ANO 6 - Nº 17 - Janeiro/Março - 2010 REVISTA BRASILEIRA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA FUNDAÇÃO PROCAFÉ CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA ANO 6 - Nº 17 - Janeiro/Março - 2010 Neste número: REPORTAGEM - A festa do café em Santa Maria do Marechal-ES 03 - Cafeicultura moderna na região de São Domingos das Dores-MG 05 COMO FOI VOCÊ - Astórico - Foi-se um amigo, ficou seu trabalho 07 PESQUISANDO - Queda de frutos de cafeeiros em diferentes níveis de uniformidade de florada Capa: Frutificação abundante da cultivar Sabiá 398, bem adaptada às condições de região quente, no ensaio em Pirapora-MG. 08 - Sabiá 398, variedade de cafeeiros arabica mais adaptada a condições de temperaturas mais altas 09 - Resposta produtiva e econômica da irrigação de cafeeiros arabica na região de InhapimMG 11 - Produtividade inicial de novas seleções e cultivares de cafeeiros com resistencia à ferrugem na Zona da Mata de Minas 13 - Baixo vigor na brotação dos cafeeiros Iapar – 59, no pós-recepa, na região de montanha do Espírito Santo 15 - Adaptação da linhagem de cafeeiros Catucai Vermelho 785/15 às condições da cafeicultura de montanha, na Zona da Mata de Minas 16 NOTA DO EDITOR Neste numero de nossa revista focalizamos 9 trabalhos de pesquisa publicados no último Congresso Brasileiro, com destaque no desempenho de novas variedades. Na seção de recomendação mostramos o modo de fazer a poda de esqueletamento, muito usada ultimamente, o controle do mato e as práticas para evitar o adensamento do solo. Na seção de análise caracterizamos o ciclo bienal de produção de café e destacamos os desafios no manejo de cafezais. Nas reportagens abordamos duas regiões de cafeicultura de montanha, na Zona da Mata de Minas e no Espírito Santo e na série estatística analisamos a previsão da próxima safra. Outras matérias de interesse estão colocadas na seção panorama, com destaque para a ferrugem que completou 40 anos no país. Agradecemos à Empresa Dupont pelo patrocínio deste numero, permitindo a manutenção da regularidade da revista neste inicio de ano. Em função disto a seção de produtos destaca um trabalho técnico, que fundamenta a recomendação de um novo inseticida para o controle do bicho-mineiro. Um novo ativo é bem vindo, pois a praga vem se mostrando de difícil controle. - Equivalencia na coleta de folhas individuais ou de pares na amostragem para análise foliar do cafeeiro 18 - Avaliação do sistema de recolhimento Mecanizado de café 19 - Espaçamentos na linha de plantio (entre - plantas) das variedades Catuai Vermelho Iac 144 e Acaia 474/19, nas condições de solo e clima da região de Araxá - MG 21 RESPONDE 23 RECOMENDANDO - Adensamento no solo: Como identificar, prevenir ou controlar 24 - Mato demais, mata 26 - Esqueletamento do cafeeiro: A moda e o bom modo 27 PANORAMA - 40 anos de convivência com a ferrugem do cafeeiro no Brasil 30 - Coró das pastagens “ataca” em cafezais 30 - Encontros sobre cafeicultura se multiplicam 31 - Curso para Técnicos do ERJ em Varginha 32 - Sai a programação de Eventos da Fundação Procafé 32 - Surto de cochonilha da roseta do cafeeiro no Espírito Santo 32 ANÁLISE - Ciclo bienal de produção de café no Brasil 33 - Desafios no manejo de cafezais 35 SÉRIE ESTATÍSTICA - A safra de café em 2010 38 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS - Altacor: um novo inseticida, muito eficiente, no controle do bicho mineiro do cafeeiro 39 CARTA AO CAFEICULTOR Aumenta a safra, a oferta cresce, e os preços... A primeira estimativa da safra cafeeira, a ser colhida em 2010, saiu agora em janeiro (ver matéria da série estatística nesta revista), apontando para uma produção cerca de 20% maior do que a passada. Talvez não seja tão grande, como previsto, pois algumas regiões produtoras, como no estado do Espírito Santo e Bahia, vem passando por forte estiagem, de mais de 2 meses sem chuva. Também a florada desigual está atrapalhando e resultará em menos café, de qualidade, colhido. De qualquer modo, a oferta de café será maior e, assim, os preços, salvo ocorra algum problema de frio no próximo inverno, deverão permanecer no atual patamar, ou seja, sem remunerar adequadamente os custos de produção.Até os produtores de robusta-conillon, antes motivados pela boa renda, agora começam a reduzir os tratos. Não podendo atuar nos preços, temos que reduzir custos, selecionando lavouras, podando e renovando. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Reinhold Stephanes Secretário-Executivo do MAPA: José Gerardo Fonteles Secretário de Produção e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes Bertone Diretor do Departamento do Café (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu Ferreira Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/MAPA): Márcio Antônio Portocarrero Superintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): Antonio do Valle Ramos Fundação Procafé Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA Ano 6: nº 17 - JANEIRO/MARÇO - 2010. Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia, André L. Garcia e A. V. Fagundes MAPA/Fundação Procafé, Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café. Diagramação e Impressão: Gráfica Santo Antônio Ltda. - (35) 3265-1717 - Três Pontas-MG Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva, Cláudia Sgarboza e Thais N. Braga. Tiragem: 2000 exemplares. Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere 37026-400 - Varginha/MG 35. 3214-1411 [email protected] e Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro 20081-250 - Rio de Janeiro/RJ 21. 2233-8593 [email protected] É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores. www.fundacaoprocafe.com.br REPORTAGEM 03 A FESTA DO CAFÉ EM SANTA MARIA DO MARECHAL-ES J.B. Matiello, A.W.R. Garcia e S.R. Almeida, Engs Agrs Mapa/Procafé Fomos convidados e participamos da Festa do café, que ocorreu no final de 2009, lá em Santa Maria, uma comunidade no município de Marechal Floriano, na Zona Serrana do estado do Espírito Santo. Dois de nós (Matiello e Saulo) já conhecíamos a região, pois vimos acompanhando os ensaios de novas variedades, instalados nas Fazendas dos nossos colaboradores, César Khrolling e José Stockl, já por 10 anos. Antonio Wander foi pela primeira vez, para conhecer uma área cafeeira de montanha, uma região de pequenos e bons produtores de café. A viagem foi longa, quase um dia inteiro, desde Varginha até lá. Chegamos à noitinha e já tinha comida à nossa espera, aliás, nos 2 dias que ali ficamos, a hospitalidade foi nota mil. A comunidade, composta, em sua maioria, por descendentes de alemães e italianos, nos cercou de muito calor humano, desses lugares de interior onde a gente é muito mais gente. A programação de trabalho também foi muito proveitosa. Fizemos, em companhia de líderes de produtores e de Técnicos locais, uma visita de campo em diversos tipos de lavouras de café e nos ensaios, para analisarmos as suas condições e discutirmos os problemas que estavam ocorrendo. Na festa, pela tarde, foi organizado, pelas associações dos produtores (ADSCM-Assoc. de desenv. comum. de S.Maria e AGRODISMA- Assoc. de agro descendentes. de S. Maria) um tipo de Seminário para os produtores, com debates, onde nós, juntamente com o colega C. Khrolling e o presidente do INCAPER, Evair Vieira, apresentamos nossas sugestões e recomendações. Características da região e das lavouras observadas A região de Marechal Floriano apresenta topografia acidentada, altitude elevada e muita umidade, o que condiciona o problema de ataque das doenças Phoma e Ascochyta. Este ataque causa perdas de produção, pois ele é grave sempre que ocorrem frentes frias, nesta época, coincidindo umidade e queda de temperatura, ocorrendo infecção mais séria sobre as rosetas, nos botões e frutinhos, presentes entre outubro e dezembro. No presente ano o ataque foi pequeno, pois, Nas 2 fotos, a equipe, composta pelos colegas Antonio Wander, Saulo e Matiello observa, junto com os Técnicos e lideres locais, a condição e os problemas de uma boa lavoura, podada e combinada com bananeiras apesar de chuvas ocorridas em out/nov, o clima se manteve quente. Porem, como a florada foi desigual, com a presença de botões e chumbinhos na mesma planta, o risco de ataques futuros permanece devendo merecer proteção através de aplicações de fungicidas específicos. O período seco em dezembro-fev não favoreceu o ataque de Phoma neste ciclo. Esta estiagem prejudica bastante a produção de café na região. As lavouras, em sua maioria, são conduzidas 04 REPORTAGEM Observação dos ensaios de melhoramento genético, com a introdução e avaliação de novas variedades de café, na localidade de Rio Fundo. Na mesa de discussões do seminário na festa do café, A.Wander (falando). Matiello, Saulo, Evair e César. em sistemas adensados, e essa condição, aliada à declividade das áreas, torna as aplicações foliares dificultadas, pois precisam ser feitas manualmente, ou, em casos de produtores maiores, o que é raro, usar canhões atomizadores tratorizados, equipamentos caros. Neste ano, a florada está muito desigualada, consequência da falta de stress hídrico no período julho setembro. Verifica-se, no entanto, que as lavouras com menor uso de adubos nitrogenados e aquelas de variedades mais estressadas e de floração precoce, como o catucai 785-15 estão com comportamento diferenciado, tendo aberto mais de 70% dos botões. Ao contrário, aquelas podadas, com bom vigor, e da variedade catuai atrasaram seu florescimento.. No aspecto nutricional foram observados problemas de desequilíbrio de magnésio e carências de boro e zinco, alem do fósforo, este em maior escala. Isto indica que se deve usar mais o instrumento de reequilibrar a nutrição, com auxilio nas análises de solo e de folhas. Outra observação diz respeito aos bons resultados na renovação de cafezais usando recepa, com isso abrindo as lavouras e reduzindo o tamanho das plantas, para o facilitar a colheita, operação mais onerosa na lavoura cafeeira. Foi recomendado que este sistema de poda seja aplicado em ciclos mais curtos que o normal, não buscando somente a maior produtividade, mas o manejo mais facilitado. A combinação de cultivos é uma prática muito interessante, adotada na cafeicultura da região. A arborização com bananeiras mostra bons resultados, tanto na melhoria do ambiente como na questão de renda complementar. Foi orientada a vantagem de manter e aumentar a diversificação nas propriedades cafeeiras, substituindo lavouras de café pouco produtivas. As opções que já vem sendo usadas são eucaliptos, cedro australiano, verduras e fruteiras. A questão crucial da região tem sido o aspecto da renda do café. Os custos dos fatores, especialmente da mão de obra, estão altos e existe carência de trabalhadores de campo na região. Deste modo, o custo de produção tem sido elevado e, por isso, muitos produtores estão abandonando ou tratando mal suas lavouras. A solução atual, sem melhoria de preços do café, passa pela seleção de lavouras e tratos melhores buscando altas produtividades, a qualidade do café e a racionalização no uso dos insumos, com economia na sua aquisição e, ainda, buscando, através da Associação dos produtores, melhores condições econômicas nas transações comerciais dos produtos. A redução no custo da colheita é importante devendo ser buscada com o manejo de lavouras, também mais produtivas e de porte menor das plantas. A observação nos ensaios mostrou bons resultados nos trabalhos, com desempenho superior do Catucai amarelo 2 SL, do Acauã, do Palma 2 e do Catucai vermelho Japi, alem de outras seleções ainda em teste. A parceria com o Mapa e Fundação Procafé, com o acompanhamento dos ensaios, está sendo muito útil para testagem e indicação dos materiais genéticos mais adaptados. Alguns que vem sendo indicados Lavoura mal tratada, já comum na região, resultado da falta e alto custo da mão de obra e da baixa renda com a lavoura cafeeira. REPORTAGEM pelos órgão Oficiais regionais, seriam contra indicados de acordo com os resultados nesses ensaios, citando-se as variedades Iapar 59, o Paraiso e o Tupi. Conclusões da viagem As observações de campo e os contatos e discussões efetuados foram importantes para o melhor conhecimento dos problemas e de suas soluções. Os aspectos técnicos mais relevantes na região são o manejo de podas mais freqüentes nas lavouras, a sua proteção contra Phoma, a nutrição mais equilibrada, a seleção de lavouras e sua substituição e ou renovação, a combinação de cultivos e o uso de 05 variedades mais adaptadas, combinando tipos de maturação e maior tolerância às doenças. No aspecto de renda, deve-se buscar maiores produtividades e redução de custos, com apoio em políticas governamentais que procurem a regulação de oferta, preços de garantia, crédito e outros mecanismos, para se contrapor à desvalorização cambial do dólar. Deve-se louvar a boa organização e o alto nível social da comunidade de Santa Maria do Marechal e o espírito de colaboração dos produtores para com o trabalho técnico de experimentação, cujos resultados estão beneficiando toda a região. CAFEICULTURA MODERNA NA REGIÃO DE SÃO DOMINGOS DAS DORES-MG A cafeicultura de montanha em São Domingos das Dores, na Zona da Mata de Minas, está de parabéns. Com o uso de tecnologia, lavouras de alta produtividade podem ser vistas em diversas propriedades, a exemplo do que ocorre nas Fazendas reunidas L e S, uma espécie de condomínio familiar, que visitamos recentemente, em companhia de vários colegas do ex-IBC, que atuam na região, citando-se os Engs. Agrs.Sérgio Stevanato, Edmar Sobreira e Ubiratan Barros, alem de diversos outros técnicos e produtores. A visita foi acompanhada dos proprietários das Fazendas L e S e do Eng. Agr. Marcio Carvalho, que coordena a área técnica. A região cafeeira si situa em altitudes ente 600 e 800 m, abrangendo áreas de 3 municípios, sendo, alem de São Domingos, São Sebastião do Anta e Imbé, os quais, em conjunto, tem uma área cafeeira estimada em 11mil ha.. Alem disso, no município vizinho, Inhapim, outras áreas cafeeiras, de clima mais quente, em altitudes na faixa de 500- 600 m, vem sendo desenvolvidas para café irrigado. Bons resultados na irrigação e com novas variedades Visitamos, inicialmente, as lavouras irrigadas e o experimento com e sem irrigação, das variedades Acauã e Os colegas, Engs. Agrs, J.B. Matiello, Márcio Carvalho e Edmar Sobreira, no meio do campo de clones de Conillon, a 790 m de altitude, em S.D das Dores-MG Vista geral de renques de eucaliptos no cafezal, situados junto aos carreadores, em lavoura em São Domingos das Dores, Z.Mata-MG Catucai 785/15. Vimos o grande diferencial produtivo pela irrigação(por aspersão em malha), que, na média de 2 safras, mostra uma produtividade de 88 scs/ha, 53% a mais do que as parcelas não irrigadas. Ali também visitamos um campo de introdução de clones de robusta, o qual está repetido na região de altitude mais elevada, em São Domingos, para