Avaliação Antropologia Teológica B- Professora Silvana Suaiden 05/10/2011 Joyce Miranda – RA: 10233153 Renata Ciências Sociais – 4º período - RA 1. Aponte e explique brevemente as características da modernidade que teriam levado à pluralidade de sentidos na sociedade. A modernidade, surgida com as grandes revoluções industriais e burguesas, transformou a forma do homem ver o mundo, e essas mudanças tem sido constantes em nossa sociedade. A divisão do trabalho, a racionalização da vida, o modo de produção capitalista como condutor mundial, fez com que uma visão secularizada tomasse conta da vida humana, buscando explicar tudo através da razão e da ciência. A individualidade tornou-se ponto central do desenvolvimento moderno, o homem tornou-se independente, econômica, política, culturalmente dos seus semelhantes. O mercado passou a reger a vida e o sentido dessa para as pessoas. É ele que determina o que é bom, ruim, necessário, etc, para nossas vidas. Por trás do mercado há as grandes corporações que estão nas mãos de poucos indivíduos, conseqüentemente seus interesses também são individuais. É essa lógica da modernidade, de super valorização do capital, do material, em detrimento do valor humano, que leva a um individualismo na sociedade e uma pluralidade de sentidos, construídos a partir dos desejos de consumo que nos são apresentados como necessários à nossa sobrevivência. 2. Por que e de que forma a modernidade nos trouxe, em seu conjunto, a fragmentação dos sentidos? A modernidade levou a uma perda de valores, pois, o mercado passou a ser o produtor dos valores que regem a humanidade. A modernidade, como sabemos, busca explicação através da razão, e somente dela. A racionalização da vida (e do tempo), que favorece a produção material, e o capital, objetiva reduzir o ser humano a objetivos como o sucesso, riqueza, poder. Para isso ele utiliza de vários mecanismos, como o marketing, a mídia, entre outros, para seduzir aqueles que além de produtores são também consumidores, ou seja, os que dão sustento ao sistema de produção capitalista. É o mercado que passou a produzir sentidos, prazeres, sensações às pessoas. Esse, dita as regras, dá modelos de felicidade, e aqueles que não conseguem segui-lo se sentem inferiores, desmotivados, e não conseguem se desprender de todo um sistema construído com fins lucrativos para poucos. Toda essa lógica de racionalização da vida, fragmentou o homem, especializou, tornou-o técnico. O homem precisa a todo o momento ser racional, e se perdeu em meio a tantas respostas dadas pela ciência e razão. 3. Segundo o filme visto em aula, como os elementos da tradição de um povo podem servir para fechá-lo ou diluí-lo sob o impacto da modernidade e como (estes elementos) podem ter um papel de reconstrução da identidade popular? Quando um grupo mantém uma tradição cultural, de certa forma, seus membros sofrem menos os impactos da modernidade, no que se refere a perda de identidade coletiva e cultural. Como visto no filme “Encantadora de Baleias”(2003), a menina Pai, luta, para resgatar as tradições e ser aceita como sendo importante tanto quando seria seu irmão. A partir da reflexão do filme, é possível perceber como nossa sociedade hoje passa por um processo de aculturação, permitido pelo mundo globalizado. É perigoso perder as referências culturais, pois com isso o ser humano perde a sua história. No filme, vemos que, mesmo pensando de maneiras diferentes, todos buscam o mesmo objetivo, que é não deixar morrer os costumes daquela tribo, a tradição que foi construída por seus membros, e dessa forma se manter vivos naquilo que faz sentido a eles. Vemos que, ao buscar esses elementos da sua tradição, um povo busca não perder aquilo que eles são, aquilo que foi construído pelos seus ancestrais, que mantém o grupo coeso. Ao se manterem em estado de coletividade, baseados numa cultura e crenças semelhantes, não é a opinião ou desejos do indivíduo que se sobrepõe, e sim do coletivo, do grupo. Diferentemente do impacto da modernidade em nossa vida, que fragmenta e individualiza as culturas, os sentidos, os costumes. Individualiza o ser humano que é para viver em grupo, e defender seu grupo, não destruí-lo como vemos acontecer. 4. O que é a solidariedade e de que forma ela nos ajuda a transcender os limites da existência humana? O que é necessário para haver solidariedade? Há duas definições, segundo o texto de Hugo Assmann e Jung Mo Sung. Em uma delas, solidariedade é vista sob a perspectiva durkheimiana, na qual é representada através da relação de interdependia entre indivíduos, formando uma coesão social. É a maneira das pessoas de interagirem, e de formarem o que chamamos de sociedade coesa. Uma segunda interpretação para o termo “solidariedade” consiste no seu caráter ético, normativo, no qual a atitude individual de ajudar o outro apresenta-se como capacidade de respeitar as diferenças e se interessar pelos interesses coletivos, principalmente dos menos favorecidos. Para os autores, essas duas formas de solidariedade são importantes para manterem a interdependência das pessoas, fator essencial para uma convivência em sociedade. Essas idéias de solidariedade apresentadas pelos autores no texto: “Competência e sensibilidade solidária”. Apresentam, junto com as idéias de solidariedade, uma característica da sociedade pós moderna que é isolar os indivíduos e não fazerem com que percebam que sua atitude reflete no outro, seja direta ou indiretamente. Ao se ter uma consciência de solidariedade, seja no sentindo descritivo (interdependência) ou normativo ( ético), o ser humano é capaz de perceber que suas ações dependem, assim como refletem, no outro, e que não há como, já que somos uma única espécie, viver isoladamente, sem se preocupar com a coletividade. A noção de solidariedade permite o ser humano ir além dele mesmo, já que, o leva a buscar compreender o outro, que ao mesmo tempo que é ele (mesma espécie), é um outro ser, com gostos, costumes, percepções diferentes. O respeito à diversidade cabe perfeitamente à idéia de solidariedade. Para haver solidariedade é necessário haver conscientização. Já que carregamos de nossa cultura, socializada principalmente no ambiente escolar formal, uma idéia fragmentada de ciência, assim como uma idéia de que somos independentes dos nossos semelhantes e que vivemos num mundo competitivo, no qual a lei do mais forte impera, se torna necessário, a partir da proposta de disseminação de uma consciência da importância da solidariedade, uma mudança no cerne de nossa cultura, baseada (infelizmente) no capitalismo. Uma mudança na educação, na ciência, na base da sociedade. O ser humano, construtor da sociedade, deve parar e começar a analisar o propósito dessa educação que está posta, e que é reproduzida diariamente em milhões de crianças e adolescentes. Nos que formamos esse ideal individualista, racionalizado, e precisamos atentar-nos e questionarmos qual é a profeta educacional que se tem hoje. Pois é esta, que forma os seres pensantes da sociedade, ou assim deveria ser. A mudança deve ocorrer, portanto, na nossa cultura, na nossa maneira de ver o mundo, nas nossas atitudes diárias, na forma que estamos educando nossos filhos, na forma que estamos tratando nosso planeta. Uma mudança cultural é necessária, para depois ocorrer uma estrutural.