AS CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA DIGITAL NO ENSINO DE

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AS CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA DIGITAL NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
PARA CRIANÇAS
Jéssica Bell’Aver - SMED/TOLEDO1
Rose Maria Belim Motter - UNIOESTE2
RESUMO: Ensinar uma língua carece conhecimento teórico e desenvolvimento de diversas
habilidades, dentre elas adaptar-se às exigências e complexidades da sociedade atual. Levando esse
contexto em consideração, as tecnologias digitais são fortes componentes desencadeadores e
incentivadores da aprendizagem, assim, se fazem imprescindíveis nesse processo. Este artigo tem por
objetivo propor reflexões acerca das abordagens e metodologias de ensino da Língua Inglesa para
crianças direcionadas ao uso das tecnologias digitais, tendo em vista que, ao se trabalhar com crianças
deve-se priorizar o lúdico, a interatividade e a oralidade. A utilização de recursos tecnológicos em sala
de aula permite ir além do esperado, criando novas expectativas a cada conteúdo
trabalhado, contribuindo na formação de sujeitos curiosos, criativos e críticos. Embasa-se teoricamente
este artigo em vários autores que versam sobre o uso da tecnologia na educação como Catapan (2005),
Prensky (2001), Belloni (2001), Lévy (2000), entre outros.
PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia digital; Língua Inglesa; Crianças.
INTRODUÇÃO
A língua inglesa conquistou seu espaço ao longo das últimas décadas em função de alguns
acontecimentos históricos que foram determinantes para sua expansão, podendo ser citado em
primeiro lugar o grande poderio econômico da Inglaterra no século IX, alavancado pela Revolução
Industrial, a qual chegou a alcançar uma vasta abrangência geográfica e uma vasta disseminação da
língua inglesa. Em segundo lugar, devido ao poderio político-militar dos EUA a partir da segunda
guerra mundial e à marcante influência econômica e cultural, que acabou por deslocar o Francês dos
meios diplomáticos e solidificar o inglês na posição padrão das comunicações internacionais. Mais
recentemente podemos citar o crescimento do comércio internacional e o desenvolvimento das
tecnologias de telecomunicações e informações como mais um marco à difusão da língua inglesa
(SCHÜTZ, 2010). Ao assumir este papel de língua global, o inglês se torna uma das mais importantes
ferramentas, tanto acadêmicas quanto profissionais. É hoje, inquestionavelmente, reconhecido como a
língua mais importante a ser adquirida na atual comunidade internacional. Este fato é incontestável e
parece ser irreversível. O inglês acabou se tornando o meio de comunicação por excelência tanto do
mundo científico como do mundo de negócios. David (2005) corrobora, afirmando que a língua
inglesa hoje se caracteriza como o código linguístico apropriado para satisfazer as necessidades e
expectativas daqueles que anseiam em participar da comunidade internacional, quem não se utilizar
desse instrumento, estará parcialmente excluído.
Ao iniciar o trabalho com a língua inglesa com crianças em idade escolar, a metodologia
utilizada pelo professor deve estar pautada na ludicidade e ir de encontro com as inovações e as
possibilidades que as tecnologias digitais oferecem, tendo em vista que a aprendizagem se torna muito
mais significativa e prazerosa para a criança. Como afirma Donna (1991), “assessorando professores
em seu trabalho e trazendo o mundo para dentro da sala de aula, as tecnologias digitais tornam o
ensino da LE mais significativo e estimulante.”.
Este presente estudo propõe reflexões acerca do uso da tecnologia digital em sala de aula e
como esses recursos podem contribuir para que a disciplina cumpra seu papel, considerando as
possibilidades, a realidade de cada escola e o que está acessível aos professores. Nesse sentido,
contribui Moran (1991),
Educar é estar mais atento às possibilidades do que aos limites. Estimular o desejo
de aprender, de ampliar as formas de perceber, de sentir, de compreender, de
comunicar-se. Apoiar o estado de perceber e sentir, de compreender e comunicar-se.
Apoiar o estado de prontidão para aprender dentro e fora da escola, em todos os
espaços do nosso cotidiano, em todas as dimensões da vida. Estar atento a tudo,
1
Especialista em Língua Inglesa (FAG) e em Gestão Educacional (UNIPAN); Graduada em Pedagogia
(UNIPAR); Professora e Coordenadora de Língua Inglesa do município de Toledo-PR.
