Por que a Alemanha é diferente?

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ECONOMIA - 20/01/2012 16h51 - Atualizado em 31/01/2012 20h32
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Por que a Alemanha é diferente?
Os alemães estão no meio da crise europeia, e mesmo assim sua economia
mantém o vigor, a confiança e o poder para afetar o mundo, incluindo o
Brasil. Qual é o segredo?
MARCOS CORONATO. COM NATHALIA PRATES
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A NOVA ALEMANHA
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Potsdamer Platz, uma área nobre no centro de Berlim. O local, desolado durante a Guerra Fria, virou referência de
arquitetura e urbanismo após a reunificação da Alemanha (Foto: Mark Adams/Latinstock)
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continente
europeu
para um
amigo continua instável. Períodos de relativa calmaria são logo interrompidos por sinais de que a crise
econômica
do
continente
pode se agravar ainda mais – e rapidamente. Como se anunciasse um grande terremoto para breve,
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o Velho Continente continua sofrendo com pequenos, mas regulares, tremores. Menos a Alemanha. A economia alemã,
mesmo no centro da crise europeia e rumando para uma possível recessão em 2012 (após um belo crescimento de 3% em
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2011), segue digna de confiança de investidores. Muitos se perguntam por quê. Há historiadores que recuam ao ano 9 na
busca da origem de uma força singular dessa nação. Guerreiros de diferentes tribos se agruparam na floresta fechada e
Cidade
onde
lamacenta
de reside
Teutoburgo, no território que o Império Romano chamava de Germânia. Sob o comando do chefe Hermann
(ou Armínio, na versão latina), eles se esconderam e emboscaram três legiões romanas, aniquilando 15 mil soldados. Os
AC recuaram e nunca mais tentaram seriamente conquistar a Germânia. Ali floresceriam leis e costumes muito
UF
romanos
característicos – e um país que viria a se chamar Alemanha.
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A mais recente demonstração de confiança nos alemães foi dada na sexta-feira 13 de janeiro, quando a agência de
classificação de risco Standard & Poor’s passou a considerar nove países europeus menos confiáveis como pagadores de
dívidas, incluindo a França, sem tocar na nota que caracteriza a Alemanha como porto seguro econômico. Logo no início do
ano, o país havia recebido outra deferência. A maior empresa de administração de recursos do mundo, a americana
BlackRock, afirmou que a crise na Europa poderia piorar muito (um cenário que a empresa chama de Nêmesis, a deusa
grega da punição e da vingança). E listou quais seriam os pouquíssimos investimentos seguros no mundo nesse caso:
estocar ouro e emprestar dinheiro para alguns países, como os Estados Unidos, o Japão e – adivinhou? – a Alemanha.
Os feitos e a reputação da economia animaram o país, nos últimos anos, a clamar por seu lugar de volta na política global.
Desde a reunificação, em 1990, a Alemanha passou a atuar em frentes diversas – compôs a força internacional de combate
aos talebans no Afeganistão, participou de negociações entre israelenses e palestinos e negocia com outras potências para se
tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Mas o que fizeram os alemães para desfrutar esse status,
mesmo sem resolver a crise europeia? Essa questão pode ser dividida em algumas perguntas-chave, reveladoras sobre o que
aconteceu naquela parte do mundo desde que os germânicos impediram o avanço romano, 2 mil anos atrás.
1. Por que confiar na Alemanha?
O hábito de economizar faz parte da cultura alemã. A poupança das famílias equivale a 11,3% do PIB, bem acima dos 4,5%
do Brasil e da maioria dos países ocidentais. O sociólogo e economista alemão Max Weber, em 1905, associou essa
obstinação em trabalhar e acumular, assim como a aversão ao perdularismo, à ética protestante. Mas isso não significa que
os bancos e o governo sejam especialmente prudentes. Quatro grandes bancos alemães já precisaram de ajuda
governamental para não quebrar na atual crise (alguns deles ainda devem precisar de novo socorro). O governo também
andou fora da linha. “Entre 2000 e 2009, só em cinco anos o deficit da Alemanha ficou dentro do limite de até 3% do PIB,
estabelecido pela Zona do Euro. A Finlândia e a Suécia trabalham com deficits menores”, diz o economista Hartmut
Sangmeister, da Universidade de Heidelberg. Os credores confiam no governo em Berlim não porque ele exiba situação
financeira impecável, mas pela resolução e rapidez com que ele age, quando necessário.
O gasto público já vinha sendo restringido e crescia em ritmo inferior ao do conjunto da economia desde 2004. Em 2010,
por causa da crise, o governo aumentou o esforço, com aumentos de impostos (a competitividade do país é organizada para
resistir a esses impactos) e cortes de gastos (as medidas incluem a demissão de 15 mil funcionários públicos). Graças ao
esforço de sobriedade, a dívida pública está em queda mais rápida que a esperada, e o saldo negativo das contas voltou para
abaixo dos 3% do PIB.
