UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS RESPOSTA IMUNE DA GLÂNDULA MAMÁRIA DE BOVINOS: específica e inespecífica - Uso de citocinas na imunomodulação - Rodrigo Balduino Soares Neves Orientador: Prof. Dr. Albenones José de Mesquita Goiânia 2011 RODRIGO BALDUINO SOARES NEVES RESPOSTA IMUNE DA GLÂNDULA MAMÁRIA DE BOVINOS: específica e inespecífica - Uso de citocinas na imunomodulação Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Nível: Doutorado Área de concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos. Linha de Pesquisa: Controle de Qualidade, Higiene e tecnologia de Alimentos Orientador: Prof. Dr. Albenones José de Mesquita – UFG Comitê de Orientação: Prof. Dr. Marcos Veiga do Santos – USP Prof. Dr. Laerte Guimarães Ferreira Luiz – UFG/IESA Goiânia 2011 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1 2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 4 2.1. Conceito de Imunidade da Glândula Mamária ...................................... 4 2.2. Imunidade inespecífica ou inata ............................................................ 4 a. Defesa estrutural do teto .................................................................... 5 b. Defesa solúvel não específica ........................................................... 7 c. Defesas Celulares ............................................................................ 10 2.3. Imunidade específica ou adquirida ...................................................... 15 a. Defesa solúvel específica ................................................................ 16 b. Defesas Celulares ............................................................................ 18 2.4. O uso da imunomodulação para aumentar a resistência imunológica da glândula mamária ......................................................................................... 20 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 26 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 27 LISTA DE FIGURA Figura 1. O músculo do esfíncter e o tampão de queratina. ................................... 5 Figura 2 Hiperqueratose de teto causado por sobreordenha ................................. 6 Figura 3 A inserção parcial minimiza os riscos de força as bactérias .................... 7 Figura 4 Reação de oxidação do tiocianato catalisada pela enzima lactoperoxidase. ................................................................................................... 10 Figura 5 (A) quando as bactérias entram na glandula mamária necessecitam ser reconhecidas pelos leucócitos. (B) a funcão dos anticorpos é permitir que os leucócitos reconheçam as bactérias para que os mesmos possam matá-las. ..... 12 Figura 6 (1) O neutrófilo fagocita as bactérias, e as armazena no saco digestivo, ............................................................................................................................. 13 Figura 7 O anticorpo identifica a bactéria para que seja mais facilmente reconhecida e destruída pelo sistema imune. ...................................................... 15 1. INTRODUÇÃO A compreensão da defesa imune da glândula mamária é fundamental para o desenvolvimento de medidas que visam o controle da mastite, conduzindo avanços na prevenção de novas infecções (RAINARD & RIOLLET, et al., 2006). A mastite ou mamite é a inflamação da glândula mamária causada por microrganismos como algas, fungos, leveduras e bactérias, sendo estas últimas as responsáveis por mais de 90% dos casos da doença em bovinos. A mastite é considerada uma doença grave dos rebanhos, visto que provoca inúmeros prejuízos para a pecuária leiteira que vão desde a redução na produção e na qualidade do leite, assim como demanda altos gastos com tratamento e descarte prematuro de animais (SANTOS & FONSECA, 2007). A prevenção e tratamento da mastite representam um oneroso encargo para os produtores sendo uma das principais preocupações das indústrias de laticínios. Apesar dos esforços desenvolvidos para controlá-la, a incidência de mastite continua a ser uma das mais altas de todas as doenças do gado leiteiro, e, como resultado da longa duração das mastites subclínicas, que é a forma mais comum da doença, sua prevalência em rebanhos leiteiros continua na vanguarda na escala nacional e internacional (RAINARD & RIOLLET et al., 2006). As estimativas do Conselho Nacional de Mastite (NMC) sugerem que essa doença afeta um terço de todas as vacas leiteiras, custando às indústrias de laticínios mais de dois bilhões de dólares anualmente nos Estados Unidos da América (EUA) (NMC, 1996). No Brasil estima-se que possa ocorrer perda de até 15% na produção, o que significa uma redução de 4,6 bilhões de litros ao ano em relação aos 30,7 bilhões de litros produzidos no país em 2010 (SANTOS & FONSECA, 2007; IBGE, 2011). Segundo dados do Laboratório de Qualidade do Leite (LQL) da Universidade Federal de Goiás, aproximadamente, 39% dos 16.000 produtores analisados no Estado de Goiás, no ano de 2010, apresentaram médias geométricas de contagem celular somática dos tanques (CCST), acima de 400.000 céls/mL (LQL, 2011). Sabe-se que os rebanhos que possuem CCST em torno de 400.000 céls/mL, podem apresentar em até 16% de quartos 2 infectados, o que gera uma redução em torno de 6% da produção de leite (NMC, 1996). O Estado de Goiás produziu cerca de 2,41 bilhões de litros de leite no ano de 2010 (IBGE, 2010). Desse modo, ao considerar que 39% dos produtores analisados obtiveram leite com CCST acima de 400.000 cel/mL, os quais representam em torno de 70% da produção de Goiás, e considerando uma redução de 6% no volume de leite produzido por esses rebanhos, o estado deixou de produzir 101 milhões de litros de leite no ano de 2010, devido à incidência de mastite (LQL, 2011). Portanto, o impacto global da mastite sobre a qualidade e a quantidade do leite produzida para o consumo humano fornece o ímpeto para melhor compreender a fisiopatologia da glândula mamária e desenvolver formas de aumentar a resistência à doença por meio do conhecimento dos mecanismos de defesa (SORDILLO & STREICHER, 2002). Dessa maneira, um conhecimento maior dos mecanismos de defesa da glândula mamária torna-se fundamental para tomada de decisões acerca do controle da mastite com objetivos de prevenir novas infecções (PHILPOT & NICKERSON, 2002). Por outro lado, a imunidade é um campo da ciência extremamente amplo para a investigação e, apesar de décadas de pesquisa, o conhecimento atual das defesas do úbere é insuficiente (RAINARD & RIOLLET, et al., 2006). O presente seminário tem por objetivo abordar uma revisão sobre a resposta imune da glândula mamária. Além disso, apresentar o uso das citocinas como imunomoduladores para auxiliar no aumento da resistência da glândula mamária contra os microrganismos causadores de mastite. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Conceito de Imunidade da Glândula Mamária A imunidade de glândula mamária é definida como a proteção e a resistência às doenças infecciosas por meio da variedade de fatores imunes presente no animal. A resposta imune é caracterizada pela capacidade de reconhecer e discriminar substâncias estranhas entre as moléculas do próprio corpo (SORDILLO & STREICHER, 2002; OVIEDO-BOYSO, J. et al., 2007). As defesas imunológicas da glândula mamária de bovinos são compostas por um sistema de imunidade inespecífico ou inata, e outro de imunidade específico ou adaptativo (VIVIER & MALISSEN, 2005). É necessário que ambos sistemas sejam altamente interativas e coordenadas, a fim de fornecer uma boa proteção contra mastite (SORDILLO & STREICHER, 2002). 