2
Professora Dra Rose Maria Belim Motter.
relacionando tudo, integrando tudo. Conectar sempre o ensino com a pessoa do
aluno, com a vida do aluno, com a sua experiência (MORAN, 1991, p. 146).
Os resultados das reflexões apresentadas estão pautados em estudos teóricos, assim como em
experiências práticas vivenciadas com crianças que estudam nos anos iniciais e na educação infantil
das escolas municipais da cidade de Toledo.
A LÍNGUA INGLESA NA INFÂNCIA
Teóricos discutem acerca de qual seria a melhor idade para se iniciarem os estudos de uma
língua estrangeira. Alguns autores acreditam que o quanto antes a criança for exposta à língua, melhor
se dará sua aprendizagem, como afirma Cameron (2001), ao citar que se a aprendizagem de uma
língua estrangeira começar nos anos iniciais, as crianças atingirão um nível mais alto e diversificado
das estruturas da língua-alvo.
Desse modo, julga-se de fato interessante iniciar os estudos e o contato com a língua inglesa na
tenra idade, aproveitando a condição e a pré-disposição que as crianças se encontram para aprender
com mais naturalidade, pois são muito curiosas, ávidas por novos conhecimentos e têm menos
resistências ou preconceitos, sendo estes fatores essenciais ao aprendizado.
Além disso, para que determinadas tarefas sejam executadas com eficiência, existem fatores
biológicos fortemente relacionados à aprendizagem de línguas, como explica Perissé (2002),
Seres humanos conseguem aprender línguas em qualquer idade, mas crianças
pequenas que ainda não falam sua língua materna ou que estão em estágios iniciais
dessa aprendizagem estão mais predispostas a perceberem os sons de outra língua,
distinguindo nuances que se tornam difíceis de serem discriminadas mais tarde.
(PÉRISSE, 2002).
Seguindo a linha de pensamento desse mesmo autor, quanto mais cedo a criança for exposta a
falantes de uma língua estrangeira, maior será a probabilidade de adquirir os sons e a musicalidade
dessa língua com perfeição, pois acredita-se que a idade tenha grande relevância no processo de
aprendizagem de uma segunda língua. No entanto, não é fator determinante, sendo a atuação do
professor em sala de aula de extrema importância, na medida em que provoca e ao mesmo tempo
proporciona a interação entre o conhecimento e o aluno.
A questão central fortemente relacionada ao ensino de Língua Inglesa para crianças parece ser
realmente a metodologia de ensino utilizada pelo professor. Esse, independentemente de crenças
pontuais, deve ter como objeto constante e diário de trabalho, o estudo e a pesquisa, levando em
consideração a sua atuação em sala de aula, as metodologias específicas e condizentes com a faixa
etária com a qual trabalha, pois sua postura é determinante no processo de aprendizagem, ou seja, o
modo como a língua é apresentada a criança pode comprometer todo o processo de construção da sua
linguagem se não for feita de maneira significativa e próxima a realidade da criança.
O objetivo das aulas deve favorecer contextos de interação, amplamente contemplados e
favorecidos quando o professor faz uso das tecnologias digitais, contribuindo para que a criança se
sinta segura para se expressar em língua estrangeira, enfatizando a compreensão auditiva, a expressão
oral e, posteriormente, a leitura e a escrita. De acordo com Moran (1991),
A tecnologia nos propicia interações mais amplas, que combinam o presencial e o
virtual. Somos solicitados continuamente a voltar-nos para fora, a distrair-nos, a
copiar modelos externos, o que dificulta o processo de interiorização, de
personalização. O educador precisa estar atento para utilizar a tecnologia como
integração e não como distração ou fuga. (MORAN,1991)
De acordo com Krashen (1982), a aquisição de uma língua estrangeira é um processo similar
ao utilizado pela criança na apropriação da língua materna, para tanto, é necessário que as condições
de aprendizagem de uma segunda língua sejam mais próximas possíveis das condições oferecidas a ela
na aquisição da sua primeira linguagem. Como afirmam Lamb e Motter (2008),
Nesse processo, não nos damos conta das regras do sistema lingüístico que
adquirimos, nós simplesmente o utilizamos e “sentimos” quando as frases soam
gramaticalmente corretas ou não. Quando usamos a nossa língua, principalmente na
forma oral, não ficamos pensando sobre que regra gramatical está sendo utilizada.
