Conhecimentos e Práticas sobre Higiene Oral no Centro de

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FUNDAÇÃO BENEDITO PEREIRA NUNES
FACULDADE DE MEDICINA DE CAMPOS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
ARTIGO CIENTÍFICO
TATIANY MARIANO TRARBACH DE AMORIM
Campos dos Goytacazes
2009
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CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SOBRE HIGIENE ORAL NO CENTRO DE
SAÚDE ESCOLA DE CUSTODÓPOLIS
Tatiany Mariano Trarbach de Amorim
Formada em Odontologia pela FOC
Pós graduada em Odontologia do Trabalho pela SLM
RESUMO
Na Odontologia muito se tem feito com o objetivo de solucionar problemas
causados pela cárie dental e doença periodontal, que são as grandes precursoras
das complicações relacionadas à saúde bucal. A ciência busca meios que facilitem o
controle da placa, mas é sabido que até hoje, o melhor meio de contê-la é usando os
recursos mecânicos do fio dental e da escovação aliada à pasta fluoretada. Mas
apesar das técnicas de higienização bucal serem de fácil execução, os pacientes
têm dificuldade de incorporá-las no seu cotidiano, e uma das dificuldades
encontradas pelo dentista é a mudança nos hábitos de higiene oral dos seus
pacientes. Certamente as sessões de instrução e motivação não têm surtido o efeito
esperado. A amostra desse estudo foi composta de vinte pessoas, na faixa etária
adulta, de 18 a 45 anos, atendida no Centro Saúde Escola de Custodópolis-RJ,
durante os meses de junho e julho de 2009. Os dados foram colhidos através de um
questionário onde é avaliado o conhecimento do paciente, relacionado à saúde
bucal e higiene. Os dados foram submetidos à análise estatística. O resultado
alcançado tem a finalidade de ajudar o dentista a melhorar sua estratégia de
motivação e instrução do seu paciente, revertendo assim o quadro de doença para
saúde bucal dos seus pacientes.
Palavras-chave: prevenção, higiene bucal, educação do paciente, motivação.
INTRODUÇÃO
Muitos estudos já comprovaram que a cárie e a doença periodontal são as
doenças que mais acometem a cavidade bucal. Como doenças multifatoriais que
3
são, precisam que esses fatores estejam aliados para que a doença seja instalada.
Podemos citar como fatores etiológicos das doenças citadas o agente bacteriano, a
dieta, o tempo, o biofilme. Todos eles não agiriam como fatores dessas doenças se
o hospedeiro mantivesse uma higienização bucal correta através de escovação
mecânica com pasta fluoretada, utilização do fio dental e periódicas aplicações de
flúor.
Como conseqüências dessas doenças, temos no Brasil um alto índice de dentes
perdidos precocemente e um expressivo incremento das perdas com a idade
(FRAZÃO; ANTUNES; NARVAI3).
O dia-a-dia na clínica odontológica nos faz notar quão grande é a dificuldade
que os pacientes apresentam em manter uma boa qualidade de higiene bucal.
Existem várias situações: há o paciente que não tem noção de higiene bucal; a
escovação que ele pratica é autodidata, sem prévia orientação profissional; outra
situação é daquele paciente que já foi orientado, mas por vício de repetição,
continua cometendo os mesmos erros; há ainda o paciente que não aceita
orientação profissional sobre suas falhas, alegando que faz tudo corretamente.
Como fazer para educar essa população? Apesar das técnicas de higiene
serem de fácil execução, os pacientes têm dificuldade de incorporá-las ao seu
cotidiano (SILVA; SILVA FILHO; NEPOMUCENO12). O profissional dentista tem de
ser incansável na sua tarefa de motivação do paciente, assim como na construção
da promoção e educação em saúde bucal do mesmo paciente. Lembrando que
esses são alicerces do Programa Saúde da Família.
MASSONI et al8 diz que a cárie dental e a doença periodontal são consideradas
problemas de saúde pública devido aos altos índices de prevalência e severidade,
exigindo que a odontologia tenha um direcionamento nas suas atividades de
prevenção, o que é relevante, pois o indivíduo passa a ser um colaborador na
manutenção da sua saúde bucal.
Portanto, o objetivo desta pesquisa é para identificar quais são os
conhecimentos e práticas de saúde bucal na amostra entrevistada, a fim de que o
resultado desse trabalho permita que os profissionais possam trabalhar melhor na
fragilidade encontrada para obter melhora nos índices de cariologia e de doenças
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periodontais que acometem a população e almejar uma retenção dentária mais
longínqua, dando à população mais madura e idosa, mais saúde.
MATERIAL E MÉTODO
Esta pesquisa passou pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Humanos e teve a
autorização da coordenadora do Centro de saúde Escola de Custodópolis para o
desenvolvimento da mesma. Todos os pacientes foram amplamente orientados
sobre o teor e o objetivo da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido.
