Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ MAURI SONAGLIO RENDIMENTO DE TRIGO (Triticum aestivum L.) SOB DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA E DOSES DE NITROGÊNIO Chapecó – SC, 2010 1 Mauri Sonaglio RENDIMENTO DE TRIGO (Triticum aestivum L.) SOB DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA E DOSES DE NITROGÊNIO Monografia (Relatório de Trabalho de Conclusão de Curso), apresentado à Unochapecó como parte dos requisitos para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. Orientadores: Eng.º Agr.º, Me. Cristiano Reschke Lajús e Eng.º Agr.º, Ferdinando Brustolin. Chapecó – SC, 2010 II2 AGRADECIMENTOS Aos meus pais Aldir Sonaglio e Lurdes Sonaglio, pelos incentivos e apoio em todos os momentos difíceis, pela educação, confiança, dedicação, paciência e acima de tudo pelo amor que me deram, a quem devo tudo o que sou hoje. A minha irmã, que sempre me ajudou quando precisei. A minha namorada que sempre me apoiou. A todos os professores pela amizade, dedicação e contribuição a minha formação acadêmica. 3 III RESUMO INTRODUÇÃO: O trigo é de fundamental importância no sistema de produção agrícola do centro-sul e sul do Brasil, sendo cultura economicamente viável no período de inverno. A maioria das cultivares disponíveis no mercado é considerada de boa qualidade industrial. O Brasil se coloca entre os países que mais importam este cereal, tendo como desafio tornar a cultura competitiva frente aos demais países produtores, especialmente o MERCOSUL. OBJETIVO: O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito comparativo da rentabilidade de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio. MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi realizado em Chapecó/SC na Linha Tomazeli junto ao CDA da Cooperalfa. O experimento foi realizado em um delineamento experimental de blocos ao acaso. As medidas das parcelas foram de 2,2 x 4 m, totalizando 8,8 m², 4 tratamentos e 5 repetições totalizando 20 parcelas. A variedade utilizada foi Fundacep Raízes por apresentar uma excelente qualidade de grão e uma boa capacidade de produção. Foi determinada uma área útil de 2 m 2 na área central de cada parcela para serem realizadas as avaliações agronômicas. RESULTADOS: As determinações amostrais para avaliar o efeito das diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio, quanto ao número de afilhos foram coletadas 10 plantas aleatórias na área útil e determinado o número médio de afilhos de cada tratamento. Para avaliar o grau de acamamento foi utilizado uma escala específica determinada através de análise visual das parcelas. Com relação ao peso hectolitro foi determinado através da balança Dalle Molle no setor de classificação de cereais da Cooperalfa. A determinação do peso de mil grãos foi realizada no laboratório de sementes da Unochapecó onde era feito à contagem dos grãos e posteriormente a pesagem em balança eletrônica de precisão. As plantas da área útil foram colhidas, trilhadas e separadas as impurezas, logo após os grãos foram submetidos à determinação da umidade que ficou em 13%, de posse dos dados (kg.parcela-1), foram efetuados os cálculos para estimar o rendimento em Kg.ha-1 Os dados coletados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as diferenças entre médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 0,05 de significância. CONCLUSÃO: Nas condições em que o experimento foi conduzido pode-se concluir que o tratamento 350 plantas.m 2 e 60 Kg de N. ha-1 na forma de uréia proporciona o maior rendimento de grãos. PALAVRAS-CHAVES: afilhamento, acamamento e peso mil grãos. 4 IV SUMÁRIO RESUMO.....................................................................................................................III LISTA DE ILUSTRAÇÕES..........................................................................................V LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS....................................................................VII 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 09 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................11 3 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................22 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 34 5 CONCLUSÕES....................................................................................................... 40 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 41 REFERÊNCIAS..........................................................................................................42 ANEXOS.................................................................................................................... 