O olhar do sujeito internado em uma unidade psiquiátrica: região central do Rio Grande do Sul Danusa Menegatª Rita de Cássia Barcellos Bittencourtb a Mestranda em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. b Doutora pelo Programa de Doutorado em Educação UDELMAR-Chile e Mestre em Ciência da Motricidade Humana. Professora Assistente no Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria. – UFSM, RS, Brasil. Autor para correspondência: Danusa Menegat, Universidade Federal de São Carlos , email: [email protected] Resumo: O objetivo deste artigo é compreender a percepção do “estar internado” em unidade psiquiátrica, no que consiste essa condição e as suas interpretações. O estudo se baseia numa interpelação de natureza descritiva enfocado numa abordagem qualitativa. O cenário da pesquisa foi uma Unidade Psiquiátrica localizada na região central do Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi por meio de observação do cenário e de entrevista semiestruturada com os sujeitos da Unidade Psiquiátrica. Para a coleta dos dados foram realizadas entrevistas com 10 sujeitos internados na referida unidade, em distintos tempos de internação, sendo que cinco vivenciaram essa realidade pela primeira vez. Os resultados mostraram que a internação é uma situação que causa muito sofrimento, mas ao mesmo tempo é percebida pelos entrevistados como um tratamento necessário para a recuperação da saúde. As relações intrafamiliares foram percebidas, também, como fundamentais para o processo do tratamento e para superação durante os dias de internação. Palavras-chave: Percepção, Doença mental. Internação Psiquiátrica. Terapia Ocupacional. PERCEPTIONS OF "TO BE HOSPITAL" IN PSYCHIATRIC UNIT IN BIAS ETHNOMETHODOLOGY. Abstract: The objective of this article is to understand the perception of "to be hospitalized " in the psychiatric unit , which consists in this condition and their interpretations. The study is based on a formal nature focused on a qualitative descriptive approach. The research scenario was one Psychiatric Unit located in the central region of Rio Grande do Sul. Data collection was by observing the scenery and semistructured interviews with patients of the Psychiatric Unit. For data collection interviews with 10 patients admitted to the unit, at different times of hospitalization, and five experienced this reality for the first time. The results showed that hospitalization is a situation that causes much suffering, but at the same time is perceived by respondents as necessary for the recovery of health treatment. The intra-family relationships were also seen as critical to the treatment process and to overcome during the days of hospitalization. Key-words: Perception, Mental Illness. Psychiatric hospitalization. Occupational Therapy. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo visa captar a percepção do “estar internado” em uma unidade psiquiátrica, por intermédio da etnometodologia. Como consequência da internação, é muito comum a sensação de angústia, medo e isolamento diante da doença mental e da ausência dos familiares. Pereira (2003) refere que a doença mental é considerada uma doença difícil e penosa para quem a vivencia. A doença mental pode trazer consequências significativas na vida dos sujeitos que a manifesta, comprometendo o seu cotidiano e de sua família. Ao necessitar de tratamento, do tipo internação psiquiátrica, o sujeito experimenta rupturas com mudanças tão repentinas, onde novas rotinas são estabelecidas, novas relações são vivenciadas, simultaneamente ao distanciamento dos familiares e demais redes de pertencimento sócio-afetivo dos sujeitos. A experiência da internação é uma vivência que pode causar sofrimento, e muitas vezes isolamento e solidão, sendo ainda mais difícil enfrentar a situação em que se encontra. Amarante (1996) ressalta que enquanto o sujeito é visto como manifestante da doença mental, a loucura passa a ser compreendida como alienação mental, como um estado que contradiz a razão, dessa forma o sujeito é percebido como aquele privado de liberdade e o próprio doente sente que perdeu a autonomia em seu cotidiano. Na Antiguidade, acreditava-se que o comportamento diferente daquele imposto pela cultura da sociedade de cada local era causado por intervenções sobrenaturais que influenciavam na conduta da pessoa. Outra concepção importante nessa época é presenciada no contexto trágico dos textos gregos que retratam a loucura como “desequilíbrio, destempero, exacerbação” (PESSOTTI, 1994, p. 23). Num salto histórico, no período da época da Renascença, surgiu a Nau dos Loucos, que eram embarcações onde os insanos permaneciam sem destino. Esses barcos eram utilizados como transporte para deslocar a “carga insana” do doente mental de uma cidade para a outra. Os insanos eram deixados