UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Alessandra Cristina de Souza Oliveira Bruna de Aguiar Araújo Ellen Ferraz de Oliveira Keysianne Morais Fernandes Tamara Marques de Mendonça O SIGNIFICADO DA VIVÊNCIA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA PARA OS PORTADORES DA DOENÇA CADASTRADOS NA ASSOCIAÇÃO FORÇA VIVA. Governador Valadares 2009 1 ALESSANDRA CRISTINA DE SOUZA OLIVEIRA BRUNA DE AGUIAR ARAÚJO ELLEN FERRAZ DE OLIVEIRA KEYSIANNE MORAIS FERNANDES TAMARA MARQUES DE MENDONÇA O SIGNIFICADO DA VIVÊNCIA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA PARA OS PORTADORES DA DOENÇA CADASTRADOS NA ASSOCIAÇÃO FORÇA VIVA. Monografia para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Área de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce. Orientadora: Tatiana Heidi Oliveira Orientadora: Tatiana Heidi Oliveira. Governador Valadares 2009 2 ALESSANDRA CRISTINA DE SOUZA OLIVEIRA BRUNA DE AGUIAR ARAÚJO ELLEN FERRAZ DE OLIVEIRA KEYSIANNE MORAIS FERNANDES TAMARA MARQUES DE MENDONÇA O SIGNIFICADO DA VIVÊNCIA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA PARA OS PORTADORES DA DOENÇA CADASTRADOS NA ASSOCIAÇÃO FORÇA VIVA. Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem à Área de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares, ___ de ____________ de _____. Banca Examinadora: __________________________________________ Profª. Tatiana Heidi Oliveira - Orientadora Universidade Vale do Rio Doce __________________________________________ Profª. Êrick da Silva Ramalho Universidade Vale do Rio Doce __________________________________________ Profª. Érica Barbosa Magueta Silva Universidade Vale do Rio Doce __________________________________________ Profª. Eliana Maria de Oliveira Universidade Vale do Rio Doce 3 Dedicamos este trabalho, primeiramente a Deus pela força nessa longa caminhada, aos nossos pais pelo incentivo e apoio e aos nossos mestres pela dedicação e conhecimento compartilhado. a obtenção do grau de bacharel em Enfermagem pela Faculdade de Ciências 4 AGRADECIMENTOS Ao finalizarmos este trabalho, queremos trazer os nossos sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuíram para sua construção. Agradecemos primeiramente a Deus, Todo Poderoso, que nos guiou durante todo esse percurso, dando-nos sabedoria para desempenhar nossas atividades. Aos nossos pais pelo carinho, força, compreensão, incentivo e por nos terem dado todo suporte necessário para que tudo desse certo. A nossa professora e orientadora Tatiana Heidi Oliveira, exemplo de competência profissional, que nos acolheu e orientou com carinho e entusiasmo, dando as coordenadas de como executar nosso trabalho, nos apoiando e ajudando em nosso crescimento. Obrigada pela dedicação e auxílio. A todos os portadores de esclerose múltipla da Associação Força Viva pela receptividade e colaboração. Este trabalho não seria concretizado sem a contribuição deles. A todos, nosso muito obrigada! 5 “É com o coração (sentimento) que se vê corretamente; o essencial é invisível aos olhos.” Antoine de Saint Exupéry 6 RESUMO A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica, crônica, de caráter desmielinizante e inflamatória que compromete o Sistema Nervoso Central (SNC), e acomete com maior frequência adultos jovens. O presente estudo propõe compreender o significado da vivência com esclerose múltipla para o portador da doença, bem como, conhecer e analisar as características dos portadores, mudanças físicas e suas interferências no cotidiano, levantando as principais sensações advindas com essa patologia. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa que foi realizada com a aplicação de um questionário semiestruturado a um grupo de dez portadores cadastrados na Associação Força Viva, no período de fevereiro a abril de 2009 em Governador Valadares – MG. Os resultados encontrados, a partir da análise do material, foram agrupados em cinco categorias, sendo elas: mudanças físicas, reações pessoais e familiares frente ao diagnóstico, a relação dos sintomas e tratamento com as atividades diárias, sensações advindas das mudanças ocorridas e significado de ser portador. A análise dos resultados mostrou que o portador de EM sofre um forte impacto frente às incertezas do diagnóstico, pois é uma doença rara, incurável, imprevisível e potencialmente incapacitante, o que desencadeou uma série de preocupações, levando a alterações emocionais significativas. Concluímos que para prestar uma assistência adequada, o enfermeiro deve conhecer essas alterações e suas significações no decorrer da doença, com o intuito de direcionar a orientação ao paciente, a família, e a todos com quem ele se interaja, para a aceitação do novo estilo de vida. Palavras chave: Esclerose Múltipla. Significado. Vivência. 7 ABSTRACT Multiple sclerosis (MS) is a chronic neurological disease, inflammatory and demyelinating in nature that affects the central nervous system (CNS) and most often affects young adults. This study proposes to understand the meaning of living with multiple sclerosis for the carrier of the disease, to know and analyze the characteristics of individuals, physical changes and their interference in daily life, raising the main sensations arising with this pathology. This is an exploratory research of qualitative approach that was performed by the application of a semistructured questionnaire to a group of ten patients enrolled in the Association Life Force, from February to April 2009 in Governador Valadares - MG. The results found from the analysis of material, were grouped into five categories, which were: physical changes, personal and family reactions against the diagnosis, the symptoms and treatment with daily activities, feelings stemming from changes and significance to carry MS. The results showed that the bearer of MS have a strong impact against the uncertainties of diagnosis, because it is a rare, incurable, unpredictable and potentially disabling, which triggered a series of concerns, leading to significant emotional disorders. We concluded that to provide adequate assistance, the nurse must meet these changes and their significance in the course of the disease in order to guide the orientation to the patient, family, and all with whom he interacts, to accept the new style of life. Key words: Multiple sclerosis. Meaning. Living. 8 LISTA DE SIGLAS AITs – Acidentes Vasculares Encefálicos Transitórios AVC – Acidente Vascular Cerebral BCG – Bacilo de Calmette Guérin BCTRIMS – Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa da Esclerose Múltipla CADEF – Centro de Apoio ao Deficiente Físico EM – Esclerose Múltipla IRM – Imagem por Ressonância Magnética LCR – Líquido Cefalorraquidiano PACO – Programa de Atendimento Continuado RM – Ressonância Magnética SN – Sistema Nervoso SNC – Sistema Nervoso Central SNP – Sistema Nervoso Periférico TC – Tomografia Computadorizada 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 12 2.1 CONCEITO .......................................................................................................... 12 2.2 HISTÓRIA ............................................................................................................ 12 2.3 EPIDEMIOLOGIA................................................................................................. 13 2.4 ETIOLOGIA.......................................................................................................... 15 2.5 FISIOPATOLOGIA ............................................................................................... 17 2.6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ............................................................................. 18 2.7 DIAGNÓSTICO .................................................................................................... 21 2.8 TRATAMENTO .................................................................................................... 24 2.8.1 Grupos de medicamentos utilizados pelos portadores de EM ................. 25 2.8.1.1 Prednisona ................................................................................................... 25 2.8.1.2 Metilprednisolona ......................................................................................... 25 2.8.1.3 Azatioprina ................................................................................................... 26 2.8.1.4 Metotrexate .................................................................................................. 26 2.8.1.5 Ciclofosfamida ............................................................................................. 26 2.8.1.6 Mitoxantrone ................................................................................................ 26 2.8.1.7 Imunoglobulinas ........................................................................................... 27 2.8.1.8 Imunizações ................................................................................................. 27 2.8.1.9 Interferons .................................................................................................... 28 2.9 SIGNIFICADO DA VIVÊNCIA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA ........................... 28 2.10 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .................................................................. 31 3 METODOLOGIA..................................................................................................... 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 36 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO DO ESTUDO.......................... 36 5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 50 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 APÊNDICE(S) ........................................................................................................... 59 ANEXO(S) ................................................................................................................. 69 10 1 INTRODUÇÃO A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica, inflamatória, crônica, caracterizada por episódios repetidos de disfunção neurológica com remissão variável. Atualmente é a principal do grupo das doenças desmielinizantes. Além dos sinais e sintomas físicos a EM causa alterações na estrutura emocional de seus portadores devido às incapacidades, preconceitos e dependência por causa das limitações, causando ansiedade e incertezas (COSTA et al., 2005). Kalb (2000) reforça que essas incertezas, adicionam uma carga psicológica significativa aos problemas físicos causados pela EM. Neste sentindo faz-se necessário conhecer estas percepções para estimular ações de enfermagem com uma riqueza de conhecimento técnico-científico, a fim de proporcionar integração social, assim como mais segurança e conforto. A definição do tema proposto deu-se a partir de experiências vividas em sala de aula através de seminários realizados, onde despertamos o interesse de aprimorarmos nossos conhecimentos a respeito da esclerose múltipla e o significado desta para o portador, a fim de planejar uma assistência humanizada; necessária para o bem-estar diário e, portanto, a melhoria da qualidade de vida deste paciente. Segundo Haussen (2004) a EM é uma doença de muitas faces que exige uma equipe multidisciplinar para diagnosticar, manejar e identificar as necessidades de cada paciente. Neste contexto Kalb (2000) afirma que com informações e apoio fornecidas pela equipe de provedores de serviços de saúde, as pessoas podem aprender a controlar seus sintomas e a evitar complicações e problemas desnecessários. Este estudo torna-se de relevância pessoal, porque a formação acadêmica propõe a capacidade do graduando de prestar assistência de enfermagem com qualidade, e de relevância social, porque em nível nacional esta doença crônicodegenerativa é pouco conhecida, de difícil diagnóstico, incapacitante e pouco aceitável pelo portador. Considerando essas evidências buscou-se conhecer o significado da vivência com esclerose múltipla e como as alterações propiciadas por ela interferem em seu cotidiano, uma vez que os pacientes e familiares são forçados a uma contínua readaptação à doença, fazendo com que as sensações sejam diversas. 11 Para alcançar este objetivo foi utilizada uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, sendo a coleta de dados realizada por meio da aplicação de um questionário semi-estruturado com perguntas direcionadas aos portadores de EM que fazem parte da Associação Força Viva em Governador Valadares. Para a realização das investigações propostas tem-se que: a) conhecer as características pessoais do portador de esclerose múltipla; b) analisar as mudanças físicas ocorridas no início da patologia; c) conhecer a reação pessoal e familiar ao diagnóstico de esclerose múltipla; d) descrever a relação dos sintomas e tratamento com as atividades diárias; e) levantar as sensações principais advindas das mudanças ocorridas no ambiente social e familiar; f) analisar o significado de ser portador de esclerose múltipla. Por ser a esclerose múltipla uma patologia grave, rara, incurável e pouco conhecida, nós como estudantes de Graduação em Enfermagem sentimos a necessidade de conhecer suas manifestações clínicas, as dificuldades enfrentadas pelos portadores desta doença, e principalmente a percepção da doença para o portador, e assim podermos em nossa prática profissional melhor atender às necessidades destes clientes. 