Estrelas entre 10 e 25 M Sol - if

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Aula 20: Formação e Evolução Estelar
Maria de Fátima Oliveira Saraiva, Kepler de Souza Oliveira Filho e Alexei Machado Müller
A nebulosa planetária
“Olho de Gato” é um
exemplo típico do belo
final de vida de estrelas
como o Sol, antes de se
tornarem anãs brancas.
(Fonte: wikipedia).
Introdução
Prezado aluno,
Em nossa última aula da segunda área, vamos
tratar da formação e evolução estelar. Desde o nascimento
da estrela, passando pela vida da mesma até a sua morte.
Estudaremos as características de cada estágio evolutivo
das estrelas, bem como os processos físicos envolvidos
nessa evolução.
Bom estudo!
Objetivos da aula
Nesta aula trataremos da formação e da evolução
estelar. Esperamos que ao final você esteja habilitado a:

descrever os processos físicos envolvidos na
formação estelar;

esquematizar os principais estágios da vida
das estrelas de diferentes massas, desde a
formação até a sua “morte”;

explicar o que são nebulosas planetárias,
supernovas, anãs brancas, estrelas de
nêutrons, pulsares e buracos negros.
Como se dá a evolução das
estrelas, desde sua formação
até a sua morte?
Figura 20.01: Fases da evolução do Sol, desde quando se contraiu a partir
do gás difuso de uma região de formação estelar até a fase de gigante
vermelha, que ocorrerá quando o hidrogênio no centro do Sol tiver todo
sido convertido em hélio. Atualmente o Sol é uma estrela amarela, com
temperatura superficial próxima de6 000K. Assim esteve nos últimos 4,5
bilhões de anos e assim será por período semelhante no futuro.
(Fonte: http://www.if.ufrgs.br/oei/hipexpo/estrelas.pdf.)
Local onde se formam
as estrelas:
Regiões mais densas e
frias em nebulosas
gasosas colapsam
formando estrelas
Aula 20, p.2
Como nascem as estrelas?
As estrelas se formam em nuvens moleculares
imersas em nebulosas gasosas existentes nas galáxias.
Assim como as galáxias em geral, as nuvens moleculares
são feitas quase que inteiramente de hidrogênio e hélio.
Turbulências, como as causadas por uma explosão de
supernova nas proximidades, provocam crescentes
adensamentos em algumas regiões da nebulosa,
formando glóbulos de gás frio, que acabam colapsando
sob seu próprio peso. Cada glóbulo dará origem a uma
estrela. O processo todo acontece em uma escala de
tempo de centenas de milhares de anos.
À medida que o glóbulo colapsa, forma-se um
disco em rotação com a protoestrela no centro; jatos
bipolares de gás e poeira são gerados pelo disco rotante e
pelo vento estelar da protoestrela. A pressão no centro da
estrela aumenta até o ponto em que ela balança a força
gravitacional, alcançando o equilíbrio hidrostático que faz
parar o colapso. O material remanescente do disco
circunstelar pode formar um disco protoplanetário, que
possivelmente dará origem a planetas.
No interior da protoestrela, o núcleo continua a
acrescer matéria das camadas externas a ela, ficando mais
denso e mais quente. Quando a temperatura do núcleo
fica suficientemente alta (8 milhões de kelvins) para iniciar
as reações termonucleares, a protoestrela passa a ser
chamada de estrela, iniciando a fase de sua vida chamada
"sequência principal".
Figura 20.02: Formação de uma proto-estrela.
(Fonte: http://www.if.ufrgs.br/oei/stars/formation/form_st.htm.)
Legenda do gráfico na
figura 20.03:
(1) 10 000 anos, colapso
de nuvens.
(2) 100 000 anos,
formação do disco
protoestelar.
(3) 10 milhões de anos,
condensação dos
planetas.
(4) 1 bilhão de anos,
sistema planetário
(VIDA?).