A população-amostra deste estudo foi composta de vinte indivíduos de ambos
os sexos, e idade variando entre 18 e 45 anos, todos atendidos no ambulatório do
CSE de Custodópolis, durante o mês de junho e julho de 2009. As variáveis em
estudo serão os dados referentes ao conhecimento da amostra sobre escovação,
fio-dental, pasta dental, tártaro, enxaguatório bucal e conhecimentos gerais sobre
cuidados referentes aos hábitos de higiene bucal. Os dados foram colhidos através
de entrevista com uso de um protocolo de pesquisa estruturado com questões
fechadas.
A análise dos dados será estatística por freqüência de ocorrência das variáveis
em estado a serem expressas em números percentuais de forma descritiva.
RESULTADO
De acordo com os dados da Tabela 1, observou-se que 100% dos entrevistados
consideram seus dentes importantes, 75% acham que cuidam bem deles, mas
apenas 40% dizem ir ao dentista de 6 em 6 meses.
Sobre a escovação, 80% acham que escova bem, 75% escovam após todas as
refeições, 60% preferem escovas médias no que se refere à sua maciez e 40%
preferem a escova grande. 50% usam trocar a escova de 3 em 3 meses e 55%
afirmam que já foram orientados quanto a escovação.
5
Quanto à pasta dental, 95% dizem fazer uso, sendo que 60% acreditam que ela
ajuda apenas na escovação. O fio dental é usado por 50% dos entrevistados e
dentre eles, apenas 60% dizem que sua função é de limpar os dentes e 70%
confessam não saber usar o fio corretamente.
No que se refere aos enxaguatórios bucais, 60% não sabem o que é; dos que
sabem, 55% fazem uso, sendo que 30% usam 2 vezes ao dia.
80% da amostra dizem saber o que é cárie; 50% dizem que sabem por que
temos cárie e 80% acham saber como pode ser evitada. Sobre o tártaro, 65% não
sabem o que é; 70% não sabem por que ele aparece e 80% não sabem o que ele
pode causar.
Ainda dentro da pesquisa, 45% não sabem qual a função do flúor, 85% acham
que existem alimentos que “estragam os dentes”, e 95% gostariam de receber mais
informações sobre como cuidar melhor de sua saúde bucal.
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Tabela1- Conhecimentos e práticas sobre higiene bucal
Questões/Respostas/%
S
N
SEM RESP
Cuidado com os dentes:
Seus dentes são importantes para você?
100%
Você acha que cuida bem deles?
75%
Costuma visitar o dentista de 6 em 6 meses?
-
-
25%
-
40%
60%
-
Você acha que sabe escovar bem os dentes?
80%
20%
-
Você usa escovar os dentes após todas as refeições?
75%
25%
-
Prefere escova:
média 60%
Sobre a escovação:
macia 10%
pequena 15%
Por quanto tempo usa a escova?
1 mês15%
média -
grande 40%
2 meses 50%
Alguma vez alguém orientou você a escovar os dentes?
dura 30%
qualquer uma 25%
3 meses 25% até estragar 10%
55%
35%
10%
Sobre pasta dental:
Quando escova os dentes usa pasta dental?
Por que usa pasta dental?
95%
Para ajudar na escovação
Para ficar com bom hálito
5%
60%
15%
Porque a pasta faz bem para os dentes 25%
Sobre o fio dental:
Usa o fio?
Às vezes 30%
Por que usa o fio dental?
Limpar entre os dentes
50%
15%
5%
60%
Tirar os restos de alimentos que incomodam 35%
Você acha que sabe usar o fio dental?
5%
70%
20%
10%
Sabe o que é?
60%
35%
5%
Se souber, costuma fazer uso?
55%
40%
-
Sobre enxaguatórios bucais:
Quantas vezes ao dia?
1 vez 20%
2 vezes 30%
Não usa todo dia 10%
Sobre a cárie:
Você sabe o que é?
80%
15%
5%
Sabe por que temos cárie?
50%
45%
5%
Sabe como podemos evitá-la?
80%
15%
5%
Sabe o que é?
30%
65%
5%
Sabe por que ele aparece?
25%
70%
5%
Sabe o que ele pode causar?
10%
80%
10%
45%
50%
5%
Sobre o tártaro:
Informações gerais:
Sabe qual a função do flúor?
Você acha que existe algum alimento que estraga os dentes?
85%
10%
5%
Gostaria de receber informações sobre como cuidar de sua boca?
95%
-
5%
7
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO
Há uma mudança no paradigma da saúde bucal. Antes a Odontologia era
estritamente curativa, hoje ela ainda é muito necessária, mas maior ênfase se tem
dado para a prevenção. Isto está de acordo com FONSECA lido por TODESCAN e
SIMA15, que afirma ser a prevenção um dever ético para aqueles que praticam a
Odontologia. Primeiro por ser o melhor método de tratamento das lesões bucais:
sem traumas; depois, por ser a forma mais econômica de cuidar da saúde bucal da
população.