12 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CONCEITO Segundo Haussen (2004) a esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica de caráter desmielinizante e inflamatória, de provável etiologia autoimune que compromete o sistema nervoso central (SNC) e cuja susceptibilidade é determinada por fatores complexos, tais como: a carga genética e a influência ambiental. Conforme Pereira (2002) a esclerose múltipla é uma doença crônica, lentamente progressiva, caracterizada por placas disseminadas de desmielinização que dão origem ao nome da doença, localizadas no crânio, medula espinhal e nervo óptico. A esclerose múltipla é a desordem desmielinizante mais comum do SNC, caracterizada por episódios repetidos de disfunção neurológica com remissão variável (SOUSA; CAMPÊLO, 2006). Esclerose significa cicatrizes, que são as placas ou lesões no cérebro ou medula espinhal (MULTIPLE SCLEROSIS INTERNATIONAL FEDERATION, 2009). De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (2009) a EM é uma doença neurológica rara, grave, incapacitante, de causa desconhecida e de difícil diagnóstico. Acomete, principalmente, pessoas jovens e do sexo feminino. Seus sintomas, às vezes, assustam por ser pouco conhecida, de tratamento difícil e de alto custo, não existindo até o momento, cura. 2.2 HISTÓRIA Dois patologistas, um francês - Jean Cruveilhier (1791-1874) em 1835, e outro britânico - Robert Carswel em 1831, fizeram as primeiras descrições anatômicas da esclerose em placa disseminada, termo usado pela primeira vez em 1866 por Edmé Felix Vulpiam (GOMES, 1997). A história oficial da EM iniciou-se em meados do século XIX, quando Robert Carswell e Jean Cruveilhier, começaram a escrever suas observações sobre uma 13 “nova” doença. A primeira demonstração patológica foi realizada por Robert Carswel em 1831, que havia encontrado a presença de “placas” em algumas necropsias. Jean Cruveilhier, professor da faculdade de medicina da Universidade de Paris, observou durante necropsias de rotina algumas “placas marrons” no SNC e as descreveu para a comunidade médica entre os anos de 1835 e 1842 (HAUSSEN, 2004). Medaer apud Oliveira, E.M.L. e Souza (1998) completam que Jean-Martin Charcot foi o responsável pela primeira correlação de achados clínicos com a topografia das lesões desmielinizantes. Em 14 de março de 1868, Charcot faz sua célebre publicação, identificando uma nova doença previamente confundida com paralisia, era a esclerose múltipla (HAUSSEN, 2004). Na América Latina o primeiro registro de um caso da doença foi realizado no Brasil por Aluisio Marquez em 1923. Também pioneiro no estudo da EM, Antônio Austregésilo foi um dos maiores pesquisadores sobre a doença. Em 1926, publicou o primeiro estudo neuropatológico da América Latina (HAUSSEN, 2004). 2.3 EPIDEMIOLOGIA Estudos epidemiológicos permitem saber que a existência de um fator ambiental seria imprescindível para o aparecimento da doença, provavelmente na forma de uma infecção inaparente ou de caráter banal e, finalmente, esses estudos tem reconhecido a existência de um fator genético de susceptibilidade para a doença (COSTA et al., 2005). De tantos fatores analisados ressaltam como verdadeiros, ou capazes de aumentar o risco a doença, pertencer ao sexo feminino (35 a 80%), pertencer a faixa etária entre 18 a 45 anos, ter muitos casos na família, pertencer a uma etnia vulnerável (raça branca) e viver numa área onde ocorrem muitos casos (COSTA et al., 2005; FILHO, 1992; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2009; HAUSSEN, 2004). A prevalência da EM varia bastante em todo o mundo. Os estudos migratórios mostram que os indivíduos que se mudam de uma área de alto risco tendem a 14 manter o risco do seu local de nascimento, se essa mudança ocorrer após os 15 anos de idade, ou adquirem o risco do seu novo lar, se migrarem quando criança (PORTH, 2002). Segundo Filho (1992) o número de casos da doença não é sempre o mesmo. Há regiões de grande prevalência denominadas áreas de grande risco, áreas de médio risco e, pelo contrário, áreas de baixo risco. De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (2009), considera-se essa distribuição mundial da EM, conforme a seguir: a) zona de alto risco: com prevalência maior de 30 casos para 100 mil habitantes. Zona que abrange o norte da Europa, norte dos EUA, sul do Canadá, Nova Zelândia e sul da Austrália; b) zona de média frequência: registrados de 5 a 25 portadores para 100 mil habitantes; c) zona de baixa prevalência: menos de 5 casos para cada 100 mil habitantes. Abrange a Ásia, América Latina e quase toda a África. Consta ainda que na América Latina e na África não existem dados estatísticos seguros. Segundo a Multiple Sclerosis International Federation (2009) atualmente, mais de 2.500.000 pessoas, em todo o mundo, são portadoras da esclerose múltipla. Estudos demonstram que a EM é mais frequente em populações localizadas nas zonas temperadas da Terra, aproximadamente de 40 a 60 graus de latitude ao norte e ao sul do planeta (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2009). O Brasil, país de clima tropical, possui uma prevalência de 10 casos por 100.000 habitantes, sendo que a maior concentração encontra-se nos Estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2009). No município de Governador Valadares – MG cuja população é de 260.396 habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2009), há vinte e quatro portadores cadastrados na associação Força Viva, mas, de acordo com o presidente da referida associação, existem vinte e sete portadores na cidade, 15 sendo que três preferem o anonimato, devido a não aceitação da doença (Informação verbal)1. 2.4 ETIOLOGIA A causa da EM não é conhecida. Susceptibilidade genética, mecanismos autoimunes e infecções viróticas podem contribuir para a patogênese da desmielinização (ROWLAND, 1997). Nas pesquisas, amplos esforços são dirigidos ao estudo do indivíduo portador e do ambiente onde ele vive. Contudo, não giram em torno de suposições de ser moléstia hereditária ou familiar. Acredita-se, porém, que certos fatores transmitidos hereditariamente favorecem ou não o surgimento da doença. Embora reconhecida e descrita há mais de 160 anos, só existem hipóteses das causas, destacando estudos na parte imunológica e incidência de vírus (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2009). A causa da EM é uma área de pesquisa contínua. A atividade autoimune resulta em desmielinização, mas o antígeno sensibilizado não foi identificado. Múltiplos fatores desempenham uma função no início do processo imune. Acreditase que a exposição ambiental na juventude possa desempenhar alguma função no desenvolvimento de EM num momento posterior da vida (BRUNNER; SUDDARTH, 2006). Apesar do desconhecimento das causas da EM, existem algumas informações sobre os fatores que são considerados predisponentes: a) fatores ambientais: a EM não ocorre com a mesma frequência em todos os países do mundo. Afeta em especial as pessoas de raça branca na Europa, América do Norte e Austrália. Sabemos que tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, a EM é mais frequente, nos países afastados do equador (FILHO, 1992); 1 Informação fornecida pelo então presidente da associação Força Viva de Governador Valadares, Demétrio Evangelista Lima, em fevereiro de 2009. 16 b) causa viral: estipula-se que o contato com alguns vírus pode ser a base para o aparecimento da esclerose múltipla. Isto ocorre, pois é bem conhecido o fato que alguns vírus levam ao aparecimento de diversas doenças desmielinizantes em animais e seres humanos. Embora estudos epidemiológicos sugiram que o contato com agentes virais, como o sarampo, rubéola e herpes, entre outros, possam estar envolvidos no aparecimento da EM, não há, ainda, nenhum estudo que comprove a correlação entre esses vírus e a desmielinização. A EM não é contagiosa e esta possível correlação com viroses ou outras infecções afeta unicamente a pessoa com predisposição genética (HAUSSEN, 2004); c) fator hereditário: sabe-se que a EM é, até certo ponto, hereditária. Resultados de estudos em gêmeos verdadeiros (homozigóticos) vieram tornar este ponto claro. Se a doença fosse definitivamente hereditária deveria afetar não apenas um, mas os dois gêmeos. Mas a probabilidade de isso acontecer na EM, é de 25%. No que se refere aos membros de uma família com EM, estes têm um risco maior de contrair a doença, comparando-se a alguém sem familiares com EM. Este fato pode igualmente apontar para um fator hereditário entre as causas da EM. Em algumas doenças hereditárias, é possível assimilar a posição exata onde o fator hereditário se localiza no nosso material genético, os cromossomos. Infelizmente, na EM a investigação científica ainda não chegou aos mesmos resultados (FILHO, 1992); d) doença autoimune: outro fator muito importante é o sistema de defesa do organismo, também conhecido como sistema imunológico. Pensa-se que a EM é uma doença autoimune, uma vez que são os próprios doentes que sofrem e produzem reações inflamatórias contra seu próprio tecido nervoso, daqui o termo “auto” (FILHO, 1992). Um argumento favorável à EM como doença autoimune reside no fato de ser possível causar lesões semelhantes em animais de laboratório, administrando-lhes uma solução de tecido nervoso que ativa o sistema imunológico. Outro argumento resulta no fato de as doenças autoimunes serem mais frequentes nas mulheres do que nos homens. As mulheres têm de fato 3 a 4 vezes mais probabilidade de desenvolver a EM do que os homens (HAUSSEN, 2004); 17 e) combinação de fatores: Kalb (2000) aponta para a possibilidade de haver uma combinação de fatores como causa da EM. É provável que os portadores de EM por razões hereditárias, sejam, até certo ponto, propensos a desenvolver a doença. Então, um fator ambiental desconhecido poderá ativar o sistema imunológico, conduzindo a uma doença autoimune, que ataca posteriormente a substância branca do SNC. 2.5 FISIOPATOLOGIA Embora os neurônios variem consideravelmente em tamanho e forma, eles possuem três componentes principais: um corpo celular, dendritos e um axônio. Os axônios são processos eferentes longos que se projetam do corpo celular e transmitem impulsos para fora da célula, sendo envolvidos pela mielina, substância lipídica produzida pelas células de Schwann no Sistema Nervoso Periférico (SNP) e oligodendróglia no SNC, cuja função é aumentar a velocidade de condução dos impulsos nervosos nos axônios (GRAAFF, 2003). As propriedades da bainha de mielina – resistência elétrica alta e capacitância baixa – permitem-lhe funcionar como um isolante elétrico (PORTH, 2002). A fisiopatologia da EM envolve a desmielinização das fibras nervosas na substância branca do cérebro, medula espinhal e nervo óptico. As fibras nervosas desmielinizadas exibem uma diversidade de alterações de condução, variando desde velocidade de condução diminuída até bloqueios de condução, resultando em diversidade de sintomas que dependem da localização e duração da lesão (PORTH, 2002). As lesões da EM consistem em áreas desmielinizadas ou escleróticas, endurecidas e de bordos definidos, macroscopicamente visíveis pela substância branca do SNC. Essas lesões, que representam o resultado final da degradação aguda de mielina, são denominadas placas. As lesões apresentam predileção pelos nervos ópticos, substância branca periventricular, tronco cerebral, cerebelo e substância branca da medula espinhal. Numa placa ativa, existe a evidência de degradação contínua da mielina. A sequência da quebra de mielina não está bem compreendida, embora se saiba que as lesões contêm pequenas quantidades de 18 proteínas básicas de mielina e quantidades aumentadas de enzimas proteolíticas, macrófagos, linfócitos e plasmócitos. Os oligodendrócitos mostram-se diminuídos em número e podem estar ausentes, especialmente nas lesões mais antigas. As lesões agudas, subagudas e crônicas frequentemente são verificadas em diferentes locais do SNC (PORTH, 2002). Na EM as células T sensibilizadas permanecem no SNC e promovem a infiltração de outros agentes que lesam o sistema imune. O ataque ao sistema imune leva à inflamação que destrói a mielina e os oligodendrócitos. Não se sabe se esse processo inflamatório é direcionado contra a mielina ou contra os oligodendrócitos que produzem a mielina (BRUNNER; SUDDARTH, 2006; PORTH, 2002). As placas de tecido esclerótico aparecem nos axônios desmielinizados, interrompendo ainda mais a transmissão dos impulsos. A desmielinização interrompe o fluxo dos impulsos nervosos e resulta em diversas manifestações, dependendo dos nervos que são afetados. Os axônios desmielinizados espalham-se de maneira irregular por todo o SNC. Mais adiante, os próprios axônios começam a se degenerar, resultando em lesão permanente e irreversível (BRUNNER; SUDDARTH, 2006). A remielinização do sistema nervoso era considerada impossível até o final da década de 90 do século XX. Atualmente, as evidências sugerem que a remielinização poderá ocorrer no SNC, se o processo que iniciou a desmielinização for interrompido antes da morte dos oligodendrócitos (PORTH, 2002). 