triagem auditiva escolar: programa de orientação

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CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
AUDIOLOGIA CLÍNICA
TRIAGEM AUDITIVA ESCOLAR:
PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO
SIMONE CRISTINA CIRILO DA SILVA
PORTO ALEGRE
1999
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
AUDIOLOGIA CLÍNICA
TRIAGEM AUDITIVA ESCOLAR:
Programa de Orientação
Monografia de Conclusão do
Curso de Especialização
em Audiologia Clínica
Orientadora: Mírian Goldenberg
SIMONE CRISTINA CIRILO DA SILVA
PORTO ALEGRE
1999
2
RESUMO
Sabe-se que a audição exerce papel fundamental nas etapas do
desenvolvimento infantil, garantindo informações que propiciam a aquisição da
linguagem oral, assegurando a integridade do desempenho educacional, além
de preservar os aspectos individuais, sociais e psíquicos da criança.
Alterações auditivas nesta fase podem acarretar muitas dificuldades no
desenvolvimento global da criança, porque interferem na sua capacidade de
perceber a fala, o que, por sua vez, pode resultar na deficiência do
desenvolvimento da sua fala e linguagem, na redução do aproveitamento escolar
e em distúrbios no seu desenvolvimento social e emocional, mas o quanto antes
forem detectadas, melhores serão as condições de reabilitação para a
normalização de suas potencialidades, já que um tratamento precoce pode ser
realizado antes de maiores prejuízos.
Este trabalho tem como objetivo desenvolver um programa de orientação
aos pais de alunos e seus professores, em relação aos fatores que podem levar
a uma perda auditiva na infância (principalmente as de grau leve a moderado) e
suas conseqüências para o desempenho educacional, com maior enfoque nas
crianças em idade escolar. Esta orientação será feita através de folheto
informativo aos pais e professores, com esclarecimento de questões dirigidas a
aspectos relacionados as causas de uma perda auditiva na infância.
3
Dedico este trabalho às pessoas que me amam...
(TT, minha vida...)
4
“Custa tanto ser uma pessoa plena,
que são poucas aquelas que tem a luz
e a coragem de pagar o preço...
É preciso abraçar o mundo
como a um amante.
É preciso cortejar a dúvida
e a escuridão como preço
do conhecimento.
É preciso Ter uma vontade
Obstinada no conflito,
mas também na capacidade
de aceitação de cada conseqüência
do viver e do morrer.”
(Morris West)
5
SUMÁRIO
Introdução..................................................................................................... pg. 07
Discussão Teórica......................................................................................... pg. 09
1 – Definição de Deficiência Auditiva................................................. pg. 09
2 – Natureza da Perda Auditiva......................................................... pg. 10
3 – Classificação da Perda Auditiva................................................... pg. 13
4 – Graus da Perda Auditiva.............................................................. pg. 14
5 – Causas da Perda Auditiva........................................................... pg. 16
6 – Características e Conseqüências da Perda Auditiva
Leve a Moderada na Criança....................................................... pg. 18
7 – Importância do Diagnóstico Precoce: Triagem Auditiva
Escolar......................................................................................... pg. 26
Considerações Finais.................................................................................... pg. 29
Referências Bibliográficas............................................................................. pg. 31
Anexo: Folheto Informativo........................................................................... pg. 33
6
INTRODUÇÃO
Para uma adulto ouvinte normal é quase impossível compreender a
dimensão das conseqüências da Deficiência Auditiva na vida de uma criança.
É na infância que o ser humano está mais apto a desenvolver seus
conhecimentos e habilidades e, para isto, necessita receber grande quantidade
de estímulos do ambiente em que vive. A audição é o principal meio através do
qual a linguagem verbal é adquirida. Assim, até mesmo perdas auditivas
mínimas podem representar um risco ao desenvolvimento da linguagem e trazer
problemas de aprendizagem.
As alterações auditivas leves a moderadas não são tão facilmente
percebidas nos primeiros anos de vida, e por isso é freqüentemente reconhecida
apenas por suas conseqüências. A primeira (e mais provável) a ser observada é
o Retardo na aquisição da linguagem (RAL), o que dificulta ainda mais um
desenvolvimento normal, tanto social quanto de aprendizagem, pois é através da
comunicação que a criança consegue entender o mundo que a rodeia,
compreender
o
outro,
transmitir
e
abstrair
pensamentos
e
adquirir
conhecimentos.
É através da Audição que a linguagem verbal é adquirida e desenvolvida,
já que a fala precisa ser detectada, reconhecida, interpretada e entendida pois,
pelo fato do desenvolvimento de nosso sistema lingüístico depender em grande
parte do canal sensorial auditivo, uma redução ou eliminação deste canal reduz
drasticamente a capacidade de aprender a fala e a linguagem. Para isto, é
7
necessário a integridade do sistema auditivo, tanto a nível periférico como
central, e também da integridade biopsicológica do indivíduo.
Toda deficiência auditiva que não é detectada e tratada a tempo, faz com
que o desenvolvimento educacional, intelectual, lingüístico, cognitivo e,
principalmente social da criança seja bastante prejudicado.
