266 PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE PINHEIRO ARAUCÁRIA

Propaganda
II CONGRESSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UTFPR – CÂMPUS DOIS VIZINHOS
VI SEMINÁRIO: SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
II SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS E BIOLÓGICAS
PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE PINHEIRO ARAUCÁRIA (Araucaria
angustifolia) POR ESTAQUIA
Darcieli Aparecida Cassol *1, Américo Wagner Júnior2 [orientador], Marcelo Dotto1, Kelli Pirola1, Mariana
Faber Flores3
1
Tecnólogos em Horticultura, mestrandos em Agronomia, bolsistas CAPES (Entidade Financiadora da Bolsa),
[email protected], [email protected], [email protected],
2
Engenheiro-Agrônomo, Doutor em Fitotecnia. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Dois
Vizinhos. Estrada para Boa Esperança, Km 04, caixa postal 157. CEP 85660000, Dois Vizinhos, Paraná, Brasil.
e-mail: [email protected].
3
Engenheira Agrônoma. Mestranda em Agronomia Produção vegetal. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná- Câmpus Pato Branco. Via do Conhecimento, Km 1 CEP 85503-390 - Pato Branco - PR – Brasil. e-mail:
[email protected]
*Autor para correspondência
Resumo: O pinheiro - do - paraná, conhecido como Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze pertencente a
família Araucariaceae está em Perigo Crítico de Extinção, nesse sentido, faz-se necessária a pesquisa e a
utilização da estaquia utilizando fitorregulador e também a homeopatia como possibilidade de propagação de
Araucaria angustifolia tão importante no bioma da região. Este trabalho teve por objetivo propagar
assexuadamente o pinheiro-do-paraná com uso de auxina exógena e homeopatia popularmente conhecida pela
eficiência no enraizamento de plantas. O experimento foi conduzido no viveiro de produção de mudas da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Dois Vizinhos, em Dois Vizinhos, Paraná,
Brasil. O delineamento experimental utilizado foi em blocos completamente casualizados, num fatorial 2 x 4
[Localização da estaca (apical/basal) x Concentração de ácido indol-3-butírico (AIB)/ Homeopatia], com 4
repetições, considerando-se o uso de 10 estacas por parcela. As estacas foram coletadas e preparadas com
tamanho de 10 cm, e as concentrações de AIB utilizadas foram de 0; 1000, 2000 e Arnica montana 6 CH. Os
tratamentos utilizados não foram efetivos para o enraizamento de Araucária.
Palavras-chave: estacas, fitorreguladores, homeopatia
Introdução
O pinheiro- do-paraná, ou ainda conhecido como pinheiro brasileiro Araucaria angustifolia (Bertol.)
Kuntze pertencente a família Araucariaceae, é uma conífera nativa do sul do Brasil, oriundo da floresta
ombrófila mista, pode ser encontrada em regiões de altitude mais elevada como Minas Gerais, Rio de Janeiro e
São Paulo, porém é mais encontrada no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Pode chegar a 50 metros de
altura e 2,5 metros de diâmetro no seu tronco. Na paisagem brasileira a sua forma é única, com forma lembrando
uma taça. Ocupava uma área de cerca de 200 mil km², porém foi altamente explorada por possuir alto valor
econômico, sendo sua madeira muito visada para fabricação de moveis, casas entre outros. As sementes do
pinheiro são altamente nutritivas e apreciadas no sul do país. São coletadas no Brasil cerca de 3.400 toneladas de
sementes, que combinada com a exploração madeireira intensa, ameaça seriamente a regeneração da espécie
(Farjon, 2006). Na atualidade, segundo a União Internacional para a conservação da Natureza e dos recursos
Genéticos (IUCN), a área ocupada pelo pinheiro está muito reduzida. A UICN lista o Pinheiro – do - Paraná em
Perigo Crítico de Extinção (Farjon, 2006). Essa planta é muito popular, entretanto para a ciência não é conhecida
completamente, por isso necessita ser estudada para que se possuam orientações para a preservação e
conservação da árvore, que é símbolo do Paraná, já que há a preocupação pelo fato da planta estar sob ameaça de
extinção. Embora a utilização da estaquia para inúmeras plantas seja um método viável e eficiente, para a
Araucaria augustifolia é necessário estudos para determinar concentrações de reguladores vegetais de
enraizamento, época a ser realizado a prática, tipo de estacas a serem coletadas, entre outras questões como por
exemplo tamanho de estacas, idade da planta em que as estacas serão coletadas, etc (Iritani, 1981).