46 V5 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 01. Vista geral do experimento com a cultura antecessora de milho (Chapecó, SC – Safra 2009).............................................................22 Ilustração 02. Condições meteorológicas do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009)............................23 Ilustração 03. Croqui do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009).............................................................24 Ilustração 04. Parcelas do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009).............................................................24 Ilustração 05. Implantação do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009)............................................27 Ilustração 06. Tratamentos fitossanitários do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009)............................29 Ilustração 07. Aplicações de nitrogênio do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009)............................30 Ilustração 08. Avaliações do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009).............................................................32 VI 6 Ilustração 09. PH do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009).............................................................33 Ilustração 10. Umidade do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009).............................................................35 Ilustração 11. Rendimento (kg.ha-1) do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009)............................37 VII 7 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Abreviatura 01 Abreviatura 02 Abreviatura 03 Abreviatura 04 Abreviatura 05 Abreviatura 06 Abreviatura 07 Abreviatura 08 Abreviatura 09 Abreviatura 10 Abreviatura 11 Abreviatura 12 Abreviatura 13 Abreviatura 14 Abreviatura 15 Abreviatura 16 Abreviatura 17 Siglas 01 Siglas 02 Siglas 03 Siglas 04 Siglas 05 kg.ha-1 N.ha-1 0 C N CO2 m Ph m3 ha-1 m2 g mm pl.m2 ml.100kg gr.ha-1 L.ha-1 kg.hl-1 T1 T2 T3 T4 gd quilograma por hectare nitrogênio por hectare grau Celsius nitrogênio gás carbônico metro peso hectolitro metro cúbico hectare metro quadrado grama milímetro plantas por metro quadrado mililitro por cem quilograma grama por hectare litro por hectare quilograma por hectolitro tratamento um tratamento dois tratamento três tratamento quatro grau dias 8 1 INTRODUÇÃO A cultura do trigo é de fundamental importância no sistema de produção agrícola do centro-sul e sul do Brasil, sendo cultura economicamente viável no período de inverno. Na maioria das cultivares disponíveis no mercado são consideradas de boa qualidade industrial sendo a maioria da classe comercial trigo pão, e algumas de classe melhorador. O Brasil se coloca entre os países que mais importam este cereal, tendo como desafio tornar a cultura competitiva frente aos demais países produtores, especialmente o Mercosul. Segundo Valério et al., (2008) observaram que rendimento da cultura esta relacionado com a capacidade da planta em afilhar (genótipo produtivo da cultura), e que o melhor ganho se dá ao melhor arranjo populacional de plantas por área. Os usos de altas doses de nitrogênio proporcionam melhor qualidade de grãos e melhor rendimento produtivo (ZAGONEL et al., 2002). A densidade de semeadura de uma cultura é um fator importante que pode determinar à maior ou menor rendimento e, consequentemente, o melhor ou pior resultado econômico de uma lavoura. Dentre os fatores de produção, o custo da semente representa parte significativa na instalação de uma lavoura e a recomendação generalizada, sem considerar a cultivar a ser plantada, pode influenciar na baixa 9 produtividade devido a um estande inadequado (CÁNOVAS e SILVA, 2003). Pode-se, facilmente entender o rendimento de grãos da cultura de trigo (processo contínuo da semeadura até a colheita) pelo enfoque de análise dos componentes de rendimento. Por este, o rendimento de grãos da cultura de trigo é dada pelo produto entre o número de grãos por unidade de superfície e o peso de cada grão (CUNHA, 2005). O rendimento da cultura do trigo depende do número de espigas viáveis por unidade de área, sendo que o mesmo está relacionado com a capacidade de afilhamento das plantas, porém o afilhamento depende de vários fatores climáticos e a diversidade do padrão de afilhamento dos cultivares. Sendo que com uma baixa densidade de semeadura obtém-se um menor número de plantas viáveis que possam produzir espigas e estas com potencial produtivo, assim com baixa densidade de semeadura produzirá menos por unidade de área, já o rendimento e qualidade de grãos esta relacionada à quantidade de nitrogênio disponível a produção. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento de trigo sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Origem A cultura do trigo é uma planta da família das gramíneas (Poaceas) originária de outras gramíneas silvestres que existiam nas proximidades dos rios Tigres e Eufrates na Ásia, por volta 10 a 15 mil anos antes de cristo. O trigo foi uma das primeiras espécies a ser cultivadas pelo homem (MUNDSTOCK, 1983). Segundo Embrapa (1996) o trigo foi introduzido no Brasil por volta de 1534 por Martim Afonso de Souza, no estado de São Paulo, sendo que a região sul e onde a cultura se adaptou com as condições de clima para seu desenvolvimento. 