importância da lavagem das mãos na unidade de terapia intensiva

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ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
Ana Paula do Sacramento Amorim
Polyanna de Oliveira Santos Araújo
IMPORTÂNCIA DA LAVAGEM DAS MÃOS NA UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA (UTI)
SALVADOR- BA
2011
Ana Paula do Sacramento Amorim
Polyanna de Oliveira Santos Araújo
IMPORTÂNCIA DA LAVAGEM DAS MÃOS NA UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA (UTI)
Artigo apresentado a Atualiza Associação
Cultural como requisito parcial para obtenção
do título de Especialista em UTI, sob
orientação do Profº. Fernando Reis do
Espírito Santo.
SALVADOR- BA
2011
IMPORTÂNCIA DA LAVAGEM DAS MÃOS NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA (UTI)
Ana Paula do Sacramento Amorim
1
Polyanna de Oliveira Santos Araújo
2
Fernando Reis do Espirito Santo (orientador)
3
RESUMO
Este estudo aborda sobre, a lavagem das mãos como um ato simples e muito importante na
prevenção e redução dos índices de infecção hospitalar. Uma vez que as mãos dos profissionais de
saúde são reconhecidas como um reservatório de patógenos capazes de propagar o
desenvolvimento de infecção para os pacientes e para o próprio profissional. Na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) a chance de propagação das infecções torna-se ainda maior devido à quantidade de
procedimentos invasivos e a gravidade do paciente. Tem como objetivo: evidenciar, a partir da
literatura, a importância da lavagem das mãos realizada pelos profissionais de saúde como uma das
formas de prevenção das infecções na UTI. Para tal, foram realizadas pesquisas bibliográficas em
livros, bibliotecas virtuais, revistas e periódicos. Apesar dos estudos evidenciarem a importância das
mãos na cadeia de transmissão das infecções hospitalares e a efetividade da higienização adequada,
pode-se concluir que muitos profissionais ainda apresentam atitudes passivas diante do problema,
necessitando de uma maior conscientização dos mesmos.
Palavras-chave: Lavagem das mãos. UTI. Infecção hospitalar.
ABSTRACT
This study focuses on the handwashing as a simple act and very important in preventing and reducing
hospital infection rates. Once the hands of health professionals are recognized as a reservoir of
pathogens capable of spreading the infection to the development of patients and the professionals
themselves. In the Intensive Care Unit (ICU) the chance of spreading infections is even higher due to
the amount of invasive procedures and severity of the patient. This study aimed to demonstrate from
the literature the importance of hand washing performed by health professionals as a way of
preventing infections in the ICU. To this end, literature searches were conducted in books, libraries,
magazines and journals that addressed the topic. Despite studies showing the extent of hands in the
chain of transmission of nosocomial infections and the effectiveness of proper hygiene, we can
conclude that many professionals still have passive attitudes towards the problem, requiring a greater
awareness of them.
Keywords: Handwashing. ICU. Hospital infection.
1
2
3
Graduada em Enfermagem pela Instituição de ensino FAMAM. E-mail:[email protected]
Graduada em Enfermagem pela Instituição de ensino FAMAM. E-mail:[email protected]
Dr. Em Educação. PUC/SP Professor Adjunto da UFBA.
INTRODUÇÃO
§
Apresentação do objeto de estudo
Uma das causas mais freqüentes dos altos índices de morbidade e mortalidade nas
Unidades de Terapia Intensiva é, sem dúvidas, a infecção. No Brasil, estima-se que
3 a 15% dos pacientes hospitalizados adquirem infecção hospitalar e que, destes, 5
a 12% morrem em conseqüência da mesma. Os estudos a cerca dos processos de
disseminação dos patógenos apontam as mãos dos profissionais de saúde como um
reservatório de microorganismos responsáveis pela infecção cruzada. (SCHEIDT;
CARVALHO, 2006 apud GONÇALVES; SANTOS, 2009).
