Apresenta Sinopse Em DOIS AMORES E UM BICHO, o público é convidado à sala de estar de uma adorável família às voltas com crimes do passado e do presente. Em um jogo perverso e patético, eles encenam e revivem o passado investigando os motivos que levaram Pablo, o pai, a espancar um cachorro até a morte há 15 anos. No presente, em um zoológico das redondezas, novos assassinatos de animais começam a ocorrer. Proposta de Encenação O texto de Gustavo Ott propõe um jogo verbal desenfreado entre os três personagens. A partir dos fatos que surgem nas narrativas de pai, mãe e filha, percebemos diversas provocações de caráter social e político propostas por Ott, explorando temas como o ódio, o poder do sensacionalismo da imprensa e o medo da violência em tempos sombrios. A esfera familar, ganha portanto contornos ampliados de discussão. Na montagem da Cia. Experimentus a opção por compor personagens que beiram o patético busca ampliar o caráter humano e as fragilidades de cada um, com o objetivo de fugir de uma abordagem maniqueísta dos mesmos, nas quais muitas vezes pessoas são retratadas como vilões ou mocinhos. Em Dois Amores e um Bicho não há vítimas, todos são muito suspeitos. Compor uma figura tola e frágil para o pai, por exemplo, nos possibilita apresentar um personagem que não é apenas suspeito de um crime. Uma mãe excessivamente adorável lança dúvidas sobre sua índole de mera testemunha ao crime. A filha, por sua vez, é composta como uma espécie de bicho de estimação dos pais e que aos poucos se encoraja a remexer o passado e transformá-lo em um “teatro” familiar. A representação se insere na obra por meio de cenas dentro da própria cena e, portanto, de um teatro dentro do teatro. A encenação em DOIS AMORES E UM BICHO está apoiada centralmente no jogo entre atores, texto, espaço e público. Por meio de um espaço cênico íntimo, luz praticamente fixa, som ambiente (e não uma trilha sonora) buscamos criar uma atmosfera de proximidade entre platéia e espetáculo. A platéia está disposta em três lados da cena como visitantes. Se há dúvidas se o que vemos é uma peça de teatro ou se somos parte da própria história, tanto melhor. Na sala de estar da família Estefano, pai, mãe e filha manipulam o espaço e o tempo a partir de suas memórias. Em seu “teatro” familiar, eles revivem o passado, criam cenas de interrogatório, encenam outros incidentes para investigar mortes de animais no passado e no presente. Explora-se portanto um jogo que busca transformar a adorável visita do público em um encontro pouco controlável. Histórico DOIS AMORES E UM BICHO estreou no Teatro Municipal de Itajaí em outubro de 2009, comemorando 10 anos da Cia. Experimentus. Integrou no mesmo mês a programação da ‘3a Mostra Itajaí em Cartaz’, projeto realizado pelos grupos que compõem a Rede Itajaiense de Teatro. Em 2010 integrou a programação de março do Teatro SESC Prainha - Florianópolis e participou ainda do ‘Circuito Cênico de Teatro’ (Rio do Sul - SC). Em 2011 realizou temporadas em Joinville e em Florianópolis, e Itajaí, integrando ainda a programação do 2º Festival Brasileiro de Teatro. Realizou ainda outras temporadas em Florianópolis, Joinville e Itajaí entre 2011 e 2012, tendo sido também contemplado pelo Edital de Compra de Espetáculos da Fundação Cultural de Itajaí, através do qual foi apresentado em 10 espaços comunitários da cidade. A Companhia Fundada em 1999 na cidade de Itajaí (SC), a Cia Experimentus Teatrais tem se dedicado à montagem e circulação de espetáculos para crianças e adultos. Em seus processos criativos, a direção e a dramaturgia estabelecem um diálogo direto com criação do ator, o que ocorre tanto em montagens que partem de um texto teatral ou de uma obra literária, quanto de um tema amplo que ao longo do processo dá origem a um texto e a uma encenação. A companhia tem também se dedicado ao teatro de formas animadas (bonecos e objetos), em algumas de suas montagens ampliando os horizontes da criação textual e cênica em que o grupo vem trabalhando. Nos primeiros anos de trabalho montou os espetáculos “A Roupa Nova do Rei” (1999-2005), “A Pequena Vendedora de Fósforos” (dentro do Projeto “Teatro Cidade” - Nov./Dez. de 2000), “Noite Adentro” (Abr./Dez. 2001), “Olha pra Mim” (2004-2006), “Hagënbeck Ltda” (2005-2010) e o espetáculo demonstração “A Casa do Sótão ao Porão” (2008). Atualmente compõem o repertório da companhia os espetáculos “O Menino do Dedo Verde” (2002), “Dois Amores e um Bicho” (2009), e espetáculos solos “Contos Notívagos”, “Emoções Baratas (ou Eu Te amo Glória Pires)” e “Luisa”, ambos de 2010, realizados simultaneamente através do projeto “Intersecções – Intercâmbio de Solos Teatrais” compartilhando seus processos de trabalho em ensaios abertos, demonstrações e mesas de debates. O projeto foi contemplado com o Prêmio FUNARTE de Teatro - Myriam Muniz em 2009. Os espetáculos da Cia.Experimentus são adaptáveis a espaços diversos, permitindo um grande deslocamento das salas convencionais de teatro, buscando assim a formação de um público amplo e diferenciado. Os trabalhos montados já foram vistos por mais de 100 mil pessoas em diversos estados brasileiros, tendo a companhia participado de vários encontros, circuitos e festivais ao lado de artistas de vários países estrangeiros tais como: “Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Curitiba” (PR), “Feverestival” (SP), “Mostra Nacional de Teatro de Pelotas” (RS), “Circuito EnCenaCatarina” (SESC – SC), “Circuito Entreato” (SESC/SC), “Feira Nacional do Livro Infantil” (SC), “Festival Nacional de Monólogos de Vitória” (ES), “Festival Nacional de Teatro de Bonecos de Jaraguá do Sul” (SC), “Mostra Internacional de Teatro de Grupo” (SC), “Festival Nacional de Teatro de Americana” (SP), “Festival Nacional de Teatro de Pindamonhangaba” (SP), “FITA Floripa - Festival Internacional de Teatro de Animação “(SC), “Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau” (SC), entre outros. Além da criação de espetáculos a Cia Experimentus desenvolveu diversos projetos de formação embasando seus processos de montagens, todos eles com atividades abertas à classe artística e a comunidade tais como: “O Espaço em Aberto” (2007-2010), que trouxe à cidade profissionais das áreas de dramaturgia, atuação no espaço urbano, preparação vocal e corporal, ministrando oficinas abertas à classe artística local, e desenvolvendo um percurso de estudo sobre diferentes formas de relação entre o ator e espaços cênicos alternativos; “7 Anos de Experimentus!” (2006) com oficinas, leituras dramáticas e mesas de debates durante um ano de programação; “Intercâmbio Teatral” (2001), junto a grupos de Santa Catarina e São Paulo, entre outros. Também se destacam na trajetória da companhia: a criação do “Circuito Teatral – Espetáculos em Entidades Assistenciais”, levando seus trabalhos a diversas comunidades periféricas de Itajaí; e a prática pedagógica desenvolvida nos Cursos de Teatro da Casa da Cultura Dide Brandão, ministrados entre 2002 e 2007, além de outras atividades de curta duração como as oficinas de teatro para educadores. Currículos dos Integrantes :: DANIEL OLIVETTO Ator, diretor e produtor teatral. Mestre em Teatro e Graduado em Artes Cênicas pelo CEART – UDESC. Atual Diretor de Projetos da FECATE – Federação Catarinense de Teatro. Fundador da Cia. Experimentus, na qual dirige os espetáculos “Hagënbeck Ltda” (2005) e “Dois Amores e um Bicho” (2009), além de atuar nos espetáculos-solos “O Menino do Dedo Verde” (dir. Marcelo F. de Souza – 2002), e “Emoções Baratas [ou Eu Te Amo Glória Pires]” (dir. Renato Turnes – 2010). Participou de oficinas e cursos teatrais com: Periplo Compañia Teatral (Argentina), Lume Teatro (SP), Odin Teatret (Dinamarca), Centro di Produzioni Via Rosse (Itália), Cia. Nova