A amostra entrevistada diz que seus dentes são importantes, que cuidam bem
deles, mas a maioria não vai ao dentista de forma regular. Essa prática vai ao
encontro do que MATOS et al 9 afirmaram: que um indivíduo para procurar o dentista
depende das variáveis: predisposição, facilidade e necessidade, e que pessoas que
menos precisam de tratamento são aquelas que visitam regularmente o dentista. A
ansiedade e o medo ainda são barreiras consistentes no tratamento odontológico,
isso em qualquer nível sócio-econômico. LISBÔA e ABEGG7 afirmaram que o adulto
precisa de estímulos concretos para sua colaboração.
Afirmam saber escovar os dentes e que escovam após as refeições; que estão
sempre trocando as escovas e que foram orientados, em sua maioria. Essa análise
tem que ser interpretada com muita cautela, pois se assim fosse, os índices de
CPOD estariam modificados para melhor. CASTELLANOS1 já afirmava que a
orientação que estava sendo oferecida à população era limitada e não satisfatória, e
que muito dependia dos esforços individuais e das condições do meio para que
surtissem os efeitos na população. É verdade que a Saúde Bucal muito já evoluiu.
Há competentes trabalhos sendo realizados nas comunidades, principalmente nas
escolas.
A entrevista feita nos mostra que a população aprende o que lhe é ensinado
sobre escovação, pasta e o fio dental mais recentemente, que são os itens
propostos para uma higiene básica, que é à base da saúde bucal. Mas colocar o
aprendizado em prática é muito difícil, e isso está de acordo com TODESCAN e
SIMA15 que disseram que a aplicabilidade do combate a cárie dental e doença
periodontal não são tão simples, pois nos deparamos com problemas sociais e
8
culturais. A mudança de hábitos é muito difícil já afirmava SANTOS11. Por ser tão
difícil é que a motivação deve ser constante, e isso está de acordo com TODESCAN
e TODESCAN16, que reforçam, dizendo que o reforço continuado é mais eficiente do
que sessões únicas de programas educativo-preventivos.
Especificamente quanto ao fio dental, o uso da população estudada é muito
aquém do ideal, com apenas a metade da amostra fazendo uso dele, mesmo
respondendo corretamente que são importantes para a limpeza dos dentes; o que
mostra a necessidade de por em prática o que COUTO et al lido por TOASSI e
PETRY14 afirmaram: a motivação direta é a maneira mais eficiente de modificar o
comportamento do paciente e levá-lo a exercer um controle satisfatório do biofilme
dental. E isso se aplica principalmente para orientações mais complexas,
envolvendo explicações sobre doença periodontal, enxaguatórios bucais e flúor;
itens que a população entrevistada mostrou muita deficiência em conhecimento.
ELIAS et al 2 afirmam que se deve ampliar as estratégias de ensino e aprendizagem
do paciente; ensiná-lo para que seja um cooperador consciente, pois há uma grande
predisposição para que ponha em prática o que foi recomendado pelo dentista.
Quanto mais evidente o paciente perceba seu problema, mais ele será cooperativo
no tratamento e na manutenção da sua saúde bucal, de acordo com TODESCAN e
TODESCAN16.
Segundo SILVA,SILVA FILHO e NEPOMUCENO¹²:
Vários estudos têm comprovado que a cárie dental e a doença
periodontal são perfeitamente controláveis, desde que o paciente tenha uma
higiene bucal adequada e hábitos alimentares saudáveis, mas muitas vezes a
mudança de alguns desses hábitos adquiridos na infância torna-se difícil de ser
alterada. Cabe ao profissional de Odontologia orientar adequadamente seu
paciente, realizando controles periódicos a fim de que incorpore vários hábitos
no seu cotidiano.
ABSTRACT
Much has been done in dentistry with the aim of solving problems caused by
tooth cavities and teeth surface sicknesses, which are the big precursors of
complications related to mouth health. Science searches for means that make the
control of bacteria cover easier, but it’s known so far that the best means of stopping
it is by using mechanic resources such as flossing and brushing besides the use of
9
Fluor enriched toothpaste. Although the techniques of mouth hygiene are of easy
execution, the patients have difficulty in incorporating in to their routine, and one of
the major difficulties noticed by the dentists is the changing in their patients’ oral
hygiene. The sessions of instruction and motivation, certainly haven’t had the
expected effect. The sample of this study was composed by twenty people at adult
age, ranging from 18 to 45 years old, hosted at Centro Saúde Escola de
Custodópolis-RJ, along the months of June and July/ 2009. The data were collected
through a questionnaire where the patient’ knowledge concerning mouth health and
hygiene is assessed. The data were undergone statistics analysis. The result which
was reached has the aim of helping the dentists improve their strategy of motivation
and instruction toward the patient, undoing therefore the scenery of sickness
concerning their patients’ mouth health.
Keys-words: prevention, hygiene, patient education, motivation.
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