2.6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Se existirem lesões no SNC, seja por doença ou traumatismo, a sua localização determina a natureza dos sintomas resultantes, tornando-os imprevisíveis (BARCELLOS et al., 2006; OLIVEIRA A.T.F.; CARVALHO, 2004). Kalb (2000) afirma que os sintomas aparecem devido à interrupção da condução dos impulsos nervosos entre o SNC e o resto do corpo. A evolução é imprescindível. Alguns pacientes, se tornam rapidamente, incapacitados. Não existe um quadro clínico clássico da EM. Qualquer sintoma ou sinal, decorrente da disfunção do SNC, pode ocorrer (HAUSSEN, 2004). 19 As diferentes formas de manifestação clínica da EM originaram uma classificação de importância prognóstica e terapêutica (LEVY; OLIVEIRA, 2003). Os tipos básicos definidos nessa classificação são divididos da seguinte maneira: a) a EM do tipo surto-remissão, é caracterizada por surtos que duram dias, até semanas, em seguida, desaparecem. Embora apareçam diversos problemas durante os surtos, no estágio de remissão - períodos entre surtos - sua ocorrência é nula. Um subtipo dessa categoria é, geralmente, denominado EM do tipo “sensorial benigno”. Indivíduos com esse tipo de EM apresentam, como únicos sintomas, surtos de dormência ou formigamento em várias partes do corpo, ou visão embaçada (causada por neurite óptica) como seus únicos sintomas; b) a EM do tipo progressiva-primária, é caracterizada por doença apresentando progressão de comprometimento desde seu aparecimento, sem quaisquer estágios ou remissões óbvias ou somente com platôs ocasionais e pequenas melhoras temporárias; c) a EM do tipo progressiva-secundária manifesta-se, inicialmente, como surto-remissiva e, mais tarde, se tornando progressiva. Um médico prevê em quais casos se manterá surto-remissiva e em quais poderá, no futuro, tornar-se progressiva-secundária. Essa é a razão pela qual é difícil dar um prognóstico preciso a qualquer pessoa; d) a EM do tipo progressiva-recorrente mostra a progressão clara de incapacidade desde a manifestação da doença, mas com recorrência distinta e aguda, que poderá, ou não, apresentar alguma recuperação após um episódio agudo (KALB, 2000). A maioria dos pacientes iniciam seu quadro clínico na forma surto-remissão e, em cerca de dez anos, evolui para a forma clínica crônica progressiva-secundária (SOHLER et al., 2001). Durante as exacerbações, novos sintomas aparecem e os existentes se agravam; durante as remissões, os sintomas diminuem ou desaparecem (BRUNNER; SUDDARTH, 2006). Segundo Poser apud Oliveira, E.M.L. e Souza (1998) as alterações piramidais, sensitivas e cerebelares são conhecidas como sinais maiores e as manifestações visuais e esfincterianas, como menores. 20 Os sinais piramidais englobam fraqueza, espasticidade, sinais de liberação piramidal (hiper-reflexia, sinal de Babinski, clônus uni ou bilateral). A fadiga, que pode significar menor tolerância às atividades diárias ou ser um sintoma vago e mal caracterizado, é uma queixa muito comum e pode ser o sintoma mais limitante (OLIVEIRA, E.M.L.; SOUZA, 1998). Estima-se que a fadiga esteja presente em 75 a 90% dos casos, sendo o sintoma mais grave e incapacitante em cerca de 40% dos pacientes (TILBERY; CHAUDHURI apud LEBRE et al., 2007). Segundo Mendes, Tilbery e Felipe (2000) a fadiga interfere nas atividades de vida diária, nas relações familiares e com a vida social dos pacientes. Ela, frequentemente impede um desempenho físico constante, sendo citada muitas vezes como um dos sintomas mais incapacitantes. Brunner e Suddarth (2006) afirmam que a fadiga é exacerbada quando a doença febril, temperatura ambiente, banhos quentes ou ritmos circadianos normais, durante a tarde, elevam a temperatura do corpo e que a espasticidade (hipertonicidade muscular) dos membros e a perda dos reflexos abdominais são decorrentes do envolvimento das principais vias motoras (tratos piramidais) da medula espinhal. Mendes, Tilbery e Felipe (2000) completam que a fadiga piora com o estresse e depressão e melhora com o repouso e sono. As alterações sensitivas incluem: formigamentos, alfinetadas, amortecimento, prurido, sensação de aperto em faixa, luva ou bota e dores em choque no rosto, nas costas, nos braços ou nas pernas (ARRUDA apud OLIVEIRA A.T.F.; CARVALHO, 2004). As alterações cerebelares podem ser divididas em comprometimento do equilíbrio e da coordenação (OLIVEIRA, E.M.L.; SOUZA, 1998). Um dos sintomas mais frequentemente provocados pelo envolvimento do sistema vestíbulo-oculomotor é o desequilíbrio. Ele ocorre porque os focos desmielinizantes muitas vezes localizam-se em áreas encefálicas da fossa posterior do crânio. Apesar de ser comum o encontro de uma síndrome vestibular central, frequentemente ela pode ser mascarada por manifestações mais intensas de origem periférica que prevalecem sobre o quadro neurológico. É frequente o aparecimento de vertigem aos movimentos bruscos da cabeça, que costuma se apresentar com curta duração e não acompanhada de sintomas neurovegetativos, como náuseas e vômitos (TOMAZ et al., 2005). 21 De acordo com Brunner e Suddarth (2006) o envolvimento do cerebelo ou dos gânglios de base pode produzir ataxia (coordenação comprometida dos movimentos) e tremor. Manifestações como hemiplegia (paralisia de um lado do corpo), neuralgia do trigêmeo e paralisia facial, são menos comuns (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2009). Os distúrbios visuais decorrentes das lesões nos nervos ópticos ou em suas conexões podem incluir a turvação da visão, diplopia (visão dupla), cegueira em placa (escotoma) e cegueira total (BRUNNER; SUDDARTH, 2006). Oliveira, E.M.L. e Souza (1998) afirmam que o comprometimento esfincteriano apresenta-se sob a forma de incontinência ou retenção urinária e fecal. Além da alteração esfincteriana, observa-se também, disfunção sexual. Os problemas cognitivos e psicossociais podem refletir o envolvimento do lobo frontal ou parietal; algum grau de alteração cognitiva como a perda de memória ou concentração diminuída ocorre em cerca de metade dos pacientes, porém são raras as alterações cognitivas graves com demência (distúrbio mental orgânico progressivo). A perda das conexões de controle entre o córtex e os gânglios de base pode acontecer e provocar a labilidade emocional e euforia. A depressão pode relacionar-se a fisiopatologia ou pode ocorrer como uma reação ao diagnóstico. O suicídio como uma causa de morte ocorre 7,5 vezes mais frequentemente entre as pessoas diagnosticadas com EM que entre a população geral com idade compatível. Quando ocorre o suicídio, é provável que ele aconteça dentro dos cinco primeiros anos do diagnóstico (BRUNNER; SUDDARTH, 2006). As manifestações clínicas da EM são variáveis de paciente para paciente e sua evolução usualmente não é linear, caracterizada por piora dos sintomas, acúmulo de incapacidades, intercalados no início da doença, por períodos variáveis de melhora. Estas variações são difíceis de quantificar na prática neurológica, motivo pelo qual os instrumentos disponíveis para estas avaliações terem sido até a presente data um desafio constante (RUDICK et al., apud SOUSA; CAMPÊLO, 2006). 2.7 DIAGNÓSTICO 22 Embora tenha havido, recentemente, um grande avanço na compreensão dos mecanismos mais íntimos das lesões desmielinizantes e nos meios de detecção das anormalidades imunológicas e de imagem ocasionadas pela doença, não há, ainda, um teste clínico ou laboratorial, inequívoco capaz de diagnosticar a EM ou determinar se a pessoa pode ter a doença no futuro. Na maioria das vezes, portanto, o diagnóstico da EM depende do julgamento e da habilidade do neurologista, excluindo todas as outras possíveis patologias (CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM ESCLEROSE MÚLTIPLA DE MINAS GERAIS, 2009; COMITÊ BRASILEIRO DE TRATAMENTO E PESQUISA DA ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2009; HAUSSEN, 2004). O diagnóstico da EM pode ser um desafio no início da doença, porém é sempre de grande importância porque proporciona a possibilidade do uso de medicamentos que alteram o seu curso natural (TILBERY et al., 2000). O diagnóstico clínico baseia-se em dados de história e exame físico. Vários esquemas foram propostos para facilitar o diagnóstico e a classificação da doença. Os mais usados são os de Shumacher et al. (1965) e Poser et al. (1983) (OLIVEIRA, E.M.L.; SOUZA, 1998). Desde 1983, quando os critérios do comitê de Poser foram publicados, um grande avanço na compreensão da EM foi registrado, principalmente devido ao uso da imagem por ressonância magnética (IRM) (LANA-PEIXOTO et al., 2002). O diagnóstico definitivo é baseado na associação da história clínica, exame físico, neurológico e exames complementares, sendo o neurologista o profissional mais indicado para diagnosticar (OLIVEIRA, E.M.L.; SOUZA, 1998; HAUSSEN, 2004; PEREIRA, 2002). Conforme Pereira (2002) os principais testes realizados, além do exame clínico são: punção lombar (exame do líquido cefalorraquidiano - LCR), potencial evocado (registro da atividade elétrica do cérebro), eletroneuromiografia e ressonância nuclear magnética. O Centro de Investigação em Esclerose Múltipla de Minas Gerais (2009), completa que esses exames complementares são importantes para se excluir a possibilidade de outras doenças desmielinizantes. Filho (1992) descreve os exames acima citados da seguinte forma: 23 a) a punção lombar tem por objetivo analisar alguns aspectos do LCR que, comprovadamente, são de utilidade da EM. Os elementos fundamentais do LCR, que auxilia no diagnóstico da EM são: - pressão – a pressão do LCR costuma estar normal e não são verificadas alterações das provas manométricas de permeabilidade do canal raquiano, - aspecto e cor – na EM, o LCR é, na maioria das vezes, límpido e incolor, - exame citológico – o número de células na EM pode estar discretamente elevado, sendo este aumentado, devido a leucócitos mononucleares (linfócitos, monócitos, macrófagos e plasmócitos), - exame bioquímico – de todos os dados bioquímicos estudados na EM, destacam-se a concentração de proteínas totais (que em geral se encontra discreta ou moderada) e o perfil eletroforético das frações protéicas. A presença da proteína básica de mielina, proteína esta encontrada na mielina do Sistema Nervoso – SN, a qual é lesada na EM, é outro achado importante. Ela pode ser demonstrada pela presença do antígeno da proteína básica de mielina ou anticorpos específicos a esta proteína, - exame imunológico – pesquisa de anticorpos contra determinadas afecções (como sífilis, toxoplasmose, cisticercose, entre outras) costuma ser negativa na EM, - exame microbiológico – a pesquisa de bactérias, micobactérias e fungos é sempre negativa na EM. Não existe no exame do LCR na EM, até o presente momento, evidências de um agente etiológico que possa ser responsabilizado diretamente pela causa da afecção, como frequentemente existe em outras moléstias do SN; b) o potencial evocado que registra respostas elétricas no cérebro quando os nervos são estimulados, apresenta uma resposta mais lenta nos indivíduos com EM porque as conduções dos sinais ao longo das fibras nervosas desmielinizadas estão comprometidas; c) a ressonância magnética - RM é a mais confiável base para o diagnóstico definitivo da EM, pois, é mais sensível, dispensa o contraste iodado e independe da emissão de radioatividade e outras irradiações ionizantes. A RM permite com precisão a avaliação do tamanho das lesões e muitas 24 vezes pode confirmar o diagnóstico antes mesmo da presença do quadro clínico; d) o teste neuropsicológico pode estar indicado para avaliar o comprometimento cognitivo. Além de uma imprescindível anamnese e um minucioso exame físico. 2.8 TRATAMENTO Ainda hoje, não se é capaz de prevenir a ocorrência, curar ou restaurar a mielina danificada e funções perdidas na EM. O enfoque primordial do tratamento médico do dia a dia é o controle dos sintomas e a estabilização do curso da doença (KALB, 2000). Os agentes farmacológicos no tratamento da EM enquadram-se em quatro categorias: os empregados para tratar os sintomas agudos da doença; os utilizados para mudar o curso da doença; os que se usam para interromper doença progressiva, os que se utilizam para tratar sintomas de distúrbios (PORTH, 2002). Oliveira E.M.L. e Souza (1998) enfatizam que o tratamento divide-se em curativo, profilático, sintomático e de reabilitação. De acordo com BARCELLOS et al. (2006) antes de iniciar o tratamento, o paciente deve receber orientações gerais que devem ser esclarecidas, dentre elas, destacam-se: a) a doença deve ser explicada em termos compreensíveis com prognóstico realista; b) o paciente deve ter informações verídicas dos objetivos da terapia e deve autorizar a participação das decisões; c) comunicado quanto as possíveis complicações e efeitos colaterais da terapia farmacológica; d) informar a respeito de organizações locais e nacionais para portadores de EM que disponha de material educacional, grupo de apoio e outros serviços. 