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Fonte:
24/04/2012
Caderno: Política Econômica
Pág.: A - 4
Banco Central gastou mais de R$ 330 mi para renovar notas
Paula de Paula
SÃO PAULO - O Banco Central (BC) concluiu que o gasto com emissão de notas é
em média R$ 472 milhões ao ano, desse valor, R$ 337 milhões são gastos com
reposição de cédulas desgastadas. O dado foi divulgado ontem na primeira
Pesquisa de Qualidade de Cédulas e Entesouramento de Moedas Metálicas realizada
pela autoridade monetária em instituições de comércio e serviços do País entre
dezembro do ano passado e janeiro de 2012.
O estudo analisou cédulas de R$ 2 até R$ 100 e as classificou em 6 níveis de
conservação sendo os níveis até 4 adequados para circular e os níveis 5 e 6
inadequados. Do total de cédulas de R$ 2 pesquisadas , 21,8% estão impróprias
para circulação, já 14,5% das cédulas de R$ 5 apresentaram um estado ruim para
o uso. Nas cédulas de R$ 10 esse percentual representou 7,4% , nas de R$ 20,
5,6% e nas de R$ 50, 2,7%. Do total das cédulas de R$ 100, 3,3% estão em níveis
críticos de circulação . A pesquisa apontou que 85% das cédulas de maior valor (R$
10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100) em circulação têm bom nível de qualidade.
Em entrevista coletiva para a divulgação do levantamento o diretor de
Administração da entidade, Altamir Lopes, disse que entre as razões para o
crescimento da deterioração quanto menor o valor da nota se dá pelo fato de esse
tipo de cédula ter uma maior circulação e do menor cuidado que a população
costuma ter com esse tipo de nota, mas o diretor não descarta o mal
armazenamento e uso das pessoas dente os fatores que causam a má conservação.
O fato da nota de R$ 100 possuir um nível de deterioração maior que a de R$ 50 foi
explicada pelo banco em razão das amostras dessa nota de mais alto valor não ser
"muito boa" já que não há muitas cédulas em circulação no nível nacional.
Dentro disso, a pesquisa concluiu que as cédulas de R$ 2, R$ 5, R$ 10 e R$ 20 têm
vida útil em média de 14 meses. Já as cédulas de R$ 50 e R$ 100 podem durar em
média 37 meses. Lopes afirmou que a qualidade do dinheiro "é fundamental" pois é
o primeiro cartão de visita que o estrangeiro tem contato quando chega ao País e a
conservação das notas mantém os elementos de segurança. "Hoje temos padrões
de segurança muito elevados, comparados aos melhores do mundo. A conservação
das notas previne a ação de falsários", completou
A pesquisa também levantou o percentual de desgaste em cada região do País. As
Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste registraram os maiores níveis de conservação
da moeda, já as Regiões Norte e Nordeste apresentaram um nível menor de
preservação. Na análise da cédula de R$ 2, por exemplo, a Região Norte teve
11,2% das notas classificadas como nível 6 de deterioração, já a Região Sul teve
apenas 1% das notas neste nível e a Região Centro-Oeste 0,5%.
O diretor do Banco Central explicou duas razões para que exista essa diferença
regional de conservação. A primeira é o clima das Regiões Norte e Nordeste, que
não favorecem a integridade da nota, e a segunda a menor inclusão financeira da
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população dessas regiões, "o que faz com que a cédula demore mais para chegar
nos bancos", disse.
Sobre a questão do recolhimento de notas mal conservadas, o diretor do BC alertou
para a importância da ação dos comerciantes, que recebem as cédulas
deterioradas, de levá-las até uma instituição bancária para serem trocadas. Só por
essa via a autoridade monetária tem condições de fazer a troca das cédulas.
Entesouramento de moedas
A pesquisa também concluiu que 73% das moedas produzidas desde o início do
Plano Real ainda estão em circulação e 27% estão presas em "cofrinhos" ou foram
perdidas. As moedas fora de circulação representam 5,134 bilhões de unidades e
um montante de R$ 508, 3 milhões. Para a produção dessas moedas a união
pagaria R$ 1,1 milhão
"O cofrinho é um elemento importante de educação financeira para as crianças,
mas há uma necessidade de se levar [esse dinheiro] para o depósito na poupança,
mantendo o pode de compra das moedas", disse Lopes. Ele acrescentou que o
hábito de guardar dinheiro trás dois transtornos, o primeiro é a falta de troco no
mercado e segundo é o custo.
O que compete ao Banco Central , segundo o diretor, é tentar levar a noção dos
prejuízos do entesouramento para a sociedade.
O Banco Central informou que o custo para a produção de uma moeda
normalmente ultrapassa seu valor de mercado por exemplo, a produção de uma
moeda de R$ 0,05 custa R$ 0,21. O valor de mercado só ultrapassa o custo a partir
das moedas de R$ 0,5 que saem por R$ 0,31 á união . No caso das notas essa
questão se inverte, uma nota de R$ 50 custa apenas R$ 0,31 para ser produzida, o
que "acaba compensando os gastos com moedas", diz Lopes.
Na conclusão, o relatório aponta que "o percentual de descaracterização verificado
nas cédulas sugere a necessidade de ações educativas quanto ao uso do dinheiro,
uma mudança comportamental poderia permitir também economia de recursos
públicos com reposição de notas danificadas e de moedas entesouradas", diz o BC.
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