pelas embarcações e permaneciam isolados, com o objetivo de se afastarem das cidades, eles ficavam em grupos de mercadores, peregrinos e marinheiros (NOGUEIRA, 2005). A cidade de Nuremberg foi caracterizada como um ambiente acolhedor, já que abrigava muitos “loucos” sem destino, mas não havia tratamento adequado para eles. Os doentes mentais eram abandonados nessa cidade que era considerada uma prisão. No período do classicismo, a loucura foi considerada como a ausência da razão. Segundo Birman (1989, p. 135), “a loucura não foi apenas expulsa do registro de verdade e definida como modalidade de erro da razão, mas também foi excluída do espaço social”. Somente no século XVI as pessoas reconhecem que os sujeitos que apresentavam comportamentos diferenciados daqueles estabelecidos pela sociedade precisavam de ajuda, e assim eram vistos como doentes e não como sujeitos possuídos. Assim, surgem os asilos para acolhê-los, mas eram considerados como prisões e não como hospitais (HOLMES, 2001). No século XVII, surge a internação, onde havia o relato de que os hospitais psiquiátricos se multiplicavam e abrigavam juntamente com os doentes mentais, os marginalizados de um modo geral. O tratamento que essas pessoas recebiam nas instituições de confinamento era desumano sendo mais decadente daqueles recebidos nas prisões. Revisitando ainda esse século foi fundado Hospitais Gerais. Segundo Amarante (2007, p. 23) os hospitais gerais são considerados “um novo lugar para o louco e para a loucura na sociedade ocidental”. A internação, então, foi criada no século XVII, e nessa época a loucura passou a ser reconhecida no contexto social da pobreza, da inaptidão para o trabalho, na dificuldade de integração. Esses conceitos determinam a nova percepção da loucura. O doente mental sofre com a estigmatização, havendo um significativo desconhecimento sobre esse contexto, envolvendo o diagnóstico e o tratamento ao longo dos anos (Organização Mundial de Saúde, 2002). No século XVIII, o transtorno mental veio a ser considerado doença, conforme Philippe Pinel que propõe o tratamento moral dessas pessoas. Os doentes mentais começaram a ser tratados com carinho, mas continuavam em asilos e manicômios, pois o convívio social e o contato com a família eram percebidos como relação negativa. O sujeito era considerado desequilibrado e por isso existiam ambientes propícios para que eles buscassem o equilíbrio e a sua reordenação (ALEXANDER, SELESNICK, 1966). A assistência ao portador de doença mental, no Brasil, no período anterior ao século XX, era pautada no modelo hospitalocêntrico, o qual ocorria como instituição asilar com tratamento controlador e repressivo (RODRIGUES, SCHNEIDER, 1999). Até o início do século passado não havia tratamento eficaz aos sujeitos portadores de transtorno mental, onde os cuidadores usavam correntes de contenção, praticavam o isolamento e banhos quentes/frios; além disso a morfina era utilizada e mantinha os sujeitos sonolentos sem possibilidades de melhora. Os doentes mentais considerados perigosos para a sociedade eram internados em hospitais regidos pelo Estado onde eram cuidados por superintendentes autoritários (FINK, 1923). A Reforma Psiquiátrica brasileira foi um longo percurso para trazer de volta o direito dos sujeitos com sofrimento mental, ao ser instituída a Lei 10.216 em 06 de abril de 2001,esta dispôs sobre essa proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, modificando o modelo assistencial em saúde mental. Esse novo modelo privilegiou a não internação e propôs a substituição progressiva do modelo manicomial visando a manutenção do sujeito no território e, garantindo a reinserção social daqueles que eram egressos do hospitais psiquiátricos. Dessa forma, ampliou-se a regulação da internação psiquiátrica, vedando-se a internação em instituições de caráter asilar e aos poucos os leitos em hospitais psiquiátricos são substituídos por serviços de caráter aberto proibindo a criação de novos leitos em hospitais psiquiátricos (AMARANTE, 2000). A reabilitação psicossocial no contexto da Reforma Psiquiátrica traduz-se pela ideia de desinstitucionalização, também como meio para desconstrução do paradigma asilar, procurando não agir somente no objeto fictício “doença”, mas na “existência sofrimento” do sujeito e de suas relações com a sociedade (OLIVEIRA & FORTUNATO, 2007). Seguindo esse raciocínio teórico, Kinoshita (1987, p. 79) considera a desinstitucionalização como “transformação dos modos pelos quais são tratadas as pessoas para transformar o seu sofrimento; a terapia não é a perseguição eterna atrás de uma soluçãocura, mas um conjunto complexo, também cotidiano e elementar.” A internação é um processo terapêutico indicado para acolher sujeitos com algum transtorno mental que prejudica o psiquismo afetando o