A China não importa?

Propaganda
Diário de Aveiro
ID: 32259667
12-10-2010 | Economia
Tiragem: 7014
Pág: 4
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Quinzenal
Área: 8,61 x 33,50 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 1 de 1
A China
não importa?
NUM PERÍODO onde a actualidade é dominada pela necessidade de cortes na despesa CARLOS
pública portuguesa, importa ALMEIDA
não perder de vista a imple- Director
mentação de políticas e inicia- Adjunto tivas que dinamizem a econo- Direcção de Investimentos,
mia. É certo que a redução da Banco Best
despesa pública portuguesa é
urgente, mas a implementação de medidas para aumentar o nível do
crescimento económico é (muito) importante. Neste capítulo, as
exportações deverão ser uma prioridade para todos os agentes económicos.
Enquanto os políticos devem estimular as empresas nacionais a
obter novos clientes estrangeiros, os empresários deverão abraçar o
desafio de diversificar o “mundo das oportunidades” do comércio
externo.
A realidade é que o nosso “mundo” ainda é pequeno. Metade das
exportações portuguesas estão concentradas em 3 países: Espanha, França e Alemanha. Menos de 4% das exportações portuguesas têm como destino os Estados Unidos da América. Os países
africanos têm um peso de 10% das nossas exportações. Para o continente asiático, canalizamos apenas 3% do nosso volume de
exportações.
Basta verificar o destino das mercadorias portuguesas, para concluir que estamos a exportar pouco para as economias que, nos próximos anos, se perspectivam ganhar maior relevância no mundo.
O caso da China é paradigmático.
Segundo as mais recentes estimativas do FMI, a economia chinesa, até 2015, deverá registar um crescimento médio anual acima dos
9,5%. No entanto, a China tem um peso de apenas 0,6% nas exportações de mercadorias portuguesas. Este indicador da economia portuguesa é 12 vezes inferior àquilo que é praticado na União Europeia,
onde a China tem um peso de 7,5% do total das exportações dos 27
países da UE.
Considerando os valores do 1º semestre do ano das economias
ibéricas, a Espanha exportou 6 vezes mais para a China do que Portugal, isto é, num mês, os vizinhos ibéricos exportaram tanto quanto Portugal exportou num semestre.
A título de curiosidade, Portugal, actualmente, exporta mais mercadorias para Cabo Verde – país com cerca de 500 mil habitantes do que para a China onde existem mais de 1,3 mil milhões de consumidores.
Apesar de Portugal ter registado um crescimento das exportações
para a China no 1º semestre em termos homólogos (+12%), os valores absolutos são ainda extremamente baixos e de pouca relevância
de forma a funcionarem como um elemento catalizador do crescimento económico. Ao mesmo tempo, o aumento das exportações
não compensou o forte crescimento das importações de mercadorias chinesas (+44%).
Começam a surgir algumas notícias de sucesso de empresários
que aproveitam as oportunidades do gigante asiático – como é o caso
das exportações de vinho. No entanto, importa ganhar dimensão e
diminuir o défice comercial com a China.
A China tem que ganhar um maior peso nas exportações portuguesas e importância nos agentes económicos, porque a China
importa … mercadorias e Portugal necessita de dinamizar o crescimento económico. E contra a crise, exportar, exportar!
Partilhe a sua opinião sobre este assunto, escreva-nos para [email protected]
Download