Este ato tão simples, já tinha sua importância reconhecida no século IX, segundo
Orlando (2002), a escola de Salerno, mais famosa escola médica da época,
localizada na Itália, já fazia a seguinte recomendação: Si fore vis sanus, ablue saepe
manus: Se queres ter saúde, lava sempre às mãos.
O autor ainda cita que no final do século XIX(1861) Semmelweis tentou demonstrar
para seus amigos médicos a importância da lavagem das mãos antes dos
procedimentos cirúrgicos. Ele foi capaz de reduzir à taxa de infecção puerperal
tornando rotina a lavagem das mãos com solução de hipoclorito, sendo-o
considerado hoje como o “pai do controle de infecções”. Um estudo feito num
hospital suíço, no início dos anos 2000, surpreendeu com alguns dados
preocupantes. Da equipe de saúde, os enfermeiros foram os que mais
freqüentemente lavaram as mãos em 52% das ocasiões seguidos dos auxiliares
(47%) e dos outros profissionais da UTI (38%), sendo que os médicos só o fizeram
em 30% das oportunidades em que deveriam ter lavado as mãos. Sendo a UTI o
local do hospital onde o risco de infecção é dos mais elevados, foi o setor que se
constatou menor índice de lavagem das mãos.
§
Justificativa
A importância de se estudar este assunto deu-se, pelo fato de apesar das
campanhas para controle da infecção hospitalar, as mãos dos profissionais de saúde
continuam sendo a fonte mais freqüente de contaminação e disseminação da
infecção. A lavagem das mãos é uma prática de assepsia simples que constitui a
principal forma de prevenir e controlar as infecções, sem ônus significativos para as
instituições, além de levar também seus benefícios para aqueles envolvidos no
processo do cuidado, devendo configurar-se como um hábito que todos os
profissionais de saúde devem realizar, independente do uso de luvas, antes ou
depois de qualquer procedimento, seja ele invasivo ou não. (GENZ, 1998 apud
GOINÇALVES; SANTOS, 2009).
§
Problema
Qual a importância da lavagem das mãos na Unidade de Terapia Intensiva?
§
Objetivo
Evidenciar, a partir da literatura, a importância da lavagem das mãos realizada pelos
profissionais de saúde como uma das formas de prevenção das infecções na UTI.
§
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com base em revisões de literatura
referentes à temática. Para Cervo (2002), a pesquisa bibliográfica tenta explicar um
problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos, pode ser
realizada independente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental.
Buscando sempre o conhecimento e a análise das contribuições culturais ou
científicas do passado existente sobre um determinado tema.
A pesquisa foi realizada através de buscas bibliográficas em livros, revistas,
periódicos e bibliotecas virtuais. Para tal os descritores utilizados foram: UTI,
infecção hospitalar e lavagem das mãos.
Diante do material analisado, foram escolhidos os artigos que se identificavam
melhor com o tema, utilizando-os para o desenvolvimento do estudo.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA UTI E O PROCESSO DE INFECÇÃO HOSPITALAR
Nascida da necessidade de oferecer suporte avançado de vida a pacientes
agudamente doentes, em um hospital a UTI caracteriza-se como uma unidade de
grande complexidade, dotada de sistemas de monitorização contínua e vigilância
vinte e quatro horas que admite pacientes potencialmente graves ou com
descompensação de um ou mais sistemas orgânicos e que com o suporte e
tratamento intensivo tenham possibilidade de recuperar-se.
Segundo a Portaria GM/MS nº 1.071 de 04/07/2005 que se refere a Política Nacional
de Atenção ao paciente Crítico a Terapia Intensiva pode ser considerada uma
especialidade jovem ou recente. Seu processo de implantação e implementação em
nível nacional foi lento e substanciado de forma mais consistente pelas práticas
americanas na área da atenção à saúde. A alta tecnologia e capacitação
necessariamente diferenciada desta área assistencial chamaram a atenção de
diversos grupos, como farmacêuticos, fornecedores de tecnologia médico-hospitalar
e grupos hospitalares. Em um período relativamente curto surgiram as chamadas
UTI’s ou Centros de Tratamento Intensivo (CTI’s), locais de grande especialização e
tecnologia, identificados como espaços laborais destinados a profissionais médicos
e de enfermagem com diferenciação de conhecimento, grande habilidade e destreza
para a realização de procedimentos que, em muitos momentos, representavam a
diferença entre a vida e a morte. Morte esta que se confunde com a própria
concepção que grande parte de nossa sociedade ainda possui em relação às UTI’s.