Essa organização do sistema lingüístico está internalizada em nós, e a nossa
exposição às situações de uso da língua possibilita nos apropriarmos desse sistema e
fazermos uso dele no contexto social em que estamos inseridos. Nossa exposição à
língua, em situações reais de comunicação, permite-nos não só utilizarmos
adequadamente as regras do sistema, mas, principalmente, torna-nos capazes de usar a
língua de forma apropriada no contexto social em que estamos inseridos (LAMB e
MOTTER, 2008, p.24).
Mesmo a escola sendo um contexto artificial, é o espaço adequado para o aprendizado da
língua inglesa ou de qualquer outra língua estrangeira, pois, considerando que a criança passa um bom
período do seu dia convivendo com essas pessoas e com esse ambiente, é esse momento que é real
para a criança, que ela poderá aplicar, visualizar o que aprende, interagindo com outras crianças da sua
idade e que, na maioria das vezes, estão no mesmo nível de conhecimento do que ela. Como assegura
Rivers (1975),
Perguntarão alguns se as situações de sala de aula poderão ser consideradas reais e
atuais, para o estudante que passa parte do seu dia na escola, são tão reais como
quaisquer outras de suas experiências cotidianas, sem mencionar o fato de que ele
está se comunicando com pessoas com as quais contato normal em atividades
extraescolares. Quando ocorrer a aprendizagem de diálogos apropriados, os alunos
terão a sua disposição vocabulários e expressões úteis para a discussão de
relacionamentos simples, interesses pessoais e atividades do dia-a-dia. (RIVERS,
1975)
Nesses termos, percebe-se a necessidade de pensar em atividades próximas a realidade das
crianças, e que elas possam aplicar de fato o que estão aprendendo em sala de aula no seu cotidiano
pessoal e escolar. Entretanto, deve se considerar também, o desenvolvimento de atividades que
venham enriquecer o leque de possibilidades que a criança tinha até então, ou seja, buscar um
equilíbrio entre elaborar atividades nas quais as crianças se sintam inseridas no contexto, comuns à
vida dela, mas também proporcionar as crianças exposição a situações novas, até então não
vivenciadas por elas, possibilitando assim que suas experiências, seu vocabulário e suas vivências em
geral se ampliem.
TECNOLOGIAS DIGITAIS NA ESCOLA
Ao se tratar de crianças pequenas de educação infantil e dos anos iniciais do ensino
fundamental, a primeira responsabilidade do professor é ter sempre em mente que está trabalhando
com crianças ainda não alfabetizadas em sua língua materna, e que qualquer atividade planejada sem
ter levado isso em consideração pode vir a causar problemas para a criança em um futuro próximo. O
uso apropriado da tecnologia nas aulas oferece uma diversidade de recursos, contribuindo na
promoção de situações mais próximas da realidade dos alunos dos anos iniciais. É uma forma eficaz
de demonstrar a sonoridade do outro idioma incentivando a prática da fala e, gradativamente,
introduzindo a leitura e a escrita.
A aproximação do contexto artificial escolar ao contexto real de uso da língua inglesa, através
do contato com material autêntico é proporcionado intensamente pelas tecnologias digitais, ao passo
que o professor tem a sua disposição websites e softwares com ferramentas de vídeo e áudio, que
proporcionam recursos visuais e auditivos às crianças, incentivando a interação da criança com a
língua e com o recurso tecnológico em questão. Para Motter; Pavanati; Catapan; Sousa (2010),
As vantagens de flexibilidade e adaptabilidade das ferramentas virtuais promovem a
ruptura de certos domínios verticalmente organizados e burocraticamente
centralizados, uma vez que se concebe a língua como elemento vivo, inovador e
criador. Assim presencia-se que as informações são produzidas e circulam entre as
pessoas modificando e superando o conhecimento já estabelecido interferem na
compreensão das relações entre o trabalho, a cidadania e o aprendizado forçando a
revisão de velhos conceitos. (MOTTER; PAVANATI; CATAPAN; SOUSA,
2010).