2.2. Imunidade inespecífica ou inata A imunidade inata é a primeira linha de defesa contra infecções ocasionadas por microrganismos causadores de mastite, antes que os mecanismos do sistema de imunidade adquirida sejam ativados. No entanto, algumas defesas inatas são induzidas pelo encontro infeccioso, muitas vezes durante as primeiras horas de contaminação (FINLAY & HANCOCK, 2004). O sistema da imunidade inata usa um mecanismo de defesa codificado, que funciona especificamente para atacar os microrganismos invasores da glândula mamária. É por meio desse mecanismo que ocorre a fagocitose de patógenos, mediada pelo complemento, a produção de mediadores e citocinas para recrutar novas células fagocitárias, a secreção de interferon com a finalidade de induzir respostas da glândula e a ativação das células Natural Killer (NK) compreendendo a maioria das ações da resposta imune inata (RAINARD & RIOLLET, 2006). Dessa forma, a imunidade inata da glândula mamária pode ser dividida em três mecanismos de defesa: estrutural do teto, solúvel não específica e celular (SORDILLO & STREICHER, 2002). Todos esses possuem como 5 característica a falta de especificidade para a resposta imune frente ao agente agressor (RAINARD & RIOLLET, 2006). a. Defesa estrutural do teto Os tecidos que circundam o canal do teto são a primeira linha de defesa contra os microrganismos causadores da mastite, uma vez que este é o caminho principal pelo qual os patógenos penetram no interior da glândula mamária. As estruturas responsáveis por impedir a invasão da glândula mamária por microrganismos patogênicos são: o tampão de queratina e o músculo do esfíncter do teto (Figura 1) (CAVEN, 1985; CAVEN & WILLIAMS, 1985). Figura 1. O músculo do esfíncter e o tampão de queratina. Fonte: PHILPOT & NICKERSON (2002) A queratina que se forma no orifício do canal do teto é uma substância pegajosa produzida pela pele que reveste o teto e funciona como uma barreira física, sendo capaz de ligar e imobilizar a maioria das cepas de bactérias não encapsuladas. Além disso, alguns componentes da queratina possuem atividade bactericida, embora a sua eficiência seja limitada contra as bactérias causadoras de mastite. Os agentes antimicrobianos, como os ácidos graxos esterificados e não esterificados (mirístico, palmitoléico e linoléico) da queratina possuem efeito bacteriostático, e outros componentes como proteínas catiônicas também corroboram com a proteção da glândula mamária devido ao seu efeito bactericida. Essas últimas se ligam eletrostaticamente aos patógenos da mastite, alterando suas paredes celulares tornando-os suscetíveis à pressão osmótica do meio (CAVEN & WILLIAMS, 1985). 6 Em segundo lugar o esfíncter do teto, que circunda o canal mantendo-o firmemente fechado entre as ordenhas para evitar a penetração de agentes patogênicos da mastite (CAVEN, 1985; PHILPOT & NICKERSON, 2002). Todavia, a ordenha é uma operação crítica em relação à eficácia das defesas estruturais do teto. O fluxo de leite e a abertura do canal do teto pelo vácuo no momento da ordenha promovem a lavagem do tampão de queratina e o relaxamento do esfíncter do teto, que permanece aberto até duas horas após a ordenha, o que acarreta a eliminação, momentânea, dessa defesa (SCHULTZE & BRIGHT, 1983; PHILPOT & NICKERSON, 2002). Além disso, o uso de equipamento de ordenha, quando apresenta funcionamento deficiente pode comprometer a integridade do ducto do teto por induzir deficiências mecânicas e circulatórias nos tecidos. Da mesma forma, o esfíncter do teto também pode sofrer sérios danos devido ao funcionamento deficiente dos equipamentos de ordenha (Figura 2) (ZECCONI et al., 2000). Figura 2 Hiperqueratose de teto causado por sobreordenha Fonte: Arquivo pessoal de MESQUITA (2009). Portanto, para se manter os tetos saudáveis deve-se observar alguns cuidados no manejo das vacas na ordenha. 1 – funcionamento correto do equipamento de ordenha como o nível de vácuo, taxa de pulsação, tempo de ordenha e remoção adequada de teteiras; 2 – cuidado na administração de drogas intra-mamária, observando que as bactérias alojadas na queratina podem penetrar no canal do teto pela ação mecânica de introdução da cânula do medicamento (Figura 3) (PHILPOT & NICKERSON, 2002). 7 Figura 3 A inserção parcial minimiza os riscos de força as bactérias para dentro do teto Fonte: PHILPOT & NICKERSON (2002) Por conseguinte, ao contrário de outros epitélios como intestinal, bucal, ou respiratório, o da glândula mamária é raramente estimulado por componentes bacterianos, e qualquer bactéria que penetrar pode ser reconhecida como invasora (RAINARD & RIOLLET, 2005). Dessa forma, como resultado da defesa estrutural do teto o lúmen intra-mamário torna-se um meio asséptico, quando não sofre invasão de patógenos causadores de mastite (PHILPOT & NICKERSON, 2002). b. Defesa solúvel não específica Sistema Complemento O sistema complemento é um conjunto de proteínas presentes no leite que podem ajudar tanto a resposta imune inespecífica como a específica. As proteínas que compõem o sistema complemento são sintetizadas principalmente pelos hepatócitos, embora sejam produzidas também por monócitos e macrófagos de diferentes tecidos. Muitas atividades biológicas do complemento são mediadas por receptores localizados em diversas células (KORHONEN, et al., 2000; RAINARD, 2003). Desse modo, as funções do sistema complemento incluem lise de bactérias, opsonização e atração de fagócitos para o local da invasão. Alguns exemplos podem ser mencionados como, as bactérias gram-negativas causadoras de mastite (ex. Escherichia coli) são especialmente sensíveis à lise mediada pelo complemento, enquanto as bactérias gram-positivas (ex. 8 Staphylococcus aureus) são resistentes, no entanto, todas as bactérias são susceptíveis à ação de opsoninas C3b e C3bi. O sistema complemento também pode funcionar em conjunto com um anticorpo específico como uma opsonina de neutrófilos e macrófagos que promoverá a fagocitose bacteriana e morte intracelular na glândula mamária (KORHONEN, et al., 2000). Entretanto, baixas concentrações de complemento podem ser observadas no leite de glândula mamária saudável durante a lactação, o que comprova que as atividades bactericidas e hemolíticas do sistema complemento só estão aumentadas em tecidos inflamados e a intensidade está relacionada a uma resposta inflamatória. Dessa maneira, observa-se que as maiores concentrações de complemento no leite colostral, mastítico e em secreções são obtidos durante a involução mamária, provavelmente devido a mobilização de componentes do complemento por transudação a partir do sangue (RIOLLET et al., 2000; KORHONEN, et al., 2000; RAINARD, 2003; BARRIO et al., 2003). Embora a função geral do sistema complemento na defesa da glândula mamária ainda não seja totalmente definida, as informações disponíveis não sugerem um papel preponderante como um mediador pró-inflamatório durante mastites causadas por coliformes (RAINARD & POUTREL, 1995). Lactoferrina A lactoferrina é uma proteína produzida por células epiteliais, macrófagos e neutrófilos, que possui a propriedade de se ligar aos íons férricos que estão livres no leite, tornando-os inacessíveis as bactérias que necessitam desse íon como fator de crescimento ou fonte de ferro (SORDILLO & STREICHER, 2002; KAI et al., 2002; LEE et al., 2004; PHILPOT & NICKERSON, 2002). Em ruminantes, lactoferrina e IgG1 agem sinergicamente para inibir o desenvolvimento de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae (SORDILLO & STREICHER, 2002; KAI et al., 2002; LEE et al., 2004). Por outro lado, a atividade bacteriostática da lactoferrina pode ser afetada na presença de citrato produzido por células epiteliais da glândula mamária. Esse pode funcionar como um tampão de quelato de ferro, tornandoo biodisponível para bactéria (SMITH & SCHANBACHER, 1977). Sendo assim, 9 bactérias como Streptococcus agalactiae podem usá-la como uma fonte de ferro para a sua multiplicação (BISHOP et al., 1976). Foi demonstrado que o principal papel da lactoferrina é proteger contra a infecção por coliformes, especialmente durante o período seco, uma vez que a sua concentração é mais alta durante esse fase da lactação (PHILPOT & NICKERSON, 2002; KORHONEN, et