Tais centros de atendimento tecnologicamente diferenciado se posicionaram
historicamente como unidades fechadas e de acesso totalmente restrito. Tal
restrição atingiu e ainda atinge grandemente não apenas o universo social que, não
pertencente diretamente ao dia a dia da prática hospitalar se encontra
circunstancialmente envolvido com estas unidades, mas atingiu e atingem também
as próprias estruturas assistenciais de saúde, tanto em nível hospitalar quanto extrahospitalar.
O lidar com os limites entre a vida e a morte, com a tensão e o desconhecimento,
com a ausência e o medo, com a culpa e o desespero, sentimentos tão próximos
daqueles que, por uma razão ou outra, se tornam em algum momento pacientes,
familiares ou mesmo interlocutores profissionais destas unidades de tratamento
intensivo, exige destes setores muito mais que tecnologia, medicamentos, recursos
humanos tecnicamente capacitados, e processos organizacionais e administrativos.
Exige muita atenção e carinho, capacidade de compreender que o ser humano
merece o diálogo e o conforto, exige compromisso e respeito com a vida e com
aqueles que a perdem ou com aqueles que perderam ou estão perdendo os seus
vivos, exige capacidade em compreender que a informação e o esclarecimento são
direitos do paciente e seus familiares e que informar e esclarecer é dever dos
profissionais que os assistem, enfim exigem um processo assistencial humanizado.
(BRASIL, 2005).
2.1.1 INFECÇÃO HOSPITALAR
Define-se como Infecção Hospitalar (IH), aquela adquirida pelo paciente após sua
admissão hospitalar, mesmo que se manifesta após a alta, desde que relacionada
com a hospitalização. A infecção é manifestação freqüente no paciente grave,
internado na Unidade de Terapia Intensiva. O paciente pode ter infecção de origem
comunitária, isto é, presente ou incubada na época da admissão hospitalar, ou
nosocomial, definida pelo aparecimento após quarenta e oito (48) horas de
internação. As infecções nosocomiais podem ainda ser consideradas como:
precoces, quando surgem nas primeiras noventa e seis (96) horas de internação, ou
tardias, quando, geralmente, está envolvido um processo de colonização microbiana
por patógenos hospitalares. Cerca de 5% dos pacientes hospitalizados nos Estados
Unidos (USA) adquirem infecções nosocomiais, variando com as características do
hospital e o tipo de serviço. As infecções mais freqüentes são urinárias (35 a 45%),
feridas cirúrgicas e pneumonias (10 a 25%). (DAVID,1998).
Segundo Santos (2008), a microbiota normal da pele é dividida em residente e
transitória. A microbiota residente é composta por elementos que estão nos estratos
mais profundos da camada córnea, formando colônias de microorganismos que se
multiplicam e se mantêm em equilíbrio com as defesas do hospedeiro.
Estes microorganismos são de difícil remoção e suas colônias possuem mecanismos
de defesa contra a remoção mecânica ou por agentes químicos. Muitos desses, por
processos naturais, como descamação da pele ou produção de suor são movidos
para camadas mais superficiais e eliminados no ambiente. Alguns ainda apresentam
baixa patogenicidade, podendo torna-se invasivos e causar infecções em pessoas
suscetíveis.
Já a microbiota transitória é composta por microorganismos que se depositam na
superfície da pele, proveniente de fontes externas, colonizando-a temporariamente.