comparação. As plantas estão com alta carga, na primeira safra, com destaque para os clones 2 e 3. Em São Domingos verificamos os ensaios no Campo Experimental, com destaque para um de competição de 38 itens, cujas sementes foram enviadas pelo Mapa/Fundação Procafé e que faz parte de um ensaio nacional, instalado nas diversas áreas cafeeiras, nos estados de Minas Gerais, E. Santo, São Paulo e Bahia. Estando as plantas com 2 anos de campo, já se vê uma pequena carga inicial e o bom desenvolvimento de vários materiais genéticos novos. Observamos, também, uma área de café super adensado, com a variedade Catucai 785-15, irrigado, do qual se espera cerca de 140 sacas/ha na primeira safra. Aliás, o plantio de Catucai está se expandindo na região, em substituição ao tradicional Catuai vermelho IAC 44, tendo obtido grande aceitação pelos produtores. Tratando-se, em muitas áreas, da substituição de 06 REPORTAGEM Detalhe do renque de plantas de eucalipto, bem próximas, na parte superior do carreador, abaixo do barranco. Detalhe da boa frutificação, na 1ª safra, no clone 3 de conillon, nas Fazendas L e S, a 500 m de altitude, em Inhapim-MG cafezais velhos, onde a população do nematóide M. exígua veio se acumulando, o Catucai e também o Acauã, tolerantes a esse nematóide, vem tendo melhor desempenho do que o Catuai. Diante dos bons resultados alcançados, a difusão das tecnologias deve ser feita para atender a um grande numero dos produtores da região. Dias de campo tem sido realizados anualmente. Neste ano vai ser dia 20 de março de ventos frios, principalmente em regiões de altitudes elevadas. Segundo nosso eterno e saudoso professor Dr. Ângelo P. de Camargo, devem ser implantados renques de árvores. Ele nos ensinou que as árvores devem ser retas, flexíveis, não caducifólias, apresentando bom crescimento, sistema radicular profundo, para explorar, principalmente, áreas de solo não atingidas pelas raízes dos cafeeiros. Elas devem ter boa resistência a ventos, poucos problemas com pragas e doenças, sendo, também, importante a ausência de frutos ou sementes semelhantes aos do café (para não misturar com aqueles, no chão) e a sua utilidade paralela, como fruteira, planta industrial ou madeira é também desejável. A planta que preencheria o maior número dessas características desejáveis é a Grevillea robusta, porem ela cresce mais lentamente e apresenta problemas de formigas e doenças de tronco, sendo de difícil implantação e manutenção. Na Zona da Mata de Minas vimos que foi encontrada uma boa solução para quebra ventos, por incrível que pareça, com o uso de renques de eucaliptos nas lavouras de café. Sabe-se que o eucalipto é uma planta que cresce muito bem, uma vantagem na instalação rápida do renque quebra ventos. Por outro lado, sabe-se, também, que o eucalipto é exigente em água, e, assim, concorreria muito com os cafeeiros. A melhor opção encontrada consistiu em plantar o renque de eucaliptos nos carreadores/estradas, logo abaixo do barranco, ou seja, na margem superior e dentro das estradas. Com isso, o sistema radicular das árvores se desenvolve em nível mais baixo em relação aos cafeeiros acima. Por sua vez, em relação aos cafeeiros abaixo da estrada, a maior distância reduz a concorrência. No renque os eucaliptos são plantados juntos, cerca de 1m entre plantas, com o objetivo de, também, fornecer madeira para a secagem do café. Quando em tamanho adequado as árvores são cortadas, para lenha, sendo raleadas e aproveitadas de forma intercalada, deixando sempre 30% de plantas adultas, com isso reduzindo sua concorrência. A rebrota é aproveitada, para corte futuro, podendo-se, ainda, caso se queira, deixar árvores sem cortar, cada 5-10 m, para produção futura de madeira serrada. Eucaliptos no cafezal Uma outra observação muito interessante feita na região foi a experiência local com a instalação de quebra ventos. Sabe-se que os renques de quebra ventos em cafezais são importantes para reduzir o efeito prejudicial Detalhe das plantas de eucaliptos cortadas (vendose a lenha empilhada), já com a brotação conduzida (2 brotos/pl) e as árvores que ficaram para madeira. Vista geral do ensaio nacional, de 38 itens, no campo experimental, em S.D. das Dores-MG COMO FOI VOCÊ Astórico 07 Foi-se um amigo, ficou seu trabalho Mudamos o nome dessa seção da revista, normalmente denominada “como vai você”, para homenagear um grande colega e amigo, nosso e da cafeicultura na Zona da Mata de Minas. Estamos falando do Astórico, que nos deixou, prematuramente, em 01/02/2010. Astórico Ribeiro Queiroz nasceu no Rio de Janeiro em 1950, filho de familia de militares. Se formou em Agronomia em 1973 pela Universidade federal Rural do Rio de Janeiro, no Km 47, em Itaguaí. Começou seu trabalho com café no IBC, na Divisão Regional de Assistência à Cafeicultura, em Caratinga, na Zuna da Mata mineira, em 1976. Ali trabalhou até 1990, quando a autarquia foi extinta. Desempenhou, nesse período, a coordenação de trabalhos de AT junto aos Escritórios Locais, distribuidos na região, atuando na execução do Plano de renovação de Cafezais, no de Controle à Ferugem e outros, destacando-se o trabalho de previsão das safras de café. Em seguida, continuou a atuar no setor cafeeiro, agora no Mapa/Procafé, atuando na área de pesquisas, na Fazenda Experimental de Caratinga. Ali foi muito importante na seleção de plantas do Sarchinovo, depois denominado Acauã. Também atuou na seleção e fomento do material de Katipó, que vem sendo plantado regionalmente. Atuou, junto com o colega Miguel, na seleção do Catucai 785, no desenvolvimento e distribuição da linhagem de Catuai amarelo 32 e, ultimamente, colaborou na seleção de um novo material, híbrido entre o catuai e o bourbom amarelo, que vem apresentando bom potencial. Nos últimos anos, por força da sua lotação no MAPA, passou ao serviço de Fiscalização Agropecuária, atuando no setor de sementes e mudas. Porem, Astórico nunca se desligou do café. Sempre esteve presente e coordenava muitas mesas de trabalho nos Congressos Brasileiros de Pesquisa, participava dos Seminários e dias de campo em diversas regiões cafeeiras. Astórico sempre foi uma pessoa capaz e atualizada em sua área, sendo extremamente sério, honesto e responsável, daqueles que hoje em dia existem poucos. Por isso era considerado como bravo. Na realidade, ele não contemporizava com coisas erradas, com pessoas desonestas. Este bom exemplo sempre nos deu. Astórico já estava planejando se aposentar, ainda neste ano. Foi morar em Leopoldina-MG, com sua esposa Regina. Ali pretendia descansar. Certamente não ia abandonar o setor cafeeiro, que tomou boa parte de sua vida. Sua retirada foi forçada pelo destino. Bom descanso nosso saudoso colega. Sua contribuição ficará. PESQUISANDO 08 QUEDA DE FRUTOS DE CAFEEIROS EM DIFERENTES NÍVEIS DE UNIFORMIDADE DE FLORADA J.B. Matiello, S.R. Almeida e C.H.S. Carvalho, Engs. Agrs. Mapa/Procafé e Embrapa-café e Lázaro S. Pereira, Eng. Agr. Fda Ouro Verde. A queda de frutos do cafeeiro ocorre com maior intensidade no período do inicio de seu enchimento (granação), que vai de 80-100 dias pósflorada. Os trabalhos de pesquisa tem mostrado que a queda dos chumbinhos está muito ligada ao nível de enfolhamento das plantas na pré e pós floração (Matiello Almeida e Miguel Anais do 4º CBPC, p.268, 1976). A queda de frutos é explicada diante da floração profusa (intensa) do cafeeiro e, na granação, a planta deixa cair os frutos de forma proporcional às suas reservas disponíveis, as quais, em sua maioria ,são depositadas na folhagem velha da planta, por isso, quanto mais enfolhada a planta, ou mesmo o ramo, maior vai ser o pegamento da florada e dos frutos. O cafeeiro possui, em condições normais, floradas um pouco desiguais, normalmente 2-4 floradas no período out-dez, motivadas pelo amadurecimento desuniforme das gemas florais seriadas. Em função dessa desigualdade, tem sido observado, no campo, que na época da queda de frutos parece ocorrer, sempre, maior queda daqueles que se encontram menores, correspondentes às últimas floradas. Os trabalhos de fisiologia do cafeeiro justificam esse comportamento pelo que chamam de efeito dreno, com os frutos maiores, com pedúnculo de vasos também maiores, carreiam mais Frutos de idade semelhante caem menos das rosetas A queda de frutinhos do cafeeiros ocorre mais em ramos com várias floradas facilmente as reservas para eles, em detrimento daqueles Em seguida ao semeio peneira-se uma camada fina do substrato sobre as sementes e está pronto. No presente trabalho objetivou-se quantificar a queda de frutos em cafeeiros e Em seguida ao semeio peneira-se uma camada fina do substrato sobre as sementes e está pronto. m condições de cafeeiros irrigados, onde se provocou um stress hídrico visando maior uniformidade de florada. Trabalho anterior dos autores, na mesma região, quantificou a queda de frutos em plantas na primeira safra, bem tratadas e com bom enfolhamento, verificando que a queda média foi de %dos frutos (Matiello et alli, Anais do 34º CBPC, p. 2008). Na safra de 2009 deu-se continuidade ao trabalho, realizado na Fazenda Ouro Verde em Bocaiuva-MG, em cafeeiros Catuai na 2ª safra, irrigados por pivô Lepa. Após o stress hídrico, as plantas floresceram em meados de setembro e até fins de outubro. No inicio de novembro verificou-se que as plantas que ficavam na parte mais central do pivô, as quais, pelo melhor suprimento de água (Lepas de menor vazão e deslocamento mais lento, com melhor infiltração) apresentavam frutos de 2 floradas bem distintas. Tomou-se, então, 10 dessas plantas, bem uniformes em produção e, na mesma área, também 10 plantas que apresentavam PESQUISANDO 09 uniformidade de tamanho dos frutos. Foi avaliada, em 4 ramos ao acaso, no terço médio das plantas, a percentagem de frutos em cada florada nas 2 situações de plantas. As plantas foram marcadas e semanalmente contou-se os frutos caídos no chão. Resultados e conclusões Os resultados médios da queda de frutos nas 2 condiçoes de uniformidade de florada avaliados constam, de forma resumida, e a produção de frutos na colheita estão colocados no quadro 1. Quadro 1 - Resultados de queda de frutos em cafeeiros irrigados, em plantas com diferentes estágios de frutos, Bocaiuva-MG, 2009 Verificou-se que a percentagem de frutos caídos nas plantas onde a frutificação estava desuniforme foi mais que o dobro daquela observada nas plantas onde quase 90% dos frutos correspondiam a uma mesma florada. Verificou-se, ainda, que os níveis de queda observados nas plantas com frutificação mais desuniforme foram os normais, entre 15-20%, encontrados em outros trabalhos, quando se trata de plantas bem enfolhadas. Almeida et alli (já citado) mostrou que em plantas desfolhadas artificialmente a parcela de frutinhos caídos correspondeu a 19% com plantas sem desfolha, passando para 40% de queda com 60% de desfolha e para 100%, em relação à produção que ficou na planta, quando a desfolha foi de 90%. Observou-se que na condição de florada mais uniforme a queda correspondeu a apenas 6% da produção. Os resultados obtidos indicam que a uniformização na floração e na frutificação resulta em menor queda de frutos. Uma observação complementar, de crescimento da ramagem, foi feita em caráter preliminar nas plantas do campo. Verificou-se que onde a floração foi mais uniforme o crescimento de pares de folhas nas plantas ficou quase paralisado no período de enchimento dos frutos, com poucas folhas novas. SABIÁ 398, VARIEDADE DE CAFEEIROS ARABICA MAIS ADAPTADA A CONDIÇÕES DE TEMPERATURAS MAIS ALTAS J.B. Matiello, S.R. Almeida e C.H.S. Carvalho, Engs. Agrs. MAPA Procafé e Embrapa-Café e E.C. Aguiar, V. Josino e R. A. Araújo, Agrop. São Thomé O objetivo do presente trabalho é o de relatar a boa adaptação e as características especiais de indução da floração observadas na variedade Sabiá 398, quando cultivada em condições de temperaturas mais altas, como as que ocorrem na região Norte de Minas Gerais. A cultivar Sabiá 398 vem sendo desenvolvida desde a época do IBC, seguindo-se a seleção, pela mesma equipe, no Mapa/Fundação Procafé, com base num híbrido entre o Catimor e o Acaiá. O material foi liberado para plantio a partir de 2002, após 4 gerações de seleção em Varginha. O material de Sabiá foi e continua sendo testado em vários ensaios regionais, principalmente nas regiões tradicionais de café arábica, como no Sul de Minas, Triângulo Mineiro, Zona da Mata de Minas, Sul do Espirito Santo e Bahia. Em todas as regiões tem sido comprovada a alta capacidade produtiva da Sabiá, sempre se situando entre os mais produtivos dos ensaios, superando até, na maioria das vezes, a produtividade do padrão usado, linhagem de Catuai, como se sabe muito produtivo. 