25 2.8.1 Grupos de medicamentos utilizados pelos portadores de EM Os medicamentos corticóides são prescritos para minimizar os sintomas de crises agudas e outros tipos de medicamentos podem ser usados com o objetivo de controlar sintomas específicos como a incontinência e a depressão (PEREIRA, 2002). Callegaro (2003) completa que a utilização de corticóides no surto tem a finalidade de reduzir a atividade inflamatória, reduzindo a gravidade dos sintomas. Arruda apud Oliveira, A.T.F. e Carvalho (2004) afirma que a utilização de corticóides no tratamento dos surtos da EM, dá-se o nome de pulsoterapia, que reverte, na maioria das vezes, os sinais e sintomas neurológicos, com relativa rapidez. No entanto, seu efeito é mais antiinflamatório que imunossupressor. 2.8.1.1 Prednisona Na década de 60, foi a droga que se mostrou mais fácil de ser usada, administrada via oral e que se sabe ser capaz de acelerar a recuperação dos surtos da EM. Atualmente, tem seu uso restrito e sua proposta é ser usada por algumas semanas após o uso da metilprednisolona como forma de “consolidar” os benefícios obtidos (HAUSSEN, 2004). 2.8.1.2 Metilprednisolona Segundo BARBOSA et al. (2007) a metilprednisolona tem a melhor eficácia. Ela restaura a barreira hematoencefálica, diminui o edema e melhora a condução nervosa. É recomendável que os fármacos imunossupressores e os corticóides em uso crônico sejam mantidos no período perioperatório. Não há evidências clínicas que deem suporte à profilaxia de insuficiência de supra-renal com o uso de corticosteróides em pacientes com EM. 26 Administrada via intravenosa por períodos que variam de 3 a 5 dias, com a dose de 1 grama por dia, dependendo da gravidade dos sintomas. Em muitos casos, após o uso de metilprednisolona é usada a prednisona via oral para consolidar os benefícios obtidos (FILHO, 1992). 2.8.1.3 Azatioprina Este medicamento faz parte do grupo de drogas imunossupressoras. Tem sido utilizado no tratamento de EM quando os outros métodos não alcançam sucesso na estabilização dos sintomas e em casos que apresentam a forma denominada, secundariamente, progressiva. Por ser uma droga imunossupressora, os pacientes que fazem seu uso ficam mais susceptíveis a infecções (HAUSSEN, 2004). 2.8.1.4 Metotrexate Também é uma medicação imunossupressora, ainda mais potente que a azatioprina, é utilizada em formas agressivas da doença, com efeitos secundários mais intensos (KALB, 2000). 2.8.1.5 Ciclofosfamida Segundo Haussen (2004) esta droga atua por meio de supressão imunológica potente, podendo também ser empregada em formas refratárias de EM, que não tenham respondido a outro tratamento. 2.8.1.6 Mitoxantrone 27 É a medicação indicada para formas muito agressivas da doença. Geralmente ela é usada quando outros tratamentos se mostram incapazes de conter a doença (KALB, 2000). É administrada por via intravenosa a cada três meses. Devido ao risco de cardiotoxidade não deve ser administrada mais que 8-12 doses durante 2-3 anos (SOARES, 2006). 2.8.1.7 Imunoglobulinas Este tratamento se baseia na utilização do soro humano purificado contendo grandes doses de imunoglobulinas (anticorpos) obtidas de uma quantidade grande de doadores. Este soro seria capaz de neutralizar uma grande quantidade de antígenos (agentes responsáveis pelo desencadeamento de muitas respostas imunológicas), incluindo aqueles que se supõe originarem os surtos da EM (HAUSSEN, 2004). As imunoglobulinas costumam ser usadas como método de combate aos surtos da doença, podendo, em determinadas ocasiões, serem repetidas mensalmente com o objetivo de prevenir novos surtos. Como fator limitante desse tratamento cita-se o alto custo e a possibilidade de ocorrência de reações alérgicas depois de algumas seções (HAUSSEN, 2004). 2.8.1.8 Imunizações Sobre os benefícios e riscos das imunizações nos pacientes portadores de EM, as recomendações da Academia Americana de Neurologia são as seguintes: a) existem evidências fortes contra um aumento do risco de exarcebações de quadros de EM após a vacina contra a gripe; b) não existem evidências de que a vacinação contra a hepatite B, varicela, tétano e BCG aumentem o risco de recidivas (FILHO, 1992). 28 2.8.1.9 Interferons Dentre os medicamentos mais utilizados para o tratamento da EM estão os interferons. Existem dois tipos de interferons: Interferon beta 1 a (produzido por células de mamíferos) e Interferon beta 1 b (produzido através da mistura sintética de quatro aminoácidos), para isto é utilizada a Escherichia coli e o Acetato de Glatirâmer. A utilização desses medicamentos é feita através de injeções diárias, via subcutânea (PEREIRA, 2002). Haussen (2004) completa que os interferons reduzem a inflamação nos locais onde a lesão está ocorrendo dentro do SNC, atenuando a atividade dos linfócitos ativados contra a bainha de mielina. Albuquerque (2005) afirma que o tratamento medicamentoso associado a outros tratamentos como a fisioterapia, a psicologia, a fonoaudiologia, a terapia ocupacional, entre outros, podem auxiliar os pacientes a obterem maior independência e controle da doença. Um programa de tratamento individualizado, organizado e racional é indicado para aliviar os sintomas do paciente e para fornecer o suporte continuado, principalmente, para os indivíduos com alterações cognitivas (50%), aos quais podem precisar de mais estrutura e suporte. Os objetivos do tratamento consistem em retardar a progressão da doença, controlar os sintomas crônicos e tratar as exacerbações agudas (BRUNNER; SUDDARTH, 2006). Os pacientes afetados de forma mínima pelo distúrbio não precisam de tratamento específico. O indivíduo deve ser estimulado a manter um estilo de vida o mais saudável possível, consistindo em boa nutrição bem como repouso e relaxamento adequado. A fisioterapia pode ajudar a manter o tono muscular. Deve ser reduzido todo esforço para evitar a fadiga excessiva, deterioração física, estresse emocional, infecções virais e extremos de temperatura ambiental, que podem precipitar uma exacerbação da doença (PORTH, 2002). 2.9 SIGNIFICADO DA VIVÊNCIA COM ESCLEROSE MÚLTIPLA 29 Significado é aquilo que expressa acerca do mundo em que vivemos, e vivência relaciona-se ao fato de ter vida, existência e experiência de vida (FERREIRA, A.B.H., 1999). Neste contexto, Forghieri (1993) complementa que vivência é uma experiência vivida que só pode ser alcançada diretamente pelo próprio sujeito. Todo significado só é lógico para o indivíduo porque é socioculturalmente legitimado pelos seus semelhantes. A produção dos significados é resultante não de um instante pontual do “eu”, mas de toda uma história do “eu”. Uma história que, necessariamente, constitui-se por processos de interação e comunicação com os outros (ALVES, 1993). O sentido que uma situação tem para a própria pessoa é uma experiência íntima que geralmente escapa à observação, pois, o ser humano não é transparente. Para desvendar sua experiência, o pesquisador precisa de informações a este respeito, fornecidas pela própria pessoa. A investigação desse tipo de experiência constitui a vivência (FORGHIERI, 1993). Forghieri (1993) afirma que as situações que alguém vivencia não possuem apenas um significado em si mesmo, mas adquirem um sentido para quem as experiencia, que se encontra relacionado a sua própria maneira de existir. Uma reação vivencial é uma resposta sentimental a uma vivência dotada de motivação plena do sentido; quer dizer, uma resposta oportuna motivada e sentimentalmente adequada à determinada vivência (SCHNEIDER, 1970, tradução nossa). Muitos fatores influenciam na determinação da reação do indivíduo. Isso inclui o significado da doença no seu processo de vida, sua estrutura de personalidade, sua capacidade de resistência à frustração e a qualidade da ajuda recebida (FILHO, 1992). Haussen (2004) descreve as reações ocorridas durante o processo de aceitação, a partir do diagnóstico da doença: a) choque: reação inicial resultante do impacto de um diagnóstico de uma doença crônica; b) ansiedade: entendida como uma reação de pânico, resultante do reconhecimento da doença; c) negação: é tida como uma mobilização de defesa contra a dolorosa realidade do indivíduo. Neste contexto Filho (1992) completa que o 30 paciente poderá se isolar e não acreditar que isto esteja acontecendo com ele; d) depressão: manifesta-se devido ao medo da incapacidade, de ficar dependente dos outros, do futuro incerto e até medo da morte; e) raiva (internalizada): é tida como demonstração de amargura e ressentimento direcionados para si mesmo, frequentemente associados a sentimentos de culpa e auto-aceitação. Para Filho (1992) a raiva é causada por tal situação ter ocorrido exatamente com ele; f) hostilidade (externalizada): reação relacionada a pessoas, tais como, amigos ou familiares e ocorre quando o portador parece revoltado contra as limitações funcionais impostas pela doença, principalmente, quando há aumento da cronicidade; g) aceitação: processo de equilíbrio emocional onde o paciente fica de bem com a vida em relação à doença; h) adaptação: modificação de hábitos e comportamentos para uma melhor qualidade de vida. Filho (1992) enfatiza que essas fases são processos naturais de ajustamento e necessariamente não são sequenciais, podendo ser alguns omitidos, às vezes super e interpostos, de curta ou prolongada duração. Vechia (1997) completa que o tipo e a intensidade das reações vão variar de acordo com uma série de características do próprio indivíduo, como personalidade e capacidade de tolerância à frustrações do indivíduo e relação com o médico e demais membros da equipe de saúde. Durante o processo de adaptação à doença, alguns portadores passam por um período de tristeza e buscam uma explicação para a enfermidade, muitas vezes, vasculhando o passado e questionando se está sendo punido por algo errado que tenha feito. Outros por sua vez, podem agir como se nada estivesse acontecendo, uma forma de negar a realidade e defender-se da dor que está sentindo (KANTOR, 2004). Apesar dos inúmeros recursos atuais para o tratamento da EM o relato do diagnóstico, quando não muito detalhado, causa um impacto emocional ao paciente que pode dificultar a identificação de surtos, pois sobreveem manifestações psicossomáticas de ansiedade e depressão, por vezes agravadas pela má interpretação de informações sobre a doença (HAUSSEN, 2004). 31 De acordo com o Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa da Esclerose Múltipla (2009), essa doença crônica, imprevisível e potencialmente incapacitante, interfere em diversos aspectos da vida do paciente. A incerteza frente ao diagnóstico é um fator que gera estresse, dúvidas e ansiedade. Após o diagnóstico, o paciente se depara com a imprevisibilidade, que é uma das piores características da doença. O paciente e seus familiares são forçados a uma contínua readaptação à doença. As perdas sofridas poderão ser reais ou imaginárias, com uma antecipação das dificuldades a enfrentar. Outro aspecto desfavorável é que a doença se instala justamente quando o indivíduo está iniciando sua vida afetiva, profissional e familiar. Há uma perda da auto-estima associada ao medo do futuro, das dificuldades econômicas, da perda da independência e da posição que ocupa como membro da família e da sociedade. Haussen (2004) destaca que a esclerose múltipla exige sempre algum nível de adaptação por parte do portador e daqueles com quem convive, tendo que ajustar-se às condições impostas pela doença. Para Ferreira, B.E.S. (2006) a identificação de uma doença crônica é vista pelos participantes como um momento de turbulência, mas que se encerra com a adaptação do portador. Kantor (2004) completa que após as fases descritas, que têm duração variável para cada portador, geralmente, ocorre a recuperação, pois o portador começa a enxergar possibilidade de refazer seus planos, agora baseados na nova realidade. À medida que consegue incorporar a EM à sua vida, ele percebe que pode conviver com ela. Após o choque inicial, o portador passa a sentir novamente vontade de viver melhor. É possível concluir que não basta apenas saber o que é a esclerose múltipla e que alterações físicas podem acontecer com seus portadores, pois quando se passa a conviver com essas pessoas, todas as teorias se tornam secundárias, dando lugar às diferentes experiências vividas por elas (COSTA et al., 2005). 