São facilmente removidos da pele, por meio de ação mecânica, podendo também se
espalhar com facilidade pelo contato e são eliminados com mais facilidade pela
degermação com agentes anti-sépticos. Alguns microorganismos são denominados
microbiota temporariamente residente por serem detectados na pele por períodos
prolongados e conseguirem se multiplicar sem causar infecção.
Para Gomes (2008), o paciente crítico tratado na UTI fica exposto a uma série de
riscos que podem contribuir para o agravamento do seu já comprometido estado
geral. A infecção, seja ela endógena ou adquirida é considerada uma das mais
sérias ameaças ao doente, causando, constante preocupação a equipe que o
assiste. É fator preponderante no aparecimento de infecções na UTI, as más
condições gerais do paciente que, acarretando diminuição das defesas orgânicas,
favorecem a disseminação dos agentes patogênicos. Além disso, as mudanças na
constituição da flora normal do organismo, provindo da gravidade do estado do
indivíduo, assim como a contaminação causada pelos microorganismos do meio
ambiente hospitalar, facilitam a instalação de inúmeros processos infecciosos.
Ainda para o autor, considerando-se que a transmissão dos microorganismos se faz
através da via cruzada e sendo o indivíduo doente um reservatório daqueles, a
equipe multiprofissional pode se constituir num importante meio de disseminação de
infecções exógenas, tendo-se ainda a transmissão através das soluções
medicamentosas, dos materiais e equipamentos e dos alimentos, favorecendo a
implantação de germes nos novos hospedeiros, propiciando desenvolvimento de
infecções sistêmicas.
Normalmente, os microorganismos são transmitidos por contato direto ou indireto,
por meio de pequenas gotas de secreção respiratórias e pelo ar. No ambiente
hospitalar a transmissão por contato desempenha um papel importante nesta cadeia
de transmissão. Nas atividades diárias, as mãos humanas estão sempre em contato
com o ambiente ao redor e esta forma de transmissão também fica evidente.
(SANTOS, 2008).
2.1.1.1 Fatores predisponentes de infecções em UTI
A importância da higienização das mãos na prevenção da transmissão de infecções
hospitalares baseia-se na capacidade da pele em abrigar microorganismos e
transferi-los de uma superfície para outra, por contato direto, pele com pele ou
indireto, por meio de objetos. (SANTOS, 2008).
A Unidade de Terapia Intensiva apresenta em razão das suas características que lhe
são inerentes, diversos fatores que facilitam a instalação de processos infecciosos.
A própria terapêutica medicamentosa, muitas vezes utilizada em doses altas e por
períodos prolongados, dada as exigências do estado do paciente, é citada como um
dos fatores relacionado ao aumento da susceptibilidade do indivíduo. Alguns
estudos ainda relatam que o uso de antimicrobianos em grande escala, pode
proporcionar a predominância de cepas resistentes. (Gomes, 2008)
Alguns métodos invasivos, como a cateterização urinária, a intubação traqueal, a
ventilação mecânica e cateteres intravasculares são responsáveis por grande
número das infecções. As bacteremias podem ser secundárias a uma determinada
infecção ou primárias (cerca de 25%) e sem fonte identificada, mas, freqüentemente,
relacionadas a método invasivo, como os cateteres intravasculares, arteriais ou
venosos, centrais ou periféricos, e de nutrição parenteral. Os patógenos mais nh
comuns, isolados em bacteremias são S. aureus, S.epidermidis e bacilos Gramnegativos, além dos fungos. (DAVID, 1998).
Enfim, os fatores exógenos podem constituir ameaças reais à manutenção da
integridade fisiológica do indivíduo doente, por estarem relacionados tanto aos
métodos de tratamento, aos procedimentos técnicos e as instalações de
equipamentos, como as próprias características físicas da Unidade. Assim o
paciente na UTI é geralmente sensível a infecções respiratórias, urinárias e aquelas
contraídas através de pontos de menor resistência, como incisões cirúrgicas e locais
de inserção de drenos e/ou cateteres.