10 Veja-se essa comprovação através dos resultados de produção extraídos de 3 ensaios, sempre em comparação com o padrão, conforme inclusão no quadro 1. PESQUISANDO Quadro 1 - Produtividade da variedade Sabiá 398, em comparação com o padrão, em 3 ensaios, Martins Soares e Varginha - MG, 2009 Além desse bom comportamento nas regiões típicas de cafeicultura de arábica, o que tem chamado a atenção, nos últimos anos, é a capacidade de adaptação da variedade Sabiá 398 às condições de clima mais quente. Este bom desempenho vem sendo verificado em ensaio conduzido em Pirapora-MG, em altitude de 520m e temperatura média anual de 24,3º C. No ensaio em Pirapora, no Campo Experimental da Agropecuária São Thomé, os cafeeiros foram plantados em março de 2005, no espaçamento de 3,6 x 1 m, com parcelas de 6 plantas e 3 repetições e já se dispõe de 3 safras . São comparados 40 itens, tendo como padrão o Catuai IAC 144. Na média das 3 safras o Sabiá 398 aparece como o material mais produtivo, com média de 77 sacas;ha, conforme pode-se observar no quadro 2. Quadro 2 - Produtividade, em 3 safras, da variedade Sabiá 398, em ensaio com diversas variedades, comparativo com o padrão e outros materiais em competição, Pirapora-MG, 2009 Detalhe da boa frutificação em cafeeiro da cultivar sabiá 398, no ensaio em Pirapora-MG A observação dos dados de produtividade de alguns itens do ensaio, no quadro 2, mostram que a variedade Sabiá, alem de manter a maior média, foi muito mais produtiva que as demais em 2008, safra que apresentou problema de abortamento de florada, devido a que as chuvas de abertura de florada só ocorreram no inicio de dezembro de 2007. As observações em campo PESQUISANDO 11 mostraram que as plantas da Sabiá 398 abriram a florada normalmente. Para a safra de 2009, começou-se o stress mais cedo, em julho/agosto de 2008 e retomou-se a irrigação também mais cedo, no final de agosto/08 e todas as variedades tiveram abertura normal de florada e boa produtividade em 2009. Pelos resultados de produtividade obtidos e diante das observações sobre o comportamento da floração no ensaio, concluiu-se que: a) A variedade Sabiá 398, alem de apresentar boa produtividade nas regiões típicas de cafeicultura de arábica, possui boa adaptação e altas produtividades também nas regiões mais quentes. b) A adaptação da Sabiá 398 às regiões quentes está ligada à sua capacidade de floração normal, mesmo sem stress ou diferencial hídrico. Parcela de cafeeiros da cultivar Sabiá 398, na primeira safra, no ensaio em Pirapora-MG RESPOSTA PRODUTIVA E ECONÔMICA DA IRRIGAÇÃO DE CAFEEIROS ARABICA NA REGIÃO DE INHAPIM-MG M.L. Carvalho, Eng. Agr. Faz. L e S, J.B. Matiello, Eng. Agr. MAPA/Procafé e U.V. Barros, Eng. Agr. Central Campo e C.M. Barbosa, Tec. Agr. Café Brasil A região de Inhapim, situada no Vale do Rio Doce em Minas Gerais, é considerada inapta para a cafeicultura de café arábica, pois boa parte da região está situada em faixa de altitude em torno de 500 m, tendo temperatura média anual em torno de 23º C, chuvas anuais na faixa de 900-1000 mm e déficit hídrico de cerca de 250-300mm/ano. Nessas condições seria indicado adequar o suprimento de água aos cafeeiros, através do uso de irrigações suplementares, para atender aos períodos de déficit, restando dúvidas quanto à resposta produtiva de cafeeiros arábica em região com temperatura mais alta e sobre o beneficio custo da irrigação. Com o objetivo de estudar as respostas produtivas de cafeeiros arábica na região de Inhapim e quantificar os custos da irrigação foi conduzido um ensaio no período de 2007-09, num projeto de irrigação instalada no Sitio Moinho D”água, em Grupo de Técnicos visita a área irrigada, 550 m de alt. em Inhapim-MG Inhapim, em área com 550 m de altitude, solo lva argiloso(58%de argila). O estudo foi efetuado em uma área irrigada de cerca de 13 ha de cafezal, sendo 10 ha da variedade Acauã e 3 ha de Catucai 785/15. O PESQUISANDO 12 plantio da lavoura foi efetuado em jan/fev/2005, no espaçamento de 2,5 m x 0,6m. O tipo de irrigação instalado foi o de aspersão fixa de baixa vazão, com aspersores de 18x18m, com vazão de 1,6 m3/h e o turno de rega de 8 dias. A irrigação começou a funcionar após o plantio dos cafeeiros e na safra de 2007 a lavoura produziu já 60 scs/ha. A partir de setembro de 2007instalou-se na área 2 parcelas comparativas para efeito de avaliação da resposta da irrigação na produtividade. Uma parcela sem irrigação foi formada deixando-se a área correspondente a 4 aspersores, no meio da área do Acauã, sempre com os aspersores desligados. Resultados: a) Irrigação necessária Os dados relacionados com a irrigação, no período entre setembro/07 e agosto/08, foram os seguintes: Evapotranspiração registrada ETC= 1156 Cafeeiro Acauã irrigado, com grande floração, indo para 3ª safra, Inhapim-MG mm; chuva total de 917 mm; lamina bruta irrigada(LBI)= 546 mm; balanço hídrico, 440 mm negativos, em set-out 2007, mar-mai-jun-jul-ago de 2008, com 208 mm de excesso em nov-dez-jan - fev e abr de 2008, dando um balanço negativo ou déficit de 232 mm. Como a irrigação, muitas vezes, era feita e depois chovia, a lamina bruta aplicada chegou a 546 mm, havendo sobra de 314 mm, embora a eficiência da lamina bruta aplicada possa ser considerada com 15 % de perdas e nesse caso a sobra, para o lençol seria menor. No período entre set/08 e ago/09 os dados de irrigação foram os seguintes: ETC =1156 mm, precipitação: 1207 mm, balanço hídrico = 344 mm negativos, lâmina bruta de irrigação: 292 mm. b) Custo da irrigação Nos 12 meses do ano agrícola 2007/08 foi gasto um total de 1576 horas de bombeamento. Nesse período o custo da energia ficou R$ 14790,00 e da mão de obra operacional em R$ 5085,00, ficando, assim, um custo de irrigação de R$1565,00 por ha. No ciclo agrícola 2008/09 a irrigação trabalhou 843 horas, com gasto de energia: de R$ 576,09/ha, mais mão de obra com encargos: R$ 284,72/ha, totalizando no ano R$ 860,81/ha ou o valor de R$ 2,95 por mm irrigado. Na média dos 2 anos, o gasto com a irrigação ficou em R$ 1212,00/ha/ano. c) Produtividade e retorno Os dados de produção obtidos na safra de 2008 e 2009 estão incluídos no quadro 1. Quadro 1 - Produtividade, rendimento e peneira dos frutos e grãos em cafeeiros com e sem irrigação em Inhapim-Mg, 2009. No primeiro ciclo de irrigação, houve um diferencial produtivo, em favor da irrigação, de 70,8 scs/ha, ou seja, um acréscimo de 204% pela irrigação. No segundo ano os cafeeiros do tratamento sem irrigação, que produziram pouco em 2008, se recuperaram e produziram 10 sacas a mais que os irrigados em 2009. Na média das 2 safras o diferencial produtivo em favor da irrigação ficou em 53% O cálculo do retorno econômico, o custo benefício, da irrigação deve considerar de um lado o custo operacional, mais a amortização do custo de instalação da irrigação, que nesse projeto ficou em R$ 5084,00/ha. Se considerada uma amortização em 10 anos, o que é muito seguro, teríamos um custo total por ha de R$ 508,40 mais R$ 1212,00, ou. PESQUISANDO 13 1720,40 por ha/ano. Do outro lado, um aumento de produtividade de apenas 7 sacas de café (250,00/saca) já pagaria o custo adicional da irrigação. Com acréscimo médio de produtividade de 30,4 scs/ha o retorno liquido da irrigação foi de cerca de 23 sacas/ha. Conclui-se que: a) Com a irrigação racional e o manejo adequado da lavoura é possível obter altas produtividades de café, em variedades de cafeeiros arábica, em áreas de altitudes mais baixas, na região de Inhapim e similares no VR Doce em Minas. b) A irrigação resulta num grande acréscimo de produção em relação às áreas não irrigadas e seu retorno econômico é altamente positivo. O trabalho de avaliação terá continuidade por mais 2 safras. PRODUTIVIDADE INICIAL DE NOVAS SELEÇÕES E CULTIVARES DE CAFEEIROS COM RESISTENCIA À FERRUGEM NA ZONA DA MATA DE MINAS U.V Barros, Eng. Agr. Central Campo, J.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. MAPA/Procafé e C.H.S. Carvalho, Eng. Agr. Embrapa/Café. Um ensaio vem sendo conduzido no período 2003-09, com o objetivo de testar novas seleções de cafeeiros com resistência à ferrugem, em competição com cultivares/linhagens recentemente lançadas para plantio, verificando sua adaptação às condições ambientais da cafeicultura na zona da Mata de Minas, região onde a doença encontra, pela temperatura e umidade, boas condições de desenvolvimento e, onde, pela declividade das áreas e pelo adensamento nas lavouras, torna-se difícil o seu controle químico. O ensaio encontra-se instalado no sitio João de Barro, em Manhuaçu, a 750 m de altitude. O plantio foi feito em dez/2003, no espaçamento 2,0 x 0,6 m, em blocos ao acaso, com 3 repetições e parcelas de 10 plantas. Estão sendo ensaiados 37 materiais, conforme discriminação constante do quadro 1, constado, em sua maioria, de progênies selecionadas na FEX-Varginha, 2 materiais vindos do Timor e variedades oriundas da EPAMIG. Os cafeeiros tiveram o trato usual, com adubações de acordo com a recomendação para a região, não recebendo tratamento especifico contra a ferrugem, apenas usando-se 3 aplicações anuais de mistura de sais mais fungicida cuprico, para correção de deficiências e proteção contra cercosporiose. As avaliações constaram do controle da produção das parcelas, tendo já sido obtidos dados em 4 safras, de 2006, 2007, 2008 e 2009, que oferecem informações sobre a capacidade produtiva Os colegas Engs, Agrs. Ubiratam e Ataides posam em frente à parcela de cafeeiros da cultivar IBCPalma 2 , no ensaio, em Reduto-MG inicial das diferentes seleções e permite novas seleções das melhores plantas. Resultados e conclusões: Os resultados das produções dos cafeeiros das parcelas do ensaio foram transformados em sacas por hectare, constando, nas 4 safras separadas e sua média, no quadro 1. A observação dos resultados médios de produção nas 4 safras permite agrupar as seleções em 4 grupos de produtividade alcançada: No 1º grupo, com mais de 50 scs/ha, destacaram-se as seleções de IBC-Palma 2, o Sarchimor amarelo(Arara) e o Sabiá 398, e os Catucais Amarelos 3SM, 24/137, 3/5 e planta nova e Catucai vermelho 20/15 e C 8, no 2º 14 grupo, com produtividade entre 40-50 scs, destacaram-se o Bem-te-vi vermelho, Catucai amarelo30/2 e 20/15 C. 479, o Acauã C 1 e o Sacramento. No 3º grupo, com comportamento produtivo intermediário, entre 30-40 sacas/ha, se PESQUISANDO colocaram o padrão Catuai 44, IBC Palma 1 e o Catiguá. No 4º grupo produzindo na média de 4 safras menos de 30 sacas/ha, sendo o pior comportamento para o Bourbon amarelo, o Híbridos do Timor e Obatã vermelho. Quadro 1 - Produções, em sacas por ha, em 4 safras,. em cafeeiros do ensaio de novas seleções com resistência à ferrugem, Manhuaçu-MG,2009. Conclui-se que: existe um bom número de seleções muito promissoras, com comportamento produtivo superior ao padrão Catuai/44, usado nos plantios comerciais na região. Os destaques, no conjunto, com maior produtividade, ficaram para o Palma 2, Sabia 398,várias seleções de Catucai amarelo (3SM, 2SL,24/137, planta nova, 6/48, 3/5,, 20/15 c. 479), o Sarchimor amarelo, o Bem-te-vi vermelho e o Catucai vermelho 20/15. PESQUISANDO 15 BAIXO VIGOR NA BROTAÇÃO DOS CAFEEIROS IAPAR – 59, NO PÓS-RECEPA, NA REGIÃO DE MONTANHA DO E. SANTO C.A. Krohlling, Eng. Agr. Consultor e J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé O vigor vegetativo das plantas é uma característica muito importante nas variedades / linhagens de cafeeiros, dela dependendo a recuperação das plantas após uma safra alta. Plantas com bom vigor resultam, no geral, em médias produtivas bienais maiores. Também após podas, especialmente naquelas drásticas, como a recepa baixa, as plantas menos vigorosas tem dificuldade de recuperação nas brotações, apresentando brotos mais fracos e em casos mais críticos de falta de vigor os cafeeiros nem chegam a brotar, as plantas acabam morrendo. O vigor vegetativo é uma característica ligada à genética do material, sendo, assim, recomendada a observação dessa característica quando da escolha da variedade para plantio. Na região de cafeicultura de montanha, no Estado do Espírito Santo, tem sido fomentado o plantio de uma variedade já conhecida como de baixo vigor, a IAPAR-59, a qual, nos ensaios, tem evidenciado boa produtividade nas safras iniciais, porem apresentando perda significativa de vigor e produtividade após a terceira safra. Sabe-se que se pode atenuar, um pouco, os efeitos de baixo vigor, por um ambiente muito favorável, como o cultivo e m áreas mais frias e sombreadas, de bom regime hídrico, com adequado trato nutricional e plantio adensado, que condicionam menor stress após as produções. No presente trabalho objetivou-se avaliar o vigor vegetativo da variedade IAPAR-59 nessas condições de ambiente favorável, presente na cafeicultura de montanha do Espírito Santo, diante da sua indicação feita pelo Programa da Renovação de Cafezais no Estado. O estudo foi feito em Santa Maria do Marechal, em altitude de720m, solo lvah. Em 2 talhões vizinhos, sendo um de IAPAR59 e outro do Catuai IAC-44, plantados em plantados em março/99 no espaçamento de 1,50 x 0,70m, foi realizada a poda, por uma recepa baixa (20 cm) em outubro de 2008, ou seja, com 9 anos e 7 meses após plantio, devido ao fechamento da lavoura e dificuldade de colheita. Os talhões sempre conduzidos sob manejo de boa nutrição e tratos culturais adequado.. Em março de 2009, 5 meses após a recepa, avaliou-se, comparativamente, o estado das brotações em 5 linhas contíguas em cada talhão, cada uma com 30 plantas, perfazendo 150 plantas avaliadas cada variedade. Determinou-se o numero e a percentagem de plantas que apresentavam ou não brotações. Para a análise estatística foi utilizado o programa STATISTICA 7.0. A média dos valores encontrados foi comparada pela teste t de Student ao nível de 5% de significância. A normalidade dos dados foi testada de acordo com Zar (1999). Resultados e conclusões: Os resultados das plantas avaliadas quanto ao estado das brotações dos cafeeiros, no pós- recepa, para as 2 variedades em comparação, constam do quadro e estão demonstrados na figura 1. Verifica-se um grande diferencial no percentual de plantas que não apresentaram brotações na comparação entre as duas variedades. A IAPAR-59 apresentou falhas em quase metade das plantas (46,7 %), enquanto na Catuai essas falhas foram muito pequenas (4 %). Quadro 1 - Cafeeiros com brotação, aos 5 meses pósrecepa baixa, em plantas de 2 variedades, S.M. MarechalES, 2009. PESQUISANDO 16 Os resultados da análise estatística mostrou que para o teste de Test t (p= 0,031) a rebrota do IAPAR-59 foi significativamente menor (p =0,031) em relação ao cultivar Catuaí Vermelho IAC-44 (Figura 1). Figura 1 - Porcentagem de rebrota entre as cultivares Catuaí Vermelho IAC-44 e IAPAR-59. condições ambientais de cultivo na cafeicultura de montanha do E. Santo, permitem concluir que: a) A variedade IAPAR-59 apresenta baixo vigor na recuperação da brotação pós-recepa, com perda que quase metade do stand de plantas. b) O baixo vigor ocorre mesmo sob condições de ambiente e manejo favoráveis. c) A variedade IAPAR-59 não é adequada ao cultivo a médio-longo prazo, onde se necessita ciclos de poda e um maior numero de safras antes de substituir as lavouras. Brotação normal em cafeeiros do lote de catuai vermelho IAC 44 A falta de brotação nas plantas evidencia o vigor, bastante inferior na IAPAR-59, em relação ao Catuai, mesmo nas condições ambientais e de manejo favoráveis. Esta falta de vigor prejudica muito a média produtiva a médio prazo. Veja-se o exemplo das produtividades verificadas em ensaio na Zona da Mata de Minas, em condições também de cafeicultura de montanha, adensada, que na média de 8 safras o IAPAR59, mesmo resistente à ferrugem, produziu apenas 49 scs/ha, o Catuai ficando com 67, outro Sarchimor, o 1669-13, ficando com 74 sacas, o Sarchimor AmareloArara, com 87 sacas e o melhor Catucai Amarelo 24/137, com média de 101 scs/ha, na média de 8 safras (Matiello et alli, Anais do 34º CBPC, 2008). Como a prática de recepa é muito usada e indicada em lavouras adensadas, visando a reabertura e a recuperação da copa, em áreas com fechamento grave, é necessário contar com variedades que tenham boa recuperação nas brotações pós-poda. Os resultados obtidos, e o conhecimento das Pequena brotação, irregular, pós recepa, na área de cafeeiros Iapar 59, mesmo com proteção por bananeiras. ADAPTAÇÃO DA LINHAGEM DE CAFEEIROS CATUCAI VERMELHO 785/15 ÀS CONDIÇÕES DA CAFEICULTURA DE MONTANHA, NA ZONA DA MATA DE MINAS J.B. Matiello e S.R. Almeida, Engs. Agrs. MAPA/Procafé e G.N. Rosa, Eng. Agr. e Sinésio Leite Filho, Tec. Agr. CEPEC-Heringer A linhagem de Catucai vernelho 785/15 foi originária de um cruzamento natural entre o Catuai e o Icatu 785, identificado na região da Zona da Mata de Minas, com seleções feitas no IBC, em Caratinga e, depois, no CEPEC em Martins Soares. Vários ensaios de competição foram PESQUISANDO A cultivar Catucai 785/15 está substituindo o tradicional Catuai/44, na foto vendo-se o toco de lavoura velha, que tinha cerca de 30 anos e muita infestação por M. exígua. conduzidos para avaliar