Inserção de Mini-implantes

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Biörn Ludwig • Bettina Glasl • Constantin Landes
Thomas Lietz • S. S. Jay Bowman
Inserção de Mini-implantes
Preparação para Inserção de
Mini-implantes
A aplicação de ancoragem esquelética consiste
de dois passos de trabalho essenciais: a inserção
do mini-implante e, então, a acoplagem de dispositivos ortodônticos ou biomecânicos. Os passos
devem ser documentados cuidadosamente no
arquivo do paciente. Neste capítulo, são descritos
a preparação e o processo de inserção de mini-implantes.
A colocação bem-sucedida de um mini-implante é uma condição básica para que se consiga
utilizar a ancoragem cortical na mecânica ortodôntica. Como descrito no capítulo 3, autores diferentes formularam requerimentos para a ancoragem
esquelética4,13,15,23. A maioria desses requerimentos
tem seu foco no processo de inserção.
A seguir, estão descritos os fatores que têm
relação direta com o sucesso da inserção dos dispositivos de ancoragem temporária.
• Dimensão pequena (comprimento e diâmetro) do mini-implante.
• Fáceis posicionamento e inserção.
• Estabilidade primária.
• Fácil remoção.
Este capítulo pode ajudar o clínico no planejamento prático do tratamento: seleção do local,
diagnóstico pré-operatório, anestesia e, especialmente, processo de inserção.
Planejamento Pré-cirúrgico
Quando o planejamento do tratamento inclui o
uso de dispositivo de ancoragem temporária, o
ponto inicial é o exame de históricos ortodônticos típicos (radiografias, modelos, fotografias e
exame clínico). Selecionar o local para que o mini-implante seja posicionado com segurança (p.
4
ex., evitar raízes ou estruturas “vitais”) pode exigir
atenção absoluta ao assunto. Já que a aplicação de
mecânicas ortodônticas, e sistemas de forças estão
envolvidos, um exame global mais substancial de
históricos do diagnósticos também será necessário. Em outras palavras, é importante encontrar o
local adequado para a inserção bem-sucedida do
mini-implante, mas também que se determine se o
local servirá de ancoragem apropriada para os movimentos dos dentes requeridos pela maloclusão
específica a ser tratada.
Quando o paciente passa pela primeira avaliação no exame clínico, as exigências básicas da
ancoragem para uma maloclusão específica pode,
com frequência, ser determinada imediatamente.
Se os mini-implantes forem capazes de melhorar a
eficiência e eficácia das mecânicas desejadas, então este conceito poderá ser introduzido como
uma possibilidade para o paciente.
Após ser feito o diagnóstico, a posição desejada
do mini-implante pode ser determinada no estudo
de modelos e com fotografias intrabucais. A seguir,
as radiografias (panorâmica e periapical do local
inter-radicular específico) são examinadas para tentar determinar se o local desejado tem espaço suficiente para a colocação segura do implante. Uma
segunda série ou fotocópias das fotografias intrabucais são especialmente úteis no planejamento das
mecânicas que poderão ser utilizadas durante o tratamento. Desenhar vetores e as mecânicas propostas nas fotografias ajudam ao clínico a determinar
o melhor local para inserir o mini-implante. Estes
desenhos também são úteis na consulta com o paciente e se necessário para conversar sobre o caso
com o cirurgião-dentista que indicou o paciente.
Para uma inserção bem-sucedida, com estabilidade primária favorável do mini-implante, deve
haver densidade óssea suficiente, espessura cortical
e distância entre as raízes dos dentes. Os mini-im-
73
Mini-implantes em Ortodontia § Conceitos Inovadores em Ancoragem
Estabilidade primária
Estabilidade
com o osso
Fig. 4-1 Ancoragem monocortical.
Fig. 4-2 Estabilidade secundária do
mini-implante: ilustração após período de inserção.
Fig. 4-3 Risco de perda de estabilidade primária aumentado: inserção de mini-implantes
adjacentes aos folículos dentários e dentes provisórios.
Fig. 4-5 Foto clínica dos eixos dentários e posição da junção mucogengival.