Aula 20, p.3
Figura 20.03: Etapas da formação estelar: no diagrama HR vê-se desde o
início do colapso da nuvem até se tornar uma estrela da Sequência
Principal; nas imagens astronômicas:
(1) detalhe de uma nebulosa gasosa onde foram observados diversos
glóbulos de formação estelar. Idade (2) protoestrela muito jovem, ainda
envolta na nuvem de gás e poeira da qual ela se originou, (3) disco
protoplanetário na nebulosa de Órion e (4) uma representação artística de
um planeta jovem.
A massa mínima que a protoestrela precisa ter para seu
núcleo atingir a temperatura de 8 milhões de kelvins é de
aproximadamente 10% da massa do Sol (o valor teórico é 0,08
massas solares), correspondendo a aproximadamente 70 vezes
a massa de Júpiter. Se a massa for menor do que isso ela será
uma anã marrom.
Temperatura mínima para
ocorrerem as reações
nucleares para a
formação de uma estrela:
8 x106 K.
Massa mínima de uma
protoestrela para formar
uma estrela:
~10 % da massa do Sol.
Anã marrom:
Se forma quando a massa
da protoestrela é inferior
a 10 % da massa do Sol.
Figura 20.04: Imagens da parte central da Nebulosa de Órion, onde o
Telescópio Espacial Hubble descobriu, em 2 000, 50 anãs-marrons. As jovens
anãs-marrons são muito fracas e enevoadas para serem vistas no visível
(imagem da esquerda), mas tornam-se nítidas na imagem em infravermelho
(esquerda). As quatro estrelas centrais, visíveis nas duas imagens, são estrelas
jovens e muito luminosas.
Se a massa da estrela for maior do que 0,08 massas
solares, quando a temperatura no núcleo da estrela fica
suficientemente alta para iniciar reações nucleares estáveis, a
protoestrela torna-se uma estrela da Sequência Principal,
transformando hidrogênio em hélio no núcleo. A posição da
estrela na sequência principal que vai depender de sua
massa, pois tanto a temperatura quanto a luminosidade da
estrela são ditados pela sua massa.
Figura 20.05: Esquema dos estágios evolutivos até a sequência principal. Uma
nuvem em contração dá origem a uma protoestrela que se transforma em
uma estrela da Sequência Principal, estágio de vida em que a estrela está
transformando hidrogênio em hélio (H->He) no núcleo. As estrelas menos
massivas (entre 0,08 e 0,45 massas solares) serão anãs vermelhas na sequência
principal (pouco luminosas, baixas temperaturas superficial e cor
avermelhada). No outro extremo de massa teremos as supergigantes azuis da
sequência principal (alta luminosidade, alta temperatura e cor azulada).
Aula 20, p.4
As estrelas pouco massivas são muito mais numerosas
do que as de alta massa: nascem 300 estrelas de 1MSol para
cada uma estrela de 10 MSol e, 300 estrelas de 10 MSol para
cada uma estrela de 100 MSol.
Vida das estrelas na sequência
principal
As estrelas permanecem na sequência principal
enquanto estiverem transformando hidrogênio em hélio no
núcleo.
Para cada 300 estrelas
com massas iguais a do
Sol, nasce uma com
massa 10 vezes a do Sol.
Estrelas na Sequência
Principal:
Encontram-se
transformando, no seu
núcleo, H em He.
Durante essa fase da evolução, que dura 90% do
tempo total de vida das estrelas, elas se mantêm em equilíbrio
hidrostático (balanço entre gravidade e forças de pressão
interna) e têm a luminosidade e a temperatura determinada
por sua massa. As estrelas na sequência principal obedecem à
relação massa – luminosidade.
A estrutura interna das estrelas apresenta três regiões
principais: o núcleo, uma zona convectiva e uma zona
radiativa. O núcleo é a região onde a estrela está gerando
energia pela fusão do hidrogênio em hélio. Essa energia se
transporta para fora por processos radioativos ou convectivos,
dependendo das condições do gás (temperatura, densidade
e opacidade).