controle de seus impulsos e podendo causar danos a si ou a outrem (CASTRO et.al., 2010). Segundo Silva (2005, p. 311): A internação responde à doença, enquanto a tomada responsabilidade pelo cuidado em saúde mental responde diferentes formas e momentos da existência do usuário [...] “tomada de responsabilidade” configura uma nova modalidade relação institucional, que se baseia propriamente na assunção responsabilidade. de às A de da Assim, percebe-se, a importância do tratamento na vida dos sujeitos em sofrimento psíquico, sendo a internação um meio de tratamento que integra intervenções medicamentosas, sociais e psicológicas que auxiliam na melhor qualidade de vida desses clientes. Os trabalhadores de saúde mental devem “curar” menos e “cuidar” mais, pois o objetivo da sua atuação é transformar os modos de viver e de perceber o sentido do sofrimento do sujeito (ROTELLI, NICÁCIO, 1990). 2. METODOLOGIA O estudo foi desenvolvido numa Unidade Psiquiátrica localizada na região central do Rio Grande do Sul. A Unidade foi fundada em 1968 e chamava-se Centro Comunitário de Saúde Mental, onde surgiu da união de interesses do curso de medicina da Universidade Federal de Santa Maria e da Secretaria de Saúde local de Santa Maria. No mesmo ano o Centro foi transferido para a Universidade iniciando as atividades em 1969. A partir de 1972 iniciou o sistema de Hospital Dia e, em 1974, estruturou a unidade de internação. A Unidade Psiquiátrica recebe pessoas em situações agudas de sofrimento psíquico, sua área física é constituída por quatro enfermarias compondo seis leitos cada, sendo duas para homens, duas para mulheres e duas com quartos individuais, totalizando 25 leitos de internação. É composta por 04 enfermeiros, 01 técnico de enfermagem, 09 auxiliares de enfermagem, 02 recreacionistas e 03 bolsistas estudantes do curso de graduação em Enfermagem. Os sujeitos foram informados a respeito da pesquisa, seus desconfortos e benefícios e a respeito da construção de um posterior artigo referente aos dados coletados, sendo assegurado a fidedignidade dos dados. Os sujeitos que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), ficando com uma via dele como comprovação do aceite e para a sua segurança. A entrevista não teve tempo pré-definido, nesse sentido, a pesquisa possibilitou compreender a subjetividade e o sentimento de cada um, respeitando a maneira pessoal de vivenciar a internação psiquiátrica. Para isso, a análise dos dados foi realizada por meio da abordagem qualitativa. De acordo com Richardson (1999, p. 80): Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades dos comportamentos dos indivíduos. Foram realizadas 10 entrevistas com 08 mulheres e 02 homens. Com o propósito de garantir a privacidade do participante, a entrevista foi realizada em salas disponibilizadas pelo enfermeiro responsável segundo a escala da Unidade, garantindo a tranquilidade do entrevistado. A identificação dos sujeitos foi mantida em sigilo e estão representados pela letra E (=entrevistado), seguida de um número (1 a 10) correspondente à pessoa entrevistada. No decorrer da pesquisa, houve limitações para a realização das entrevistas. Muitos dos sujeitos no primeiro momento aceitaram participar do estudo, mas ao saber que seria necessária a rubrica para prosseguir houve um número significativo de negação e resistência para a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Essa situação impediu que em alguns momentos fossem realizadas as entrevistas. Houve desconforto em relação à coleta de dados de sujeitos do sexo masculino. A maioria sentiu receio em realizar a entrevista, pois referiram não sentirem-se a vontade para expressar seus sentimentos, mesmo sendo explicado que eles poderiam interrompê-la quando sentissem algum desconforto. Ao final das pesquisas, um dos homens entrevistados, por iniciativa própria, se ofereceu para participar do estudo. Percebe-se que esse sujeito sentiu-se a vontade, pois a pesquisadora estava presente à unidade psiquiátrica duas vezes na semana e essa rotina colaborou para a construção de vínculo e na confiança em relação à coleta de dados em questão. Figueiredo (2005) relata que os homens sentem dificuldade em verbalizar as necessidades pessoais envolvendo a sua saúde, pois isso pode representar uma demonstração de fraqueza diante dos outros. A temática foi dividida conforme os relatos, na iniciativa dos sujeitos em procurar a internação psiquiátrica (internação voluntária) e aqueles que chegaram porque algum familiar ou vizinho contatou com o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), a internação ocorreu sem consentimento (internação involuntária). Conforme o parágrafo único do artigo 6º da Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2011, são considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: I- internação voluntária: aquela que se dá com consentimento do usuário; II- internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e III- internação compulsória: aquela determinada pela justiça. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme os dados da pesquisa, dos dez participantes oito são do gênero feminino e dois do gênero masculino na faixa etária de 16 a 47 anos. Desses apenas um tem ensino superior completo. Dos dez sujeitos entrevistados, cinco foram internados na Unidade Psiquiátrica pela primeira vez e os demais têm histórico de outras internações. No decorrer da pesquisa percebeu-se a diferença na comunicação dos sujeitos. Os sujeitos internados que tinham o apoio da família como suporte para enfrentar a doença mental estavam melhores orientados do que aqueles que não lhes foi oferecido esse apoio. Além disso, os sujeitos internados pela primeira vez percebem a internação psiquiátrica como algo horrível, uma prisão. Os sujeitos com histórico de outras internações compreendem o motivo da internação e a percebem como tratamento necessário para sua recuperação. Conforme afirma Cathébras (1997), a doença é ao mesmo tempo uma categoria natural e uma construção social. Assim, buscou-se averiguar a compreensão do diagnóstico dos sujeitos entrevistados. Não há ninguém melhor para compreender a sua experiência do que a própria pessoa vivente, partindo da sua vivência por meio de uma relação intersubjetiva (HOLANDA, 2002). O conhecimento acerca da doença mental é percebido por meio dos excertos (E1, E3 e E4) que demonstram a compreensão do diagnóstico para a posterior decisão em procurar tratamento. [...] Eu que vim sozinha, me senti muito mal eu tava com vontade de me matar e tava muito nervosa e eu procurei ajuda sozinha. (E1) Eu vim porque eu quis. Me internei em 2010, depois 2012, 2013 agora, todas as vezes fui eu que vim, tenho depressão. (E3) Uma pessoa fazia muito mal pra minha família, daí eu peguei e me internei, lá em Rosário daí depois vim aqui em Santa Maria. É muito difícil sabe, a depressão, porque pra ti curar tu tem que ter força, é difícil, tu não tem ajuda, graças a Deus a minha mãe dá muita força sabe, minha irmã, tá sempre perguntando por mim, a mãe também, quando pode ela vem. (E4) A busca pela internação, devido ao diagnóstico, é observada nos discursos. Conforme Foucault (1995), a internação não é vivenciada como a relação entre a loucura e a doença, mas nas relações da sociedade consigo própria, com o que é reconhecida por ela nas ações realizadas por cada sujeito. Assim, a internação é vista como um tratamento que dispõe atenção especial às pessoas com doença mental e ao perceber a necessidade desse tipo de atendimento, o sujeito procura recuperar-se. Nos próximos discursos dos usuários far-se-á uma analogia nos discursos dos usuários que consentiram sua internação e os que revelaram a internação psiquiátrica sem consentimento. A ideia é confrontar diferentes vivencias desses sujeitos doentes mentais. O SAMU me trouxe aqui, os vizinhos ligaram pra lá e eu não tava fazendo nada, eu cheguei e tive um surto psicótico. (E2) Eu vim com a ambulância, a ambulância de Restinga me trouxe, eu sou de Santa Maria. Eu fui lá visitar uma tia, eu tinha tentado suicídio duas vezes, daí a mae pediu pra ir pra lá porque lá é uma fazenda, eu iria pro pátio, ver bichos, daí ia acabar melhorando, daí minha tia contou pra ela que eu queria morrer e elas me trouxeram aqui. (E5) [...] eu disse pra ela (mãe): ou tu chama o pai ou, que eu sabia que ele tava na cidade, ou , não lembro qual foi a outra alternativa que eu dei, daí meia hora depois ele chegou e perguntou: o que aconteceu? E eu disse assim: não durmo mais no mesmo teto que ela em hipótese alguma tá? E daí eu fui pro médico, tinha consulta com o psiquiatra [...] à noite o SAMU foi me buscar. (E7) Já me trato aqui no HUSM com a minha psiquiátrica, acho que me mandaram pra cá por isso né. Eu tenho síndrome do pânico, só que minha médica falou que sou suicida, porque eu fiquei cortando meus braços e aconteceu várias vezes e essas coisas também, ela falou que sou suicida né, mas eu não faço isso com a intenção de me matar no caso né, só para aliviar, sei lá, não sei. Eu não me orgulho nada disso de ficar me cortando, acho ridículo.