as condições produtivas e a resistência da linhagem 785/15 nas condições da cafeicultura de montanha. Bons resultados de produtividade, tolerância à ferrugem e resistência ao nematóide M. exígua foram obtidos, cujos dados foram publicados em diversos trabalhos. No entanto, a aceitação de uma nova variedade pelos cafeicultores, deve ser feita de forma gradativa, em pequenos lotes, para verificar sua adaptação às condições normais de cultivo. Uma fase importante na introdução de um novo material genético é a sua avaliação em campos de observação, onde se reproduzem, em pequena escala, as condições normais de uma lavoura comercial. No presente trabalho objetivou-se avaliar o comportamento da linhagem de catucai vermelho 785/15 em campo de observação instalado no CEPEC, em Martins Soares-MG, a 740 m de altitude, sob as condições de plantio adensado, situação indicada e predodominantena cafeicultura da Zona da Mata de Minas. Foi feito o plantio, em janeiro de 2001, de um talhão de 0,2 ha, no espaçamento de 2 x 0,5 m, adotando-se os tratos usuais indicados, sendo que não foi praticado um controle especifico da ferrugem, apenas foram feitas, anualmente 3 pulverizações com sais mais cobre, para correção de micro-nutrientes e proteção das plantas. A adubação anual correspondeu a 400 kg/ha de N e K2O e 80 kg de P2O5. A avaliação do campo foi feita através das colheitas anuais de todo o talhão, com transformação para sacas de café beneficiado por hectare. Foram feitas observações sobre infecçãao de ferrugem, floração, maturação e tamanho dos frutos. Resultados e conclusões: Os resultados de produtividade obtidos no 17 Cafeeiro Catucai 785/15, aos 2 anos muito florido campo de observação, em 7 safras, obtidas no período 2003-09 estão colocados no quadro 1. Quadro 1 - Produtividade, em sacas/ha, em 7 safras, de cafeeiros do campo de observação com a linhagem catucai 785/15, Martins Soares, Mg, 2009 A observação dos dados de produtividade mostra variações anuais de 56.5 a 170 sacas/ha, com média de 104,6 sacas/ha, no período de 7 safras. Verifica-se um nível alto e uma boa constância nas safras, característica dessa linhagem, também observada e considerada adequada pelos produtores. Outra observação diz respeito à boa adaptação do catucai 785/15 ao adensamento, pois as plantas, de porte baixo, crescem menos, em altura e diâmetro de copa. Alem disso, os cafeeiros sofrem stress mais cedo, estimulando o abotoamento e a florada precoce, mesmo em ramos sombreados pelo fechamento na lavoura. A maturação dos frutos também é bem precoce. No campo não foi observado, em nenhum dos ciclos agrícolas, ataque significativo da ferrugem. Aparecem algumas plantas infectadas, com baixo nível de infecção. Os resultados obtidos e as observações de campo permitem concluir que: a linhagem de catucai PESQUISANDO 18 vermelho 785/15 é bastante produtiva e apresenta características adequadas de adaptação às condições de cafeicultura de montanha. Assim comprova sua boa aceitação, sendo, atualmente, uma das variedades mais plantadas na Zona da Mata de Minas. Ela é, especialmente, indicada para a substituição de lavouras velhas, sabidamente infestadas por M. exígua, na combinação com outros materiais genéticos, pela antecipação na sua colheita e nas regiões de altitude elevadas, pela sua facilidade de stress e floração mesmo em regiões frias e pouco ensolaradas. Precocidade produtiva no catucai 785/15, na 1ª safra, aos 2 anos de idade. Frutificação com rosetas cheias no 785/15, com frutos graúdos. EQUIVALENCIA NA COLETA DE FOLHAS INDIVIDUAIS OU DE PARES NA AMOSTRAGEM PARA ANÁLISE FOLIAR DO CAFEEIRO J.B. Matiello, A.W.R. Garcia, S.R. Almeida, Ana Carolina Ramia N. Paiva, Allyson F. Vilela, R.N. Paiva e A.L. Garcia, Engs. Agrs. MAPA;Fundação Procafé A análise foliar em cafeeiros é um instrumento importante, auxiliar na avaliação de deficiências e do estado nutricional das plantas e na indicação da adubação racional das lavouras de café. A literatura, especialmente os trabalhos do Prof. Malavolta (In: Manual de Adubação do Cafeeiro, Inst. Potassa, Piracicaba)), cita que no cafeeiro a coleta de folhas deve ser procedida de forma a coletar um par de folhas no 3º ou 4º par, contados da extremidade do ramo, para formar amostra destinada à análise pelos laboratórios. Surgiram dúvidas sobre a recomendação da coleta de folhas em cafeeiros, ou seja, se deveria ser coletado o par (as 2 folhas do par) ou apenas uma de cada par. A maioria dos técnicos entendiam que a recomendação e o uso na prática era feito com a coleta das 2 folhas do par. Como a retirada individual das folhas do par traria a vantagem de uma melhor representação na Duas folhas do 3° Observa-se o 3° - 4° par de folhas usualmente amostrado para análise química no Laboratório. amostra, já que poderiam ser coletadas folhas representando o dobro do numero de ramos nas plantas, procedeu-se um estudo para verificar a correspondência na recomendação. No estudo escolheu-se uma lavoura e PESQUISANDO cafeeiros bem uniformes na Fazenda Experimental de Varginha em 6 talhões sendo três de Catuai e três de Mundo Novo, e procedeu-se a coleta, nas mesmas plantas e em ramos equivalentes, em 2 tipos de amostra, sendo: Amostra 1, com a coleta do par de folhas (2 folhas do terceiro par). A amostra 2 foi constituída de folhas somente uma de cada par, também do terceiro. Foram tomadas 40 folhas na amostra 2 contra 80 na amostra 1. Foram tomadas 12 amostras dos cafeeiros. Procedeu-se a análise das amostras no laboratório da Fundação Procafé, também em Uma folha do 3° par Mais adequadamente deve-se amostrar uma folha por par, para aumentar a representatividade da amostra. 19 Varginha, para determinar os níveis nutricionais nas folhas, seguindo-se a metodologia de análise usual. Resultados e conclusões Os resultados médios das 12 amostras, na média entre aquelas do Catuai e do M. Novo, obtidos para os vários parâmetros nutricionais analisados, estão colocados, comparativamente, no quadro 1. Quadro 1 - Níveis nutricionais médios,em folhas de cafeeiros (Catuai e M. Novo) tomados em 2 tipos de amostras, Varginha-Mg, 2008. Os dados médios do quadro 1 mostram que houve total semelhança entre os níveis nutricionais, para todos os nutrientes, entre as amostras do par ou de folhas individuais do par. A análise estatística não mostrou diferenças significativas.em nenhum dos nutrientes comparados. Os resultados obtidos permitiram concluir que: - Ocorre uma equivalência nas amostragens entre o par de folhas e as folhas individuais do mesmo par. - Como através da coleta das folhas individuais podese representar mais ramos com o mesmo tamanho de amostra (numero total de folhas coletadas) a boa técnica amostral indica que é mais recomendável usar a amostra de folhas individuais. AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE RECOLHIMENTO MECANIZADO DE CAFÉ F. Moreira da Silva - Prof. Depto. Engenharia Agrícola/UFLA; R.S. Sales - Mestrando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA; J.C.S. Souza, Mestre Eng. Agrícola DEG/UFLA; G.A.Silva Ferraz - Mestrando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA; B.C. Franco - Graduando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA; R.L. Bueno - Graduando do Depto. Eng. Agrícola/UFLA; A colheita mecanizada do café é uma realidade que vem crescendo devido à necessidade dos produtores de fazerem uma colheita rápida, com menor custo operacional e com um produto final de melhor qualidade. Para Kashima (1990), a possibilidade de mecanização da colheita é a grande saída para o país continuar com a liderança mundial de café através da competitividade nos custos e na qualidade do produto. No sul de minas, maior região produtora de café do Brasil, o uso de colhedoras automotrizes já é bem expressivo e crescente, porém ainda predomina a colheita manual e a colheita semimecanizada com derriçadoras portáteis, onde o café é derriçado no chão, sendo que o atual desafio do processo de colheita passou a ser a operação de varrição e recolhimento do café caído ou derriçado no chão. De modo geral, a mecanização das 20 operações de colheita do café tem gerado vários benefícios ao processo de colheita, destacando-se a rapidez e, sobretudo a redução de custos. Segundo Silva et al. (2004), os sistemas mecanizados de recolhimento do café de chão já estão disponíveis no mercado, apresentando boa eficiência de recolhimento, contudo necessitando de duas operações mecanizadas como, o enleiramento e posteriormente o recolhimento que demanda mais horas de operação mecanizada e a disponibilidade de mais tratores. Pádua et al (2000) estudando análise comparativa de custos para colheita de café mecanizada, semimecanizada e manual concluíram que a mecanização possibilitou uma redução de 23,8% para o custo da saca de café, em comparação ao sistema manual, para uma produtividade média de 38 sacas por hectare. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo avaliar o sistema de recolhimento mecanizado do café, utilizando uma recolhedora pneumática, comparativamente com o recolhimento no sistema manual. Os trabalhos experimentais foram desenvolvidos na fazenda Conquista do grupo Ipanema em Alfenas, região Sul de Minas Gerais, no período de 23 a 26/07/2008, em lavouras da cultivar Mundo Novo, plantadas no espaçamento de 1,5 x 3,8 e 0,75 x 3,8 metros. A colheita das lavouras foi feita mecanicamente com uma colhedora automotriz em duas passadas e repasse semimecanizado, com derriçador portátil. Anteriormente ao início do ensaio procedeu-se o levantamento do volume médio de frutos caídos no chão. A operação de recolhimento mecanizado dos frutos caído no chão foi realizada com a recolhedora modelo Dragão ECO, acoplada a um trator cafeeiro 4x2 auxiliar, com potência de 70cv . Os tratamentos constaram da operação de recolhimento mecanizada, para as velocidades operacionais de 1600 e 2400 metros/hora, conforme escalonamento de marchas do trator. A eficiência de recolhimento foi calculada em função do volume recolhido mecanicamente, já descontado as impurezas, em relação ao volume médio de frutos caído no chão. As perdas de recolhimento foram medidas separadamente do lado de cima e debaixo da linha dos cafeeiros uma vez que a recolhedora pode operar com distintas velocidades no sentido de ida e volta. Para a análise dos custos operacionais de colheita do café foram avaliados os custos fixos e os variáveis da recolhedora. Também se considerou como custo de mão-de-obra a diária corrente usada no recolhimento manual do café, pago de acordo com a produtividade, ao preço liquido entre R$ 10,00 e R$ 16,00 por medida de 60 L. Este preço foi o vigente no ano de 2008, na região Sul de Minas Gerais, após análise de mercado. Foram realizados dois ensaios com a recolhedora, onde a rotação média do motor foi de PESQUISANDO Recolheitadeira de café do chão, modelo Dragão Sol Ecosolução 1900 rpm e a rotação média da tomada de potência foi de 540 rpm. O primeiro ensaio foi realizado na lavoura Mundo Novo, plantada no espaçamento de 1,50m entre plantas e 3,80m entre linhas, com declividade média de 5%. A lavoura apresentava um grande volume de cisco (folhas, gravetos e galhos), sob a saia dos cafeeiros, junto com os frutos caídos no chão, necessitando da pré-operação de limpeza com rastelamento dos galhos maiores. A velocidade operacional média foi de 1600 m/h. O segundo ensaio foi realizado na mesma lavoura, plantada no espaçamento de 0,75m entre plantas e 3,80m entre linhas. A gleba apresentava um menor volume de ciscos sob a saia dos cafeeiros, em relação ao ensaio anterior, contudo não dispensou a pré-operação de limpeza com rastelamento dos galhos maiores. Neste ensaio a velocidade operacional de ida foi de 2400 m/hora e de volta de 1600 m/hora Resultados e Conclusão O primeiro ensaio apresentou um volume médio de frutos caídos no chão de 1,6 L/planta (1,07L/m) e um volume médio recolhido de 1,455 L/planta, dando uma eficiência média de recolhimento de 90,9%. As perdas de recolhimento neste ensaio foram de 0,0525 L/planta para o lado de cima do cafeeiro e de 0,0925 L/planta para o lado de baixo, com perda média total de 0,145 L/planta que representa 9,1%. O índice de impurezas apresentado foi de: 14,4% para os gravetos e 5,4% para os torrões, com total de 19,8% de impurezas. O índice de maturação dos frutos recolhidos foi de: 0% para os frutos verde, 4% para os frutos cereja, 38% para os frutos passa e 58% para os frutos seco. A recolhedora apresentou um tempo de manobra de 4,8 minutos, um tempo de paradas de 15,6 minutos e um tempo operacional efetivo de 43,2 minutos. Nestas condições, o tempo operacional total foi 63,6 minutos (1,06 horas), recolhendo 521,3 litros de frutos limpos dando uma média de 8,18 medidas/hora. Considerando o tempo efetivo, o volume total de frutos limpos recolhidos foi de 12,07 medidas/hora. PESQUISANDO O Segundo ensaio apresentou um volume médio de frutos caídos no chão de 0,775 L/planta (1,03 L/metro) e um volume médio recolhido de 0,682 L/planta, com eficiência média de recolhimento de 88,0%. As perdas de recolhimento neste ensaio foram de 0,022 L/planta para o lado de cima do cafeeiro e de 0,071 L/planta para o lado de baixo, com perda média total de 0,093 L/planta que representa 12,0%. O índice de impurezas apresentado foi de: 11,3% para os gravetos e 16,5% para os torrões, com total de 27,8% de impurezas. O índice de maturação dos 21 frutos recolhidos foi de: 1,1% para os frutos verde, 1,8% para os frutos cereja, 56,9% para os frutos passa e 40,2% para os frutos seco. A recolhedora apresentou um tempo de manobra de 4,8 minutos, um tempo de paradas de 49,8 minutos e um tempo operacional efetivo de 99,6 minutos. Nestas condições, o tempo operacional total foi 154,2 minutos (2,57 horas), recolhendo 974,7 litros de frutos limpos, com média de 6,31 medidas/hora. Considerando o tempo efetivo, o volume total de frutos limpos recolhidos foi de 9,77 medidas/hora. Tabela 1 - Custo da medida recolhida *Vida útil (T) é o período em horas, que determinado bem, é utilizado na atividade produtiva. Verificou-se na tabela 1, que em média o volume recolhido, já descontadas as impurezas, foi de 10,92 medidas/hora quando considerado o tempo operacional efetivo. Ao considerar o tempo operacional total, incluindo as manobras e paradas o volume recolhido foi de 7,24 medidas/hora, demonstrando a eficiência média operacional de 66%, recolhendo, contudo, 89,5% dos frutos caídos no chão. Com relação ao custo horário operacional do conjunto, considerou-se o tempo de depreciação do trator em 10.000 horas com 1.000 horas de trabalho ano e para a recolhedora a vida útil de 10.000; 9.600 e 5.000 horas, com 800 horas de trabalho por ano. O custo variou de R$ 68,77 a 88,37 por hora, sendo R$ 35,63 o custo horário referente ao trator e R$ 33,14 a 52,74 o custo horário referente à recolhedora, salientando que neste custo não foi considerado taxa de seguro e abrigo das