As estrelas mais massivas do que 1,75 MSol têm uma
camada de convecção interna, entre o núcleo e a camada
radiativa; as estrelas com massa entre 0,45 massas solares e
1,75 massas solares têm uma camada de convecção externa,
por fora da camada radioativa que envolve o núcleo. As
estrelas menos massivas que 0,45 massas solares não têm a
camada radioativa, o transporte de energia se dá por
convecção desde o núcleo até a superfície.
Regiões principais da
estrutura interna de
uma estrela:
núcleo,
zona convectiva e
zona radiativa.
Aula 20, p.5
Figura 20.06: Estrutura interna das estrelas: nas estrelas O a zona convectiva fica
entre o núcleo e a zona radioativa; nas estrelas G (como o Sol) a zona
radioativa fica entre o núcleo e a zona convectiva; nas estrelas M não existe
zona radioativa, toda a energia gerada pelo núcleo é transportada até a
superfície por convecção.
Como vimos na aula anterior, o tempo de vida na
Sequência Principal depende da massa da estrela. A vida do
Sol na Sequência Principal está estimada em 10 bilhões de
anos (dos quais 4,5 bilhões já se passaram). Uma estrela de 0,1
massas solares levará 3 trilhões de anos para sair da Sequência
Principal. Uma estrela de 10 massas solares ficará na Sequência
Principal “apenas” 100 milhões de anos.
1
 SP 
.1010 anos.
(M / M )2
Quando as estrelas consomem o hidrogênio no núcleo,
que corresponde a aproximadamente 10 % da sua massa total
(no caso do Sol essa massa está concentrada em uma região
com diâmetro de 50.000 km), elas saem da sequência
principal.
A vida pós-sequência principal
O destino das estrelas depois de consumir todo o seu
combustível nuclear, depende de se a estrela é sozinha ou se
tem uma ou mais companheiras. No caso de estrelas sozinhas,
a massa com que ela se forma determina toda a sua
evolução. Para estrelas que fazem parte de sistemas binários
ou múltiplos, a evolução depende tanto da massa inicial
quanto da separação entre as estrelas, que determinará
quando as estrelas interagirão durante a evolução.
Neste capítulo consideramos apenas evolução de
estrelas sozinhas, que só depende da massa com que ela é
formada.
Estrelas fora da
sequência principal:
Após terem consumido o
H do núcleo, resta massa
equivalente a 10 % de
sua massa total.
As estrelas com massa entre 0,08 e 0,45 massas solares
(as anãs vermelhas), transformam a maior parte de suas
massas em hélio, mas nunca atinge temperatura alta o
suficiente no núcleo para fundir o hélio. Elas vão se tornar anãs
brancas com núcleo de hélio.
Para estrelas com mais de 0,45 massas solares, quando
se esgota o hidrogênio no núcleo, a geração de energia
passa a se dar em uma camada estreita envolvendo o
núcleo, onde a temperatura e a densidade são suficientes
para manter as reações nucleares. Como nenhuma energia
nuclear é gerada nesta fase, o balanço entre gravidade e
pressão deixa de existir; o núcleo colapsa aumentado:
- a temperatura da estrela;
Anãs vermelhas:
Estrelas com massa entre
0,08 e 0,45 massas solares.
Nunca atingem
temperatura suficiente para
fundir o hélio.
- a camada que queima H;
- a luminosidade da estrela.
As camadas externas se reajustam ao aumento de
luminosidade expandindo-se, e como a área superficial
aumenta, sua temperatura diminui. Desta forma, a
luminosidade aumenta e a estrela torna-se um gigante
vermelha.
Gigante vermelha:
Se forma quando o núcleo
da estrela colapsa,
aumentando a
luminosidade da estrela, ela
se expande e fica mais fria.
Aula 20, p.6
Figura 20.07: Quando acaba o estoque de hidrogênio no núcleo ele colapsa.
A região em torno do núcleo fica quente o suficiente para fundir o hidrogênio
e começa aí a produção de energia, aumentando a luminosidade da estrela,
que se expande e fica mais fria.