Para que se possa garantir o desenvolvimento da linguagem oral, o fator
mais importante é o tempo levado para se chegar a alteração auditiva. O
intervalo entre a doença causal e a descoberta da surdez é muito variável, a
criança não percebe a existência de sua surdez e nem existe a suspeita dos
pais. Então, até chegar-se ao diagnóstico da surdez, desperdiça-se um precioso
tempo, onde as capacidades de desenvolvimento da criança estarão bastante
prejudicadas.
No decorrer do trabalho de triagem auditiva nas escolas particulares de
Florianópolis – SC, observei grande déficit em relação ao conhecimento que os
pais de alunos (e até mesmo de seus professores) tem em relação as causas de
perdas auditivas na infância e suas conseqüências no desenvolvimento global
da criança. Este desconhecimento gera descaso, onde impede, inclusive, de
permitirem que estas crianças realizem os exames do programa de triagem
auditiva.
Este estudo tem por objetivo elaborar e desenvolver um programa de
conhecimento e divulgação destas questões na elaboração de um folheto
informativo, com um resumo de fácil leitura e compreensão, para que a
comunidade em geral tenha maior atenção para estes aspectos.
8
DISCUSSÃO TEÓRICA
1 – DEFINIÇÃO DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA
“Há muito tempo a função auditiva tornou-se pedra angular sobre
a qual se construiu o intrincado sistema da comunicação humana. Se o homem
primata não tivesse herdado um ouvido, talvez tivesse recorrido a sinais com os
dedos ou a riscos na areia para comunicar seus pensamentos aos outros. O
resultado teria sido um desajeitado método de comunicação que poderia Ter
retardado por milênios nosso chamado progresso. Bem ou mal, desenvolvemos
o ouvido e o mecanismo vocal como meio através do qual se aprende e se
comunica a linguagem” (Northern & Downs, 1989, pg 01)
Em uma definição menos complexa, Lopes (1997) fala que a palavra
surdez tem sido empregada para designar qualquer tipo de perda de audição,
parcial ou total, audição socialmente prejudicada ou incapacitante. Este cita
Davis, que refere-se a surdez como a diminuição da sensitividade auditiva,
havendo uma queda dos limiares auditivos, expressos em decibéls no
audiograma.
Segundo Northern & Downs (1991) apud Russo & Santos (1994), uma
perda auditiva inabilitante em criança é qualquer grau de audição que reduza a
inteligibilidade de uma mensagem falada a um grau impróprio para a
interpretação acurada ou para a aprendizagem.
Hungria (1973) classifica como distúrbio da audição, perda da capacidade
auditiva em maior ou menor grau de intensidade, em caráter transitório ou
9
definitivo, estacionário ou progressivo, geralmente acompanhadas de acúfenos
(ou tinnitus ou zumbidos) e raramente sensação vertiginosa.
E, para Katz (1989 apud ASHA 1981) Deficiência Auditiva é definida como
um desvio ou mudança para pior de estruturas ou função auditiva situando-se
fora dos limites da normalidade.
2 – NATUREZA DA PERDA AUDITIVA
Geralmente, as perdas auditivas são classificadas como condutivas ou
neurossensoriais, e quando ocorre uma combinação destes dois tipos, diz-se em
perda auditiva do tipo mista. Além disto, quando mesmo que os mecanismos
periféricos (condução e sensibilidade) estão dentro dos limites normais e
manifesta-se uma disfunção auditiva, essa perda é categorizada como distúrbio
do processamento auditivo central.
Perda Auditiva Condutiva: qualquer tipo de interferência na transmissão do som
no conduto auditivo externo para a orelha interna causa perda auditiva condutiva
ou seja: a orelha interna tem capacidade de funcionar normalmente, mas a
vibração sonora só consegue estimular a cóclea se é aumentada a intensidade
do estimulo sonoro através do caminho normal de condução do ar.
Este tipo de perda se caracteriza por perda auditiva para sons conduzidos
pelo ar (via aérea), enquanto que os sons levados a orelha interna por condução
óssea do crânio e do osso temporal (via óssea) são ouvidos normalmente.
Quando existe algum tipo de bloqueio na via aérea (casos de desarticulação de
10
cadeia ossicular, otite média, estenose de conduto e outros), ocorre uma perda
auditiva por via aérea de até 60 dB. Em geral, as perdas condutivas podem ser
corrigidas com tratamento médico/cirúrgico.
Frota (1998) refere que o local da lesão encontra-se na orelha externa
e/ou média, e este tipo de perda caracteriza-se por uma diminuição dos limiares
tonais da via aérea (pior que 25 dB NA) e pela conservação dos limiares da via
óssea (Entre 10 - 25dB NA), mantendo entre eles a presença de um gap
(diferença) que deve ser de no mínimo 15 dB e no máximo 60dB. Em alguns
casos, mesmo estando a via aérea dentro dos limites normais, é possível
encontrar gap em função do comprometimento condutivo.
Perda Auditiva Neurossensorial : neste tipo de perda auditiva, ocorre diminuição
da audição quando as células ciliadas da cóclea sofrem algum tipo de dano, ou
quando há alteração no nervo auditivo. Nos exames mais tradicionais, não se
consegue diferenciar muito bem quando o dano causado afetou a cóclea (órgão
sensorial) ou ao nervo auditivo, sendo então classificada genericamente com
“neurossensorial”. Nesta perda auditiva, os limiares de via aérea e via óssea são
praticamente iguais. Essa perda pode passar despercebida durante exame
clínico, pois o conduto auditivo externo (CAE) e membrana timpânica (MT)
mantém aparência normal. Este tipo de perda auditiva é irreversível.
