Quebrando a cara com os alemães Fui contratado para ser o gerente de Recursos Humanos da Robert Bosch do Brasil, uma multinacional de origem alemã. Logo na primeira reunião em que participei, tive um problema. Eu iria abrir a reunião expondo minha proposta para a implantação da Administração por Objetivos, que estava em moda na época. Quando entrei na sala, um diretor alemão me disse: “que belo papel, senhor Nelson. Logo em sua primeira reunião está atrasado 90 minutos”. Tomei um susto, julgando que tinha entendido errado o horário de início da reunião e retruquei: “Desculpe, mas, pelo horário que eu tinha marcado em minha agenda, não estou atrasado, ou melhor, estou apenas 3 minutos atrasado”. O Diretor respondeu: “Exatamente, como somos 30 gerentes e o senhor está 3 minutos atrasado, três vezes 30 é igual a 90 minutos. O senhor não está roubando o tempo de um só gerente e sim de 30.” Comecei a rir achando que era uma anedota, mas ele estava falando sério para me mostrar que na cultura germânica era muito importante manter o horário para se ter credibilidade com o grupo. Comecei minha fala, então, pedindo desculpas pelo atraso e isso me ajudou a quebrar o gelo e a mostrar que estava disposto a interagir de uma forma adequada com aquela nova cultura. Esse episódio me lembrou instantaneamente uma frase do curso de inglês que fiz quando era adolescente: “When in Roma, do as the romans do”, ou “Se você estiver em Roma, faça como os romanos”. Era um ditado tão simples e direto, mas que não levei em conta quando ingressei em uma grande firma com cultura alemã. Fonte SAVIOLI, Nelson. Quebrando a cara com os alemães. [S.l.: s.n.]. 1