Quando o Sol atingir essa fase, daqui a 5 bilhões de
anos, será 2 mil vezes mais luminoso do que é hoje, e será
tão grande que engolirá Mercúrio, Vênus e a Terra,
chegando próximo à órbita de Marte. A radiação solar
atingindo a Terra será tão intensa que a temperatura na
superfície da Terra atingirá 700oC os oceanos ferverão,
deixando a Terra seca. Mesmo a atmosfera se esvairá, pois
os átomos e moléculas estarão se movendo a velocidades
tão altas que escaparão da Terra.
Supergigantes:
Se formam quando o
hélio nuclear for
transformado em
carbono.
Quando a temperatura central da gigante atinge a
temperatura de 100 milhões de kelvins, iniciará a fusão do
hélio no núcleo, pela reação triplo-alfa, em que três núcleos
de hélio (três partículas alfa) se combinam em um núcleo
de carbono.
Para estrelas com massas entre 0,45 e 2 massas
solares essa reação começa de forma drástica, num
processo chamado” flash do hélio”; para estrelas de massas
maiores o início da fusão do hélio começa de forma mais
suave.
Enquanto as estrelas estão transformando o hélio
nuclear em carbono, elas saem do ramo das gigantes e
passam
para
o
ramo
horizontal
se
movendo
horizontalmente pelo Diagrama HR para a região de
temperaturas mais altas. Nessa etapa da evolução as
estrelas passam por um período de instabilidade em que
apresentam variações no brilho, sendo chamadas variáveis.
Dois tipos de estrelas variáveis são as RR Lyrae e as Cefeidas.
No diagrama HR, a localização das estrelas nessa fase da
evolução recebe o nome de “faixa de instabilidade”,
ilustrada na figura 20.08.
Figura 20.08: A faixa de instabilidade do Diagrama HR, delimita a região
ocupada pelas variáveis Cefeidas e pelas variáveis variáveis RR Lyrae.
Quando o hélio nuclear foi todo transformado em
carbono, e parte em oxigênio, as estrelas entram no ramo
das supergigantes, chamado também de Ramo Assintótico
das Gigantes (AGB).
Aula 20, p.7
Figura 02.09.10: Evolução pós-Sequência Principal, mostrando as regiões
do diagrama HR ocupadas pelas estrelas em cada etapa.
Figura 20.10: Região em que se produz a energia das estrelas em cada
etapa evolutiva: na Sequência Principal, a estrela transforma hidrogênio
em hélio no núcleo; na fase de gigante vermelha, a estrela transforma
hidrogênio em hélio em uma camada envolvendo o núcleo, que contém
hélio inerte; na fase de gigante do ramo horizontal, a estrela continua
queimando hidrogênio na camada envolvendo o núcleo, mas agora
também faz a fusão do hélio no núcleo; quando atinge o ramo
assintótico de gigantes (ou ramo das supergigantes), a estrela já tem o
núcleo todo transformado em carbono e oxigênio, faz a fusão do hélio
em carbono na camada envolvendo o núcleo e a fusão do hidrogênio
em hélio numa segunda camada.
(Fonte: http://www.if.ufrgs.br/oei/index.html.)
Quando o hélio também se esgota no núcleo, as
estrelas de massa até dez massas solares não têm mais
como retirar energia pela fusão nuclear, pois sua
temperatura do núcleo nunca ficará alta o suficiente
(1 bilhão de kelvins) para fundir o carbono, portanto
terminará sua vida com um núcleo de carbono. Já as
estrelas com massas acima de 10 massas solares fundirão o
carbono e sucessivamente neônio, magnésio, silício, até ter
o núcleo de ferro. O ferro é o elemento químico com maior
energia de ligação, de maneira que a fusão do ferro
consome energia ao invés de liberá-la. Isso tem uma
consequência catastrófica para a estrela, como veremos
na seção seguinte.
Aula 20, p.8
Figura 02.10.11: Estrutura interna de uma estrela com massa maior do que
10 massas solares ao atingir o estágio de supergigante (AGB).
Você pode ver uma animação da
detalhada de uma estrela de uma massa
Evolução de uma estrela de 1 massa solar (em
uma simulação da evolução de estrelas de
massas em Simulação de evolução estelar.
evolução
solar em
inglês); ou
diferentes
Evolução final: a morte das
estrelas
O destino final de uma estrela depende de sua
massa. Se a massa da estrela for entre 0,08 MSol e 0,45 MSol,
depois de transformar H em He na Sequência Principal, ela
se tornará uma anã branca, com núcleo de hélio.