al., 2000; RAINARD, 2003; BARRIO et al., 2003). Lisozima A lisozima é uma proteína bactericida outra função é clivar os peptidoglicanos da parede celular de bactérias Gram-positivas, bem como destruir a membrana externa das bactérias Gram-negativas. Outra função atribuída à lisozima é a capacidade de favorecer a ligação de lactoferrina à parede celular bacteriana (PHILPOT & NICKERSON, 2002). O leite bovino contém em média apenas 13 mg/100mL de lisozima (REITER, 1985). Essa baixa concentração predispõe o úbere à infecção tornando-o mais susceptíveis a mastite (PHILPOT & NICKERSON, 2002). Dessa forma, a lisozima não é considerada uma defesa significativa da glândula mamária (RAINARD & RIOLLET, 2006). Lactoperoxidase Lactoperoxidase é uma enzima natural que em associação com o peróxido de hidrogênio (H2O2) é capaz de oxidar moléculas produzindo compostos antimicrobianos. Esse efeito antimicrobiano exige a presença de tiocianato (SCN-) ou um halogênio como segundo substrato, para formar o sistema lactoperoxidase (DE WIT & VAN HOOYDONK, 1996). A enzima lactoperoxidase na presença de tiocianato e do peróxido de hidrogênio possui efeito bacteriostático para bactérias Gram-positivas, como S. aureus e estreptococos, bem como bactericida para Gram-negativas, como por exemplo, os coliformes (SMITH & SCHANBACHER, 1977). O sistema lactoperoxidase se ativa por meio de uma reação entre peróxido de hidrogênio e o tiocianato que exerce suas propriedades 10 antibacterianas por meio da produção de hipotiocianate, um metabólito reativo formado a partir da oxidação de tiocianato, conforme esquema da Figura 4. A Lactoperoxidase é produzida em pequenas concentrações pela glândula mamária, em torno de 30 mg/L, sendo necessário para sua ativação 1 a 2 mg/L. Já os níveis de tiocianato na glândula mamária dependem da composição específica da dieta dos bovinos (SMITH & SCHANBACHER, 1977;SORDILLO et al., 1997). Figura 4 Reação de oxidação do tiocianato catalisada pela enzima lactoperoxidase. Fonte: DE WIT J. N. & VAN HOOYDONK,1996. No entanto, vários fatores podem interferir na eficácia deste sistema nas células epiteliais da glândula mamária, como por exemplo, a baixa tensão de oxigênio da glândula mamária pode inibir a produção de peróxido de hidrogênio, o que limita a eficácia desse sistema antimicrobiano contra os patógenos causadores de mastite (RAINARD & RIOLLET, 2006). Citocinas O fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) é a principal citocina produzida pelos macrófagos, neutrófilos e células epiteliais, durante a fase inicial da infecção. Participa da atividade quimiotática dos neutrófilos, porque induz a expressão de moléculas de adesão para células epiteliais. O choque endotóxico é outra atividade atribuída a essa citocina em caso de mastite aguda causada por E. coli. (HAVELL, 1989; PERSSON et al., 2003). c. Defesas Celulares O leite de uma glândula mamária saudável é composto por poucas células de defesa, embora a concentração varia muito em função do ciclo da 11 lactação. Com a progressão da lactação ocorre um aumento na concentração celular total, no caso dos neutrófilos podem chegar a proporção de 40% a menos no final da lactação em relação ao início. Já nos primeiro sete dias do período seco os números de células podem ficar em torno de 2 a 5 x 106 / mL, depois reduzem e estabilizam para 1 a 3 x 106 / mL. No parto a contagem de células somáticas (CCS) são geralmente superiores a um milhão/mL e diminuem a 100.000 mL após sete a 10 dias de lactação (JENSEN & EBERHART, 1981; McDONALD & ANDERSON, 1981). Por muitos anos considerou-se que os principais tipos de células encontradas no leite de glândula mamária saudável eram de origem epitelial. Mas, sabe-se que o número de células epiteliais é pequeno em proporção aos macrófagos que são a maioria dentre todas as células presente na glândula de vaca seca e lactante, e os neutrófilos por sua vez no leite colostral. Já os linfócitos representam cerca de 10 a 20% do total de células durante a lactação (JENSEN & EBERHART, 1975; LEE et al., 1980). As células que compõem o sistema de defesa celular inespecífico da glândula mamária são constituídas de macrófagos, neutrófilos e células natural killer (NK) (EBERHART, 1981). Macrófagos A segunda linha de defesa inicia-se com a presença dos macrófagos que representam o tipo de célula dominante no leite e nos tecidos saudáveis da glândula mamária na lactação. Durante a patogênese bacteriana, macrófagos regulam tanto as respostas imunes inespecíficas e específicas (BROWN et al., 1994; SHAFER-WEAVER et al., 1999). A principal função dessa célula é identificar as bactérias, de modo que as mesmas possam ser mais facilmente reconhecidas pelos leucócitos. Esse processo de identificação é conhecido como opsonização (Figura 5) (PHILPOT & NICKERSON, 2002). A liberação de citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α e interleucina-1b, ocorre após o reconhecimento de bactérias invasoras, logo, a presença dessas citocinas estimulam a atividade bactericida dos neutrófilos e, também, a produção de prostaglandinas e leucotrienos, os quais elevam a reação inflamatória local (BROWN et al., 1994; SHAFER-WEAVER et al., 1999). 12 Figura 5 (A) quando as bactérias entram na glandula mamária necessecitam ser reconhecidas pelos leucócitos. (B) a funcão dos anticorpos é permitir que os leucócitos reconheçam as bactérias para que os mesmos possam matá-las. Fonte: PHILPOT & NICKERSON (2002). Semelhante aos neutrófilos, as funções inespecíficas dos macrófagos são de fagocitar e destruir bactérias com proteases e espécies reativas à oxigênio. A taxa fagocitária dessas células pode ser aumentada substancialmente na presença de anticorpos, particularmente, contra os patógenos opsônicos (MILLER et al., 1988; MAGNUSSON, 1999). No entanto, os números de macrófagos mamários tendem a ser menores durante a inflamação e possuem menos receptores Fc, possivelmente diminuindo a sua taxa de fagocitose quando comparado com neutrófilos (NIEMIALTOWSKI et al., 1988). Outra alteração que ocorre nas capacidades funcionais dos macrófagos, está relacionada ao período peri-parto, devido a menor atividade opsônica nas secreções mamárias, e esta diminuição pode estar relacionada com a redução de imunoglobulina M (IgM), a qual é responsável por facilitar a fagositose dos macrófagos neste período (KEHRLI et al., 1999). Portanto, embora os macrófagos sejam fagócitos profissionais, acredita-se que sua maior importância na defesa inespecífica da glândula mamária reside em sua capacidade de secretar substâncias que facilitam a migração dos neutrófilos que desempenharão suas atividades bactericidas (PERSSON et al., 1993; VANKAMPENAND & MALLARD, 1997;KEHRLI et al., 1999) 13 Neutrófilos A contribuição dos neutrófilos presentes no leite normal para o sistema de defesa da glândula mamária contra a mastite não está bem elucidada. Por outro lado, a presença desses em glândulas saudáveis parece correlacionar-se inversamente com o risco de infecções intra-mamárias (VANGROENWEGHE et al., 2001; VANGROENWEGHE et al., 2002; BURTON & ERSKINE, 2003). Os neutrófilos são os leucócitos inespecíficos, ativamente recrutados para o local da infecção por meio de uma variedade de mediadores inflamatórios, como citocinas, complemento e prostaglandinas. Sendo esses o principal tipo de células encontradas nos tecidos mamários e secreções durante a fase inicial do processo inflamatório associado com infecção bacteriana (PAAPE et al., 2000). Embora os números de neutrófilos sejam relativamente baixos nas glândulas mamárias saudáveis (<105 células/mL), em processo de infecção intra-mamária esses podem representar mais de 90% da população de leucócitos (> 106 células/mL). Dessa forma, este aumento ocorre, em função dos mediadores inflamatórios, que recrutam os neutrófilos do sangue para o lumém alvelar da glândula mamária, favorecendo a fagocitose de bactérias