Revista Coffea - Número 17

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ANO 6 - Nº 17 - Janeiro/Março - 2010
REVISTA BRASILEIRA DE
TECNOLOGIA CAFEEIRA
FUNDAÇÃO PROCAFÉ
CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA
ANO 6 - Nº 17 - Janeiro/Março - 2010
Neste número:
REPORTAGEM
- A festa do café em Santa Maria do Marechal-ES
03
- Cafeicultura moderna na região de São Domingos das Dores-MG
05
COMO FOI VOCÊ
- Astórico - Foi-se um amigo, ficou seu trabalho
07
PESQUISANDO
- Queda de frutos de cafeeiros em diferentes níveis de uniformidade de florada
Capa: Frutificação abundante da cultivar
Sabiá 398, bem adaptada às condições de
região quente, no ensaio em Pirapora-MG.
08
- Sabiá 398, variedade de cafeeiros arabica mais adaptada a condições de temperaturas
mais altas
09
- Resposta produtiva e econômica da irrigação de cafeeiros arabica na região de
InhapimMG
11
- Produtividade inicial de novas seleções e cultivares de cafeeiros com resistencia à
ferrugem na Zona da Mata de Minas
13
- Baixo vigor na brotação dos cafeeiros Iapar – 59, no pós-recepa, na região de montanha
do Espírito Santo
15
- Adaptação da linhagem de cafeeiros Catucai Vermelho 785/15 às condições da
cafeicultura de montanha, na Zona da Mata de Minas
16
NOTA DO EDITOR
Neste numero de nossa revista
focalizamos 9 trabalhos de pesquisa
publicados no último Congresso
Brasileiro, com destaque no desempenho
de novas variedades. Na seção de
recomendação mostramos o modo de
fazer a poda de esqueletamento, muito
usada ultimamente, o controle do mato e
as práticas para evitar o adensamento do
solo. Na seção de análise caracterizamos
o ciclo bienal de produção de café e
destacamos os desafios no manejo de
cafezais. Nas reportagens abordamos
duas regiões de cafeicultura de montanha,
na Zona da Mata de Minas e no Espírito
Santo e na série estatística analisamos a
previsão da próxima safra. Outras
matérias de interesse estão colocadas na
seção panorama, com destaque para a
ferrugem que completou 40 anos no país.
Agradecemos à Empresa
Dupont pelo patrocínio deste numero,
permitindo a manutenção da regularidade
da revista neste inicio de ano. Em função
disto a seção de produtos destaca um
trabalho técnico, que fundamenta a
recomendação de um novo inseticida para
o controle do bicho-mineiro. Um novo
ativo é bem vindo, pois a praga vem se
mostrando de difícil controle.
- Equivalencia na coleta de folhas individuais ou de pares na amostragem para análise
foliar do cafeeiro
18
- Avaliação do sistema de recolhimento Mecanizado de café
19
- Espaçamentos na linha de plantio (entre - plantas) das variedades Catuai Vermelho Iac
144 e Acaia 474/19, nas condições de solo e clima da região de Araxá - MG
21
RESPONDE
23
RECOMENDANDO
- Adensamento no solo: Como identificar, prevenir ou controlar
24
- Mato demais, mata
26
- Esqueletamento do cafeeiro: A moda e o bom modo
27
PANORAMA
- 40 anos de convivência com a ferrugem do cafeeiro no Brasil
30
- Coró das pastagens “ataca” em cafezais
30
- Encontros sobre cafeicultura se multiplicam
31
- Curso para Técnicos do ERJ em Varginha
32
- Sai a programação de Eventos da Fundação Procafé
32
- Surto de cochonilha da roseta do cafeeiro no Espírito Santo
32
ANÁLISE
- Ciclo bienal de produção de café no Brasil
33
- Desafios no manejo de cafezais
35
SÉRIE ESTATÍSTICA
- A safra de café em 2010
38
PRODUTOS E EQUIPAMENTOS
- Altacor: um novo inseticida, muito eficiente, no controle do bicho mineiro do cafeeiro
39
CARTA AO CAFEICULTOR
Aumenta a safra, a oferta cresce, e os preços...
A primeira estimativa da safra cafeeira, a ser colhida em 2010, saiu agora
em janeiro (ver matéria da série estatística nesta revista), apontando para uma
produção cerca de 20% maior do que a passada. Talvez não seja tão grande, como
previsto, pois algumas regiões produtoras, como no estado do Espírito Santo e
Bahia, vem passando por forte estiagem, de mais de 2 meses sem chuva. Também a
florada desigual está atrapalhando e resultará em menos café, de qualidade,
colhido. De qualquer modo, a oferta de café será maior e, assim, os preços, salvo
ocorra algum problema de frio no próximo inverno, deverão permanecer no atual
patamar, ou seja, sem remunerar adequadamente os custos de produção.Até os
produtores de robusta-conillon, antes motivados pela boa renda, agora começam a
reduzir os tratos.
Não podendo atuar nos preços, temos que reduzir custos, selecionando
lavouras, podando e renovando.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Reinhold Stephanes
Secretário-Executivo do MAPA: José Gerardo Fonteles
Secretário de Produção e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes Bertone
Diretor do Departamento do Café (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu Ferreira
Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/MAPA): Márcio Antônio Portocarrero
Superintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): Antonio do Valle Ramos
Fundação Procafé
Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes
REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA
Ano 6: nº 17 - JANEIRO/MARÇO - 2010.
Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de
Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia, André L. Garcia e A. V. Fagundes MAPA/Fundação Procafé, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.
Diagramação e Impressão: Gráfica Santo Antônio Ltda. - (35) 3265-1717 - Três Pontas-MG
Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva, Cláudia Sgarboza e Thais N. Braga.
Tiragem: 2000 exemplares.
Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere
37026-400 - Varginha/MG
35. 3214-1411
[email protected]
e
Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro
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É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.
www.fundacaoprocafe.com.br
REPORTAGEM
03
A FESTA DO CAFÉ EM SANTA MARIA DO MARECHAL-ES
J.B. Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida, Engs Agrs Mapa/Procafé
Fomos convidados e participamos da Festa do
café, que ocorreu no final de 2009, lá em Santa Maria,
uma comunidade no município de Marechal Floriano,
na Zona Serrana do estado do Espírito Santo.
Dois de nós (Matiello e Saulo) já conhecíamos
a região, pois vimos acompanhando os ensaios de
novas variedades, instalados nas Fazendas dos nossos
colaboradores, César Khrolling e José Stockl, já por
10 anos. Antonio Wander foi pela primeira vez, para
conhecer uma área cafeeira de montanha, uma região
de pequenos e bons produtores de café.
A viagem foi longa, quase um dia inteiro,
desde Varginha até lá. Chegamos à noitinha e já tinha
comida à nossa espera, aliás, nos 2 dias que ali
ficamos, a hospitalidade foi nota mil. A comunidade,
composta, em sua maioria, por descendentes de
alemães e italianos, nos cercou de muito calor
humano, desses lugares de interior onde a gente é
muito mais gente.
A programação de trabalho também foi muito
proveitosa. Fizemos, em companhia de líderes de
produtores e de Técnicos locais, uma visita de campo
em diversos tipos de lavouras de café e nos ensaios,
para analisarmos as suas condições e discutirmos os
problemas que estavam ocorrendo.
Na festa, pela tarde, foi organizado, pelas
associações dos produtores (ADSCM-Assoc. de
desenv. comum. de S.Maria e AGRODISMA- Assoc.
de agro descendentes. de S. Maria) um tipo de
Seminário para os produtores, com debates, onde nós,
juntamente com o colega C. Khrolling e o presidente
do INCAPER, Evair Vieira, apresentamos nossas
sugestões e recomendações.
Características da região e das lavouras
observadas
A região de Marechal Floriano apresenta
topografia acidentada, altitude elevada e muita
umidade, o que condiciona o problema de ataque das
doenças Phoma e Ascochyta. Este ataque causa perdas
de produção, pois ele é grave sempre que ocorrem
frentes frias, nesta época, coincidindo umidade e
queda de temperatura, ocorrendo infecção mais séria
sobre as rosetas, nos botões e frutinhos, presentes
entre outubro e dezembro.
No presente ano o ataque foi pequeno, pois,
Nas 2 fotos, a equipe, composta pelos colegas
Antonio Wander, Saulo e Matiello observa, junto com
os Técnicos e lideres locais, a condição e os
problemas de uma boa lavoura, podada e combinada
com bananeiras
apesar de chuvas ocorridas em out/nov, o clima se
manteve quente. Porem, como a florada foi desigual,
com a presença de botões e chumbinhos na mesma
planta, o risco de ataques futuros permanece devendo
merecer proteção através de aplicações de fungicidas
específicos. O período seco em dezembro-fev não
favoreceu o ataque de Phoma neste ciclo. Esta
estiagem prejudica bastante a produção de café na
região.
As lavouras, em sua maioria, são conduzidas
04
REPORTAGEM
Observação dos ensaios de melhoramento
genético, com a introdução e avaliação de novas
variedades de café, na localidade de Rio Fundo.
Na mesa de discussões do seminário na
festa do café, A.Wander (falando). Matiello, Saulo,
Evair e César.
em sistemas adensados, e essa condição, aliada à
declividade das áreas, torna as aplicações foliares
dificultadas, pois precisam ser feitas manualmente,
ou, em casos de produtores maiores, o que é raro, usar
canhões atomizadores tratorizados, equipamentos
caros.
Neste ano, a florada está muito desigualada,
consequência da falta de stress hídrico no período julho
setembro. Verifica-se, no entanto, que as lavouras com
menor uso de adubos nitrogenados e aquelas de
variedades mais estressadas e de floração precoce,
como o catucai 785-15 estão com comportamento
diferenciado, tendo aberto mais de 70% dos botões. Ao
contrário, aquelas podadas, com bom vigor, e da
variedade catuai atrasaram seu florescimento..
No aspecto nutricional foram observados
problemas de desequilíbrio de magnésio e carências
de boro e zinco, alem do fósforo, este em maior escala.
Isto indica que se deve usar mais o instrumento de reequilibrar a nutrição, com auxilio nas análises de solo
e de folhas.
Outra observação diz respeito aos bons
resultados na renovação de cafezais usando recepa,
com isso abrindo as lavouras e reduzindo o tamanho
das plantas, para o facilitar a colheita, operação mais
onerosa na lavoura cafeeira. Foi recomendado que
este sistema de poda seja aplicado em ciclos mais
curtos que o normal, não buscando somente a maior
produtividade, mas o manejo mais facilitado.
A combinação de cultivos é uma prática muito
interessante, adotada na cafeicultura da região. A
arborização com bananeiras mostra bons resultados,
tanto na melhoria do ambiente como na questão de
renda complementar. Foi orientada a vantagem de
manter e aumentar a diversificação nas propriedades
cafeeiras, substituindo lavouras de café pouco
produtivas. As opções que já vem sendo usadas são
eucaliptos, cedro australiano, verduras e fruteiras.
A questão crucial da região tem sido o aspecto
da renda do café. Os custos dos fatores, especialmente
da mão de obra, estão altos e existe carência de
trabalhadores de campo na região. Deste modo, o
custo de produção tem sido elevado e, por isso,
muitos produtores estão abandonando ou tratando mal
suas lavouras. A solução atual, sem melhoria de preços
do café, passa pela seleção de lavouras e tratos
melhores buscando altas produtividades, a qualidade
do café e a racionalização no uso dos insumos, com
economia na sua aquisição e, ainda, buscando, através
da Associação dos produtores, melhores condições
econômicas nas transações comerciais dos produtos.
A redução no custo da colheita é importante devendo
ser buscada com o manejo de lavouras, também mais
produtivas e de porte menor das plantas.
A observação nos ensaios mostrou bons
resultados nos trabalhos, com desempenho superior
do Catucai amarelo 2 SL, do Acauã, do Palma 2 e do
Catucai vermelho Japi, alem de outras seleções ainda
em teste. A parceria com o Mapa e Fundação Procafé,
com o acompanhamento dos ensaios, está sendo muito
útil para testagem e indicação dos materiais genéticos
mais adaptados. Alguns que vem sendo indicados
Lavoura mal tratada, já comum na região, resultado
da falta e alto custo da mão de obra e da baixa renda
com a lavoura cafeeira.
REPORTAGEM
pelos órgão Oficiais regionais, seriam contra
indicados de acordo com os resultados nesses ensaios,
citando-se as variedades Iapar 59, o Paraiso e o Tupi.
Conclusões da viagem
As observações de campo e os contatos e
discussões efetuados foram importantes para o melhor
conhecimento dos problemas e de suas soluções.
Os aspectos técnicos mais relevantes na região
são o manejo de podas mais freqüentes nas lavouras, a
sua proteção contra Phoma, a nutrição mais
equilibrada, a seleção de lavouras e sua substituição e
ou renovação, a combinação de cultivos e o uso de
05
variedades mais adaptadas, combinando tipos de
maturação e maior tolerância às doenças.
No aspecto de renda, deve-se buscar maiores
produtividades e redução de custos, com apoio em
políticas governamentais que procurem a regulação de
oferta, preços de garantia, crédito e outros
mecanismos, para se contrapor à desvalorização
cambial do dólar.
Deve-se louvar a boa organização e o alto
nível social da comunidade de Santa Maria do
Marechal e o espírito de colaboração dos produtores
para com o trabalho técnico de experimentação, cujos
resultados estão beneficiando toda a região.
CAFEICULTURA MODERNA
NA REGIÃO DE SÃO DOMINGOS DAS DORES-MG
A cafeicultura de montanha em São Domingos
das Dores, na Zona da Mata de Minas, está de parabéns.
Com o uso de tecnologia, lavouras de alta produtividade
podem ser vistas em diversas propriedades, a exemplo do
que ocorre nas Fazendas reunidas L e S, uma espécie de
condomínio familiar, que visitamos recentemente, em
companhia de vários colegas do ex-IBC, que atuam na
região, citando-se os Engs. Agrs.Sérgio Stevanato, Edmar
Sobreira e Ubiratan Barros, alem de diversos outros
técnicos e produtores. A visita foi acompanhada dos
proprietários das Fazendas L e S e do Eng. Agr. Marcio
Carvalho, que coordena a área técnica.
A região cafeeira si situa em altitudes ente 600 e
800 m, abrangendo áreas de 3 municípios, sendo, alem de
São Domingos, São Sebastião do Anta e Imbé, os quais, em
conjunto, tem uma área cafeeira estimada em 11mil ha..
Alem disso, no município vizinho, Inhapim, outras áreas
cafeeiras, de clima mais quente, em altitudes na faixa de
500- 600 m, vem sendo desenvolvidas para café irrigado.
Bons resultados na irrigação e com novas variedades
Visitamos, inicialmente, as lavouras irrigadas e o
experimento com e sem irrigação, das variedades Acauã e
Os colegas, Engs. Agrs, J.B. Matiello, Márcio
Carvalho e Edmar Sobreira, no meio do campo de
clones de Conillon, a 790 m de altitude, em S.D das
Dores-MG
Vista geral de renques de eucaliptos no cafezal,
situados junto aos carreadores, em lavoura em São
Domingos das Dores, Z.Mata-MG
Catucai 785/15. Vimos o grande diferencial produtivo pela
irrigação(por aspersão em malha), que, na média de 2
safras, mostra uma produtividade de 88 scs/ha, 53% a mais
do que as parcelas não irrigadas. Ali também visitamos um
campo de introdução de clones de robusta, o qual está
repetido na região de altitude mais elevada, em São
Domingos, para comparação. As plantas estão com alta
carga, na primeira safra, com destaque para os clones 2 e 3.
Em São Domingos verificamos os ensaios no
Campo Experimental, com destaque para um
de
competição de 38 itens, cujas sementes foram enviadas pelo
Mapa/Fundação Procafé e que faz parte de um ensaio
nacional, instalado nas diversas áreas cafeeiras, nos estados
de Minas Gerais, E. Santo, São Paulo e Bahia. Estando as
plantas com 2 anos de campo, já se vê uma pequena carga
inicial e o bom desenvolvimento de vários materiais
genéticos novos. Observamos, também, uma área de café
super adensado, com a variedade Catucai 785-15, irrigado,
do qual se espera cerca de 140 sacas/ha na primeira safra.
Aliás, o plantio de Catucai está se expandindo na região, em
substituição ao tradicional Catuai vermelho IAC 44, tendo
obtido grande aceitação pelos produtores.
Tratando-se, em muitas áreas, da substituição de
06
REPORTAGEM
Detalhe do renque de plantas de eucalipto, bem
próximas, na parte superior do carreador, abaixo do
barranco.
Detalhe da boa frutificação, na 1ª safra, no clone 3 de
conillon, nas Fazendas L e S, a 500 m de altitude, em
Inhapim-MG
cafezais velhos, onde a população do nematóide M.
exígua veio se acumulando, o Catucai e também o Acauã,
tolerantes a esse nematóide, vem tendo melhor
desempenho do que o Catuai.
Diante dos bons resultados alcançados, a difusão
das tecnologias deve ser feita para atender a um grande
numero dos produtores da região. Dias de campo tem sido
realizados anualmente. Neste ano vai ser dia 20 de março
de ventos frios, principalmente em regiões de altitudes
elevadas.
Segundo nosso eterno e saudoso professor Dr.
Ângelo P. de Camargo, devem ser implantados renques de
árvores. Ele nos ensinou que as árvores devem ser retas,
flexíveis, não caducifólias, apresentando bom
crescimento, sistema radicular profundo, para explorar,
principalmente, áreas de solo não atingidas pelas raízes
dos cafeeiros. Elas devem ter boa resistência a ventos,
poucos problemas com pragas e doenças, sendo, também,
importante a ausência de frutos ou sementes semelhantes
aos do café (para não misturar com aqueles, no chão) e a
sua utilidade paralela, como fruteira, planta industrial ou
madeira é também desejável.