Nebulosa planetária:
Etapa da vida de estrelas do
tipo do Sol, quando, após a
fase de gigante vermelha,
ejetam seu envelope externo,
que se espalha por uma
região do tamanho do
sistema solar. A estrela
central posteriormente se
transforma em uma anã
branca.
Figura 12: Etapas evolutivas de estrelas de diferentes massas. Dentro dos
círculos representando as estrelas está indicado o que tem no núcleo da
estrela.
Estrelas com massa entre 0,45 e 8 massas solares
Aula 20, p.9
Se a estrela iniciar com massa entre 0,45 e 8 MSol,
após consumir o hidrogênio no núcleo, passará pela fase
de gigante e depois de supergigante, ejetará uma
nebulosa planetária e terminará sua vida como uma anã
branca com massa da ordem de 0,6 MSol, raio de cerca
de 10.000 km e densidade de ρ=106g/cm3. A separação
entre as partículas é muito menor que 10-8cm, que é o
tamanho de um átomo de H.
Férmions:
São partículas que
apresentam spin semiinteiro e têm esse nome
em homenagem ao físico
Enrico Fermi.
Exemplos: prótons,
elétrons, quarks, neutrinos
entre outras partículas
elementares.
As partículas elementares
ou são férmions ou são
bósons.
Pressão de
degenerescência:
Pressão que surge em
estados de matéria
altamente comprimida. É
originada por efeitos
quânticos e não depende
da temperatura.
Figura 20.13: Trajetória evolutiva no Diagrama HR de uma estrela como o
Sol, desde a formação até chegar à Sequência Principal (linha inferior da
direita), sua evolução para gigantes e supergigantes (linha ascendente à
direita) e finalmente a evolução final para anã branca (linha descentente
do canto superior direito ao canto inferior esquerdo). (Fonte da figura:
http://www.prof2000.pt/users/angelof/af16/ts_sol/bigsol114.htm.)
O Sol, quando chegar nessa fase, em que terá sua
massa de 340 mil vezes a massa da Terra concentrada em
um volume aproximadamente igual ao da Terra, terá uma
densidade dez mil vezes maior do que a densidade dos
elementos mais densos que existem na Terra, como a
plantina (21 g/cm3), e o irídio (22,6 g/cm3).
Em uma anã branca, os elétrons não se encontram
mais presos aos núcleos, mas estão distribuídos entre eles, e
amontoados tão próximos entre si que efeitos quânticos
passam a atuar: o princípio da exclusão de Pauli, pelo qual
dois férmions não podem ter o mesmo estado quântico,
força os elétrons a vibrarem tão rapidamente que geram
um
tipo
de
pressão
chamado
pressão
de
degenerescência, que contrabalança
a atração
gravitacional. É essa pressão que sustenta a anã branca, e
a matéria nesse estado é chamada matéria degenerada.
A anã branca solitária terminará aqui sua evolução.
Sem mais produzir energia nuclear, só lhe resta agora a
energia térmica, e ela continuará brilhando cada vez mais
fracamente à medida em que for esfriando, e
hipoteticamente um dia num futuro distante se tornará um
objeto frio, denso e escuro chamado anã negra.
Figura 20.14: Clique na figura e veja uma simulação da evolução de uma
estrela como o Sol, que passa para a fase de gigante, supergigante,
ejeta uma nebulosa planetária e transforma-se em uma anã branca.
http://astro.if.ufrgs.br/estrelas/node14.htm#a
Aula 20, p.10
Figura 20.15: Nebulosa Planetária NGC3132, fotografada pelo Telescópio
Espacial Hubble. Existem aproximadamente 10 000 nebulosas planetárias
em nossa galáxia. A nebulosidade permanece visível por
aproximadamente 10 000 anos após sua ejeção pela estrela, no ramo
gigante assintótico. O termo nebulosa planetária foi dado porque
algumas se parecem com o planeta Urano, quando olhadas através de
um telescópio pequeno.