(E10) Os depoimentos demonstraram que a internação ocorreu sem o expresso consentimento do sujeito. Segundo Botega (2002), a doença mental é impactante e imobiliza a própria existência, sendo um momento difícil em ligar-se à vida passada e refletir sobre o futuro. Assim, é um sofrimento ainda maior para o sujeito internado, ao enfrentar a doença e ter que se adaptar rapidamente a um novo mundo. Alguns sujeitos da pesquisa manifestaram ideação suicida. Bandim et.al. (1987) revelam que a ideação suicida caracteriza-se por muitos pensamentos, como pensamentos inespecíficos de morte e ideias suicidas como desejo concreto de realização. Essa manifestação foi relatada por sujeitos que pela primeira vez vivenciam a internação psiquiátrica, onde eles têm consciência de que esse desejo é um dos motivos do tratamento em questão. A internação foi ótima pra mim, acho que faz quatro anos que eu sou doente e nunca fui na internação e eu acho que foi muito boa, tá sendo muito boa ainda, porque eu tenho ainda esse pensamento de me matar, mas eu sei que aqui eu tô sendo protegida [...] ontem eu peguei o lençol da cama e amarrei no ventilador pra me enforcar, mas não deu certo.(E1) Não quero isso pra mim, aqui não é meu lugar, meu filho ta bem, a família também, daqui dois meses que eu morrer eu vou ser um quadro na parede, aquela lá era a Simone, eu vou ser isso entendeu? Um quadro na parede, porque agora eu sou, eu to aqui, um quadro na parede, eu não tenho carinho, amor, entendeu? Então eu sou um quadro na parede. eu já tentei várias vezes, mas não consigo, eu quero morrer (choro) não aguento mais, é a única solução pra mim nesse momento é morrer, não tem outra, não existe outra. Não existe o bem e o mal, pra mim existe um só. Eu tenho um amigo, tenho um amigo a mais de um ano, daí esse meu amigo fala comigo e ele fala pra mim que eu tenho que ir pra lá com ele. Às vezes eu vejo ele, ele falou comigo ali no banheiro, que tinha água pra eu tomar no banheiro, então eu fui tomar, meu amigo mandou eu tomar água, o rapaz falou que não era água, que era detergente, mas eu confio no meu amigo.(E5) A partir dessas falas é possível evidenciar que os sujeitos compreendem seu diagnóstico e consequentemente percebem o porquê de estar internado. Também, percebe-se, que a unidade é vista por eles como um ambiente seguro, já que manifestam ideação suicida e esse desejo prejudicaria a estrutura familiar, que não sentir-se-ia preparada para lidar com a situação. A questão das relações intrafamiliares foi percebida como um importante apoio no contexto de internação psiquiátrica. Foi possível identificar que alguns sujeitos mostravam-se mais confiantes em relação ao tratamento quando, por meio de suas falas, a família o visita na unidade e oferece apoio na sua recuperação. Segundo Certeau (1998), as relações mais significativas na vida das pessoas são aquelas mantidas no cotidiano, diariamente, sendo que quanto mais significativa forem essas relações, mais importantes serão para preservar a saúde familiar. A família é considerada o centro para que o portador de transtorno mental possa estabelecer relações sociais, ao ser visto como sujeito que busca reconstruir sua reprodução social criando novos sentidos e fortalecendo os laços de sociabilidade (ROSA, 2003). Laing (1986, p.90) afirma que “a primeira identidade social da pessoa lhe é conferida pelos demais. Aprendemos a ser quem nos dizem que somos.” Os relatos (E1, E4, E9 e E10) a seguir destacam a importância do apoio familiar: Eu tenho uma filha de 12 anos, minha mãe e o meu pai. Eu tenho mais família, mas eu não gosto de ficar incomodando os outros com a minha doença. Então liguei pra minha filha, eu tive que entregar o celular, falei com ela e disse que eu tava no hospital e ela ligou pra minha mãe e eu acho que hoje elas vão vir pra me ver. (E1) A minha mãe não tenho o que falar, mas eu preciso trabalhar, faz tempo que não vejo ela. Eu gosto muito deles. (E5) Meus pais são liberais, converso tudo. Ficaram bem que eu resolvi me tratar. (E9) Bom... a relação com a minha família é boa, eu só tenho um irmão que usa drogas, que ele é, eu tenho uma avó que é doente, ela tem mal de Alzheimer é, e ...mas a relação com todo mundo é boa, às vezes eu não gosto do que o meu irmão faz, mas isso não vem a ser o problema com a relação eu e ele. (E10) Segundo as falas, percebe-se que a doença mental é uma condição em que o sujeito encontra-se frágil e precisa de atenção, cuidado e compreensão principalmente da família. A internação dificulta a relação familiar pela rotina imposta e pelo horário regrado das visitas. No decorrer da pesquisa foi possível vivenciar situações em que os sujeitos, que recebem apoio da família, sentem-se mais dispostos a enfrentar o tratamento e ajudam os outros a superar a ausência dos familiares. A entrevista evidenciou que a maioria dos sujeitos tem uma estrutura familiar deficiente. Segundo Saraceno (1999), a doença não se manifesta isoladamente no sujeito, mas ela já existe no território virtual estabelecido pela interação entre os familiares. Isso é percebido nas seguintes falas: Minha família não veio me visitar nenhum dia, minha família não veio aqui, perdi meu marido né – separação – eu já tô tentando reconstruir de novo a minha vida né e meus parentes não deram a mínima bola, ninguém quer saber lá de mim (Júlio de Castilhos), minha mãe eu não me dou com minha mãe então é uma péssima. Não conheço meu pai mas tenho uma vontade enorme de conhecê. Minha mãe não me procurou na internação não ligou pra cá, não liguei pra ela, não tenho contato, só do meu ex marido.