Os limiares de via aérea e óssea estão rebaixados (pior que 25dB NA) e
acoplados, ou seja, não existe gap.
Perda Auditiva Mista: quando ocorrem os dois tipos de perda, condutiva (orelha
média e/ou externa) e neurossensorial (cóclea e/ou VIII par), o resultado é perda
11
auditiva do tipo mista. A via óssea está abaixo do normal (embora mais próximos
dos níveis normais do que a via aérea). Ocorre um gap significativo entre a via
aérea e a via óssea, que tende a desaparecer quando o problema da condução
é tratado, ou, em alguns casos, é possível que o gap exista apenas em algumas
freqüências e as demais estejam acopladas. Porém não significa que a audição
volte inteiramente ao normal, e sim que a proporção entre via aérea e via óssea
se igualem.
Perda Auditiva Central: nesta perda auditiva não há, necessariamente, queda
na sensibilidade auditiva, mas sim, queda na compreensão auditiva. Os
resultados dos exames auditivos (em audiograma) serão normais, porém não
haverá reconhecimento ou interpretação da fala. Frota (1998) e Russo & Santos
(1994) afirmam que muitas vezes, a criança pode ter achados audiométricos
dentro dos padrões da normalidade e mesmo assim, ter dificuldades para
reconhecer e interpretar a fala, devido a lesão nas vias auditivas superiores.
Estas dificuldades podem variar muito, passando de uma leve dificuldade para
tarefas auditivas até a completa falta de compreensão da fala, sendo que este
tipo de perda é mais conhecido como Distúrbio do Processamento Auditivo
Central.
Lopes Filho (1994) apud Frota (1998) relata que lesões no córtex
auditivo são muito difíceis de serem localizadas anatomicamente. Quando muito,
pode-se identificar se a lesão ocorreu no hemisfério direito ou esquerdo.
12
3 - CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Russo (1993) cita Papparella para classificar a deficiência auditiva,
levando em consideração vários fatores:
O momento em que ocorre:
§
pré-natal – se ocorre durante a vida gestacional;
§
peri-natal – se ocorre durante o nascimento;
§
pós-natal – se ocorre após o nascimento.
A origem do problema:
§
hereditário,
§
não hereditário.
O local onde ocorre:
§
orelha externa e/ou orelha média (sistema condutivo),
§
orelha interna e/ou nervo vestíbulo-coclear (sistema neurossensorial),
§
tronco cerebral e cérebro (sistema nervoso central).
Grau da deficiência auditiva (Davis & Silvermann, 1970):
§
normal (0 – 25 dB),
§
leve (26 – 40 dB),
§
moderada (41 – 70 dB),
§
severa (71 – 90 dB),
§
profunda (90 -).
13
4 – GRAUS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Perda Auditiva Leve : A primeira proposta de classificação segundo o grau da
perda foi dada por Davis & Silvermann (1978) que caracterizou a perda auditiva
leve situada entre 26-40 dB. Entretanto, pela necessidade que uma criança tem
em ouvir bem para desenvolver adequadamente a fala e a linguagem e alcançar
todas as estratégias auditivas comuns aos adultos, o patamar mínimo de
audição normal para crianças pode ser mais apropriado quando definido em 15
dB-40dB (Northern & Downs, 1989).
De acordo com Santos apud Schochat (1996), a perda auditiva leve é
caracterizada por sensação de abafamento do som , alterando a qualidade
auditiva da criança, fazendo com que a mesma tenha dificuldade para perceber
detalhes importantes que uma informação sonora pode trazer, e esta define-a
por uma redução na intensidade do som que alcança a cóclea. Do ponto de vista
perceptual, o efeito da perda auditiva leve é parecido com o que se sente
quando se coloca um plug na orelha, ou seja, os sons são reduzidos, perdem a
sua profundidade, sua riqueza, e sua dimensão.
Katz (1982) denomina a perda auditiva leve com o nome de “deficiência
mínima”, que se situa na faixa de intensidade entre 27 e 40 dB no adulto e de 16
a 40dB na criança, dificultando assim o aprendizado da linguagem, exibindo
também déficit significantes na síntese fonêmica, memória auditiva seqüencial,
leitura e outras capacidades lingüísticas relacionadas.
Já Hungria (1991) descreve-a como uma incapacidade de ouvir a voz
normal além dos 3 metros, onde o audiograma (exame audiológico)assinala
14
perda até 30dB, e que na maioria dos casos é de origem condutiva, ou seja,
caracterizada por perda auditiva para sons conduzidos pelo ar, enquanto que os
sons levados ao ouvido interno por condução óssea do crânio e do osso
temporal são ouvidos normalmente. O paciente encontra certa dificuldade de
ouvir em teatros, cinemas e salas de aula.
Para Lafon, a perda auditiva leve se caracteriza na faixa de intensidade
de 20 à 40 dB, onde para a criança a fala normal é percebida, sendo que
somente certos elementos fonéticos escapam a compreensão da criança.
