42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 HIPERPLASIA MAMÁRIA FELINA: CASOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE UBERABA DE 2005 A 1015 DEBORAH VIEIRA DE SOUSA ROSIM1, ENDRIGO GABELLINI LEONEL ALVES1, IAN MARTIN1; LARYSSA COSTA REZENDE1; ISABEL RODRIGUES ROSADO1 1 Universidade de Uberaba - UNIUBE Resumo A hiperplasia mamária felina (HMF) é uma afecção benigna diretamente relacionada com o estímulo progesterônico. Em dez anos de atendimentos clínicos no Hospital Veterinário de Uberaba foram atendidos 4 casos. Nenhum dos animais era castrado e 3 casos estavam associados a aplicação de progestágeno exógeno. A idade de aparecimento da doença variou de 7 a 24 meses. Um caso foi autolimitante, outro não foi tratado e os outros dois foram tradados cirurgicamente pela castração e mastectomia. Conclui-se que a HMF é mais frequente em gatas jovens, não castradas que receberam medicação anticoncepcional e que a castração e a mastectomia são tratamentos eficientes. Palavras-chaves: glândula mamária; progesterona; castração. FELINE MAMMARY HYPERPLASIA: ASSISTED CASES FROM 2005 TO 2015 IN UBERABA VETERINARY HOSPITAL Abstract The feline mammary hyperplasia (HMF) is a benign condition directly related to the stimulation by progesterone. In ten years of clinical care at Uberaba Veterinary Hospital of Uberaba were seen 4 cases. None of the animals was castrated and 3 cases were associated with the use of exogenous progestins. The appearance of the disorder ranged from 7 to 0623 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 24 months of age. One case was self-limiting, another one was untreated and the others two were surgically treated by castration and mastectomy. So, we could conclude that the HMF is more common in young cats, cats non-castrated and submitted to contraceptive medication and that castration and mastectomy are effective treatments. Key-words: mammary gland; progesterone; castration Introdução A hiperplasia mamária felina (HMF) é caracterizada pela proliferação não neoplásica dos ductos mamários e do tecido conjuntivo periductal por influência de progesterona endógena ou exógena (Souza et al., 2002). Os sinais clínicos são o rápido crescimento das mamas, as quais podem estar edemaciadas, ulceradas, com necrose e infecção bacteriana secundária. Alguns animais podem apresentar sinais clínicos sistêmicos decorrentes da infecção e inflamação podendo evoluir para óbito (Loretti et al., 2004). O diagnóstico é geralmente presuntivo dado pela observação do rápido aumento de volume das mamas após o primeiro estro ou administração exógena de progestágenos (PayanCarreira, 2013). Por ser uma patologia incomum, o objetivo deste estudo foi avaliar os casos de HMF atendidos no Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) no período de junho de 2005 a junho 2015, abordando aspectos clínicos e cirúrgicos. Material e Métodos Realizou-se levantamento dos prontuários de felinos atendidos no HVU no período de 01 de junho de 2005 a 31 de maio de 2015 com diagnóstico presuntivo de HMF. Foram obtidos todo os dados referentes a sexo, idade, fase reprodutiva, uso de anticoncepcionais, mamas acometidas, características e evolução da lesão e tratamentos realizados. 0624 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 Resultados No período de 2005 a 2015 foram atendidos 2995 gatos no HVU sendo 4 desses animais diagnosticados com HMF o que representa 0,13% de todos os gatos atendidos nesse período. Todos os animais com HMF eram fêmeas, não castradas, com idade entre 7 e 24 meses, sendo 3 mestiços e 1 siamês. Três animais haviam recebido medicação anticoncepcional dias antes do aparecimento da hiperplasia. Nenhuma das gatas com HMF estava gestante ou com pseudociese. Todos os animais com HMF apresentavam aumento rápido e progressivo de todas as mamas da cadeia bilateralmente . Observou-se edema e ulceração nas mamas em três casos de HMF e infecção secundária em apenas um dos animais com ulceração (Tabela 1). Tabela 1 – Achados clínicos e terapêuticos dos gatos atendidos com hiperplasia mamaria felina no Hospital Veterinário de Uberaba, no período de 