2.10 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 32 Segundo Filho (1992) os profissionais, que lidam direta ou indiretamente com o paciente portador de EM, devem procurar entender e ajudar, favorecendo o crescimento: questionando, discutindo o que a EM significa dentro do processo de vida do paciente, o que ela lhe trouxe ou tirou, o que ela lhe impedirá de continuar fazendo, aquilo que precisou desistir e o que pode reivindicar da sociedade. Outro ponto fundamental é a empatia, porque é importante sentir o que o paciente sente e como sente, para poder entrar na dimensão de seu sofrimento. No mundo atual, o binômio saúde-doença não pode mais ser analisado isoladamente da pessoa que, concretamente, está vivenciando tal fenômeno. Há necessidade de uma abordagem que contemple esta totalidade existencial, examinando a doença como é vivida pelo ser que adoece e considerando as condições histórico-culturais implicadas nesse contexto. Deste modo, a assistência à saúde procura ver o homem no mundo, situado em sua totalidade de vida, buscando novos horizontes de compreensão (SPÍNDOLA, T. apud COSTA et al., 2005). Cabe a equipe multiprofissional promover a saúde e o bem-estar dos portadores de EM, pois eles podem sofrer um forte impacto pela doença e/ou efeitos colaterais de medicamentos, com interferência significativa na qualidade de vida de seus portadores (WHOQOL apud MORALES et al., 2007). Esses indivíduos apresentam um importante impacto negativo em todas as dimensões da qualidade de vida relacionada a saúde, com maior comprometimento nos domínios de função física (MORALES et al., 2007). O objetivo primordial da enfermagem na EM é ajudar as pessoas a saber como se autocuidar de maneira preventiva e eficaz, para controlar problemas menores, antes que se tornem graves (KALB, 2000). Com as alterações impostas pela esclerose múltipla, a preocupação principal da enfermagem deve ser direcionada à orientação ao paciente, à família e a todos com quem ele se interaja, para manter a aceitação do novo estilo de vida. Conhecendo as fases de reações do ser humano, o enfermeiro pode ajudar a compreender e enfrentar os momentos de negação da doença (FILHO, 1992). Segundo Silva apud Oliveira, A.T.F. e Carvalho (2004) a intervenção de enfermagem à pessoa com esclerose múltipla e seus familiares inicia-se tão logo seja definido o diagnóstico e indicado o tratamento. A enfermeira deve identificar os fatores que afetam a capacidade de ser ativo, tais como: temperaturas extremas, ingestão alimentar inadequada, transtornos do sono, depressão, ansiedade, 33 estresse, uso de medicação, momento do dia em que a fadiga é pior, e orientar com relação às maneiras de aumentar a energia da pessoa com esclerose múltipla. Visando atender o paciente (indivíduo, família e comunidade) em suas necessidades básicas, planejará, como profissional, suas ações no sentido de promover a assistência, a recuperação, capacitando-lhe para o autocuidado, o que contribuirá para a integridade de sua estrutura humana, seu desenvolvimento psicobio-socio-espiritual até atingir o equilíbrio no bem-estar dentro das limitações impostas pela EM (FILHO, 1992). Os momentos iniciais da doença são os mais difíceis de enfrentar, para o binômio paciente-família e para os profissionais. É quando nos deparamos com as incapacidades decorrentes da doença ou deficiência. Trata-se de uma fase de ajustes e adaptações, quando reações emocionais podem emergir diante das alterações físicas ou mentais sofridas (FARO, 2006). Os profissionais de saúde devem, portanto, estar atentos para o significado das doenças e a sua influência sobre o comportamento do paciente/família, e considerá-lo na determinação do diagnóstico e tratamento. O planejamento da assistência terá os seus objetivos atingidos se for considerado o paciente no seu contexto sociocultural com o significado atribuído pelo paciente à doença e ao tratamento (PINTO; ZAGO, 2000). Compreender o significado da doença e do seu tratamento entre os pacientes e familiares é um aspecto fundamental para a assistência de enfermagem efetiva. O enfermeiro precisa aprender a interpretação que o indivíduo confere à doença, que é uma situação considerada “anormal” na nossa cultura (PINTO; ZAGO, 2000). Acreditamos que o profissional de saúde envolvido no manejo terapêutico dessas pessoas precisa entrar em contato com o mundo subjetivo delas. A compreensão desta complexidade poderá propiciar o fortalecimento da aliança terapêutica e, consequentemente, a aderência ao tratamento. Desta forma, para além de um tratamento tecnificado, oferecer um cuidado humanizado, sintonizado com o sofrimento e as incertezas que acompanham o paciente nesta trajetória (COSTA et al., 2005). 34 3 METODOLOGIA O presente estudo tem como objetivo conhecer o significado da vivência com esclerose múltipla para os portadores da doença. Para tanto, realizamos uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, onde foi utilizado um questionário semi-estruturado (Apêndice A) combinando perguntas fechadas e abertas, onde o entrevistado teve a possibilidade de discorrer o tema proposto, sem resposta ou condições prefixadas pelo pesquisador. Polit e Hungler (1995) inferem que esta abordagem é caracterizada como modos de inquisição sistemática, preocupados com a compreensão dos seres humanos e da natureza de suas transações consigo mesmos e com seus arredores. A pesquisa qualitativa costuma ser descrita como holística (preocupada com os indivíduos e seu ambiente, em todas as suas complexidades) e naturalista (sem qualquer limitação ou controle imposto ao pesquisador). Esse tipo de pesquisa baseia-se na premissa de que os conhecimentos sobre indivíduos só são possíveis com a descrição da experiência humana, tal como ela é vivida e definida por seus próprios atores. Em geral o método de pesquisa utilizado depende da natureza do objetivo do problema em estudo. Como o propósito deste estudo foi a compreensão da experiência vivida, o método qualitativo parece adequado por este preocupar-se com uma realidade que não pode ser quantificada, aprofundando-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível, e que não pode ser reduzido a equações e estatísticas (TRIVINOS, MINAYO, apud COELHO, 2005). Utilizamos como cenário da pesquisa o Centro de Apoio ao Deficiente Físico (CADEF), situado na Rua São João, nº 340, Centro, Governador Valadares, Minas Gerais, local onde se realizam as reuniões mensais da Associação Força Viva, cujas finalidades são: troca de experiências, auto-ajuda, luta pelos direitos e divulgação de informações recentes a respeito da esclerose múltipla através de palestras ministradas por profissionais de saúde (enfermeiros, médicos, nutricionistas e fisioterapeutas). Esta associação conta atualmente com 24 (vinte e quatro) cadastrados sendo incluídos neste estudo apenas 10 (dez) pacientes de ambos os sexos, com diagnóstico de EM, escolhidos aleatoriamente. 35 Dentro dos critérios de inclusão consideramos os pacientes que estavam participando ativamente das reuniões mensais, não tendo, portanto, comprometimentos físicos e emocionais que os impediram de colaborar com este projeto. A condição mínima para a sua participação foi a capacidade de verbalizar suas sensações, emoções, vivências, entre outras. E dentre os critérios de exclusão foi considerada a impossibilidade de comparecer às reuniões por incapacidades funcionais e cognitivas que geram a não execução das atividades propostas. Os métodos e técnicas básicos utilizados nesta pesquisa foram a observação participante, realização de entrevista e utilização de questionário semi-estruturado, sendo os depoimentos anotados e gravados, no período de fevereiro a abril de 2009. Tal método foi de suma importância para compreender as formas de comportamento e pensamento dos indivíduos pesquisados. Anteriormente à coleta de dados, tivemos a oportunidade de presenciar algumas reuniões do grupo na Associação, onde observamos o funcionamento e a finalidade das reuniões, a freqüência, o comportamento dos portadores e a atuação dos profissionais de saúde, sendo esta a observação participante citada acima. Antes da realização das entrevistas, os sujeitos foram esclarecidos do que se tratava e dos objetivos do estudo. Após, foi entregue a cada participante uma cópia do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice B), atendendo a resolução 196/96 do Ministério da Saúde e respeitando os princípios éticos relativos à pesquisa com seres humanos, sendo solicitada a leitura coletiva do mesmo (entrevistado e entrevistador). Isto ocorreu numa sala reservada, sem influências externas. Em seguida, foram feitos os esclarecimentos necessários e a investigação se cada item foi entendido pelo participante. Posteriormente a assinatura foi requerida, uma vez que prova a exatidão das informações. A organização dos dados foi realizada de acordo com Minayo (2000) que apresenta os seguintes passos para sua operacionalização: ordenação dos dados, esta composta por transcrição das gravações, releitura do material, organização dos relatos e dos dados de observação participante; classificação dos dados por meio de uma leitura exaustiva e repetida do material para identificação de categorias que surgiram de aspectos importantes das falas e observações; análise final onde foi estabelecida articulação entre os dados e referenciais teóricos da pesquisa, respondendo as questões norteadoras e seus objetivos. 36 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os colaboradores da pesquisa relataram suas experiências relacionadas aos sentimentos vivenciados a partir do diagnóstico de EM, como as reações pessoais e familiares, as sensações proporcionadas pelas mudanças ocorridas bem como o significado atribuído por ser portador de EM. Com base nas pesquisas realizadas, foi possível organizar os dados em cinco categorias sendo os resultados apresentados a partir dos discursos e reflexões colhidos. Os sujeitos foram identificados por nomes de flores a fim de assegurar o anonimato. Após serem indagados sobre as questões norteadoras que envolvem o trabalho, utilizando o roteiro de entrevista semi-estruturada, pôde-se selecionar os seguintes significados atribuídos pelos sujeitos no conteúdo de suas falas. 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO DO ESTUDO Inicialmente a população de estudo encontrava-se na faixa etária entre 20 e 60 anos, predominando o sexo feminino, com oito sujeitos. O estado civil foi de quatro solteiros, quatro casados e dois divorciados. O nível de escolaridade variou de ensino fundamental incompleto a ensino superior e as profissões foram diversas. Quanto à situação de emprego a maioria dos participantes são aposentados por invalidez em decorrência da esclerose múltipla. A religião dominante foi a católica comportando oito sujeitos. A maioria dos participantes vive com os familiares, sendo alguns somente com os filhos, outros com seus respectivos cônjuges ou ainda com os pais, e apenas um vive sozinho. Todos os entrevistados são procedentes do estado de Minas Gerais. CATEGORIA I - MUDANÇAS FÍSICAS 37 De modo geral, as manifestações físicas ocorridas no início da patologia confundem a equipe de saúde e o portador, devido às diversidades dos sinais e sintomas neurológicos da EM, levando-os a suspeitar de outras patologias diferentes, e em alguns casos, chegando até mesmo a tratá-las como tais. Alguns portadores relatam a forma inesperada como surgiram os sintomas e quais manifestações físicas ocorridas, de modo geral: ... eu tinha dez anos, eu não tinha nem idade para ter esclerose... deitei numa sexta-feira, tava tranquila, no sábado eu levantei com a perna estranha, parecia que eu tinha um monte de bicho andando na perna do joelho para baixo, tudo o que eu fazia a perna não queria responder o comando... no outro dia foi a visão e o paladar... na segunda eu já não levantava... (Azaléia). A idade média do início da esclerose múltipla é aos 30 anos, porém, existe uma distribuição, com pico maior entre 21 e 25 anos de idade e pico menor entre 41 e 45 anos. Porém, já foram diagnosticados casos em crianças (aproximadamente 2,7% dos casos tem início antes dos 16 anos de idade) e em adultos acima de 59 e até com mais de 80 anos de idade (SERONO, 2002). Pereira (2002) relata que os feixes nervosos responsáveis pela transmissão das sensações são muitas vezes afetados, o que provoca áreas de formigamento na pele e quando existe presença de placas nos longos feixes nervosos motores do cérebro ou medula espinhal pode afetar a marcha, provocando arrastamento de uma perna ou sensação de diminuição da força muscular. Comecei com paralisia facial... foi descendo para o pescoço e braço, o neurologista me internou e disse que eu estava dando um AVC. No outro dia eu estava com o lado esquerdo todo dormente, sem movimento, a boca um pouco puxada de um lado... Eu já cheguei a ficar perdido no centro da cidade, perdia a memória... me acharam dormindo na beira da rua... Dor de cabeça vinha intensa, parecia que estava explodindo o meu cérebro... depois que essa doença foi progredindo no meu organismo eu comecei a ter incontinência urinária e fecal... meu intestino e bexiga não voltaram ao normal. A parte emocional também não, então dá tipo uma depressão (Crisântemo). A EM pode ser confundida com diversas doenças neurológicas. Uma lista de tais doenças inclui: lúpus eritematoso sistêmico, arterite cerebral, múltiplos sangramentos secundários a malformações vasculares cerebrais, acidente vascular encefálico transitório (AITs) ou não, ataxias espinocerebelares, paraplegia espástica hereditária, esclerose lateral amiotrófica, neurite óptica aguda, vertigem labiríntica 38 aguda, mielite transversa aguda e encefalite multifocal aguda disseminada (BARREIRA, 2004). A EM é considerada uma doença indolor, entretanto mais da metade dos pacientes afetados queixam-se de dor no decorrer da doença. Geralmente a dor é causada pelo comprometimento dos circuitos neurais nas vias que levam a sensibilidade até o cérebro, em consequência da doença desmielinizante (SERONO, [200-]). Kalb (2000) cita que muitos portadores de EM relatam que sua memória e outras funções cognitivas parecem “oscilar”, piorando em períodos de maior fadiga, estresse ou sonolência. Isso ocorre com todas as pessoas, quer tenham ou não EM. Entretanto, esse é um problema maior para as pessoas com EM, pois elas estão mais predispostas à incapacidade por fadiga. Cerca de 80% dos pacientes com esclerose múltipla apresentam problemas de incontinência urinária porque a bexiga (um órgão oco com paredes elásticas) e/ou o músculo que fecha o tubo urinário (uretra) não funcionam mais adequadamente (ABBOTT, 2002). No meu primeiro surto eu fiquei sem andar além do meu olho ter entortado todinho, perdi 40% da visão do olho esquerdo e essa foi a sequela que ficou, nunca voltou ao normal... sentia muita dor de cabeça, vomitava muito, aí logo depois eu fiquei sem andar... (Orquídea). Achados oculares na EM são frequentes e muitas vezes a primeira manifestação clínica da doença. Embora a neurite óptica, seja a alteração mais comumente observada, deve-se ressaltar a possibilidade de outras alterações oculares precederem ou acompanharem o curso da doença (SIBINELLI et al., 2000). A velocidade do surgimento dos sintomas pode variar de minutos ou até dias e nos pacientes que apresentam curso progressivo crônico os sintomas podem aumentar gradualmente durante muitos meses. A velocidade de recuperação também varia muito, mas geralmente ocorre durante o curso de duas a oito semanas que se seguem ao ataque agudo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA, 2009). Existe uma heterogeneidade considerável na apresentação da EM e nenhum dos sintomas físicos é particularmente específico da doença, podendo estar associados a outras patologias (SERONO, 2002). 