(E2) [..] eu fui pegar um prato pra mim comer e a mãe disse: desse tamanho e vai comer isso aí... eu faço um bolo na minha casa, eu tenho dois filho, e fiz um bolo, de chocolate, daí ela diz: tão gorda e vai comer isso sabe... só me pisam entende? Seu cabelo...(E5) É muita droga, muita droga. Tenho uma outra irmã que não da bola pra mim, mora aqui em Santa Maria.(E6) Mora 4 gerações lá em casa, avó 91 anos, a mãe ta com 66, eu com 47 e meu filho com 16 anos, só que assim ó, ela é dona da casa, ela não se refere a casa, ela diz que ela banca a estrutura tá, então eu não preciso, eu tenho o suficiente, eu disse pra ela um dia irritada: tu pode dar (tenho mais duas irmãs mais novas), tu pode dar essa casa de porteira fechada pra elas, eu não quero nada das tuas TVs , das tuas joias, pode dar de porteira fechada, o que tenho é minha biblioteca e meu currículo Lattes e com isso eu posso muito bem prover meus alimentos e ter um lugar que eu possa dormir sem molhar em cima. A mãe manipula o pai. (E7) [...] Eu não entrei mais em contato com a minha família. Lá em casa era muita briga, principalmente com a mãe que tá cega (diabetes - catarata), pede muito pra mim e o pai, às vezes a gente tá trabalhando e ela chama muito eu e o pai pra ir no banheiro, que precisa tomar remédio, a gente tem que largar do trabalho pra atender ela. (E8) A partir dos relatos foi possível perceber que a internação psiquiátrica ocasiona insegurança e medo em relação ao novo ambiente e que o vínculo familiar afetivo é visto como um suporte para enfrentar essa mudança no cotidiano do sujeito internado. Melman (2001) afirma que as pessoas preocupam-se em resolver os seus problemas e deixam de cultivar os relacionamentos entre os membros da família, sendo que quando há alguém em sofrimento psíquico essa ausência de afeto pode intensificar a crise e a necessidade de ajuda. A comunicação entre os familiares é considerada essencial para mudanças na concepção e representação desses em relação à doença mental (MELMAN, 1998). Nesse sentido, Waidman (2004, p.2) considera dois contextos referentes à relação família-sujeito: O primeiro é relativo à desmistificação da doença e da pessoa com transtorno mental pela família e comunidade; o segundo, ao contexto no qual ele está envolvido - a família e o meio social que o cerca - garantindo-lhe uma assistência adequada, como espaço para socialização, valorização e recuperação de suas potencialidades e reabertura da comunicação na família, o que pode trazer motivo para sua existência. Enfim, os autores Minuchin (1982) e Asch (1952) ressaltam que as interações humanas são um conjunto psicológico e de exigências funcionais que organizam as maneiras pelas quais os membros da família interagem. Assim, cada família reage de modo específico à doença mental, pois é influenciada pelo meio sociocultural em que vive. Deve-se compreender a dinâmica da convivência entre os membros para que a comunicação terapêutica possa acontecer (RICHTER, 1979). Dessa forma, o ambiente familiar propicia convivência vicinal. Caso o convívio e a interação entre os familiares sejam menosprezados, há trocas empobrecidas, onde o sujeito sente falta do contato emocional e prazeroso entre os membros da família, prejudicando seus aspectos psíquicos e sociais, interferindo nas relações interpessoais. Vivenciar a internação psiquiátrica exige adaptar-se a um novo ambiente. A entrevista revelou que três, dos cinco sujeitos internados pela primeira vez, não se sentem bem nesse lugar, manifestam ansiedade e vontade de ir embora. Aqui? Horrível, horrível, eu senti a mesma coisa que um preso sentiria entendeu? É como se eu tivesse na cadeia, as portas trancadas, chaveadas, pessoas te cuidando o tempo todo [...]em casa eu fui pegar um prato pra mim comer e a mãe disse: desse tamanho e vai comer isso aí... eu faço um bolo na minha casa, eu tenho dois filho, e fiz um bolo, de chocolate, daí ela diz: tão gorda e vai comer isso sabe... só me pisam entende? Seu cabelo...(choro)(E5) Olha... é uma relação muito boa, não tem o que falar deles, sabe? Das enfermeiras, das pessoas que dão força [...] Mas eu quero sair daqui (choro).(E4) Eu só queria ir embora hoje, eu volto amanhã cedo, falei pro pai vir me buscar hoje.