Dança 4 (SP), entre outros. Atuou em espetáculos como: “Ricardo 3o” (2007), “Variações sobre a Morte de Trotsky” (2006), “A Trágica História do Dr. Fausto” (2004), “Olha pra Mim” (2004), “A Roupa Nova do Rei” (1999), e “Bailei na Curva” (1998), entre outros. Dirigiu ainda os espetáculos “Meditação de Thaís”, (“Projeto Nova Dramaturgia”, FURB - Blumenau – 2002), e “Noite Adentro”, (Cia. Experimentus – 2001). Coordenou projetos como o “2º Itajaí em Cartaz” e “Toda Terça Tem Teatro” (Grupos de Teatro de Itajaí – 2008); “Mostra UDESC no Fringe 2006” (Curitiba – PR). Publicou artigos sobre teatro e política cultural nas revistas “Polêmica Imagem” (UFRJ -RJ), “Revista do 10º FENATIB” (SC), “O Espaço em Aberto” (SC), além de capítulos dos livros “Meyerhold – Experimentalismo e Vanguarda” (2008), “Teatro da Vertigem: Processos Contemporâneos” (2009), e de textos em jornais de circulação estadual. Atuou nos curtas-metragens: “Contraponto”, de Marcelo F. de Souza, e “Memórias de Passagem”, (2011) de Marco Stroisch, “O Homem Dublado” (2012) de Renato Turnes, entre outros, e ainda em shows de comédia como “Teatro de Quinta (2008-2010) e “Humor B” (2009). Em Florianópolis atua nos humorísticos da La Vaca Productora de Arte, além de colaborar em outros espetáculos como iluminador e artista gráfico. Recentemente dirigiu a montagem “Lulu Não Mora Mais Aqui”, com a atriz Graziela Meyer, explorando a linguagem do stand up comedy para o público infanto-juvenil. :: JÔ FORNARI Atriz, bonequeira, produtora e aprendiz de palhaça. Formada em Publicidade e Propaganda pela FURB Blumenau (SC), trabalha no meio teatral desde 1994. Especializou-se em Arte-educação pela UNOCHAPECÓ /SC, com monografia sobre leitura de espetáculos. A partir de 1999 atuou como bonequeira solista realizando ampla itinerância com seus espetáculos e oficinas de formas animadas percorrendo vários estados do Brasil. Em 2005 passa a residir em Itajaí, fundando a Cia. Andante Produções Artísticas, onde produz intervenções, oficinas e espetáculos como “O Menino Maluquinho”, trabalho-solo criado em parceria com a Cia. Experimentus, companhia da qual passa a fazer parte no começo de 2006, atuando como atriz no Projeto de Formação “O Espaço em Aberto” que deu origem ao espetáculo “Dois Amores e um Bicho”. Produziu e atuou nos Projetos da Cia Andante: “Arte Andante” (2007), “Espia Só! - Formação e Montagem de Teatro Lambe-lambe” (2008), “Estação 05” (2010), “1ª Mostra de Teatro Lambe-lambe de Itajaí” (2011). Em 2009 , juntamente com Laércio do Amaral, monta o espetáculo “Riscado”, iniciando sua pesquisa na linguagem do palhaço. Produziu o vídeo de curtametragem “Contraponto” de Marcelo F. de Souza e atuou no curta-metragem “Miragens do Porto” de Silvana Leal (em finalização). Desenvolve sua formação a partir do contato com diversos grupos e artistas de teatro como: Sue Morrison (Canadá), Norberto Presta (Itália), Luis André Querubini (Grupo Sobrevento/SP), Renato Ferracini (SP), Mauro Brant (SP), Miquéias Paz (DF), Nini Beltrame (SC), Ana Maria Amaral (SP), Mariane Consentino (BA), Marcio Libar, Esio Magalhães (SP), Victor Ávalos ( Argentina), Andrea Lamana ( Uruguai), As Marias da Graça (RJ), Fernando Villar (DF), Bia Braga (MG), André Carreira (SC), entre outros. :: MARCELO F. DE SOUZA Ator, diretor, dramaturgo e bonequeiro itajaiense, vem trabalhando desde 1990 em diversas montagens teatrais para adultos e crianças, participando de festivais de teatro em diversas regiões brasileiras. Em 1995 recebeu o prêmio melhor ator no “X Festival Nacional de Teatro de Teresina” (PI) pelo espetáculo “O Homem com a Flor na Boca”. Atuou ainda em espetáculos como “MacBeth” (1992), “Piquenique no Front” (1993), “Senhoras e Senhores” (1993) e “Negro Olhar” (1994). Desde 1996 mantém em repertório o espetáculo-solo “Brincando de Bonecos”, pelo qual recebeu prêmios de melhor