A planta que preencheria o maior número dessas
características desejáveis é a Grevillea robusta, porem ela
cresce mais lentamente e apresenta problemas de
formigas e doenças de tronco, sendo de difícil
implantação e manutenção.
Na Zona da Mata de Minas vimos que foi
encontrada uma boa solução para quebra ventos, por
incrível que pareça, com o uso de renques de eucaliptos
nas lavouras de café. Sabe-se que o eucalipto é uma planta
que cresce muito bem, uma vantagem na instalação rápida
do renque quebra ventos. Por outro lado, sabe-se,
também, que o eucalipto é exigente em água, e, assim,
concorreria muito com os cafeeiros.
A melhor opção encontrada consistiu em plantar o
renque de eucaliptos nos carreadores/estradas, logo abaixo
do barranco, ou seja, na margem superior e dentro das
estradas. Com isso, o sistema radicular das árvores se
desenvolve em nível mais baixo em relação aos cafeeiros
acima. Por sua vez, em relação aos cafeeiros abaixo da
estrada, a maior distância reduz a concorrência. No renque
os eucaliptos são plantados juntos, cerca de 1m entre
plantas, com o objetivo de, também, fornecer madeira para
a secagem do café. Quando em tamanho adequado as
árvores são cortadas, para lenha, sendo raleadas e
aproveitadas de forma intercalada, deixando sempre 30%
de plantas adultas, com isso reduzindo sua concorrência. A
rebrota é aproveitada, para corte futuro, podendo-se, ainda,
caso se queira, deixar árvores sem cortar, cada 5-10 m, para
produção futura de madeira serrada.
Eucaliptos no cafezal
Uma outra observação muito interessante feita na
região foi a experiência local com a instalação de quebra
ventos.
Sabe-se que os renques de quebra ventos em
cafezais são importantes para reduzir o efeito prejudicial
Detalhe das plantas de eucaliptos cortadas (vendose a lenha empilhada), já com a brotação conduzida
(2 brotos/pl) e as árvores que ficaram para madeira.
Vista geral do ensaio nacional, de 38 itens, no
campo experimental, em S.D. das Dores-MG
COMO FOI VOCÊ
Astórico
07
Foi-se um amigo, ficou seu trabalho
Mudamos o nome dessa seção da revista,
normalmente denominada “como vai você”, para
homenagear um grande colega e amigo, nosso e da
cafeicultura na Zona da Mata de Minas. Estamos
falando do Astórico, que nos deixou,
prematuramente, em 01/02/2010.
Astórico Ribeiro Queiroz nasceu no Rio de
Janeiro em 1950, filho de familia de militares. Se
formou em Agronomia em 1973 pela Universidade
federal Rural do Rio de Janeiro, no Km 47, em
Itaguaí.
Começou seu trabalho com café no IBC, na
Divisão Regional de Assistência à Cafeicultura, em
Caratinga, na Zuna da Mata mineira, em 1976. Ali
trabalhou até 1990, quando a autarquia foi extinta.
Desempenhou, nesse período, a coordenação de
trabalhos de AT junto aos Escritórios Locais,
distribuidos na região, atuando na execução do Plano
de renovação de Cafezais, no de Controle à Ferugem e
outros, destacando-se o trabalho de previsão das safras
de café. Em seguida, continuou a atuar no setor
cafeeiro, agora no Mapa/Procafé, atuando na área de
pesquisas, na Fazenda Experimental de Caratinga. Ali
foi muito importante na seleção de plantas do
Sarchinovo, depois denominado Acauã. Também
atuou na seleção e fomento do material de Katipó, que
vem sendo plantado regionalmente. Atuou, junto com
o colega Miguel, na seleção do Catucai 785, no
desenvolvimento e distribuição da linhagem de Catuai
amarelo 32 e, ultimamente, colaborou na seleção de
um novo material, híbrido entre o catuai e o bourbom
amarelo, que vem apresentando bom potencial.
Nos últimos anos, por força da sua lotação no
MAPA, passou ao serviço de Fiscalização
Agropecuária, atuando no setor de sementes e
mudas. Porem, Astórico nunca se desligou do café.
Sempre esteve presente e coordenava muitas mesas
de trabalho nos Congressos Brasileiros de Pesquisa,
participava dos Seminários e dias de campo em
diversas regiões cafeeiras.
Astórico sempre foi uma pessoa capaz e
atualizada em sua área, sendo extremamente sério,
honesto e responsável, daqueles que hoje em dia
existem poucos. Por isso era considerado como
bravo. Na realidade, ele não contemporizava com
coisas erradas, com pessoas desonestas. Este bom
exemplo sempre nos deu.
Astórico já estava planejando se aposentar,
ainda neste ano. Foi morar em Leopoldina-MG, com
sua esposa Regina. Ali pretendia descansar.
Certamente não ia abandonar o setor cafeeiro, que
tomou boa parte de sua vida. Sua retirada foi forçada
pelo destino. Bom descanso nosso saudoso colega.
Sua contribuição ficará.
PESQUISANDO
08
QUEDA DE FRUTOS DE CAFEEIROS EM DIFERENTES
NÍVEIS DE UNIFORMIDADE DE FLORADA
J.B. Matiello, S.R. Almeida e C.H.S. Carvalho, Engs. Agrs. Mapa/Procafé e Embrapa-café
e Lázaro S. Pereira, Eng. Agr. Fda Ouro Verde.
A queda de frutos do cafeeiro ocorre com
maior intensidade no período do inicio de seu
enchimento (granação), que vai de 80-100 dias pósflorada. Os trabalhos de pesquisa tem mostrado que a
queda dos chumbinhos está muito ligada ao nível de
enfolhamento das plantas na pré e pós floração
(Matiello Almeida e Miguel Anais do 4º CBPC,
p.268, 1976).
A queda de frutos é explicada diante da
floração profusa (intensa) do cafeeiro e, na granação,
a planta deixa cair os frutos de forma proporcional às
suas reservas disponíveis, as quais, em sua maioria
,são depositadas na folhagem velha da planta, por
isso, quanto mais enfolhada a planta, ou mesmo o
ramo, maior vai ser o pegamento da florada e dos
frutos.
O cafeeiro possui, em condições normais,
floradas um pouco desiguais, normalmente 2-4
floradas no período out-dez, motivadas pelo
amadurecimento desuniforme das gemas florais
seriadas. Em função dessa desigualdade, tem sido
observado, no campo, que na época da queda de
frutos parece ocorrer, sempre, maior queda daqueles
que se encontram menores, correspondentes às
últimas floradas. Os trabalhos de fisiologia do
cafeeiro justificam esse comportamento pelo que
chamam de efeito dreno, com os frutos maiores, com
pedúnculo de vasos também maiores, carreiam mais
Frutos de idade
semelhante caem
menos das rosetas
A queda de frutinhos do cafeeiros
ocorre mais em ramos com várias floradas
facilmente as reservas para eles, em detrimento
daqueles Em seguida ao semeio peneira-se uma
camada fina do substrato sobre as sementes e está
pronto. No presente trabalho objetivou-se
quantificar a queda de frutos em cafeeiros e Em
seguida ao semeio peneira-se uma camada fina do
substrato sobre as sementes e está pronto. m
condições de cafeeiros irrigados, onde se provocou
um stress hídrico visando maior uniformidade de
florada. Trabalho anterior dos autores, na mesma
região, quantificou a queda de frutos em plantas na
primeira safra, bem tratadas e com bom
enfolhamento, verificando que a queda média foi de
%dos frutos (Matiello et alli, Anais do 34º CBPC, p.
2008).
Na safra de 2009 deu-se continuidade ao
trabalho, realizado na Fazenda Ouro Verde em
Bocaiuva-MG, em cafeeiros Catuai na 2ª safra,
irrigados por pivô Lepa. Após o stress hídrico, as
plantas floresceram em meados de setembro e até
fins de outubro. No inicio de novembro verificou-se
que as plantas que ficavam na parte mais central do
pivô, as quais, pelo melhor suprimento de água
(Lepas de menor vazão e deslocamento mais lento,
com melhor infiltração) apresentavam frutos de 2
floradas bem distintas. Tomou-se, então, 10 dessas
plantas, bem uniformes em produção e, na mesma
área, também 10 plantas que apresentavam
PESQUISANDO
09
uniformidade de tamanho dos frutos. Foi avaliada,
em 4 ramos ao acaso, no terço médio das plantas, a
percentagem de frutos em cada florada nas 2
situações de plantas.
As plantas foram marcadas e semanalmente
contou-se os frutos caídos no chão.
Resultados e conclusões
Os resultados médios da queda de frutos nas 2
condiçoes de uniformidade de florada avaliados
constam, de forma resumida, e a produção de frutos
na colheita estão colocados no quadro 1.
Quadro 1 - Resultados de queda de frutos em cafeeiros irrigados, em plantas com diferentes estágios de frutos, Bocaiuva-MG, 2009
Verificou-se que a percentagem de frutos
caídos nas plantas onde a frutificação estava
desuniforme foi mais que o dobro daquela observada
nas plantas onde quase 90% dos frutos
correspondiam a uma mesma florada.
Verificou-se, ainda, que os níveis de queda
observados nas plantas com frutificação mais
desuniforme foram os normais, entre 15-20%,
encontrados em outros trabalhos, quando se trata de
plantas bem enfolhadas. Almeida et alli (já citado)
mostrou que em plantas desfolhadas artificialmente a
parcela de frutinhos caídos correspondeu a 19% com
plantas sem desfolha, passando para 40% de queda com
60% de desfolha e para 100%, em relação à produção
que ficou na planta, quando a desfolha foi de 90%.
Observou-se que na condição de florada mais
uniforme a queda correspondeu a apenas 6% da
produção.
Os resultados obtidos indicam que a
uniformização na floração e na frutificação resulta
em menor queda de frutos.
Uma observação complementar, de
crescimento da ramagem, foi feita em caráter
preliminar nas plantas do campo. Verificou-se que
onde a floração foi mais uniforme o crescimento de
pares de folhas nas plantas ficou quase paralisado no
período de enchimento dos frutos, com poucas folhas
novas.
SABIÁ 398, VARIEDADE DE CAFEEIROS ARABICA MAIS
ADAPTADA A CONDIÇÕES DE TEMPERATURAS MAIS ALTAS
J.B. Matiello, S.R. Almeida e C.H.S. Carvalho, Engs. Agrs. MAPA Procafé e Embrapa-Café
e E.C. Aguiar, V. Josino e R. A. Araújo, Agrop. São Thomé
O objetivo do presente trabalho é o de relatar
a boa adaptação e as características especiais de
indução da floração observadas na variedade Sabiá
398, quando cultivada em condições de temperaturas
mais altas, como as que ocorrem na região Norte de
Minas Gerais.
A cultivar Sabiá 398 vem sendo
desenvolvida desde a época do IBC, seguindo-se a
seleção, pela mesma equipe, no Mapa/Fundação
Procafé, com base num híbrido entre o Catimor e o
Acaiá. O material foi liberado para plantio a partir de
2002, após 4 gerações de seleção em Varginha.
O material de Sabiá foi e continua sendo
testado em vários ensaios regionais, principalmente
nas regiões tradicionais de café arábica, como no Sul
de Minas, Triângulo Mineiro, Zona da Mata de
Minas, Sul do Espirito Santo e Bahia. Em todas as
regiões tem sido comprovada a alta capacidade
produtiva da Sabiá, sempre se situando entre os mais
produtivos dos ensaios, superando até, na maioria
das vezes, a produtividade do padrão usado,
linhagem de Catuai, como se sabe muito produtivo.
10
Veja-se essa comprovação através dos resultados de
produção extraídos de 3 ensaios, sempre em
comparação com o padrão, conforme inclusão no
quadro 1.
PESQUISANDO
Quadro 1 - Produtividade da variedade Sabiá 398, em
comparação com o padrão, em 3 ensaios, Martins Soares e
Varginha - MG, 2009
Além desse bom comportamento nas regiões
típicas de cafeicultura de arábica, o que tem chamado a
atenção, nos últimos anos, é a capacidade de adaptação
da variedade Sabiá 398 às condições de clima mais
quente. Este bom desempenho vem sendo verificado
em ensaio conduzido em Pirapora-MG, em altitude de
520m e temperatura média anual de 24,3º C.
No ensaio em Pirapora, no Campo
Experimental da Agropecuária São Thomé, os
cafeeiros foram plantados em março de 2005, no
espaçamento de 3,6 x 1 m, com parcelas de 6 plantas
e 3 repetições e já se dispõe de 3 safras . São
comparados 40 itens, tendo como padrão o Catuai
IAC 144. Na média das 3 safras o Sabiá 398 aparece
como o material mais produtivo, com média de 77
sacas;ha, conforme pode-se observar no quadro 2.
Quadro 2 - Produtividade, em 3 safras, da variedade Sabiá
398, em ensaio com diversas variedades, comparativo com o
padrão e outros materiais em competição, Pirapora-MG,
2009
Detalhe da boa frutificação em cafeeiro da cultivar
sabiá 398, no ensaio em Pirapora-MG
A observação dos dados de produtividade
de alguns itens do ensaio, no quadro 2, mostram
que a variedade Sabiá, alem de manter a maior
média, foi muito mais produtiva que as demais em
2008, safra que apresentou problema de
abortamento de florada, devido a que as chuvas de
abertura de florada só ocorreram no inicio de
dezembro de 2007. As observações em campo
PESQUISANDO
11
mostraram que as plantas da Sabiá 398 abriram a
florada normalmente. Para a safra de 2009,
começou-se o stress mais cedo, em julho/agosto de
2008 e retomou-se a irrigação também mais cedo,
no final de agosto/08 e todas as variedades tiveram
abertura normal de florada e boa produtividade em
2009.
Pelos resultados de produtividade obtidos e
diante das observações sobre o comportamento da
floração no ensaio, concluiu-se que:
a) A variedade Sabiá 398, alem de apresentar boa
produtividade nas regiões típicas de cafeicultura de
arábica, possui boa adaptação e altas produtividades
também nas regiões mais quentes.
b) A adaptação da Sabiá 398 às regiões quentes está
ligada à sua capacidade de floração normal, mesmo
sem stress ou diferencial hídrico.
Parcela de cafeeiros da cultivar Sabiá 398, na
primeira safra, no ensaio em Pirapora-MG
RESPOSTA PRODUTIVA E ECONÔMICA DA IRRIGAÇÃO
DE CAFEEIROS ARABICA NA REGIÃO DE INHAPIM-MG
M.L. Carvalho, Eng. Agr. Faz. L e S, J.B. Matiello, Eng. Agr. MAPA/Procafé e
U.V. Barros, Eng. Agr. Central Campo e C.M. Barbosa, Tec. Agr. Café Brasil
A região de Inhapim, situada no Vale do Rio
Doce em Minas Gerais, é considerada inapta para a
cafeicultura de café arábica, pois boa parte da região
está situada em faixa de altitude em torno de 500 m,
tendo temperatura média anual em torno de 23º C,
chuvas anuais na faixa de 900-1000 mm e déficit
hídrico de cerca de 250-300mm/ano. Nessas
condições seria indicado adequar o suprimento de
água aos cafeeiros, através do uso de irrigações
suplementares, para atender aos períodos de déficit,
restando dúvidas quanto à resposta produtiva de
cafeeiros arábica em região com temperatura mais
alta e sobre o beneficio custo da irrigação.
Com o objetivo de estudar as respostas
produtivas de cafeeiros arábica na região de Inhapim
e quantificar os custos da irrigação foi conduzido um
ensaio no período de 2007-09, num projeto de
irrigação instalada no Sitio Moinho D”água, em
Grupo de Técnicos visita a área irrigada,
550 m de alt. em Inhapim-MG
Inhapim, em área com 550 m de altitude, solo lva
argiloso(58%de argila). O estudo foi efetuado em
uma área irrigada de cerca de 13 ha de cafezal, sendo
10 ha da variedade Acauã e 3 ha de Catucai 785/15. O
PESQUISANDO
12
plantio da lavoura foi efetuado em jan/fev/2005, no
espaçamento de 2,5 m x 0,6m. O tipo de irrigação
instalado foi o de aspersão fixa de baixa vazão, com
aspersores de 18x18m, com vazão de 1,6 m3/h e o
turno de rega de 8 dias. A irrigação começou a
funcionar após o plantio dos cafeeiros e na safra de
2007 a lavoura produziu já 60 scs/ha.
A partir de setembro de 2007instalou-se na
área 2 parcelas comparativas para efeito de
avaliação da resposta da irrigação na produtividade.
Uma parcela sem irrigação foi formada deixando-se
a área correspondente a 4 aspersores, no meio da
área do Acauã, sempre com os aspersores desligados.
Resultados:
a) Irrigação necessária
Os dados relacionados com a irrigação, no
período entre setembro/07 e agosto/08, foram os
seguintes: Evapotranspiração registrada ETC= 1156
Cafeeiro Acauã irrigado, com grande floração,
indo para 3ª safra, Inhapim-MG
mm; chuva total de 917 mm; lamina bruta
irrigada(LBI)= 546 mm; balanço hídrico, 440 mm
negativos, em set-out 2007, mar-mai-jun-jul-ago de
2008, com 208 mm de excesso em nov-dez-jan - fev e
abr de 2008, dando um balanço negativo ou déficit de
232 mm. Como a irrigação, muitas vezes, era feita e
depois chovia, a lamina bruta aplicada chegou a 546
mm, havendo sobra de 314 mm, embora a eficiência
da lamina bruta aplicada possa ser considerada com
15 % de perdas e nesse caso a sobra, para o lençol
seria menor.