As crianças têm um período de concentração e atenção relativamente curto e, em contrapartida,
muita energia física. Um dos desafios do professor é lidar com essas características peculiares à
infância, e a maneira mais eficiente é por meio de atividades lúdicas e interativas, envolvendo os
alunos em atividades com muita cor, animação, som e movimento. As crianças, ao vivenciarem e
interagirem com as atividades de forma concreta, aprendem se divertindo, e quanto mais prazerosos
forem esses momentos de aprendizagem, mais as crianças internalizarão a língua ensinada. Envolver
os alunos na produção, na construção de simples apresentações de atividades usando, por exemplo, o
Power Point e o Movie Maker, faz com que se sintam ativos e autônomos no processo de ensinoaprendizagem, de acordo com Moran (1991),
É importante educar para a autonomia, para que cada um encontre o seu próprio
ritmo de aprendizagem e, ao mesmo tempo, é importante educar para a cooperação,
para aprender em grupo, para intercambiar ideias, participar de projetos, realizar
pesquisas em conjunto. Só podemos educar para a autonomia, para a liberdade com
autonomia e liberdade. O caminho para a autonomia acontece combinando
equilibradamente a interação e a interiorização. (MORAN, 1991)
Segundo o mesmo autor, é pela interação que aprendemos, nos expressamos, confrontamos
nossas experiências, ideias, realizações. Buscamos ser aceitos, acolhidos pela sociedade, pelos
colegas, por grupos significativos. Já pela interiorização fazemos a integração de tudo, de todas essas
ações: das ideias, interações, realizações, encontrando nossa síntese, nossa identidade, nossa marca
pessoal, a nossa diferença.
Outro fator evidente no trabalho com as tecnologias digitais que é ressaltado pelo autor, é a
facilidade da troca de conhecimentos entre professores e alunos envolvidos no processo. A cooperação
e a colaboração entre os usuários é presente também nesse sistema, no qual não há um único detentor
do conhecimento, há a troca e ajuda mútua entre professores, alunos e colegas. O conhecimento é
compartilhado, construído e enriquecido com a contribuição de todos. Para Lévy (2003), o uso
crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa acompanha e amplifica as
mudanças contemporâneas das relações com o saber, “ao prolongar determinadas capacidades
cognitivas humanas (memória, imaginação, percepção), as tecnologias intelectuais com suporte digital
redefinem seu alcance, seu significado, e algumas vezes até mesmo sua natureza”. (LÉVY, 2003).
Ainda o mesmo autor ressalta que, assim que penetramos no universo da Web, descobrimos
que ele constitui não apenas um imenso “território” em expansão acelerada, mas que também oferece
inúmeros “mapas”, filtros, seleções para ajudar o navegante a orientar-se. (LÉVY, 2003)
Hoje a linguagem digital envolve possibilidades que vão muito além daquelas fornecidas por
meio das tecnologias de épocas anteriores, às gerações antecedentes às dos “nativos digitais”
(PRENSKY, 2001). De acordo com Motter (2013), com o uso das tecnologias digitais na escola, a
leitura e a escrita ganham suportes de toda ordem e enriquecem as perspectivas de aprendizagem. A
audição, a fala e a visão, se beneficiam das facilidades avivadas pelas mídias digitais, exercendo uma
função motivadora no estudo de um idioma diferente. As possibilidades que esses recursos dispõem,
estimulam a vivacidade e a flexibilidade da linguagem por meio da tecnologia digital, pois como
afirma Catapan (2002),
A TCD (Tecnologia Comunicação Digital) está, cada vez mais, provocando
transformações radicais em todas as dimensões da existência. As interseções que se
estabelecem entre a pedagogia e a TCD, nos processos de ensino-aprendizagem,
provocam transformações evidentes na Ambiência Pedagógica. Estas podem alterar
radicalmente o processo ensino-aprendizagem se forem exploradas a partir de
pressupostos pedagógicos que se definem pela concepção de um novo modo do saber
e um novo modo do apreender. (CATAPAN, 2002)
Ademais, a interdisciplinaridade se torna mais possível e acessível quando a metodologia do
professor se associa a meios tecnológicos, os conteúdos se interligam rapidamente e estão a um clique
do aluno e do professor. Uma experiência marcante nesse sentido para exemplificar esse aspecto, foi
quando uma professora do município de Toledo utilizou-se de uma música seguida de vídeo, intitulada
“Where are you from?” para ensinar aos seus alunos do 5º ano a expressão e o seu uso real.
