A Integralidade do cuidado e a qualificação da assistência no SUS Andréa M. Silveira Gerente de Atenção à Saúde HC-UFMG/ Ebserh 13/10/2016 Relação do HC com o SUS: Hospital universitário público, geral, credenciado para atendimento a todas as especialidades oferecidas pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Referência municipal, metropolitana e estadual para média e HC alta complexidade. UFMG DEMAIS HOSPITAIS SAMU SMSA UBS UPA CEM Estrutura Física: Área construída: 63.400 m2 Prédio principal e 8 anexos Leitos ativos: 513 Leitos gerais: 419 Leitos de terapia intensiva: 90 Salas cirúrgicas: 34 Consultórios: 344 Hospital São Geraldo Ambulatório Borges da Costa Ambulatório São Vicente Hospital São Vicente de Paulo CTR-DIP Anexo VIII Ambulatório Dermatologia Ambulatório Bias Fortes Instituto Jenny Faria de Atenção à Saúde do Idoso e da Mulher Atividades Assistenciais: Consultas ambulatoriais: 36.000/mês Consultas em emergência: 4.500/mês Cirurgias: 1.600/mês Internações: 1.500/mês 160.000 exames laboratoriais /mês Partos: 200/mês Ênfase na alta complexidade Atendimento a todas as especialidades do SUS, excetuando Radioterapia HC-UFMG na Rede Ebserh: Integralidade Constituição Federal “Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade.” Lei 8080 Dos Princípios e Diretrizes Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; • Perspectivas da integralidade no âmbito da Reforma Sanitária Brasileira a) como integração de ações de promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde, compondo todos os níveis de prevenção ; b) como forma de atuação profissional abrangendo as dimensões biológica, psicológica e social; c) como garantia da continuidade da atenção nos distintos níveis de complexidade do sistema de serviços de saúde; d) como articulação de um conjunto de políticas públicas vinculadas a uma totalidade de projetos de mudanças que incidissem sobre as condições de vida, determinantes da saúde e dos riscos de adoecimento, mediante ação intersetorial. Fonte: Paim JS; Vieira LM; Universalidade, integralidade, equidade e SUS. BIS, Bol. Inst. Saúde (Impr.) v.12 n.2 São Paulo ago. 2010. • Cuidado integral, a pessoa é compreendida na sua totalidade, considerando os aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Valoriza a interação entre os sujeitos e a construção dos vínculos; • Prática integral organiza e articula processos de trabalho e tecnologias distintos, possibilitando que trabalhos parcelares resultem numa intervenção mais brangente e completa; • Programa integral explicita objetivos, recursos e atividades contemplando necessidades de diversas ordens, inclusive os determinantes socioambientais de uma dada situação, embora com uma atuação predominantemente setorial; • Políticas públicas integradas ou integrais implicam a articulação de políticas, programas e projetos, exigindo ação intersetorial e gestão compartilhada e pactuada. • O sistema permite o entrosamento de políticas, programas, práticas e cuidados. No âmbito do HC-UFMG, entendemos Linha de Cuidado como o mecanismo de operacionalizar o princípio da integralidade, ou seja, a forma de organização do cuidado que garanta acesso às ações de promoção, prevenção, assistência e reabilitação da saúde e aos recursos tecnológicos necessários para tal, de forma contínua, humanizada, segura, articulada e integrada, segundo as necessidades e as prioridades do paciente, no interior da Rede de Assistência à Saúde (RAS). Linha de Cuidado é assim uma forma de reorganização e articulação das ações e recursos para o cuidado a saúde orientadas por protocolos clínico-assistenciais, pactos e acordos que definam as responsabilidades e fluxos de informações e dos pacientes, no interior de cada unidade e entre os pontos de atenção à saúde que compõem a RAS. ETAPAS GERENCIAMENTO DE CASO – IMPLANTAÇÃO LINHAS DE CUIDADO DIAGNÓSTICO Realizar levantamento de dados sobre a equipe e a instituição (como a assistência acontece atualmente, principais dificultadores e melhores práticas**); Definir perfil epidemiológico dos pacientes; Mapear rede socioassistencial* com foco na origem do paciente e do seu encaminhamento e retorno à rede de atenção SUS (portas do sistema, cuidado secundário, formas de regulação e autorização de procedimentos, procedimentos remunerados pelo sistema etc.); Realizar levantamento preliminar de aspectos relacionados à efetividade e custoefetividade da assistência prestada nos serviços que estão relacionados ao cuidado oferecido aos pacientes que irão integrar a Linha (levantar faturamento e perdas relacionadas, glosas); Realizar entrevistas com equipe e, se necessário, com pacientes sobre a percepção acerca do serviço prestado (oportunidades de melhoria e de excelência); Identificar estratégias já instituídas, de prestação de um cuidado holístico ao paciente. PLANEJAMENTO Definir equipe