2.2 Produção Brasil A cultura do trigo é de fundamental importância no sistema de produção agrícola do centro-sul e sul do Brasil, sendo cultura economicamente viável no período de inverno. O Brasil se coloca entre os países que mais importam este cereal, tendo como desafio tornar a cultura competitiva frente aos demais países produtores, especialmente no Mercosul (Embrapa, 1996). 11 2.3 Tratos culturais 2.3.1 Rotação de cultura A rotação de cultura é um processo de cultivo que pode modernizar e aumentar o rendimento da atividade proporcionando a produção de qualidade elevadas de alimentos e outros produtos agrícolas sem alteração ambiental. Deve-se fazer rodízio entre as culturas plantadas em uma mesma área, essa pratica e simples e traz benefícios aos agricultores e as suas terras. Para obtenção de máxima eficiência na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento deve considerar plantas comerciais que produzem grandes quantidades de biomassa e plantas destinadas à cobertura do solo, cultivadas em consorcio com culturas comerciais de rotação devem ter flexibilidade de modo a atender as particularidades regionais e as perspectivas de comercialização dos produtos (FONTANELI et al.,1994). 2.3.2 Calagem Nas lavouras de trigo em plantio direto o calcário pode ser aplicado na superfície do solo. A quantidade de calagem deve ser determinada através de amostras coletadas e interpretadas de acordo com as normas técnicas, a aplicação deve ser feita quando o pH em água for menor que 5,5 ou quando a saturação de bases for menor que 60% (MANUAL DE ADUBACAO E CALAGEM, 2004). 12 2.3.3 Uso de nitrogênio A aplicação de nitrogênio é uma prática recomendada para a cultura de trigo, objetivando principalmente o aumento do rendimento de grãos. E amplamente aceito que a nutrição com nitrogênio afeta o conteúdo e a composição protéica e influencia diretamente a qualidade tecnológica de trigo (MALAVOLTA, 1987). O uso da adubação nitrogenada deverá ser aplicado sempre em duas parcelas, uma na semeadura e outra na cobertura quando as plantas atingirem os estádios de perfilhamento e alongamento aproximadamente de 30 a 45 dias após a emergência. Alguns cuidados devem ser observados quando fazer a aplicação de nitrogênio, como a umidade do solo, a temperatura do ar e a ocorrência de ventos (IAPAR, 1999). Conforme Costa e Oliveira (1998), a dose de nitrogênio a ser utilizada baseia-se na estatura da plantas e na fertilidade do solo. Em media são utilizados de 30 a 60 Kg.ha-1. Algumas cultivares pode responder até 120 kg.ha-1 de nitrogênio. 2.3.4 Moléstias As principais moléstias que atacam a cultura do trigo são as ferrugens da folha, ferrugem do colmo, oídio, giberela e carvão. No caso do não controles destas moléstias podem acarretar numa queda acentuada no rendimento da cultura. Dentre as medidas de controle das moléstias do trigo, o uso de cultivares resistentes, é a preferência, além de outras medidas como o de tratamento de sementes, rotação de culturas, eliminação de plantas voluntárias ou controle químico (MUNDSTOCK, 1983). 13 2.3.5 Pragas Na cultura do trigo existem mais de 100 espécies de insetos associados a cultura, mas na maioria não se considera praga, em qualquer lavoura de trigo, onde existem ataque de uma ou mais pragas, também existem inimigos naturais que auxiliam no controle, onde as pragas mais em comum na cultura são: pulgões, lagartas e corós (MUNDSTOCK, 1983). 2.4 Nitrogênio (N) O nitrogênio é um macronutriente essencial para as plantas, sendo que na sua ausência à planta pode não completar seu ciclo de vida. Este nutriente não pode ser substituído por qualquer outro e seu efeito na vida das plantas é direto, com importantes funções no metabolismo, constituindo aminoácidos e proteínas. É um elemento exigido em quantidades relativamente elevadas pelas culturas. A carência ou faltas de N (nitrogênio) nas plantas superiores determina uma clorose (amarelecimento) que começa nas folhas mais velhas, nas folhas novas se mantêm verdes em conseqüência da redistribuição. A coloração amarelada esta associada com menor produção de clorofila e com modificações na forma de cloroplastos. A analise dessas folhas deficientes mostra uma relação de carboidratos solúveis, proteína mais alta que a encontrada naqueles em que não há falta de N (MALAVOLTA, 1989). Conforme Manual de adubação e calagem (2004), aplicar entre 15 a 20 Kg.ha-1 de N.ha-1 na semeadura e o restante em cobertura, entre os estádios de afilhamento e de alongamento, para doses mais elevadas pode-se parcelas a aplicações. De acordo com Da Ros et al. (2003), as maiores rendimentos de grãos foram obtidas com a utilização das doses mais elevadas de nitrogênio. Em termos gerais, 14 observou que a aplicação parcelada de N, na semeadura em cobertura, conferiu os melhores rendimentos, possivelmente devido a menores perdas de N e maximização da absorção de N pelas plantas de trigo. Conforme Fontana (2008), o nitrogênio proveniente de diferentes fontes de adubos nitrogenados é considerado eficiente para obtenção de elevados rendimentos na cultura do trigo. 