responsáveis pela verificação e medição dos resultados alcançados com base nas estratégias implantadas. Esse é um passo complexo que consiste no estabelecimento do processo de monitoração, de manutenção e da avaliação dos resultados programados. Com o intuito de operacionalizar essa fase do controle estratégico, serão utilizados alguns processos e ferramentas. De forma geral, o próprio plano de ação será o elemento central que norteará o monitoramento do PDE. Para isso, as ações do plano serão ordenadas de acordo com o prazo estabelecido para que se tenha uma avaliação cronológica. Esse acompanhamento ficará a cargo da assessoria de Planejamento do HUOL que cadastrará o plano de ação no sistema de planejamento e controle de projetos da UFRN que está disponível para uso. O sistema foi desenvolvido para automatizar o processo de acompanhamento acima mencionado. A figura, a seguir, apresenta uma das telas do sistema para alimentação do plano de ação que será posto em prática. Figura 14 - Modelo de Formulário para Cadastro e Controle da Proposta de Intervenção Fonte: UFRN (2014a). 118 O Sistema permite cadastrar e acompanhar as ações do plano de ação de forma automática por meio da construção de indicadores de execução de tarefas, bem como do alcance de meta. É possível ainda acompanhar, através do uso de elementos gráficos, as metas e a execução das ações. Figura 15 – Painel de Indicadores Fonte: UFRN (2014b) É possível associar as tarefas a serem realizadas aos mostradores acima apresentados, de forma que, à medida que as ações vão sendo desenvolvidas e registradas no sistema, o indicador se aproximará do 100%. Contudo, como o sistema foi preparado para o modelo de gestão da UFRN, há necessidade de pequenas adaptações. Além do uso desse indicador padrão, uma série de outros indicadores de acompanhamento e de resultados específicos para cada ação foi definido para facilitar a mensuração do plano de ação em dimensões de eficiência e eficácia. Esses indicadores foram definidos pelo grupo de trabalho que estruturou o plano de ação. Dessa forma, foram priorizados indicadores que estejam diretamente associados aos resultados e às metas pretendidas com a execução da ação. O quadro, a seguir, apresenta o conjunto de indicadores eleitos para esse tipo de controle de acordo com o macroproblema priorizado e suas respectivas ações. Quadro 27 – Indicadores Referentes às Ações do Macroproblema 1 MP 1: MODELO ADMINISTRATIVO INADEQUADO À REALIDADE DO HU Descritor 1 - Demora significativa do processo de compras Nó Crítico 1 : Falta de estrutura das unidades envolvidas no processo de compra OPERAÇÕES / TAREFAS AÇÃO 1 - Revisar o procedimento operacional padrão para o processo de compras (fluxograma) AÇÃO 2 - Alocar pessoal para as unidades envolvidas no processo de compras INDICADORES DE ACOMPANHAMENTO % de atividades concluídas, % dos procedimentos normatizados envolvidos em compras % de atividades concluídas, Nº pessoal alocado/Nºde pessoal necessário INDICADORES DE RESULTADO Tempo de compra, % de requisições de materiais atendidas no prazo e % de atividades realizadas em conformidade com o POP Tempo de compra, % de requisições de materiais atendidas no prazo e % de atividades realizadas em conformidade com o POP RESULTADO ESPERADO Processo de compras mais bem estruturado Processo de compras mais bem estruturado Nó Crítico 2 : Planejamento ineficaz da demanda AÇÃO 3 - Instituir o sistema de gestão de estoque % de atividades concluídas Nível de serviço (nº de requisições atendidas/ nº de requisições feitas), Melhor planejamento da 119 tempo de ruptura de estoque dos itens "A" (estoque zero) demanda