Primeiramente, cada aluno recebeu a letra da música escrita, que traz muitos nomes de países em
inglês, e algumas mensagens convidando o ouvinte a visitar tais lugares. O uso do rádio por si só já
encantou muitos alunos, considerando que a música é envolvente. Porém, o encantamento foi ainda
maior quando o recurso projetor DataShow foi utilizado com o vídeo da música em questão e que
trazia a bandeira de todos os países que a canção apresentava, de forma sequencial, acompanhada de
um cenário atrativo. O que parecia estar tão difícil de entender e identificar na música, simplesmente
não estava mais. Os alunos fizeram associações com bandeiras de países que já conheciam,
conversavam sobre quais eram mais bonitas, quais países pertenciam ao continente Americano, ao
Europeu, etc. Mais tarde, no laboratório de informática, a professora apresentou aos alunos o website
www.elllo.org, o qual sua principal característica é oferecer a visualização e a audição de situações de
conversação espontânea entre pessoas de vários lugares do mundo, cabe ao usuário apenas digitar no
campo de busca o tema/assunto que ele deseja ver e ouvir, e clicar em uma das opções que estarão
disponíveis. E foi exatamente isso que foi feito: a professora escreveu a frase “Where are you from?”
no campo de busca do website, e selecionou uma das opções de vídeos que apareciam pessoas de
diversos lugares do mundo respondendo a essa pergunta em inglês, ou seja, os alunos sentiram o quão
real e importante é o emprego dessa expressão, pois viram pessoas realmente a usando, além de terem
a oportunidade de perceberem diferentes sotaques na pronúncia dessas pessoas. Depois de explorado
esse conteúdo, a professora escolheu alguns países que apareceram na música trabalhada e digitou no
campo de busca novamente para que as crianças pudessem ouvir falantes daquele determinado país
tendo uma conversação espontânea sobre um assunto qualquer, pois, o objetivo dessa atividade com o
website é mostrar para os alunos o quanto a Língua Inglesa está próxima e presente em suas vidas e
que é possível aprender a se comunicar em inglês na escola, cabe ao professor fazer uso de
metodologias coerentes, que despertem a atenção e o interesse de seus alunos, como corroboram
Motter; Pavanati; Catapan; Sousa (2010),
A sociedade da comunicação digital oportuniza a presença de elementos
tecnológicos no cotidiano das pessoas de diferentes classes sociais. Esse acesso
permite a disseminação do conhecimento, inclusive do idioma estrangeiro. Por meio
disso se observa que mesmo estudantes oriundos de classes sociais menos
favorecidas já cheguem à escola com certo conhecimento do inglês. (MOTTER;
PAVANATI; CATAPAN; SOUSA, 2010).
O uso consciente das tecnologias pode colaborar para uma mudança de civilização que
questiona profundamente as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas
educacionais tradicionais, como também as organizações e empresas e, sobretudo os papéis que cada
sujeito ocupa na sociedade.
As tecnologias de comunicação vieram para mudar a relação pedagógica. A pessoa autoritária
utilizará o computador para reforçar ainda mais o seu controle sobre os outros. Por outro lado, uma
mente aberta, interativa, participativa encontrará nas tecnologias ferramentas eficazes capazes de
ampliar a interação.
Tais tecnologias não substituem o professor, mas modificam algumas das suas funções. A
tarefa de passar informações pode ser deixada, em parte, para os bancos de dados, livros, vídeos,
programas online. O professor é o principal incentivador da aprendizagem e da curiosidade do aluno
por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante. Além de que, coordena o
processo de apresentação dos resultados pelos alunos. Depois, questiona apresentações, contextualiza
resultados, os adapta à realidade dos alunos. Transforma informação em conhecimento e
conhecimento em saber, em vida, em sabedoria aplicável ao dia-a-dia.
As tecnologias permitem um novo encantamento na escola. Alunos e professores encontram
inúmeras bibliotecas eletrônicas, revistas on line, com muitos textos, imagens e sons, que facilitam a
tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação. O
professor pode estar mais próximo do aluno. Pode receber mensagens com dúvidas, pode passar
informações complementares para determinados alunos, procurar ajuda em outros colegas sobre
problemas que surgem, novos programas para a sua área de conhecimento. O processo de ensinoaprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e poder de comunicação.