2.4.1 Uréia A uréia é um produto sintético de fórmula (NH2)2 apresenta-se de modo geral granulado e de cor branca, podendo também ser encontrada de forma colorida (róseo) conforme processo de fabricação (MALAVOLTA, 1989). 2.4.2 Sulfato de amônio O sulfato de amônio tem de 20 a 21% de nitrogênio em sua composição. O nitrogênio encontra-se na forma de amônio, sendo facilmente assimilado depois que as bactérias o transformam em nitrato. A nitrificarão é muito rápida, apenas ultrapassada pela uréia. Possui ação bem mais lenta, porém diminuindo a lixiviação (GOMES, 1989). 2.5 Desenvolvimento das plantas Conforme Mundstock (1983), a planta do trigo é caracterizada como anual, completando seu ciclo de desenvolvimento dentro do período de um ano. Esse ciclo é constituído por diferentes períodos nos quais são caracterizados em algumas etapas. 15 2.5.1 Dormência Segundo Mundstock (1983), e o período no qual o embrião e incapaz de desencadear o processo de germinação, e isso e muito indesejável aos trabalhos de melhoramento, o comprimento do período de dormência depende das variedades e das condições de colheitas e armazenamento. 2.5.2 Germinação Para que ocorra a germinação e necessário a conjugação dos seguintes fatores: água, temperatura e oxigênio e esses fatores porem devem ser em níveis favoráveis para proporcionar as condições desejáveis para que ocorra a germinação (MUNDSTOCK, 1983). 2.5.3 Afilhamento Após a emergência do coleóptilo, há o aparecimento progressivo de diversas folhas. Em paralelo, o tecido meristemático e os primeiros nós da planta (de onde provêm as folhas, raízes e afilhos) são deslocados e posicionam-se logo abaixo da superfície do solo. Em seguida tornam-se visíveis as estruturas laterais chamadas de afilhos, sendo o estagio de desenvolvimento denominado de afilhamento. Todos os cereais de estação fria cultivados no Brasil emitem afilhos, sendo que o número de afilhos emitidos depende das espécies e da variedade dentro de cada espécie. Fatores ambientais influenciam no afilhamento como, por exemplo, temperaturas baixas permitem que a planta emita um grande número de afilhos. A disponibilidade de água, nutrientes e boas condições físicas do solo favorecem o crescimento geral da planta, 16 refletindo-se na maior produção de afilhos. O fator de maior efeito é o espaçamento entre plantas, quando as plantas estão mais afastadas há a emissão de um numero maior de afilhos. Os afilhos são emitidos deforma alternada, de um lado e outro da planta. O primeiro afilho emitido pela planta é o que tem melhores condições de sobreviver, a ordem de aparecimento dos afilhos indica a ordem de sobrevivência. A fase de afilhamento termina quando inicia o alongamento dos entre-nós e há a diferenciação da espiga (panícula) no ponto de crescimento (MUNDSTOCK, 1983). 2.5.4 Alongamento do colmo O início desta fase é caracterizado pelo aparecimento externo do primeiro nó na base da planta. Pouco antes de haver a emergência da espiga (panícula), a inflorescência já atingiu grande tamanho e esta envolta na bainha da folha bandeira. Este “entumescimento” característico é chamado de “emborrachamento”. Coincide, nesta etapa, o aparecimento externo da ultima folha, chamada de folha bandeira (MUNDSTOCK,1998). 2.5.5 Emergência das inflorescências O aparecimento das inflorescências é um dos processos mais críticos do ciclo da planta, neste momento completa seu crescimento onde atingiu sua estrutura final, e plena área foliar e radicular e realizando sua fecundação dos óvulos. Este momento não coincide com o florescimento. O florescimento e primeiro no colmo principal e após, nos afilhos por ordem de aparecimento (MUNDSTOCK, 1983). 17 2.5.6 Fertilização Segundo Mundstock (1998), coincide com o início do emborrachamento. Nos cereais com alta percentagem de auto-fecundação, o pólen de cada flor cai no respectivo estigma, sendo que alguns podem ser levados pelo vento, fecundando outra planta. A fertilização em trigo dá-se praticamente durante o dia (80 a 90% das flores). Em 3 a 4 minutos a flor se abre, mas sua abertura depende das condições de temperatura. Temperaturas de 13 a 25°C são favoráveis. A presença de chuvas, dias nublados e temperaturas baixas não favorecem abertura das flores. O processo de fertilização é o mais crítico no desenvolvimento da planta. As condições ambientais extremas podem prejudicar visivelmente o sucesso da formação dos grãos nas primeiras etapas. As temperaturas muito baixas podem causar esterilidade, e as temperaturas elevadas também são prejudiciais na formação. 