patogênicas, conforme Figura 6 (PERSSON et al., 1993). O efeito bactericida dessas células é mediado por uma explosão respiratória que produz oxigênio e radicais de hidroxila (HEYNEMAN et al., 1990). Além disso, as defensinas, produzidas pelos neutrófilos, que são pequenos peptídeos, também possuem efeito bactericida sobre os patógenos causadores de mastite (SELSTED et al., 1993). Figura 6 (1) O neutrófilo fagocita as bactérias, e as armazena no saco digestivo, (2) onde elas são destruídas por enzimas, (3) que migram para o saco digestivo. Fonte: PHILPOT & NICKERSON (2002) 14 No entanto as principais funções dos neutrófilos como fagocitose, atividade de explosão respiratória, a produção superóxido de ânion, a migração celular aleatória, e quimiotaxia são prejudicadas no período peri-parto, devido a redução de neutrófilos maduros no sangue e nas secreções lácteas em detrimento da presença elevada de células imaturas no sangue bovino (HEYNEMAN et al., 1990). Os neutrófilos constituem as células mais importantes encontradas em mastites crônicas, logo, se as bactérias resistirem aos mecanismos de defesa da resposta inespecífica da infiltração de neutrófilos esses são substituídos por monócitos e linfócitos T e B, que representam a resposta imune específica da glândula mamária (KORHONEN, et al., 2000; RAINARD, 2003; BARRIO et al., 2003). Células natural killer (NK) As Células NK são grandes linfócitos granulares que possuem atividade citotóxica independente do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), e também possuem a capacidade de matar bactérias gram-positivas e gram-negativas e, portanto, podem ser importantes na prevenção da infecção mamária. O mecanismo de ação dessas células, passa pela sua união à células tumorias ou infectadas, logo em seguida ocorre a secreção de perforina, substância responsável pela destruição da célula alvo por meio da ruptura da membrana (PARK et al., 2004). Todavia, mudanças na população de células durante o período periparto não foram estudadas extensivamente, porém a potente atividade bactericida dessas células torna-as (SORDILLO & STREICHER, 2002). merecedoras de estudos futuros 2.3. Imunidade específica ou adquirida O local onde ocorre a resposta imune inespecífica é desenhado por uma inflamação, quando o patógeno é capaz de escapar, ou, não é completamente eliminado pelo sistema de defesa inespecífico, o sistema imune específico é acionado. Sendo essa uma reposta imune mediada por um complexo antígeno-específico composta por células de memória do sistema imune, conforme Figura 7 (SORDILLO & STREICHER, 2002; RAINARD & RIOLLET, 2006). Figura 7 O anticorpo identifica a bactéria para que seja mais facilmente reconhecida e destruída pelo sistema imune. Fonte: PHILPOT & NICKERSON (2002) As respostas imunes adquiridas reconhecem determinados antígenos específicos de um patógeno. Dessa forma, um estado de reatividade imunológica ocorrerá devido a uma memória imune, em função de repetida exposição da glândula mamária a um mesmo patógeno. Após o primeiro contato, uma nova exposição ao mesmo patógeno desencadeia uma resposta imune de uma forma mais rápida, consideravelmente mais forte, duradoura e eficaz na eliminação desse agente invasor (PARK et al., 2004). O reconhecimento e a eliminação dos fatores patogênicos pela resposta imune específica são mediados por defesas solúveis específicas e celulares (SORDILLO et al, 1997). 16 a. Defesa solúvel específica As citocinas dentre os componentes de defesa solúvel específica, possuem uma função primordial no mecanismo da resposta imune devido a sua importante atividade de imunomodulação dos leucócitos na fisiopatologia da mastite bovina (SORDILLO et al, 1991; DALEY et al., 1993). Pode-se observar na Quadro 1, os principais grupos de citocinas que incluem as interleucinas (IL), fatores estimuladores de colônias (CSF) e interferons (IFN), assim como a descrição de suas origens quanto a sua célula produtora, as quais estão ligadas ao tipo de resposta imune e seus efeitos observados na glândula mamária saudável ou infectada. QUADRO 1 Efeitos das citocinas sobre a resposta imune da glândula mamária Tipo Citocina IFN-У Células que produz linfócitos CD4+/CD8+ e NK Tipo de Efeitos resposta imune observados Específica monócitos, IL-1 macrófagos e cél Específica epiteliais IL-2 linfócitos CD4+ Específica Aumenta a capacidade fagocitária dos neutrófilos Regula a expressão de adesinas; quimiotaxia de neutrófilos Estimula o crescimento e diferenciação de linfócitos B; ativa os linfócitos T e NK. Choque séptico agudo por S. aureus ou IL-6 macrófagos Específica coliformes; favorece a substituição de neutrófilos por monócitos É ativa em mastite causadas por E. coli e monócitos, linfócitos T, IL-8 macrófagos e células Específica IL-12 Células Dendríticas e Inespecífica e linfócitos T Específica G-CSF Fibroblastos, GM-CSF células endoteliais, M-CSF macrófagos está em baixa concentração em mastite causadas por S. aureus. epiteliais e endoteliais. Específica Regula a diferenciação dos linfócitos T Aumenta a migração e fagocitose de neutrófilos e linfócitos T Legenda: INF-У - interferon gama; IL- interleucina; G-CSF – granulócitos do fator estimulante de colônia; GM-CSF – granulócitos-monócito do fator estimulante de colônia; M-CSF – macrófago do fator estimulante de colônia. Fonte: Adaptada de SORDILLO & STREICHER (2002); OVIEDO-BOYSO et al. (2007). 17 O tipo de proteína que participa da defesa solúvel específica é a imunoglobulina (Ig), a qual atinge o seu pico de concentração nas secreções mamárias durante colostrogenesis e a inflamação. Pode-se observar na Quadro 2 que existem quatro classes de Ig conhecidas por atuar nos mecanismos de defesa da glândula mamária: IgG1, IgG2, IgA e IgM e suas funções biológicas (GUIDRY & MILLER, 1986). QUADRO 2 Imunoglobulinas da defesa solúvel específica da glândula mamária. Imunoglobulinas IgG1 IgG2 IgA IgM Função Biológica − Transporte seletivo de secreções mamárias − Opsonização de bactérias − Fagocitose − Transporte de secreções durante a diapedese de neutrófilos − Opsonização de bactérias − Fagocitose − Associação com Gordura − Aglutinação de bactérias − Toxina neutralizante − Fixação do complemento − Aglutinação de bactérias − Opsonização de bactérias somente para neutrófilos Fonte: adaptado de SORDILLO & STREICHER, 2002. Os diversos isotipos de imunoglobulinas (IgG1, IgG2 e IgM) podem funcionar como opsoninas para aumentar a fagocitose por neutrófilos e macrófagos. A IgG1 é o isotipo primário encontrado em secreções mamárias de animais saudáveis, enquanto a IgG2 aumenta substancialmente durante a inflamação da glândula mamária. Além disso, a IgA não auxilia na opsonização de bactérias, mas possui a função de promover a aglutinação de bactérias evitando assim, a propagação da doença (MALLARD et al., 1998). Estudos demonstram que a concentração de IgG no soro bovino é inferior no parto e sugerem que a falta do isotipo específico de IgG2, está correlacionado com aumento da incidência de mastite (MALLARD et al., 1998). No entanto, outra pesquisa demonstrou que nem todas as vacas leiteiras apresentam uma redução na capacidade de resposta de anticorpos no parto, 18 esse fato implica que alguns animais podem não desenvolver a doença devido a uma capacidade superior e natural de produzir altos níveis de anticorpos, independentemente do estágio de lactação (MALLARD et al., 1997). b. Defesas Celulares Macrófagos Macrófagos também desempenham um papel essencial no desenvolvimento de respostas imunes específicas por meio do processamento e apresentação de antígenos em associação com antígenos MHC classe II (complexo principal de histocompatibilidade classe II) (FITZPATRICK et al., 1992; POLITIS et al., 1992). Grandes alterações nas capacidades funcionais dos macrófagos ocorrem durante o período peri-parto e foram diretamente relacionadas com a incidência da mastite. Embora os números de macrófagos