No período entre set/08 e ago/09 os dados de
irrigação foram os seguintes: ETC =1156 mm,
precipitação: 1207 mm, balanço hídrico = 344 mm
negativos, lâmina bruta de irrigação: 292 mm.
b) Custo da irrigação
Nos 12 meses do ano agrícola 2007/08 foi
gasto um total de 1576 horas de bombeamento.
Nesse período o custo da energia ficou R$ 14790,00
e da mão de obra operacional em R$ 5085,00,
ficando, assim, um custo de irrigação de R$1565,00
por ha.
No ciclo agrícola 2008/09 a irrigação
trabalhou 843 horas, com gasto de energia: de R$
576,09/ha, mais mão de obra com encargos: R$
284,72/ha, totalizando no ano R$ 860,81/ha ou o
valor de R$ 2,95 por mm irrigado.
Na média dos 2 anos, o gasto com a irrigação
ficou em R$ 1212,00/ha/ano.
c) Produtividade e retorno
Os dados de produção obtidos na safra de
2008 e 2009 estão incluídos no quadro 1.
Quadro 1 - Produtividade, rendimento e peneira dos frutos e grãos em cafeeiros com e sem irrigação em Inhapim-Mg, 2009.
No primeiro ciclo de irrigação, houve um
diferencial produtivo, em favor da irrigação, de
70,8 scs/ha, ou seja, um acréscimo de 204% pela
irrigação. No segundo ano os cafeeiros do
tratamento sem irrigação, que produziram pouco
em 2008, se recuperaram e produziram 10 sacas a
mais que os irrigados em 2009. Na média das 2
safras o diferencial produtivo em favor da irrigação
ficou em 53%
O cálculo do retorno econômico, o custo
benefício, da irrigação deve considerar de um lado o
custo operacional, mais a amortização do custo de
instalação da irrigação, que nesse projeto ficou em
R$ 5084,00/ha. Se considerada uma amortização em
10 anos, o que é muito seguro, teríamos um custo
total por ha de R$ 508,40 mais R$ 1212,00, ou.
PESQUISANDO
13
1720,40 por ha/ano. Do outro lado, um aumento de
produtividade de apenas 7 sacas de café
(250,00/saca) já pagaria o custo adicional da
irrigação. Com acréscimo médio de produtividade de
30,4 scs/ha o retorno liquido da irrigação foi de cerca
de 23 sacas/ha.
Conclui-se que:
a) Com a irrigação racional e o manejo adequado da
lavoura é possível obter altas produtividades de café,
em variedades de cafeeiros arábica, em áreas de
altitudes mais baixas, na região de Inhapim e
similares no VR Doce em Minas.
b) A irrigação resulta num grande acréscimo de
produção em relação às áreas não irrigadas e seu
retorno econômico é altamente positivo.
O trabalho de avaliação terá continuidade por
mais 2 safras.
PRODUTIVIDADE INICIAL DE NOVAS SELEÇÕES E CULTIVARES DE
CAFEEIROS COM RESISTENCIA À FERRUGEM NA ZONA DA MATA DE MINAS
U.V Barros, Eng. Agr. Central Campo, J.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. MAPA/Procafé e
C.H.S. Carvalho, Eng. Agr. Embrapa/Café.
Um ensaio vem sendo conduzido no período
2003-09, com o objetivo de testar novas seleções de
cafeeiros com resistência à ferrugem, em competição
com cultivares/linhagens recentemente lançadas
para plantio, verificando sua adaptação às condições
ambientais da cafeicultura na zona da Mata de
Minas, região onde a doença encontra, pela
temperatura e umidade, boas condições de
desenvolvimento e, onde, pela declividade das áreas
e pelo adensamento nas lavouras, torna-se difícil o
seu controle químico.
O ensaio encontra-se instalado no sitio João
de Barro, em Manhuaçu, a 750 m de altitude. O
plantio foi feito em dez/2003, no espaçamento 2,0 x
0,6 m, em blocos ao acaso, com 3 repetições e
parcelas de 10 plantas. Estão sendo ensaiados 37
materiais, conforme discriminação constante do
quadro 1, constado, em sua maioria, de progênies
selecionadas na FEX-Varginha, 2 materiais vindos
do Timor e variedades oriundas da EPAMIG.
Os cafeeiros tiveram o trato usual, com
adubações de acordo com a recomendação para a
região, não recebendo tratamento especifico contra a
ferrugem, apenas usando-se 3 aplicações anuais de
mistura de sais mais fungicida cuprico, para correção
de deficiências e proteção contra cercosporiose.
As avaliações constaram do controle da
produção das parcelas, tendo já sido obtidos dados
em 4 safras, de 2006, 2007, 2008 e 2009, que
oferecem informações sobre a capacidade produtiva
Os colegas Engs, Agrs. Ubiratam e Ataides posam
em frente à parcela de cafeeiros da cultivar IBCPalma 2 , no ensaio, em Reduto-MG
inicial das diferentes seleções e permite novas
seleções das melhores plantas.
Resultados e conclusões:
Os resultados das produções dos cafeeiros
das parcelas do ensaio foram transformados em sacas
por hectare, constando, nas 4 safras separadas e sua
média, no quadro 1.
A observação dos resultados médios de
produção nas 4 safras permite agrupar as seleções em
4 grupos de produtividade alcançada: No 1º grupo,
com mais de 50 scs/ha, destacaram-se as seleções de
IBC-Palma 2, o Sarchimor amarelo(Arara) e o Sabiá
398, e os Catucais Amarelos 3SM, 24/137, 3/5 e
planta nova e Catucai vermelho 20/15 e C 8, no 2º
14
grupo, com produtividade entre 40-50 scs,
destacaram-se o Bem-te-vi vermelho, Catucai
amarelo30/2 e 20/15 C. 479, o Acauã C 1 e o
Sacramento. No 3º grupo, com comportamento
produtivo intermediário, entre 30-40 sacas/ha, se
PESQUISANDO
colocaram o padrão Catuai 44, IBC Palma 1 e o
Catiguá. No 4º grupo produzindo na média de 4
safras menos de 30 sacas/ha, sendo o pior
comportamento para o Bourbon amarelo, o Híbridos
do Timor e Obatã vermelho.
Quadro 1 - Produções, em sacas por ha, em 4 safras,. em cafeeiros do ensaio de novas seleções com resistência à ferrugem,
Manhuaçu-MG,2009.
Conclui-se que: existe um bom número de seleções muito promissoras, com comportamento
produtivo superior ao padrão Catuai/44, usado nos plantios comerciais na região. Os destaques, no conjunto,
com maior produtividade, ficaram para o Palma 2, Sabia 398,várias seleções de Catucai amarelo (3SM,
2SL,24/137, planta nova, 6/48, 3/5,, 20/15 c. 479), o Sarchimor amarelo, o Bem-te-vi vermelho e o Catucai
vermelho 20/15.
PESQUISANDO
15
BAIXO VIGOR NA BROTAÇÃO DOS CAFEEIROS IAPAR – 59,
NO PÓS-RECEPA, NA REGIÃO DE MONTANHA DO E. SANTO
C.A. Krohlling, Eng. Agr. Consultor e J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé
O vigor vegetativo das plantas é uma
característica muito importante nas variedades /
linhagens de cafeeiros, dela dependendo a
recuperação das plantas após uma safra alta. Plantas
com bom vigor resultam, no geral, em médias
produtivas bienais maiores. Também após podas,
especialmente naquelas drásticas, como a recepa
baixa, as plantas menos vigorosas tem dificuldade de
recuperação nas brotações, apresentando brotos mais
fracos e em casos mais críticos de falta de vigor os
cafeeiros nem chegam a brotar, as plantas acabam
morrendo.
O vigor vegetativo é uma característica
ligada à genética do material, sendo, assim,
recomendada a observação dessa característica
quando da escolha da variedade para plantio.
Na região de cafeicultura de montanha, no
Estado do Espírito Santo, tem sido fomentado o
plantio de uma variedade já conhecida como de
baixo vigor, a IAPAR-59, a qual, nos ensaios, tem
evidenciado boa produtividade nas safras iniciais,
porem apresentando perda significativa de vigor e
produtividade após a terceira safra.
Sabe-se que se pode atenuar, um pouco, os
efeitos de baixo vigor, por um ambiente muito
favorável, como o cultivo e m áreas mais frias e
sombreadas, de bom regime hídrico, com adequado
trato nutricional e plantio adensado, que
condicionam menor stress após as produções.
No presente trabalho objetivou-se avaliar o
vigor vegetativo da variedade IAPAR-59 nessas
condições de ambiente favorável, presente na
cafeicultura de montanha do Espírito Santo, diante
da sua indicação feita pelo Programa da Renovação
de Cafezais no Estado.
O estudo foi feito em Santa Maria do
Marechal, em altitude de720m, solo lvah.
Em 2 talhões vizinhos, sendo um de IAPAR59 e outro do Catuai IAC-44, plantados em
plantados em março/99 no espaçamento de 1,50 x
0,70m, foi realizada a poda, por uma recepa baixa (20
cm) em outubro de 2008, ou seja, com 9 anos e 7
meses após plantio, devido ao fechamento da lavoura
e dificuldade de colheita. Os talhões sempre
conduzidos sob manejo de boa nutrição e tratos
culturais adequado..
Em março de 2009, 5 meses após a recepa,
avaliou-se, comparativamente, o estado das
brotações em 5 linhas contíguas em cada talhão, cada
uma com 30 plantas, perfazendo 150 plantas
avaliadas cada variedade. Determinou-se o numero e
a percentagem de plantas que apresentavam ou não
brotações.
Para a análise estatística foi utilizado o
programa STATISTICA 7.0. A média dos valores
encontrados foi comparada pela teste t de Student ao
nível de 5% de significância. A normalidade dos
dados foi testada de acordo com Zar (1999).
Resultados e conclusões:
Os resultados das plantas avaliadas quanto ao
estado das brotações dos cafeeiros, no pós- recepa,
para as 2 variedades em comparação, constam do
quadro e estão demonstrados na figura 1.
Verifica-se um grande diferencial no
percentual de plantas que não apresentaram
brotações na comparação entre as duas variedades. A
IAPAR-59 apresentou falhas em quase metade das
plantas (46,7 %), enquanto na Catuai essas falhas
foram muito pequenas (4 %).
Quadro 1 - Cafeeiros com brotação, aos 5 meses pósrecepa baixa, em plantas de 2 variedades, S.M. MarechalES, 2009.
PESQUISANDO
16
Os resultados da análise estatística mostrou
que para o teste de Test t (p= 0,031) a rebrota do
IAPAR-59 foi significativamente menor (p =0,031) em
relação ao cultivar Catuaí Vermelho IAC-44 (Figura 1).
Figura 1 - Porcentagem de
rebrota entre as cultivares Catuaí
Vermelho IAC-44 e IAPAR-59.
condições ambientais de cultivo na cafeicultura de
montanha do E. Santo, permitem concluir que:
a) A variedade IAPAR-59 apresenta baixo vigor na
recuperação da brotação pós-recepa, com perda que
quase metade do stand de plantas.
b) O baixo vigor ocorre mesmo sob condições de
ambiente e manejo favoráveis.
c) A variedade IAPAR-59 não é adequada ao cultivo
a médio-longo prazo, onde se necessita ciclos de
poda e um maior numero de safras antes de substituir
as lavouras.
Brotação normal em cafeeiros do lote
de catuai vermelho IAC 44
A falta de brotação nas plantas evidencia o vigor,
bastante inferior na IAPAR-59, em relação ao Catuai,
mesmo nas condições ambientais e de manejo
favoráveis. Esta falta de vigor prejudica muito a média
produtiva a médio prazo. Veja-se o exemplo das
produtividades verificadas em ensaio na Zona da Mata
de Minas, em condições também de cafeicultura de
montanha, adensada, que na média de 8 safras o IAPAR59, mesmo resistente à ferrugem, produziu apenas 49
scs/ha, o Catuai ficando com 67, outro Sarchimor, o
1669-13, ficando com 74 sacas, o Sarchimor AmareloArara, com 87 sacas e o melhor Catucai Amarelo
24/137, com média de 101 scs/ha, na média de 8 safras
(Matiello et alli, Anais do 34º CBPC, 2008).
Como a prática de recepa é muito usada e
indicada em lavouras adensadas, visando a reabertura e a recuperação da copa, em áreas com
fechamento grave, é necessário contar com
variedades que tenham boa recuperação nas
brotações pós-poda.
Os resultados obtidos, e o conhecimento das
Pequena brotação, irregular, pós
recepa, na área de cafeeiros Iapar 59,
mesmo com proteção por bananeiras.
ADAPTAÇÃO DA LINHAGEM DE CAFEEIROS CATUCAI
VERMELHO 785/15 ÀS CONDIÇÕES DA CAFEICULTURA DE
MONTANHA, NA ZONA DA MATA DE MINAS
J.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. MAPA/Procafé e G.N. Rosa, Eng. Agr. e
Sinésio Leite Filho, Tec. Agr. CEPEC-Heringer
A linhagem de Catucai vernelho 785/15 foi
originária de um cruzamento natural entre o Catuai e
o Icatu 785, identificado na região da Zona da Mata
de Minas, com seleções feitas no IBC, em Caratinga
e, depois, no CEPEC em Martins Soares.
Vários ensaios de competição foram
PESQUISANDO
A cultivar Catucai 785/15 está substituindo o
tradicional Catuai/44, na foto vendo-se o toco de
lavoura velha, que tinha cerca de 30 anos e muita
infestação por M. exígua.
conduzidos para avaliar as condições produtivas e a
resistência da linhagem 785/15 nas condições da
cafeicultura de montanha. Bons resultados de
produtividade, tolerância à ferrugem e resistência ao
nematóide M. exígua foram obtidos, cujos dados
foram publicados em diversos trabalhos. No entanto,
a aceitação de uma nova variedade pelos
cafeicultores, deve ser feita de forma gradativa, em
pequenos lotes, para verificar sua adaptação às
condições normais de cultivo.
Uma fase importante na introdução de um
novo material genético é a sua avaliação em campos
de observação, onde se reproduzem, em pequena
escala, as condições normais de uma lavoura
comercial.
No presente trabalho objetivou-se avaliar o
comportamento da linhagem de catucai vermelho
785/15 em campo de observação instalado no
CEPEC, em Martins Soares-MG, a 740 m de altitude,
sob as condições de plantio adensado, situação
indicada e predodominantena cafeicultura da Zona
da Mata de Minas.
Foi feito o plantio, em janeiro de 2001, de um
talhão de 0,2 ha, no espaçamento de 2 x 0,5 m,
adotando-se os tratos usuais indicados, sendo que não
foi praticado um controle especifico da ferrugem,
apenas foram feitas, anualmente 3 pulverizações com
sais mais cobre, para correção de micro-nutrientes e
proteção das plantas. A adubação anual correspondeu a
400 kg/ha de N e K2O e 80 kg de P2O5.
A avaliação do campo foi feita através das
colheitas anuais de todo o talhão, com transformação
para sacas de café beneficiado por hectare. Foram
feitas observações sobre infecçãao de ferrugem,
floração, maturação e tamanho dos frutos.
Resultados e conclusões:
Os resultados de produtividade obtidos no
17
Cafeeiro Catucai 785/15, aos 2 anos muito florido
campo de observação, em 7 safras, obtidas no
período 2003-09 estão colocados no quadro 1.
Quadro 1 - Produtividade, em sacas/ha, em 7 safras, de
cafeeiros do campo de observação com a linhagem catucai
785/15, Martins Soares, Mg, 2009
A observação dos dados de produtividade mostra
variações anuais de 56.5 a 170 sacas/ha, com média
de 104,6 sacas/ha, no período de 7 safras. Verifica-se
um nível alto e uma boa constância nas safras,
característica dessa linhagem, também observada e
considerada adequada pelos produtores.
Outra observação diz respeito à boa
adaptação do catucai 785/15 ao adensamento, pois as
plantas, de porte baixo, crescem menos, em altura e
diâmetro de copa. Alem disso, os cafeeiros sofrem
stress mais cedo, estimulando o abotoamento e a
florada precoce, mesmo em ramos sombreados pelo
fechamento na lavoura. A maturação dos frutos
também é bem precoce. No campo não foi
observado, em nenhum dos ciclos agrícolas, ataque
significativo da ferrugem. Aparecem algumas
plantas infectadas, com baixo nível de infecção.
Os resultados obtidos e as observações de
campo permitem concluir que: a linhagem de catucai
PESQUISANDO
18
vermelho 785/15 é bastante produtiva e apresenta
características adequadas de adaptação às condições
de cafeicultura de montanha. Assim comprova sua
boa aceitação, sendo, atualmente, uma das
variedades mais plantadas na Zona da Mata de
Minas. Ela é, especialmente, indicada para a
substituição de lavouras velhas, sabidamente
infestadas por M. exígua, na combinação com outros
materiais genéticos, pela antecipação na sua colheita
e nas regiões de altitude elevadas, pela sua facilidade
de stress e floração mesmo em regiões frias e pouco
ensolaradas.
Precocidade produtiva no catucai 785/15,
na 1ª safra, aos 2 anos de idade.
Frutificação com rosetas cheias no 785/15,
com frutos graúdos.
EQUIVALENCIA NA COLETA DE FOLHAS INDIVIDUAIS OU DE
PARES NA AMOSTRAGEM PARA ANÁLISE FOLIAR DO CAFEEIRO
J.B. Matiello, A.W.R. Garcia, S.R. Almeida, Ana Carolina Ramia N. Paiva, Allyson F. Vilela, R.N. Paiva
e A.L. Garcia, Engs. Agrs. MAPA;Fundação Procafé
A análise foliar em cafeeiros é um
instrumento importante, auxiliar na avaliação de
deficiências e do estado nutricional das plantas e na
indicação da adubação racional das lavouras de café.