74
Estabilidade secundária
Período após a inserção
Fig. 4-4 Modelo de eixos dentários e posição da junção mucogengival.
plantes são ancorados monocorticalmente, embora em alguns casos, implantes mais longos possam
ser usados para ancoragem bicortical na arcada
mandibular (o mini-implante é orientado através
da superfície vestibular e a ponta do mini-implante
será longa o suficiente na inserção completa para
penetrar no osso cortical na superfície lingual).
A ancoragem monocortical indica que a ancoragem com o mini-implante é derivada principalmente do osso cortical apenas em um lado do alvéolo (Fig. 4-1). Já que o osso cortical tem somente
alguns milímetros de espessura, é importantíssimo
que a estabilidade primária seja obtida; caso contrário, resultará em perda prematura ou falha do mini-implante. Como os mini-implantes são “implantes
não osteointegrados”, eles são seguros meramente
por retenção mecânica das roscas e por capacidade
elástica do osso.
Esta estabilidade primária diminui após 4 a 6
semanas. A estabilidade secundária, no entanto, aumenta através do estímulo de formação óssea entre
a segunda e terceira semanas (Fig. 4-2). O potencial
para a verdadeira osteointegração é controversa.
Capítulo 4 § Inserção de Mini-implantes
Naturalmente, estes mini-implantes são fabricados
com ligas de titânio que são praticamente idênticas à dos osteointegráveis usados para substituição
protética. Apesar do fato de que os mini-implantes
têm diâmetro menor, as roscas são altamente polidas, não são “tratadas” para promover a osteointegração e, consequentemente, têm menos área de
superfície para contato ósseo; pode ainda haver a
possibilidade de osteointegração intencional, para
aumentar as taxas de retenção ou estabilidade, podendo, ainda assim, achar um lugar na ancoragem
temporária no futuro.
Atualmente, devemos nos deter à estabilidade
primária para alcançarmos bons resultados. Como
resultado, o design, a tecnologia de inserção e as
técnicas clínicas são fatores mais importantes.
Para atingir estabilidade primária suficiente, a boa
qualidade óssea é a primeira exigência. A densidade
e a espessura da maxila e da mandíbula dependem
da idade do paciente, dos fatores genéticos, da região específica da inserção e da carga funcional. A
densidade dos ossos cortical e esponjoso subjacente dependem de cada arcada e dos diferentes
locais dentro delas. Por exemplo, diferenças dramáticas em qualidade e quantidade de osso pode ser
observada entre a região anterior, na mandíbula, e
a posterior. É necessário precaução ao colocar um
mini-implante adjacente ao folículo dentário ou
próximo a um dente decíduo, já que existe uma
arquitetura óssea mais “espaçosa” nestas áreas (Fig.
4-3). E locais onde foram feitas extrações, deve ser
permitida a regeneração óssea antes da inserção
de mini-implantes para assegurar densidade óssea
suficiente. A espessura e densidade do osso cortical são o fator mais importante para a estabilidade
primária22,26.
Análise de Modelo e Planejamento do
Tratamento Clínico
Análise de Modelo
A seleção do lugar para a inserção pode ser
feita também em um modelo de gesso dos dentes do paciente. Esse local pode ser selecionado
especificamente baseado na anatomia, à parte da
aplicação prática da mecânica (uma outra parte
do processo de decisão a ser descrita depois).
Nesse processo, dois parâmetros morfológicos
devem ser considerados: as angulações (eixos)
dos dentes adjacentes ao local do mini-implante
e a localização da linha mucogengival.
Está muito claro que os mini-implantes não devem ser inseridos nas raízes. Mas há outras considerações ao selecionar um local de inserção. Se um
mini-implante estiver para ser colocado apical à
junção mucogengival, dentro da mucosa gengival,
poderão ocorrer complicações geradas por irritação mecânica, inflamação e supercrescimento de
tecido. Esses fatores podem igualmente fazer com
que haja falha prematura. Em consequência disto, é
o óbvio que se um mini-implante for posicionado
“entre raízes” e também na gengiva inserida mais
para oclusal em relação à linha mucogengival, este
terá mais chance de êxito.