Boone e Plant (1994) relatam que a música, quando ouvida em volumes
excessivamente fortes, podem causar perda auditiva leve neurossensorial
bilateral.
Perda Auditiva Moderada: Hungria (1973) refere-se que o paciente com este tipo
de perda tem dificuldade em ouvir conversação normal a pequena distância,
além de um metro. O audiograma assinala perda que poderá ir até 60dB.
Perda Auditiva Severa / Profunda: Hungria (1973) refere que este paciente não
pode ouvir conversação a não ser em voz alta ou com uso de prótese auditiva
(AASI), onde o audiograma revela perda acima de 60 dB (severa), ou perda
acima de 90 dB (profunda), onde o paciente é incapaz de ouvir a voz falada,
mesmo com amplificação máxima.
15
5 – CAUSAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Azevedo apud Schochat (1996) menciona alguns indicadores de risco
para a deficiência auditiva periférica e central, proposto pelo JOINT
COMMITTÉE ON INFANT HEARING, 1994:
1. Antecedentes familiares de disacusia neurosensorial hereditária.
2. Consangüinidade materna.
3. Infecções congênitas (rubéola, sífilis, citomegalovírus, herpes simples e
toxoplasmose).
4. Malformações craniofacias incluindo as de pavilhão auricular e meato
acústico externo.
5. Peso de nascimento inferior a 1500gr. (criança pequena para a idade
gestacional).
6. Hiperbilirrubinemia – exsangüíneo transfusão.
7. Medicação ototóxica (aminoglicosídeos, com associação de diuréticos,
agentes quimioterápicos).
8. Meningite bacteriana.
9. Apgar de 0 a 4 no primeiro minuto ou 0 a 6 no quinto minuto.
10. Ventilação mecânica prolongada por 5 ou mais dias.
11. Síndromes.
12. Alcoolismo materno e uso de drogas psicotrópicas na gestação.
13. Hemorragia ventricular.
14. Permanência na incubadora maior que 7 dias.
16
15. Convulsões neonatais.
16. Otite média recorrente ou persistente por mais de três meses.
17. Suspeita dos familiares de atraso de linguagem, fala e audição.
18. Traumatismo craniano.
Tratando-se do grau leve da perda auditiva, Lichtig (1994) cita alguns
fatores de risco, prováveis causadores deste grau de perda, tais como:
-
Citomegalovírus,
-
Defeitos de cabeça e pescoço,
-
Hiperbilirrubinemia,
-
Hereditariedade,
-
Anoxia,
-
Anemia materna,
-
Desnutrição materna durante a gestação.
Russo & Santos(1993) citam como causadores da perda auditiva leve:
-
Otite média,
-
Ototoxicidade,
-
Acúmulo de cerúmen.
-
Disfunção tubária (Síndrome de Down, Fissuras labio-palatais)
-
Rinite alérgica,
-
Hipertrofia de adenóides,
-
Amigdalites,
-
Sinusites,
- Desvio de septo nasal.
17
6 – CARACTERÍSTICAS E CONSEQÜÊNCIAS DA PERDA
AUDITIVA LEVE A MODERADA NA CRIANÇA
Conforme visto anteriormente, a perda auditiva é classificada entre 16 a
40 dB para grau leve em crianças, e 26 a 40 dB para adultos, mas muitos podem
questionar o porque desta diferença entre crianças e adultos. Isto é explicado
em Northern & Downs (1989), onde justificam que para os adultos, todas as
estratégias para a interpretação da fala já se desenvolveram por completo, quer
dizer, um adulto não precisa ouvir todos os sons para captar o conceito do que
está sendo dito, mesmo que a fala chegue de maneira distorcida (ruídos de
fundo) ou é interrompida, ainda assim um adulto tem a capacidade de
compreender o que está sendo dito. Já uma criança, que está no início do
processo de interpretação da fala e da linguagem, precisa ouvir bem
distintamente, sem interferências, cortes ou “barreiras” para perceber as
minúcias da fala e para desenvolver as estratégias necessárias para adquirir as
habilidades do adulto nas estratégias contextuais de interpretação da fala e
linguagem. A deficiência auditiva mínima que não trás praticamente nenhum
prejuízo a um adulto, pode representar dificuldades importantes para as
crianças, como não perceberem todos os fonemas igualmente e não ouvirem a
voz fraca ou distante. Geralmente estas crianças são consideradas desatentas e
costumam pedir para que os outros repitam o que disseram. Além disto, uma
perda leve trás o handicap de se perder alguns sons da fala, como as
consoantes surdas (/s/, /p/, /t/, /k/, /f/, /th/, /sh/), que precisam de um mínimo de
18
energia, onde em conversação rápida, caem abaixo do limiar de audição normal.
A criança com perda de até 40dB, ouve apenas alguns sons da fala e os sons
sonoros com alta intensidade. Skinner (1978) apud Northern & Downs (1989)
enumerou uma série de dificuldades a que está sujeito o aprendizado da
linguagem de uma criança com perda auditiva leve:
-
Inconstância das pistas auditivas quando há flutuação da informação
acústica: quando uma criança não ouve os sons da fala da uma mesma ma
neira em tempos diferentes, ocorre uma confusão na abstração do significado
das palavras devido à Classificação inconsistente destes sons.