39 Haussen (2004) afirma que os sinais e sintomas dependem da região do SNC nas quais se localizam as lesões. A EM é marcada pela disseminação das lesões ao longo da doença e nos locais do SNC, com piora e remissão dos sintomas e sinais, ocorrendo frequentemente. Na esclerose múltipla, a mielina se transforma em uma placa endurecida, interferindo na transmissão dos impulsos do cérebro, do nervo óptico e da medula espinhal, dificultando o controle de várias funções orgânicas. A primeira lesão a se manifestar clinicamente, pode não ser a primeira ocorrida. As lesões do SNC podem provocar parestesias (formigamento), debilidade de uma ou mais extremidades (braços e pernas), perda visual unilateral (neurite óptica), falta de coordenação, incontinência, hesitação, retenção urinária, vertigem, perda da audição, dor facial, dores nos braços, pernas e tronco e marcha desequilibrada (PEREIRA, 2002). CATEGORIA II - REAÇÕES PESSOAIS E FAMILIARES FRENTE AO DIAGNÓSTICO Uma vez feito o diagnóstico de esclerose múltipla, os pacientes passam por diversos tipos de emoções, que variam desde um tremendo choque até uma certa sensação de alívio. Choque quando o portador descobre as consequências dessa doença e alívio porque o diagnóstico representa o fim de um longo período de incertezas na busca de uma resposta definitiva para os sintomas. O diagnóstico de esclerose múltipla sempre representa um período de crise na vida de qualquer pessoa e de seus familiares. Nesse sentido, Peternella e Marcon (2008) completam que quando o doente se depara com dificuldades, busca forças na família ou em si mesmo. E os sentimentos como tristeza, revolta, raiva, medo, depressão e decepção por saber o prognóstico incurável da doença fazem parte deste período, refletindo na compreensão mútua, visto que a doença crônica, não afeta apenas o portador, mas toda a família envolvida. Quando eles falaram que era EM eu falei: – Não precisa ficar querendo explicar muita coisa não, que eu já sei o que é, e o que vou passar pela esclerose... por cargas d‟água minha esposa fica grávida naquele ano... eu 40 chorei muito... eu ia deitar com a minha esposa, quando olhava para a barriga dela eu começava a chorar... Aí pensei: „minha filha eu te matei antes de você nascer minha querida.‟ Eu até pensei: “um dia vou acabar com esse trem tudo, vou dar um tiro na minha idéia, pego essa menina dou um tiro nela também e pronto...” pensei em suicídio logo no início da doença... (Antúrio). Quando sabem que tem EM, muitas pessoas passam a criar expectativas de que não poderão mais realizar suas tarefas. Então, é preciso reestruturar-se para que seja possível o início de uma nova etapa, ou seja, a adaptação e a reabilitação (MOREIRA, 2008). O processo de adaptação começa quando aparecem os primeiros sintomas, de forma lenta e sutil, junto com as incertezas sobre o diagnóstico e o prognóstico. É um período de confusão interna, em que o paciente não se percebe deficiente, mas sabe que alguma coisa não está bem com ele. Em seguida, quando recebe o diagnóstico de EM, percebe-se, na maioria, uma dificuldade de aceitação da sintomatologia. Há uma intensificação das reações emocionais, tais como sentimento de culpa, raiva, pesar e perda. Essas reações são previstas, mas tornam-se destrutivas quando não existe a devida elaboração pelo paciente, levando-o a fixar-se nelas (FILHO, 1992). O suicídio costuma ser interpretado como um ato isolado de um indivíduo descontente. As análises que procuram detectar a motivação do suicida estão habitualmente voltadas apenas para a vida do suicida, seus hábitos, suas emoções e as dificuldades pelas quais estava passando. Aparentemente, o suicídio é um ato individual, solitário, que destoa da vida em sociedade (PALHARES; BAHLS, 2003). O suicídio nos portadores de EM, é ligeiramente superior à taxa da população em geral. Ainda não compreendemos bem porque isso ocorre. Esses suicídios podem ser decorrentes à depressão severa, resultado da decisão de uma pessoa de pôr fim à vida em face de limitações graves e incapacitantes, ou mesmo resultado de alguns outros fatores ainda desconhecidos (KALB, 2000). Deep e Leal (2002) referem que alguns pacientes tendem a suprimir e inibir as suas emoções de forma a manter a harmonia sócio-familiar apesar da sua forte necessidade de suporte. ...o doutor falou: - Você deu azar, você é portadora de uma doença muito rara em que quase não acontece no Brasil... você é portadora de EM... eu me senti aliviada... apesar de ser uma doença estranha e desconhecida para mim... os médicos não descobriam porque eu me sentia tão mal, então 41 descobrir foi um alívio... minhas filhas ficaram revoltadas e muito tristes, mas a única pessoa que não aceitou a doença foi o meu marido, agora meu ex-marido, ele não aceitou a doença por isso a gente veio a divorciar... (Lírio). O familiar tem que participar do tratamento para minimizar os problemas que o paciente tem. Assim estreita-se as relações e passa-se a valorizar o clima familiar. Com base em estudos, muitas vezes a angústia do paciente é grande, mas a do familiar é maior, porque ele não sabe como lidar com as limitações que por acaso venham a acontecer. É necessário que a família entenda que o paciente precisa de uma atenção específica, mas que também tem as mesmas necessidades que qualquer outra pessoa (GREGÓRIO, 2002). Neste sentido Filho (1992) enfatiza que quando a família, os parentes e os cônjuges aceitam a doença os pacientes se sentem mais confortados, amados, compreendidos, embora nem sempre isso assegure um movimento no sentido da aceitação. ... eu chorei muito, fiquei deprimida... Meus filhos não sabiam o que era, todos ficaram com vergonha por eu ter ficado na cadeira de rodas, não gostavam de sair comigo e isso foi uma das coisas que mexeu muito comigo...(Violeta). Para Gas (1998) e Kalb (2000) o choro é provavelmente provocado pelo aumento de qualquer tensão emocional. É o modo pelo qual algumas pessoas respondem à ansiedade e, muitas vezes, denota uma sensação de desamparo e incapacidade de suportar os problemas. Chorar é uma reação emocional que representa fragilidade. Anjos (2008) afirma que a partir do diagnóstico de ser portador de uma doença crônica incapacitante, pode-se dizer que o doente sofre grandes impactos psicológicos em sua vida. A doença compromete não somente a integridade física, mas também a relação que o paciente estabelece com o seu corpo e mente. Podese dizer então que o diagnóstico geralmente vem acompanhado do surgimento dos sintomas de estresse, depressão, temor e sofrimento. A EM trata-se de uma doença psicologicamente desafiadora por acometer pessoas extremamente jovens, no auge da produtividade e com projetos profissionais e familiares. O diagnóstico gera muita insegurança em relação ao futuro 42 e em como lidar com a doença e suas limitações (PROGAMA DE ATENDIMENTO CONTINUADO, 2008). Haussen (2004) afirma que a doença não acontece em um vácuo pessoal e social, mas constitui um evento na vida de um indivíduo e de uma família, os quais vão fazer de tudo para se adaptarem e continuarem se desenvolvendo. A maioria dos entrevistados demonstrou que a aceitação do diagnóstico é um momento difícil onde as reações emocionais são intensas e o medo das limitações impostas pela doença é o que mais assusta. Nesse momento é de fundamental importância o apoio da família na tentativa de ajudar o portador a adaptar-se à nova situação. CATEGORIA III – A RELAÇÃO DOS SINTOMAS E TRATAMENTO COM AS ATIVIDADES DIÁRIAS A EM não afeta somente o sistema neurológico e muscular, mas também provoca um abalo importante na estrutura emocional de quem a tem. O portador precisa procurar adaptar-se às novas regras ditadas pela doença como nas mudanças em seu cotidiano, no ambiente físico, nos relacionamentos, entre outros, buscando melhoria da qualidade de vida. A partir do diagnóstico mudou de uma vez... eu gostava muito de dançar, de andar pelada, com short mais curto, mostrando a barriga. Nada disso mais eu fiz, eu não pude mais beber, eu não pude mais sair pra dançar, eu não pude mais ficar até tarde na rua porque tem os horários dos remédios... não pude mais trabalhar... Acabou (Gardênia). Por ser uma doença crônica e incapacitante, a EM exige sempre algum nível de adaptação por parte do portador e daqueles com quem convive, ou seja, dependendo da gravidade do quadro, o portador pode não ter outra opção a não ser ajustar-se e adequar-se, de alguma forma, às condições impostas pela doença. A aceitação e a adaptação a uma doença crônica como a EM não é fácil, devido ao curso clínico da doença ser, na maioria das vezes, variável e incerto. Assim, o paciente pode estar convivendo bem com a EM até que um surto mais forte mude seu quadro sintomático e, consequentemente, exija maiores ajustes à sua nova 43 condição física e às perdas decorrentes: econômicas, familiares, profissionais, sociais e psicológicas (auto-estima, auto-imagem, autoconfiança, liberdade) (HAUSSEN, 2004). Parei de tomar tudo por conta própria e depois falei para o médico... não estava me sentido bem com o remédio e parei de tomar... Eu me sentia drogado, zonzo e dormia... minha vontade era só ficar dormindo, é tipo um sossega leão, se eu fosse à rua eu voltava e não sabia o que eu ia fazer na rua (Crisântemo). As causas mais comuns da interrupção do tratamento são dificuldade na obtenção do medicamento, efeitos colaterais das drogas e reaparecimento dos sintomas (RAMOS, 2005). ...houve também a incontinência urinária e fecal... eu não conseguia segurar a urina, e sempre molhava meu uniforme... então isso começou a atrapalhar na minha profissão...(Orquídea). A necessidade de urinar com frequência e urgência e a perda do controle urinário inibem a socialização, interferem com o desempenho profissional e causam embaraço em ocasiões íntimas (como atividade sexual). Os sentimentos de autoestima e ânimo em procurar experiências gratificantes podem estar muito diminuídos (FILHO, 1992). Rebif 44 é tristeza, tomo porque eu sou obrigada... primeiro que o efeito colateral dele é muito grande... sente na entrada do medicamento no organismo, ele queima, é a mesma coisa de você colocar a ponta do seu dedo na chama, aí depois de uma hora o efeito colateral dele é alarmante, o seu corpo não fica menos de 40ºC de febre, te dá uma cefaléia que é uma coisa horrorosa, sua cabeça parece que vai explodir. Sinto muita sonolência, às vezes tenho sono de manhã, e tenho que sair, mas quando vou levantar atrapalha o que eu tenho que fazer (Azaléia). Aproximadamente 40% dos pacientes tratados com Rebif podem apresentar os sintomas típicos de gripe nos primeiros seis meses de tratamento. A maioria dos pacientes pode também apresentar reações no local da injeção, predominantemente inflamação ligeira ou eritema, além de distúrbios gerais como sintomas gripais, cefaléias, mialgia, artralgia, astenias, calafrios e febre. Com menor frequência ocorrem distúrbios do fígado e vesícula biliar, afecções da pele e tecidos subcutâneos como rash, distúrbios no sistema sanguíneo e linfático, distúrbios 44 endócrinos, distúrbios gastrointestinais como diarréia, vômito e náuseas e distúrbios psiquiátricos como depressão e insônia (SERONO, 2009). Atualmente os pacientes têm à disposição medicamentos com a ação de retardo da progressão da doença e do aumento dos espaços de tempo entre os surtos. O surto é algo imprescindível. Seguindo o tratamento indicado pelo médico de forma correta e contínua, os surtos podem tornar-se mais raros e o paciente torna-se mais confiante no prognóstico que indicará menos sequelas e, também, provavelmente, a doença será mais tolerada. Além disso, haverá uma reação profissional e familiar mais tranquila (RAMOS, 2005). Durante as entrevistas percebemos que alguns portadores realizavam outros tratamentos não-medicamentosos, como fisioterapia, hidroterapia, fonoaudiologia, entre outros, na tentativa de minimizar as limitações causadas pela esclerose múltipla, buscando melhoria na qualidade de vida. Psicoterapia, uroterapia que é a terapia para a incontinência que só mexe com o assoalho pélvico e fisioterapia normal que mexe com a parte de fortalecimento e equilíbrio, faço há cinco anos, eu também tô fazendo dança de salão...