Quando o eixo longitudinal dos dentes e a posição da linha mucogengival são considerados
(Fig. 4-4), haverá uma área restrita onde um mini-implante pode ser inserido. Poggio descreveu essas chamadas “zonas seguras” para a inserção. As
demarcações dessas regiões concordam aproximadamente com os limites, tais como as definidas no diagrama da figura 4-4.
Schnelle et al.30 e Costa et al.67 também examinaram a relação de espaço entre a junção cemento-esmalte (JCE) e a junção mucogengival (JMG).
Dessa forma, quando consideramos as limitações
do espaço inter-radicular junto às raízes dos dentes
e o comprimento da gengiva inserida, notamos que
há um campo restrito significativo para a inserção
apropriada do mini-implante – locais apropriados
são limitados.
Os longos eixos das raízes podem, com frequência, ser determinados pelo curso da jugae alveolariae (ou proeminência da raiz) no modelo de gesso.
O comprimento da linha mucogengival pode ser
medido intrabucalmente da borda marginal da
gengiva com uma sonda milimetrada comum e
esta medida pode ser transferida para o modelo de
gesso.
Avaliação Clínica
Mais frequentemente, a cabeça de um mini-implante deve se encontrar dentro da gengiva inserida para evitar riscos de complicações2, 25 (Figs.
4-5 e 4-6). Na mandíbula, a cabeça do mini-implante é posicionada acima da linha mucogengival e, na maxila, a cabeça está abaixo da linha
mucogengival.
As angulações dos dentes na área onde um
implante será colocado também podem ser determinadas clinicamente. A jugae alveolariae ou
75
Mini-implantes em Ortodontia § Conceitos Inovadores em Ancoragem
Fig. 4-6 Ilustração esquemática da inserção de
mini-implante: entre os
eixos dentários e dentro
da gengiva inserida.
Fig. 4-7 Fio como dispositivo de orientação radiopaca.
Fig. 4-8 Resultado falso “falso positivo” de
filme de orientação única.
Fig. 4-9 Ortopantomograma como radiografia pré-operatória (região
de 45 e 46).
Fig. 4-10 Radiografia experimental tridimensional do
ponto de inserção do mini-implante.
Fig. 4-11 Emprego de guia
radiográfico seguindo controle e identificação de local “positivo”.
Fig. 4-12 Pinos pequenos
de orientação radioopaca, presos com fio dental
para facilitar a recuperação.
proeminência da raiz é, frequentemente, aparente ou pode ser apalpada para determinar os eixos
das raízes dos dentes adjacentes.
Análise de Radiografias
Exames radiográficos antes da inserção auxiliam
de duas maneiras: segurança prévia e documentação. As radiografias fornecem uma enquete
topográfica de estruturas anatômicas relevantes.
No mínimo, algum tipo de radiografia panorâmi-
76
ca é exigido para a estimativa da qualidade do
osso, das angulações da raiz e da proximidade
a estas, e da posição das estruturas anatômicas
vitais (p. ex., germes dentários, nervos, vasos e
seios nasais). A natureza reveladora do filme panorâmico pode levar o clínico a fazer radiográficas adicionais detalhadas (periapical, oclusal ou
mesmo com tomografia) para, de modo mais
acurado, determinar se o local de inserção selecionado é seguro.
Um guia cirúrgico pode ser posicionado para
encontrar um local de inserção antes de se ob-
Capítulo 4 § Inserção de Mini-implantes
Figs. 4-13 e 4-14 Posição final acima da linha
mucogengival: controlado por radiografia.
Figs. 4-15 e 4-16 O pino
de orientação no palato
duro. A radiografia pré-operatória indica a posição inapropriada para a inserção. A seta indica uma
posição mais adequada.
ter uma radiografia pré-cirúrgica. Esses guias são,
normalmente, fixados ou encaixados em superfícies oclusais dos dentes ou podem ser anexados
aos arcos ortodônticos ou brackets se eles forem
previamente aplicados14,18,21. Com frequência,
estes dispositivo são presos, temporariamente,
com adesivos dentais, às superfícies oclusais dos
dentes, nos locais planejados para a inserção (Fig. 4-7). A radiografia periapical subsequente, obtida com técnica paralela apropriada, pode ajudar melhor a estimar a posição da inserção entre as
raízes. Infelizmente, distorções e erros na técnica
do paralelismo podem produzir “falsos-positivos”
e a inserção pode ainda ser feita no local errado
(Fig. 4-8). Embora ainda haja distorções, o filme
panorâmico pode prover menos questões de
ajuste (Fig. 4-9).