máquinas. O custo parcial da medida de 60 litros de frutos limpos recolhido variou de R$ 9,49 a 12,20 considerando o tempo operacional total. No recolhimento manual o valor médio considerado da diária paga (considerando um pagamento por produção) foi de R$ 70,00, já incluindo os encargos sociais, com desempenho operacional de 3 a 5 medidas recolhidas por dia o que resultaria no custo médio de R$ 17,50 por medida. Dentro destes parâmetros considerados, a redução de custos do sistema de recolhimento mecanizado variou de 30 a 46%. Diante dos resultados obtidos, observase que o tempo de depreciação da recolhedora pode ser considerado de 5000 horas, a exemplo da maioria dos implementos agrícolas, trabalhando 800 horas por safra o que é um valor médio já observado em campo, com o custo horário da recolhedora de R$ 52,74 e do conjunto de R$ 88,37, que resultaria no custo médio da medida recolhida de R$ 12,20, apresentando ganho de 30% em relação ao custo da medida recolhida manualmente. Deve-se salientar que em lavouras devidamente sistematizadas, com trituração dos galhos e ramos juntamente com os demais resíduos, o desempenho operacional, pode ser maior. A) Concluiu-se que em média a eficiência de recolhimento na operação mecanizada foi de 89,5% dos frutos caídos no chão. O custo de depreciação da recolhedora pode ser feito em vida útil de 5000 horas com jornada de trabalho de 800 horas por safra. O custo médio parcial da medida recolhida foi de r$ 12,20, com redução de 30% em relação à medida recolhida manualmente sendo economicamente viável a utilização da recolhedora nestas condições. ESPAÇAMENTOS NA LINHA DE PLANTIO (ENTRE – PLANTAS) DAS VARIEDADES CATUAI VERMELHO IAC 144 E ACAIA 474/19, NAS CONDIÇÕES DE SOLO E CLIMA DA REGIÃO DE ARAXÁ – MG R. Santinato – Eng. Agr. – MAPA/Procafé – Campinas – SP, R. F. Ticle – Eng. Agr. Capal – Araxá – MG, A. R. Silva – Tec. Agr. Capal – Araxá – MG e G. D' Antonio – Eng. Agr. – Grupo IBRA – Campinas – SP O espaçamento na lavoura de café é de máxima importância na cultura, pois influe diretamente na produtividade, variando para o porte de plantas condições climáticas, sistemas de plantio etc, e influencia no manejo de região para região. Na cafeicultura mecanizada os espaçamentos de rua visando um maior período sem fechamento das mesmas e ao redor de 4,00m. Já na linha, nas regiões frias tem-se utilizado entre 0,7 – 1,0m e nas mais quentes 0,5 a 0,6; no PESQUISANDO 22 primeiro caso para melhor arejamento e no segundo para melhor divisão da frutificação evitando o estressamento em anos de carga alta. Dentro destas considerações, o presente trabalho visa avaliar o melhor espaçamento para as variedades Acaia 474/19 e o Catuai Vermelho IAC 144 (porte alto e baixo) na linha de plantio, nas condições de cultivo do cerrado da região de Araxá. O ensaio foi instalado no Campo Experimental da Cooperativa Agropecuária de Araxá Ltda. (CAPAL) em Solo de Cerrado (LVE), 980m de altitude, declive de 3%, com plantio efetuado em 10/02/06 com espaçamento fixo de 4m entre linhas (rua) e variável entre plantas: 0,25; 0,5; 0,75 e 1,0m, respectivamente 10.000, 5.000, 3.333 e 2.500 pl/ha para ambas as variedades. O delineamento experimental adotado foi de blocos ao acaso com parcelas de 10 m; sendo os 8 centrais úteis com bordadura comum. Os tratos culturais, fito-sanitários e nutricionais foram os recomendados pela MAPA procafé para a região; exceto na adubação diferenciada feita em função da produtividade esperada por tratamento. As avaliações constaram das produções 1º e 2º (2008 e 2009) em scs/ha e litros/planta, além de dados de biometria (altura, diâmetro da copa e do caule). Resultados e conclusões: O quadro 1 demonstra os dados de produção da 1º e 2º produções e media do biênio 2008/09. Pode-se observar a superioridade da variedade Catuai sobre Acaia (+27%). De forma siginificativa o espaçamento de 0,25m entre plantas foi superior a 0,5; 0,75 e 1,00 em 30, 41, 47%, independentemente da variedade; sendo mais acentuada para o Catuai. A média de litros por planta, do biênio 2008-09, e que diminuiu com a redução do espaçamento de 0,5 para 0,25 e aumento deste para 0,75 e 1,00 m; sendo mais evidente no Acaia de 0,5 para 0,75. Em referência à biometria foi evidente a superioridade em altura do Acaia (+0,66m) em relação ao Catuai e dos espaçamentos 0,25m sobre 0,5m e destes para 0,75m e 1,0m. Para diâmetro da copa, as diferenças entre espaçamentos no catuai praticamente não existiram e no Acaia o diâmetro foi maior nos menores espaçamento (0,25 e 0,5m). O diâmetro do caule foi tanto maior quanto mais largo foi o espaçamento. No campo observa-se a tendência de vergamento para o espaçamento 0,25m em ambas as variedades, alem do afilamento dos ramos plagiotrópicos e ocorrência de seca maior que nos demais. Até a 2º safra pode-se concluir que: a) O Catuai Vermelho IAC 144 foi mais produtivo que o Acaia 474-19, em qualquer dos espaçamentos estudados, com mais 27% na média. b) O espaçamento mais produtivo, independente da variedade, foi de 0,25m entre plantas (10.000 pl/ha).. c) A altura foi maior nos espaçamentos menores, o diâmetro do caule é o inverso, enquanto o diâmetro da copa é também menor nos espaçamentos mais largos. d) Nos espaçemento de 0,25m, especialmente para Acaia, ocorre vergamento das plantas. Quadro 1 - Produção e biometria em cafeeiros catuai e acaiá sob diferentes espaçamentos na linha, Araxá – MG, 2009 23 RESPONDE Consulte pelo E-mail: [email protected] Encontramos estes “ovos” em ramos secos na cultura do café, na região de Caratinga. Parece ser um tipo de "postura" realizada em ramos secos de café, entre a parte já suberizada (cortiça) e o lenho da planta. São estruturas rígidas e se encontram em pontos isolados na lavoura. Por favor, se tiver alguma informação, do que se trata, poderia nos responder. Alexandre Marques Ribeiro Ramo seco no meio da planta, por ataque de esperança Detalhe do inseto adulto, sobre o ramo. Detalhe da lesão no ramo Detalhe da cadeia de ovos dentro da casca Coffea: Trata-se, na realidade, do ataque de um inseto, um tipo de esperança. Ela faz lesões nos ramos do cafeeiro, abrindo fendas na casca, onde faze a oviposição. Os ovos são colocados na forma de cadeia, sendo de cor clara, ovais compridos, se parecendo com grãos de arroz. A lesão é feita nos ramos ainda verdes, sendo que ela provoca a seca de ramos, na parte acima da área atacada. A ocorrência do ataque vinha sendo muito rara, porem este ano, tanto na região de café arábica como de robusta tem tido mais freqüente, podendo ser uma questão de desequilíbrio que favoreceu o aumento da população das esperanças. Na lavoura pode-se identificar o ataque facilmente. Observase um ramo seco, isolado, normalmente na parte média/alta do cafeeiro, aparentemente sem razão para a seca. Logo, ao examinar na parte mais baixa da região seca depara-se com a casca solta e verifica-se, abaixo da casca, junto ao lenho, uma cadeia de ovos. Obrigado pela foto do detalhe dos ovos. Já havíamos recebido consulta semelhante de um Técnico lá do Sul de Minas. Serviu para mostrar os sintomas/sinais do ataque, para aqueles que ainda não conhecem o problema. 24 RECOMENDANDO ADENSAMENTO NO SOLO: COMO IDENTIFICAR, PREVENIR OU CONTROLAR J.B. Matiello e A.W. R. Garcia, Engs. Agrs. Mapa/Procafé O adensamento no solo, em lavouras de café, é um problema que pode estar passando desapercebido pelo produtor e pelo técnico que lhe presta assistência, já que ele não pode ser observado com facilidade no campo. A presença dessas camadas adensadas diminui a profundidade útil do solo, e os cafeeiros sofrem, tanto na época chuvosa, por excesso de água, que não se escoa através da camada problemática, como na seca, por terem um sistema radicular restrito e superficial. As raízes principais crescem lateralmente, tipo um pé de galinha. Algumas raízes que conseguem ultrapassar a camada, quando mais delgada, voltam a se desenvolver mais em baixo. Já, nas áreas sem a presença de camadas adensadas, o sistema radicular se aprofunda normalmente, com a distribuição regular de raízes no perfil. Com excesso de água as raízes dos cafeeiros apodrecem. Como avaliar o adensamento A avaliação da presença de camadas de solo bastante endurecidas (adensadas), com densidade elevada, pode ser feita de várias formas: Tipos de adensamento O adensamento pode ser de 2 tipos: na superfície, ou bem próximo, podem ocorrer camadas adensadas, tendo como origem a passagem continuada de tratores e implementos agrícolas ou na sub-superfície, com camadas normalmente a 40-60 cm de profundidade e formadas em função da natureza do solo, pela infiltração e depósito gradual de argila ao longo do perfil. O manejo inadequado do solo, com gradagens ou outros implementos que pulverizam a terra, em culturas anteriores ou no próprio cafezal, tendem a dar origem ao mesmo problema. a) Em trincheiras - são abertos buracos na área, com profundidade até onde se deseja avaliar. Normalmente são abertos na projeção da saia do cafeeiro, ou onde passam as rodas do trator. Ali, com auxílio de uma faca, verifica-se, de cima a baixo, no perfil do solo, se existem áreas mais compactas e endurecidas, onde a faca não penetra bem. Também, deve-se observar, na trincheira, como está a penetração e a presença de raízes (do cafeeiro e do mato), nas várias camadas do perfil. Pode-se, ainda, observar variações de cores e a presença de mosqueamento, indicando condições de arejamento do solo. Condições que favorecem O adensamento é favorecido nas áreas de cafézais com relevo plano (chapadas) e nos solos com teor de argila ou de limo mais elevado, principalmente quando mal estruturados. É freqüente encontrar esta limitação em solos com alta dispersão de argilas como os Lva orto. b) Com o trado - tradando, ou abrindo buracos com o trado, na zona desejada do terreno, pode-se avaliar a presença de camadas endurecidas, pela dificuldade de fazer penetrar o equipamento naquela camada, e, também, pode-se examinar a consistência da terra retirada do trado naquela parte do solo. Pode-se, ainda, observar a presença de raízes nas várias profundidades. Solos com elevado teor de areia (fina), com baixo teor de argila, mas com níveis razoáveis de limo (silte), como aqueles presentes na região do Oeste da Bahia, podem, pela fácil lavagem do perfil, formar tênues camadas adensadas, acumulando poças de água no meio do cafezal. Solos com teor de argila crescente em profundidade, atingindo níveis de alta densidade antes de 1 metro, não podem ser enquadrados como problemas de uma determinada camada adensada e, portanto, não resultam em grandes melhorias através de sub-solagens. Por isso não devem ser utilizados para café. c) Pela determinação da densidade ou massa específica do solo, em laboratório. d) Pela observação do sistema radicular do cafeeiro, seu formato, nas trincheiras ou quando do arranquio de plantas, cafeeiros velhos, na área em análise, verificando-se, em caso de problemas, as raízes grossas desenvolvidas apenas lateralmente, formando um “pé-de-galinha”, podendo, assim, o toco da planta manter-se na vertical mesmo após arrancado. Figura 1 – Valores obtidos com penetrômetro medindo a resistência do solo à penetração, em cafezal com camada adensada – Sinop-MT. e) Com o penetrômetro - é um equipamento com uma haste que penetra no solo sempre que impulsionada pelo peso nela existente. A haste é graduada e permite avaliar a dureza do solo, nas várias camadas, através do nº de batidas (do peso) necessárias para a haste penetrar determinada distância. Assim, com auxílio de um gráfico, construído em função dos dados coletados, verifica-se a presença de adensamento. Ver a RECOMENDANDO figura 1, com exemplos de dados, em gráfico, obtidos em condições de solos com problema de adensamento e também a curva obtida após 2 anos de subsolagem. Observa-se que 2 “picos” de resistência à penetração, correspondendo a adensamentos no solo, se encontravam na faixa de 4-10 cm e 28-36 cm de profundidade. Após à subsolagem, toda a extensão da camada, da superfície até aos 50 cm, se tornou menos dura e mais favorável ao sistema radicular do cafeeiro. camadas do perfil. Como prevenir e controlar As medidas para reduzir os problemas de adensamento devem ser muito mais preventivas do que corretivas. Para prevenir, nas áreas sujeitas ao adensamento, deve-se atuar tanto na fase de plantio, como no manejo da lavoura adulta, com escolhas ou execução de práticasjo que evitam ou reduzem esses problemas. A prevenção começa na escolha da área para plantio de café, devendo-se pesquisar o perfil do solo das áreas de interesse, evitando, nessas áreas, os terrenos de chapada, excessivamente planos. Os terrenos de encosta, com mais de 5% de declividade, favorecem a percolação e escorrimento lateral do excesso de água. Deve-se evitar, também, áreas de solo muito argiloso e mal estruturado. Em seguida, uma aração profunda no preparo, antes do plantio, pode reduzir problemas de adensamento. A subsolagem, com 3 hastes, sobre o sulco de plantio aberto, já reduz bastante o problema, pois o sistema radicular primário (“pião”) já pode descer na abertura deixada. Em caso de preparo manual fazer covas grandes e profundas. Durante os tratos da lavoura deve-se usar o minimo possível os implementos desintegradores, como grade, rotativa, etc.e, ainda, reduzir o numero de passadas de trator no ano. Uma opção boa para isso é o uso de herbicidas e, ainda, a aplicação de defensivos via solo. Evitar alguns tratos, como capinas mecanizadas, com solo úmido. O uso mais freqüente de adubações orgânicas e, no mesmo sentido, o manejo do mato, favorecem as condições físicas do solo, especialmente sua porosidade. Nas áreas em que possam existir alguns problemas de adensamento do solo ou com maior possibilidade de sua ocorrência futura, deve-se adotar sistemas de plantio e manejo que venham atenuar esses problemas. Cita-se o plantio de lavouras de forma mais fechada pois os lavoura com os cafeeiros mais juntos têm um melhor equilíbrio raiz/parte aérea (= produção) e nesse sistema os prejuízos devidos a camadas endurecidas são menos sentidos. Além disso ocorre uma maior Em áreas com adensamento de solo as raízes do cafeeiro se desenvolvem superficialmente, na forma de um pé de galinha. 