dos almoxarifados Nó Crítico 3 : Falta de capacitação, responsabilização e comprometimento dos envolvidos no processo de abastecimento. Pessoal capacitado e AÇÃO 4 - Sensibilizar o pessoal % de atividades comprometido envolvido no processo de abastecimento concluídas % de setores sensibilizados com o processo de abastecimento Pessoal capacitado e AÇÃO 5 - Capacitar pessoal envolvido % de atividades comprometido no processo de abastecimento concluídas % de pessoas capacitadas com o processo de abastecimento Pessoal capacitado e AÇÃO 6 - Avaliar o pessoal envolvido no % de atividades % de pessoas avaliadas comprometido processo de abastecimento concluídas positivamente, % pessoas com o processo de avaliadas abastecimento Descritor 2 - Informalidade dos processos de trabalho Nó Crítico 4 : Cultura organizacional inadequada INDICADORES DE INDICADORES DE RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS ACOMPANHAMENTO RESULTADO ESPERADO Cultura organizacional AÇÃO 7 - Elaboração de campanha de % de atividades propícia a sensibilização para uso de POPs concluídas % de setores sensibilizados formalização dos processos Cultura organizacional AÇÃO 8 -Capacitação do pessoal % de atividades propícia a envolvido no processo administrativo concluídas % de pessoas capacitadas formalização dos processos Nó Crítico 5 : Falta de capacitação das equipes Pessoal AÇÃO 9 - Capacitação do pessoal da % de atividades capacitado para Gerência Administrativa de acordo com o % de pessoas capacitadas concluídas execução das regimento e os POPs definidos suas tarefas Nó Crítico 6 : Processo de planejamento estratégico incompleto % de atividades AÇÃO 10- Rever o modelo de Planejamento concluídas, % de planejamento estratégico para o HUOL % de metas alcançadas estratégico procedimentos com visão de crescimento instituído normatizados % de atividades Planejamento AÇÃO 11 - Implantar o planejamento concluídas, % de % de metas orçamentárias estratégico orçamentário no HUOL procedimentos cumpridas instituído normatizados Nó Crítico 7: Falta de definição dos fluxos dos processos administrativos Processos AÇÃO 12 - Elaboração de regimento % de atividades % de conformidade na Administrativos interno e POPs para todos os setores da concluídas e % de execução dos bem definidos e Gerência Administrativa setores contemplados procedimentos fortalecidos % de conformidade na execução dos procedimentos, % de Processos % de atividades equipamentos com contrato Administrativos AÇÃO 13 - Reestruturar os processos de concluídas e % de de manutenção, % de OS bem definidos e infraestrutura hospitalar. procedimentos atendidas, Tempo médio de fortalecidos normatizados máquina parada e % de equipamentos em programa de MP. % de atividades % de uso Processos Ação 14 - Instituir interações matriciais concluídas % de usuários satisfeitos Administrativos para os processos administrativos % de interações definidas com a ferramenta (pesquisa bem definidos e e detalhadas de opinião) fortalecidos Fonte: O autor (2014) 120 Quadro 28 – Indicadores Referentes às Ações do Macroproblema 2 MP 2: MODELO CLÍNICO ASSISTENCIAL INSUFICIENTE FRENTE ÀS NECESSIDADES DA POPULAÇÃO Descritor 3 - Inexistência de integralidade na assistência Nó Crítico 8 : Faltam diretrizes internas voltadas à integralidade do cuidado INDICADORES DE INDICADORES DE RESULTADO OPERAÇÕES / TAREFAS ACOMPANHAMENTO RESULTADO ESPERADO HUOL Ação 15 - Sensibilizar e envolver os mobilizado e % de atores que foram Pesquisa de opinião (antes atores sobre a necessidade do cuidado com avanços na comunicados e depois) centrado no paciente integralidade do cuidado % de Linhas de Cuidado