2.5.7 Formação de grãos Esse período vai desde a fertilização do ovulo até a máxima acumulação da matéria seca nos grãos. A duração desse período vai de 30 a 50 dias sendo que esse período e varia conforme as condições de temperatura do ar, baixa umidade no solo e dias longos e ensolarados (MUNDSTOCK, 1998). Segundo Osório e Wendt (1995), a uma existência de correlação positiva entre o tempo de enchimento de dos grãos e a rentabilidade. Os resultados obtidos demonstram existir grande variação entre as cultivares na duração deste período, o qual demonstrou menor nas cultivares tardias de ciclo longo. 18 2.5.8 Vernalização Conforme Mundstock (1998), algumas variedades de habito hibernal necessitam receber, na fase de afilhamento, certa quantidade de frio para que possam produzir inflorescências normais. As variedades cultivadas no sul do Brasil não necessitam receber período de frio para produzirem espigas normais e algumas delas reagem à vernalização, alterando o comprimento do período que vai entre a emergência ao florescimento. 2.5.9 Ciclo O ciclo da cultura do trigo e definido em três ciclos: precoce, médio e tardio e está expresso em número de dias desde a emergência até o espigamento (IAPAR, 2003). 2.6 Descrição da variedade Fundacep Raízes A cultivar e bem resistente ao vírus do mosaico, classe comercial pão e farinha. Recomendado para os estados do RS e SC, podendo ser utilizado no PR. Seu ciclo médio de 143 dias com estatura média de 89 cm moderada suscetibilidade ao oídio e é suscetível a giberela. Sua população recomendada e 300 a 330 pl.m2 utilizando de 80 a 110 kg.ha-1 (Fundacep). 19 2.7 Condições meteorológicas 2.7.1 Graus dias Conforme Brunini et al., (1976) um dos índices meteorológicos utilizados para relacionar o grau de desenvolvimento de uma cultura com a temperatura do ar é o graus-dia (gd). O conceito de graus-dia considera que para completar uma determinada fase fenológica ou, seu ciclo total, a planta necessita acumular um determinado somatório térmico, a partir de uma temperatura-base favorável ao desenvolvimento, que por sua vez é variável com a espécie vegetal. 2.7.2 Temperatura Conforme o comunicado técnico da Embrapa Trigo (2006), o efeito de baixas temperaturas na cultura de trigo produz resultados diferenciados, dependendo do estádio de desenvolvimento em que ocorre, portanto a temperatura ideal para o pleno desenvolvimento da planta não deve ser muito baixa, pois pode paralisar o crescimento de trigo. Na ocorrência de baixas temperaturas na fase inicial da lavoura, haverá o prolongamento do período vegetativo, com isso o trigo desenvolverá mais afilhos, resultando também em um sistema radicular mais abundante. Possibilitando assim uma maior exploração de nutrientes do solo. Para se obter um bom afilhamento as temperaturas ideais são de 15 à 20°C. No estádio de alongamento, temperaturas muito baixas, e com formação de geadas fortes, poderão provocar "queima" de folhas e "estrangulamento" do colmo de trigo, prejudicando a cultura. 20 2.7.3 Precipitação Pluvial A cultura de trigo, para completar seu ciclo, requer aproximadamente 322 mm de precipitação pluvial (MATZENAUER 1992). Quando em excesso de precipitação pluvial, há efeitos negativos no rendimento de grãos e pelo controle de moléstias do sistema radicular de trigo (MUNDSTOCK, 1998). 21 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Local do experimento O experimento foi implantado no município de Chapecó/SC, no km 3 da Rodovia SC-283, junto ao Campo Demonstrativo Alfa (CDA), situado na região Oeste do Estado de Santa Catarina, distante 576 km da capital do estado Florianópolis. A área está situada a 590 metros de altitude, com coordenadas de S 27º 06' 03,3" e W 52º 42' 12,5"1. O período de duração do experimento foi do início mês de maio de 2009 até o final do mês de novembro de 2009. 3.2 Caracterização da área A área implantada do experimento é caracterizada pelo sistema de semeadura direta, onde foram realizados diversos experimentos agronômicos de culturas tradicionais da região. Na safra de inverno 2008 foi cultivado centeio para cobertura do solo e no verão do mesmo ano foi cultivado com milho, sendo que a área estava em pousio. 1 Fonte: Google Earth 22 Ilustração 01. Vista geral do experimento com a cultura antecessora de milho (Chapecó, SC – Safra 2009). 3.3 Solo O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Roxo Distroférrico (EMBRAPA, 1999). 3.4 Clima O clima da região onde está implantado o experimento é do tipo Cfa na classificação de Köeppen, sendo subtropical com chuvas bem distribuídas no verão (MOTA et al., 1970). 23 3.5 Condições meteorológicas As condições meteorológicas que ocorreu durante o período do experimento foram obtidas no Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar (CEPAF), da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Na ilustração 02 estão apresentados os dados referentes às temperaturas médias e precipitação mensal do período do experimental, bem como as normais regionais (série histórica dos 500 18 450 16 400 14 350 12 300 10 250 8 200 6 150 100 4 50 2 0 0 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 S Térmica Precipitação (mm) Nº Dias Chuvosos Nº Geadas out/09 nov/09 Histórico (mm) Ilustração 02. Condições meteorológicas do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009). Precipitação (mm) Soma Térmica últimos trinta anos). 