A literatura, especialmente os trabalhos do Prof.
Malavolta (In: Manual de Adubação do Cafeeiro,
Inst. Potassa, Piracicaba)), cita que no cafeeiro a
coleta de folhas deve ser procedida de forma a coletar
um par de folhas no 3º ou 4º par, contados da
extremidade do ramo, para formar amostra destinada
à análise pelos laboratórios.
Surgiram dúvidas sobre a recomendação da
coleta de folhas em cafeeiros, ou seja, se deveria ser
coletado o par (as 2 folhas do par) ou apenas uma de
cada par. A maioria dos técnicos entendiam que a
recomendação e o uso na prática era feito com a
coleta das 2 folhas do par.
Como a retirada individual das folhas do par
traria a vantagem de uma melhor representação na
Duas folhas do 3°
Observa-se o 3° - 4° par de folhas usualmente
amostrado para análise química no Laboratório.
amostra, já que poderiam ser coletadas folhas
representando o dobro do numero de ramos nas
plantas, procedeu-se um estudo para verificar a
correspondência na recomendação.
No estudo escolheu-se uma lavoura e
PESQUISANDO
cafeeiros bem uniformes na Fazenda Experimental
de Varginha em 6 talhões sendo três de Catuai e três
de Mundo Novo, e procedeu-se a coleta, nas mesmas
plantas e em ramos equivalentes, em 2 tipos de
amostra, sendo: Amostra 1, com a coleta do par de
folhas (2 folhas do terceiro par). A amostra 2 foi
constituída de folhas somente uma de cada par,
também do terceiro. Foram tomadas 40 folhas na
amostra 2 contra 80 na amostra 1. Foram tomadas 12
amostras dos cafeeiros.
Procedeu-se a análise das amostras no
laboratório da Fundação Procafé, também em
Uma folha do 3° par
Mais adequadamente deve-se amostrar uma folha
por par, para aumentar a representatividade da
amostra.
19
Varginha, para determinar os níveis nutricionais nas
folhas, seguindo-se a metodologia de análise usual.
Resultados e conclusões
Os resultados médios das 12 amostras, na
média entre aquelas do Catuai e do M. Novo, obtidos
para os vários parâmetros nutricionais analisados,
estão colocados, comparativamente, no quadro 1.
Quadro 1 - Níveis nutricionais médios,em folhas
de cafeeiros (Catuai e M. Novo) tomados em 2
tipos de amostras, Varginha-Mg, 2008.
Os dados médios do quadro 1 mostram que
houve total semelhança entre os níveis nutricionais,
para todos os nutrientes, entre as amostras do par ou
de folhas individuais do par. A análise estatística não
mostrou diferenças significativas.em nenhum dos
nutrientes comparados.
Os resultados obtidos permitiram concluir que:
- Ocorre uma equivalência nas amostragens entre o
par de folhas e as folhas individuais do mesmo par.
- Como através da coleta das folhas individuais podese representar mais ramos com o mesmo tamanho de
amostra (numero total de folhas coletadas) a boa
técnica amostral indica que é mais recomendável
usar a amostra de folhas individuais.
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RECOLHIMENTO
MECANIZADO DE CAFÉ
F. Moreira da Silva - Prof. Depto. Engenharia Agrícola/UFLA; R.S. Sales - Mestrando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA;
J.C.S. Souza, Mestre Eng. Agrícola DEG/UFLA; G.A.Silva Ferraz - Mestrando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA;
B.C. Franco - Graduando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA; R.L. Bueno - Graduando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA;
A colheita mecanizada do café é uma realidade
que vem crescendo devido à necessidade dos produtores
de fazerem uma colheita rápida, com menor custo
operacional e com um produto final de melhor
qualidade. Para Kashima (1990), a possibilidade de
mecanização da colheita é a grande saída para o país
continuar com a liderança mundial de café através da
competitividade nos custos e na qualidade do produto.
No sul de minas, maior região produtora de café do
Brasil, o uso de colhedoras automotrizes já é bem
expressivo e crescente, porém ainda predomina a
colheita manual e a colheita semimecanizada com
derriçadoras portáteis, onde o café é derriçado no chão,
sendo que o atual desafio do processo de colheita passou
a ser a operação de varrição e recolhimento do café caído
ou derriçado no chão. De modo geral, a mecanização das
20
operações de colheita do café tem gerado vários
benefícios ao processo de colheita, destacando-se a
rapidez e, sobretudo a redução de custos. Segundo Silva
et al. (2004), os sistemas mecanizados de recolhimento
do café de chão já estão disponíveis no mercado,
apresentando boa eficiência de recolhimento, contudo
necessitando de duas operações mecanizadas como, o
enleiramento e posteriormente o recolhimento que
demanda mais horas de operação mecanizada e a
disponibilidade de mais tratores. Pádua et al (2000)
estudando análise comparativa de custos para colheita
de café mecanizada, semimecanizada e manual
concluíram que a mecanização possibilitou uma
redução de 23,8% para o custo da saca de café, em
comparação ao sistema manual, para uma produtividade
média de 38 sacas por hectare. Neste sentido, este
trabalho teve por objetivo avaliar o sistema de
recolhimento mecanizado do café, utilizando uma
recolhedora pneumática, comparativamente com o
recolhimento no sistema manual.
Os trabalhos experimentais foram
desenvolvidos na fazenda Conquista do grupo
Ipanema em Alfenas, região Sul de Minas Gerais, no
período de 23 a 26/07/2008, em lavouras da cultivar
Mundo Novo, plantadas no espaçamento de 1,5 x 3,8 e
0,75 x 3,8 metros. A colheita das lavouras foi feita
mecanicamente com uma colhedora automotriz em
duas passadas e repasse semimecanizado, com
derriçador portátil. Anteriormente ao início do ensaio
procedeu-se o levantamento do volume médio de
frutos caídos no chão. A operação de recolhimento
mecanizado dos frutos caído no chão foi realizada com
a recolhedora modelo Dragão ECO, acoplada a um
trator cafeeiro 4x2 auxiliar, com potência de 70cv .
Os tratamentos constaram da operação de
recolhimento mecanizada, para as velocidades
operacionais de 1600 e 2400 metros/hora, conforme
escalonamento de marchas do trator. A eficiência de
recolhimento foi calculada em função do volume
recolhido mecanicamente, já descontado as
impurezas, em relação ao volume médio de frutos
caído no chão. As perdas de recolhimento foram
medidas separadamente do lado de cima e debaixo da
linha dos cafeeiros uma vez que a recolhedora pode
operar com distintas velocidades no sentido de ida e
volta. Para a análise dos custos operacionais de
colheita do café foram avaliados os custos fixos e os
variáveis da recolhedora. Também se considerou
como custo de mão-de-obra a diária corrente usada
no recolhimento manual do café, pago de acordo com
a produtividade, ao preço liquido entre R$ 10,00 e R$
16,00 por medida de 60 L. Este preço foi o vigente no
ano de 2008, na região Sul de Minas Gerais, após
análise de mercado.
Foram realizados dois ensaios com a
recolhedora, onde a rotação média do motor foi de
PESQUISANDO
Recolheitadeira de café
do chão, modelo Dragão Sol Ecosolução
1900 rpm e a rotação média da tomada de potência
foi de 540 rpm. O primeiro ensaio foi realizado na
lavoura Mundo Novo, plantada no espaçamento de
1,50m entre plantas e 3,80m entre linhas, com
declividade média de 5%. A lavoura apresentava um
grande volume de cisco (folhas, gravetos e galhos),
sob a saia dos cafeeiros, junto com os frutos caídos
no chão, necessitando da pré-operação de limpeza
com rastelamento dos galhos maiores. A velocidade
operacional média foi de 1600 m/h. O segundo
ensaio foi realizado na mesma lavoura, plantada no
espaçamento de 0,75m entre plantas e 3,80m entre
linhas. A gleba apresentava um menor volume de
ciscos sob a saia dos cafeeiros, em relação ao ensaio
anterior, contudo não dispensou a pré-operação de
limpeza com rastelamento dos galhos maiores. Neste
ensaio a velocidade operacional de ida foi de 2400
m/hora e de volta de 1600 m/hora
Resultados e Conclusão
O primeiro ensaio apresentou um volume
médio de frutos caídos no chão de 1,6 L/planta
(1,07L/m) e um volume médio recolhido de 1,455
L/planta, dando uma eficiência média de recolhimento
de 90,9%. As perdas de recolhimento neste ensaio
foram de 0,0525 L/planta para o lado de cima do
cafeeiro e de 0,0925 L/planta para o lado de baixo, com
perda média total de 0,145 L/planta que representa
9,1%. O índice de impurezas apresentado foi de:
14,4% para os gravetos e 5,4% para os torrões, com
total de 19,8% de impurezas. O índice de maturação
dos frutos recolhidos foi de: 0% para os frutos verde,
4% para os frutos cereja, 38% para os frutos passa e
58% para os frutos seco. A recolhedora apresentou um
tempo de manobra de 4,8 minutos, um tempo de
paradas de 15,6 minutos e um tempo operacional
efetivo de 43,2 minutos. Nestas condições, o tempo
operacional total foi 63,6 minutos (1,06 horas),
recolhendo 521,3 litros de frutos limpos dando uma
média de 8,18 medidas/hora. Considerando o tempo
efetivo, o volume total de frutos limpos recolhidos foi
de 12,07 medidas/hora.
PESQUISANDO
O Segundo ensaio apresentou um volume médio
de frutos caídos no chão de 0,775 L/planta (1,03 L/metro)
e um volume médio recolhido de 0,682 L/planta, com
eficiência média de recolhimento de 88,0%. As perdas de
recolhimento neste ensaio foram de 0,022 L/planta para o
lado de cima do cafeeiro e de 0,071 L/planta para o lado de
baixo, com perda média total de 0,093 L/planta que
representa 12,0%. O índice de impurezas apresentado foi
de: 11,3% para os gravetos e 16,5% para os torrões, com
total de 27,8% de impurezas. O índice de maturação dos
21
frutos recolhidos foi de: 1,1% para os frutos verde, 1,8%
para os frutos cereja, 56,9% para os frutos passa e 40,2%
para os frutos seco. A recolhedora apresentou um tempo
de manobra de 4,8 minutos, um tempo de paradas de 49,8
minutos e um tempo operacional efetivo de 99,6 minutos.
Nestas condições, o tempo operacional total foi 154,2
minutos (2,57 horas), recolhendo 974,7 litros de frutos
limpos, com média de 6,31 medidas/hora. Considerando
o tempo efetivo, o volume total de frutos limpos
recolhidos foi de 9,77 medidas/hora.
Tabela 1 - Custo da
medida recolhida
*Vida útil (T) é o período
em horas, que determinado
bem, é utilizado na
atividade produtiva.
Verificou-se na tabela 1, que em média o volume
recolhido, já descontadas as impurezas, foi de 10,92
medidas/hora quando considerado o tempo operacional
efetivo. Ao considerar o tempo operacional total, incluindo
as manobras e paradas o volume recolhido foi de 7,24
medidas/hora, demonstrando a eficiência média
operacional de 66%, recolhendo, contudo, 89,5% dos frutos
caídos no chão. Com relação ao custo horário operacional
do conjunto, considerou-se o tempo de depreciação do
trator em 10.000 horas com 1.000 horas de trabalho ano e
para a recolhedora a vida útil de 10.000; 9.600 e 5.000
horas, com 800 horas de trabalho por ano. O custo variou de
R$ 68,77 a 88,37 por hora, sendo R$ 35,63 o custo horário
referente ao trator e R$ 33,14 a 52,74 o custo horário
referente à recolhedora, salientando que neste custo não foi
considerado taxa de seguro e abrigo das máquinas. O custo
parcial da medida de 60 litros de frutos limpos recolhido
variou de R$ 9,49 a 12,20 considerando o tempo
operacional total. No recolhimento manual o valor médio
considerado da diária paga (considerando um pagamento
por produção) foi de R$ 70,00, já incluindo os encargos
sociais, com desempenho operacional de 3 a 5 medidas
recolhidas por dia o que resultaria no custo médio de R$
17,50 por medida. Dentro destes parâmetros considerados,
a redução de custos do sistema de recolhimento mecanizado
variou de 30 a 46%. Diante dos resultados obtidos, observase que o tempo de depreciação da recolhedora pode ser
considerado de 5000 horas, a exemplo da maioria dos
implementos agrícolas, trabalhando 800 horas por safra o
que é um valor médio já observado em campo, com o custo
horário da recolhedora de R$ 52,74 e do conjunto de R$
88,37, que resultaria no custo médio da medida recolhida de
R$ 12,20, apresentando ganho de 30% em relação ao custo
da medida recolhida manualmente. Deve-se salientar que
em lavouras devidamente sistematizadas, com trituração
dos galhos e ramos juntamente com os demais resíduos, o
desempenho operacional, pode ser maior.
A) Concluiu-se que em média a eficiência de
recolhimento na operação mecanizada foi de 89,5% dos
frutos caídos no chão. O custo de depreciação da
recolhedora pode ser feito em vida útil de 5000 horas com
jornada de trabalho de 800 horas por safra. O custo médio
parcial da medida recolhida foi de r$ 12,20, com redução
de 30% em relação à medida recolhida manualmente
sendo economicamente viável a utilização da recolhedora
nestas condições.
ESPAÇAMENTOS NA LINHA DE PLANTIO (ENTRE – PLANTAS) DAS
VARIEDADES CATUAI VERMELHO IAC 144 E ACAIA 474/19, NAS
CONDIÇÕES DE SOLO E CLIMA DA REGIÃO DE ARAXÁ – MG
R. Santinato – Eng. Agr. – MAPA/Procafé – Campinas – SP, R. F. Ticle – Eng. Agr. Capal – Araxá – MG,
A. R. Silva – Tec. Agr. Capal – Araxá – MG e G. D' Antonio – Eng. Agr. – Grupo IBRA – Campinas – SP
O espaçamento na lavoura de café é de
máxima importância na cultura, pois influe
diretamente na produtividade, variando para o porte
de plantas condições climáticas, sistemas de plantio
etc, e influencia no manejo de região para região. Na
cafeicultura mecanizada os espaçamentos de rua
visando um maior período sem fechamento das
mesmas e ao redor de 4,00m.
Já na linha, nas regiões frias tem-se utilizado
entre 0,7 – 1,0m e nas mais quentes 0,5 a 0,6; no
PESQUISANDO
22
primeiro caso para melhor arejamento e no segundo
para melhor divisão da frutificação evitando o
estressamento em anos de carga alta.
Dentro destas considerações, o presente
trabalho visa avaliar o melhor espaçamento para as
variedades Acaia 474/19 e o Catuai Vermelho IAC
144 (porte alto e baixo) na linha de plantio, nas
condições de cultivo do cerrado da região de Araxá.
O ensaio foi instalado no Campo
Experimental da Cooperativa Agropecuária de
Araxá Ltda. (CAPAL) em Solo de Cerrado (LVE),
980m de altitude, declive de 3%, com plantio
efetuado em 10/02/06 com espaçamento fixo de 4m
entre linhas (rua) e variável entre plantas: 0,25; 0,5;
0,75 e 1,0m, respectivamente 10.000, 5.000, 3.333 e
2.500 pl/ha para ambas as variedades. O
delineamento experimental adotado foi de blocos ao
acaso com parcelas de 10 m; sendo os 8 centrais úteis
com bordadura comum.
Os tratos culturais, fito-sanitários e nutricionais
foram os recomendados pela MAPA procafé para a
região; exceto na adubação diferenciada feita em
função da produtividade esperada por tratamento.
As avaliações constaram das produções 1º e
2º (2008 e 2009) em scs/ha e litros/planta, além de
dados de biometria (altura, diâmetro da copa e do
caule).
Resultados e conclusões:
O quadro 1 demonstra os dados de produção
da 1º e 2º produções e media do biênio 2008/09.
Pode-se observar a superioridade da variedade
Catuai sobre Acaia (+27%). De forma siginificativa
o espaçamento de 0,25m entre plantas foi superior a
0,5; 0,75 e 1,00 em 30, 41, 47%, independentemente
da variedade; sendo mais acentuada para o Catuai. A
média de litros por planta, do biênio 2008-09, e que
diminuiu com a redução do espaçamento de 0,5 para
0,25 e aumento deste para 0,75 e 1,00 m; sendo mais
evidente no Acaia de 0,5 para 0,75.
Em referência à biometria foi evidente a
superioridade em altura do Acaia (+0,66m) em
relação ao Catuai e dos espaçamentos 0,25m sobre
0,5m e destes para 0,75m e 1,0m. Para diâmetro da
copa, as diferenças entre espaçamentos no catuai
praticamente não existiram e no Acaia o diâmetro foi
maior nos menores espaçamento (0,25 e 0,5m). O
diâmetro do caule foi tanto maior quanto mais largo
foi o espaçamento. No campo observa-se a tendência
de vergamento para o espaçamento 0,25m em ambas
as variedades, alem do afilamento dos ramos
plagiotrópicos e ocorrência de seca maior que nos
demais.
Até a 2º safra pode-se concluir que:
a) O Catuai Vermelho IAC 144 foi mais produtivo
que o Acaia 474-19, em qualquer dos espaçamentos
estudados, com mais 27% na média.
b) O espaçamento mais produtivo, independente da
variedade, foi de 0,25m entre plantas (10.000 pl/ha)..
c) A altura foi maior nos espaçamentos menores, o
diâmetro do caule é o inverso, enquanto o diâmetro
da copa é também menor nos espaçamentos mais
largos.
d) Nos espaçemento de 0,25m, especialmente para
Acaia, ocorre vergamento das plantas.