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus DV
15 e 16 de Outubro de 2012
Recursos Florestais e Engenharia Florestal
266
II CONGRESSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UTFPR – CÂMPUS DOIS VIZINHOS
VI SEMINÁRIO: SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
II SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS E BIOLÓGICAS
A fim de estimular o enraizamento adventício pode-se adotar algumas técnicas como a aplicação de
auxinas exógenas. Tais fitorreguladores são substâncias com capacidade de interferir no metabolismo das
plantas, sendo que as auxinas induzem ao enraizamento (Fachinello, et al. 2005).
A principal auxina endógena, produzida pela planta é o Ácido Indol-3-Acético (AIA), porém outras
auxinas naturais já foram descobertas (Ácido 4-Cl –Indol-3-Acético e Ácido Fenil-Acético), o AIA é a mais
relevante e mais abundante. Esses moléculas que possuem atividade de auxina já puderam ser sintetizados por
laboratórios, por sua vez estas auxinas produzidas são chamadas de auxinas sintéticas (Ácido Naftaleno Acético
– ANA ou NAA; Ácido Indol-3-Propílico – AIP ou IPA; Ácido 2,4 diclorofenoxiacético – 2,4 D, Ácido Indol
Butírico – AIB, dentre outros). As auxinas foram sintetizadas a fim de serem utilizadas para aperfeiçoar a gênese
de raízes e de gemas de plantas que apresentam dificuldade no enraizamento. Essas auxinas são sintetizados na
planta, principalmente pelos meristemas apicais caulinares e também em primórdios foliares, nas folhas jovens e
nas sementes em desenvolvimento e se difundem até as outras zonas da planta. A auxina move-se na planta de
maneira geral da ápice para a base. O AIB, Ácido Indol Butírico, têm demonstrado bons resultados no
enraizamento devido a menor mobilidade e maior estabilidade química deste na estaca (Titon, et al, 2002).
Em se testando a homeopatia, Hipócrates propôs na Grécia antiga, que semelhante cura semelhante,
sendo esta, um dos princípios da homeopatia, Hipócrates ainda se apoiava no princípio da semelhança e no poder
curativo da natureza, visando o restabelecimento da saúde. (Lisboa, 2006) o uso da homeopatia na agricultura
como insumo agrícola foi oficializado pela Instrução Normativa número 7 de 19/05/1999, recomendando-se o
uso na produção animal e vegetal. No ano de 2003 a Fundação Banco do Brasil e a UNESCO certificaram a
Homeopatia na Agricultura como tecnologia social pelo fato de ter baixo custo, fácil acesso e uso pelos
agricultores. Em 2004 o Procurador Geral da República determinou que a Homeopatia pudesse ser utilizada por
todos e não apenas é exclusividade médica (Casali et al, 2006). O uso de homeopatia em plantas teve origem na
Europa em 1925, Nitien et al (1969), citados por Duarte (2007) usaram preparados homeopáticos de sulfato de
cobre 15 CH para desintoxicar plantas de ervilha intoxicadas com Sulfato de Cobre. Na Índia em meados de 70,
Khama e Chandra (1976), citados por Duarte (2007), em infestação de Fusarium roseum, controlaram 100% da
sua infestação aplicando Arsenicum album 1 CH e kali iodatum 149 CH. No Brasil os trabalhos tiveram inicio na
Universidade Federal de Viçosa (Casali et al, 2006). Na homeopatia, CH (Centesimal Hanemanniana) expressa a
potência do medicamento homeopático, para preparar tal medicamento, dilui-se a proporção de 1 parte de
substância ativa para cada 99 partes de diluente, que eram inicialmente utilizados como veículos a água (de
chuva ou de neve) e o álcool etílico, sendo este último para conservação das soluções dinamizadas. Criou-se
então, as chamadas CH’s, ou seja, Centesimais Hahnemannianas, conforme notação recomendado pelo Manual
de Normas Técnicas da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH). Após diluído 1 parte do
remédio que se deseja, no caso Arnica montana, macerada em álcool, para 99 partes iguais de água e álcool.