-
Confusão dos parâmetros acústicos na fala rápida: na fala ocorre um
processo de encadeamento de fonemas, onde cada fonema sofre a
interferência do fonema seguinte ou do anterior. Assim, não só a produção do
movimento articulatório é modificado, mas também o seu efeito acústico.
Quando a fala ocorre em ritmo acelerado, as pistas acústicas ficam ainda
mais indefinidas, causando para a criança com perda auditiva leve a
moderada maiores dificuldades para efetuar a análise acústica dos sons de
fala que ouve, levando-a a confundir-se na aprendizagem da linguagem,
cometendo erros na hora de empregar este ou aquele fonema.
-
Confusão em segmentação e prosódia: nossa fala é marcada por elementos
lingüísticos como plurais, termos verbais, alterações de ritmo, inflexão e
entonação muito discretas em termos de intensidade, mas muito importantes
em significado. Perdas auditivas leves a moderadas podem fazer com que a
19
criança não escute estas informações tão sutis e importantes para dar
significado à linguagem.
-
Mascaramento em ambiente ruidoso: o nível de ruído das salas de aula e da
nossa sociedade em geral faz com que a relação sinal/ruído esteja muito
abaixo do desejado para que a criança encontre um ambiente adequado para
o aprendizado da linguagem (a relação ideal de sinal/ruído é de
aproximadamente 30dB). Qualquer alteração na acuidade auditiva da
criança, mesmo a mais leve, piora muito sua capacidade para perceber a fala
em presença de ruído, prejudicando o seu aprendizado.
-
Incapacidade precoce de perceber os sons da fala: sabe-se que os bebes já
são capazes de discriminar sons logo após o nascimento. Estudos mostram
que estes, já com um mês de idade são capazes de discriminar a voz da mãe
quando em meio a outras vozes. Se a criança tem uma perda auditiva leve,
sua capacidade para sentir e perceber as diferenças sutis entre os fonemas
de sua língua pode ser prejudicada, assim como todas as habilidades que
decorrem desta tarefa.
-
Incapacidade precoce de percepção dos significados: nossa habilidade para
compreender a fala e a linguagem depende das experiências e vivências que
já experimentamos; se perdermos alguns sons ou informações, pelo contexto
da situação podemos inferir o que se trata. A criança que ainda não passou
por todas estas situações de linguagem, deixando de ouvir alguns sons da
fala, pode desenvolver padrões semânticos inadequados, confusão na
20
enunciação de palavras, dificuldade em desenvolver classes de objetos e má
compreensão de significados múltiplos.
-
Abstração errônea das regras gramaticais: muitos vocábulos emitidos por um
falante são de curta duração ou pouco intensos, tornando mais difícil para a
criança com pequena deficiência auditiva, identificar as relações entre
palavras e entender sua ordenação.
-
Ausência de padrões sutis de acentuação: a perda auditiva leve, de natureza
condutiva é pior para a audição em baixas freqüências do que em altas
freqüências. O conteúdo emocional da fala, ritmo e entonação são
comunicados através das baixas freqüências. Quando se perdem, o
conteúdo emocional da fala se confunde, causando problemas sérios de
aprendizagem da linguagem.
Northern & Downs (1989) realizaram estudos e apontaram as características
mais significativas encontradas em crianças com perda auditiva leve a
moderada:
-
atrasos em termos de rendimento escolar, tais como: repetência, desatenção
as aulas, hiperatividade gerando dificuldades na aquisição de habilidades de
novos conhecimentos;
-
problemas significativos de capacidade verbal, leitura globalizada, matemática e síntese fonêmica;
-
dificuldade de discriminação auditiva na presença de ruído-fundo competitivo;
-
quanto ao desenvolvimento mental Q.I. levemente rebaixado;
21
-
diminuição da capacidade de concentração em um determinado som na
presença de outros (atenção seletiva);
-
déficit quanto as habilidades fonológicas e articulatórias, realizando na fala
várias omissões e substituições fonêmicas;
-
retardo na aquisição da linguagem com incidência duas vezes mais em
crianças com perda auditiva leve em comparação com crianças de audição
normal;
-
diferenças de localização da fonte sonora, bem como de lateralidade;
-
inadaptação social, agressividade ou retração de comportamento ou
hiperatividade.
Ainda Skinner (1978) e Saffer (1998) salientam que a privação auditiva
leve na criança, mesmo que temporária ocasiona:
-
atraso na aquisição e interpretação da fala e aprendizagem da linguagem;
-
déficit de processamento auditivo;
-
confusão na abstração do significado das palavras;
-
distúrbios na integração dos estímulos auditivo-visual (dificultando a leitura);
-
déficit no desenvolvimento cognitivo;
-
menor compreensão da fala na presença de ruído de fundo e pouca memória
auditiva;
-
dificuldade de reconhecimento e imitação dos sons;
-
problemas de aprendizagem e desempenho escolar, como:
-
dificuldade de percepção dos significados,
-
abstração falhada das regras gramaticais,
22
-
ausência dos padrões sutis de acentuação.
distúrbios articulatórios, tanto a nível de produção, compreensão e expressão
verbal;
-
dificuldades de análise e síntese.