2.2 IMPORTÂNCIA DA LAVAGEM DAS MÃOS NA UTI
A higienização das mãos é considerada a ação mais importante no controle das
infecções nos serviços de saúde. Todavia, a falta de adesão dos profissionais a esta
prática é uma realidade constatada ao longo dos anos. (SANTOS, 2008)
Lavar as mãos! Neste prosaico ato, reside a mais importante profilaxia contra as
infecções hospitalares, que, conjugada a outras estratégias, representa medidas
imprescindíveis para o controle de infecção no ambiente hospitalar (BRUNNER e
SUDDARTH, 1990 apud MEDONÇA et al, 2003).
Os dogmas das precauções padronizadas são que todos os pacientes estão
colonizados ou infectados por algum microorganismo, quer existam sinais e
sintomas ou não, e que um nível uniforme de cautela deve ser empregado no
cuidado de todos os pacientes. Os elementos das precauções padronizadas incluem
a higiene das mãos, o uso de luvas e de outras barreiras, como máscaras e
aventais, manuseio de roupas e equipamento de cuidados do paciente, controle do
ambiente, prevenção de lesões por aparelhos pontiagudos e mudança da posição do
paciente. (SMELTZER; BARE, 2005).
Ainda para os mesmos autores, a causa mais freqüente de surtos de infecções nas
UTI’s é a transmissão pelas mãos dos profissionais de saúde. As mãos devem ser
lavadas com freqüência durante a assistência ao paciente. Independente das mãos
ficarem sujas ou contaminadas por material biológico durante o cuidado a um
paciente, as mesmas devem ser lavadas com água e sabão. Nas unidades de
terapia intensiva e em locais em que é provável a presença de organismos vivos ou
resistentes, podem também ser utilizados agentes antimicrobianos. Depois de
retiradas de objetos, como anéis, quando houver, a lavagem das mãos efetiva
requer pelo menos 15 segundos de escovação rigorosa, com atenção especial as
áreas ao redor dos leitos ungueais e entre os dedos, locais onde existe elevada
carga de bactérias. Após a lavagem, as mãos devem ser enxutas por completo.
A lavagem das mãos, assim como a desinfecção reduz a quantidade da flora normal
benignas e as bactérias transitórias, diminuído o risco de transferência para outros
pacientes, sendo que o uso das luvas não dispensa a lavagem das mãos. Mesmo
com a constatação consistente do valor da higienização das mãos na prevenção da
transmissão de doenças, muitos profissionais de saúde continuam ignorando o valor
de um gesto tão simples e não compreendendo os mecanismos básicos da dinâmica
de transmissão das doenças infecciosas. A lavagem das mãos surge como a mais
simples e mais importante medida de prevenção da infecção nosocomial. (ROMÃO,
1985 apud MENDONÇA et al 2003).
As mãos dos profissionais são as que transportam a maior quantidade de
microrganismos de paciente para paciente, para equipamentos ou ainda para
alimentos, proporcionando condições favoráveis à infecção hospitalar e, tornandose, assim, os responsáveis pela maioria das infecções cruzadas (OPPERMANN et
al., 1994 apud MEDONÇA et al, 2003).
A necessidade de lavar as mãos corretamente é reconhecida também pelo governo
brasileiro, quando inclui recomendações para esta prática no anexo IV da Portaria
2616/98 do Ministério da Saúde que referencia o Programa de Controle de Infecções
Hospitalares. Nota-se também diversas regulamentações internacionais e manuais,
elaborados por associações profissionais ou órgãos governamentais internacionais
direcionados a higiene das mãos. (SANTOS, 2008 ).
Ainda para a autora, diversas substâncias degermantes e anti-sépticas têm sido
apresentadas pela indústria e possuem diferentes habilidades em diminuir a
microbiota da pele, com variáveis níveis de proteção contra o ressecamento.