Estrelas entre 8 e 25 MSol
Explosão de supernova:
Fenômeno que acontece
em estrelas supergigantes
massivas (massa maior
que 8 Msol) quando acaba
seu combustível nuclear.
A energia liberada é
tanta que a estrela
sozinha brilha tanto
quanto a galáxia inteira.
O caroço da estrela pode
dar origem a uma estrela
de nêutrons ou um buraco
negro.
Estrela de Nêutrons:
Formada após o
esmaecer da supernova
(pelo resíduo,) é o
núcleo extremamente
compacto, com
temperatura acima de
106 K, e com massa de
cerca de 1,46 MSol , raio
aproximado de 20 km e
densidade 1014 g/cm3.
Aula 20, p.11
Se a estrela iniciar sua vida com massa entre 8 e 25
Msol , ela terá uma morte catastrófica. Após a fase de
supergigante e a formação do núcleo de ferro, a estrela
não tem mais combustível para gerar energia, pois sendo
o ferro o elemento com maior energia de ligação ele é
resistente à fusão. Desprovida da pressão para balançar a
gravidade, o núcleo colapsa violentamente sob seu
próprio peso em alguns segundos. As camadas superiores,
contendo aproximadamente 90% da massa da estrela,
colapsam sobre este núcleo e, após o comprimirem até o
limite das leis físicas, são empurradas para fora com
velocidades de milhares de quilômetros por segundo, um
fenômeno chamado explosão de supernova. Tanta
energia é liberada na explosão que a estrela brilha tanto
quanto todas as estrelas da galáxia juntas.
Figura 20.16: Clique aqui e veja uma simulação da explosão de uma
estrela massiva ao atingir o estágio de supernova. Animação de
NASA/CXC/D.Berry & A.Hobart. A segunda imagem mostra as imagens
em raio-X obtidas pelo satélite Chandra da Nebulosa do Caranguejo
(M1). Detectada em 1054 pelos chineses, está a uma distância de 6500
anos-luz de nós.
Todos os elementos mais pesados do que o ferro
são gerados por acréscimo de nêutrons nas explosões de
supernovas. Essas explosões espalham os elementos
pesados no espaço, os quais se misturam ao gás e poeira
existentes nas galáxias para serem incorporados na
geração de novos sistemas estelares, planetas e
possivelmente seres vivos.
Depois deste espetáculo, a supernova começa a
esmaecer, deixando como resíduo, se não houver
disrupção total, um núcleo extremamente compacto, uma
estrela de nêutrons, com uma temperatura superficial
acima de 1 milhão de kelvins, massa de cerca de 1,46 MSol,
raio de cerca de 20 km e densidade de ρ=1014g/cm3. A
separação entre os nêutrons é da ordem do tamanho do
nêutron, um fentômetro (10-15m). O elemento químico
estável de maior massa conhecido na Terra é o bismuto
209Bi83 mas uma estrela de nêutrons tem A=1057!
Nas estrelas de nêutrons, a
gravidade é
contrabalanceada pela
pressão de
degenerescência dos
nêutrons.
Os nêutrons, tendo o mesmo spin dos elétrons,
obedecem também ao princípio da exclusão de Pauli, mas
tendo massa 2.000 o valor da massa dos elétrons, podem ser
comprimidos a distâncias 2.000 vezes menores do que os
elétrons em uma anã branca. As estrelas de nêutrons
formam então um gás de nêutrons degenerados, e a
pressão de degenerescência dos nêutrons impede que a
estrela continue colapsando desde que sua massa final seja
menor do que 3 massas solares.
Se a estrela tiver um campo magnético forte, como
acredita-se que a maioria das estrelas de nêutrons têm, a
estrela emitirá radiação em dois feixes polares que varrem o
espaço à medida que a estrela gira. Se a Terra estiver em
uma das direções do feixe, será atingida por pulsos
periódicos de radiação, e a estrela de nêutrons será
detectada como um pulsar.