Posteriormente se dinamiza por 100 vezes (bate). Este medicamento é chamado de 1 CH (Centesimal
Hahnemanniana). Com uma parte desta solução diluindo-se em 99 partes de álcool/água, bate-se mais 100 vezes
e este medicamento obtido é o 2 CH, repete-se este processo até a CH que se deseja utilizar. Conforme se
aumenta essas CHs aumentamos a potência do remédio (César, 2003).
A planta conhecida como arnica (Arnica montana), é utilizada no preparado homeopático muito
associado à cortes de tecidos, como ocorre no processo de estaquia (Casali, 2006). No alecrim os tratamentos 3 e
6 CH de Arnica montana, aumentaram o comprimento da raíz, e 6 CH aumentou a porcentagem e a qualidade
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus DV
15 e 16 de Outubro de 2012
Recursos Florestais e Engenharia Florestal
267
II CONGRESSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UTFPR – CÂMPUS DOIS VIZINHOS
VI SEMINÁRIO: SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
II SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS E BIOLÓGICAS
do enraizamento; em Lippia as altas diluições 3, 6 e 12 CH aumentaram o nº de ramos, o comprimento da raíz, a
qualidade do enraizamento; a 6 CH aumentou a porcentagem de enraizamento (Bonfim et al, 2008). Segundo
CASALI et al, 2006, Arnica montana 6 CH aumentou a massa da parte aérea de mudas provenientes de estacas
enraizadas para a planta Ocimum gratissimum, alem de aumentar o número de brotações e de enraizamento de
estacas enraizadas de Lippia Alba.
Nesse sentido, fez-se necessária a pesquisa e a utilização da estaquia utilizando fitorregulador e também
a homeopatia como possibilidade de propagação de Araucaria angustifolia tão importante no bioma da região.
Este trabalho teve por objetivo propagar assexuadamente o pinheiro-do-paraná com uso de auxina
exógena e homeopatia popularmente conhecida pela eficiência no enraizamento de plantas.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido no Viveiro de Produção de Mudas, na UTFPR – Câmpus Dois Vizinhos (PR).
As plantas matrizes de pinheiro – do – paraná (Araucaria angustifolia) que forneceram as estacas foram da
própria área da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, situadas em frente a biblioteca do câmpus, estas
com cerca de 20 anos. O delineamento experimental foi em blocos completamente casualizados num fatorial 2 x
4 [Localização da estaca (apical/basal) x Concentração de ácido indol-3-butírico (AIB)/ Homeopatia], com 4
repetições, considerando-se o uso de 10 estacas por parcela.
As estacas que foram retiradas a partir da base dos ramos e também do ápice dos mesmos. Estas foram
mantidas após a coleta, em baldes com água a fim de minimizar a oxidação dos ramos. Foram utilizadas estacas
tendo 10 centímetros de comprimento, onde foram retiradas as folhas do terço basal da estaca (fascículos) e após
foi aplicada solução de Ácido Indol Butírico, nas concentrações de 0, 1000, 2000 e Homeopatia a partir de
Arnica montana em 6 CH (Centesimal Hannemanniana). Para o preparo da solução de AIB, o mesmo foi
dissolvido em KOH 5N e álcool etílico absoluto, sendo posteriormente diluído em água destilada até a
concentração desejada. O preparado homeopático foi adquirido em CH 5 e elaborado conforme metodologia
homeopática a 6 CH como descrita anteriormente. Posteriormente as estacas foram enterradas por 1/3 em
canteiros com areia como substrato, em casa de vegetação. Foi realizada irrigação diária em 3 horários sendo
levado em consideração a umidade do substrato antes da rega. Após 180 dias, foram analisadas as variáveis de
número de brotações, % de enraizamento, número de raízes originadas das estacas e % de mortalidade das
estacas. Os dados serão submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey (P ≤ 0,05). Será utilizado o
aplicativo computacional SANEST (Zonta & Machado, 1984).