24 3.6 Delineamento experimental O delineamento experimental e do tipo em blocos casualizados com cinco repetições. A unidade experimental será de 2,2 m x 4,0 m, totalizando 8,8 m². Para análise dos resultados é considerada uma área útil de 1,0 m x 2,0 m, centralizadas de cada parcela. Ilustração 03. Croqui do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra/2009). 25 3.7 Tratamentos Para o experimento foi utilizados 4 tratamentos, são eles: T1- 350 Plantas.m-2 e 60kg de N.ha-1 T2- 400 Plantas.m-2 e 60kg de N.ha-1 T3- 350 Plantas.m-2 e 100kg de N.ha-1 T4- 400 Plantas.m-2 e 100kg de N.ha-1 Ilustração 04. Parcelas do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra/2009). 3.8 Interpretação análise de solo Com base na interpretação da análise de solo (anexo 01), o solo é classificado com o teor da faixa de argila de 55% como um solo de classe 2, e matéria orgânica 3.7 % em média. Os teores de fósforo conforme análise em 4.2 mg.dm3 e baixo, já o teor de 26 potássio 106 mg.dm3 e interpretado como alto (Anexo 01). Com a interpretação da análise de solo as doses de NPK seguiram nas seguintes doses 60-70-20 sendo que do total de N 20 kg sendo utilizado na base e o restante em cobertura. 3.9 Tratos culturais Os tratamentos fitossanitários que foram realizados no experimento foram de acordo com as necessidades da cultura, através do acompanhamento do desenvolvimento da cultura. 3.9.1 Tratamentos de sementes Foi realizado o tratamento de sementes antes da semeadura com o fungicida Difeconazole (Spectro) na dosagem de 200 ml.100 kg de semente, 3.9.2 Adubação A adubação de base utilizada foi na forma química de 8-20-20 de NPK , na dose de 225 kg.ha-1 3.9.2 Semeadura A semeadura aconteceu no dia 30 de junho pelo sistema de semeadura direta com auxilio de uma semeadora de 13 linhas com espaçamento entre linhas de 17 cm e 3 a 4 cm de profundidade de plantio. A densidade de semeadura foi utilizada com base no teste de germinação (anexo 02) da cultivar utilizada, com germinação de 97% e vigor de 95% (Anexo 02) considerando uma perda de sementes por meio de outros danos de 8% . Foram utilizadas 82 sementes por metro linear na semeadura. Após a germinação 27 que ocorreu aproximadamente 15 dias após a semeadura foi realizado a marcação de parcelas e contagem das plantas, e identificou-se que germinaram em torno de 68 plantas por metro linear, que totalizando aproximadamente 400 plantas por m2, sendo assim nas parcelas onde foram avaliada a densidade de 400 plantas não foi necessário fazer raleio e para as parcelas de densidade de 350 plantas foi realizado o raleio das parcelas. 3.9.3 Raleio Foi realizado no dia 20 do mês de julho, este foi realizado na forma de arranquio aleatório de 8 plantas por metro linear, permanecendo 60 plantas por metro linear totalizando aproximadamente 350 plantas por metro quadrado. Ilustração 05. Implantação do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra/2009). 28 3.9.4 Controle de plantas infestantes Aos 30 dias de implantação do experimento devido à incidência de plantas infestantes foi necessário fazer uma aplicação de herbicida, foi utilizado o produto de marca comercial ally (Metsulfuron metil) na dose de 4 g.ha-1 com o objetivo de controle das invasoras presentes na área do experimento. 3.9.5 Controle de pragas Juntamente com a aplicação do herbicida foram associado na mistura 120 ml.ha-1 do produto com marca comercial Engeo Pleno (triametoxam + lambdaciolatrina) para controle de insetos presentes na área do experimento. 3.9.6 Aplicação de fungicidas O tratamento com fungicidas ocorreu junto com as demais aplicações, nesta fase o objetivo era tratar a cultura de forma preventiva protegendo a área foliar, para isso utilizou-se uma aplicação de fungicida de marca comercial Opera (Epoxiconazol + piraclostrobina) na dose de 0,6 L.ha-1 no dia 29/08/09. O segundo tratamento ocorreu aproximadamente 22 dias após primeiro no dia 21/09/09 e este foi utilizado o fungicida de marca comercial PrioriXtra ( azoxistrobina + ciproconazol) na dose de 0,3 L.ha-1. O terceiro tratamento de fungicida ocorreu no dia 10/10/09, neste tratamento foi utilizado o produto de marca comercial Nativo (tebuconazol + trifloxistrobina) na dose de 750 L.ha-1. 29 3.9.6 Equipamento de pulverização O equipamento utilizado para fazer as aplicações de herbicidas, inseticidas e fungicidas foi um pulverizador do tipo tratorizado montado, funcionando em perfeitas condições. O volume de calda utilizado para as aplicações foi de 200 L.ha-1 Ilustração 06. Tratamentos fitossanitários do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra/2009). 