Micorrizas Muito se fala no mundo do bonsai sobre umas tais “coisinhas brancas” que entre um replantio e outro costumamos encontrar no substrato de nossas plantas. Mas… Que coisas são essas? Sâo fungos? Fazem mal ou bem para a planta? Essas importantes estruturas são conhecidas como Micorriza ou Micorrhyzum, e, a explicação biológica dessa estrutura é bem simples: trata-se de uma associação simbiótica entre certos fungos e raízes de algumas plantas. Para melhor compreensão, entenda simbiose como uma relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes. Na relação simbiótica, os organismos agem ativamente em conjunto, para proveito mútuo. As micorrizas formam-se quando as hifas de um fungo invadem as raízes de uma planta. A hifa é um longo e ramificado filamento que em conjunto com outras hifas forma o talo (micélio) de um fungo. As hifas vão auxiliar as raízes da planta na função de absorção de água e sais minerais do solo, já que aumentam a superfície de absorção (biologicamente conhecida como rizosfera). Deste modo as plantas podem absorver mais água e adaptar-se a climas mais secos Os fungos, como “pagamento” dos seus serviços, recebem da planta os fotoassimilados (carboidratos), que necessitam para a sua sobrevivência e que não conseguem sintetizar pelo fato de não possuírem clorofila (clorofila é a designação de um grupo de pigmentos fotossintéticos presentes nas plantas). Portanto, pode-se entender essa associação micorrizica da seguinte forma: associação micorrizica = fungo + solo + planta Existem seis tipos de micorrizas e detalharemos abaixo ao duas como que eles se apresentam: ECTOMICORRIZAS – As hifas formam um invólucro em torno das células das raízes, nunca as penetrando, mas aumentando grandemente a área de absorção, o que, aparentemente, as torna mais resistentes às rigorosas condições de seca e baixas temperaturas, o que faz com que se prolonge a vida das raízes. As ectomicorrizas desempenham o papel dos pelos radiculares, ausentes nestas circunstâncias. São características de certos grupos específicos de árvores ou arbustos de zonas temperadas, como, por exemplo, os pinheiros. Existem também micorrizas utilizadas na alimentação humama. Você já ouviu falar em um cogumelo ectomicorrizo chamado de trufa? ENDOMICORRIZAS - As hifas penetram na raiz e mesmo nas células vegetais, facilitando a absorção de nutrientes minerais. Existem principalmente nos trópicos, onde os solos pobres e carregados positivamente impedem uma fácil absorção de fosfatos pelas raízes das plantas. As micorrizas arbusculares são utilizadas em várias áreas de pesquisa e no desenvolvimento de mudas em viveiros. Em pesquisas recentes foi comprovado que elas são capazes de aumentar a solubilização de fosfato mineral no solo, cuja correção com este tipo de nutriente é extremamente problemática nos solos tropicais altamente intemperizados. E o que isso representa para os nossos bonsai? Se o seu bonsai está mantido em um vaso de tamanho ideal, com um solo adequado, abastecimento de água adequado e com a uma adubação de macro e micro nutrientes correta, ele com certeza estará com boa saúde e crescendo bem. Mas isso não significa necessariamente que ele está se apresentando para o seu pleno potencial. As micorrizas podem a ajudar a regular alguns fatores. Muitos componentes do solo, como o caco cerâmico são impenetráveis às raízes, e as hifas, no entanto, são capazes de penetrar micro-poros e retirar destas partículas os nutrientes e micronutrientes armazenados nele. Elas também são capazes de regular a taxa de absorção de nutrientes, reduzindo assim o perigo de se “queimar raiz” com adubações. Em estações onde a procura de água pela árvore é maior, as micorrizas podem ajudar mesmo que o pote pareça estar cheio de raízes. As hifas micorrízicas ampliam o número de raízes existentes em todo o vaso numa fração de tempo bem menor do que levaria raízes não-micorrizadas, utilizando assim toda a umidade e nutrientes disponíveis. O aumento da absorção de água pelas plantas micorrizadas é devido às melhorias fisiológicas que são feitas, como resultado do aumento da absorção de nutrientes na planta. E ao falar em nutrientes, podemos nos lembrar da sabedoria tradicional do bonsai, que costuma dizer que, se houver algum problema com o vigor da árvore a causa estará normalmente nas raízes. Mesmo tratando adequadamente do substrato de seu bonsai, alguns desses patógenos podem chegar pelo ar, entretanto a proteção conferida pela micorriza pode dar confiança ao bonsaísta para que, se há um problema com a árvore, ele não está nas raízes. Outro ponto diz despeito ao estresse das plantas. Por mais que tentamos controlar, o bonsai costuma passar por momentos de estresse e ficar mais suscetível a doenças do que plantas inseridas em ambiente natural. Há indícios de que as micorrizas ajudam no aumento da resistência para algumas doenças, entretanto não há evidências que sugiram uma diminuição da ocorrência de doenças, portanto, existe somente uma pretensão de deixar a planta mais forte contra esses possíveis ataques. Agora, com o aumento da ramificação, da proliferação de raizes, da ampliação de células (maior eficiência) e com o reforço no enraizamento até de estacas. É necessário dizer mais alguma coisa sobre as benfeitorias das micorrizas? Uma questão deve ficar na cabeça de muita gente. Quando se tem um substrato bem feito e com a presença de micorrizas, é possível reintroduzir essas estruturas em um próximo replantio? Sim, é possível! Se você fez a poda de seu bonsai e cortou as extremidades das raízes onde estavam as micorrizas, vale a pena reintroduzir um pouco do antigo substrato ao novo. Em um bom substrato com micorrizas podem existir esporos, clamidósporos, escleródios, rizomorfos e hifas suficientes para colonizar mais uns dez vasos. Se o vaso original estava praticamente lotado com raízes, todo esse “solo” estará qualificado como rizosfera. Lembre-se também! Quando os fragmentos ou esporos germinam, são estimulados a fazê-lo pelas mudanças microbianas na rizosfera – que você não tem em seu novo solo nem nas raízes limpas. Por esse motivo, tenha certeza de que, quando você for introduzir ao novo solo as raízes que foram podadas em conjuto com o antigo substrato, que estão micorrizados, estes deverão estar em contato direto com as raízes vivas que ficaram no bonsai.