priorizadas que foram HUOL instituídas mobilizado e % de pacientes regulados Ação 16 - Instituir as linhas de cuidado % execução das com avanços na % de altas reguladas atividades integralidade do % de pacientes atendidos cuidado em Linhas de Cuidado % de reinternações hospitalares pelo mesmo % de protocolos motivo HUOL priorizados que foram Ação 17 - Construir e institucionalizar os % de reinternações na UTI mobilizado e instituídos protocolos clínicos assistenciais pelo mesmo motivo com avanços na % de pacientes cujo multiprofissionais Consumo de materiais e integralidade do tratamento seguiu o medicamentos com base na cuidado protocolo quantidade de pacientes atendidos % de atividades concluídas HUOL % de reuniões de mobilizado e Ação 18 - Repactuar os termos da negociação realizadas % utilização da capacidade com avanços na contratualização versus previstas instalada integralidade do Atualização do cuidado Documento Descritivo da Contratualização % de pacientes ambulatoriais e internados regulados HUOL média de permanência mobilizado e Ação 19 - Revisar os mecanismos e % de atividades com avanços na hospitalar institucionalizar a regulação interna (NIR) concluídas taxa de ocupação integralidade do cuidado tempo médio da lista de espera superlotação % de atividades HUOL % de redução de não concluídas mobilizado e Ação 20 - Instituir rotinas e equipes de conformidades com avanços na nº de POPs instituídos % de resolução de não auditoria clínica % dos envolvidos integralidade do conformidade capacitados cuidado Nº de profissionais HUOL capacitados mobilizado e Ação 21- Institucionalizar a educação % de atividades % da categorias com avanços na permanente concluídas profissionais capacitados integralidade do Nº de ações de educação cuidado implantadas Nó Crítico 9 : Pouca integração entre as equipe e os serviços Ação 22 - Institucionalizar o dispositivo projeto terapêutico singular Ação 23 - Sensibilizar e envolver os atores na implementação do trabalho em equipe % de atividades concluídas Nº de fluxos definidos Nº de capacitações realizadas % de atividades cumpridas de acordo com o projeto Taxa de permanência % de reinternação pela mesma causa % de longa permanência por agravo Atuação multiprofissional das equipes % de atores que foram comunicados Pesquisa de opinião (antes e depois) Atuação multiprofissional das equipes 121 % de atividades concluídas % de interações definidas e detalhadas % de atividades Ação 25 - Reestruturar o plano de concluídas humanização Plano de humanização instituído Nó Crítico 10 : Modelo assistencial centrado no profissional Ação 24 - Instituir interações Matriciais entre Processos Assistenciais e de Apoio Ação 26 - Instituir plano de segurança do paciente % de atividades concluídas % de não cumprimento dos serviços programados (indicadores dos serviços) Atuação multiprofissional das equipes % da satisfação do usuário e profissionais Atuação multiprofissional das equipes % redução de eventos adversos Modelo assistencial com foco no paciente Fonte: O autor (2014) Ademais, serão promovidas reuniões quinzenais para discutir a execução do plano de ação. A temática dessas reuniões será alternada entre o macroproblema 1 e o macroproblema 2. Em cada reunião, haverá a exposição dos responsáveis pelas ações, evidenciando os avanços alcançados e as dificuldades encontradas de acordo com o quadro a seguir. Quadro 29 – Matriz de acompanhamento da proposta de intervenção MATRIZ PARA MONITORAMENTO DO PLANO AÇÃO SITUAÇÃO RESULTADOS DIFICULDADES NOVAS AÇÕES E/OU AJUSTES MACRO PROBLEMA DESCRITOR NÓ CRÍTICO AÇÃO Fonte: O autor (2014) Com base nos resultados verificados nessas reuniões, é que o sistema de informação será alimentado, inclusive, nesses encontros, também, será possível verificar a necessidade de mudanças no plano. Como é sabido, os planos devem ser dinâmicos e acompanhar as variações ambientais. Para melhor estruturar o processo de monitoramento, o seguinte fluxograma deverá ser seguido. 