3.9.8 Aplicação de nitrogênio A aplicação do nitrogênio foi realizada no estádio de perfilhamento o qual ocorreu aproximadamente nos 30 a 45 dias após o plantio da cultura com os respectivos tratamentos em uma única aplicação de cobertura, as quais correspondem os tratamentos. A forma de aplicação foi manual a lanço no período estipulado, dentro das condições climáticas favoráveis, sendo que no período de experimento ocorreram precipitações constantes acima da média do ano. 30 Ilustração 07. Aplicações de nitrogênio do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra/2009). 3.9.9 Avaliações As avaliações de rendimento de grãos foram realizadas quando as plantas atingiram o estádio de maturação fisiológica da cultura. Nesta ocasião foram coletadas as amostras das parcelas que constituía uma área útil de 2 m2 (1 x 2 m). As amostras foram colhidas manualmente e posterior foram trilhadas em um batedor de parcelas, após foram pesadas e verificado o peso hectolitro e da umidade do grão, sendo possível assim estimar o rendimento da cultura por kg.ha-1. 31 Para a avaliação do peso hectolitro foi utilizada a balança Dalle Molle no setor de classificações de cereais na Cooperativa Agroindustrial Alfa, e os resultados expressos em kg.hl-1. Após a verificação do peso hectolitro foram separadas de cada amostra mil sementes para a pesagem das mesmas, para conferir o peso de mil grãos, a pesagens foram realizadas no laboratório da Unochapecó. Quanto ao tombamento de plantas foram avaliadas no local do experimento sendo realizado no mesmo dia da colheita e dado a nota respectivamente ao nível de acamamento da cultura. A avaliação dos afilhos foi realizada após o aparecimento externo do primeiro nó, o qual caracteriza a fase de alongamento do colmo. Neste período foi contado o número de afilhos presentes em 10 plantas de cada parcela para identificar o número médio de afilhos da cultura. 32 Ilustração 08. Avaliações do experimento efeito comparativo do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra/2009). 33 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Ph A análise de variância revelou efeito significativo dos tratamentos em relação à variável Ph (Ilustração 09). Médias não seguidas de mesma letra maiúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Ilustração 09. PH do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009). Analisando a Ilustração 09 do experimento percebe-se que houve diferença significativa do tratamento 400 plantas.m2 e 100 kg de N.ha-1 apresentando um Ph de 34 64,4 esse valor é abaixo dos demais tratamentos. Esses resultados bem a baixos quando comparados com os resultados obtidos nos anos de 2007 e 2008 onde se obteve 78,25 e 77,35, o peso hectolitro foi menor para todos os tratamentos do experimento devido à maior ocorrência de precipitações no período da colheita afetando negativamente a qualidade (Embrapa, 2009). Quanto à precipitação que ocorreu no período do experimento um total de 1085,7mm bem acima da média dos últimos 30 anos a qual corresponde a 753,77mm (Ilustração 02). A precipitação no período do experimento se concentrou no mês de setembro onde o ocorreu uma precipitação de 440 mm distribuídas em 17 dias de precipitação, nesse momento coincide com o início do espigamento favorecendo o ataque de moléstias. Segundo Casa et al. (2004), no início do florescimento da cultura do trigo e quando se tem períodos de três dias consecutivos de precipitação e com temperaturas acima de 17ºC predispõem a infecção de giberela (Gibberella zeae (Schuw) Petch), principalmente em áreas cultivadas anteriormente com milho. Em relação a cultura de trigo, os sinais de aumento da precipitação pluvial no trimestre setembro-outubronovembro, verificado, teve impactos negativos sobre o potencial produtivo da cultura. Com o aumento na precipitação levou a maior incidência de doenças epidêmicas com principal destaque para giberela. Além disso, ocasionou efeitos na baixa qualidade industrial. Segundo Guarienti, (1996) ao analisar a qualidade industrial das cultivares de trigo em um período de 8 safras, colhidas em diferentes locais do Rio Grande do Sul, concluiu que a precipitação e o excesso de umidade no solo afetaram negativamente o 35 peso do hectolitro, o peso de mil grãos e o rendimento de grãos de trigo. Portanto as relações do clima afetaram positivamente nos resultado do experimento. 