Estudos mostram que deve-se prevenir danos na pele dos profissionais de saúde,
padronizando substâncias para higienização das mãos com o menos poder de
ressecamento, estimulando o uso de hidratantes e oferecendo luvas confeccionadas
com materiais que causam menos irritação a pele.
A substituição de água e sabão por substância à base de álcool vem sendo discutida
e apresentada como uma grande virada para diminuir as lesões causadas pela
freqüente lavagem das mãos. Porém estas soluções não funcionam perfeitamente
na presença de sujidade visível ou matéria orgânica, que precisam ser removida das
mãos antes do seu uso. Uma proposta para resolução deste problema é a utilização
de tecidos contendo soluções à base de álcool, aumentando sua eficácia em
condições desfavoráveis.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo conclui que apesar da disponibilidade de equipamentos e produtos para
a lavagem das mãos e a existência de cartazes e panfletos mostrando todas as
etapas do processo e a sua importância, os profissionais ainda não realizam este
procedimento conforme as recomendações técnicas. Ainda há necessidade de se
investir em programas de treinamento para toda a equipe a fim de motivar a adesão
da lavagem das mãos entre os profissionais.
É possível afirmar, após esta pesquisa que o conhecimento sobre a lavagem das
mãos é sem dúvida considerado importante a todos, porém a prática é muitas vezes
inutilizada ou usada de forma inadequada. A maioria dos profissionais de saúde lava
suas mãos de forma corriqueira, como desenvolvem no dia-a-dia em suas
residências, ou seja, como se não estivessem no ambiente hospitalar. Se fosse
possível convencer toda a equipe hospitalar de que as mãos precisam ser lavadas
corretamente após cada procedimento, seria o primeiro passo, sem sombra de
dúvidas para o controle dos índices de infecção hospitalar, uma vez que esta é a
medida preventiva mais importante para reduzir a transmissão de microrganismo por
contato.
O grande desafio, é a adequação das técnicas já desenvolvidas, aplicando os
produtos disponíveis, à real necessidade de cada instituição, de acordo com o grau
de complexidade das ações que ali são desenvolvidas.
Este estudo mostra que principalmente na UTI, onde já tem uma predisposição de
infecção maior devido aos métodos e procedimentos invasivos a lavagem das mãos
devem ser realizadas a todo o momento, implementadas como rotina, a fim de
reduzir todos os processos infecciosos que prolongam o tempo de internação, gera
ônus e aumentam a gravidade do doente.
REFERÊNCIAS
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paciente Crítico. Disponível em: WWW.sobrati.com.br. Acesso em 26/09/2010.
CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica. 5ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2002.
DAVID, Cid Marcos Nascimento. Infecção em UTI. Medicina, Ribeirão Preto,31:
337-348, jul/set, 1998. Disponível em: wwwfmrp.usp.br. Acesso em 26/09/2010.
GOMES, Alice Martins. Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. 3ºed. rev.São Paulo: E.P.U, 2008.
GONÇALVES, Virgínia M. S. e SANTOS, Fernando M.. Lavagem das mãos no
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Revista de Enfermagem Integrada. Itapetinga: Unileste- MG- V.2-N.1- Jul/Ago 2009,
pág 152-161. Disponível em: WWW.unilestmg.br. Acesso em 13/09/2010.
MENDONÇA et al. Lavagem das mãos: adesão dos profissionais de saúde em
uma Unidade de Terapia Intensiva neonatal. Acta scientiarum health sciences.
Maringá, v.25, nº2, p147-153, 2003. Disponível em: WWW.opas.org.br. Acesso em
13/09/2010.
ORLANDO, José M.C. UTI: muito além da técnica, a humanização e a arte do
intensivismo. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.
SANTOS, A. A. M. Higienização das mãos no controle das infecções em serviços de
saúde, 2008. Disponível em: WWW.anvisa.gov.br. Acesso em: 21/08/2011.
SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. Tratado de Enfermagem Médicocirúrgica- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
ANEXO A
*Figura 1: Lavagem das mãos.
*Extraída de: enfermagem-sae.blogspot.com
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