hiperplasia mamária felina: casos atendidos no hospital

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HIPERPLASIA MAMÁRIA FELINA: CASOS ATENDIDOS NO
HOSPITAL VETERINÁRIO DE UBERABA DE 2005 A 1015
DEBORAH VIEIRA DE SOUSA ROSIM1, ENDRIGO GABELLINI
LEONEL ALVES1, IAN MARTIN1; LARYSSA COSTA REZENDE1;
ISABEL RODRIGUES ROSADO1
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Universidade de Uberaba - UNIUBE
Resumo
A hiperplasia mamária felina (HMF) é uma afecção benigna diretamente
relacionada com o estímulo progesterônico. Em dez anos de
atendimentos clínicos no Hospital Veterinário de Uberaba foram
atendidos 4 casos. Nenhum dos animais era castrado e 3 casos
estavam associados a aplicação de progestágeno exógeno. A idade de
aparecimento da doença variou de 7 a 24 meses. Um caso foi
autolimitante, outro não foi tratado e os outros dois foram tradados
cirurgicamente pela castração e mastectomia. Conclui-se que a HMF é
mais frequente em gatas jovens, não castradas que receberam
medicação anticoncepcional e que a castração e a mastectomia são
tratamentos eficientes.
Palavras-chaves: glândula mamária; progesterona; castração.
FELINE MAMMARY HYPERPLASIA: ASSISTED CASES FROM
2005 TO 2015 IN UBERABA VETERINARY HOSPITAL
Abstract
The feline mammary hyperplasia (HMF) is a benign condition directly
related to the stimulation by progesterone. In ten years of clinical care at
Uberaba Veterinary Hospital of Uberaba were seen 4 cases. None of the
animals was castrated and 3 cases were associated with the use of
exogenous progestins. The appearance of the disorder ranged from 7 to
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24 months of age. One case was self-limiting, another one was untreated
and the others two were surgically treated
by castration and
mastectomy. So, we could conclude that the HMF is more common in
young cats, cats non-castrated and submitted to contraceptive
medication and that castration and mastectomy are effective treatments.
Key-words: mammary gland; progesterone; castration
Introdução
A hiperplasia mamária felina (HMF) é caracterizada pela proliferação
não neoplásica dos ductos mamários e do tecido conjuntivo periductal
por influência de progesterona endógena ou exógena (Souza et al.,
2002). Os sinais clínicos são o rápido crescimento das mamas, as quais
podem estar edemaciadas, ulceradas, com necrose e infecção
bacteriana secundária. Alguns animais podem apresentar sinais clínicos
sistêmicos decorrentes da infecção e inflamação podendo evoluir para
óbito (Loretti et al., 2004). O diagnóstico é geralmente presuntivo dado
pela observação do rápido aumento de volume das mamas após o
primeiro estro ou administração exógena de progestágenos (PayanCarreira, 2013). Por ser uma patologia incomum, o objetivo deste estudo
foi avaliar os casos de HMF atendidos no Hospital Veterinário de
Uberaba (HVU) no período de junho de 2005 a junho 2015, abordando
aspectos clínicos e cirúrgicos.
Material e Métodos
Realizou-se levantamento dos prontuários de felinos atendidos no HVU
no período de 01 de junho de 2005 a 31 de maio de 2015 com
diagnóstico presuntivo de HMF. Foram obtidos todo os dados referentes
a sexo, idade, fase reprodutiva, uso de anticoncepcionais, mamas
acometidas, características e evolução da lesão e tratamentos
realizados.
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Resultados
No período de 2005 a 2015 foram atendidos 2995 gatos no HVU sendo
4 desses animais diagnosticados com HMF o que representa 0,13% de
todos os gatos atendidos nesse período. Todos os animais com HMF
eram fêmeas, não castradas, com idade entre 7 e 24 meses, sendo 3
mestiços e 1 siamês. Três animais haviam recebido medicação
anticoncepcional dias antes do aparecimento da hiperplasia. Nenhuma
das gatas com HMF estava gestante ou com pseudociese. Todos os
animais com HMF apresentavam aumento rápido e progressivo de todas
as mamas da cadeia bilateralmente . Observou-se edema e ulceração
nas mamas em três casos de HMF e infecção secundária em apenas
um dos animais com ulceração (Tabela 1).