Quadro 1 - Produção e biometria em cafeeiros catuai e acaiá sob diferentes espaçamentos na linha, Araxá – MG, 2009
23
RESPONDE
Consulte pelo E-mail:
[email protected]
Encontramos estes “ovos” em ramos secos na cultura do
café, na região de Caratinga. Parece ser um tipo de "postura"
realizada em ramos secos de café, entre a parte já suberizada
(cortiça) e o lenho da planta. São estruturas rígidas e se encontram
em pontos isolados na lavoura. Por favor, se tiver alguma
informação, do que se trata, poderia nos responder.
Alexandre Marques Ribeiro
Ramo seco no meio da planta,
por ataque de esperança
Detalhe do inseto adulto, sobre o ramo.
Detalhe da lesão no ramo
Detalhe da cadeia de ovos dentro da casca
Coffea:
Trata-se, na realidade, do ataque de um inseto, um tipo de
esperança. Ela faz lesões nos ramos do cafeeiro, abrindo fendas na
casca, onde faze a oviposição. Os ovos são colocados na forma de
cadeia, sendo de cor clara, ovais compridos, se parecendo com grãos
de arroz. A lesão é feita nos ramos ainda verdes, sendo que ela
provoca a seca de ramos, na parte acima da área atacada.
A ocorrência do ataque vinha sendo muito rara, porem este
ano, tanto na região de café arábica como de robusta tem tido mais
freqüente, podendo ser uma questão de desequilíbrio que favoreceu
o aumento da população das esperanças.
Na lavoura pode-se identificar o ataque facilmente. Observase um ramo seco, isolado, normalmente na parte média/alta do
cafeeiro, aparentemente sem razão para a seca. Logo, ao examinar na
parte mais baixa da região seca depara-se com a casca solta e
verifica-se, abaixo da casca, junto ao lenho, uma cadeia de ovos.
Obrigado pela foto do detalhe dos ovos. Já havíamos
recebido consulta semelhante de um Técnico lá do Sul de Minas.
Serviu para mostrar os sintomas/sinais do ataque, para aqueles que
ainda não conhecem o problema.
24
RECOMENDANDO
ADENSAMENTO NO SOLO:
COMO IDENTIFICAR, PREVENIR OU CONTROLAR
J.B. Matiello e A.W. R. Garcia, Engs. Agrs. Mapa/Procafé
O adensamento no solo, em lavouras de café, é um
problema que pode estar passando desapercebido pelo
produtor e pelo técnico que lhe presta assistência, já que ele
não pode ser observado com facilidade no campo.
A presença dessas camadas adensadas diminui a
profundidade útil do solo, e os cafeeiros sofrem, tanto na
época chuvosa, por excesso de água, que não se escoa através
da camada problemática, como na seca, por terem um sistema
radicular restrito e superficial. As raízes principais crescem
lateralmente, tipo um pé de galinha. Algumas raízes que
conseguem ultrapassar a camada, quando mais delgada,
voltam a se desenvolver mais em baixo. Já, nas áreas sem a
presença de camadas adensadas, o sistema radicular se
aprofunda normalmente, com a distribuição regular de raízes
no perfil. Com excesso de água as raízes dos cafeeiros
apodrecem.
Como avaliar o adensamento
A avaliação da presença de camadas de solo bastante
endurecidas (adensadas), com densidade elevada, pode ser
feita de várias formas:
Tipos de adensamento
O adensamento pode ser de 2 tipos: na superfície, ou
bem próximo, podem ocorrer camadas adensadas, tendo como
origem a passagem continuada de tratores e implementos
agrícolas ou na sub-superfície, com camadas normalmente a
40-60 cm de profundidade e formadas em função da natureza
do solo, pela infiltração e depósito gradual de argila ao longo
do perfil. O manejo inadequado do solo, com gradagens ou
outros implementos que pulverizam a terra, em culturas
anteriores ou no próprio cafezal, tendem a dar origem ao
mesmo problema.
a) Em trincheiras - são abertos buracos na área, com
profundidade até onde se deseja avaliar. Normalmente são
abertos na projeção da saia do cafeeiro, ou onde passam as
rodas do trator. Ali, com auxílio de uma faca, verifica-se, de
cima a baixo, no perfil do solo, se existem áreas mais
compactas e endurecidas, onde a faca não penetra bem.
Também, deve-se observar, na trincheira, como está a
penetração e a presença de raízes (do cafeeiro e do mato), nas
várias camadas do perfil. Pode-se, ainda, observar variações
de cores e a presença de mosqueamento, indicando condições
de arejamento do solo.
Condições que favorecem
O adensamento é favorecido nas áreas de cafézais
com relevo plano (chapadas) e nos solos com teor de argila ou
de limo mais elevado, principalmente quando mal
estruturados. É freqüente encontrar esta limitação em solos
com alta dispersão de argilas como os Lva orto.
b) Com o trado - tradando, ou abrindo buracos com o trado, na
zona desejada do terreno, pode-se avaliar a presença de
camadas endurecidas, pela dificuldade de fazer penetrar o
equipamento naquela camada, e, também, pode-se examinar a
consistência da terra retirada do trado naquela parte do solo.
Pode-se, ainda, observar a presença de raízes nas várias
profundidades.
Solos com elevado teor de areia (fina), com baixo
teor de argila, mas com níveis razoáveis de limo (silte), como
aqueles presentes na região do Oeste da Bahia, podem, pela
fácil lavagem do perfil, formar tênues camadas adensadas,
acumulando poças de água no meio do cafezal.
Solos com teor de argila crescente em profundidade,
atingindo níveis de alta densidade antes de 1 metro, não podem
ser enquadrados como problemas de uma determinada camada
adensada e, portanto, não resultam em grandes melhorias
através de sub-solagens. Por isso não devem ser utilizados para
café.
c) Pela determinação da densidade ou massa específica do
solo, em laboratório.
d) Pela observação do sistema radicular do cafeeiro, seu
formato, nas trincheiras ou quando do arranquio de plantas,
cafeeiros velhos, na área em análise, verificando-se, em caso
de problemas, as raízes grossas desenvolvidas apenas
lateralmente, formando um “pé-de-galinha”, podendo, assim,
o toco da planta manter-se na vertical mesmo após arrancado.
Figura 1 – Valores obtidos com penetrômetro medindo a
resistência do solo à penetração, em cafezal com camada
adensada – Sinop-MT.
e) Com o penetrômetro - é um equipamento com uma haste
que penetra no solo sempre que impulsionada pelo peso nela
existente. A haste é graduada e permite avaliar a dureza do
solo, nas várias camadas, através do nº de batidas (do peso)
necessárias para a haste penetrar determinada distância.
Assim, com auxílio de um gráfico, construído em função dos
dados coletados, verifica-se a presença de adensamento. Ver a
RECOMENDANDO
figura 1, com exemplos de dados, em gráfico, obtidos em
condições de solos com problema de adensamento e também a
curva obtida após 2 anos de subsolagem. Observa-se que 2
“picos” de resistência à penetração, correspondendo a
adensamentos no solo, se encontravam na faixa de 4-10 cm e
28-36 cm de profundidade. Após à subsolagem, toda a
extensão da camada, da superfície até aos 50 cm, se tornou
menos dura e mais favorável ao sistema radicular do cafeeiro.
camadas do perfil.
Como prevenir e controlar
As medidas para reduzir os problemas de
adensamento devem ser muito mais preventivas do que
corretivas. Para prevenir, nas áreas sujeitas ao adensamento,
deve-se atuar tanto na fase de plantio, como no manejo da
lavoura adulta, com escolhas ou execução de práticasjo que
evitam ou reduzem esses problemas.
A prevenção começa na escolha da área para plantio
de café, devendo-se pesquisar o perfil do solo das áreas de
interesse, evitando, nessas áreas, os terrenos de chapada,
excessivamente planos. Os terrenos de encosta, com mais de
5% de declividade, favorecem a percolação e escorrimento
lateral do excesso de água. Deve-se evitar, também, áreas de
solo muito argiloso e mal estruturado.
Em seguida, uma aração profunda no preparo, antes
do plantio, pode reduzir problemas de adensamento. A subsolagem, com 3 hastes, sobre o sulco de plantio aberto, já
reduz bastante o problema, pois o sistema radicular primário
(“pião”) já pode descer na abertura deixada. Em caso de
preparo manual fazer covas grandes e profundas.
Durante os tratos da lavoura deve-se usar o minimo
possível os implementos desintegradores, como grade,
rotativa, etc.e, ainda, reduzir o numero de passadas de trator no
ano. Uma opção boa para isso é o uso de herbicidas e, ainda, a
aplicação de defensivos via solo. Evitar alguns tratos, como
capinas mecanizadas, com solo úmido. O uso mais freqüente
de adubações orgânicas e, no mesmo sentido, o manejo do
mato, favorecem as condições físicas do solo, especialmente
sua porosidade.
Nas áreas em que possam existir alguns problemas de
adensamento do solo ou com maior possibilidade de sua
ocorrência futura, deve-se adotar sistemas de plantio e manejo
que venham atenuar esses problemas. Cita-se o plantio de
lavouras de forma mais fechada pois os lavoura com os cafeeiros
mais juntos têm um melhor equilíbrio raiz/parte aérea (=
produção) e nesse sistema os prejuízos devidos a camadas
endurecidas são menos sentidos. Além disso ocorre uma maior
Em áreas com adensamento de solo as raízes do
cafeeiro se desenvolvem superficialmente, na
forma de um pé de galinha.
25
formação de resíduos orgânicos nesse sistema e a passagem de
maquinário não é necessária. Outra saída é a adoção de sistemas
com arborização ou irrigação, pois as árvores de sombra
regularizam os picos de insolação e de temperatura, deixando os
cafeeiros menos sujeitos ao “stress” devido à menor
disponibilidade de solo útil (“caixa”). Além disso, as árvores
funcionam como subsoladoras, com suas raízes mais vigorosas e
profundas que os cafeeiros. A irrigação minimiza, também, o
“stress” das plantas, que ocorre nos períodos secos nas áreas
problemáticas, com pequena profundidade de solo.
Por que sub-solar
Uma maneira de corrigir ou reduzir os problemas de
adensamento do solo é através da sub-solagem, a qual deve ser
realizada para melhorar as condições físicas do solo,
arrebentando camadas adensadas, de forma a facilitar o
desenvolvimento das raízes do cafeeiro e a normalizar a
penetração de água e o próprio arejamento em camadas com
problemas.
Outra situação em que a subsolagem ou uma
escarificação tem sido útil é na melhoria da infiltração de água,
seja em carreadores pendentes, seja na lavoura, evitando
erosão, e, também, melhorando a infiltração de água da
própria irrigação, condição que ocorre em plantios circulares,
quando a água escorre e se faz dois riscos de
subsolador/escarificador, lateralmente, nas linhas de cafeeiros
jovens.
Na lavoura de café o mais indicado é a sub-solagem
na projeção da saia e de um lado da fileira de cada vez, pois o
rompimento de raízes, dos 2 lados, de uma só vez, pode
prejudicar a planta, principalmente se demorar a chover.
Em cafezais onde o adensamento é mais superficial,
causado pela passagem sucessiva dos tratores com
maquinário, pode-se usar o subsolador, regulado para
aprofundar menos (20-30 cm), para romper a crosta do
terreno, ou, então, usar um escarificador.
Não existem trabalhos de pesquisa que mostrem a
melhor frequência da prática da sub-solagem, mas verifica-se,
na prática, que ela não deve ser feita anualmente, como alguns
produtores fazem. Pode-se efetuar a operação de um lado num
ano, no outro lado no ano seguinte, e, depois, de acordo com a
necessidade, poderia ser repetida a cada 2-4 anos.
A época ideal de sub-solar é após o período de
colheita e o mais próximo do período chuvoso (em set-out).
Para que o serviço fique bem feito, ou seja, para que o garfo
rompa, em blocos, o solo, é preciso que o mesmo esteja seco
ou pouco úmido. Com o solo bem úmido, o garfo faz um rasgo
liso na terra, sem romper adequadamente.
Para as áreas de solo arenoso e com formação de
poças de água na lavoura, uma maneira de eliminá-las é fazer
furos profundos, com trado tratorizado, para drenagem dessa
água em profundidade. Esses furos, em seguida, podem ser
preenchidos com material palhoso, ou cascalho, ou areia
grossa, para, assim, funcionarem como drenos por mais
tempo, sem entupir com o próprio solo.
Quando usada como auxiliar na infiltração de água e
controle da erosão a sub-solagem deve ser feita com 1 garfo no
meio das ruas da lavoura, saltando ou não, ruas, conforme a
gravidade do problema.Pode, também, ser feita nos
carreadores, especialmente nos pendentes, e junto as linhas de
cafeeiros jovens.
RECOMENDANDO
26
MATO DEMAIS, MATA
J.B. Matiello, Engº Agrº Mapa/Procafé, L. B. Japiassú Engº Agrº Fundação Procafé
O mato nas lavouras de café é composto pelas ervas
daninhas ou plantas invasoras, que crescem no meio do cafezal
e que precisam ser controladas.
Sem o controle adequado, as ervas se multiplicam e
crescem de forma exagerada, extraem do solo os nutrientes e a
água necessários ao seu crescimento, reduzindo a
disponibilidade desses elementos vitais para as plantas de café,
as quais ficam prejudicadas em seu desenvolvimento e em sua
produtividade. Em cafeeiros jovens e na saia das plantas adultas
o mato pode, também, concorrer em luz.
As plantas daninhas são rústicas, tem um bom sistema
radicular e estão mais adaptadas a ambientes desfavoráveis, do
que o cafeeiro, portanto são capazes de concorrer em situação
vantajosa, exigindo seu manejo adequado na lavoura de café,
para evitar prejuízos. Por outro lado, o mato apresenta
vantagens, promovendo a proteção do solo, fazendo a
reciclagem de nutrientes e fornecendo material orgânico,
melhorando as condições biológicas da área.
O controle ideal é aquele que atua manejando o mato,
para reduzir os prejuízos que causa, aproveitando, no entanto,
as vantagens que as ervas oferecem.
No entanto, o que se tem visto muito, ultimamente, é um
exagero no manejo do mato, com a lavoura passando a maior
parte do tempo muito suja. Os trabalhos de pesquisa mostram a
grande quantidade de massa produzida pelas ervas no meio do
cafezal. Na área estudada essa massa foi de 22,8 t de peso verde e
3 t de peso seco. Nessas ervas estavam contidas quantidades
expressivas de nutrientes extraídos do solo, sendo, na área
estudada, encontrados nas ervas, por hectare: 96 kg de N, 60 kg de
K20 e 7 kg de P2O5 e outros nutrientes. Essa extração ocorreu em
níveis semelhantes aos que a própria lavoura de café extrai para
uma produção equivalente a 10-15 scs/ha.
Os nutrientes das ervas são obtidos da reserva do solo
e também dos adubos aplicados no cafezal. Como os nutrientes
absorvidos pelas plantas daninhas ficam indisponíveis para os
cafeeiros a curto prazo, é comum observar-se sintomas de
amarelecimento e outros de stress nutricional nos cafeeiros, em
áreas com muito mato. A médio prazo, no entanto, ocorre a
decomposição da matéria orgânica do mato, liberando e
repondo os nutrientes ao solo, de forma gradual e de modo mais
facilmente assimilável pelas plantas de café. Essa é uma razão
importante para o manejo racional do mato.
Para isso é essencial observar a época critica para o
cafeeiro. As pesquisas tem mostrado que a época mais
importante para controle do mato, quando se estabelece maior
concorrência das ervas com os cafeeiros, é aquela entre outubro
e fevereiro, onde o controle reduziu ao máximo as perdas,
período coincidindo com o maior crescimento vegetativo e com
a granação dos frutos.
Em especial, deve-se ter cuidado no período dez-jan,
onde também ocorrem veranicos. Nessa época, deve-se,
conforme os resultados das pesquisas, manter a lavoura mais no
limpo, através de uma aplicação de herbicidas de pósemergência em área total. Caso não se queira aplicar o herbicida
pode-se, neste período, fazer roçadas bem frequentes e manter o
mato sempre baixo. O objetivo, bastante lógico, deste manejo é
o de aproveitar os nutrientes acumulados no mato em beneficio
do cafeeiro, quando ele mais precisa.
As lavouras conduzidas com menos mato no período
já citado se mostram sempre mais verdes, sem ataques de
cercosporiose, ao contrário daquelas lavouras sujas de mato,
que ficam amareladas e com muita cercosporiose, sinal de que
os nutrientes estão em falta.
Área com aplicação de glifosato, com controle
eficiente da marmelada, mas já com seleção para
trapoeraba, devendo, nesses casos, ser usada
uma mistura de produtos.
Como resultado, houve a predominância de erva
trapoeraba, também muito alta.
Mato muito alto, com dominância de capim
marmelada, em cafezal aos 3 anos de idade
RECOMENDANDO
27
Esqueletamento do cafeeiro: A moda e o bom modo
Alysson V. Fagundes, André L. Garcia, J.B. Matiello e A. W. R. Garcia - Engs Agrs. Mapa/Fundação Procafé
O esqueletamento é um tipo de poda que está na moda,
pois vem sendo muito utilizado, nos últimos anos, na lavoura
cafeeira. Porem, observa-se que muitos produtores estão
fazendo a poda sem saber bem o por que. Alguns por que
acharam bonito o cafezal do vizinho. Outros acham que sua
lavoura vai se transformar depois do esqueletamento.