Katz (1982) ressalta que as perdas auditivas leves em crianças,
afetam o desempenho nas tarefas de linguagem (vocabulários e uso de
estruturas gramaticais). As vezes, sentem também dificuldade em controlar a
função laríngea para a fala, o que resulta em aspectos da qualidade vocal
anormais e irregularidade nos padrões suprasegmentais (entonação e
tonicidade),trazendo como conseqüência a hipernasalidade na voz, pelo uso de
freqüências fundamentais mais agudas. Salienta também, a distorção na
produção articulatória, indicando que o erro mais comum que envolve as vogais,
é a substituição de uma vogal por outra. Já entre consoantes, o tipo mais comum
de erro são substituições e omissões, incluindo também, desordem de
informação a nível semântico, pragmático e fonológico. A redução da percepção
fonoarticulatória ocorre em decorrência da limitada audibilidade de pistas
acústicas da fala.
Jensen (1997), enfatiza que a criança com deficiência auditiva leve, pela
inabilidade de ouvir certas informações, pode tornar-se um indivíduo
introvertido, com problemas de origem nervosa, e acaba isolando-se do mundo
que o rodeia, por muitas vezes não compreender e não ser compreendida.
Hungria (1973), refere que algumas vezes a perda auditiva leve se
instala na criança, onde esta começa a apresentar uma baixa em seu
23
rendimento escolar, comete erros nos ditados, aumenta o volume da televisão,
etc. e que as vezes estes sinais passam desapercebidos, já que a criança pode
não reclamar de dor, no caso de otite média serosa/secretora.
Uma das maiores causas de perda auditiva leve a moderada nas crianças
em idade pré-escolar é a otite média, onde Paparella (Apud Katz, 1989) diz que
Otite Média, de forma simplificada, significa “líquido na orelha média”.
Frota (1998) e Becker, Naumann & Pfaltz (1999) referem que esta patologia
subdivide-se em:
Otite Média Aguda: consiste em uma inflamação aguda da orelha média,
geralmente conseqüência de infecção virótica ou bacteriana da rinofaringe,
fossas nasais e cavidades sinusais e paranasais,
com extensão ao forro
mucoso da caixa timpânica pela tuba auditiva, ocorrendo hiperemia e edema da
mucosa da orelha média. Com evolução do processo, pode haver acúmulo de
exsudato nas cavidades da orelha média e, havendo infecção, este exsudato
torna-se purulento. A congestão e o edema do forro mucoso, bem como a
efusão na caixa timpânica, vão impedir a transmissão adequada das ondas
sonoras pela orelha média. O paciente tem forte dor latejante, febre alta,
geralmente perfuração de membrana timpânica (que ocasiona otorréia),
sensação de plenitude auricular, ruídos subjetivos, surdez e hipersensibilidade
do processo mastóideo à pressão.
Otite Média Crônica Supurativa Não Colesteomatosa (OMC): trás como
sintomatologia otorréia (purgação) intermitente e perda auditiva, que pode vir
acompanhada de zumbidos, com perfuração timpânica permanente. As crises
24
supurativas podem decorrer da entrada de água na orelha média através da
perfuração ou em conseqüências de rinofaringites, com a infecção transmitindose para a orelha média através da tuba auditiva.
Otite Média Crônica Colesteomatosa (OMCC): é decorrente da presença de um
cisto epidermóide na orelha média, que secreta enzimas que tem a capacidade
de formar tecido ósseo (colesteatoma), perfurando a membrana timpânica e
podendo causar a interrupção ou a fixação da cadeia ossicular, levando a
surdez.
Otite Média Serosa (OMS): também chamada de Otite Média Secretora, Otite
Média com Transudato, Otite Média de “cola” (glue-ear). Caracteriza-se pela
persistência de líquido na orelha média, que pode ser serosa, seromucóide ou
mucóide, sendo mais flúida no primeiro caso e mais espessa, até mesmo com
aspecto de cola no tipo mucóide (glue-ear). Ela é mais comum em crianças entre
o 1º e o 6º ano de vida, ocasionada por disfunção tubária (causa básica),
podendo também outros fatores contribuírem para sua instalação, como: rinite
alérgica,
imunodeficiência,
hipertrofia
de
adenóides,
adenoidites
e
faringoamigdalites recidivantes, tumores de rinofaringe e fendas palatinas. O
sintoma dor não é presente, e a única queixa que o paciente pode apresentar é
a de plenitude auricular (sensação de “ouvido cheio”, tapado), e autofonia
(ressonância da própria voz no ouvido), apresentando perda auditiva.
Educacionalmente, a otite média é um fator potencialmente nocivo,
que necessita de intervenções urgentes e agressivas, pois crianças com
episódios de otite média durante os anos de desenvolvimento apresentam
Retardo de Aquisição de Linguagem e da Fala, déficits de processamento
25
auditivo central e alterações de leitura/escrita, pela perda auditiva flutuante
(principalmente unilateral e com estabelecimento precoce) está associada com a
perturbação da percepção auditiva e da linguagem e mesmo quando a perda é
eliminada, a alteração da função auditiva ainda pode persistir.