25 formação de resíduos orgânicos nesse sistema e a passagem de maquinário não é necessária. Outra saída é a adoção de sistemas com arborização ou irrigação, pois as árvores de sombra regularizam os picos de insolação e de temperatura, deixando os cafeeiros menos sujeitos ao “stress” devido à menor disponibilidade de solo útil (“caixa”). Além disso, as árvores funcionam como subsoladoras, com suas raízes mais vigorosas e profundas que os cafeeiros. A irrigação minimiza, também, o “stress” das plantas, que ocorre nos períodos secos nas áreas problemáticas, com pequena profundidade de solo. Por que sub-solar Uma maneira de corrigir ou reduzir os problemas de adensamento do solo é através da sub-solagem, a qual deve ser realizada para melhorar as condições físicas do solo, arrebentando camadas adensadas, de forma a facilitar o desenvolvimento das raízes do cafeeiro e a normalizar a penetração de água e o próprio arejamento em camadas com problemas. Outra situação em que a subsolagem ou uma escarificação tem sido útil é na melhoria da infiltração de água, seja em carreadores pendentes, seja na lavoura, evitando erosão, e, também, melhorando a infiltração de água da própria irrigação, condição que ocorre em plantios circulares, quando a água escorre e se faz dois riscos de subsolador/escarificador, lateralmente, nas linhas de cafeeiros jovens. Na lavoura de café o mais indicado é a sub-solagem na projeção da saia e de um lado da fileira de cada vez, pois o rompimento de raízes, dos 2 lados, de uma só vez, pode prejudicar a planta, principalmente se demorar a chover. Em cafezais onde o adensamento é mais superficial, causado pela passagem sucessiva dos tratores com maquinário, pode-se usar o subsolador, regulado para aprofundar menos (20-30 cm), para romper a crosta do terreno, ou, então, usar um escarificador. Não existem trabalhos de pesquisa que mostrem a melhor frequência da prática da sub-solagem, mas verifica-se, na prática, que ela não deve ser feita anualmente, como alguns produtores fazem. Pode-se efetuar a operação de um lado num ano, no outro lado no ano seguinte, e, depois, de acordo com a necessidade, poderia ser repetida a cada 2-4 anos. A época ideal de sub-solar é após o período de colheita e o mais próximo do período chuvoso (em set-out). Para que o serviço fique bem feito, ou seja, para que o garfo rompa, em blocos, o solo, é preciso que o mesmo esteja seco ou pouco úmido. Com o solo bem úmido, o garfo faz um rasgo liso na terra, sem romper adequadamente. Para as áreas de solo arenoso e com formação de poças de água na lavoura, uma maneira de eliminá-las é fazer furos profundos, com trado tratorizado, para drenagem dessa água em profundidade. Esses furos, em seguida, podem ser preenchidos com material palhoso, ou cascalho, ou areia grossa, para, assim, funcionarem como drenos por mais tempo, sem entupir com o próprio solo. Quando usada como auxiliar na infiltração de água e controle da erosão a sub-solagem deve ser feita com 1 garfo no meio das ruas da lavoura, saltando ou não, ruas, conforme a gravidade do problema.Pode, também, ser feita nos carreadores, especialmente nos pendentes, e junto as linhas de cafeeiros jovens. RECOMENDANDO 26 MATO DEMAIS, MATA J.B. Matiello, Engº Agrº Mapa/Procafé, L. B. Japiassú Engº Agrº Fundação Procafé O mato nas lavouras de café é composto pelas ervas daninhas ou plantas invasoras, que crescem no meio do cafezal e que precisam ser controladas. Sem o controle adequado, as ervas se multiplicam e crescem de forma exagerada, extraem do solo os nutrientes e a água necessários ao seu crescimento, reduzindo a disponibilidade desses elementos vitais para as plantas de café, as quais ficam prejudicadas em seu desenvolvimento e em sua produtividade. Em cafeeiros jovens e na saia das plantas adultas o mato pode, também, concorrer em luz. As plantas daninhas são rústicas, tem um bom sistema radicular e estão mais adaptadas a ambientes desfavoráveis, do que o cafeeiro, portanto são capazes de concorrer em situação vantajosa, exigindo seu manejo adequado na lavoura de café, para evitar prejuízos. Por outro lado, o mato apresenta vantagens, promovendo a proteção do solo, fazendo a reciclagem de nutrientes e fornecendo material orgânico, melhorando as condições biológicas da área. O controle ideal é aquele que atua manejando o mato, para reduzir os prejuízos que causa, aproveitando, no entanto, as vantagens que as ervas oferecem. No entanto, o que se tem visto muito, ultimamente, é um exagero no manejo do mato, com a lavoura passando a maior parte do tempo muito suja. Os trabalhos de pesquisa mostram a grande quantidade de massa produzida pelas ervas no meio do cafezal. Na área estudada essa massa foi de 22,8 t de peso verde e 3 t de peso seco. Nessas ervas estavam contidas quantidades expressivas de nutrientes extraídos do solo, sendo, na área estudada, encontrados nas ervas, por hectare: 96 kg de N, 60 kg de K20 e 7 kg de P2O5 e outros nutrientes. Essa extração ocorreu em níveis semelhantes aos que a própria lavoura de café extrai para uma produção equivalente a 10-15 scs/ha. Os nutrientes das ervas são obtidos da reserva do solo e também dos adubos aplicados no cafezal. Como os nutrientes absorvidos pelas plantas daninhas ficam indisponíveis para os cafeeiros a curto prazo, é comum observar-se sintomas de amarelecimento e outros de stress nutricional nos cafeeiros, em áreas com muito mato. A médio prazo, no entanto, ocorre a decomposição da matéria orgânica do mato, liberando e repondo os nutrientes ao solo, de forma gradual e de modo mais facilmente assimilável pelas plantas de café. Essa é uma razão importante para o manejo racional do mato. Para isso é essencial observar a época critica para o cafeeiro. As pesquisas tem mostrado que a época mais importante para controle do mato, quando se estabelece maior concorrência das ervas com os cafeeiros, é aquela entre outubro e fevereiro, onde o controle reduziu ao máximo as perdas, período coincidindo com o maior crescimento vegetativo e com a granação dos frutos. Em especial, deve-se ter cuidado no período dez-jan, onde também ocorrem veranicos. Nessa época, deve-se, conforme os resultados das pesquisas, manter a lavoura mais no limpo, através de uma aplicação de herbicidas de pósemergência em área total. Caso não se queira aplicar o herbicida pode-se, neste período, fazer roçadas bem frequentes e manter o mato sempre baixo. O objetivo, bastante lógico, deste manejo é o de aproveitar os nutrientes acumulados no mato em beneficio do cafeeiro, quando ele mais precisa. As lavouras conduzidas com menos mato no período já citado se mostram sempre mais verdes, sem ataques de cercosporiose, ao contrário daquelas lavouras sujas de mato, que ficam amareladas e com muita cercosporiose, sinal de que os nutrientes estão em falta. Área com aplicação de glifosato, com controle eficiente da marmelada, mas já com seleção para trapoeraba, devendo, nesses casos, ser usada uma mistura de produtos. Como resultado, houve a predominância de erva trapoeraba, também muito alta. Mato muito alto, com dominância de capim marmelada, em cafezal aos 3 anos de idade RECOMENDANDO 27 Esqueletamento do cafeeiro: A moda e o bom modo Alysson V. Fagundes, André L. Garcia, J.B. Matiello e A. W. R. Garcia - Engs Agrs. Mapa/Fundação Procafé O esqueletamento é um tipo de poda que está na moda, pois vem sendo muito utilizado, nos últimos anos, na lavoura cafeeira. Porem, observa-se que muitos produtores estão fazendo a poda sem saber bem o por que. Alguns por que acharam bonito o cafezal do vizinho. Outros acham que sua lavoura vai se transformar depois do esqueletamento. Sabe-se, no entanto, pelas pesquisas realizadas, que o esqueletamento apresenta vantagens e desvantagens, e, muitas vezes, não é a melhor solução de poda naquela lavoura. Então, é preciso acertar o modo de fazer, devendo-se prestar atenção em algumas condições importantes, para se possa atingir os objetivos pretendidos na sua execução. O uso do esqueletamento deve responder e ser adequado para atender aos seguintes quesitos: 1) Qual a finalidade do esqueletamento? 2) O esqueletamento realmente aumenta a produtividade? 3) Em qual condição de lavoura ou sistema ele deve ser feito? 4) De quanto em quanto tempo deve-se fazer? 5) Qual a época ideal de podar? 6) Pode-se reduzir a adubação e tratamentos fito-sanitário em lavouras podadas? O que é o esqueletamento e suas finalidades O esqueletamento consiste no corte dos ramos laterais, produtivos, do cafeeiro, associado ao corte do tronco, normalmente por um decote. O ideal do corte lateral é fazê-lo em forma cônica, iniciando-se o corte, no terço superior das plantas, entre 20 e 30 cm de distância dos ramos ortotrópicos e terminando, no terço inferior, com 30 a 50 cm. Caso esse corte seja mais longo entre 50 e 70 cm de distância do ortotrópico, essa poda passa a ser chamada de desponte. Já o corte do topo da planta (decote) pode ser feito de 1,2 a 2m de altura, e, em cafezais muito abertos e no sistema safra zero, pode-se cortar até mais alto, até 2,5 m, para aproveitar uma maior altura produtiva nas plantas. Este corte da haste principal é importante para a quebra da dominância apical, melhorando a brotação dos ramos laterais. Porem, em alguns casos, onde a produção no ponteiro das plantas estiver boa e em espaçamentos mais apertados na rua, onde não se deseja aumentar muito o diâmetro da planta, pode-se deixar sem decotar. As principais finalidades da poda por esqueletamento são: 1) abertura de lavouras fechadas; 2) aumento e renovação da quantidade de ramos produtivos; 3) recuperação da saia de lavouras sombreadas (antes da morte desses ramos); 4) recuperação de lavouras depauperadas ou atingidas por intempéries, como secas fortes, granizo e geadas; 5) reequilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular;; 6) escalonamento de colheitas (sistema safra zero); 7) racionalização de custos. Efeito na produtividade O esqueletamento por si só não aumenta a produtividade. Diversos ensaios comprovam que, na maioria das vezes, os cafeeiros do tratamento testemunha, sem poda, apresentam produtividade igual ou maior do que os cafeeiros podados. Aumentos de produtividade só são observados em caráter corretivo, quando algum fator limitante, por exemplo, excesso de ramagem, embatumada, ou depauperamento, estiver presente nas plantas de um determinado talhão. Na prática o esqueletamento é muito útil no sentido de racionalizar o custo de produção, pois nos anos em que as safras seriam menores a lavoura encontra-se somente em desenvolvimento de ramos, reduzindo assim o gasto com a colheita, que fica toda concentrada no ano seguinte. Condição das lavouras Lavouras depauperadas não respondem bem ao sistema de esqueletamento, principalmente quando aplicado continuadamente, no sistema safra zero. Isto ocorre devido à reduzida quantidade de ramos plagiotrópicos existentes nas plantas, e ainda, em função do baixo vigor. Nessa condição, após o primeiro esqueletamento, a quantidade de ramos produtivos formados é pequena. Com isso a planta tende a emitir uma grande quantidade de brotações ao longo do caule, que além de ter ação competitiva como dreno, interfere na arquitetura da planta, com elevado dispêndio de mão de obra para a desbrota.. Desta forma, os produtores e técnicos devem realizar um exame clínico nas lavouras, a fim de verificar se elas não apresentam problemas na distribuição e viabilidade dos ramos plagiotrópicos, como exemplo a perda de saia. Se constatada ausência de ramos viáveis ao longo da planta deve-se realizar uma poda corretiva (ex: decote ou recepa), que renove a área depauperada da planta, antes da implantação do manejo de esqueletamentos continuados. Outro fator a ser considerado para a execução do esqueletamento refere-se às característica genéticas da cultivar. O potencial de produção pós poda das cultivares é bastante heterogêneo, não só pela herança genética, mas, também, pela interação com as condições ambientais e de manejo. Conforme verificado, na prática e nos ensaios, algumas cultivares, como de Mundo Novo, respondem melhor do que outros, como o Catuai. O estande também é muito importante, pois espaçamentos antigos, com pequeno número de plantas por hectare, não alcançam as altas produtividades almejadas no primeiro ano produtivo após o esqueletamento. Por outro lado, cafezais no sistema adensado, pela proximidade das linhas de plantas, logo voltam a fechar após o esqueletamento. Quando fazer O esqueletamento deve ser realizado sempre que as condições vegetativas da planta mostrarem a necessitarem dessa prática. Como qualquer tipo de poda é recomendável que ela seja realizada após anos de safras altas, na expectativa duma safra baixa no ano seguinte. No sistema de esqueletamentos seguidos, ou sistema safra zero, ele deve ser feito em prazos ímpares de colheitas, ou seja, uma, três, cinco ou mais safras. Isso devido à bienalidade de produção após a poda. Entretanto, deve-se sempre observar a resposta de produção, a qual pode sofrer influência de fatores bióticos e abióticos, alternando o ano de alta produção, a fim de que não se efetue a poda em uma lavoura projetando uma alta carga. Adubação e tratamentos fito-sanitários A adubação em cafeeiros esqueletados ainda é uma prática que precisa de mais estudos. A indicação de um grupo de técnicos, que recomenda o sistema safra zero, é aplicar doses altas de adubos no ano do esqueletamento, para promover a renovação da ramagem, reduzindo o nível de adubação no ano seguinte, no RECOMENDANDO 28 ano da safra. No entanto, trabalhos de pesquisa não tem mostrado respostas nessa variação de níveis, e, em alguns casos, nem mesmo respostas à adubação são verificadas. Atribui-se parte desse comportamento à grande reciclagem de nutrientes, oriunda do material vegetal podado. Deste modo, vemos que o importante não é reduzir ou aumentar o adubo, mas sim equilibrar, contando com a reciclagem, pois o material vegetal podado é rico em macro e micro-nutrientes. (ver quadro 1) Quadro 1: . Quantidade de macro e micro-nutrientes nas partes podadas do cafeeiro, cafezal Mundo Novo, 9 anos, 3,5 x 1,5m (1904 covas/ha). Alfenas, 1986. Fonte: Garcia, Malavolta, Gonçalves e outros. Observando-se, no quadro 1, as quantidades de nutrientes presentes no material oriundo no esqueletamento verifica-se níveis bastante altos, de 260270 kg/ha de N/K2O e demais nutrientes. Como este material tem relação C/N alta é necessário a realização de adubações nitrogenadas, logo no inicio das chuvas, para equilibrar essa relação. Já, quanto ao potássio são raros os casos de lavouras que, após a poda, necessitam desse nutriente, pois o mesmo é mais necessário em anos de safras altas. Com relação aos tratamentos fito-sanitários é importante, inicialmente, prestar atenção nas pragas de solo, como nematóides, cigarras, mosca e cochonilha de raizes. Caso haja histórico de ocorrência, na área podada, deve-se realizar o seu controle, pois, lavouras esqueletadas já tem, naturalmente, uma mortalidade acima de 70% do seu sistema radicular, aos 30 dias póspoda. Quanto às doenças foliares, a ferrugem e a Phoma/Ascochyta são bastante problemáticas em lavouras esqueletadas. A ferrugem, apesar da quase nula carga nos cafeeiros após à poda, o que facilitaria pela menor infecção, tem um embatumado de ramos que condiciona mais umidade nas plantas esqueletadas, e, assim, resulta em maior ataque. A Phoma é beneficiada pela ramagem nova formada e, provavelmente pelo excesso de N nessa ramagem. Alem disso, a abertura promove maior ação de ventos frios. Desta forma, é