Sabe-se, no entanto, pelas pesquisas realizadas, que o
esqueletamento apresenta vantagens e desvantagens, e, muitas
vezes, não é a melhor solução de poda naquela lavoura. Então, é
preciso acertar o modo de fazer, devendo-se prestar atenção em
algumas condições importantes, para se possa atingir os
objetivos pretendidos na sua execução. O uso do esqueletamento
deve responder e ser adequado para atender aos seguintes
quesitos: 1) Qual a finalidade do esqueletamento? 2) O
esqueletamento realmente aumenta a produtividade? 3) Em qual
condição de lavoura ou sistema ele deve ser feito? 4) De quanto
em quanto tempo deve-se fazer? 5) Qual a época ideal de podar?
6) Pode-se reduzir a adubação e tratamentos fito-sanitário em
lavouras podadas?
O que é o esqueletamento e suas finalidades
O esqueletamento consiste no corte dos ramos laterais,
produtivos, do cafeeiro, associado ao corte do tronco,
normalmente por um decote.
O ideal do corte lateral é fazê-lo em forma cônica,
iniciando-se o corte, no terço superior das plantas, entre 20 e 30
cm de distância dos ramos ortotrópicos e terminando, no terço
inferior, com 30 a 50 cm. Caso esse corte seja mais longo entre
50 e 70 cm de distância do ortotrópico, essa poda passa a ser
chamada de desponte. Já o corte do topo da planta (decote) pode
ser feito de 1,2 a 2m de altura, e, em cafezais muito abertos e no
sistema safra zero, pode-se cortar até mais alto, até 2,5 m, para
aproveitar uma maior altura produtiva nas plantas.
Este corte da haste principal é importante para a
quebra da dominância apical, melhorando a brotação dos ramos
laterais. Porem, em alguns casos, onde a produção no ponteiro
das plantas estiver boa e em espaçamentos mais apertados na
rua, onde não se deseja aumentar muito o diâmetro da planta,
pode-se deixar sem decotar.
As principais finalidades da poda por esqueletamento
são: 1) abertura de lavouras fechadas; 2) aumento e renovação
da quantidade de ramos produtivos; 3) recuperação da saia de
lavouras sombreadas (antes da morte desses ramos); 4)
recuperação de lavouras depauperadas ou atingidas por
intempéries, como secas fortes, granizo e geadas; 5) reequilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular;; 6)
escalonamento de colheitas (sistema safra zero); 7)
racionalização de custos.
Efeito na produtividade
O esqueletamento por si só não aumenta a
produtividade. Diversos ensaios comprovam que, na maioria
das vezes, os cafeeiros do tratamento testemunha, sem poda,
apresentam produtividade igual ou maior do que os cafeeiros
podados.
Aumentos de produtividade só são observados em
caráter corretivo, quando algum fator limitante, por exemplo,
excesso de ramagem, embatumada, ou depauperamento,
estiver presente nas plantas de um determinado talhão.
Na prática o esqueletamento é muito útil no sentido de
racionalizar o custo de produção, pois nos anos em que as safras
seriam menores a lavoura encontra-se somente em
desenvolvimento de ramos, reduzindo assim o gasto com a
colheita, que fica toda concentrada no ano seguinte.
Condição das lavouras
Lavouras depauperadas não respondem bem ao
sistema de esqueletamento, principalmente quando aplicado
continuadamente, no sistema safra zero. Isto ocorre devido à
reduzida quantidade de ramos plagiotrópicos existentes nas
plantas, e ainda, em função do baixo vigor. Nessa condição,
após o primeiro esqueletamento, a quantidade de ramos
produtivos formados é pequena. Com isso a planta tende a
emitir uma grande quantidade de brotações ao longo do caule,
que além de ter ação competitiva como dreno, interfere na
arquitetura da planta, com elevado dispêndio de mão de obra
para a desbrota..
Desta forma, os produtores e técnicos devem realizar
um exame clínico nas lavouras, a fim de verificar se elas não
apresentam problemas na distribuição e viabilidade dos ramos
plagiotrópicos, como exemplo a perda de saia. Se constatada
ausência de ramos viáveis ao longo da planta deve-se realizar
uma poda corretiva (ex: decote ou recepa), que renove a área
depauperada da planta, antes da implantação do manejo de
esqueletamentos continuados.
Outro fator a ser considerado para a execução do
esqueletamento refere-se às característica genéticas da cultivar.
O potencial de produção pós poda das cultivares é bastante
heterogêneo, não só pela herança genética, mas, também, pela
interação com as condições ambientais e de manejo. Conforme
verificado, na prática e nos ensaios, algumas cultivares, como
de Mundo Novo, respondem melhor do que outros, como o
Catuai.
O estande também é muito importante, pois
espaçamentos antigos, com pequeno número de plantas por
hectare, não alcançam as altas produtividades almejadas no
primeiro ano produtivo após o esqueletamento. Por outro lado,
cafezais no sistema adensado, pela proximidade das linhas de
plantas, logo voltam a fechar após o esqueletamento.
Quando fazer
O esqueletamento deve ser realizado sempre que as
condições vegetativas da planta mostrarem a necessitarem
dessa prática.
Como qualquer tipo de poda é recomendável que ela
seja realizada após anos de safras altas, na expectativa duma
safra baixa no ano seguinte.
No sistema de esqueletamentos seguidos, ou sistema
safra zero, ele deve ser feito em prazos ímpares de colheitas, ou
seja, uma, três, cinco ou mais safras. Isso devido à bienalidade
de produção após a poda. Entretanto, deve-se sempre observar a
resposta de produção, a qual pode sofrer influência de fatores
bióticos e abióticos, alternando o ano de alta produção, a fim de
que não se efetue a poda em uma lavoura projetando uma alta
carga.
Adubação e tratamentos fito-sanitários
A adubação em cafeeiros esqueletados ainda é uma
prática que precisa de mais estudos. A indicação de um grupo de
técnicos, que recomenda o sistema safra zero, é aplicar doses altas
de adubos no ano do esqueletamento, para promover a renovação
da ramagem, reduzindo o nível de adubação no ano seguinte, no
RECOMENDANDO
28
ano da safra.
No entanto, trabalhos de pesquisa não tem mostrado
respostas nessa variação de níveis, e, em alguns casos, nem
mesmo respostas à adubação são verificadas. Atribui-se parte
desse comportamento à grande reciclagem de nutrientes,
oriunda do material vegetal podado.
Deste modo, vemos que o importante não é reduzir ou
aumentar o adubo, mas sim equilibrar, contando com a
reciclagem, pois o material vegetal podado é rico em macro e
micro-nutrientes. (ver quadro 1)
Quadro 1: . Quantidade de macro e micro-nutrientes nas partes podadas do cafeeiro, cafezal Mundo Novo, 9 anos, 3,5 x
1,5m (1904 covas/ha). Alfenas, 1986.
Fonte: Garcia, Malavolta, Gonçalves e outros.
Observando-se, no quadro 1, as quantidades de
nutrientes presentes no material oriundo no
esqueletamento verifica-se níveis bastante altos, de 260270 kg/ha de N/K2O e demais nutrientes. Como este
material tem relação C/N alta é necessário a realização de
adubações nitrogenadas, logo no inicio das chuvas, para
equilibrar essa relação. Já, quanto ao potássio são raros os
casos de lavouras que, após a poda, necessitam desse
nutriente, pois o mesmo é mais necessário em anos de
safras altas.
Com relação aos tratamentos fito-sanitários é
importante, inicialmente, prestar atenção nas pragas de
solo, como nematóides, cigarras, mosca e cochonilha de
raizes. Caso haja histórico de ocorrência, na área podada,
deve-se realizar o seu controle, pois, lavouras
esqueletadas já tem, naturalmente, uma mortalidade
acima de 70% do seu sistema radicular, aos 30 dias póspoda.
Quanto às doenças foliares, a ferrugem e a
Phoma/Ascochyta são bastante problemáticas em
lavouras esqueletadas. A ferrugem, apesar da quase nula
carga nos cafeeiros após à poda, o que facilitaria pela
menor infecção, tem um embatumado de ramos que
condiciona mais umidade nas plantas esqueletadas, e,
assim, resulta em maior ataque. A Phoma é beneficiada
pela ramagem nova formada e, provavelmente pelo
excesso de N nessa ramagem. Alem disso, a abertura
promove maior ação de ventos frios.
Desta forma, é importante a constatação da
presença de pragas de solo e aplicação de
inseticidas/nematicidas logo no inicio das chuvas,
momento onde as novas raízes serão formadas. O
monitoramento da ferrugem deve ser realizado a partir da
emissão do terceiro par de folhas.
No ano de produção deve-se também tomar
cuidado com a ferrugem e a cercosporiose, visando
manter as plantas bem enfolhadas, servindo como fonte
de nutrientes e foto-assimilados para os frutos, que são
drenos preferenciais. Em altas produções esta força de
dreno, exercida pelos frutos, é visivelmente notada a
partir do período de granação, ocorrendo mudança na
tonalidade das folhas, de verde intenso a amareladas. A
cercosporiose ataca também os frutos, sendo favorecida
pelo stress nutricional, devido á carga alta.
Alguns técnicos argumentam que pode-se
descuidar do controle das doenças no ano da carga, pois já
se vai podar mesmo os ramos. Acontece que a reserva da
planta de café é concentrada em sua folhagem e a brotação
futura, no pós-poda, muito dela depende.
A melhor época de podar
As pesquisas demonstram que a poda de
esqueletamento deve ser feita o quanto antes possível a
partir do mês de julho.
Ensaios realizados na Fazenda Experimental de
Varginha (ver quadro 2) comprovam que as melhores
épocas de esqueletamento, no ano seguinte à poda, para o
cultivar Mundo Novo são os meses de julho e agosto,
sendo o mês de setembro intermediário e a partir de
outubro inferior. Já para o cultivar Catuaí o mês de julho
foi superior, os meses de agosto e setembro foram
intermediários e a partir de outubro inferior. No ano
seguinte, houve uma compensação e as épocas inferiores
no ano anterior passaram a ser superiores no ano seguinte.
Portanto, quando se analisa em dois anos não há diferença
para a época de esqueletamento, mas é recomendável que
seja realizado o quanto antes possível para recuperação do
capital investido no ano de vegetação da planta.
Desta forma, a colheita deve ser planejada para
terminar mais cedo naqueles talhões que se deseja podar.
RECOMENDANDO
29
Sistema “Safra Zero”de manejo em cafeeiros
As atuais dificuldades de renda com o café, função dos
custos elevados e preços não remuneradores, tem levado ao
conceito de combinar produtividade nas lavouras com redução
de custos por saca produzida.
O sistema “Safra Zero” é uma alternativa nesse
sentido, pois tem como finalidade principal eliminar a
necessidade de colheitas onerosas nos anos de safra baxa, só
colhendo no ciclo de alta. Para isso, os cafeeiros são
esqueletados e decotados a cada dois anos, ocorrendo
desenvolvimento dos ramos produtivos no primeiro ano
agrícola e frutificação no ano posterior, quando será novamente
podada. Com este sistema muitos produtores tem viabilizado a
cafeicultura, principalmente em regiões com dificuldades de
mão-de-obra e em áreas montanhosas.
Neste último ano, no Sul de Minas, o uso de
esqueletamento foi muito superior à média histórica da região.
O que era uma realidade em áreas declivosas agora também se
intensificou nas lavouras mecanizadas, mesmo em estandes de
plantas menores, naquelas lavouras com 1500 a 2000 pl/ha.
Os diversos trabalhos realizados pela Fundação
Procafé, na Fazenda Experimental de Varginha, desde 2003,
com foco no sistema safra zero, tem resultado em
produtividades baixas nesse tipo de lavouras com baixo stand
de plantas/ha. O exemplo da aplicação do sistema em uma
lavoura Mundo Novo-Acaiá IAC 474/19, com espaçamento de
3,0 x 1,0 m (estande de 3.333 plantas/ha) em sistema safra zero,
resultou nos anos de alta, em 3 ciclos, em produções até certo
ponto boas, de 80, 76 e 110 sacas/ha, porem, a média dos 6 anos,
ficou com somente 44.3 sacas/ha., abaixo da meta necessária,
que seria no mínimo 50 sacas/ha. Em lavouras de Catuai os
resultados foram piores.
Por isso, antes de entrar no sistema “safra zero”, é
preciso observar que esse sistema é tecnificado, exigindo
critérios e planejamento, para sua viabilidade. Uma vez
selecionada e/ou adequada a lavoura, conforme já abordado
anteriormente, o produtor deve seguir com o planejamento de
todas as atividades, tendo em mente que o sistema engloba uma
sequência de operações, ao longo de dois anos, e a produção
pode ser comprometida em qualquer momento.
Os espaçamentos considerados adequados para as
lavouras a serem exploradas no sistema safra zero, são os
seguintes: Plantio adensado nas regiões montanhosas, a 2 x
0,5m e nas áreas mecanizáveis um semi-adensado, com 2,5 a
3,2 m x 0,5 m, preferencialmente com o uso de variedades que
se recuperam mais rápido e, se possível, resistentes à ferrugem.
Como já detalhado, deve-se adotar o modo apropriado
de uso do esqueletamento, quanto ao tipo de lavoura, à época
mais cedo, e ao trato da lavoura, quanto à nutrição e controles de
pragas/doenças. Deve-se considerar a deposição cíclica e
contínua de material vegetal, oriundo das podas no “Safra
Zero”.. Dados de pesquisas com cereais, em plantio direto,
mostram que ao longo dos anos uma quantidade de matéria seca
de palhada, semelhante à quantidade oriunda da poda por
esqueletamento, proporciona incrementos significativos na
CTC do solo, com melhoria nas suas características biológicas,
físicas e químicas..
Conclui-se, assim, que o sistema Safra Zero de
manejo deve ser muito bem planejado e conduzido, em lavouras
adequadas e com práticas que possibilitem a expressão do
potencial produtivo das plantas, tendo em mente que qualquer
erro, em uma única etapa, é determinante no resultado de todo o
ciclo de dois anos. Aplicado de maneira profissional, o sistema
pode ser muito útil na sustentabilidade econômica e na
otimização do setor de produção de café, em muitas
propriedades
Lavoura esqueletada, vendo-se o modo de corte
e a grande deposição de material no solo
Recuperação da ramagem no pós-esqueletamento,
com multiplicação de ramos.
PANORAMA
30
40 ANOS DE CONVIVÊNCIA
COM A FERRUGEM DO CAFEEIRO NO BRASIL
Neste último 17 de janeiro/2010 completamos 40
anos de convivência com a ferrugem, desde a sua
constatação, pela primeira vez, nesta data, no ano de 1970.
Foi lá no Sul da Bahia que ela apareceu, mas logo a doença
se espalhou, em junho de 1970 já estava no Sul de Minas,
em janeiro de 1971 em São Paulo e em outubro já no
Paraná, ou seja, menos de 2 anos depois já caminhava de
norte a sul nas áreas cafeeiras.
A princípio havia muito temor. Dizia-se que a
doença seria capaz de acabar com nossa cafeicultura. Por
isso, recursos e equipes de trabalho se multiplicaram para,
de inicio, tentar erradicar a doença, eliminando cafeeiros
nos focos e na faixa de segurança. Porem, a rápida expansão
da ferrugem mostrava uma única saída, a convivência com
ela.
Um programa de controle foi executado, baseado
no desenvolvimento de pesquisas, de assistência técnica e
de crédito. Foi promovida a renovação de cafezais, apoiada
em estudos de zoneamento, com melhores variedades e
sistemas de manejo mais tecnificados. Os milhares de
trabalhos de pesquisa passaram a dar suporte a essa nova
cafeicultura, orientada, também, por uma equipe de
técnicos especializados.
Como resultado, a cafeicultura saiu fortalecida,
dizendo-se que a ferrugem, ao forçar as transformações, foi
um mal que veio para o bem. Assim, passamos de safras
médias de 20-22 milhões de sacas ano no inicio da década
de 1970, para safras de 30-35 milhões no inicio da década
de 1980, com picos de até 43 milhões em 1987. Agora
estamos com safras médias entre 40-45 milhões de
sacas/ano. Todo esse potencial produtivo foi fruto do
incremento e melhoria da lavoura cafeeira.
As bases técnicas dessa nova cafeicultura foram,
principalmente: a) Novos plantios em áreas zoneadas,
promovendo a ampliação das zonas cafeeiras, com
destaque para a exploração extensiva dos cerrados; b) uso
de espaçamentos, variedades e sistemas de plantio e manejo
mais racionais, visando aumento de produtividade e
redução dos custos de produção; c) introdução do controle
sistemático de pragas e doenças, incluida a ferrugem, de
forma integrada, visando reduzir perdas de produção; d)
melhoria dos sistemas de colheita e preparo, objetivando a
qualidade dos cafés.
A lembrança da data de ocorrência da ferrugem e da
evolução da lavoura cafeeira, nessa pequena história aqui
contada, deixa um exemplo de mudança, que resultou numa
cafeicultura maior e melhor do que aquela antes da doença..
Por isso, passados 40 anos, muitos de nós, que
ficamos envolvidos com o problema da ferrugem, desde o
seu inicio, nos sentimos recompensados, desejando que a
equipe técnica e os valorosos cafeicultores, peças chaves
nessa verdadeira batalha, sintam que a vitória é fruto de
muito trabalho, o qual deve ter continuidade, pois a
ferrugem se mantém sob controle, porem onerando os
custos, e a cafeicultura também está ai, precisando de
melhor renda.