4.2 Umidade A análise de variância revelou efeito significativo dos tratamentos em relação à variável umidade (Ilustração 10). Médias não seguidas de mesma letra maiúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Ilustração 10. Umidade do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009). Analisando a Ilustração 10 pode-se observar que houve diferença significativa entre os tratamentos, sendo o que diferiu foi o tratamento 400 plantas.m2 e 100 kg de N.ha-1 sabendo que normalmente os produtores realizam a colheita entre 16% e 17% de umidade. Quando temos incidência de chuvas no período de colheita podemos antecipar com umidades que variam de 21% a 22% de umidade, essa pratica pode ser 36 vantajosa ao produtor do que esperar o grão perder mais unidade e ficar sujeito a perdas com chuvas ou moléstias. Segundo pesquisadores da Embrapa em elevados níveis de umidade do grão (25%) acarretam em elevadas perdas tanto qualitativas quanto quantitativas. A colheita foi realizada no estádio de maturidade fisiológica para ambos os tratamentos. Para o tratamento com maior dose de nitrogênio as plantas tiveram seu ciclo estendido, o que foi observado pelo aspecto visual das plantas, onde se manterão mais verdes por mais tempo a maior dose de nitrogênio pode ter influenciado diretamente na senescência da cultura do trigo. A maior disponibilidade de nitrogênio prolongou o ciclo vegetativo do trigo. 37 4.3 Rendimento A análise de variância revelou efeito significativo dos tratamentos em relação à variável rendimento (Ilustração 11). Médias não seguidas de mesma letra maiúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Ilustração 11. Rendimento (kg.ha-1) do experimento do rendimento de trigo (Triticum aestivum L.) sob diferentes densidades de semeadura e doses de nitrogênio (Chapecó, SC – Safra 2009). Houve diferença significativa entre os tratamentos em relação ao rendimento de grãos, sendo que o tratamento em que esta variável atingiu o maior absoluto foi tratamento que corresponde 350 plantas m2 e 60 Kg N.ha-1. A diferença entre o tratamento que proporcionou maior resultado com o menor foi de 465 Kg que corresponde a 7,75 sacas de 60 kg. Considerando que as densidades utilizadas neste trabalho correspondem a 350 e 400 plantas por metro quadrado, os rendimentos foram similares aos resultados obtidos no experimento, isso é considerado normal para as 38 densidades utilizadas, concordando com os resultados obtidos em trabalhos que não foram observadas diferenças nos rendimentos para densidades variáveis entre 200 a 400 plantas por metro quadrado (ZAGONEL et al., 2002). Segundo Trindade et al., (2005) em experimento conduzido para avaliar o rendimento da cultura de trigo, em diferentes doses de nitrogênio e freqüências de irrigação constatou que a dose que mais proporcionou rendimento foi a dose de 73 Kg de nitrogênio por hectare e quando aumentou a dose de nitrogênio e a freqüência de irrigação acarretou na diminuição do peso hectolitro, confirmando os resultados obtidos que o tratamento 350 plantas.m2 e 60 kg N.ha-1 proporcionou maior rendimento do que os demais tratamentos, em relação ao peso hectolitro os experimentos foram similares diminuindo o peso hectolitro com o aumento da dose de nitrogênio. Conforme trabalho realizado por Degraf et al. (2006), não obtiveram resposta significativa no rendimento da cultivar Onix para diferentes doses de nitrogênio entre 50 a 240 Kg.ha-1, o que difere dos resultados obtidos no experimento quando a menor dose de nitrogênio seguido da menor densidade proporcionou maior rendimento da cultura Fundacep Raizes. Conforme Wendling et al. (2007), em trabalhos realizados com a cultura de trigo na sucessão de milho observaram que a aplicação de nitrogênio apresentou uma pequena resposta no rendimento, sendo que doses em que mais representou foi entre 58 Kg ha-1 a 72 kg ha-1 de N sendo que as doses maiores de nitrogênio a cultura não respondeu atingindo portanto as menores rendimento. Observando a ilustração 11, os tratamentos que foram utilizados a dose de 100 kg N.ha-1 foi o que menos respondeu ficando abaixo da media obtida entre os tratamentos. 39 5 CONCLUSÃO Nas condições em que o experimento foi conduzido pode-se concluir que o tratamento 350 plantas.m2 e 60 kg de N. ha -1 na forma de uréia proporciona o maior rendimento de grãos. 40 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho permitiu uma avaliação inicial do efeito de diferentes densidades de semeaduras e doses de nitrogênio na cultura do trigo. Este trabalho indica que a densidade de 350 plantas.m2 de trigo cv. Raízes proporcionou o melhor rendimento de grãos e por ser a menor densidade acarretará possivelmente em maiores retornos econômicos, sugerindo novos estudos relacionados a diferentes fontes nitrogenadas na respectiva densidade. 41 REFERÊNCIAS BRUNINI, O.; LISBÃO, R.S.; BERNARDI, J.B.; FORNASIER, J.B.; PEDRO JÚNIOR, M.J. Temperatura-base para alface cultivar "White Boston", em um sistema de unidades térmicas. Bragantia, Campinas, v.35, n.19, p. 213-219, 1976. CANOVAS, A. D.; SILVA, M. S. Avaliação de ensaios de cultivares e linhagens de trigo sequeiro e irrigado na Embrapa Arroz e Feijão. Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo. Rio Verde, n. 11, 2002. CASA, T. R.; REIS, M.E.; BLUM, M.C.; BOGO, A.; SCHEER, O.; ZANATA, T. Danos causados pela infecção de Gibberella zeae em trigo. Fitopatologia Brasileira. Brasília, v.29. n.3, mai/jun, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010041582004000300008&script=sci_arttext. Acesso em:24 mar. 2010. 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