sejam os mais altos na última semana de gestação, a capacidade fagocitária dessas células é reduzida, possivelmente devido a menor atividade opsônica nas secreções mamárias (WALTER, 2000). Além disso, a expressão MHC II pelos macrófagos de bovinos durante o período peri-parto é reduzida, o que pode contribuir para uma apresentação menor de antígenos, o qual resulta em uma menor resposta imune específica dos linfócitos da glândula mamária (FITZPATRICK et al., 1992; MALLARD et al., 1998) Linfócitos Os linfócitos podem reconhecer uma variedade de estruturas antígenicas características por meio de receptores de membrana que definem as de especificidade, diversidade e memória do sistema imunológico. Esses são divididos em dois grupos principais: linfócito T e B. Os linfócitos T podem ser classificados em: T helper (CD4+) e T supressor (CD8+) (PARK et al., 2004; OHTSUKA et al., 2004). Na glândula mamária saudável os linfócitos T CD8+ são os tipos predominantes, porém durante a mastite, os linfócitos T CD4+ passam a 19 prevalecer e são ativados em resposta ao reconhecimento do complexo antígeno-MHC classe II das células apresentadora de antígenos, tais como linfócitos B ou macrofágos. (PARK et al., 2004; OHTSUKA et al., 2004). Os linfócitos CD8+ podem eliminar a célula do hospedeiro devido a resposta imune durante infecção bacteriana. Devido a isso, estes linfócitos têm sido considerados como "catadores", pois eles eliminam células velhas ou danificadas da glândula mamária ( DOSOGNE et al., 2002; BURCHILL et al., 2003). A principal função dos linfócitos B é a produção de anticorpos contra patógenos invasores. Em contraste com os macrófagos e neutrófilos, os linfócitos B usam seus receptores de membrana para reconhecer patógenos específicos e da mesma forma como células dendríticas e macrófagos, elas funcionam como células apresentadoras de antígenos, internalizando, processamento e apresentação das antígenos aos linfócitos CD4+.( BURCHILL et al., 2003). 2.4. O uso da imunomodulação para aumentar a resistência imunológica da glândula mamária A imunomodulação é um termo geral usado para descrever o processo de imunidade do hospedeiro alterado a um nível desejado. O uso de imunomodulador pode provocar mudança na magnitude e na cinética da resposta imune inespecífica ou específica a qualquer estímulo antigênico, alterando assim a defesa do hospedeiro frente ao microrganismo causador de mastite (SORDILLO & STREICHER, 2002). As principais células envolvidas na imunomodulação são: os linfócitos T e B, células NK, células da série monócitos/macrófagos e granulócitos. No entanto, os componentes solúveis do sistema imune, como citocinas, imunoglobulinas e complemento também são passíveis de serem usados como imunomoduladores (PYORALA, 2002). Portanto, a compreensão profunda, a nível celular e molecular, dos mecanismos ativados por citocinas pode ser uma estratégia, não só, para elucidar a fisiopatologia da mastite, mas para auxiliar no desenvolvimento de terapia e controle mais eficazes para essa doença (RAINARD & RIOLLET, et al., 2006). Sendo assim, o propósito de qualquer imunomodulador é promover uma imunidade mais eficaz e sustentada à agentes infecciosos sem o risco de toxicidade ou dano tecidual do hospedeiro. Além disso, o impacto de certos patógenos bacterianos é determinado por fatores ambientais e/ou condições fisiológicas. Dessa maneira, é preciso entender completamente a patogênese específica dos microrganismos causadores de mastite para determinar se a prevenção ou o tratamento com um imunomodulador é uma opção viável (ALLUWAIMI, 2004). O projeto de imunomoduladores eficazes para o controle da mastite é especialmente difícil porque a doença é causada por uma grande variedade de agentes infecciosos com mecanismos muito diferentes de patogênese (RAINARD & RIOLLET, et al., 2006). Portanto, o sucesso no desenvolvimento de imunomoduladores seguros e eficazes para controle da mastite dependerá da contínua investigação sobre (SORDILLO & STREICHER, 2002). as interações hospedeiro-patógeno 21 Dessa forma, é sabido que, os patógenos causadores de mastite possuem um espectro de fatores de virulência que facilitam a colonização e infecção da glândula mamária. Por exemplo, certos patógenos causadores de mastite podem fugir das defesas imunes do hospedeiro por meio das seguintes estratégias: adesão às células epiteliais, elaboração de cápsulas para evitar a fagocitose e conseqüente destruição por neutrófilos, produção de enterotoxina e endotoxina para destruir ou inativar os leucócitos, assim como a utilização de invasão intracelular para escapar de vigilância imunológica. Se bem sucedido, esses patógenos e seus subprodutos não apenas exacerbam a resposta inflamatória, mas também danificam células secretoras do parênquima vascular (KEHRLI & HARP, 2001; PYORALA, 2002). A Imunomodulação das defesas imunes inata ou adaptativa da glândula mamária desperta muito interesse de pesquisadores. Dessa forma, muitos estudos relatam os efeitos do uso de citocinas recombinantes, com objetivo de prevenir ou curar infecções mamárias, devido a sua capacidade de estimular leucócitos (SORDILLO et al., 1997; KEHRLI & HARP, 2001; ALLUWAIMI, 2004). O fator estimulante de colônia (CSF) é um grupo de citocinas necessárias para a proliferação e diferenciação de uma variedade de célulastronco hematopoéticas. Esses fatores de crescimento são glicoproteínas distintas que se ligam a células por meio de um receptor comum. São produzidos por uma variedade de células, incluindo fibroblastos, células endoteliais, macrófagos e células T (CULLOR, 1990). Cada CSF-alvo tende a uma linhagem celular específica para expandir ou ativar sua função. A marcante influência dos granulócito-fator estimulante de colônia (G-CSF) em populações de células fagocíticas sugere possíveis aplicações clínicas na prevenção de doenças infecciosas bacterianas, como a mastite. (CULLOR, 1990). O G-CSF, possui como alvo os neutrófilos, aumentando seu número no leite, e estimulando a atividade fagocitária e bactericida. Embora o tratamento de vacas por diversas semanas com o G-CSF tenha as protegido contra o desafio experimental com Klebsiella, esse tratamento não obteve os mesmos efeitos sobre infecções pré-existentes por S. aureus ( KEHRLI & HARP, 2001). Com base na disponibilidade e reatividade cruzada entre espécies biológicas de humanos e bovinos, grande parte dos trabalhos com citocinas 22 recombinantes em bovinos envolveu a forma humana recombinante (SORDILLO et al., 1997). Uma das primeiras citocinas a ser testada em um modelo experimental de mastite foi recombinante humana granulócito-fator estimulante de colônia (rhG-CSF). A rhG-CSF foi administrada por via subcutânea em vacas nas doses que variou de 1-5 mg/kg por dia, resultando em um aumento dos neutrófilos no sangue periférico após 3-5 dias de injeções (CULLOR, 1990). Essa administração de rhG-CSF em vacas, em lactação, por injeção subcutânea reduziu nova infecção intra-mamária em 47% após a inoculação experimental de S. aureus em comparação com controles tratados com placebo (NICKERSON et al., 1989b). A redução de novas infecções intramamárias causadas por S. aureus estava relacionada com o recrutamento de neutrófilos para a glândula mamária induzida por meio de administração de rhG-CSF anterior a infecção. Não houve relatos sobre a prevenção ou tratamento de mastite causadas por S. aureus utilizando uma infusão intramamária de rhG-CSF (NICKERSON et al., 1989b). Por outro lado, o tratamento da glândula mamária de bovinos com recombinante humana bovina granulócito-fator estimulante de colônia (rhbGMCSF) aumentou significativamente as capacidades quimiotática e bactericida de neutrófilos. A infusão intra-mamária de rhbGM-CSF em doses de até 5 mg não afetou significativamente a contagem de células somáticas (CCS) do leite, mas em contrapartida, ocorreu um acréscimo na capacidade dos neutrófilos residentes em produzir superóxido, bem como a porcentagem de células fagocititadas (CULLOR, 1990). Já os granulócitos e macrófagos fator estimulante de colônia (GMCSF) foi primeiramente identificado por sua capacidade de induzir as células progenitoras hematopoéticas de se transformarem em granulócitos e macrófagos. (NICKERSON et al., 1989a). Vários estudos com vacas leiteiras evidenciam que a GM-CSF não é apenas uma molécula importante para induzir o crescimento destes tipos de células, mas também afeta uma variedade de funções de granulócitos maduros. (NICKERSON et al., 1989a). No entanto, o uso de GM-CSF na glândula mamária, estimulou a eficiência antibacteriana dos fagócitos, e ofereceu alguma proteção contra a posterior contaminação induzida de S. aureus (DALEY et al., 1993). 