122 Figura 16 – Fluxograma de Monitoramento da execução da proposta de ação Fonte: O autor (2014). De forma complementar importa destacar que será exigido, semestralmente, um relatório parcial ao responsável pelas ações do plano. Esse relatório deverá apresentar uma síntese das ações executadas, evidenciando os avanços conquistados a partir dos indicadores definidos, os recursos utilizados, as dificuldades enfrentadas e os prazos estabelecidos. Para isso, o plano de ação deve ser o documento base para a elaboração desse relatório. Ao final do ciclo deste PDE (2 anos), a Assessoria de Planejamento preparará um relatório consolidado que dará origem a uma apresentação a ser divulgada para todo o hospital e outros stakeholders que, porventura, tenham interesse. Esse mesmo relatório será utilizado como ponto de partida para a construção do PDE para o próximo ciclo que deverá obedecer metodologia semelhante a aqui utilizada. 123 REFERÊNCIAS ACKOFF, R. L. Redesigning the future. New York: Wiley, 1974. AFONSO, A. J. 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Acesso em: 4 fev. 2014. 130 APÊNDICE Macro problema MP1 MP1 MP1 Nó crítico NC1 NC1 NC2 Precedência Responsável Data Início Indicadores de monitoramento R$ 10.400,00 % de atividades concluídas, % dos procedimentos normatizados envolvidos em compras R$ 5.000,00 % de atividades concluídas, Nº pessoal alocado/Nºde pessoal necessário R$26.400,00 % de atividades concluídas Ações e atividades 1 Revisar o procedimento operacional padrão (POP) para o processo de compras Daniel, Myrna, Mônica Cabral, João Carlos, Leonardo, Augusto e Samuel 2 Alocar pessoal para as unidades envolvidas no processo de abastecimento João Alves,Ângela Lobo, Zilma, Zilmar, Daniel e Rogério. 3 Instituir o sistema de gestão de estoque João Carlos, Rogério, Augusto e Isaura João Alves, Ângela Lobo, Rogério, Isaura, Zilmar, Liziane e Zilma 01/08/2014 31/12/2014 R$ 10.000,00 % de atividades concluídas % de setores sensibilizados 01/08/2014 01/08/2014 15/08/2014 Data Fim Recursos financeiros (R$ mil) ID 31/01/2015 01/04/2015 31/07/2016 Indicadores de resultado Tempo de compra, % de requisições de materiais atendidas no prazo e % de atividades realizadas em conformidade com o POP Tempo de compra, % de requisições de materiais atendidas no prazo e % de atividades realizadas em conformidade com o POP Nível de serviço (nº de requisições atendidas/ nº de requisições feitas), tempo de ruptura de estoque dos itens "A" (estoque zero) MP1 NC3 4 Sensibilizar o pessoal envolvido no processo de abastecimento MP1 NC3 5 Capacitar pessoal envolvido no processo de abastecimento João Alves, Ângela Lobo, Rogério, Isaura, Zilmar, Liziane e Zilma 01/10/2014 01/07/2015 RS 12.000,00 % de atividades concluídas % de pessoas capacitadas MP1 NC3 6 Avaliar o pessoal envolvido no processo de abastecimento João Alves, Ângela Lobo, Rogério, Isaura, Zilmar, Liziane e Zilma 01/01/2014 31/07/2016 0 % de atividades concluídas % de pessoas avaliadas positivamente, % pessoas avaliadas MP1 NC4 7 Elaborar campanha de sensibilização para o uso de POPs João Alves, Ângela Lobo, Lagreca, Zilmar, Rogério e Daniel 01/08/2014 31/12/2014 R$ 10.000,00 % de atividades concluídas % de setores sensibilizados Resultado esperado / Meta Processo de compras mais bem estruturado Processo