7 – IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE: TRIAGEM
AUDITIVA ESCOLAR
A linguagem é a característica que diferencia o ser humano dos outros
seres. A possibilidade de expressão e compreensão favorece o desenvolvimento
e a transmissão do conhecimento, aumentando a abrangência da atuação da ser
humano no mundo. Desde o momento do nascimento, estamos expostos a um
meio rico em estímulos , que tem a capacidade de atuar sobre o nosso
comportamento, traduzindo modificações que caracterizam a aprendizagem;
apesar de ela estar presente desde o nascimento, sua manifestação também
ocorre no ambiente escolar. A escola, portanto, representa a oportunidade mais
rica de trocas de experiências, sendo que nela a criança desenvolve seu
potencial de aprendiz. A escola divide com a família a responsabilidade de
organizar os meios para que a criança experimente o maior número possível de
vivências.
A detecção e identificação precoce da deficiência auditiva leve permite um
trabalho imediato, oferecendo condições para o desenvolvimento da fala
adequada, linguagem social estruturada, desenvolvimento psíquico e social
ajustados, onde, as técnicas utilizadas para esta avaliação devem ser simples e
fáceis de se realizar, flexíveis o suficiente para se adequar as necessidades de
26
cada criança e adaptadas a habilidade individual em responder aos estímulos
apresentados pelo examinador.
Jensen (1997) refere que a primeira justificativa para a identificação
precoce das deficiências auditivas está relacionada ao impacto desta na
aquisição da linguagem e no desenvolvimento sócio emocional. Os primeiros
anos de vida são fundamentais para a aquisição da fala e linguagem. Estudos
em animais mostram que a privação auditiva precoce, parcial ou total interfere
no desenvolvimento de estruturas neurais, necessárias para a audição. Assim,
crianças com perda auditiva de grau leve a moderado passam por uma ruptura
similar, ou seja, a falta de “algumas informações” que terão um impacto direto no
seu desenvolvimento global.
Em um programa de triagem auditiva em escolares o objetivo principal
não é o de diagnosticar a perda auditiva, mas sim examinar um grande número
de indivíduos, sem sintomas aparentes, no sentido de identificar aqueles que
possam ter a perda, para com isto encaminhá-los a realizar procedimentos mais
elaborados, a fim de alcançar diagnósticos precisos e tentar sanar ou minimizar
os efeitos que a perda auditiva pode acarretar nos processos de aprendizagem.
Portmann & Portmann (1993) referem que todos os distúrbios mais ou
menos importantes de fala, articulação ou de ortografia, o nível escolar
medíocre, a desatenção, a preguiça e os distúrbios de caráter devem despertar
as suspeitas dos responsáveis pelo aluno. Ainda, referem que em crianças, uma
perda auditiva importante é facilmente detectada pela sociedade, à partir do
comportamento da criança em relação aos ruídos familiares, pois este tipo de
27
perda é a única percebida ou levada imediatamente em consideração. Em
contraposição, uma perda auditiva leve a moderada é muito mais dificilmente
percebida; só despertará suspeitas por ocasião da aquisição da linguagem, e
ainda assim, nem sempre, pois apresenta freqüentemente sinais indiretos. Toda
criança que apresenta um retardo de aquisição da linguagem ou distúrbio da
fala, associado ou não a outros fatores, deve passar por uma triagem auditiva.
28
8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evasão e a repetência escolar, presentes nas series do primeiro grau,
são fatores que muito preocupam, e podem estar relacionados com as
dificuldades de aprendizagem infantis. Durante os primeiros anos do
desenvolvimento das crianças, antes de atingir a idade escolar, adquirem
habilidades e destrezas que levarão a garantir o aprendizado da leitura e da
escrita. Para que este aprendizado ocorra, a criança precisa atingir a
maturidade, uma das condições essenciais para um bom desempenho desta no
processo educacional. Nesta condição estão envolvidos os níveis neurológicos,
psíquico, lingüistico, perceptual e de estruturas lógicas do pensamento da
criança.
A importância da audição e as conseqüências de sua perda parcial ou
total somente poderão ser avaliadas em toda sua amplitude se procurarmos
estabelecer
seu
íntimo
relacionamento
com
as
diversas
atividades
desempenhadas pelo homem. O indivíduo portador de perda auditiva, dentro de
sua limitações sociais e profissionais é um ser emocionalmente instável, e esta
vulnerabilidade psíquica reduz-lhe ainda mais seu campo de ação já limitado. É
um indivíduo só; a deficiência auditiva afasta-o parcialmente da sociedade,
roubando-lhe parte do convívio diário com seus semelhantes, levando-o a um
mundo solitário e próprio, onde o diálogo praticamente não existe.
A perda auditiva que se estabelece na infância e que, acompanhando o
paciente por longos anos, pode ser detectada nos diversos períodos etários: na
primeira infância, na idade escolar, na adolescência e na vida profissional.
29
Talvez seja na primeira infância a época em que a deficiência auditiva
passe mais desapercebida; entretanto, já se pode notar uma criança que,
embora sem apresentar problemas emocionais que a levem a afastar-se de seu
próprio mundo, torna-se um tanto alheia aos fatos que a envolvem por não
perceber os ruídos e os sons que normalmente lhe despertariam atenção,
oferecendo-lhe emoções e provocando-lhe as alegrias tão peculiares nesta
idade, torna-se uma criança apática. Já na idade escolar, as deficiências
auditivas são mais notadas e mais consideradas devido a obrigações escolares,
normalmente são os próprios professores que aconselham aos pais um exame
de acuidade auditiva destes alunos. O aluno mostra-se distraído, dispersivo, sem
atenção,
desorientado
e,
em
muitas
oportunidades,
involuntariamente,
desprezando obrigações ou desrespeitando ordens; já nesta fase os aspectos
psicológicos se exteriorizam com reações de fuga social, isolamento e timidez ao
lado de um inevitável mau aproveitamento escolar, com déficit flagrante do
desenvolvimento intelectual.
Na profilaxia da surdez e na sua recuperação devem intervir, o
fonoaudiólogo, no papel de detectar e avaliar o grau da surdez e orientação para
sua (re)habilitação, o otorrinolaringologista, em seu papel na orientação
terapêutica, e os pais, professores e assistentes sociais, no seu papel de
orientação social. É através desta ação combinada e deste esforço conjugado
que se poderá preservar uma função de extrema importância e de grande
repercussão social, profissional e psicológica, que é a Audição.
30
Referências Bibliográficas
Azevedo, Marisa Frasson, – “Programa de Prevenção e Identificação Precoce
dos Distúrbios da Audição” In: Processamento Auditivo, Schochat, Eliane,
São Paulo, Lovise, 1996, 32 pgs.
Becker, Walter; Naumann, Hans Heinz; Pfaltz, Carl R., - Ottorinolaringologia
Prática, Rio de Janeiro, Revinter, 1999, 572 pgs.
Bees, Fred H. ; Humes, Larry E. – Fundamentos de Audiologia, Porto Alegre,
Artmed, 1998, 326 pgs.
Frota, Silvana, - Fundamentos em Fonoaudiologia - Audiologia, Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan, 1998, 180 pgs.
Hungria, Hélio, – Otorrinolaringologia, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,
1973, 419 pgs.
Katz, Jack, – Tratado de Audiologia Clínica, São Paulo, Manole, 1989, pgs.
Northern, Jerry L.; Downs, Marion P, - Audição em Crianças, São Paulo,
Manole, 1989, 421 pgs.
Pereira, Liliane Desgualdo; Cavadas, Márcia – “Processamento Auditivo Central”
In: Fundamentos em Fonoaudiologia – Audiologia , Frota, Silvana, Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan, 1998, 12 pgs.
Portmann, Michel & Portmann, Claudine – Tratado de Audiometria Clínica,
São Paulo, Roca, 1993, pgs.
Russo, Iêda C. Pacheco; Santos, Maria Momehnson, – A Prática da Audiologia
Clínica, São Paulo, Cortez, 1993, 253 pgs.
31
Russo, Iêda C. Pacheco; Santos, Maria Momehnson, – Audiologia Infantil, São
Paulo, Cortez, 1994, 231 pgs.
Santos, Maria Momehnson, – “Otite Média: Implicações para Desenvolvimento
da Linguagem” – In: Processamento Auditivo, Schochat, Eliane, São Paulo,
Lovise, 1996, 18 pgs.
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ANEXO: folheto informativo
PAIS, PRESTEM ATENÇÃO:
A criança pode ter problemas de audição se:
- tem parentes que nasceram surdos;
- a mãe teve problemas de saúde durante a gravidez: doenças como rubéola,
sífilis, citomegalovírus, herpes simples, toxoplasmose e exposição à RX;
- nasceu com algum defeito de cabeça e pescoço;
- incompatibilidade sangüínea entre os pais;
- a mãe teve que tomar medicamentos durante a gravidez (como alguns tipos
de antibióticos ou diuréticos) o teve anemia;
- o parto foi demorado ou teve que usar fórceps;
- nasceu prematuro, com peso menor que 1500gr, precisou de transfusão de
sangue, “banho de luz” (amarelinho), ventilação mecânica (por mais de 5
dias) ou teve convulsões;
- teve meningite bacteriana, caxumba, rubéola e sarampo;
- tem problema crônico de dor de ouvido;
- sofre de rinite alérgica, amigdalite crônica, sinusites, desvio de septo e
“aumento” de adenóide;
- teve que tomar medicamentos que são tóxicos para o ouvido.
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Quais
os
sinais
que
devemos
prestar
atenção
no
comportamento da criança com possível problema de
audição:
-
se, quando são bebês, não reagem aos sons (Ex: batidas de porta, voz muito
alta, buzinas, latido de cachorro);
-
começam a falar muito tarde;
-
trocam os sons das letras quando falam;
-
quando, de uma hora para a outra, começam a ir mal na escola ou repetem
de ano;
-
são muito “distraídas” na sala de aula ou não querem participar das
atividades;
-
aumentam muito o volume da TV ou do rádio;
-
pedem para repetir o que lhe dizem;
-
falam muito alto no telefone.
As doenças, quando diagnosticadas precocemente, na sua maioria, tem cura.
Se seu filho começar a apresentar alguns destes sintomas, procure fazer uma
avaliação auditiva, onde, dependendo do resultado, os Srs. Pais serão
devidamente orientados, para tomarem a conduta correta.
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