23 O efeito da interleucina recombinante bovina 1β (IL-1β) e interleucina 2 (IL-2), também foram testados sobre as infecções da glândula mamária. Essas citocinas induzem um fluxo de neutrófilos para o leite quando aplicado no lúmen da glândula mamária. Essas demonstraram alguns efeitos preventivos e curativos em infecções experimentais. (DALEY et al., 1993; SORDILLO et al., 1997). A administração profilática de IL-2 demonstrou que está pode proteger a glândula mamária de futuras infecções causadas por S. aureus. Apesar de que NICKERSON et al.(1989a) evidenciaram que a administração intra-mamária em bovinos de IL-2 pode aumentar respostas imunes celular e humoral em quartos infectados com S. aureus. DALEY et al., 1991, indicaram que a administração terapêutica dessas citocinas em quartos que já foram infectados com S. aureus, foi menos eficaz para eliminar a infecção intra-mamária preexistente. No entanto, os relatos sugerem que a combinação de citocinas homólogos com as formulações de antibióticos pode melhorar a eficácia global desses agentes terapêuticos (NICKERSON et al., 1989b). O uso de interferon gama recombinante bovino (IFN-γ), que potencializa as atividades de linfócitos T, macrófagos e neutrófilos, foi avaliado nas funções de modulação de neutrófilos da glândula mamária durante o período peri-parto (SORDILLO et al., 1991b). Sendo este período fisiológico crítico, quando a vaca está mais suscetível a infecções devido à depressão das funções imunológicas, o uso da imunomodulação pode representar uma importante escolha para a prevenção de mastite. No entanto, a administração intra-mamária de citocinas recombinante IFN-γ, como agentes terapêuticos, não foram mais ativos do que os clássicos tratamentos com antibióticos (DALEY et al., 1993; SORDILLO et al., 1997). Em contra partida, o interferon alfa (IFN-α) também pode regular a resposta do hospedeiro às toxinas bacterianas. Dependendo da dose e do tempo de administração em relação ao desafio. IFN-α foi capaz de diminuir a morbidade e mortalidade associada com endotoxemia (NICKERSON et al., 1989b). Com base nas ações biológicas dessa citocina, foi sugerido que o tratamento intra-mamário com IFN-α pode aumentar a depuração bacteriana por fagócitos e regular respostas inflamatórias agudas às toxinas bacterianas durante a mastite causada por coliformes. Para testar essa hipótese, pesquisadores examinaram a influência do tratamento com IFN-α recombinante 24 de bovino no estabelecimento e na gravidade da mastite induzida experimentalmente por E. coli em vacas leiteiras pós-parto. Vacas leiteiras que foram tratadas por procedimentos intra-mamários, 24h antes do parto, com IFN-α, tiveram menos quartos infectados por E. coli, infecções de menor duração e menor escore clínico do que as vacas tratadas com um placebo. Todas as vacas que foram tratadas com IFN-α sobreviveram ao desafio experimental da E. coli, mas o grupo que recebeu o placebo teve uma taxa de mortalidade de 42% dentro de três dias de desafio experimental, o que foi atribuído à mastite causada por coliformes (SORDILLO et al., 1991a). Dessa forma, estes experimentos indicam claramente a capacidade de citocinas recombinantes modificarem o resultado da mastite quando o sistema imunológico está comprometido. Essa capacidade ocorre por meio de um efeito combinado de recrutamento de células efetoras maior depuração bacteriana por populações de células fagocíticas, e regulação da reação inflamatória aguda (SORDILLO et al., 1997). Contudo, o conhecimento da cinética das citocinas na glândula mamária bovina durante a infecção ainda é insuficiente para uma utilização racional desses agentes biológicos tão potentes. As complexidades das múltiplas interações envolvidas na mastite são agravadas pela variabilidade dos processos patogênicos particulares de cada patógeno responsável pela infecção. Além disso, o tratamento preventivo da mastite com citocinas recombinantes depende da praticidade, da dose necessária ao esquema de administração, do custo e do conhecimento dos efeitos colaterais em condições de campo (KEHRLI & HARP, 2001; PYORALA, 2002). Portanto, o desafio que confronta os pesquisadores é obter uma melhor compreensão da complexa interação entre a patogênese da bactéria, as respostas do hospedeiro necessárias para eliminar os patógenos da glândula mamária, e os mecanismos pelos quais citocinas podem modular essas respostas (SORDILLO et al., 1997). O desafio, nos próximos anos, é obter uma visão completa dos fatores que afetam a interação entre os diferentes agentes etiológicos e as células da glândula mamária. Sendo assim, o surgimento de ferramentas de pesquisa como a genômica, proteômica e transcriptômica, podem auxiliar no 25 desenvolvimento de estudos mais precisos sobre a imunidade da glândula mamária e suas interações solúveis e celulares (RAINARD & RIOLLET, 2006). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A mastite bovina ainda possui uma alta prevalência entre os rebanhos brasileiros, desse modo os estudos sobre a imunidade deverão avançar nos próximos anos, a fim de se obter resultados mais concretos no controle dessa doença. Portanto, torna-se necessário o desenvolvimento de novos conhecimentos sobre os mecanismos de reposta imune da glândula mamária, para contrabalançar a relação existente entre o hospedeiro-patógeno, sendo que nas últimas “batalhas” os patógenos, por meio de suas mutações e reestruturações de seus mecanismos de patogenicidade e virulência, estão conseguindo se estabelecer dentro da glândula mamária com maior eficiência. Embora a utilização de imunomoduladores não tenha apresentado bons resultados para a cura da mastite pré-existente na glândula mamária, acredita-se que esses imunomoduladores possam funcionar como um elemento complementar, junto às vacinas e antibióticos, na profilaxia e no tratamento de infecções intra-mamárias. REFERÊNCIAS 1. ALLUWAIMI, A. M. The cytokines of bovine mammary gland: prospects for diagnosis and therapy, Research in Veterinary Science, London, v. 77, n. 3, p. 211-222, 2004. 2. BARRIO, M. B.; RAINARD, P.; POUTREL, B. Milk complement and the opsonophagocytosis and killing of Staphylococcus aureus mastitis isolates by bovine neutrophils. Microbial Pathogenesis, London, v. 34, n. 1, p. 1 - 9, 2003. 3. BISHOP, J.G.; SCHANBACHER, F. L.; FERGUSON, L. C.; SMITH, K. L. In vitro growth inhibition of mastitis-causing coliform bacteria by bovine apo-lactoferrin and reversal of inhibition by citrate and high concentrations of apo-lactoferrin. Infection and Immunity, Whashington, v. 14, n.4, p.911- 918, 1976. 4. BOULANGER, D.; BUREAU, F.; ME´LOTTE, D.; MAINIL, J.; LEKEUX, P. Increased nuclear factor kB activity in milk cells of mastitisaffected cows. Journal of dairy science, Champaign, v. 86, n. 4, p. 1259-1267, 2003. 5. BROWN, W. C.; WOODS, V. M.; CHITKO-MCKOWN, C. G.; HASH, S. M.; RICE-FICHT, A. C. Interleukin 10 is expressed by bovine type I helper, type 2 helper, and unrestricted parasitespecific T cell clones and inhibits proliferation of all three subsets in an accessory-cell-dependent manner. Infection and Immunity, Whashington, v. 62, n. 11, n. p. 4697 – 4708, 1994. 