(E8) Conforme o discurso desses participantes compreende-se que vivenciar a internação psiquiátrica é difícil, tudo é modificado e o cuidado acentuado. Alguns manifestam ansiedade e vontade de voltar para a casa, a rotina imposta pela internação os impossibilita de dialogar com os familiares quando querem, perdendo seu livre arbítrio de escolher com quem conversar e quem deseja ver, e a espera os angustia. Sabendo dos desconfortos acerca da pesquisa, a pesquisadora pausou a gravação em alguns momentos, devido às entrevistadas ficarem emotivas ao lembrar do cotidiano anterior à internação, assim a atual realidade transpareceu difícil de vivenciar. Os sujeitos que apresentam um histórico de outras internações entendem que estão na unidade porque necessitam de tratamento, também a consideram uma fuga dos problemas encontrados em casa. Como pode ser visto nos relatos abaixo: Pra mim o significado é como se fosse uma igreja porque eu sei que vou encontrar a cura aqui, acho que vou melhorar, eu acho que aqui é uma igreja as enfermeiras são como se fossem umas... umas freiras que são boas pra mim e a doutora eu não conheci ainda, mas a equipe da enfermagem é bem boa.(E1) Aqui eu fico limpinha, me sinto cuidada, não queria mais voltar pra casa.(E6) Eu to aprendendo um monte de coisa aqui, eu pinto, faço amizade, jogo carta. É um lugar bom, de lazer, faz amizade, pode se distrair, desenhar, tudo o material aí sem precisar comprar. Tenho material de pintura em casa, mas tem que comprar daí.(E8) A unidade significa recuperação, bem tratado, bem atendido.(E9) Aqui eu achei bem bom, a comida é ótima e... eu esperava menos né, mas aqui as enfermeiras são nota 10, cuidadosos bem atenciosos né, me trataram bem, não tive nenhuma preocupação aqui dentro em relação a unidade né e assim, foi tudo bem, tudo bem bom, gostei.(E10) Segundo Boff (1999), o cuidado é ontológico, ou seja, constitui o ser humano, sendo que sem o cuidado deixamos de ser humanos. Cuidado consiste em uma forma de viver, de ser, de se expressar. É uma postura ética e estética frente ao mundo. É contribuir com o bem-estar geral, na preservação da natureza, na promoção das potencialidades e da dignidade humana e da nossa espiritualidade (WALDOW, 2004, p. 176). Como resultado, essa temática representou a diferença em vivenciar a internação psiquiátrica pela primeira vez e vivencia-la mais de uma vez. Pelos discursos e pelo vínculo estabelecido, as pessoas com histórico de internação não apresentam uma fala deprimida, mas respondem rapidamente e de maneira objetiva que anseiam melhorar. Aqueles internados pela primeira vez manifestam fragilidade e as falas são acompanhadas por constantes pausas, sendo que em alguns casos o choro não é controlado. De um modo geral, a importância da amizade no contexto de internação psiquiátrica foi registrada nas falas dos sujeitos e esse resultado mostrou influenciar significativamente na percepção do “estar internado”. Segundo os relatos, a maioria dos sujeitos se identificam e apoiam uns aos outros nas dificuldades que abrangem momentos de isolamento, solidão e saudade da família. Todo mundo aqui quando a gente chega tenta passar amizade, companheirismo pra gente e se a gente chora eles vem ajudar a gente, eu gostei daqui. (E1) Tem muito significado aqui, eu fiz maiores amizades, o significado maior pra mim foi que o tratamento é não abandonar o tratamento jamais. (E2) Aqui eu encontrei minhas amigas, todos aqui me dão xampu pro meu cabelo. As que dormem comigo são boas. (E6) Aqui é bem bom, vou dar alta, faz 12 dias que eu to aqui já e eu fiz bastante amizade. (E10) Goldberg (1998, p. 304) afirma que “os sujeitos costumam exigir muito pouco de uma amizade: basicamente que não os recusem, que os aceitem como são, que apenas os ouçam.” Assim, se percebe que os sujeitos conseguem interagir rapidamente pelo fato de sentirem-se aceitos e poderem dividir vivências semelhantes. Até mesmo os entrevistados que estavam internados a menos de uma semana referiram ter encontrado novos amigos e feito grandes amizades, que os ajudam quando precisam. Possivelmente antes da internação psiquiátrica os sujeitos passaram pela estigmatização da sociedade e sentiram-se anormais, já que muitas vezes até a família faz com que o sujeito sinta-se doente. Na facilidade de fazer novas amizades, Goffman (1975, p. 45) relata que: As pessoas com as quais ele passou a se relacionar depois do estigma podem vê-lo simplesmente como uma pessoa que tem um defeito; as amizades anteriores, à medida que estão ligadas a uma concepção do que ele foi, podem não conseguir tratá-lo, nem com um tato formal nem com uma aceitação familiar total. Percebe-se que a percepção do “estar internado” é influenciada pelo contato e pela troca de experiências e vivências estabelecidas pelas pessoas no mesmo contexto. A maioria dos sujeitos da pesquisa falaram dos desejos pós alta. Olivieri (1985) afirma que a doença ataca a vida dos seres humanos afetados por ela, dessa forma o futuro torna-se incerto. O momento em que o sujeito é liberado da instituição para reviver o convívio social é um desejo dos