O ideal seria utilizar tomografia tridimensional (Fig. 4-10). Infelizmente, o acesso e a despesa extra com esses dispositivos e a avaliação do custo/
benefício de imagens 3D rotineiras para maiores
possibilidades de inserção de mini-implantes
não parecem fazer sentido neste momento. Mais
detalhes sobre este assunto serão discutidos no
capítulo 6. Se um guia radiográfico for usado e um bom local para inserção é percebido, o guia
cirúrgico poderá usado para marcar o ponto de
inserção intrabucalmente (Fig. 4-11).
Alternativas em substituição aos guia cirúrgicos são os pequenos pinos de orientação (Fig.
4-12). Esses pequenos implantes análogos estéreis são inseridos fazendo uma leve pressão digital (após anestesia local apropriada) no local
exato onde o mini-implante será inserido. Este
pino orientador é parecido com uma “tachinha”
usado comumente para marcar locais em mapas geográficos. Esses pinos radiopacos devem
ter um fio dental preso em volta deles para que
possam ser recuperados com facilidade (e não
engolidos), caso se desloquem. Com o pino em
posição, é apropriado fazer uma nova radiografia
para ajudar a determinar a posição final do mini-implante (Figs. 4-13 e 4-14).
O pino de orientação pode também ser usado no planejamento do local da inserção de mini-implantes no palato duro (Figs. 4-15 e 4-16).
No exemplo mostrado na figura 4-16 parece que
o posicionamento do mini-implante mais anteriormente pode ser mais apropriado.
77
Mini-implantes em Ortodontia § Conceitos Inovadores em Ancoragem
Fig. 4-17 Processo de inserção: mini-implantes autorrosqueáveis.
Fig. 4-18 Processo de inserção: mini-implantes autorrosqueáveis.
Diâmetro
externo
Gengiva
Cabeça
Transgengival/
porção sem rosca
Osso cortical
Rosca
Comprimento
do implante
Osso esponjoso
Ponta autoperfurante ou broca
Fig. 4-19 Estruturas anatômicas que interagem com mini-implantes.
Fig. 4-20 Modelo típico de mini-implante.
Procedimento de Inserção do
Mini-implante/Pino
Mini-implante Autorrosqueante ou
Autoperfurante ?
Duas variações de sistemas têm se estabelecido no mercado recentemente: mini-implantes
autorrosqueantes (Fig. 4-17) e autoperfurantes
(Fig.4-18). Há vantagens e desvantagens para ambos os tipos.
Os mini-implantes autorrosqueáveis exigem
perfuração prévia e, como tal, têm mais requerimentos para equipamento técnico.
Os sistemas de autoperfurantes não exigem
perfuração prévia compulsória do osso-base
(embora em alguns casos possa ser benéfico). O
autoperfurante funciona, dependendo da forma
das roscas, através da gengiva sem a necessidade
do orifício-piloto.
Todos os fabricantes atualmente parecem oferecer mini-implantes autoperfurantes. Outros (p.
78
ex., Spider Screw e Tomas) também oferecem variações autorrosqueantes. Atualmente, na literatura não existem evidências que indiquem se um
mini-implante autoperfurante ou autorrosqueável
tem um prognóstico clínico melhor24. Para regiões
com estrutura do osso cortical menos densa, são
recomendados mini-implantes autperfurantes.
Se, contudo, a placa cortical for bem densa ou espessa (p. ex., alvéolo mandibular de homens adultos), a perfuração prévia do orifício-piloto tanto
para um mini-implante autorrosqueável quanto
para autoperfurante é mais prudente.