CORÓ DAS PASTAGENS “ATACA” EM CAFEZAIS
J.B. Matiello, Engo Agro MAPA/Procafé e Fernando F.Costa, Eng. Agr. SCAI
Recentemente verificou-se a ocorrência, em
grande escala, do inseto conhecido como coró das
pastagens, em lavoura de café na região da Serra do Cabral,
no Norte de Minas.
No terreno da lavoura, no meio da rua do cafezal
(catuai com 3 anos, espaç. 3,6x 0,5 m) e na linha, mais na
rua, verificou-se um grande numero de furos no solo,
alguns com terra solta, outros com furos limpos. A principio
desconfiou-se da possibilidade de ataque de cigarras, o que
é incomum em lavouras novas. Passou-se, então, a cavar o
solo, para verificar o que seria encontrado dentro do chão.
O resultado da verificação foi uma boa surpresa
positiva. Observou-se, seguindo os furos, que eles
terminavam, cerca de 20-30 cm abaixo da superfície, em uma
PANORAMA
pequena galeria, tipo uma panela de formigueiro. Ali se
encontrava uma larva de coleoptero, clara e de tamanho
grande, cerca de 3-5 cm de comprimento, tendo 6 patas em
sua parte dianteira. Verificou-se, ainda, que na extensão do
furo, e, principalmente, na galeria, havia um acumulo de
material orgânico, composto de folhas podres de cafeeiro, de
mato, e, até, de palha de café que havia sido aplicada
recentemente na lavoura. Em uma das galerias, oriunda de
um furo pesquisado bem junto ao tronco do cafeeiro, sob a
saia, para verificar, nessa condição, se havia algum dano ás
raízes do cafeeiro, verificou-se na galeria, a presença de
radicelas, que ali se desenvolviam normalmente, até melhor,
pois contavam, junto a elas, com material orgânico. Esta
observação, combinada com a presença da grande maioria
dos furos bem no meio das ruas, longe dos cafeeiros, e a
associação com o material orgânico presente nas galerias,
foram a chave para constatar que o presumível “ataque” não
passava, na realidade, de uma ação benéfica, assim entendida
devido ao acumulo de matéria orgânica em profundidade e do
efeito de arejamento do solo, pelos buracos. No entanto,
como essa ocorrência tem sido observada em muitas lavouras
e sabendo-se que alguns insetos não pragas podem se adaptar
ao ataque, como parece ter sido o caso da mosca(berne) das
raízes, sempre é bom estarmos atentos. A literatura cita que
este tipo de larva tem hábito alimentar facultativo, com
preferência por matéria orgânica. Na foto pode-se ver as
larvas de diferentes espécies, que podem estar ocorrendo, não
tendo sido possível, ainda identificar qual delas ocorria na
lavoura pesquisada.
Verificou-se que as larvas maiores saiam dos
buracos, de noite, provavelmente para se transformar,
sendo curioso, que mesmo tendo pernas em sua parte
inferior, elas andam de costas.
Aspecto da larva em vista lateral.
A) Diloboderus abderus
B) Cyclocephala flavipennis
C) Demodema brevitarsis
D) Hyllophaga triticophaga
31
Larva do coro na galeria, situada a cerca de 20-30
cm de profundidade, vendo-se a matéria orgânica
acumulada (folhas velhas de cafeeiro e mato)
Aspecto dos furos no solo, no meio das ruas ou
próximo aos cafeeiros.
Aspecto dos
adultos
do coro,
os besouros.
Encontros sobre cafeicultura se multiplicam
Em março de 2010 estão previstos 3 tradicionais
Encontros sobre cafeicultura, para discutir problemas e
soluções, de caráter econômico e agronômico, para o
setor cafeeiro.
No período de 8 - 10 vai acontecer o 11º
Agrocafé- Seminário Nacional do Agronegócio do Café,
em Salvador – BA, sob a coordenação da ASSOCAFÉ Associação de Cafeicultores da Bahia. No programa
temas ligados à produção, à industria e ao comércio.
No período 17 - 19, vai ser o 14º Seminário de
Cafeicultura de Montanha, em Manhuaçu - MG,
organizado pela ACIAM, incluindo diversas palestras
sobre temas de tecnologia na lavoura e debates de política
cafeeira. Vai ter, também, um dia de campo na Fazenda
Experimental do CEPEC/Heringer.
De 24-26 de março ocorre, em Araguari MG, o 15º Encontro Nacional de Irrigação da
Cafeicultura do Cerrado, e, concomitante a 13ª Feira
de Irrigação e o 12º Simpósio de Pesquisas em
cafeicultura irigada. A organização é da ACA Associação de Cafeicultores de Araguari.
PANORAMA
32
Curso para Técnicos do ERJ em Varginha
A Fundação Procafé, através do seus
Técnicos especializados, ministrou, no período de
25-29 jan/2010, curso de cafeicultura para 16
Técnicos Agrícolas e Engs. Agrs. do programa de
café do estado do Rio de Janeiro.
O curso foi solicitado e coordenado pela
FAERJ/SENAR, com o objetivo de treinar uma
equive que vai atuar no projeto “Bule Cheio”, com o
acompanhamento de várias propriedades cafeeiras
no ERJ. O treinamento constou de aulas teóricas e
práticas, que aconteceram no auditório e na Fazenda
experimental da Fundação, em Varginha-MG.
Apesar do estado do Rio de Janeiro ser um
pequeno produtor de café, tendo apenas cerca de 11
mil ha de lavouras, e produção anual de cerca de 200
mil sacas/ano, alguns municípios da zona serrana,
especialmente no Noroeste Fluminense, tem no café
sua principal atividade agrícola e econômica. As
propriedades são pequenas, muitas de exploração
familiar e cumprem importante papel social.
Técnicos do Estado do Rio de Janeiro
na FEx Varginha, recebendo aulas práticas.
O treinamento foi coordenado pela Eng. Agra Lílian
Padilha e atuaram, nas palestras e nas demonstrações em
campo, os Engs. Agrs J.B. Matiello, S. R. Almeida, A.
W.Garcia, Carlos H. Carvalho, L. Japiassu, Alysson Vilela,
André Garcia e Rodrigo Paiva,
Sai a programação de Eventos da Fundação Procafé
A Fundação Procafé anunciou, recentemente, sua
já tradicional agenda de Eventos, programados para o ano
de 2010. Os dias de campo serão realizados em 26 e 27 de
maio/2010, na Fazenda Experimental de Varginha. O
Curso de Atualização para Técnicos em Cafeicultura
acontecerá no período de 13-15 de julho/2010, também
em Varginha.
O Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras,
em sua 36ª edição, deverá ser realizado na última semana
de outubro, conforme usual, estando em estudo algumas
cidades sedes.
Para maiores informações sobre os Eventos, consulte
o site da Fundação: www.fundacaoprocafe.com.br,
ou ligue: 035-32141411.
Surto de cochonilha da roseta do cafeeiro no Espírito Santo
Neste inicio de ano apareceu um forte surto de
ataque da cochonilha de rosetas em cafeeiros na zona
serrana do estado do Espírito Santo. Foi lá na Zona de
Marechal Floriano.
A cochonilha, das espécie P. citri e P. minor são
mais problemáticas nas Zonas de café robusta-conillon,
mais ao Norte do Estado.
No presente surto o ataque, muito forte, ocorre
sobre cafeeiros de variedades arábica, talvez em função
de algum desequilíbrio, especialmente no clima, pois a
região, desde dezembro/09 passa por um período anormal
de seca e de calor.
O ataque se verifica nas rosetas, em frutos
chumbinhos e, também, em frutos já maiores. Nas rosetas
pode-se ver os insetos, ede coloração clara, zonas
escurecidas, pela associação com fumagina e rosetas
escuras, onde houve a seca completados frutos, dando
origem ao que se chama de rosetas banguelas.
O controle vem sendo praticado, embora difícil,
pela necessidade de pulverizar, com bastante calda,
molhando os ramos na parte interna onde ocorre a
frutificação. Os melhores resultados, embora não com
eficiência muito alta, tem sido com o uso do inseticida
Chlorpirifós.
Na foto o detalhe de uma roseta
muito atacada pela cochonilha.
ANÁLISE
33
CICLO BIENAL DE
PRODUÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL
J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé
Na cafeicultura brasileira é muito conhecida
a característica de safras altas alternadas com baixas
safras, o que se chama de ciclo bienal de produção de
café. Esse ciclo afeta a oferta do produto, exigindo a
estocagem e carregamento de safra de um ano para
outro, situação que traz dificuldades para a política
cafeeira do país e para o produtor, que em certos anos
tem pouca renda.
O entendimento do ciclo bienal de produção
do cafeeiro é importante, também, a nível
agronômico, para adequação do manejo da lavoura,
de acordo com o ciclo, ou para modifica-lo, sendo
que, atualmente, existe uma tendência de manejo por
podas visando acentuar o ciclo, com safra zero.
Quantificando o ciclo
O fenômeno de bienalidade de produção de
café pode ser observado através das safras colhidas
no Brasil nos 10 últimos anos.(quadro 1). Verifica-se
que foram obtidas safras baixas, entre 28 – 39
milhões e altas entre 39-48 milhões, ou seja, com
diferencial médio de 33%. Ao longo de muitos anos
os diferencias de produção nas safras de café são
conhecidos e, muitas vezes, agravados por
fenômenos climáticos. O gráfico 1 mostra os picos de
altos e baixos, desde o ano de 1960.
Trabalho de pesquisa e análise estatística em
experimentos realizados nas Fazendas
Experimentais do ex-IBC, onde se computou a
produtividade em parcelas de cafeeiros, bem
tratadas, por 6 a 8 safras, mostrou que, na média, foi
obtida uma safra baixa de cerca de 20% da safra alta,
o que, então, para nossas condições, pode ser
considerado um ciclo normal.
Na cafeicultura como um todo, é lógico, a
bienalidade não se expressa tão fortemente, como se
observou nas lavouras, pois dentro de uma
propriedade, dentro das regiões e no país os ciclos
das lavouras, em boa parte, são desencontrados. Não
fosse assim, uma safra baixa corresponderia a 5
vezes menos que a alta.
Em ciclos de alta carga os ramos se enchem de
frutos e crescem pouco, reduzindo a safra do ano
seguinte, formando o ciclo bienal, típico da
cafeicultura brasileira.
Quadro 1 - Produção brasileira de café,
nas safras de 2001 a 2010
34
Causas dos ciclos
As causas da produção de café diferenciada
no Brasil podem ser explicadas fisiologicamente.
Os cafeeiros cultivados a pleno sol produzem
muito num ano, suas reservas são carreadas para a
frutificação, então o crescimento dos ramos é
prejudicado e a safra seguinte reduzida. Diz-se
comumente que o cafezal se veste um ano e no outro
veste o seu dono.
Vejamos como ocorre o fenômeno:
1°) O cafeeiro possui uma iniciação floral abundante
(muitos gemas e flores).
2°) Ocorre uma baixa taxa de abcisão de frutos (a
planta se café não derruba tantos frutos, como
outras).
3º) Se manifesta a força de drenagem das reservas de
forma prioritária pelos frutos (endosperma das
sementes é um dreno primário).
4°) Se observa um desbalanço na razão folha/fruto, e,
em conseqüência, uma competição entre o
crescimento reprodutivo e o vegetativo (este último
prejudicado com carga alta).
5º) Nessa condição verifica-se o depauperamento, a
seca de ramos e morte de raízes (não se observa seca
de ramos em cafeeiros jovens ou com frutos
raleados).
6°) A seca de ramos é mais expressiva nos anos de
safra alta, é agravada por aspectos nutricionais e por
ataque de pragas e doenças.
A lavoura, assim, fica com suas plantas
estressadas pela carga, cresce menos e produz menos
no ano seguinte.
Secas de ramos e morte das raízes
A seca de ramos ocorre devido ao desbalanço
entre a disponibilidade e o consumo de assimilados
(reservas da planta). Decorre da maior necessidade
pelos frutos em relação à possibilidade de seu
fornecimento, pela fotossíntese mais as reservas
antes disponíveis. Um trabalho de pesquisa mostra
que a maior influência é do nível de enfolhamento,
que vai fazer a fotossíntese, do que das reservas.
A seca de ramos é precedida da morte de
raízes e se esta ocorre, em grau intenso, pode causar a
trianualidade de produção, visto que sua recuperação
é lenta.
A morte de raízes leva à redução na absorção
de água e de nutrientes. Por isso, um bom manejo de
adubação e irrigação ajuda a reduzir os problemas.
ANÁLISE
Como reduzir ou ampliar o ciclo
Além dos cuidados de manejo dos cafeeiros,
como a adubação, controle de pragas/doenças,
irrigação, etc., visando manter a planta mais
enfolhada, existem alternativas para evitar o “stress”
ou depauperamento que levam à baixa
produtividade, no ano seguinte.
Elas consistem, basicamente, em reduzir
ligeiramente a produção alta por planta, através de
espaçamentos menores, arborização, uso de material
genético mais vigoroso e com padrão de florada mais
diluído, aplicação de podas e outros.
Ultimamente, na cafeicultura empresarial,
existe tendência a se promover um ciclo de produção
mais pronunciado, visando uma safra muito alta e,
depois, uma safra zero, com o auxilio de poda dos
ramos produtivos.
O ciclo bienal e as estimativas de safras
As estimativas das safras de café no Brasil
vem sendo feitas, atualmente , na maioria das regiões
produtoras, de forma subjetiva, o que reduz a sua
confiabilidade. Em função disso, muitas empresas
comerciais também fazem suas previsões, sem
metodologia apropriada, o que chamamos de
chutometros. Elas, por sua natureza, tendem a puxar
as previsões para cima, sempre querendo safras mais
altas. Os produtores, por sua vez, prejudicados por
divulgações errôneas, não podem decidir bem o que
fazer, se vendem logo ou se guardam o café.
Assim, a pergunta é: Onde está considerado o
ciclo bienal de produção dos cafeeiros ?
Respondemos que, na prática do mercado, ele foi,
simplesmente, esquecido, já que a correta definição
da oferta deveria, sempre, ser feita pela média de 2
safras.
O processo natural da planta de café,
cultivada a pleno sol, é ter frutificações muito
diferenciadas de um ano para o outro, conforme já foi
esclarecido fisiológicamente. A lavoura, fica com
suas plantas estressadas pela carga, cresce menos e
produz menos no ano seguinte.
O que alguns interessados não enxergam,
talvez por que não querem, é o fato, incontestável, de
que, se uma safra veio um pouco maior do que se
esperava, por exemplo, 3 milhões de sacas a mais
num ano, pode-se prever, na safra seguinte, essa
quantia a menos.
ANÁLISE
35
DESAFIOS NO MANEJO DE CAFEZAIS
J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé
Manejar bem a lavoura de café é um grande
desafio, pois a cultura cafeeira fica no campo o ano
todo, sujeita às variações nas condições do ambiente,
do clima, do solo e das pragas e doenças que atacam,
devendo ser nutrida e protegida, exigindo cuidados
praticamente o ano inteiro,
O manejo de cafezais pode ser definido como
a forma de combinar e executar os tratos culturais no
cafezal. Envolve, assim, o modo e a época de fazer,
ou seja, como, quando e onde executar os tratos ou
práticas culturais.
Práticas rotineiras, eventuais e prioritárias
O manejo nas lavouras de café compreende a
execução de práticas culturais divididas em 2 tipos:
as rotineiras, feitas usualmente, por todos os
produtores e as eventuais, realizadas em níveis e
épocas diferenciadas, entre os produtores. Ao todo,
pode-se efetuar 12 práticas.
As práticas rotineiras, usadas no manejo de
cafezais, são: O controle do mato, a
arruação/esparramação, e a colheita/preparo.
As práticas consideradas eventuais são: A
adubação/calagem, o controle de pragas/doenças, o
controle à erosão, as podas/condução, a irrigação, o
replantio/repovoamento, a proteção contra
ventos/geadas, a sub-solagem e a combinação de
cultivos. Muitas dessas práticas “eventuais”, isto
mesmo, entre aspas, são, hoje, práticas obrigatórias,
A renovação de cafeeiros, através de dobra,
permite melhorar o stand de plantas e substituir a
variedade. Na foto, dobra de Acauã no meio de
mundo-novo, Utinga-BA
Plantios de café super adensados, como este
observado pelos colegas Saulo e Sinésio, no
CEPEC-Heringer, em M. Soares-MG, são uma
opção para regiões de montanha.
citando-se o exemplo da adubação, imprescindível
em nossos solos pobres.
Um grupo de práticas é considerado
prioritário, diante da sua maior influência na
produtividade e nos custos de produção, bem como
sobre a qualidade do produto. Esse grupo destaca a
adubação/calagem, o controle de pragas/doenças, a
irrigação, as podas e a colheita/preparo.
A aplicação dessas práticas, de modo
adequado, exige o uso de recursos, que devem ser
gerados através de rendas com a produção de café.
No entanto, a conjuntura atual de desequilíbrio entre
os preços do café e dos seus custos de produção, não
tem deixado margens suficientes. Assim, alem dos
desafios agronômicos, tem-se aqueles econômicos.
Com pouca renda o produtor investe pouco nos tratos
e, assim, produz pouco, o que eleva seus custos de
produção por saca, sobrando pouco ou nada , aí
fechando o ciclo, que resulta, novamente no maltrato
das lavouras.
Caminhos possíveis
Cada situação de propriedade cafeeira deve
ser analisada, visando eleger os caminhos de
recuperação. No entanto, pode-se indicar, de maneira
geral, 3 caminhos, que se aplicam à maioria dos
casos: o aumento da produtividade, das lavouras e de
todo o processo operacional; a mecanização dos
ANÁLISE
36
tratos e a racionalização de custos.