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NICHO DOS GRANDES
Uma fábrica de turbinas a gás em Berlim. Ao produzir máquinas pesadas, a Alemanha escapa, por enquanto, da
concorrência chinesa
(Foto: Sean Gallup/Getty Images)
2. Como os alemães mantêm os empregos?
Depois da reunificação, em 1990, a Alemanha teve de fechar empresas ineficientes da metade comunista. O nível de
desemprego aumentou e chegou a picos de 12% da população ativa. Nos últimos anos, porém, o índice passou a cair e, em
dezembro, chegou a uma baixa recorde de 6,8%, mesmo durante a crise no continente.
Os economistas Michael Burda, da Universidade Humboldt, de Berlim, e Jennifer Hunt, da Universidade McGill, no
Canadá, listaram algumas explicações. Antes da crise, as empresas alemãs já mostravam comedimento – contratavam
devagar e davam aumentos que acompanhavam os ganhos de produtividade. Esses dois fatores já inibiriam as demissões.
Mas os alemães conseguiram reduzir o desemprego durante a crise – mesmo com cortes de gastos públicos, que
normalmente esfriam a economia – também por causa da reforma trabalhista, iniciada em 2003. Os contratos se tornaram
mais flexíveis, para contemplar, por exemplo, empregos por tempo determinado. Os “bancos de horas” se tornaram
difundidos e são levados muito a sério – horas trabalhadas a mais, até certo limite, podem ser convertidas em horas de folga
futuras, o que dá flexibilidade às empresas para produzir menos sem demitir. A poderosa indústria alemã não defendeu
sozinha o emprego no país. “A Alemanha criou no setor de serviços muitos empregos flexíveis, com meia jornada”, diz o
sociólogo alemão Werner Eichhorst, diretor do Instituto de Estudos do Trabalho, em Bonn. A mão de obra alemã ainda se
beneficia de uma ótima educação, que produz um grande número de trabalhadores altamente produtivos e especializados –
valorizados pelas empresas.
3. Como eles resistem à China?
O saldo comercial positivo da Alemanha com o resto do mundo – o que o país recebe pelas exportações, menos o que paga
pelas importações – foi de € 154 bilhões em 2010. No mesmo período, o saldo do Brasil foi de um décimo desse total, e os
Estados Unidos tiveram saldo negativo equivalente a € 390 bilhões. O resultado impressionante da Alemanha foi obtido no
comércio com 234 países e territórios, ou seja, o mundo inteiro. E decorre, principalmente, de dois fatos.
Primeiro, grande parte da indústria da Alemanha ainda consegue evitar a concorrência chinesa, porque exporta bens
intermediários – aqueles comprados por empresas, não por indivíduos. Enquanto o resto do mundo tenta, em vão, competir
com a China na produção de calçados, roupas, brinquedos, eletroeletrônicos e bugigangas em geral, os alemães correm por
fora, abastecendo o planeta com produtos químicos, turbinas, geradores, máquinas pesadas e tudo mais que seja necessário
para colocar uma fábrica em funcionamento (itens desse tipo correspondem a quase metade da exportação alemã). Por
causa da expansão das empresas em países como China e Brasil, a demanda por esses produtos fora da Zona do Euro
cresceu 25% no ano passado, segundo a economista Dorothea Lucke, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica.
A fórmula não é à prova de falhas, já que a China também avança rapidamente para a produção de máquinas industriais. A
economia alemã conta, no entanto, com um segundo trunfo: o país reúne muitas empresas pequenas e médias, que
empregam muitas pessoas e são ágeis para se adaptar às circunstâncias. “As pequenas e médias empresas na Alemanha são
muito fortes, muito competitivas. Elas trabalham sempre de olho no mercado global, para exportar”, afirma Antônio Corrêa
de Lacerda, coordenador do Comitê de Economia da Câmara Brasil-Alemanha e economista-chefe da Siemens.
EDUCAÇÃO
Estudantes universitários em Frankfurt. O sistema educacional na Alemanha forma profissionais com alta produtividade
(Foto: Patrick Pleul/DPA/Corbis/Latinstock)
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4. Como a Alemanha mantém os benefícios sociais?
O império alemão criou, a partir de 1883, direitos como seguro-invalidez e aposentadoria por idade. Hoje, o sistema inclui
auxílios de custo para moradia, educação e cuidados infantis. Para sustentá-los, a carga tributária da Alemanha supera os
40% do PIB. Manter as contas do país sob controle exigiu que o sistema evoluísse. Ele chegou a consumir 33% do PIB.
Hoje está perto de 26% e em avaliação – os programas sociais devem perder mais € 40 bilhões até 2014. A mudança leva
em conta o envelhecimento da população. O limite mínimo de idade para aposentadoria começa a aumentar em 2012, um
mês por ano, até chegar a 67 anos em 2035. O gasto com serviços de saúde sobe mais lentamente que nos demais países
ricos devido a uma reforma aprovada em 2007 – antes da crise global. Para um povo com fama de inflexível, os alemães,
quem diria, têm se mostrado mestres do jogo de cintura.
(Fotos: North Wind
Picture Archives/AP, Christel Gerstenberg/Corbis/Latinstock e George Hammerstein/Corbis/Latinstock)
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Concordo com o termo de uso.
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