Células-tronco: promessa no tratamento contra a silicose

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Células-tronco: promessa no tratamento contra a silicose
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Fonte: Subsecretaria de Comunicação RJ
A equipe coordenada pelo médico e pesquisador Marcelo Morales, do Instituto de Biofísica, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está realizando um procedimento inovador:
através de broncoscopia, os pesquisadores estão instilando células-tronco diretamente no
pulmão de um grupo de dez pacientes com silicose, previamente selecionados. É a primeira
vez no mundo que se faz um experimento no gênero com humanos. Também é a primeira vez que se promove o tratamento da silicose com células-tronco.
Retiradas da medula do próprio doente, elas devem repetir o resultado bem-sucedido já obtido
nos testes feitos com animais, iniciados há quatro anos pelo grupo. Ou seja, estacionar o
desenvolvimento da doença, que, hoje, atinge 6 milhões de pessoas no país. O projeto está
sendo financiado pelo edital Prioridade Rio, da FAPERJ. O procedimento teve início há quinze dias no Hospital Universitário Clementino Fraga da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o primeiro dos dez pacientes. A cada
semana, mais um deles é submetido ao tratamento. - O procedimento é feito apenas uma vez. Cada paciente recebe uma única injeção de
células-tronco adultas derivadas de medula óssea - explica Morales. Os resultados serão conhecidos somente após um ano de tratamento, mas os pesquisadores
estão bastante entusiasmados. - Trata-se da fase de teste de segurança do procedimento em seres humanos, a chamada fase
1 de testes. Mas podemos dizer que o experimento foi um grande sucesso e o paciente
recebeu alta no dia seguinte ao procedimento - garante Morales. Ele diz ainda que o método pode ser empregado para outros três sérios problemas
respiratórios: a asma grave, a doença pulmonar obstrutiva crônica e a síndrome do desconforto
respiratório agudo. Os testes iniciais com animais também foram satisfatórios. No caso da silicose, trata-se de doença incurável. Não há meios de se retirar a sílica que se
deposita nos pulmões. O material, que no passado esteve bastante presente na indústria naval,
é empregado como base do jateamento de areia e continua afetando um grande número de
profissionais, como protéticos, vidraceiros, joalheiros, mineiros, pessoas que trabalham em
marmorarias e até mesmo artistas plásticos que manuseiam argila. Ao ser continuamente
aspirada, a poeira de sílica provoca inflamação dos pulmões. Isso acontece porque ao perceber os cristais de sílica nas vias respiratórias, os macrófagos –
células sentinela da defesa do organismo – começam a atuar. Mas ao tentar fagocitar a sílica,
os macrófagos liberam enzimas, que agravam a inflamação pulmonar, e terminam destruídos
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Células-tronco: promessa no tratamento contra a silicose
no processo. Acentuada, a inflamação, por sua vez, continua atraindo novos macrófagos e
outras células inflamatórias, que entram em ação, com igual resultado. - É uma reação em cadeia irreversível, que termina fazendo com que se forme nos pulmões um
tecido cicatricial, sem função de troca gasosa. Formam-se os granulomas. É a chamada fibrose
pulmonar - explica Morales. Como não há nem cura nem tratamento específico, a longo prazo a doença costuma terminar
em óbito do paciente. Foi este também o motivo para que os pesquisadores da UFRJ tenham escolhido, entre as
várias doenças pulmonares, tratar exatamente a silicose. - Além de não dispor de tratamento, a silicose atinge muitos indivíduos no país, em particular
no Rio de Janeiro, que, no passado, tinha uma indústria naval forte e por isso mesmo tem
ainda hoje um grande número de doentes. Motivo porque está sendo nosso primeiro alvo para
teste em humanos - fala Morales. É aí que entram as células-tronco. - Nos testes em laboratório, elas conseguiram diminuir a atividade dos macrófagos, fazendo
com que a fibrose diminuísse. Além disso, todos os parâmetros da função dos pulmões
melhoraram nos animais tratados com células-tronco - diz o pesquisador. Mas com a realização do experimento, a equipe espera também chegar a novos achados.
Como, por exemplo, descobrir, quais, entre as células-tronco retiradas da medula, têm melhor
desempenho na melhora pulmonar. A resposta, porém, só virá nas próximas etapas do estudo. A estimativa é de que a nova técnica de tratamento esteja disponível à população num prazo
de cinco anos. Para ampliar os estudos, a equipe busca candidatos a tratamento da silicose
pela técnica de instilação de células-tronco. Os interessados devem entrar em contato pelo fone (21) 2562-2194 ou 2562-6722. 2/2
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