ATUAÇÃO DO PROFESSOR
A escola e a sociedade em geral espera que o professor seja competente no seu trabalho, que
tenha conhecimento científico da matéria que ensina, que esteja constantemente buscando se
aperfeiçoar e se atualizar de acordo com as inovações sociais, científicas e tecnológicas. Além disso,
um bom profissional deve saber se comunicar com os alunos de maneira acessível, motivá-los, mantêlos atentos e interessados no conteúdo, fazendo com que seu grupo coopere, produza e cresça. Para
que tenhamos uma educação de qualidade, há necessidade de que principalmente as três partes
envolvidas diretamente, professores, alunos e gestores, se comprometam a cumprir seus papéis da
melhor forma possível.
Diante da tecnologia digital, o professor, além de ter as responsabilidades citadas
anteriormente, tem o papel de mediar o contato e o trabalho do aluno com as ferramentas tecnológicas
digitais, é responsável por tornar o caminho que distancia a ferramenta do aluno mais curto e mais
prazeroso, indicando a maneira correta aos alunos de como utilizar as tecnologias a seu favor e a favor
da sociedade.
Ao fazer o papel de mediador, o professor questiona, instiga e provoca reflexões, fazendo com
que as crianças reflitam, participando da aula ativamente, fazendo descobertas constantes, tornando-se
parceiras no processo da construção do seu conhecimento. E conforme a função do professor em sala
se modifica, o ambiente de ensino-aprendizagem também precisa ser modificado, ou pelo menos a
visão reducionista de que o único local possível de aprendizagem é a sala de aula, com suas fileiras de
carteiras, lado a lado. As tecnologias digitais afetam profundamente a educação e esta não deve
permanecer presa a lugares e tempos determinados há muito tempo atrás, pois hoje, são muitos os
recursos a nossa disposição para aprender e para ensinar.
O ambiente de aprendizagem que devemos oferecer aos nossos alunos precisa
fundamentalmente de professores bem preparados, motivados, e bem remunerados e com formação
pedagógica atualizada (MORAN, 1991). Além disso, precisa de salas confortáveis, com boa acústica e
tecnologias, das simples até as sofisticadas, considerando a realidade financeira atual da instituição
que mantém a escola. Uma sala de aula hoje precisa ter acesso fácil ao vídeo, DVD e/ou TV pen drive
e Internet, para acesso a websites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário.
Um computador em sala com projetor multimídia são recursos necessários, embora ainda
caros, para oferecer condições dignas de pesquisa, apresentação de trabalhos, simulações virtuais,
vídeos, jogos, materiais em CD, DVD, etc. De acordo com Moran (1991),
Há um campo de possibilidades didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo nas
salas que detêm equipamentos tecnológicos sofisticados. A infraestrutura deve estar
a serviço de mudanças na postura do professor, passando de ser uma “babá”, de dar
tudo pronto, mastigado, para ajudá-lo, de um lado, na organização do caos
informativo, na gestão das contradições dos valores e visões de mundo, enquanto, do
outro lado, o professor provoca o aluno, o “desorganiza”, o desinstala, o estimula a
mudanças, a não permanecer acomodado na primeira síntese. (MORAN, 1991)
Adaptar ricos recursos adequadamente, visualizando o objetivo de cada aula e a faixa etária de
sua turma é o desafio do professor de hoje. Incentivar os alunos a buscarem mais informações fora do
horário da escola, através de seus próprios computadores ou outros recursos que tenham em casa,
maximiza o contato do aluno com o conhecimento e/ou o conteúdo que está sendo visto. Despertar a
curiosidade dos alunos para além do currículo mínimo.