Tabela 1 – Achados clínicos e terapêuticos dos gatos atendidos com
hiperplasia mamaria felina no Hospital Veterinário de Uberaba, no
período de 2005 a 2015.
OSH-ovariosalpingohisterectomia
O diagnóstico foi obtido pelo histórico do paciente associado aos sinais
clínicos, sendo confirmado pelo exame histopatológico em apenas um
dos casos que necessitou de mastectomia para o tratamento. O primeiro
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caso foi o único paciente que não recebeu anticoncepcional, foi tratado
pela realização de OSH pelo flanco e respondeu ao tratamento. O
segundo paciente foi tratado de forma inespecífica com corticoide
(prednisona), diurético (furosemida), antibiótico sistêmico (cefalexina) e
tópico (rifamicina) e apresentou discreta melhora com pouca redução do
volume das mamas. A terceira gata veio apenas na primeira consulta,
não foi tratada e não se sabe como a patologia evoluiu. O quarto
paciente foi tratado inicialmente pela realização de OSH pelo flanco,
mas o volume das mamas continuou a aumentar mesmo após o
tratamento. As mamas sofreram ulceração e contaminação secundária
fazendo-se necessário o tratamento com antibiótico (enrofloxacina) e
anti-inflamatório (prednisolona). Não foi observada melhora clínica após
o tratamento com antibiótico e anti-inflamatório sendo então realizada
mastectomia
radical
bilateral.
Após
a
mastectomia
o
paciente
apresentou significativa melhora, recuperando-se completamente aos 15
dias de pós-operatório.
Discussão
A HMF é uma patologia raramente observada na clínica de pequenos. A
prevalência observada no presente estudo (0,13%) foi semelhante a
relatada por Souza et at. (2002) 0,16% e inferior a relatada por Loretti et
al. (2004) 0,33%. Estima-se que 20% dos tumores mamários de felinos
sejam benignos e que desse total cerca de 13% sejam formados pela
HMF (Payan-Carreira, 2013). No presente trabalho, todos os animais
acometidos pela HMF eram fêmeas, não castradas, assim como o
observado na maioria dos estudos (Souza et al., 2002; Loretti et al.,
2004). Mas sabe-se que essa patologia também pode acometer fêmeas
castradas e machos que receberam progestágenos exógenos (PayanCarreira, 2013). A idade dos animais com HMF variou entre 7 e 24
meses no presente estudo, entretanto outros estudos mostraram que a
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HMF pode acometer gatas de 10 meses a 11 anos (Souza et al., 2002;
Payan-Carreira, 2013). Assim como o observado no nesse estudo há
uma associação positiva entre a administração de anticoncepcionais e o
desenvolvimento de HMF, principalmente quando o medicamento é
aplicado durante o estro. Alguns contraceptivos ainda apresentam o
complicante de serem de longa ação o que dificulta o tratamento (Loretti
et al., 2004). Assim como observado em um dos animais do presente
estudo a castração é um tratamento eficiente visto que elimina os
ovários
principal
fonte
de
progesterona
endógena.
Embora
a
patogênese da HMF ainda não esteja completamente elucidada, sabese que a progesterona é a principal causa dessa doença (Loretti et al.,
2004). Apesar de não ter sido utilizado em nenhum animal no presente
estudo, o aglepristone inibidor competitivo do receptor de progesterona
é considerado a melhor fármaco para o tratamento da HMF (PayanCarreira, 2013).
Conclusão
A HMF é mais frequente em gatas jovens, não castradas que receberam
medicação anticoncepcional. A castração é um tratamento efetivo
quando o animal não recebeu progestágenos exógenos de longa
duração. Animais refratários ao tratamento medicamentoso e a
castração devem ser submetidos a mastetomia.
Referências
LORETTI, A. P.; ILHA, M. R. S.; BREITSAMETER, I.; et al. Clinical and
pathological study of feline mammary fibroadenomatous change
associated with depot medroxyprogesterone acetate therapy. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, p.270- 274,
2004.
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SOUZA, T. M.; FIGHERA, R. A.; LANGOHR, I. M.; et al. Hiperplasia
fibroepitelial mamária em felinos: cinco casos. Ciência Rural, v.32,
p.891-894, 2002.
PAYAN-CARREIRA, R. Feline mammary fibroepithelial hyperplasia: a
clinical approach. In: ___ Insights from Veterinary Medicine. Publisher:
InTech, 2013, cap.8, p.215-232.
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