Pulsar:
Estrela de nêutrons com
forte campo magnético.
Figura 20.17: Sequência de fotos do pulsar da Nebulosa do Caranguejo
(M1), com período de 33 ms, na constelação do Touro.
Aula 20, p.12
A explicação dos pulsos de radiação emitidos pelo
pulsar é a combinação do campo magnético, da rotação
e da inclinação entre o eixo magnético e o eixo de rotação
da estrela. O campo magnético girante cria um campo
elétrico (princípio do dínamo) que arranca elétrons e
prótons da superfície da estrela, fazendo-os espiralar em
torno das linhas do campo. Como as linhas do campo ficam
concentradas na direção dos polos magnéticos, os elétrons
e prótons também ficam concentrados nessas direções.
Cargas elétricas aceleradas emitem radiação, e assim são
gerados dois feixes de radiação direcionados ao longo do
eixo magnético da estrela.
Como, em geral, o eixo
magnético está inclinado em relação ao eixo de rotação,
a direção em que o feixe é emitido varia ciclicamente com
o período de rotação da estrela.
Figura 20.18: Diagrama de funcionamento de um pulsar. O eixo magnético,
não estando alinhado com o eixo de rotação, precessiona enquanto a
estrela gira, fazendo com que a radiação emitida na direção do eixo
magnético seja enviada para diferentes direções. Se a Terra estiver em
uma dessas direções, detectará o feixe como pulsos periódicos.
Estrelas com massas maiores que 25 MSol
Buraco negro :
É um estágio final mais
provável de estrelas com
massa maior do que 25
massas solares.
Lembre-se:
G  6,67.1011
N.m2
.
kg2
Para as estrelas muito massivas, a fase de gigante e
supergigante são contíguas, sem nenhum evento que
marque o início da queima de hélio, do carbono, do
oxigênio, do neônio, do magnésio, do silício, e assim
sucessivamente, até transformar o núcleo em ferro. Durante
esse estágio as estrelas passam pela fase de Wolf-Rayet em
que são de brilho variável e têm um envoltório de poeira
ejetado pela estrela devido à forte pressão de radiações.
Quando o núcleo chega a ferro e a estrela colapsa,
ejetando a maior parte de sua massa como supernova,
restará um buraco negro, com massa da ordem de 6 M Sol, e
raio do horizonte de 18 km.
O raio do horizonte é o raio de uma região esférica,
em torno da singularidade central onde o campo
gravitacional é tão intenso que nem a luz escapa. É
também chamado de raio de Schwarzschild, em
homenagem a Karl Schwarzschild, que derivou o seu valor
como:
RSchw 
2. G. M
,
c2
onde G é a constante da Gravitação Universal, M é a
massa do buraco negro e c é a velocidade da luz no
vácuo.
Essa expressão nos mostra que o raio do horizonte de
eventos depende apenas da massa do buraco negro, e é
diretamente proporcional a ela.
Aula 20, p.13
Figura 20.19: Nebulosa envolvendo a estrela Wolf-Rayet WR 124, na
constelação Sagitário. (Imagem produzida com o Telescópio Espacial
Hubble.)
Um candidato a buraco negro estelar é Cygnus X-1,
uma das fontes de raio-X mais intensas do céu, localizada
na constelação do Cisne. Os dados indicam que nessa
fonte tem um objeto compacto com massa de
aproximadamente 10 massas solares. Cygnus X-1 forma um
sistema binário com a estrela supergigante azul HD226868,
que tem cerca de 40 massas solares.
Lembre-se:
“queimar”, neste
contexto, significa
realizar a fusão termonuclear.
Figura 20.20: Esquerda: O sistema binário Cygnus X-1 (não visível) e a
estrela supergigante azul HD 226868. Direita: representação artística da
interação do sistema: o buraco negra “suga” o gás externo da estrela
azul.
Tabela 20.01: Processos nucleares no interior das estrelas durante a
evolução, e o destino final, de acordo com a massa inicial.