importante a constatação da presença de pragas de solo e aplicação de inseticidas/nematicidas logo no inicio das chuvas, momento onde as novas raízes serão formadas. O monitoramento da ferrugem deve ser realizado a partir da emissão do terceiro par de folhas. No ano de produção deve-se também tomar cuidado com a ferrugem e a cercosporiose, visando manter as plantas bem enfolhadas, servindo como fonte de nutrientes e foto-assimilados para os frutos, que são drenos preferenciais. Em altas produções esta força de dreno, exercida pelos frutos, é visivelmente notada a partir do período de granação, ocorrendo mudança na tonalidade das folhas, de verde intenso a amareladas. A cercosporiose ataca também os frutos, sendo favorecida pelo stress nutricional, devido á carga alta. Alguns técnicos argumentam que pode-se descuidar do controle das doenças no ano da carga, pois já se vai podar mesmo os ramos. Acontece que a reserva da planta de café é concentrada em sua folhagem e a brotação futura, no pós-poda, muito dela depende. A melhor época de podar As pesquisas demonstram que a poda de esqueletamento deve ser feita o quanto antes possível a partir do mês de julho. Ensaios realizados na Fazenda Experimental de Varginha (ver quadro 2) comprovam que as melhores épocas de esqueletamento, no ano seguinte à poda, para o cultivar Mundo Novo são os meses de julho e agosto, sendo o mês de setembro intermediário e a partir de outubro inferior. Já para o cultivar Catuaí o mês de julho foi superior, os meses de agosto e setembro foram intermediários e a partir de outubro inferior. No ano seguinte, houve uma compensação e as épocas inferiores no ano anterior passaram a ser superiores no ano seguinte. Portanto, quando se analisa em dois anos não há diferença para a época de esqueletamento, mas é recomendável que seja realizado o quanto antes possível para recuperação do capital investido no ano de vegetação da planta. Desta forma, a colheita deve ser planejada para terminar mais cedo naqueles talhões que se deseja podar. RECOMENDANDO 29 Sistema “Safra Zero”de manejo em cafeeiros As atuais dificuldades de renda com o café, função dos custos elevados e preços não remuneradores, tem levado ao conceito de combinar produtividade nas lavouras com redução de custos por saca produzida. O sistema “Safra Zero” é uma alternativa nesse sentido, pois tem como finalidade principal eliminar a necessidade de colheitas onerosas nos anos de safra baxa, só colhendo no ciclo de alta. Para isso, os cafeeiros são esqueletados e decotados a cada dois anos, ocorrendo desenvolvimento dos ramos produtivos no primeiro ano agrícola e frutificação no ano posterior, quando será novamente podada. Com este sistema muitos produtores tem viabilizado a cafeicultura, principalmente em regiões com dificuldades de mão-de-obra e em áreas montanhosas. Neste último ano, no Sul de Minas, o uso de esqueletamento foi muito superior à média histórica da região. O que era uma realidade em áreas declivosas agora também se intensificou nas lavouras mecanizadas, mesmo em estandes de plantas menores, naquelas lavouras com 1500 a 2000 pl/ha. Os diversos trabalhos realizados pela Fundação Procafé, na Fazenda Experimental de Varginha, desde 2003, com foco no sistema safra zero, tem resultado em produtividades baixas nesse tipo de lavouras com baixo stand de plantas/ha. O exemplo da aplicação do sistema em uma lavoura Mundo Novo-Acaiá IAC 474/19, com espaçamento de 3,0 x 1,0 m (estande de 3.333 plantas/ha) em sistema safra zero, resultou nos anos de alta, em 3 ciclos, em produções até certo ponto boas, de 80, 76 e 110 sacas/ha, porem, a média dos 6 anos, ficou com somente 44.3 sacas/ha., abaixo da meta necessária, que seria no mínimo 50 sacas/ha. Em lavouras de Catuai os resultados foram piores. Por isso, antes de entrar no sistema “safra zero”, é preciso observar que esse sistema é tecnificado, exigindo critérios e planejamento, para sua viabilidade. Uma vez selecionada e/ou adequada a lavoura, conforme já abordado anteriormente, o produtor deve seguir com o planejamento de todas as atividades, tendo em mente que o sistema engloba uma sequência de operações, ao longo de dois anos, e a produção pode ser comprometida em qualquer momento. Os espaçamentos considerados adequados para as lavouras a serem exploradas no sistema safra zero, são os seguintes: Plantio adensado nas regiões montanhosas, a 2 x 0,5m e nas áreas mecanizáveis um semi-adensado, com 2,5 a 3,2 m x 0,5 m, preferencialmente com o uso de variedades que se recuperam mais rápido e, se possível, resistentes à ferrugem. Como já detalhado, deve-se adotar o modo apropriado de uso do esqueletamento, quanto ao tipo de lavoura, à época mais cedo, e ao trato da lavoura, quanto à nutrição e controles de pragas/doenças. Deve-se considerar a deposição cíclica e contínua de material vegetal, oriundo das podas no “Safra Zero”.. Dados de pesquisas com cereais, em plantio direto, mostram que ao longo dos anos uma quantidade de matéria seca de palhada, semelhante à quantidade oriunda da poda por esqueletamento, proporciona incrementos significativos na CTC do solo, com melhoria nas suas características biológicas, físicas e químicas.. Conclui-se, assim, que o sistema Safra Zero de manejo deve ser muito bem planejado e conduzido, em lavouras adequadas e com práticas que possibilitem a expressão do potencial produtivo das plantas, tendo em mente que qualquer erro, em uma única etapa, é determinante no resultado de todo o ciclo de dois anos. Aplicado de maneira profissional, o sistema pode ser muito útil na sustentabilidade econômica e na otimização do setor de produção de café, em muitas propriedades Lavoura esqueletada, vendo-se o modo de corte e a grande deposição de material no solo Recuperação da ramagem no pós-esqueletamento, com multiplicação de ramos. PANORAMA 30 40 ANOS DE CONVIVÊNCIA COM A FERRUGEM DO CAFEEIRO NO BRASIL Neste último 17 de janeiro/2010 completamos 40 anos de convivência com a ferrugem, desde a sua constatação, pela primeira vez, nesta data, no ano de 1970. Foi lá no Sul da Bahia que ela apareceu, mas logo a doença se espalhou, em junho de 1970 já estava no Sul de Minas, em janeiro de 1971 em São Paulo e em outubro já no Paraná, ou seja, menos de 2 anos depois já caminhava de norte a sul nas áreas cafeeiras. A princípio havia muito temor. Dizia-se que a doença seria capaz de acabar com nossa cafeicultura. Por isso, recursos e equipes de trabalho se multiplicaram para, de inicio, tentar erradicar a doença, eliminando cafeeiros nos focos e na faixa de segurança. Porem, a rápida expansão da ferrugem mostrava uma única saída, a convivência com ela. Um programa de controle foi executado, baseado no desenvolvimento de pesquisas, de assistência técnica e de crédito. Foi promovida a renovação de cafezais, apoiada em estudos de zoneamento, com melhores variedades e sistemas de manejo mais tecnificados. Os milhares de trabalhos de pesquisa passaram a dar suporte a essa nova cafeicultura, orientada, também, por uma equipe de técnicos especializados. Como resultado, a cafeicultura saiu fortalecida, dizendo-se que a ferrugem, ao forçar as transformações, foi um mal que veio para o bem. Assim, passamos de safras médias de 20-22 milhões de sacas ano no inicio da década de 1970, para safras de 30-35 milhões no inicio da década de 1980, com picos de até 43 milhões em 1987. Agora estamos com safras médias entre 40-45 milhões de sacas/ano. Todo esse potencial produtivo foi fruto do incremento e melhoria da lavoura cafeeira. As bases técnicas dessa nova cafeicultura foram, principalmente: a) Novos plantios em áreas zoneadas, promovendo a ampliação das zonas cafeeiras, com destaque para a exploração extensiva dos cerrados; b) uso de espaçamentos, variedades e sistemas de plantio e manejo mais racionais, visando aumento de produtividade e redução dos custos de produção; c) introdução do controle sistemático de pragas e doenças, incluida a ferrugem, de forma integrada, visando reduzir perdas de produção; d) melhoria dos sistemas de colheita e preparo, objetivando a qualidade dos cafés. A lembrança da data de ocorrência da ferrugem e da evolução da lavoura cafeeira, nessa pequena história aqui contada, deixa um exemplo de mudança, que resultou numa cafeicultura maior e melhor do que aquela antes da doença.. Por isso, passados 40 anos, muitos de nós, que ficamos envolvidos com o problema da ferrugem, desde o seu inicio, nos sentimos recompensados, desejando que a equipe técnica e os valorosos cafeicultores, peças chaves nessa verdadeira batalha, sintam que a vitória é fruto de muito trabalho, o qual deve ter continuidade, pois a ferrugem se mantém sob controle, porem onerando os custos, e a cafeicultura também está ai, precisando de melhor renda. CORÓ DAS PASTAGENS “ATACA” EM CAFEZAIS J.B. Matiello, Engo Agro MAPA/Procafé e Fernando F.Costa, Eng. Agr. SCAI Recentemente verificou-se a ocorrência, em grande escala, do inseto conhecido como coró das pastagens, em lavoura de café na região da Serra do Cabral, no Norte de Minas. No terreno da lavoura, no meio da rua do cafezal (catuai com 3 anos, espaç. 3,6x 0,5 m) e na linha, mais na rua, verificou-se um grande numero de furos no solo, alguns com terra solta, outros com furos limpos. A principio desconfiou-se da possibilidade de ataque de cigarras, o que é incomum em lavouras novas. Passou-se, então, a cavar o solo, para verificar o que seria encontrado dentro do chão. O resultado da verificação foi uma boa surpresa positiva. Observou-se, seguindo os furos, que eles terminavam, cerca de 20-30 cm abaixo da superfície, em uma PANORAMA pequena galeria, tipo uma panela de formigueiro. Ali se encontrava uma larva de coleoptero, clara e de tamanho grande, cerca de 3-5 cm de comprimento, tendo 6 patas em sua parte dianteira. Verificou-se, ainda, que na extensão do furo, e, principalmente, na galeria, havia um acumulo de material orgânico, composto de folhas podres de cafeeiro, de mato, e, até, de palha de café que havia sido aplicada recentemente na lavoura. Em uma das galerias, oriunda de um furo pesquisado bem junto ao tronco do cafeeiro, sob a saia, para verificar, nessa condição, se havia algum dano ás raízes do cafeeiro, verificou-se na galeria, a presença de radicelas, que ali se desenvolviam normalmente, até melhor, pois contavam, junto a elas, com material orgânico. Esta observação, combinada com a presença da grande maioria dos furos bem no meio das ruas, longe dos cafeeiros, e a associação com o material orgânico presente nas galerias, foram a chave para constatar que o presumível “ataque” não passava, na realidade, de uma ação benéfica, assim entendida devido ao acumulo de matéria orgânica em profundidade e do efeito de arejamento do solo, pelos buracos. No entanto, como essa ocorrência tem sido observada em muitas lavouras e sabendo-se que alguns insetos não pragas podem se adaptar ao ataque, como parece ter sido o caso da mosca(berne) das raízes, sempre é bom estarmos atentos. A literatura cita que este tipo de larva tem hábito alimentar facultativo, com preferência por matéria orgânica. Na foto pode-se ver as larvas de diferentes espécies, que podem estar ocorrendo, não tendo sido possível, ainda identificar qual delas ocorria na lavoura pesquisada. Verificou-se que as larvas maiores saiam dos buracos, de noite, provavelmente para se transformar, sendo curioso, que mesmo tendo pernas em sua parte inferior, elas andam de costas. Aspecto da larva em vista lateral. A) Diloboderus abderus B) Cyclocephala flavipennis C) Demodema brevitarsis D) Hyllophaga triticophaga 31 Larva do coro na galeria, situada a cerca de 20-30 cm de profundidade, vendo-se a matéria orgânica acumulada (folhas velhas de cafeeiro e mato) Aspecto dos furos no solo, no meio das ruas ou próximo aos cafeeiros. Aspecto dos adultos do coro, os besouros. Encontros sobre cafeicultura se multiplicam Em março de 2010 estão previstos 3 tradicionais Encontros sobre cafeicultura, para discutir problemas e soluções, de caráter econômico e agronômico, para o setor cafeeiro. No período de 8 - 10 vai acontecer o 11º Agrocafé- Seminário Nacional do Agronegócio do Café, em Salvador – BA, sob a coordenação da ASSOCAFÉ Associação de Cafeicultores da Bahia. No programa temas ligados à produção, à industria e ao comércio. No período 17 - 19, vai ser o 14º Seminário de Cafeicultura de Montanha, em Manhuaçu - MG, organizado pela ACIAM, incluindo diversas palestras sobre temas de tecnologia na lavoura e debates de política cafeeira. Vai ter, também, um dia de campo na Fazenda Experimental do CEPEC/Heringer. De 24-26 de março ocorre, em Araguari MG, o 15º Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, e, concomitante a 13ª Feira de Irrigação e o 12º Simpósio de Pesquisas em cafeicultura irigada. A organização é da ACA Associação de Cafeicultores de Araguari. PANORAMA 32 Curso para Técnicos do ERJ em Varginha A Fundação Procafé, através do seus Técnicos especializados, ministrou, no período de 25-29 jan/2010, curso de cafeicultura para 16 Técnicos Agrícolas e Engs. Agrs. do programa de café do estado do Rio de Janeiro. O curso foi solicitado e coordenado pela FAERJ/SENAR, com o objetivo de treinar uma equive que vai atuar no projeto “Bule Cheio”, com o acompanhamento de várias propriedades cafeeiras no ERJ. O treinamento constou de aulas teóricas e práticas, que aconteceram no auditório e na Fazenda experimental da Fundação, em Varginha-MG. Apesar do estado do Rio de Janeiro ser um pequeno produtor de café, tendo apenas cerca de 11 mil ha de lavouras, e produção anual de cerca de 200 mil sacas/ano, alguns municípios da zona serrana, especialmente no Noroeste Fluminense, tem no café sua principal atividade agrícola e econômica. As propriedades são pequenas, muitas de exploração familiar e cumprem importante papel social. Técnicos do Estado do Rio de Janeiro na FEx Varginha, recebendo aulas práticas. O treinamento foi coordenado pela Eng. Agra Lílian Padilha e atuaram, nas palestras e nas demonstrações em campo, os Engs. Agrs J.B. Matiello, S. R. Almeida, A. W.Garcia, Carlos H. Carvalho, L. Japiassu, Alysson Vilela, André Garcia e Rodrigo Paiva, Sai a programação de Eventos da Fundação Procafé A Fundação Procafé anunciou, recentemente, sua já tradicional agenda de Eventos, programados para o ano de 2010. Os dias de campo serão realizados em 26 e 27 de maio/2010, na Fazenda Experimental de Varginha. O Curso de Atualização para Técnicos em Cafeicultura acontecerá no período de 13-15 de julho/2010, também em Varginha. O Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em sua 36ª edição, deverá ser realizado na última semana de outubro, conforme usual, estando em estudo algumas cidades sedes. Para maiores informações sobre os Eventos, consulte o site da Fundação: www.fundacaoprocafe.com.br, ou ligue: 035-32141411. Surto de cochonilha da roseta do cafeeiro no Espírito Santo Neste inicio de ano apareceu um forte surto de ataque da cochonilha de rosetas em cafeeiros na zona serrana do estado do Espírito Santo. Foi lá na Zona de Marechal Floriano. A cochonilha, das espécie P. citri e P. minor são mais problemáticas nas Zonas de café robusta-conillon, mais ao Norte do Estado. No presente surto o ataque, muito forte, ocorre sobre cafeeiros de variedades arábica, talvez em função de algum desequilíbrio, especialmente no clima, pois a região, desde dezembro/09 passa por um período anormal de seca e de calor. O ataque se verifica nas rosetas, em frutos chumbinhos e, também, em frutos já maiores. Nas rosetas pode-se ver os insetos, ede coloração clara, zonas escurecidas, pela associação com fumagina e rosetas escuras, onde houve a seca completados frutos, dando origem ao que se chama de rosetas banguelas. O controle vem sendo praticado, embora difícil, pela necessidade de pulverizar, com bastante calda, molhando os ramos na parte interna onde ocorre a frutificação. Os melhores resultados, embora não com eficiência muito alta, tem sido com o uso do inseticida Chlorpirifós. Na foto o detalhe de uma roseta muito atacada pela cochonilha. ANÁLISE 33 CICLO BIENAL DE PRODUÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé Na cafeicultura brasileira é muito conhecida a característica de safras altas alternadas com baixas safras, o que se chama de ciclo bienal de produção de café. Esse ciclo afeta a oferta do produto, exigindo a estocagem e carregamento de safra de um ano para outro, situação que traz dificuldades para a política cafeeira do país e para o produtor, que em certos anos tem pouca renda. O entendimento do ciclo bienal de produção do cafeeiro é importante, também, a nível agronômico, para adequação do manejo da lavoura, de acordo com o ciclo, ou para modifica-lo, sendo que, atualmente, existe uma tendência de manejo por podas visando acentuar o ciclo, com safra zero. Quantificando o ciclo O fenômeno de bienalidade de produção de café pode ser observado através das safras colhidas no Brasil nos 10 últimos anos.