(Orquídea). Atualmente faço natação, fisioterapia e sessões de fonoaudiologia, além do médico neurologista (Antúrio). A EM trata-se de uma doença que, potencialmente, afeta várias funções neurológicas. A reabilitação para estes pacientes, geralmente, é feita através de uma equipe multidisciplinar, constituída por: médico, enfermeiro, fisioterapeuta (motora e respiratória), fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, nutricionista, educador físico e assistente social (SERONO, 2004). A enfermagem exerce uma função de busca na mobilização das pessoas, inspirando reflexões através da prática cotidiana, considerando a realidade e a necessidade de cada um (BARCELLOS, 2006). O processo terapêutico envolve o fisioterapeuta, o paciente e a família. O exercício terapêutico é considerado um elemento central na maioria dos planos de assistência da fisioterapia, com a finalidade de aprimorar a função e reduzir uma incapacidade (HAUSSEN, 2004). O fisioterapeuta e sua equipe têm como objetivo: manter ou aumentar as atividades funcionais, promover melhora na qualidade de vida, orientar e prevenir posturas viciosas e a utilização de órteses, estimular atividades físicas adaptadas e 45 adaptações para facilitar as atividades de vida prática (cozinhar, lavar louça, dirigir, etc.) (SERONO, 2004). CATEGORIA IV - SENSAÇÕES ADVINDAS DAS MUDANÇAS OCORRIDAS Todos passamos vários anos aprendendo a ser adultos auto-suficientes e independentes, e é doloroso perder qualquer aspecto dessa independência arduamente conquistada. Muitas vezes os sintomas da EM impossibilitam os portadores de realizar suas atividades rotineiras, tornando-os dependentes de equipamentos especiais e/ou da ajuda de outras pessoas para executar tais atividades. O portador deve entender que do mesmo modo como desenvolveu respeito próprio, quando criança, ao aprender enfrentar o ambiente, ele pode e deve sentir satisfação ao enfrentar os desafios da vida com EM (KALB, 2000). Eu tive o sentimento de que eu estava dando trabalho, principalmente nessa última vez que a minha mãe teve que pegar atestado de 30 dias na escola dela, então eu senti um peso, estava dando muita despesa... aí eu não tomava água... porque eu estava urinando muito e toda hora eu tinha que trocar de fralda... então eu não queria tomar água... para não ter que acordar a minha mãe à noite... tinha que mobilizar todo mundo...(Orquídea). Uma pessoa dependente é aquela que necessita de transferir para terceiros as atividades tendentes à satisfação das “necessidades humanas básicas” no contexto de uma doença crônica, incapacitante ou deficiente (VILÃO, 1995). A dependência só por si representa um problema para a pessoa doente. É necessária uma distinção entre a doença e as suas consequências sobre a vida cotidiana, e uma análise da especificidade das diferentes patologias e dos fatores de risco em relação à saúde (SANTOS, 2003). Meu banheiro tem argolas de ferro para eu me segurar, para mim tomar banho e não escorregar, meu tapete é antiderrapante, não tem vasilhas de vidro em casa... todo o meu quarto tem controle remoto... televisão, ar condicionado, ventilador... eu não fiquei feliz, mas também não fiquei triste... fui mudando de acordo com a necessidade... (Antúrio). A qualidade das adaptações está diretamente ligada à segurança e ao conforto que elas proporcionam: rampas com inclinações suaves, capachos 46 nivelados e embutidos no piso, corrimãos bem fixados, pisos diferenciados ou táteis para sinalizar desníveis, são algumas adaptações relativamente fáceis de serem feitas e que facilitam a locomoção do portador de deficiência física (AZEVEDO et al., 2003). ...os amigos foram se afastando, eu também fui me afastando, talvez no início por causa do problema de saúde, mas hoje meus amigos são livros, eu adoro ler, é internet, é televisão, vejo filme (Antúrio). Somem os amigos e até os parentes, você passa e vai ficando sozinho quando pensa que não, não tem ninguém mais pra contar... (Violeta). O sentimento de solidão é um dos mais difíceis de aguentar. O ser humano é, por natureza, social; necessita dos outros para estabelecer relações pessoais e viver de forma satisfatória. O bem-estar geral de uma pessoa depende, em grande medida, da qualidade dos seus vínculos com os outros. Por isso, define-se saúde como o bem-estar físico, psicológico e social (A SOLIDÃO..., 2009). De acordo com Ferreira, B.E.S. (2006) a incidência de uma doença crônica não se configura como uma ameaça à amizade; pelo contrário, ela atua aproximando os amigos, em um momento de oferecimento de apoio, porém VIANA et al. (2006) defende que a EM é uma patologia capaz de debilitar o indivíduo fisicamente, alterando o estado emocional do portador e dificultando o seu convívio social. Ser portador de doença crônica incapacitante é pensar continuamente no dia de amanhã, é não ter a perspectiva do futuro. No entanto, o isolamento e a solidão são talvez sentimentos mais assustadores do que a presença da própria doença. Ter família é ter a certeza de que possui alguém com quem se possa partilhar sentimentos de alegria, tristeza, medos e perdas. É ter a presença segura de alguém que é querido, que apóia e que cuida, se necessário. É a forma de ultrapassar o isolamento físico e social tão comum no doente crônico, permitindo usufruir de uma visão mais aberta ao mundo que nos rodeia (SANTOS, 2003). A EM traz uma série de sentimentos advindos das mudanças geradas ao decorrer da doença, podendo variar desde sentimentos de pesar, culpa, tristeza, impotência, frustração, solidão até uma sensação de alívio. Essas alterações emocionais são trazidas por vários motivos, como as incertezas, dificuldade no convívio social e dependência física. Por isso torna-se importante termos 47 consciência desse sofrimento que é gerado no ser humano durante a evolução da EM. CATEGORIA V - SIGNIFICADO DE SER PORTADOR Todo ser humano é único. Sendo assim, cada um expressa seus próprios sentimentos de uma forma individualizada. Portanto, há uma gama de significados de ser portador de EM. Cada sujeito vivencia a doença de uma maneira diferente da outra, atribuindo seus significados de forma particular. A doença crônica traz consigo perdas sucessivas de independência e controle, gera sensações de luto e, como tal, sentimentos de ansiedade, tristeza, irritação e medo. Saber viver com a doença crônica depende das características individuais, da forma como ela é aceita, o que ela significa e do que se espera da vida (SANTOS, 2003). Eu me sinto especial, acredito que Deus tem me escolhido, então eu aceitei, mesmo sendo difícil, é ruim saber que você tem uma doença e que vai passar o resto da vida, vai sofrer com as consequências (Girassol). Para Ferreira (1999) aceitação é consentir em receber, concordar com tal fato. A aceitação da doença torna-se mais fácil quando os pacientes encontram-se inseridos em atividades de apoio com uma equipe multidisciplinar e quando estão envolvidos em um complexo social, cultural e religioso. Eu acho que é uma missão... porque é uma doença rara e eu fui escolhida... é uma missão triste que eu acho que ninguém queria... para mim é um desafio... a EM me trouxe tristeza e me trouxe uma experiência de que as coisas ruins não acontecem só lá fora, acontecem comigo também... (Lírio). Para Alves (1993) as pessoas atribuem, ao mesmo tempo, diferentes interpretações para as suas aflições. As percepções, crenças e ações dos indivíduos são geralmente heterogêneas, complexas e ambíguas. Para Moniz e Barros (2005), os significados sobre a doença do paciente podem não corresponder aos significados do médico e levar a ações de negação ou 48 ambivalência. Em caso de discrepância entre estes, o paciente terá dificuldade de superação e enfrentamento. Muitos doentes não têm coragem para afirmar a sua negação à doença e só através da observação de atitudes e posturas adquiridas é que os cuidadores podem perceber concretamente os verdadeiros significados. Ser portador de esclerose múltipla é ser feliz, ser alegre, nunca deixar a doença te dominar, respeitar os limites do seu corpo porque tudo a gente tem limite... Para mim esclerose múltipla não significa doença, significa que eu tenho que lutar pela minha vida porque eu sei que a esclerose múltipla não vai me matar, o que vai me matar são as doenças que vão vir por causa dela... (Rosa). Hoje eu tô bem resolvida com isso sabe, para mim ser portadora é você aprender a valorizar mais as coisas, perceber mais o que você faz para a sua saúde, para a sua vida... é você aprender a viver com as limitações que o seu corpo passa a exigir, é procurar viver sempre com qualidade de vida, tanto física quanto, e principalmente, psicológica (Orquídea). Quando o portador de EM aprende sobre seus novos limites, dá o primeiro passo para conviver com a doença de uma forma mais saudável. Pode, então, deixar de se ver como uma vítima de uma situação fora do seu controle e sim como alguém que pode escolher o que deseja fazer de seu dia-a-dia, planejar suas atividades e ter maior controle de sua vida (KIMURA; NUNES, 2006). Tem diferença não, eu acho que ela é menos agressiva que a diabetes (Violeta). De acordo com Anjos (2008) não é fácil para o sujeito se ver como um ser doente. Cada um tem uma estratégia de enfrentar a doença. Alguns parecem capazes de enfrentá-la adequadamente, passando por períodos de raiva, depressão, medo, culpa até chegar ao período de aceitação, outros já não são capazes de dominar seu sofrimento e se entregam à doença. Ao serem questionados sobre o que significa ser portador de esclerose múltipla, percebe-se que alguns pacientes assumem uma postura de serem especiais, relatam que foram escolhidos para uma missão, uma luta e, em alguns momentos, houve tristeza e choro, outros não acham diferença. Para a maioria, ter esclerose múltipla é tentar viver o mais natural possível, convivendo com as limitações impostas pela doença e com as incertezas que ela traz, sendo muitos 49 desses sentimentos detectados pelos relatos e também pela observação participante. As expressões apresentadas pelos pacientes são consideradas mecanismos expressivos e dinâmicos com os quais eles expõem e analisam seus problemas. Relatam os aspectos positivos e negativos, atribuídos à esclerose múltipla em sua vida, e ressaltam a dificuldade encontrada para lidar com suas potencialidades humanas. Apesar de ser visível, de uma forma geral, o impacto da doença na vida destes pacientes, não os impediram de aceitar a doença como parte de suas vidas. Embora, por vezes, revelem dificuldades impostas pela patologia, parecem possuir, na maior parte dos casos, conhecimentos acerca dos cuidados necessários para o controle. 50 5 CONCLUSÃO Ao percurso da pesquisa através das entrevistas realizadas com os portadores de EM, percebe-se que o significado de ser portador da doença difere de pessoa para pessoa e tende a mudar ao decorrer da vida de cada um, variando de acordo com suas experiências vividas a partir do diagnóstico. Este trabalho nos proporcionou acrescentar conhecimento acerca do significado da vivência com EM para o portador da doença. Este conhecimento só se tornou possível através de relatos de experiências das pessoas que se disponibilizaram. Percebe-se que por não ser uma doença comum, há uma carência de informações à população e aos profissionais de saúde. Então, esperamos que este trabalho seja um estímulo para que outros profissionais desenvolvam cada vez mais pesquisas nessa área, e para que os que atuam nela possam conviver melhor com o constante processo de construção e desconstrução existente muitas vezes no tratamento das enfermidades neurológicas. Observa-se que o sofrimento desses portadores é agravado pelo número de incógnitas existentes no campo clínico. Isso resulta em dúvidas no âmbito da doença, não somente para eles, mas também para nós, acadêmicos e para os profissionais da saúde. Pode-se considerar, que o grande drama existente hoje em relação à EM, gira em torno do desconhecimento da etiopatogenia, do prognóstico e de um tratamento eficaz que leve à cura. Percebe-se que para prestar uma assistência de enfermagem adequada, não é suficiente somente entender a esclerose múltipla, seu tratamento e as alterações físicas que podem ocorrer. Precisamos conhecer, também, as experiências que os portadores vivenciam, bem como as sensações e sentimentos a partir do diagnóstico, para que, em nossa prática profissional, ofereçamos uma assistência humanizada e qualificada. A pesquisa realizada possibilitará o conhecimento das vivências dos pacientes portadores de EM, além de ser uma oportunidade de despertar um novo olhar sobre o significado de ser portador, dando uma chance de se rever e modificar a forma com que esses pacientes são tratados, tanto pelos profissionais de saúde, como pelos membros da família que são pessoas mais presentes no decorrer da doença. 