6. BURCHILL, M. A.; GOETZ, C .A.; PRLIC, M. Distinct effects of STAT5 on CD4+ and CD8+T cell homeostasis: development of CD4+CD25+ regulatory T cells versus CD8+ memory T cells. Journal of immunology, Baltimore, v. 171, n. 1, p. 5853 – 5864, 2003. 7. BURTON, J. L.; ERSKINE, R. J. Immunity and mastitis. Some new ideas for an old disease. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, Philadelphia, v. 19, n. 1, p. 1 – 45, (2003). 8. CULLOR, J. S.; FAIRLEY, N.; SMITH, W. L.; WOOD, S. L.; DELLINGER, J. D.; INOKUMA, M. S.; SOUZA, I. M. Hemogram changes in lactating dairy cows given human recombinant granulocyte colony-stimulating factor. Veterinary Pathobiology, Stillwater, v. 27, n. 5, p. 311–316, 1990. 9. DALEY, M. J.; WILLIAMS, T.; DOUGHERTY, R.; COYLE, P.; FURDA, G.; HAYES, P. Staphylococcus aureus mastitis: pathogenesis and treatment with bovine interleukin-1 and interleukin- 2. J. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 74, n. 12, p. 4413 – 4424, 1991. 10. DALEY, M.; WILLIAMS, T.; COYLE, P.; FURDA, G.; DOUGHERTY, R.; HAYES, P. Prevention and treatment of Staphylococcus aureus infections with recombinant cytokines, Cytokine, San Diego, v. 5, n. 3, p. 276 – 284, 1993. 11. DE WIT, J. N; VAN HOOYDONK, A. C. M. Structure, functions, and application of lactoperoxidase in natural antimicrobial systems. Netherlands Milk and Dairy Journal, Amsterdam, v. 50, n. 12, p. 227–244, 1996. 12. DOSOGNE, H.; VANGROENWEGHE, F.; BURVENICH, C. Potential mechanism of action of J5 vaccine in protection against severe coliform mastitis. Veterinary Research, Paris, v. 33, n. 1, p. 1-12, 2002. 28 13. FINLAY, B. B.; HANCOCK, R. E., Can innate immunity be enhanced to treat microbial infections? Nature reviews microbiology, London, v. 2, n. 6, p. 497– 504, 2004. 14. FITZPATRICK, J. L.; CRIPPS, P. J.; HILL, A. W.; BLAND, P. W.; STOKES, C. R. MHCclass II expression in the bovine mammary gland. Veterinary immunology and immunopathology, Amsterdam, v. 32, n. 1-2, p. 13–23, 1992. 15. GUIDRY, A. J.; BERNING, L. M.; HAMBLETON, C. N. Opsonization of Staphylococcus aureusby bovine immunoglobulin isotypes. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 76, n. 5, p. 1285 – 1289, 1993. 16. GUIDRY, A. J.; MILLER, R. H. Immunoglobulin isotype concentrations in milk as affected by stage of lactation and parity Journal of Dairy Science, Champaign, v. 69, n. 7, p.1799–1805, 1986. 17. HAVELL, E. A. Evidence that tumor necrosis factor has an important role in antibacterial resistance. Journal of immunology, Baltimore, v. 143, n. 9, p. 2894-9, 1989. 18. HEYNEMAN, R.; BURVENICH, C.; VERCAUTEREN, R. (1990). Interaction between the respiratory burst activity of neutrophil leukocytes and experimentally induced Escherichia coli mastitis in cows. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 73, n. 4, p. 985 - 994, 1990. 19. HILL, A. W.; HENEGHAN, D. J.; WILLIAMS, M. R., The opsonic activity of bovine milk whey for the phagocytosis and killing by neutrophils of encapsulated and non-encapsulated Escherichia coli. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v. 8, n. 3, p. 293–300, 1983. 20. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2010. Estatística da Produção Pecuária www.ibge.gov.br/home/presidencia/.../noticia_visualiza.php?id acessado em 20 de outubro de 2011. 2010. 21. JENSEN, D. L.; EBERHART, R. J. Macrophages in bovine milk. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 36, n. 5, p. 619 – 624, 1975. 22. JENSEN, D. L.; EBERHART, R. J. Total and differential cell counts in secretions of the nonlactating bovine mammary gland. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 42, n. 5, p. 743 - 747, 1981. 23. KAI, K; KOMINE, Y; KOMINE, K; ASAI, K; KUROISHI, T; KOZUTSUMI, T Effects of bovine lactoferrin by the intramammary infusion in cows with staphilococcal mastitis during the early nonlactating period. Journal of Veterinary Medical Science, Tokyo, v. 64, p. 873-878, 2002. 24. LQL – Laboratório de Qualidade do leite. Centro de pesquisa em Aliemntos. Departemento de Medicina Veterinária Preventiva. Escola da Veterinária e Zootecnia. Universidade Federal de Goiás. Bases do banco de dados do LQL. 2011. 25. KEHRLI, M. E. JR.; CULLOR, J. S.; NICKERSON, S.C. Immunobiology of hematopoietic colonystimulating factors: potential application to disease 29 prevention in the bovine. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 74, n. 12, p. 4399–4412, 1991. 26. KEHRLI, M. E. JR.; GOFF, J. P.; STEVENS, M. G.; BOONE, T. C. Effects of granulocyte colonystimulating factor administration to periparturient cows on neutrophils and bacterial shedding, Journal of Dairy Science, Champaign, v. 74, n. 8, p. 2448–2458, 1991. 27. KEHRLI, M. E. JR.; HARP, J. A. Immunity in the mammary gland. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, Philadelphia, v. 17, n. 3, p. 495–516, 2001. 28. KEHRLI, M. E.; BURTON, J. L.; NONNECKE, B. J.; LEE, E. K. Effects of stress on leukocyte trafficking and immune responses: Implications for vaccination. Advances in Veterinary Medicine, San Diego, v. 41, p.61– 81, 1999. 29. KORHONEN, H.; MARNILA, P.; GILL, H. S. Milk immunoglobulins and complement factors. British Journal of Nutrition, London, v. 84, suppl. 1, p. S75-S80, 2000. 30. LEE, C.S.; WOODING, F.B.; KEMP, P. Identification, properties, and differential counts of cell populations using electron microscopy of dry cows secretions, colostrum and milk from normal cows. Journal of Dairy Research, London, v. 47, n. 1, p. 39–50, 1980. 31. LEE, N.Y.; KAWAI, K.; NAKAMURA, I.; TANAKA, T.; KUMURA, H.; SHIMAZAKI, K. Susceptibilities against bovine lactoferrin with microorganisms isolated from mastitic milk. Journal of Veterinary Medical Science, Tokyo, v. 66, n. 10, 1267-1269, 2004. 32. LEIJH, P. C.; VAN DEN BARSELAAR, M. T.; VAN ZWET, T. L.; DUBBELDEMAN-REMPT, I.; VAN FURTH, R. Kinetics of phagocytosis of Staphylococcus aureus and Escherichia coli by human granulocytes. Immunology, Oxford, v. 37, n. 2, p. 453–465, 1979. 33. MAGNUSSON, U. Longitudinal study of lymphocyte subsets and major histocompatibility complex-class II expressing cells in mammary glands of sows. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 60, n. 5, p. 546–548, 1999. 34. MALLARD, B. A.; DEKKERS, J. C.; IRELAND, M. J.; LESLIE, K. E.; SHARIF, S.; VANKAMPEN, C. L.; WAGTER, L.; WILKIE, B. N. Alteration in immune responsiveness during the peripartum period and its ramification on dairy cow and calf health. Journal of Dairy Research, London, v. 81, n. 2, p. 585–595, 1998. 35. MALLARD, B. A.; WAGTER, L. C.; IRELAND, M. J.; DEKKERS, J. C. Effects of growth hormone, insulin-like growth factor- I, and cortisol on periparturient antibody response profiles of dairy cattle. Veterinary immunology and immunopathology, Amsterdam, v. 60, n. 1-2, p. 61–76, 1997. 36. MCDONALD, J. S.; ANDERSON, A. J. Total and differential somatic cell counts in secretions from noninfected bovine mammary glands: the early nonlactating period. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 42, n. 8, p. 1360–1365, 1981. 30 37. MILLER, R. H.; GUNDRY, A. J.; PAAPE, M. J.; DULIN, A.M.; FULTON, L. A. Relationship between immunoglobulin concentrations in milk and phagocytosis by bovine neutrophils. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 49, n. 1, p. 42–45, 1988. 38. NMC - National Mastitis Council (United States). Current Concepts in Bovine Mastitis. 3.ed. Madison: National Mastitis Council, 1996. 47p. 39. NICKERSON, S.C.; BAKER, P.A.; TRINIDAD, P. Local immunostimulation of the bovine mammary gland with interleukin-2. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 72, n. 7, p.1764-1773, 1989a. 40. NICKERSON, S.C.; OWENS, W. E.; WATTS, J. L. Effects of recombinant granulocyte colony-stimulating factor on Staphylococcus aureus mastitis in lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 72, n. 12, p. 3286-3294, 1989b. 41. NIEMIALTOWSKI, M.; NONNECKE, B.J.; TARGOWSKI, S.P. Phagocytic activity of milk leukocytes during chronic staphylococcal mastitis. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 71, n. 3, p. 768–787, 1988. 42. OHTSUKA, H; KOIWA, M; FUKUDA, S; SATOH, Y; HAYASHI, T; HOSHI, F Changes in peripheral leukocyte subsets in dairy cows with inflammatory diseases after calving. Journal of Veterinary Medical Science, Tokyo, v. 66, n. 8, p. 905-909, 2004. 43. PAAPE, M. J.; SHAFER-WEAVER, K.; CAPUCO, A.V.; OOSTVELDT, K.VAN; BURVENICH, C. Immune surveillance of mammary tissue by phagocytic cells. Advances in Experimental Medicine and Biology, New York, v. 480, p. 259– 277, 2000. 44. PARK, Y. H.; JOO, Y. S; PARK, J. Y.; MOON, J. S.; KIM, S. H.; KWON, N. H. Characterization of lymphocytes subpopulations and major histocompatibility complex haplotypes of mastitis-resistant and susceptible cows. Journal of Veterinary Science, Suwon, v. 5, n. 1, p. 29-39, 2004. 45. PERSSON-WALLER, K.; COLDITZ, I. G.; LUN, S; O’STENSSON, K. Cytokines in mammary lymph and milk during endotoxin-induced bovine mastitis. Research in Veterinary Science, London, v. 74, n. 1, p. 31-36, 2003. 46. PERSSON, K.; LARSSON, I.; HALLEN SANDGREN, C. Effects of certain inflammatory mediators on bovine neutrophil migration in vivo and in vitro. Veterinary Immunology and Immunopathology, Amsterdam, v. 37, n. 2, p. 99–112, 1993. 47. PHILPOT, W. N.; NICKERSON, S. C. Vencendo a luta contra a mastite. Naperville: Milkbizz, 2002. 184 p. 48. POLITIS, I.; ZHAO, X.; MCBRIDE, B. W.; BURTON, J. H. Function of bovine mammary macrophages as antigen presenting cells. Veterinary Immunology and Immunopathology, Amsterdam, v. 30, n. 4, p. 399–410, 1992. 49. PYORALA, S. New strategies to prevent mastitis. Reproduction in Domestic Animals, Berlin, v. 37, n. 4, p. 211– 216, 2002. 31 50. RAINARD, P. The complement in milk and defense of the bovine mammary gland against infections. Veterinary Research, Paris, v. 34, n. 5, p. 647-70, 2003. 51. RAINARD, P.; POUTREL, B. Deposition of complement components on Streptococcus agalactiae in bovine milk in the absence of inflammation. Infection and Immunity, Whashington, v. 63, n. 9, p. 3422–3427, 1995. 52. RAINARD, P.; RIOLLET, C. Innate immunity of the bovine mammary gland. Veterinary Research, Paris, v. 37, n. 3, p. 369-400, 2006. 53. REITER, B. Protective proteins in milk – Biological significance and exploitation. Lysozyme, lactoferrin, lactoperoxidase, xanthineoxidas. v. 191. FIL-IDF: Bruxelles, 1985. 35p. 54. RIOLLET, C.; RAINARD, P.; POUTREL, B. Differential induction of complement fragment C5a and inflammatory cytokines during intramammary infections with Escherichia coli and Staphylococcus aureus. Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, Washington, v. 7, n. 2, p. 161–167, 2000. 55. SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Estratégia para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. Barueri, SP: Manole, 2007. 314p. 56. SCHULTZE, W.D.; BRIGHT, S.C. Changes in penetrability of bovine papillary duct to endotoxin after milking. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 44, n. 12, p. 2373–2375, 1983. 57. SELSTED, M. E.; TANG, Y. Q.; MORRIS, W. L.; MCQUIRE, P. A.; NONOTNY, M. J.; SMITH, W.; HENSCHEN, A. H.; CULLOR, J. S. (1993). Purification, primary structures, and antibacterial activities of the beta-defensins, a new family of antimicrobial peptides from bovine neutrophils. Journal of biological chemistry, Baltimore, v. 268, n. 9, p. 6641–6644, 1993. 58. SHAFER-WEAVER, K. A.; CORL, C. M.; SORDILLO L. M. Shifts in bovine CD4C subpopulations increase TH-2 compared to TH-1 effector cells during the postpartum period. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 82, p. 1696– 1706, 1999. 59. SHAFER-WEAVER, K.; SORDILLO, L.M. Enhancing bactericidal activity of bovine lymphoid cells during the periparturient period. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 79, n. 8, p. 1347–1352, 1996. 60. SMITH, K.L.; SCHANBACHER, F.L.; Lactoferrin as a factor of resistance to infection of the bovine mammary gland. Journal of the American Veterinary Medical Association, Chicago, v. 170, n. 10, p. 1224–1227, 1977. 61. SOLTYS, J; QUINN, M. T. Selective recruitment of T-cell subsets to the udder during staphylococcal and streptococcal mastitis: analysis of lymphocyte subsets and adhesion molecule expression. Infection and Immunity, Whashington, v. 67, n. 12, p. 6293-6302, 1999. 62. SORDILLO, L. M.; BABIUK, L. A. Controlling acute Escherichia coli mastitis during the periparturient period with recombinant bovine interferon-gamma. Veterinary microbiology, Amsterdam, v. 28, n. 2, p. 189-198, 1991. 63. SORDILLO, L. M.; BABIUK, L. A. Modulation of bovine mammary neutrophil function during the periparturient period following in vitro exposure to 32 recombinant bovine interferon gamma. Veterinary Immunology and Immunopathology, Amsterdam, v. 27, n. 4, p. 393–402, 1991. 64. SORDILLO, L. M.; REDMOND, M. J.; CAMPOS, M.; WARREN, L.; BABIUK, L. A. Cytokine activity in bovine mammary gland secretions during the periparturient period. Canadian Journal of Veterinary Research, Ottawa, v. 55, n. 3, p. 298–301, 1991a. 65. SORDILLO, L. M.; SNIDER, M.; HUGHES, H.; AFSETH, G.; CAMPOS, M.; BABIUK, L. A. Pathological changes in bovine mammary glands following intramammary infusion of recombinant interleukin-2. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 74, n. 12, p. 4164-4174, 1991b. 66. SORDILLO, L. M; SHAFER-WEAVER, K; DEROSA, D. Immunobiology of the mammary gland. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 80, n. 8, p. 18511865, 1997. 67. SORDILLO, L.M.; STREICHER, K.L. Mammary gland immunity and mastitis susceptibility. Journal of Mammary Gland Biology and Neoplasia, New York, v. 7, n. 2, p. 135-146, 2002. 68. STEIN, B. N.; GAMBLE, J. R.; PITSON, S. M.; VADAS, M. A.; KHEWGOODALL, Y. Activation of endothelial extracellular signal-regulated kinase is essential for neutrophil transmigration: potential involvement of a soluble neutrophil factor in endothelial activation. Journal of Immunology, Baltimore, v. 171, n. 11, p. 6097-6104, 2003. 69. VANGROENWEGHE, F.; DOSOGNE, H.; BURVENICH, C. Composition and milk cell characteristics in quarter milk fractions of dairy cows with low cell count. The Veterinary Journal, London, v. 164, p. 254–260, 2002. 70. VANGROENWEGHE, F.; DOSOGNE, H.; MEHRZAD, J.; BURVENICH, C. Effect of milk sampling techniques on milk composition, bacterial contamination, viability and functions of resident cells in milk. Veterinary Research, Paris, v. 32, n. 6, p. 565– 579, 2001. 71. VANKAMPENAND C.; MALLARD B. A. Effects of peripartum stress and health on circulating bovine lymphocyte subsets. Veterinary Immunology and Immunopathology, Amsterdam, v. 59, n. 1-2, p. 79–91, 1997. 72. VIVIER, E.; MALISSEN, B. Innate and adaptive immunity: specificities and signaling hierarchies revisited. Nature Immunology, New York, v. 6, n. 1, p. 17– 21, 2005. 73. WALLER, K. P. Mammary gland immunology around parturition. Influence of stress, nutrition and genetics. Advances in Experimental Medicine and Biology, New York, v. 480, p. 231–245, 2000. 74. WILLIAMS, M.R.; HILL, A.W. A role for IgM in the in vitro opsonisation of Staphylococcus aureusand Escherichia coli by bovine polymorphonuclear leucocytes. Research in Veterinary Science, London, v. 33, n. 1, p. 47–53, 1982. 75. YAMAGUCHI, T; HIRATSUKA, M; ASAI, K; KAI, K; KUMAGAI, K. Differential distribution of T lymphocytes subpopulations in the bovine mammary gland during lactating period. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 82, p.145964, 1999. 33 76. ZECCONI, A.; HAMANN, J.; BRONZO, V.; MORONI, P.; GIOVANNINI, G.; PICCININI, R. Relationship between teat tissue immune defenses and intramammary infections. Advances in Experimental Medicine and Biology, New York, v. 480, p. 287–293, 2000.