Massa
(MSol)
Evolução
Final
até 0,08
não queima (reação termonuclear) H
anã marrom
0,08 a 0,5
só queima H
anã branca de He
0,5 a 10
queima H e He
anã branca de C/O
10 a 25
queima H,He,C,Ne,O,Si
estrela de nêutrons
25 a 100
queima H,He,C,Ne,O,Si
disrupção total ou buraco
negro
Tabela 20. 02: Tipos de objetos compactos resultantes da evolução
estelar e a massa máxima que cada um pode ter.
Massa Inicial
Objeto Compacto
até 8 MSol
Anã Branca
10 a 25 MSol
Estrela de Nêutrons
acima de 25 MSol Buraco Negro
Aula 20, p.14
Massa Final
Menor que 1,4 MSol
1,4 MSol
5 a 13 MSol
Resumo
As estrelas se formam em imensas nuvens
moleculares imersas em nebulosas gasosas existentes nas
galáxias.
A massa mínima para se formar uma estrela é de
aproximadamente 10% da massa do Sol. Sendo a massa
inferior a esse valor, forma-se uma anã marrom.
As estrelas situam-se na Sequência Principal
enquanto estiverem transformando hidrogênio em hélio no
núcelo . Quando as estrelas tiverem todo hidrogênio nuclear
convertido em hélio, elas saem da Sequência Principal.
Estrelas com massa entre 0,08 a 0,45 M Sol nunca vão
chegar a fundir o hélio, vão se transformar em anãs brancas
com núcleo de hélio.
Estrelas com massa entre 0,45 e 8 MSol se transformam
em gigantes vermelhas, queimando hidrogênio em uma
casca em torno do núcleo; quando iniciam a queima do
hélio no núcleo passam para o ramo horizontal. Quando o
hélio nuclear se esgota passam ao ramo das supergigantes,
ejetarão uma nebulosa planetária e terminarão a vida
como anãs brancas com núcleo de carbono.
Estrelas com massa entre 8 e 25 MSol, depois de
esgotarem o hélio no núcleo, fundirão o carbono e
sucessivamente neônio, magnésio, silício. Com a formação
do núcleo de ferro, na fase de supergigantes, não têm mais
gerar a energia por fusão e explodem como supernovas.
Após a explosão a supernova começa a esmaecer e o
caroço residual forma uma estrela de nêutrons.
Nas estrelas com massas maiores que 25 MSol as fases
gigante e supergigante são contíguas. Quando o núcleo
chega a ferro a estrela colapsa ejetando a maior parte de
sua massa como supernova, restando daí um buraco negro.
Aula 20, p.15
Questões de fixação
1.
a) Qual a massa mínima de uma estrela?
b) Por que corpos com massas menores que esse
valor não podem ser estrelas?
2.
a) Qual a massa máxima de uma estrela?
b) Por que não existem estrelas com massas maiores?
3. Descreva esquematicamente os estágios pelos
quais passam as estrelas com as massas abaixo, indicando a
reação que está acontecendo no núcleo delas em cada
fase:
a) uma massa solar;
b) 10 massas solares;
c) 30 massas solares.
4. Calcule a densidade, a gravidade superficial e a
velocidade de escape para:
a) O sol (massa = 2 ×1030 kg e raio = 7 ×108 m).
b) Uma anã branca com massa de uma massa solar e
raio de 10×103 km.
c) Uma estrela de nêutrons com massa de duas
massas solares e raio de 30 km.
d) Compare a densidade da estrela de nêutrons com
a densidade de um nêutron com massa de 1,7 ×1027 kg e
raio de 1015 m.
5. Calcule o raio de Schwarzchild para:
a)Um aglomerado de estrelas com 106 estrelas
(assuma que todas as estrelas têm a massa do Sol).
b)Uma estrela com massa de 3 massas solares.
c)Um planeta com a massa da Terra.
d)Um asteroide de massa igual a 2×1015 kg.
6. Qual o tempo de vida na Sequência Principal e
qual o destino final mais provável de estrelas com:
a) 0,1 massa solar?
b) 1 massa solar?
c) 5 massas solares?
d) 10 massas solares?
e) 30 massas solares?
Aula 20, p.16
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