espetáculo, melhor ator e melhor dramaturgia no “12º Festival Catarinense de Teatro” e o prêmio de melhor ator no “Festival Nacional de Teatro de Lages”. A partir de 2003 passa integrar a Cia. Experimentus, dirigindo o espetáculo “O Menino do Dedo Verde” (2002), e atuando em “Hagënbeck Ltda” (2005). Escreveu cerca de 20 textos teatrais e dirigiu espetáculos como “A Ida ao Teatro”, “Vida ao Ar Livre”, “Lamú é o Bicho” e “Mulher de Pescador”. Desenvolve sua formação a partir do contato com diversos artistas e grupos de Teatro como Hamish McColl e John Foley (Inglaterra), Grupo Lume (SP), Amyr Haddad (RJ), Diego Cazabat (Argentina), Sergio Mercúrio (Argentina) e Armindo Bião (BA). É Graduando em Artes Cênicas pelo CEART-UDESC (Florianópolis), tendo integrado de 2003 a 2006 a Óctus Cia de Atos como dançarino do espetáculo “Sofia”. Recentemente recebeu o Prêmio de Melhor Ator pelo espetáculo “Ricardo 3º no “21º Festival de Teatro de Blumenau”. Entre seus últimos trabalhos como diretor estão o espetáculo de formas animadas “O Menino Maluquinho”, a tenda de teatro lambe-lambe “Espia Só” e o curta-metragem “Contraponto”. :: SANDRA KNOLL Atriz e produtora, iniciou seu trabalho teatral na cidade de Blumenau em 1990. É graduada em Letras/Literatura pelo Centro de Comunicação da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI (SC), com monografia sobre os procedimentos contemporâneos de criação dramatúrgica. Recebeu prêmio de melhor atriz por seu trabalho em “João - O Louco” (1991) e “MacBeth (1992)”. Em 1999 fundou em Itajaí a Cia. Experimentus Teatrais, na qual vem trabalhando até hoje. Atualmente, na companhia, é atriz do espetáculo solo “Luisa” (2010) e “Dois Amores e um Bicho” (2009), assistente de direção do “O Menino do Dedo Verde” (2002) e produtora de todas as montagens e projetos. Atuou em diversos outros espetáculos como “A Roupa Nova do Rei” (1999), “Ela e o Fim” (2000), “A Pequena Vendedora de Fósforos” (2000), “Mulher de Pescador” (2002) e “Olha pra Mim” (2004). Em 2001 atuou no espetáculo solo “Noite Adentro” (2001), que percorreu importantes festivais brasileiros durante este ano. Em 2008, junto à Cia Experimentus, desenvolveu o projeto de formação “O Espaço em Aberto”, pesquisando procedimentos de atuação em relação ao espaço e ao público, dando origem ao espetáculo “Dois Amores e um Bicho”. Desenvolve sua formação a partir do contato com diversos grupos e pessoas de teatro como Mônica Montenegro (SP), Grupo Lume (SP), Periplo, Compañia Teatral (Argentina), Grupo XPTO (SP), Centro di Produzioni Via Rosse (Itália), Roberto Mallet (SP) e Fernando Villar (DF). Em 2009 ministrou aulas no projeto “Shakespeare nas Escolas” com jovens do ensino médio de escolas estaduais culminando na montagem teatral “O Avarento”, de Moliére, apresentado em diversas cidades do estado. Atualmente tem ampliado sua formação integrando o projeto “Espia Só” da Cia Andante que tem como linguagem o teatro lambe-lambe e as formas animadas em miniatura e também no média-metragem “Contraponto” investindo nas diversas formas artísticas no campo da atuação. Foi presidente da Rede Itajaiense de Teatro (2009 – 2011) e atualmente é vice-presidente do COMUC- Conselho Municipal de Cultura da cidade de Itajaí e presidente do Conselho Consultivo da FECATE. Necessidades Técnicas :: ESPAÇO CÊNICO: - Qualquer sala de espetáculos, com 5m de largura x 7m de profundidade x 4m de altura, mais o espaço para platéia; :: PLATÉIA: - O espetáculo é apresentado para uma média de 80 a 120 pessoas formando uma semi-arena variando de acordo com a disponibilidade de tablados [ver mapa a seguir]. :: ILUMINAÇÃO: O Espetáculo possui estrutura de Iluminação própria, conectada ao cenário e ao equipamento da companhia. :: SONORIZAÇÃO: - Equipamento de Som próprio da companhia; Minutagem das Músicas: Canção: “Aquellos Ojos Verdes” - Ray Conniff Tempo de Execução: 3:35 Outras