51 Percebe-se que as associações de portadores podem contribuir de forma decisiva, informando-os sobre as perspectivas de tratamento, orientando-os para conviver com a nova situação e atuando para que sejam criadas legislações adequadas. O tratamento instituído deve ser sempre abrangente e multidisciplinar, através de medidas educacionais, de reabilitação e farmacológicas. As terapias em grupo realizadas, de forma periódica, também facilitam o enfrentamento da doença fazendo com que os pacientes atribuam significados favoráveis à patologia. Um estudo desta natureza permite a reflexão sobre os constantes desafios vivenciados pelos profissionais da saúde que se fazem presentes, incluindo o enfermeiro, gerenciando o cuidado e compartilhando com os pacientes as sensações diversas impostas pela doença e tratamento. Este estudo não é conclusivo, é uma continuidade de outros, oferecendo à comunidade acadêmica a oportunidade de desenvolver futuros trabalhos no sentido de valorizar as relações humanas, os sentimentos e valores impostos e adquiridos, reconhecendo assim os sofrimentos decorrentes da doença. 52 REFERÊNCIAS A SOLIDÃO escolhida e a que nos escolhe. Consumer Eroski. 2009. 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Sua contribuição será ainda mais importante se antes de responder você tirar todas as dúvidas. 5- Seu nome não será escrito em nenhum lugar deste formulário para garantir o segredo de que foi você quem deu as informações para preenchê-lo. 6- Em qualquer momento a pesquisa poderá ser suspensa pelo entrevistado, sem prejuízo ao respondente. 7- Qualquer dúvida quanto ao compromisso ético desta pesquisa, você poderá procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da Univale (CEP), que fica na Rua Israel Pinheiro, 2000, no Campus Universitário. O telefone do CEP é 3279-5575. TRAÇANDO O PERFIL DO GRUPO AMOSTRAL 1. Idade: _______ anos 2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 3. Como gosta de ser chamado: _________________________________________ 4. Escolaridade: ______________________________________________________ 5. Profissão: _________________________________________________________ 6. Ocupação atual: ____________________________________________________ 7. Religião: __________________________________________________________ 8. Estado civil: _______________________________________________________ 9. Você tem filhos? ( ) Sim. Quantos? ________________ ( ) Não. Pretende ter? ____________ 61 ATENDENDO O 2º OBJETIVO 10. Qual a data do diagnóstico? (mês/ano): ____/______. 11. Qual a sua idade na época?__________________________________________ 12. Como surgiram os sintomas da esclerose múltipla? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 13. Quais as manifestações físicas ocorridas no início? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ATENDENDO O 3º OBJETIVO 14. Como foi dada a notícia que você era um portador de esclerose múltipla? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 15. O que você sentiu ao descobrir que era portador da EM? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 16. Como foi dada a notícia para os seus familiares? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 17. Qual foi a reação dos familiares mediante o diagnóstico? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 62 ATENDENDO O 4º OBJETIVO 18. Quais foram as principais mudanças em seu cotidiano a partir do diagnóstico da doença?____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 19. A doença atrapalha sua vida profissional? Como? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 20. Você está fazendo alguma terapia atualmente? ( ) Sim. Qual (is)? ___________________________________________________ ( ) Não. Porque? ____________________________________________________ 21. Você recebe seus medicamentos regularmente? ( ) Sim ( ) Não 22. Qual (is) medicamento(s) você toma atualmente? ________________________ ___________________________________________________________________ 23. Quem administra a medicação? ______________________________________ 24. Como os efeitos desses medicamentos influenciam em suas atividades diárias?_____________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ATENDENDO O 5º OBJETIVO 25. Quais adaptações foram feitas na estrutura física do seu lar, meio de transporte e local de trabalho? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 26. Estas mudanças te provocam algum sentimento? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 63 27. Quais as mudanças ocorreram nas suas relações sociais e familiares? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ATENDENDO O 6º OBJETIVO 28. Para você, o que significa ser portador de esclerose múltipla? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ AGRADECEMOS SUA PARTICIPAÇÃO NESTA PESQUISA 64 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 1 – Identificação do Responsável pela execução da pesquisa: Título: O significado da vivência com esclerose múltipla para o portador da doença cadastrado na Associação Força Viva. Pesquisador Responsável: Tatiana Heidi Oliveira Participantes: Alessandra Cristina de Souza Oliveira, Bruna de Aguiar Araújo, Ellen Ferraz de Oliveira, Keysianne Morais Fernandes e Tamara Marques de Mendonça. Contato com pesquisador responsável: Endereço: Rua Duarte Coelho, 609/ apt. 102 – Morada do Vale Telefone(s): (33) 3275-0265 (33) 9191-9967 Comitê de Ética em Pesquisa Rua Israel Pinheiro, 2000 – Campus Universitário – Tel.: 3279 - 5575 2 – Informações ao participante ou responsável: 1) Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa intitulada “O significado da vivência com Esclerose múltipla para os portadores da doença cadastrados na Associação Força Viva”. 2) A pesquisa terá como objetivo(s): Geral: Conhecer o significado da vivência com Esclerose Múltipla pelo portador da doença; Específicos: a) Conhecer as características pessoais do portador de esclerose múltipla; b) Analisar as mudanças físicas ocorridas no início da patologia; c) Conhecer a reação pessoal e familiar ao diagnóstico de esclerose múltipla; d) Descrever a relação dos sintomas e tratamento com as atividades diárias; 65 e) Levantar as sensações principais advindas das mudanças ocorridas no ambiente social e familiar; f) Analisar o significado de ser portador de esclerose múltipla. 3) Antes de aceitar participar da pesquisa, leia atentamente as explicações que informam sobre o procedimento de coleta de dados que será realizado para a pesquisa. 3.1) Constará na realização de uma entrevista onde será utilizado um questionário semi-estruturado, onde todas as respostas serão gravadas. 3.2) O tempo utilizado para as respostas compreende no máximo 20 minutos. 4) Você poderá se recusar a participar da pesquisa ou poderá abandonar o procedimento em qualquer momento, sem nenhuma penalização ou prejuízo. 5) A sua participação na pesquisa será como voluntário, não recebendo nenhum privilégio, seja ele de caráter financeiro ou de qualquer natureza. Entretanto, lhe serão garantidos todos os cuidados necessários a sua participação de acordo com seus direitos individuais e respeito ao seu bem-estar físico e psicológico. 6) Preveem-se como benefícios da realização desta pesquisa o aparecimento de novas reflexões por parte da equipe multiprofissional, incluindo o enfermeiro, que deverá avaliar e rever os cuidados prestados, uma vez que poderão conhecer melhor o processo que envolve as alterações significativas advindas da patologia. Proporcionará também aos associados uma reflexão sobre o significado desta doença, trazendo aos mesmos uma maior aceitação. 7) Acreditamos que os riscos que envolvem os sujeitos concentram-se no fato de termos uma exposição das situações e características individuais e íntimas, o que os coloca em situação de risco. - Durante a entrevista, na descrição do desenvolvimento da patologia, podem ocorrer algumas situações emotivas (como choro, risos, tristeza, entre outras), gerando uma paralisação na entrevista. - O tempo estimado para a realização da entrevista será de 20 minutos o que pode gerar certo desconforto (como extremo de temperatura e posição estática permanente) para um paciente que já tem comprometimentos físicos, dependendo da fase da doença. 8) Para evitar tais riscos declaramos que serão garantidos o sigilo e privacidade aos participantes, assegurando-lhes o direito de omissão da sua identificação ou de dados que possam comprometê-los. Na apresentação dos resultados não 66 serão citados os nomes dos participantes, de acordo com os princípios éticos, conforme a Resolução 196/96. - Mediante alguma situação emotiva, a entrevista será paralisada imediatamente, onde será oferecido apoio (como escuta constante) e respeito à decisão de continuar ou não. - Providenciar um ambiente tranquilo, arejado, sendo estimulada a mudança de posição com movimentação dos membros, se ocorrer algum desconforto físico. 9) Os resultados obtidos com a pesquisa serão apresentados em eventos ou publicações científicas. Confirmo ter sido informado e esclarecido sobre o conteúdo deste termo. A minha assinatura abaixo indica que concordo em participar desta pesquisa e por isso dou meu livre consentimento. Governador Valadares, _____de _____de____________. Nome do participante:________________________________________________ Assinatura do participante:____________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável: _________________________________ 67 APÊNDICE C – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA NA INSTITUIÇÃO Governador Valadares, 01/12/2008 À Associação Força Viva, Att.: Sr. Demétrio Evangelista Lima – Presidente Solicitamos a autorização para a realização do trabalho de conclusão de curso com o título: “O significado da vivência com Esclerose Múltipla para o portador da doença cadastrado na associação Força Viva”. Esta pesquisa está vinculada à Universidade Vale do Rio Doce, na área da Faculdade de Ciências da Saúde concentrando-se no Curso de Enfermagem. A pesquisadora responsável é a enfermeira e professora Tatiana Heidi Oliveira e as alunas participantes são: Alessandra Cristina de Souza Oliveira, Bruna de Aguiar Araújo, Ellen Ferraz de Oliveira, Keysianne Morais Fernandes e Tamara Marques de Mendonça, cursando atualmente o 7º período. Esta pesquisa tem como objetivo geral conhecer o significado da vivência com esclerose múltipla para o portador, sendo que para atingir este, será realizada uma entrevista com um questionário semi-estruturado, sendo os depoimentos anotados e gravados. Serão necessários 10 (dez) pacientes cadastrados nesta Associação e que aceite participar por livre vontade, após o esclarecimento e entendimento de todo o processo. Este projeto será realizado durante o período de Fevereiro a Abril/2009, sendo que os resultados obtidos serão apresentados como requisito para obtenção do título de bacharelado em enfermagem e posteriormente em eventos. Como forma de devolução dos resultados à Associação, será entregue uma cópia da monografia ao presidente da mesma. Como benefícios, esta pesquisa proporcionará o aparecimento de novas reflexões por parte da equipe multiprofissional, incluindo o enfermeiro, que deverá avaliar e rever os cuidados prestados, uma vez que poderão conhecer melhor o processo que envolve as alterações significativas advindas da patologia. 68 Proporcionará também aos associados uma reflexão sobre o significado desta doença, trazendo aos mesmos uma maior aceitação. A pesquisa qualitativa permite expressões e declarações que muitas vezes aprofundam-se no mundo dos significados e das relações humanas. Sendo assim, acreditamos que os riscos que envolvem esta instituição e seus usuários concentram-se no fato de termos uma exposição das situações e características individuais e íntimas dos sujeitos, o que os coloca em situação de vulnerabilidade. Portanto, para evitar tais riscos declaramos que serão garantidos o sigilo e privacidade aos participantes, assegurando-lhes o direito de omissão da sua identificação ou de dados que possam comprometê-los. Na apresentação dos resultados não serão citados os nomes dos participantes, de acordo com os princípios éticos, conforme a Resolução 196/96. Governador Valadares, ______ de ___________ de 2008 ___________________________________ Tatiana Heidi Oliveira. Pesquisador Responsável Ciente das informações apresentadas acima, autorizo a realização da pesquisa mencionada na instituição da qual sou responsável. ____________________________________ Demétrio Evangelista Lima. Presidente da Associação 69 ANEXO(S) 70 ANEXO A – CARTA DE AUTORIZAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA