Advogados: quando a segurança de informação é o assunto mais

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Advogados: quando a segurança de
informação é o assunto mais delicado
JOÃO MALTEZ | [email protected] | 27 Julho 2016, 10:00
Os riscos existem sempre, mas há formas de prevenir que a informação não esteja segura. Numa
sociedade de advogados a ética, a deontologia e os clientes exigem essa segurança.
Das exigências éticas e deontológicas até às obrigações de confidencialidade que o cliente espera ver
salvaguardadas, a atenção à segurança da informação numa sociedades de advogados ganha
contornos únicos face a qualquer outra organização. Prevenir riscos e conhecer potenciais
vulnerabilidades é meio caminho andado para evitar males maiores.
Quando falamos em segurança da informação, há questões específicas para as quais deve olhar uma
organização que se dedica à prestação de serviços jurídicos. Desde logo, como evidencia Rui Vaz,
responsável de IT e segurança do sistema da ABBC Advogados, há "exigências éticas e deontológicas
que derivam do exercício da profissão, incluindo as referentes ao segredo de justiça, e também as
relativas a obrigações de confidencialidade assumidas perante clientes e parceiros".
Numa firma de advogados, os principais riscos para a segurança da informação são, na perspectiva de
Rui Vaz, a inexistência de uma política e de regras claras e falta de monitorização e de sensibilização de
colaboradores.
"Os riscos inerentes podem ir desde falha de confidencialidade de informação (do cliente, parceiros,
tribunais, ou informação interna), fuga de informação para a concorrência, perda de integridade da
informação, perda de disponibilidade, perda de imagem e confiança na sociedade caso algum dos riscos
anteriores se concretize", explica, por seu turno, Pedro Queirós, engenheiro de cibersegurança da
Multicert.
Um projecto em comum
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A sociedade de advogados ABBC de-senvolveu, nos últimos três meses, com o apoio da empresa
especializada em cibersegurança Multicert, um projecto destinado a avaliar a segurança do seu
sistema de informação. Segundo Pedro Queirós, engenheiro de cibersegurança da Multicert, este
projecto envolveu a realização de testes de intrusão e uma componente de formação e
sensibilização em segurança da informação. "Nos testes de intrusão o objectivo passou por validar
a segurança das redes wireless e da segmentação das mesmas e os vários endereços externos
associados aos serviços informáticos da ABBC", explica Pedro Queirós.
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Até por isso, a adopção de práticas preventivas é uma atitude fulcral. Pedro Queirós defende que, numa
sociedade de advogados, é importante apostar na "definição de regras e práticas internas,
complementares à sensibilização dos colaboradores", já que essa atitude permite "mitigar muitos dos
riscos associados à segurança da informação" que é detida pela organização.
Como diz Rui Vaz, é verdade que é praticamente impossível concorrer em tempo real com novas
ameaças. No entanto, "com conhecimento das potenciais vulnerabilidades é sempre possível minimizar
riscos, procurando estar alerta e reagindo de imediato", evidencia.
Existem actores maliciosos com a intenção de atacar os sistemas das organizações [...] ou causar disrupção
no negócio.
PEDRO QUEIRÓS Eng.º de cibersegurança da Multicert
Pedro Queirós lembra que "existem actores maliciosos com a intenção de atacar os sistemas das
organizações, com o intuito de roubar informação, ou simplesmente de causar disrupção no negócio das
mesmas". Por isso, "ter consciência dos riscos envolvidos e adoptar as melhores práticas no que
concerne à protecção dos dados da organização é o primeiro passo a dar para minimizar os danos de
um ataque".
Fazer testes regulares à infra-estrutura da organização e ter colaboradores conscientes sobre a
segurança da informação é, adianta o engenheiro de cibersegurança, "uma prática já comum em várias
sociedades, que se preocupam com os dados da sua empresa e dos seus clientes".
PERGUNTAS A RUI VAZ
RESPONSÁVEL DE IT E SEGURANÇA DO SISTEMA DA ABBC
É essencial garantir confiança de clientes
Salvaguardar profissionalmente as questões que são caras aos advogados é uma missão de Rui
Vaz, o responsável pelo sistema de informação da ABBC. Aspectos fundamentais são, por exemplo,
a salvaguarda do segredo de justiça, quando este se impõe, e a confidencialidade assumida
perante o cliente.
Quando falamos em segurança da informação, que exigências específicas se colocam a uma
organização que actua na área da prestação de serviços jurídicos?
As exigências éticas e deontológicas que derivam do exercício da profissão, incluindo as referentes
ao segredo de justiça, nos casos em que se aplique e também as relativas a obrigações de
confidencialidade assumidas perante clientes e parceiros. É essencial garantir ao cliente que os
assuntos e dados que nos transmite são mantidos em estrita confidencialidade e não pode existir
qualquer dúvida a esse respeito.
Quais são os principais riscos para a segurança da informação numa sociedade de
advogados?
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Inexistência de uma política e de regras claras na sociedade e a falta de monitorização e de
sensibilização de colaboradores.
Para o que devem estar sensibilizados os actores de uma organização, e em particular numa
sociedade de advogados, quando está em causa a segurança da informação?
Sobretudo para comportamentos estranhos ou situações que, sendo novas, levantem de alguma
forma suspeitas. A sensibilização passa por, na dúvida, reportar e nunca ignorar.
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