Informações : - Faixa Etária: Acima de 14 anos; - Duração: 55 minutos; - Tempo de Montagem: 6 horas; - Tempo de Desmontagem: 1 hora; - Peso do Material: 80kg; - Volumes de cenário: 1 rolo de carpete e tecidos de cena de 2m de altura x 25 cm de diâmetro / 2 cases cadeiras mais objetos de cena cada um com 1m de altura X 40cm largura X 40cm comprimento / 1 case com objetos e ferramentas de 30cm de altura X 1,30m de largura X 60cm de comprimento; - Número de pessoas que viajam: 5 [Feminino: 3 / Masculino: 2]; - Transporte de Cenário: junto à equipe em um veículo com as dimensões necessárias. Proposta de Workshop Neste workshop os integrantes da Cia. Experimentus apresentam as atividades do projeto de formação O Espaço em Aberto, em que a companhia desenvolveu um estudo sobre apropriação do ator de distintas relações com a platéia e com espaços diversos para representação, processo que durou de 2007 a 2009. O workshop é desenvolvido como um relato sobre o processo desde as primeiras oficinas até a estréia de Dois Amores e um Bicho, organizando os pontos principais do percurso e os procedimentos metodológicos abordados. Release “Dois Amores e um Bicho” é a sexta montagem da Cia. Experimentus, sediada há onze anos na cidade de Itajaí – SC, e é resultado de um trabalho de dois anos desenvolvido no projeto “O Espaço em Aberto”, projeto de formação que trouxe à cidade quatro profissionais das áreas de dramaturgia, atuação no espaço urbano, preparação vocal e corporal, ministrando oficinas abertas à classe artística local. Com base na pesquisa espacial, e usando como referência a obra do venezuelano Gustavo Ott, “Dois Amores e um Bicho”, a companhia desenvolveu um percurso de estudo sobre diferentes formas de relação entre ator e espaços cênicos alternativos. A montagem de “Dois Amores e um Bicho” estreou em outubro de 2009 então comemorando os 10 anos de atividades. No espetáculo, o público é convidado à sala de estar de uma adorável família às voltas com crimes do passado e do presente. Em um jogo perverso e patético, eles encenam e revivem o passado investigando os motivos que levaram Pablo, o pai, a espancar um cachorro até a morte há 15 anos. No presente, em um zoológico das redondezas, novos assassinatos de animais começam a ocorrer. O texto de Gustavo Ott propõe um jogo verbal desenfreado entre os três personagens. A partir dos fatos que surgem nas narrativas de pai, mãe e filha, percebemos diversas metáforas de caráter social e político propostas por Ott, explorando temas como o ódio, o poder do sensacionalismo da imprensa e o medo da violência em tempos sombrios. No elenco estão o ator Marcelo F. de Souza e as atrizes Jô Fornari e Sandra Knoll. A direção é assinada por Daniel Olivetto, também ator da companhia, que nesta montagem conta com assistência de direção e preparação de atores de Barbara Biscaro. A cenografia é de Roberto Gorgati. Fundada em 1999 na cidade de Itajaí (SC), a Cia Experimentus Teatrais tem se dedicado à montagem de espetáculos para crianças e adultos, optando por construir sua própria dramaturgia a partir de obras literárias ou fragmentos de textos teatrais, em processos criativos de amplo diálogo com a criação do ator. Tem também se dedicado ao teatro de formas animadas (bonecos e objetos), ampliando os horizontes da criação textual e cênica em que o grupo vem trabalhando. Nos primeiros anos de trabalho montou os espetáculos “A Roupa Nova do Rei” (1999-2005), “A Pequena Vendedora de Fósforos” (dentro do Projeto “Teatro Cidade” - Nov./Dez. de 2000), “Noite Adentro” (Abr./Dez. 2001) e “Olha pra Mim” (2004-2006) e “Hagënbeck Ltda” (2005). Atualmente compõem o repertório da companhia os espetáculos “O Menino do Dedo Verde” (2002), “Dois Amores e um Bicho” (2009), “Contos Notívagos”, “Emoções Baratas (ou Eu Te amo Glória Pires)” e “Luisa”, ambos realizados em 2010 através do Projeto “Intersecções”, vencedor do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz. Crítica Máquina de caçar rinocerontes Critica da peça "Dois Amores e um Bicho" da Cia Experimentus Teatrais por Humberto Giancristofaro, da Revista "Questão de Crítica" - Rio de Janeiro, no Festival Brasileiro de Teatro Toni Cunha - Itajaí - SC A peça Dois amores e um bicho da Cia Experimentus é uma montagem convencional do texto do venezuelano Gustavo Ott. Um convite às idiossincrasias da vida privada. Não haveria interesse algum em assistir os problemas domésticos de uma família, se estes não fossem reveladores de uma situação que está engasgada na garganta da sociedade. É um ato de coragem os atores Jô Fornari, Marcelo F. de Souza, Sandra Knoll e do diretorDaniel Olivetto mostrarem em cena a brutalidade daquilo que convencionamos chamar de normalidade. Conseguindo criar um ambiente coerente com o texto, os personagens dessa família sui generes, para suportarem conviver harmonicamente, precisam pôr em esquecimento os equívocos do passado. Ou melhor, precisam reformulá-los. As lembranças podem ser manuseadas para que as impressões construídas sobre elas definam-se de acordo com as volições vigentes. Camadas e mais camadas de lembranças vão se ajambrando na ilusão de fundar uma personalidade sólida e socialmente aceitável. Por nutrir esse sonho de ser normal, qualquer ruído de diferença é afinado. A primeira consequência desse arrolhamento é o estabelecimento de preconceitos e, consequentemente, em rompantes devastadores. A figura paterna abobalhada, muito bem desenhada por Marcelo, é a expressão perfeita dessa psicologia. Tendo sido levado a escolher suas verdades, vê a verdade dos outros como desafiadoras e, por isso, dignas de serem destruídas. Quando sua realidade é fragilizada por uma ameaça, o único caminho é o confronto direto, a eliminação do diferente. No latim: Homo, diferente; fobia, aversão. Aplicado ao gênero, ao étnico e, mais danoso do que tudo, aos pontos de vista, esse preconceito corrói por dentro qualquer tentativa de sociabilização saudável. A forma como Sandra imprime essa tensão no personagem da mãe, faz de sua ótima atuação algo que incomoda o espectador por despertar nele a lembrança de que a normalidade é escorregadia. Também de forma bem concebida, Jô Fornari no papel da filha é um elemento chave para a trama. Com seu incessante questionamento é ela que entrega tudo de errado que está acontecendo, porém de uma forma naif. Aos poucos, a peça vai levantando o tapete para que o público aprecie seus preconceitos. Tudo isso só foi possível pelas excelentes escolhas que a direção tomou para construir um espaço acolhedor onde os segredos rondam e podem vir à tona. O cenário de Roberto Gorgati e o figurino de Bárbara Biscaro se completam no lugar de apontar para o cotidiano e usual como as máscaras da loucura em que vive a torpeza do ser humano. Longe de assinalar uma solução, a peça se realiza por sublinhar que “rinocerontes não são unicórnios”: não conhecendo um rinoceronte, os homens do passado o reconheciam como unicórnios – mesmo sabendo que estes são bestas lendárias, mas preferíveis a uma realidade desconhecida. O diferente não precisa ser encoberto apenas para que sua existência se justifique. Mapa de Palco ESPAÇO CÊNICO E PLATÉIA 5m Mapa de Palco ILUMINAÇÃO Ficha Técnica Texto de GUSTAVO OTT Tradução: MARIALDA GONÇALVES PEREIRA Elenco: JÔ FORNARI, MARCELO F. DE SOUZA e SANDRA KNOLL Direção: DANIEL OLIVETTO Preparação de Atores e Assistência de direção: BARBARA BISCARO Cenário: ROBERTO GORGATI Figurino: BARBARA BISCARO Desenho de luz e Projeto Gráfico: DANIEL OLIVETTO Produção: DANIEL OLIVETTO e SANDRA KNOLL Realização: CIA. EXPERIMENTUS Realização: www.experimentus.com.br Av. Getúlio Vargas, 705 – Vila Operária – 88303-220 – Itajaí – SC Fones: [47] 3046 1470 / 9909 9341 – [48] 9644 2000 / E-mail: [email protected]