responsável pela criação e implantação das Linhas de Cuidado que compõem a Linha global; Contratualizar com a equipe responsável prazos para a implantação das Linhas de Cuidado; Elaborar cadeia cliente-fornecedor, com especificação dos serviços prestados entre os setores e clínicas que compõem o processo; Elaborar documento de contratualização interna entre fornecedores e clientes que componham a Linha, oficializando a padronização dos processos descritos na cadeia clientefornecedor; Elaborar mapa de risco assistencial de cada setor envolvido e Matriz de Risco de toda a Linha, definindo gerenciamento de riscos; Elaborar estratégias para reduzir riscos descritos na Matriz de Riscos; Planejar ações estratégicas que viabilizem a prestação do cuidado integral. Descrever o perfil e competências a serem mobilizadas pela equipe multidisciplinar; Elaborar instrumentos de monitoramento pertinentes que possibilitem alimentar os indicadores de gestão de cada Linha; Elaborar normas e rotinas, protocolos e instruções técnicas de trabalho do serviço incluindo documento descrevendo direitos e deveres dos pacientes; Organizar fluxograma para avaliação e tratamento do paciente considerando as especificidades do serviço e protocolos clínicos; Elaborar fluxo de paciente da admissão ou inicio do tratamento à alta responsável; Desenhar as linhas de cuidado a partir dos fluxos definidos; Elaborar instrumento multidisciplinar de admissão e consulta periódicas dos pacientes garantindo interdisciplinaridade; Elaborar/adaptar indicadores de qualidade para gerenciamento dos processos; Definir critérios de avaliação e de auditoria do processo descrito na Linha de cuidado; Planejar reuniões periódicas para feedback da equipe e possíveis ajustamentos nos processos; Pactuar com SMSA e SES demandas relacionadas com continuidade de cuidado na rede de atenção à saúde pós implantação da Linha. Pactuar com SMSA regulação de todos os novos atendimentos prestados pela Linha Definir plano de comunicação para ciência e envolvimento do público interno e externo no processo a ser instituído, ressaltando benefícios a serem alcançados; INTERVENÇÃO Implantar plano de comunicação definido; Pactuar processos descritos na cadeia-cliente-fornecedor com responsáveis pela prestação do serviço; Capacitar toda a equipe assistencial e administrativa nos processos instituídos; Intervir, conforme estratégias definidas, para redução dos riscos descritos na Matriz de risco; Reunir com equipes para oficializar contratualização interna; Implantar fluxograma de avaliação e tratamento clínico; Implementar fluxo de paciente no serviço e continuidade do cuidado na rede; Aplicar instrumento de admissão e consultas periódicas; Aplicar normas e rotinas do serviço; Implantar os instrumentos de monitoramento de dados de tempo de permanência no serviço, intervenções realizadas e custos do serviço; Realizar reuniões periódicas para feedback com a equipe; Instituir as ações estratégicas que viabilizem a prestação do cuidado holístico. COORDENAÇÃO Coordenar a implementação das ações de forma compartilhada com a equipe responsável pela implantação da Linha. Buscar feedback dos diversos profissionais envolvidos no processo e também dos pacientes. MONITORAMENTO Monitorar as ações, processos e indicadores gerados nas etapas anteriores; Monitorar o desempenho da equipe multidisciplinar para atuação junto aos pacientes e seus familiares; Monitorar a satisfação dos profissionais e pacientes após as etapas implementadas; Monitorar o cumprimento das contratualizações internas; Monitorar os impactos da proposta de intervenção no serviço, considerando o custoefetividade das ações; AVALIAÇÃO Avaliar as ações de forma compartilhada com a equipe responsável e com pacientes; Avaliar a efetividade e custo-efetividade do serviço prestado; Analisar os impactos da intervenção a nível hospitalar e na rede de atenção à saúde; Linhas prioritárias • Infarto Agudo do Miocárdio • Materno Infantil • Onco-hematológica • Acidente Vascular Encefálico Dificuldades • Novidade do modelo para grande parte dos trabalhadores – transição de força de trabalho precarizada para força de trabalho concursada; • Mudança de cultura (dificuldades de entendimento do modelo, pouca tradição de construção de planos de cuidado em equipe); • Conflitos em torno da concepção de que a integralidade implica na garantia de atenção nos três níveis de complexidade da assistência no complexo hospitalar; • Dimensionamento insuficiente da equipe multidisciplinar; • Construção dos protocolos clínicos assistenciais baseados nas melhores evidências; • Crise econômico/financeira do SUS (redução de prestadores; dificuldades de acesso à média complexidade, dificuldades de acesso a medicamentos); • Grande judicialização; • Sobrecarga da Atenção Básica; Obrigada! Desempenho do HC/UFMG no Processo de Acreditação pela JCI