Resultados e Discussão
Segundo IRITANI et al, (1986), os ácidos testados Indol – 3 – acético e indol – 3 – butírico em
concentrações de 3.000 e 6.000 ppm não estimularam significativamente o enraizamento nas estacas de ramos
lateriais, em duas épocas utillizadas, ainda citam que há necessidade de mais estudos quanto a exigência da
espécie para propagação por estaquia, aplicação da auxina, coleta de material e plantio, aplicação de nutrientes e
condições ambientais para sobrevivência da espécie. Então conforme tal autor, a estaquia realizada neste
trabalho não foi efetiva para o enraizamento de Araucária. As concentrações de AIB, bem como a aplicação de
homeopatia não influenciaram nos processos de enraizamento adventício desta espécie.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus DV
15 e 16 de Outubro de 2012
Recursos Florestais e Engenharia Florestal
268
II CONGRESSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UTFPR – CÂMPUS DOIS VIZINHOS
VI SEMINÁRIO: SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
II SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS E BIOLÓGICAS
Estudos mais aprofundados deverão serem realizados para obtenção de sucesso no enraizamento da
espécie.
Conclusão
Concluiu-se que as concentrações de Acido Indol Butírico e Arnica nestas concentrações testadas não
influenciaram no enraizamento de Araucária.
Referências
BONFIM, F. P. G.; MARTINS, E. R.; DORES, R. G. R.; BARBOSA, C. K. R.; CASALI, V. W. D. &
HONÓRIO, I. C. G. Use of homeopathic Arnica montana for the issuance of roots on Rosmarinus officinalis L.
and Lippia alba (Mill) N.E.Br. Int J High Dilution Res., 23: 113-117. 2008.
CASALI, V. W. D.; CASTRO, D. M. & ANDRADE, F. Homeopatia: bases e princípios. Viçosa, MG:
Universidade Federal de Viçosa/DFT, 2006. 149 p.
CÉSAR, A. T. As Maneiras de Dinamizar os Medicamentos Homeopáticos: Semelhanças e Diferenças, Revista
Cultura Homeopática, 5: 25-41. 2003.
DUARTE, E. S. M. Crescimento e teor de óleo essencial em plantas de Eucalyptus citriodora e Eucalyptus
globulus tratadas com homeopatia. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa –
Viçosa, 2007. 188p.
FACHINELLO, J. C.; HOFFMANN, A. & NACHTIGAL, J. C. Propagação de Plantas Frutíferas. Embrapa,
2005. 221 p.
FARJON. Araucaria angustifolia. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. www.iucnredlist.org. Página
visitada em 11 de outubro de 2011. 2006.
IRITANI, C. Ação de reguladores de crescimento na propagação vegetativa por estaquia de Ilex
paraguariensis Saint Hilare e Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. Dissertação (Mestrado em Ciências,
Engenharia Florestal) - Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, 1981. 163 p.
IRITANI, C., SOARES, R. V. e GOMES, A. V.; Aspectos Morfológicos da Ação de Reguladores do
Crescimento em Estacas de Araucária angustifólia (Berf) O. Ktze. Acta Biol. Par. Curitiba 15 (1,2,3,4): 1.20,
1986.
LISBOA, S. P. Antagonismo de preparações homeopáticas na fotossíntese de plantas de Ruta graveolens
(L.). Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa – Viçosa, 2006. 56 p.
TITON, M.; XAVIER, A. & OTONI, W. C. Dinâmica do Enraizamento de microestacas e miniestacas de clones
de Eucalyptus grandis. R. Árvore, Viçosa, 26: 665-673, 2002.
ZONTA, E. P. & MACHADO, A. A. Sistema de Análise Estatística (SANEST). Pelotas: UFPEL, Instituto de
Física e Matemática, 1986. 399p.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus DV
15 e 16 de Outubro de 2012
Recursos Florestais e Engenharia Florestal
269
Download