Relato de caso: mulher portadora de Miocárdio não Compactado, evoluindo para Síndrome Nefrótica Ilane Covre Sagrillo¹; Amanda Balarini¹; Henrique Oliveira Laranjeira¹; Isadora Dadalto dos Santos¹; João Miguel Malta Dantas² 1Graduandos em Medicina no Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC Médico-preceptor de Cardiologia no Centro Universitário do Espírito Santo - UNESC 2 INTRODUÇÃO O Miocárdio não Compactado (MNC) é uma doença congênita rara, cuja a etiologia ainda é desconhecida. Caracteriza-se por apresentar trabeculações numerosas e proeminentes e recessos intratrabeculares no ventrículo, que acontecem devido a parada intra-uterina da compactação miocárdica. As manifestações clínicas não são especificas, podendo se apresentar de forma assintomática ou ocorrer em qualquer fase da vida. O ventrículo esquerdo (VE) é afetado na grande maioria das vezes, acarretando quadro de insuficiência cardíaca (IC) por disfunção sistólica ou diastólica, arritmias ou eventos tromboembólicos. Em contrapartida, a não compactação do ventrículo direito é difícil de ser descrita devido as dificuldades de diferenciação das trabeculações patológicas e variantes normais. A biventricularidade ocorre em menos de 50% dos casos. CONCLUSÃO RELATO DE CASO A paciente MZA, feminino, 46 anos, deu entrada no serviço de Unidade de Terapia Intensiva com quadro de IC descompensada, perfil B de Stevenson associado com Síndrome Nefrótica (SN) e evoluindo com Síndrome Cardio-renal. Após uso de aminas vasoativas e drogas inotrópicas positivas a mesma evoluiu com melhora do débito cardíaco e consequente melhoria do padrão renal.O tratamento foi associado com ventilação não invasiva com pressão positiva e diureticoterapia. Após a estabilização do quadro clínico, foi feito o rastreio da etiologia da IC, sendo feito o ecocardiograma que revelou IC de fração de ejeção reduzida e com déficit sistólico global. Sendo assim, foi realizado Cineangiocoronariografia que demonstrou ausência de coronariopatia significativa, porém revelou VE com trabeculações e imagem de fístula coronário-cavitária. Foi então encaminhada para realização de ressonância magnética cardíaca que revelou diagnostico de MNC (Figura 1). A mesma recebeu alta após controle do quadro clinico e completa estabilização da função renal. Atualmente está em uso de AAS, Artovastatina, Nitrato, Hidralazina, Carvedilol e Furosemida. Paciente, na última avaliação encontrava-se em NYHA TF2. OBJETIVO Demonstrar a raridade da patologia e as apresentações clinicas inesperadas da paciente em questão. DELINEAMENTO Relato de caso referente a uma paciente portadora de MNC com repercussões renais. Figura 1 O diagnóstico de Miocárdio não Compactado muitas vezes é feito de forma equivocada devido a manifestações inespecíficas ou pela dificuldade de diferenciação entre trabeculações normais e patológicas observados em testes de alta resolução, levando a necessidade de critérios de avaliação bem detalhados. O caso em questão apresenta características peculiares em relação ao curso esperado da patalogia, devido a presença de ritmo sinusal e fístula coronário-cavitária, apresentação de trabéculas biventriculares, ausência de fenômenos tromboembólicos, sexo feminino, idade superior a 30 anos e principalmente associação com Síndrome Nefrótica, sendo que a mesma não possui comprovada relação com o Miocárdio não Compactado. REFERÊNCIAS 1.Murphy RT, Thaman R, Blanes JG, Ward D, Sevdalis E, Papra E, et al. Natural history and familial characteristics of isolated left ventricular non-compaction. Eur Heart J. 2005; 26 (2): 187-92. 2.Attenhofer Jost CH, Connolly HM, O’Leary PW, Warnes CA, Tajik AJ, Seward JB. Left heart lesions in patients with Ebstein anomaly. Mayo Clin Proc. 2005; 80 (3): 361-8. 3.Friedberg MK, Ursell PC, Silverman NH. Isomerism of the left atrial appendage associated with ventricular noncompaction. Am J Cardiol. 2005; 96 4.Lilje C, Razek V, Joyce JJ, Rau T, Finckh BF, Weiss F, et al. Complications of noncompaction of the left ventricular myocardium in a paediatric population: a prospective study. Eur Heart J. 2006; 27 (15): 1855-60. Endereço eletrônico: [email protected]