Os custos cirúrgicos e o risco potencial devem
ser avaliados em cada caso: um tipo de análise
risco/benefício na determinação do tipo de mini-implante (autoperfurante ou autorrosqueante)
a ser utilizado (ver explicações detalhadas nos
Caps. 3 e 6). Um objetivo importante para o clínico é manter a carga pós-cirúrgica baixa para o
paciente, para dominar o sistema selecionado de
modo seguro e para estimar os riscos inerentes
de modo objetivo.
Capítulo 4 § Inserção de Mini-implantes
Fig. 4-21 Inserção inter-radicular do mini-implante.
Figs. 4-22 e 4-23 Consideração da espessura do osso cortical antes de determinar o ângulo de inserção.
Escolha do Mini-implante
Apropriado
Já que o local de inserção mais freqente é entre
as raízes dos dentes (Fig. 4-21), a distância interradicular determina o diâmetro máximo do mini-implante. Como resultado, a posição dos dentes
e suas angulações, tanto labiolinguais quanto mesiodistal, determina a área do osso disponível entre
suas raízes onde o mini-implante pode ser posicionado.
Como consequência de todos esses fatores relevantes, parece que mini-implantes com diâmetro
externo de 1,6 mm devem, na maioria das vezes,
ser selecionados.
O mercado atual é repleto de mini-implantes
não só com diâmetros variados, mas também com
extremos em comprimento (de 4 mm até 14 mm).
Além do diâmetro, a escolha do comprimento depende também do tipo de osso disponível. Dependendo da região, a espessura do alvéolo pode ser
entre 4 mm e 16 mm (embora a importância toda
se dê à placa cortical que é uma fração desta largura). Dependendo do ângulo de inserção, o mini-implante pode encontrar mais áreas de contato
na parede do osso cortical, (Figs. 4-22 e 4-23). Os
mini-implantes mais longos que 12 mm podem levar à perfuração exagerada do alvéolo, em especial
no lado lingual da mandíbula anterior ou próximo
ao seio maxilar (Figs. 4-24 e 4-25).
Para uma retenção segura e eficaz do mini-implante, a escolha do comprimento e do diâmetro
é muito mais importante. A espessura do osso
cortical e a área de contato das roscas dentro
desse osso são parâmetros mais decisivos22.
A espessura dos tecidos gengivais é o fator
mais crítico na escolha do comprimento do
mini-implante: quanto mais espesso for o tecido subjacente ao alvéolo, mais longo deverá ser
o mini-implante. Por exemplo, o tecido na parte
porção posterior do palato nas áreas retromolares
Quando um mini-implante é inserido, este penetra três tipos de tecidos:
• gengiva
• osso cortical
• osso esponjoso
Esses tecidos diferentes devem ser considerados
na escolha do modelo do mini-implante e na tecnologia de inserção (Figs. 4-19 e 4-20).
A cabeça do mini-implante serve para capacitar a inserção do implante e também o meio
para conectá-lo com as mecânicas ortodônticas.
Por isso, o mini-implante deve ser colocado de
tal modo que qualquer aparelho ou elementos
de forças selecionados sejam aplicados com facilidade e mesmo assim sejam confortáveis para o
paciente.
O perfil transmucoso (a porção sem rosca localizada logo abaixo da cabeça) leva em consideração as características anatômicas da gengiva. Em
outras palavras, esta parte do mini-implante deve
ajudar a evitar a irritação da mucosa, inflamação
ou infecção.
A rosca do mini-implante fornece retenção
para estabilidade primária. O mini-implante autoperfurante tem ponta aguda e afiada e é utilizado
para a perfuração direta.
O diâmetro externo das roscas da maioria dos
mini-implantes varia de 1,2 mm e 2,3 mm. O mini-implante deve ter diâmetro estrutural suficiente
para resistir à fratura quando sujeito a carga, ainda que estreito o bastante para caber dentro de
espaços inter-radiculares típicos. Além disso, deve
haver espessura suficiente do osso cortical para
estabilidade. Relatórios recomendam de 0,5 mm17,
cerca de 1 mm28 e até 2 mm16 de osso.