2005 a 2015. OSH-ovariosalpingohisterectomia O diagnóstico foi obtido pelo histórico do paciente associado aos sinais clínicos, sendo confirmado pelo exame histopatológico em apenas um dos casos que necessitou de mastectomia para o tratamento. O primeiro 0625 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 caso foi o único paciente que não recebeu anticoncepcional, foi tratado pela realização de OSH pelo flanco e respondeu ao tratamento. O segundo paciente foi tratado de forma inespecífica com corticoide (prednisona), diurético (furosemida), antibiótico sistêmico (cefalexina) e tópico (rifamicina) e apresentou discreta melhora com pouca redução do volume das mamas. A terceira gata veio apenas na primeira consulta, não foi tratada e não se sabe como a patologia evoluiu. O quarto paciente foi tratado inicialmente pela realização de OSH pelo flanco, mas o volume das mamas continuou a aumentar mesmo após o tratamento. As mamas sofreram ulceração e contaminação secundária fazendo-se necessário o tratamento com antibiótico (enrofloxacina) e anti-inflamatório (prednisolona). Não foi observada melhora clínica após o tratamento com antibiótico e anti-inflamatório sendo então realizada mastectomia radical bilateral. Após a mastectomia o paciente apresentou significativa melhora, recuperando-se completamente aos 15 dias de pós-operatório. Discussão A HMF é uma patologia raramente observada na clínica de pequenos. A prevalência observada no presente estudo (0,13%) foi semelhante a relatada por Souza et at. (2002) 0,16% e inferior a relatada por Loretti et al. (2004) 0,33%. Estima-se que 20% dos tumores mamários de felinos sejam benignos e que desse total cerca de 13% sejam formados pela HMF (Payan-Carreira, 2013). No presente trabalho, todos os animais acometidos pela HMF eram fêmeas, não castradas, assim como o observado na maioria dos estudos (Souza et al., 2002; Loretti et al., 2004). Mas sabe-se que essa patologia também pode acometer fêmeas castradas e machos que receberam progestágenos exógenos (PayanCarreira, 2013). A idade dos animais com HMF variou entre 7 e 24 meses no presente estudo, entretanto outros estudos mostraram que a 0626 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 HMF pode acometer gatas de 10 meses a 11 anos (Souza et al., 2002; Payan-Carreira, 2013). Assim como o observado no nesse estudo há uma associação positiva entre a administração de anticoncepcionais e o desenvolvimento de HMF, principalmente quando o medicamento é aplicado durante o estro. Alguns contraceptivos ainda apresentam o complicante de serem de longa ação o que dificulta o tratamento (Loretti et al., 2004). Assim como observado em um dos animais do presente estudo a castração é um tratamento eficiente visto que elimina os ovários principal fonte de progesterona endógena. Embora a patogênese da HMF ainda não esteja completamente elucidada, sabese que a progesterona é a principal causa dessa doença (Loretti et al., 2004). Apesar de não ter sido utilizado em nenhum animal no presente estudo, o aglepristone inibidor competitivo do receptor de progesterona é considerado a melhor fármaco para o tratamento da HMF (PayanCarreira, 2013). Conclusão A HMF é mais frequente em gatas jovens, não castradas que receberam medicação anticoncepcional. A castração é um tratamento efetivo quando o animal não recebeu progestágenos exógenos de longa duração. Animais refratários ao tratamento medicamentoso e a castração devem ser submetidos a mastetomia. Referências LORETTI, A. P.; ILHA, M. R. S.; BREITSAMETER, I.; et al. Clinical and pathological study of feline mammary fibroadenomatous change associated with depot medroxyprogesterone acetate therapy. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, p.270- 274, 2004. 0627 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 6 SOUZA, T. M.; FIGHERA, R. A.; LANGOHR, I. M.; et al. Hiperplasia fibroepitelial mamária em felinos: cinco casos. Ciência Rural, v.32, p.891-894, 2002. PAYAN-CARREIRA, R. Feline mammary fibroepithelial hyperplasia: a clinical approach. In: ___ Insights from Veterinary Medicine. Publisher: InTech, 2013, cap.8, p.215-232. 0628