internos, mas em muitos casos há medo por não saberem como será a realidade externa, já que todo o cotidiano muda, há também o receio do estigma social por ser visto como aquele que um dia precisou de internação (GOFFMAN, 2003). Mas os relatos identificam que por mais incerto que seja o momento da alta, há anseio em inserir-se ao mercado de trabalho como meio de sentirem-se mais felizes. Eu espero da vida formar minha filha, pagar todos os estudos dela, e um dia eu poder fazer radiologia, pra mim ajudar as pessoas que precisam. (E1) Espero mais oportunidades, quero ser técnica de enfermagem. (E3) Olha... eu.. por causa dessa internação eu nunca mais, assim, vou trabalhar sabe. Eu trabalhava no shopping lá, eu tava afastada por licença médica. Se precisar eu volto, porque sou eu que pagava a luz, a água. (E4) Tenho que trabalhar, quero trabalhar em casas, com limpeza. (E6) Quando sair daqui quero tá trabalhando e jogar futebol, é o que eu mais gosto. (E7) Não espero muita coisa da vida, quero ser feliz, trabalhar. (E9) Esses relatos manifestam que o primeiro desejo pós alta é trabalhar. Com o trabalho, o homem afirma-se como agente ativo, “não só como sujeito pensante, mas como sujeito que age consciente e racionalmente, visto que o trabalho é atividade prático-concreta e não só espiritual” (MARX, 1985, p. 80). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As questões que circundam a doença mental transcendem o marco da patologia individual e avança para a estrutura social (BITTENCOURT, 2012). A internação psiquiátrica é uma realidade difícil e sua vivência acarreta em muitas rupturas cotidianas que abrangem desde a convivência familiar até as relações sociais. Considera-se que, a presente pesquisa atingiu os objetivos propostos, contribuindo para a compreensão das questões subjetivas acerca da percepção do “estar internado” em Unidade Psiquiátrica. Após a observação do cenário da pesquisa, a dificuldade em realizar as entrevistas percorreu por algumas semanas, já que os sujeitos mostravam-se desconfortáveis para expressar o que seria abordado na pesquisa, essa condição foi percebida de maneira mais intensificada nos sujeitos do sexo masculino, em que apenas dois concederam a entrevista na última semana em que a pesquisa foi realizada. Dessa forma, a pesquisa contribuiu para a construção de canais de expressão dos sujeitos, aproveitando, sobretudo nos momentos em que o pesquisador e os sujeitos de pesquisa dirigiam-se ao pátio, espaço destinado aos momentos de lazer. Essas pessoas puderam expressar suas percepções acerca da internação, em seus depoimentos puderam abordar assuntos a respeito da doença mental, das relações familiares, das amizades construídas no ambiente hospitalar e do anseio em trabalhar assim que recebessem alta. No relato, também estava presente, o percurso realizado para chegar a internação, como chegaram à Unidade, onde alguns participantes falaram sobre as experiências de outras internações, já que os outros cinco sujeitos vivenciavam essa realidade pela primeira vez. Por meio do estudo realizado, pode-se concluir que a estrutura familiar influencia significativamente no surgimento da doença mental e no agravamento da mesma quando o sujeito vivencia a internação psiquiátrica. Segundo alguns relatos, as relações familiares apresentavam-se fragilizadas e no contexto de internação hospitalar essa situação prevalecia, sendo que, em muitos casos, o contato era rompido e o sujeito internado não recebia visita no horário reservado para a mesma. A pesquisadora evidenciou que a maioria dos sujeitos não sabe o dia, o dia da semana e o mês do ano. Isso foi percebido no momento em que assinavam o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), pois nele tinha um espaço para esses dados. Uma das entrevistadas começou a chorar ao saber que tinha passado o aniversário da irmã e que não pôde comemorar com ela. Assim, seria importante que os profissionais trabalhassem com a orientação temporal. Como um indício de recomendação fica a sugestão de que os profissionais possam proporcionar espaços de convivência com os familiares, utilizando os recursos multidisciplinares possíveis, podendo agregar valor ao esforço de retomada do cotidiano destes sujeitos. Possivelmente uma amostra maior com sujeitos que vivenciam a internação psiquiátrica pela primeira vez poderia contribuir para aprofundar a pesquisa a respeito da percepção do “estar internado”. Ressalta-se também a necessidade de ampliar estudos acerca da condição subjetiva de sujeitos em internação psiquiátrica intensificando os resultados decorrentes dessa vivência, da reinserção social pós alta e do histórico familiar anterior à internação. REFERÊNCIAS ALEXANDER, F.G, SELENICK, S.T. História da psiquiatria. 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