79
Mini-implantes em Ortodontia § Conceitos Inovadores em Ancoragem
Figs. 4-24 e 4-25 Perfuração de mini-implante
viável (lado lingual da
mandíbula anterior ou,
como desenhada, próxima ao sinus maxilar).
podem ter mais de 4 mm de espessura. Embora
estes sejam raros locais de inserção, são necessários mini-implantes mais longos para prover os 6
mm de osso de ancoragem, que é recomendado
para a estabilidade adequada. Em consequência
disso, é necessário um mini-implante com no mínimo 10 mm nessas áreas.
Poggio et al.28 recomendaram mini-implantes
com comprimentos de 6 a 8 mm. Costa6,7 concorreram com estas descobertas. Parece que,
para a maioria das aplicações, os mini-implantes
mais longos são raramente necessários. Por essa
razão, só são sugeridos mini-implantes com
comprimento de 6 a 10 mm. Baseado em observações clínicas catalogadas, Bumann e Bowman
sugeriram que, embora mini-implantes com 6
mm provavelmente fossem suficientes para a
maior parte das mecânicas de rotina, eles com
frequência utilizam somente de 8 mm para simplificar o estoque. Seleções por código de cor, tal
como o sistema Ormco Vector, dessa forma, parece supérfluo.
A cabeça de um mini-implante deve ser adaptado com facilidade a quase todo tipo de mecânicas. Por isso, os dispositivos auxiliares acoplados e aparelhos devem ser simples e universais.
Além disso, se mudanças nas mecânicas forem
necessárias durante o tratamento, as mudanças nos elementos ortodônticos anexados aos
mini-implantes também deverão ser simples.
Consequentemente, o clínico deve escolher um
modelo que melhor couber em sua filosofia de
tratamento e os tipos de mecânicas ortodônticas que ele deseje empregar (mais detalhes nos
Caps. 3 e 5).
Para reduzir inventário e simplificar a prática
clínica, parece lógico que apenas mini-implantes
que apresentem cabeça multifuncional devam
ser mantidos em estoque.
80
Aspectos importantes na seleção do mini-implante:
Diâmetro
¯
aprox.
1,6 mm
Comprimento Cabeça do mini-implante
¯
¯
6-10 mm
acoplamento
universal
Instrumentos e Preparo para a
Inserção
Dependendo do tipo de mini-implante usado
(autorrosqueáveis), instrumentos diferentes serão
necessários. A lista de instrumentos a seguir é fornecida em ordem cronológica, na qual devem ser
empregados durante a inserção.
Lista de instrumentos
A) Equipamentos em geral
• Conjunto básico de instrumentos (Fig. 4-26)
• Cobertura estéril da bandeja (Fig. 4-27)
• Sugadores estéreis (Fig. 4-28)
• Anestesia: local e/ou gel tópico (Fig. 4-29)
B) Instrumentos para mini-implantes “autorrosqueantes”
• Puncher para perfurar a gengiva (Fig. 4-30)
• Broca (Fig. 4-31)
• Broca-piloto (Fig. 4-32)
• Peça de mão e contra-ângulo (Fig. 4-33)
• Peça de mão e contra-ângulo com solução
estéril de NaCl (Fig. 4-34)
• Chave manual de dois tamanhos para inserção mecânica e adaptadores com vários
comprimentos. Os últimos são adaptadores
para peça de mão (Fig. 4-35)
C) Instrumentos para mini-implantes autoperfurantes e autorrosqueáveis.
• Chave para inserção manual ou peça de mão (Figs. 4-35 a 4-37)
Capítulo 4 § Inserção de Mini-implantes
Fig. 4-26 Conjunto básico de instrumentos odon- Fig. 4-27 Cobertura de bandeja estéril (descartá- Fig. 4-28 Sugador estéril (descartável).
tológicos (espelho, sonda odontológica, fórceps, vel).
sonda periodontal).
Fig. 4-29 Anestesia (local e/ou gel tópico).
Fig. 4-30 Perfurador de tecido mole.
Fig. 4-33 Peça de mão para inserção mecânica e perfuração prévia.
O clínico tem a opção de comprar tanto mini-implantes não estéreis ou pré-esterilizados de
muitos fabricantes. Os não estéreis devem ser esterilizados no consultório (Figs. 4-38 e 4-39). Os
fabricantes podem oferecer racks de esterilização
no qual os mini-implantes e outros instrumentos
são colocados para o processo de esterilização.
Muitos desses racks oferecem seções separadas
para mini-implantes com dimensões e tipos diferentes.
Mini-implantes pré-esterilizados pelo fabricante são entregues em embalagens seladas, estéreis
Figs. 4-31 e 4-32 Broca-piloto e broca esférica
Fig. 4-34 Contra-ângulo cirúrgico e peça de mão com
solução estéril de NaCl.
Figs. 4-35 Chave de peça de mão em
dois tamanhos para inserção mecânica
e brocas com vários comprimentos; as
últimas são complementares com peça
de mão e contra-ângulo.
e podem ser usados imediatamente sem outros
procedimentos adicionais, sem gasto de tempo e
despesas extras (Figs. 4-40 e 4-41).
Não importa que tipos de mini-implantes são
usados, as exigências mínimas devem ser atendidas para a inserção destes parafusos, mesmo sendo este um procedimento pouco invasivo. Sendo
assim, o local de trabalho (especificamente o local operatório e o instrumental associado) deve
ser preparado de acordo para reduzir o risco de
infecção inesperada.
81
Mini-implantes em Ortodontia § Conceitos Inovadores em Ancoragem
Figs. 4-36 e 4-37 Catraca de torque com torque ajustável e peça de mão rígida para inserção manual.
Figs. 4-38 e 4-39 Bandejas de esterilização reutilizáveis em vários tamanhos e seladas em filme protetor com data de fabricação. Produtos com dupla selagem reunidos segundo orientação de esterilização para período de até 5 anos.
Figs. 4-40 e 4-41 Mini-implante pré-esterilizado fornecido em embalagem selada e pronta para
uso.
Inserção de Mini-implantes –
Passo a Passo
Anestesia
Antes do início da anestesia local, a cavidade oral
deve ser totalmente enxaguada com 15 ml de
gluconato de clorexidina a 0,12 % para reduzir a
microbiota intrabucal.
Anestésicos tópicos são normalmente suficientes para a colocação dos mini-implantes, na
maioria dos casos. A descarga de um anestésico
tópico não é intimidante para os pacientes e eles,
com frequência, se surpreendem com sua eficácia ao eliminar toda dor durante a breve inserção
de minúsculos parafusos (Fig.4-42). Os anestésicos tópicos mais comuns são aplicados tanto em
gel quanto em creme: anestésico tópico alternado TAC 20% (20% lidocaína, 4% tetracaína e 2%
fenileprina; Professional Arts Pharmacy, Lafayette, LA); EMLA, em creme tópico muito profundo
(Astra Zeneca, Wilmington, DE) que é uma mistura eutectic de lidocaína a 2,5% e prilocaína a 2,5%;
DepBlu (Steven’s Pharmacy, CostaMesa, CA); um
82
Fig. 4-42 Anestésico tópico com gel.
composto de prilocaína a 10% e tetracaína a 4%
e 4% tetracaína; ou Oraqix (2,5% lidocaína; 2,5%
prilocaína; Dentsply Prof.,York, Pensilvânia), um
gel que é liberado em aplicador sem agulha.
O tecido mole no local pretendido para o implante deve ser seco com gaze de algodão de 5x5
cm. Cerca de 1 g de material tópico é aplicado
sobre o tecido mole usando um aplicador de algodão. O anestésico é deixado por não mais de
2-4 minutos antes de enxaguar completamente
para evitar qualquer irritação ou crosta na superfície epitelial. Esses tópicos tipicamente fornecem o efeito anestésico por mais de 30 minutos
de tempo de trabalho.
Métodos de isolamento, tais como afastadores de lábios, roletes de algodão e sugadores,
podem ser empregados conforme a necessidade
para reduzir a contaminação no local e, assim,
fornecer um campo de trabalho limpo. O antisséptico local providone-rodine (Betadine Purude
Pharma, Stamford, CT) pode também ser aplicado ao tecido, logo antes da inserção do mini-implante.
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