Para que a escola dê conta de atender a novas necessidades, primeiramente há que se entender
essa nova maneira de ensinar e aprender. Professor e alunos trabalham juntos, partilhando decisões,
sendo que o primeiro, assumindo seu papel, é o condutor de um processo que requer atitudes
reflexivas frente ao conhecimento integrando a totalidade, legitimando as diversas fontes de
conhecimento. O professor é o elo entre os conhecimentos que os alunos já possuem e novos
conhecimentos a sua disposição e ao seu alcance, seja como receptores, ou como autores na
construção do conhecimento, ressignificando o conceito de experiência. (MOTTER; PAVANATI;
CATAPAN; SOUSA, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de recursos tecnológicos em sala de aula permite ir além do esperado,
criando novas expectativas a cada conteúdo trabalhado, contribuindo na formação de sujeitos curiosos,
criativos e críticos. Como afirma Moran, os educadores marcantes atraem não só pelas suas ideias,
mas pelo contato pessoal, transmitem competência, tanto no plano pessoal, familiar como no social,
dentro e fora da aula, no presencial ou no virtual e em uma sociedade cada vez mais complexa e
virtual, se tornarão referências necessárias. Ainda de acordo com o mesmo autor,
As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos
educadores, gestores e alunos maduros intelectual, emocional e eticamente; pessoas
curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar; pessoas com as
quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. São poucos
os educadores que integram teoria e prática e que aproximam o pensar do viver. Em
sala de aula, se estivermos atentos, podemos mais facilmente obter feedback dos
problemas que acontecem e procurar dialogar ou encontrar novas estratégias
pedagógicas. (MORAN,1991)
Os alunos parecem estar prontos para a tecnologia e a multimídia, e os professores, em sua
maioria, não. Sentem-se cada vez mais descompassados no domínio das tecnologias, fazendo
pequenas concessões, sem mudar questões essenciais. Além disso, ainda existem muitos problemas de
organização, de estrutura física e de equipamentos nas escolas que dificultam o trabalho diário do
professor. É necessário que a gestão da escola tenha ciência da importância do uso desses recursos,
clareza com relação aos objetivos que o professor busca atingir ao usá-los, para que as pessoas que
estão à frente das questões organizacionais da escola facilitem e minimizem os contratempos que
eventualmente possam ocorrer quando se trata de materiais, acesso a internet, etc. Outro fator
relevante diz respeito à logística de número de aulas e espaços físicos disponíveis. É interessante que o
professor de língua inglesa tenha a sua disposição, periodicamente, laboratórios de informática para
serem usados nas suas aulas, pois isso resulta em otimização do tempo da aula - tendo em vista que a
grande maioria das escolas possui a carga horária de apenas uma h/aula semanal - e o contato e a
interação efetivos de cada aluno com um computador.
Através de experiências vivenciadas nas escolas municipais de Toledo, nota-se muito bem
essas questões na prática: há desejo por parte dos professores de se trabalhar de forma mais lúdica e
interativa por intermédio das tecnologias disponíveis mas, muitas vezes, as iniciativas acabam se
tornando problemas para as escolas, para a administração da escola. Ora por falta de conhecimento da
própria gestão, ora por falta de espaço físico disponível no momento da aula, entre outros. Os
professores percebem que precisam mudar sua postura e que precisam estar abertos as mudanças e as
exigências que a sociedade atual nos impõe, porém muitas instituições também exigem mudanças dos
professores sem dar-lhes condições para que eles as efetuem. Com muita frequência, algumas
organizações introduzem computadores, conectam as escolas com a internet e esperam que só isso
melhore os problemas do ensino. A equipe gestora se frustra ao ver que tanto esforço e dinheiro estão
empatados não revertendo em mudanças significativas nas aulas e nas atitudes dos professores.
Conforme Moran (1991), para que as tecnologias digitais possam ser utilizadas de maneira efetiva nas
escolas, algumas questões devem ser levadas em consideração:
Na implantação de tecnologias o primeiro passo é garantir o acesso. Que as
tecnologias cheguem à escola, que estejam fisicamente presentes ou que professores,
alunos e comunidade possam estar conectados. Mesmo ainda distantes do ideal
temos avançado bastante nos últimos anos na informatização das escolas. Mas a
demanda por novos laboratórios, por conexões mais rápidas, por novos programas é
incessante e isso deixa também amedrontado o gestor, porque não sabe se o
investimento vale a pena diante da rapidez com que surgem novas soluções ou
atualizações tecnológicas. Neste campo não convém ir na última moda (a última
versão sempre é a mais cara e uma semelhante, um mínimo inferior, costuma custar
muito menos) nem esperar muito, porque já estamos atrasados nos processos de
informatização escolar. (MORAN, 1991)
Dessa forma, entende-se a necessidade de pensar o uso da tecnologia na escola levando em
consideração todos os envolvidos com esse objetivo, direta ou indiretamente. Professores e equipe
gestora devem estar em sintonia e buscar por uma única meta comum: oferecer um ensino de língua
inglesa de qualidade às crianças, que realmente proporcione condições reais de atividades lúdicas e
interativas de aprendizagem.
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Acesso em: 19 de maio de 2013.
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