de compras mais bem estruturado Melhor planejamento da demanda dos almoxarifados Pessoal capacitado e comprometido com o processo de abastecimento Pessoal capacitado e comprometido com o processo de abastecimento Pessoal capacitado e comprometido com o processo de abastecimento Cultura organizacional propícia a formalização dos processos 131 João Alves, Ângela Lobo, Lagreca, Zilmar, Rogério e Daniel 01/10/2014 01/07/2015 R$ 35.000,00 % de atividades concluídas % de pessoas capacitadas Cultura organizacional propícia a formalização dos processos Pessoal capacitado para execução das suas tarefas MP1 NC4 8 Capacitar o pessoal envolvido no processo administrativo MP1 NC5 9 Capacitar pessoal da Gerência administrativa de acordo com os POPs definidos Zilmar, Daniel, Rogério e João Alves 01/10/2014 01/07/2015 Incluído na ação 2, do NC1, D2 % de atividades concluídas % de pessoas capacitadas Assessoria de Planejamento, Lagreca, Zilmar, Stênio e Irami 01/08/2014 30/11/2014 R$ 26.400,00 % de atividades concluídas, % de procedimentos normatizados % de metas alcançadas Planejamento estratégico instituído % de metas orçamentárias cumpridas Planejamento estratégico instituído % de conformidade na execução dos procedimentos Processos Administrativos bem definidos e fortalecidos Processos Administrativos bem definidos e fortalecidos Processos Administrativos bem definidos e fortalecidos MP1 NC6 10 Rever o modelo de planejamento estratégico para o HUOL com visão de crescimento MP1 NC6 11 Implantar planejamento orçamentário no HUOL Assessoria de Planejamento, Lagreca, Zilmar e Daniel 01/01/2015 01/02/2015 Incluso na Ação 1, NC3, D2 MP1 NC7 12 Elaborar regimento interno e POPs para todos os setores da Gerência Administrativa Zilmar, Daniel, Rogério e João Alves 01/08/2014 31/07/2015 R$ 62.400,00 MP1 MP1 NC7 NC7 13 Reestruturar processos de infraestrutura hospitalar 14 Instituir interações matriciais para os processos administrativos MP2 NC8 15 Sensibilizar e envolver os atores sobre a necessidade do cuidado centrado no paciente MP2 NC8 16 Instituir as linhas de cuidado Rogério, Josimar, Amorim e Rafael Rogério, Zilmar, Daniel, João Alves 15 e 20 Mônica, Stenio, Lagreca, Irami, Neuma, Juarez, João Alves, Débora e um representante da COREME. Stenio, Mônica, Lagreca, Irami, Neuma, Juarez, Kátia, Aldair, 01/08/2014 01/01/2016 31/07/2015 31/07/2016 % de atividades concluídas, % de procedimentos normatizados % de atividades concluídas e % de setores contemplados Incluso na ação 1, NC4, D2 % de atividades concluídas e % de procedimentos normatizados % de conformidade na execução dos procedimentos, % de equipamentos com contrato de manutenção, % de OS atendidas, Tempo médio de máquina parada e % de equipamentos em programa de MP. R$ 18.200,00 % de atividades concluídas % de interações definidas e detalhadas % de uso % de usuários satisfeitos com a ferramenta (pesquisa de opinião) 15/08/2014 30/06/2016 R$20.000,00 % de atores que foram comunicados Pesquisa de opinião (antes e depois) 16/10/2014 16/01/2015 R$ 47.500,00 % de Linhas de Cuidado priorizadas que foram instituídas % execução das % de pacientes regulados % de altas reguladas HUOL mobilizado e com avanços na integralidade do cuidado HUOL mobilizado e com avanços na 132 MP2 MP2 MP2 MP2 MP2 NC8 NC8 NC8 NC8 NC8 17 18 19 20 21 Construir e institucionalizar os protocolos clínicos assistenciais multiprofissionais 15 e 20 Irami, Stenio, Mônica, Lagreca, Neuma, Juarez, Débora, Kátia, representante da residência médica, Ivânia R$35.000,00 % de protocolos priorizados que foram instituídos % de pacientes cujo tratamento seguiu o protocolo 0 Stênio, Mônica , Antônio José, Lagreca, Rute, Helena e equipe Revisar os mecanismos e institucionalizar a regulação interna (NIR) Institucionalizar a educação permanente atividades % de pacientes atendidos em Linhas de Cuidado Helena, Stenio, Zilmar, Lagreca, Antônio José, Elza, Conceição Moreno, Irami Repactuar os termos da contratualização Instituir rotinas e equipes de auditoria clínica Consuelo, Ivânia, Conceição Batista, Hênia, representante das Linhas de Cuidado priorizadas 16 e 17 Equipe de auditoria, Conceição Silva, Juarez, Neuma, Valdjane, Gaugefran, representante da COREME e COREMU e Mauro Maria da Guia, João Alves, Juarez, Neuma, COREME e COREMU, Stênio e Irami 16/10/2014 01/01/2014 02/10/2014 01/03/15 01/09/2014 16/01/2015 jul/16 jun/16 31/07/16 02/02/2015 integralidade do cuidado % de reinternações hospitalares pelo mesmo motivo % de reinternações na UTI pelo mesmo motivo Consumo de materiais e medicamentos com base na quantidade de pacientes atendidos HUOL mobilizado e com avanços na integralidade do cuidado % de atividades concluídas % de reuniões de negociação realizadas versus previstas Atualização do Documento Descritivo da Contratualização % utilização da capacidade instalada HUOL mobilizado e com avanços na integralidade do cuidado R$20.000,00 % de atividades concluídas % de pacientes ambulatoriais e internados regulados média de permanência hospitalar taxa de ocupação tempo médio da lista de espera superlotação HUOL mobilizado e com avanços na integralidade do cuidado R$10.000,00 % de atividades concluídas nº de POPs instituídos % dos envolvidos capacitados % de redução de não conformidades % de resolução de não conformidade HUOL mobilizado e com avanços na integralidade do cuidado % de atividades concluídas Nº de profissionais capacitados % da categorias profissionais capacitados Nº de ações de educação implantadas HUOL mobilizado e com avanços na integralidade do cuidado 0 133 MP2 NC9 22 MP2 NC9 23 MP2 MP2 MP2 NC9 NC9 NC10 24 Institucionalizar o dispositivo projeto terapêutico singular Sensibilizar e envolver os atores na implementação do trabalho em equipe Instituir interações Matriciais entre Processos Assistenciais e de Apoio 25 Reestruturar o plano de humanização 26 Instituir plano de segurança do paciente Lagreca, Stênio, Eudes Godoy, COREME e COREMU, Aldair, Fátima Olivar, Representante das categorias Equipe de governança Mônica, Antônio José, Neuma, Juarez, Mabel, Helena, Daniel, Rogério,Eliel, Isaura e João Maria da Guia, João Alves, Representante Serviço Social, Juarez, Nelma e Neuma Lagreca, Stênio, Eudes Godoy, COREME e COREMU, Aldair, Fátima Olivar, Representante das categorias 01/06/2015 jul/16 R$ 40.000,00 % de atividades concluídas Nº de fluxos definidos Nº de capacitações realizadas % de atividades cumpridas de acordo com o projeto 15/08/2014 30/06/2016 R$20.000,00 % de atores que foram comunicados Pesquisa de opinião (antes e depois) Assistência centrada no paciente e multidisciplinar % de atividades concluídas % de interações definidas e detalhadas % de atividades concluídas Plano de humanização instituído % de não cumprimento dos serviços programados (indicadores dos serviços) Assistência centrada no paciente e multidisciplinar % da satisfação do usuário e profissionais Assistência centrada no paciente e multidisciplinar % de atividades concluídas % redução de eventos adversos Redução no quantitativo de eventos adversos 16/01/2016 01/09/2014 01/08/2014 31/07/16 R$ 36.000,00 31/07/16 R$20.000,00 31/07/16 R$40.000,00 - Taxa de permanência % de reinternação pela mesma causa % de longa permanência por agravo Assistência centrada no paciente e multidisciplinar