A mecanização dos tratos e, especialmente,
da colheita, leva à reduções importantes nos custos
de produção do café, alem de viabilizar a cafeicultura
empresarial, com economia de escala.
A racionalização dos custos deve prever o
uso do estritamente necessário, investindo nos
insumos capazes de melhorar a produtividade, sendo
essencial o planejamento e controle de gastos,
especialmente aqueles de mão-de-obra e/ou
operação de maquinário, item preponderante no
processo produtivo do café.
Destaque na produtividade
A produtividade das lavouras está ligada a 3
grupos de fatores variáveis, da planta, do ambiente e
do manejo.
Na planta influi a espécie, a variedade e a
linhagem cultivada, o sistema de plantio
(espaçamento, no de plantas/área) e seu processo
fisiológico, que conduz a um maior crescimento e
frutificação.
No ambiente influem o solo (química e
física) e o clima, onde se destaca a freqüência de
chuvas, para o suprimento de água (balanço hídrico),
podendo haver estiagens prejudiciais, alem do efeito
das temperaturas, dos ventos, de chuvas de granizo e
de geadas, onde condições favoráveis ou
desfavoráveis beneficiam ou prejudicam a
produtividade.
No manejo dos tratos, as práticas usadas pelo
produtor visam corrigir as condições para a planta e a
A irrigação é uma prática prioritária para aumento
de produtividade de cafezais.
As lavouras do robusta-conillon tem resultado em
altas produtividades, com alguns prejuízos pela
seca.
melhoria do ambiente. O manejo exige aplicação de
recursos e de tecnologia, dependentes, como já foi
abordado, do balanço preço/custo de produção do
café.
Os problemas principais que vem afetando a
produtividade dos nossos cafezais são: os solos
pobres, desequilibrados; o grande quantitativo de
lavouras velhas, que necessitam recuperação ou
substituição; o ataque severo de pragas/doenças nos
cafezais; a falta de adequação nos espaçamentos das
lavouras, em muitas delas, com baixo stand de
plantas por área; as deficiências climáticas (água/
temperatura/ ventos) crescentes, ainda mais diante
de previsões futuras de aquecimento; e a falta de
tratos adequados.
A produtividade é a base para custos de
produção menores.
Desafios
Os desafios que aqui destacamos, no manejo
de cafezais, são na renovação/recuperação de
cafezais, na nutrição das lavouras, no controle de
pragas/doenças, nas podas, na irrigação e na colheita.
A recuperação e renovação de cafezais deve
ser um processo constante, pois é preciso contar com
lavouras modernas e produtivas, com facilidades nos
tratos e colheita e com menores custos de produção.
A recuperação deve começar pela análise e
seleção de lavouras em 3 tipos:
- Lavouras boas, a serem conduzidas com tratos
normais.
- Lavouras que precisam recuperação, através de
práticas especiais, de podas, replantio, correção de
ANÁLISE
solo , controles, etc.
- Lavouras que precisam ser substituídas, onde a
recuperação não compensa, com o plantio de novas
lavouras no lugar .
Na renovação deve-se considerar que
antigamente a fase de formação da lavoura demorava
3-4 anos, porem hoje em dia, com variedades mais
precoces e produtivas, com adubação e tratos
intensivos, inclusive com irrigação, é possível ter
uma pequena safra, de 10-15 sacas/ha, já com 1,5
ano, e uma boa safra, 30-70 scs/ha, com 2,5 anos,
com retorno mais rápido dos investimentos.
Dois sistemas básicos de espaçamento são
atualmente indicados na renovação das lavouras:
Sistema adensado: 1,70 – 2,5 m X 0,5 – 0,7 m , com
5000 – 10000 pl/ha
Sistema renque mecanizado: 3,5 – 4,0 m X 0,5 –
0,7 m, com 4000 – 5500 pl/ha
Dois sistemas alternativos podem ser utilizados:
Sistema super-adensado: 1,0 – 1,5 m X 0,3 – 0,5 m ,
com 15000 – 25000 pl/ha, em ciclos de 2-4 safras e
recepa em seguida
Sistema semi-adensado: 2,5 – 3,0 m X 0,5 – 0,7 m,
com 6500 – 8000 pl/ha, com esqueletamento
constante, cada 2-3 safras.
No controle de pragas e doenças os principais
desafios agronômicos são:
No controle do bicho-mineiro: superar falhas
de controle, através do uso de novos ativos; aumentar
o período residual de controle e introdução em escala
comercial de variedades resistentes.
No controle da broca o desafio atual é
A mecanização da colheita, com colhedeiras,
munidas de hastes derriçadoras e esteira coletora,
elementos vistos na foto, é uma necessidade, para
redução dos custos de produção.
37
encontrar um inseticida para substituir, com a mesma
eficiência, o ativo endossulfan, que está para ser
retirado do mercado.
No controle da ferrugem é preciso superar
falhas
de controle/resistência aos fungicidas
Trazóis, especialmente no seu uso via solo, com
raças novas do fungo; através da combinação de
ativos e inclusão de novos, com o uso de fungicidas
cupricos no manejo de resistência e trabalhar na
ampliação de uso do controle genético
Na nutrição em cafezais é preciso melhorar o
equilíbrio nutricional, no solo e nas plantas, definir
melhor as recomendações: de uso de fósforo, gesso,
adubos foliares e hormônios, alem, é claro, de
aumentar o uso de análises (solo e foliar), visando
racionalizar a adubação/calagem.
A irrigação tem sua necessidade crescente,
visando reduzir riscos de perdas, considerando os
problemas de aquecimento, a disponibilidade de
água(outorga), a melhor definição dos períodos de
stress hídrico e sistemas mais econômicos, sem
perder de vista a necessidade de desenvolver
variedades/espécies mais tolerantes
No uso das podas deve-se utiliza-las como
um auxiliar no manejo de cafezais, para redução de
altura de plantas, promovendo re-equilibrio entre a
parte aérea e o sistema radicular dos cafeeiros,
visando minimizar problemas de deficit hídrico, e
para melhoria ambiental. Deve, ainda, adequar
plantas baixas, novas e produtivas, através de podas
em ciclos curtos, para melhoria do rendimento de
colheita, isto mais aplicável á cafeicultura de
montanha. As podas para safra zero tem também sua
finalidade de redução nos custos da lavoura.
Por último, talvez o mais importante desafio,
é a melhor viabilização da colheita, especialmente
nas pequenas propriedades e áreas montanhosas.
Com a elevação de custos e carências de mão-deobra é preciso investir mais na mecanização,
ampliando a oferta de máquinas e maior uso em
propriedades médias e pequenas e, ainda, obter
reduções de custos na colheita manual, através de
modificação no tipo dos cafeeiros a serem colhidos
(menor altura), pela maior produtividade e pela
colheita de ramos.
38
SÉRIE ESTATÍSTICA
A SAFRA DE CAFÉ EM 2010
J.B. Matiello e L.B. Japiassú, Engs. Agrs. Mapa/Fundação Procafé.
A primeira estimativa da safra cafeeira que será
colhida em 2010 saiu agora em janeiro. A CONAB
divulgou que deverão ser colhidas entre 45,9 e 48,7
milhões de sacas, na média, 47 milhões, cerca de 8
milhões (20%) a mais em relação àquela colhida em
2009 (39 milhões).
O ciclo bienal de produção e as condições
climáticas favoráveis explicam essa elevação prevista
para a próxima safra. De fato, a maioria das regiões vai
produzir em ciclo de alta. As chuvas estiveram
presentes entre junho e setembro, quando ocorreu a
primeira florada. Com a falta de stress várias floradas
aconteceram. Ocorreu uma verdadeira loucura no pé de
café. Parece que estamos na Colômbia, pois temos
desde frutos bem granados, em áreas mais quentes já
amadurecendo e, ao mesmo tempo, frutos em água,
chumbinhos, flores e botões.
Vai ser difícil aproveitar toda a frutificação das
plantas em colheita única, por derriça, conforme aqui
praticada. A qualidade do café vai ser ruim, pois se
formos esperar aqueles frutos mais atrasados vai
ocorrer muita quantidade de frutos caídos no chão (das
primeiras floradas). Se colhermos mais cedo vai ter
grande quantidade de verdes, das últimas floradas.
Sorte que, em algumas regiões, os frutinhos das últimas
floradas estão sendo descartados pelas plantas.
No aspecto regional quase todas as regiões
aumentaram a produção, havendo a liderança dos estados
de Minas Gerais e Espírito Santo, que, juntos, perfazem
cerca de 75% da produção total. Quanto à distribuição por
“qualidade” a estimativa é de 35 milhões de sacas de cafés
arábica e 12 milhões de robusta-conillon.
Sobre a estimativa efetuada tem-se algumas
dúvidas, pois a metodologia ainda continua precária,
visto que os dados referentes aos 2 principais estados
produtores (MG e ES) são estimados subjetivamente,
como o próprio relatório da CONAB indica, que, em
reunião entre a CONAB, as cooperativas a Emater, o
Banco do Brasil e técnicos eles chegaram à conclusão
por uma redução de 8,4% no parque cafeeiro no Sul de
Minas. Outra coisa que deveria ser eliminada é a faixa
de estimativa, pois já se sabe, pelo que ocorreu em
todos os anos anteriores, que a evolução das
estimativas sempre ocorre com elevações e o limite
superior é, desde já,entendido como o resultado real.
Deve ser estimado um só dado, sendo que já se
entende que pode haver uma margem de erro da
estimativa, para baixo ou para cima.
Finalmente, deve-se considerar que a condição
climática que vem ocorrendo desde o final de
dezembro, com estiagem de mais de 2 meses, no
conillon e em parte do arabica no Espírito Santo e Z.
Mata de MG, e na Bahia, pode reduzir bastante a
produção nessas regiões.
Estimativa da safra cafeeira no Brasil em 2010
Fonte: Convenio MAPA-SPAE/CONAB
PRODUTOS E EQUIPAMENTOS
39
Altacor: um novo inseticida, muito eficiente, no
controle do bicho mineiro do cafeeiro
Maurício C. Fernandes, Coordenador de Desenvolvimento de Mercado DuPont do Brasil
e Carlos Gilmar Diniz, Assistente Técnico Unicampo
O Altacor é um inseticida novo no mercado,
lançado pela Empresa DuPont do Brasil, para uso no
controle do bicho mineiro do cafeeiro. Ele tem como
ativo chloroantraniliprole, 350 g/kg ou Rynaxypyr,
pertencente ao grupo das diamidas antranílicas
Os técnicos recomendantes e os cafeicultores
conhecem muito bem a importância do bicho
mineiro na lavoura cafeeira, onde se constitui na
principal praga. Sabem, também, que, ultimamente,
o controle químico do bicho mineiro está cada vez
mais difícil, pois os produtos que vem sendo usados
já não fazem o efeito que faziam antigamente.
Fatores climáticos, como altas temperaturas,
baixa umidade relativa do ar e chuvas irregulares,
tem favorecido o desenvolvimento do bicho mineiro,
que, assim, provoca significativa desfolha das
plantas de café, afetando a produtividade.
Alem da sua alta eficiência contra o bicho
mineiro, conforme demonstrado em seguida, o
produto Altacor atende aos critérios exigidos pelo
mercado consumidor, dando segurança ao café
produzido. Ele utiliza doses baixas, apresenta alta
seletividade, causa baixo impacto ambiental e possui
classe toxicológica adequada.
100 folhas em 4 pontos por tratamento nos 3º. e 4º.
pares de folhas do ponta para a base dos ramos
plagiotrópicos, quantificando larvas vivas e folhas
com larvas vivas (%).
Os resultados das amostragens de folhas nos
campos de teste estão colocados na figura 1. Pode-se
observar os dados referentes à porcentagem de
folhas com larvas vivas, média dos 26 campos, nas 5
avaliações efetuadas, na amostragem inicial e aos
15, 30, 45 e 60 dias da aplicação. Ao lado dos dados
obtidos com o Altacor estão aqueles obtidos com
outros 4 tratamentos, onde foram usados diferentes
inseticidas e, também, na testemunha.
Campos de teste, em grande numero,
mostram a boa eficiência
Foi avaliada a eficiência de ALTACORTM no
controle de bicho mineiro do cafeeiro (L. coffeella)
em campos demonstrativos, dentro de lavouras
comerciais, localizados nas regiões do Alto
Paranaíba, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais. Os
campos foram conduzidos nos municípios de Araxá,
Ibiá, São Gotardo, Três Corações, Passos, Machado,
Três Pontas, Cássia e Capelinha, totalizando 26
campos. O tamanho das parcelas foi de 1 ha, sendo
que os tratamentos foram baseados no padrão do
produtor comparados ao tratamento DuPontTM, que
consistiu na o uso de Altacor, na dose de 90 g/há, em
aplicações em pulverizações foliares, usandio 400
litros de calda por hectare.
A avaliações foram realizadas coletando-se
Figura 1 - Porcentagem de folhas com larvas vivas de L.
coffeella em 26 campos demonstrativos conduzidos na Zona da
Mata, Alto Paranaíba e Sul de Minas Gerais.
Detalhe da mina do bicho mineiro, com as lagartas
expostas, após a retirada da epiderme.
40
PRODUTOS E EQUIPAMENTOS
Visual de plantas de cafeeiro tratadas com ALTACOR® (esquerda) e plantas tratadas com produtos padrões dos produtores das
regiões do Alto Paranaíba, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais.
Como pode ser observado na Figura 1, as
avaliações prévias estavam no momento adequado para
a realização da aplicação de inseticidas (3 a 5% de
infestação), sendo que o efeito de ALTACOR® ficou
mais evidenciado após 10 a 15 dias da aplicação. Os
outros tratamentos apresentaram redução da população
de bicho mineiro em menor tempo, mas a reincidência
foi rápida e ao redor de 15 a 30 dias da primeira
aplicação houve a necessidade de repetir para manter a
população dentro de nível de dano adequado.
Os dados sobre numero médio de larvas vivas
por folha tiveram comportamento semelhante aos
dados de percentagem de folhas. Foi verificado que
após à aplicação de ALTACOR®, não houve reinfestação de bicho mineiro, com redução drástica da
população, ao nível zero de incidência, mantendo-se
por mais de 60 dias sem necessidade de novas
aplicações. Enquanto isso, os demais tratamentos
apresentaram re-infestação atingindo nível de dano
econômico e havendo a necessidade de realização de
novas pulverizações.
Concluiu-se que:
- O produto ALTACOR® é eficiente no controle de
bicho mineiro (L. coffeella) na dose de 90 g/ha;
- A mortalidade final das larvas ocorre após 10 dias do
tratamento, sendo que o efeito da intoxicação do
chloroantraniliprole (RynaxypyrTM) é rápido e os
insetos praga param a alimentação e não causam mais
injúrias a planta do cafeeiro;
- Foi observado a preservação da população de
inimigos naturais devido à alta seletividade de
ALTACOR®;
- A sanidade das folhas das plantas de cafeeiro resultou
em enfolhamento mais pronunciado e excelente
emissão de folhas novas, diferenciando fortemente das
demais plantas que receberam tratamentos com outros
produtos;
- A tecnologia disponível da molécula de
chloroantraniliprole (RynaxypyrTM) é uma excelente
opção para o controle de bicho mineiro do cafeeiro (L.
coffeella) como também para os programas de manejo
da resistência de insetos a inseticidas.
Características desejáveis e recomendações
As principais características, desejáveis, que o
produto Altacor apresenta são as seguintes: pertence a
um novo grupo químico, com modo de ação
diferenciado, atuando na musculatura do inseto,
inicialmente na mandíbula, fazendo com que a praga
pare rápidamente sua alimentação, ficando atordoada
até sua morte. Seu potencial inseticida é alto, por isso
pode-se usa-lo em baixas doses. O período de controle
é longo, mostrando alta eficiência, contra o bicho
mineiro, e, também, contra outras lagartas que
eventualmente estejam atacando o cafeeiro. O produto
é muito resistente à lavagem pelas chuvas. Apresentase bastante seletivo, à cultura e a insetos benéficos. Não
causa desequilíbrio para ácaros. O intervalo para
entrada na cultura, após à aplicação é de apenas 21 dias.
A formulação é diferenciada - WG (grânulos
dispersíveis em água), apresentando alta
compatibilidade.
As recomendações de uso podem ser assim
resumidas: Usar o Altacor (350 WG) na dose de 90
g/ha, em aplicações foliares, atingindo bem a
folhagem. O emprego de óleos na calda, conforme o
usual, pode ser feito, ativando ainda mais o produto.
Deve-se usar 2 aplicações por ciclo, com intervalo de
cerca de 45 dias.
Estação de Avisos Fitossanitários: Boletins mensais com condições climáticas e
acompanhamento do crescimento do cafeeiro e evolução das pragas e doenças no
Sul de Minas.
Laboratório de Solos e Folhas presta serviços de análise de macro e
micronutrientes. Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere - CEP: 37026400 - Varginha, MG.
Venda de Sementes de Café categoria S1 das principais cultivares. Consulte a
disponibilidade.
Serviço de Atendimento e Consultas por e-mail
([email protected]) ou por telefone (0xx35-3214-1411 ou
0xx21-2233-8593).
Com 100 anos, é reconhecida como uma das melhores Instituições de Ensino do
País, e seu reconhecimento se deve à inquestionável capacitação física e humana
a serviço do ensino, pesquisa e extensão; considerada pelo Ministério da
Educação como “Centro de Excelência”.
Oferece os seguintes cursos de graduação: Agronomia, Administração,
Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Zootecnia, Medicina Veterinária,
Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos, Química e Ciências
Biológicas.
Possui também 80 (oitenta) cursos de Pós-Graduação, entre LATO SENSU,
STRICTO SENSU e Doutorado.
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