(quadro 1). Verifica-se que foram obtidas safras baixas, entre 28 – 39 milhões e altas entre 39-48 milhões, ou seja, com diferencial médio de 33%. Ao longo de muitos anos os diferencias de produção nas safras de café são conhecidos e, muitas vezes, agravados por fenômenos climáticos. O gráfico 1 mostra os picos de altos e baixos, desde o ano de 1960. Trabalho de pesquisa e análise estatística em experimentos realizados nas Fazendas Experimentais do ex-IBC, onde se computou a produtividade em parcelas de cafeeiros, bem tratadas, por 6 a 8 safras, mostrou que, na média, foi obtida uma safra baixa de cerca de 20% da safra alta, o que, então, para nossas condições, pode ser considerado um ciclo normal. Na cafeicultura como um todo, é lógico, a bienalidade não se expressa tão fortemente, como se observou nas lavouras, pois dentro de uma propriedade, dentro das regiões e no país os ciclos das lavouras, em boa parte, são desencontrados. Não fosse assim, uma safra baixa corresponderia a 5 vezes menos que a alta. Em ciclos de alta carga os ramos se enchem de frutos e crescem pouco, reduzindo a safra do ano seguinte, formando o ciclo bienal, típico da cafeicultura brasileira. Quadro 1 - Produção brasileira de café, nas safras de 2001 a 2010 34 Causas dos ciclos As causas da produção de café diferenciada no Brasil podem ser explicadas fisiologicamente. Os cafeeiros cultivados a pleno sol produzem muito num ano, suas reservas são carreadas para a frutificação, então o crescimento dos ramos é prejudicado e a safra seguinte reduzida. Diz-se comumente que o cafezal se veste um ano e no outro veste o seu dono. Vejamos como ocorre o fenômeno: 1°) O cafeeiro possui uma iniciação floral abundante (muitos gemas e flores). 2°) Ocorre uma baixa taxa de abcisão de frutos (a planta se café não derruba tantos frutos, como outras). 3º) Se manifesta a força de drenagem das reservas de forma prioritária pelos frutos (endosperma das sementes é um dreno primário). 4°) Se observa um desbalanço na razão folha/fruto, e, em conseqüência, uma competição entre o crescimento reprodutivo e o vegetativo (este último prejudicado com carga alta). 5º) Nessa condição verifica-se o depauperamento, a seca de ramos e morte de raízes (não se observa seca de ramos em cafeeiros jovens ou com frutos raleados). 6°) A seca de ramos é mais expressiva nos anos de safra alta, é agravada por aspectos nutricionais e por ataque de pragas e doenças. A lavoura, assim, fica com suas plantas estressadas pela carga, cresce menos e produz menos no ano seguinte. Secas de ramos e morte das raízes A seca de ramos ocorre devido ao desbalanço entre a disponibilidade e o consumo de assimilados (reservas da planta). Decorre da maior necessidade pelos frutos em relação à possibilidade de seu fornecimento, pela fotossíntese mais as reservas antes disponíveis. Um trabalho de pesquisa mostra que a maior influência é do nível de enfolhamento, que vai fazer a fotossíntese, do que das reservas. A seca de ramos é precedida da morte de raízes e se esta ocorre, em grau intenso, pode causar a trianualidade de produção, visto que sua recuperação é lenta. A morte de raízes leva à redução na absorção de água e de nutrientes. Por isso, um bom manejo de adubação e irrigação ajuda a reduzir os problemas. ANÁLISE Como reduzir ou ampliar o ciclo Além dos cuidados de manejo dos cafeeiros, como a adubação, controle de pragas/doenças, irrigação, etc., visando manter a planta mais enfolhada, existem alternativas para evitar o “stress” ou depauperamento que levam à baixa produtividade, no ano seguinte. Elas consistem, basicamente, em reduzir ligeiramente a produção alta por planta, através de espaçamentos menores, arborização, uso de material genético mais vigoroso e com padrão de florada mais diluído, aplicação de podas e outros. Ultimamente, na cafeicultura empresarial, existe tendência a se promover um ciclo de produção mais pronunciado, visando uma safra muito alta e, depois, uma safra zero, com o auxilio de poda dos ramos produtivos. O ciclo bienal e as estimativas de safras As estimativas das safras de café no Brasil vem sendo feitas, atualmente , na maioria das regiões produtoras, de forma subjetiva, o que reduz a sua confiabilidade. Em função disso, muitas empresas comerciais também fazem suas previsões, sem metodologia apropriada, o que chamamos de chutometros. Elas, por sua natureza, tendem a puxar as previsões para cima, sempre querendo safras mais altas. Os produtores, por sua vez, prejudicados por divulgações errôneas, não podem decidir bem o que fazer, se vendem logo ou se guardam o café. Assim, a pergunta é: Onde está considerado o ciclo bienal de produção dos cafeeiros ? Respondemos que, na prática do mercado, ele foi, simplesmente, esquecido, já que a correta definição da oferta deveria, sempre, ser feita pela média de 2 safras. O processo natural da planta de café, cultivada a pleno sol, é ter frutificações muito diferenciadas de um ano para o outro, conforme já foi esclarecido fisiológicamente. A lavoura, fica com suas plantas estressadas pela carga, cresce menos e produz menos no ano seguinte. O que alguns interessados não enxergam, talvez por que não querem, é o fato, incontestável, de que, se uma safra veio um pouco maior do que se esperava, por exemplo, 3 milhões de sacas a mais num ano, pode-se prever, na safra seguinte, essa quantia a menos. ANÁLISE 35 DESAFIOS NO MANEJO DE CAFEZAIS J.B. Matiello, Eng. Agr. Mapa/Procafé Manejar bem a lavoura de café é um grande desafio, pois a cultura cafeeira fica no campo o ano todo, sujeita às variações nas condições do ambiente, do clima, do solo e das pragas e doenças que atacam, devendo ser nutrida e protegida, exigindo cuidados praticamente o ano inteiro, O manejo de cafezais pode ser definido como a forma de combinar e executar os tratos culturais no cafezal. Envolve, assim, o modo e a época de fazer, ou seja, como, quando e onde executar os tratos ou práticas culturais. Práticas rotineiras, eventuais e prioritárias O manejo nas lavouras de café compreende a execução de práticas culturais divididas em 2 tipos: as rotineiras, feitas usualmente, por todos os produtores e as eventuais, realizadas em níveis e épocas diferenciadas, entre os produtores. Ao todo, pode-se efetuar 12 práticas. As práticas rotineiras, usadas no manejo de cafezais, são: O controle do mato, a arruação/esparramação, e a colheita/preparo. As práticas consideradas eventuais são: A adubação/calagem, o controle de pragas/doenças, o controle à erosão, as podas/condução, a irrigação, o replantio/repovoamento, a proteção contra ventos/geadas, a sub-solagem e a combinação de cultivos. Muitas dessas práticas “eventuais”, isto mesmo, entre aspas, são, hoje, práticas obrigatórias, A renovação de cafeeiros, através de dobra, permite melhorar o stand de plantas e substituir a variedade. Na foto, dobra de Acauã no meio de mundo-novo, Utinga-BA Plantios de café super adensados, como este observado pelos colegas Saulo e Sinésio, no CEPEC-Heringer, em M. Soares-MG, são uma opção para regiões de montanha. citando-se o exemplo da adubação, imprescindível em nossos solos pobres. Um grupo de práticas é considerado prioritário, diante da sua maior influência na produtividade e nos custos de produção, bem como sobre a qualidade do produto. Esse grupo destaca a adubação/calagem, o controle de pragas/doenças, a irrigação, as podas e a colheita/preparo. A aplicação dessas práticas, de modo adequado, exige o uso de recursos, que devem ser gerados através de rendas com a produção de café. No entanto, a conjuntura atual de desequilíbrio entre os preços do café e dos seus custos de produção, não tem deixado margens suficientes. Assim, alem dos desafios agronômicos, tem-se aqueles econômicos. Com pouca renda o produtor investe pouco nos tratos e, assim, produz pouco, o que eleva seus custos de produção por saca, sobrando pouco ou nada , aí fechando o ciclo, que resulta, novamente no maltrato das lavouras. Caminhos possíveis Cada situação de propriedade cafeeira deve ser analisada, visando eleger os caminhos de recuperação. No entanto, pode-se indicar, de maneira geral, 3 caminhos, que se aplicam à maioria dos casos: o aumento da produtividade, das lavouras e de todo o processo operacional; a mecanização dos ANÁLISE 36 tratos e a racionalização de custos. A mecanização dos tratos e, especialmente, da colheita, leva à reduções importantes nos custos de produção do café, alem de viabilizar a cafeicultura empresarial, com economia de escala. A racionalização dos custos deve prever o uso do estritamente necessário, investindo nos insumos capazes de melhorar a produtividade, sendo essencial o planejamento e controle de gastos, especialmente aqueles de mão-de-obra e/ou operação de maquinário, item preponderante no processo produtivo do café. Destaque na produtividade A produtividade das lavouras está ligada a 3 grupos de fatores variáveis, da planta, do ambiente e do manejo. Na planta influi a espécie, a variedade e a linhagem cultivada, o sistema de plantio (espaçamento, no de plantas/área) e seu processo fisiológico, que conduz a um maior crescimento e frutificação. No ambiente influem o solo (química e física) e o clima, onde se destaca a freqüência de chuvas, para o suprimento de água (balanço hídrico), podendo haver estiagens prejudiciais, alem do efeito das temperaturas, dos ventos, de chuvas de granizo e de geadas, onde condições favoráveis ou desfavoráveis beneficiam ou prejudicam a produtividade. No manejo dos tratos, as práticas usadas pelo produtor visam corrigir as condições para a planta e a A irrigação é uma prática prioritária para aumento de produtividade de cafezais. As lavouras do robusta-conillon tem resultado em altas produtividades, com alguns prejuízos pela seca. melhoria do ambiente. O manejo exige aplicação de recursos e de tecnologia, dependentes, como já foi abordado, do balanço preço/custo de produção do café. Os problemas principais que vem afetando a produtividade dos nossos cafezais são: os solos pobres, desequilibrados; o grande quantitativo de lavouras velhas, que necessitam recuperação ou substituição; o ataque severo de pragas/doenças nos cafezais; a falta de adequação nos espaçamentos das lavouras, em muitas delas, com baixo stand de plantas por área; as deficiências climáticas (água/ temperatura/ ventos) crescentes, ainda mais diante de previsões futuras de aquecimento; e a falta de tratos adequados. A produtividade é a base para custos de produção menores. Desafios Os desafios que aqui destacamos, no manejo de cafezais, são na renovação/recuperação de cafezais, na nutrição das lavouras, no controle de pragas/doenças, nas podas, na irrigação e na colheita. A recuperação e renovação de cafezais deve ser um processo constante, pois é preciso contar com lavouras modernas e produtivas, com facilidades nos tratos e colheita e com menores custos de produção. A recuperação deve começar pela análise e seleção de lavouras em 3 tipos: - Lavouras boas, a serem conduzidas com tratos normais. - Lavouras que precisam recuperação, através de práticas especiais, de podas, replantio, correção de ANÁLISE solo , controles, etc. - Lavouras que precisam ser substituídas, onde a recuperação não compensa, com o plantio de novas lavouras no lugar . Na renovação deve-se considerar que antigamente a fase de formação da lavoura demorava 3-4 anos, porem hoje em dia, com variedades mais precoces e produtivas, com adubação e tratos intensivos, inclusive com irrigação, é possível ter uma pequena safra, de 10-15 sacas/ha, já com 1,5 ano, e uma boa safra, 30-70 scs/ha, com 2,5 anos, com retorno mais rápido dos investimentos. Dois sistemas básicos de espaçamento são atualmente indicados na renovação das lavouras: Sistema adensado: 1,70 – 2,5 m X 0,5 – 0,7 m , com 5000 – 10000 pl/ha Sistema renque mecanizado: 3,5 – 4,0 m X 0,5 – 0,7 m, com 4000 – 5500 pl/ha Dois sistemas alternativos podem ser utilizados: Sistema super-adensado: 1,0 – 1,5 m X 0,3 – 0,5 m , com 15000 – 25000 pl/ha, em ciclos de 2-4 safras e recepa em seguida Sistema semi-adensado: 2,5 – 3,0 m X 0,5 – 0,7 m, com 6500 – 8000 pl/ha, com esqueletamento constante, cada 2-3 safras. No controle de pragas e doenças os principais desafios agronômicos são: No controle do bicho-mineiro: superar falhas de controle, através do uso de novos ativos; aumentar o período residual de controle e introdução em escala comercial de variedades resistentes. No controle da broca o desafio atual é A mecanização da colheita, com colhedeiras, munidas de hastes derriçadoras e esteira coletora, elementos vistos na foto, é uma necessidade, para redução dos custos de produção. 37 encontrar um inseticida para substituir, com a mesma eficiência, o ativo endossulfan, que está para ser retirado do mercado. No controle da ferrugem é preciso superar falhas de controle/resistência aos fungicidas Trazóis, especialmente no seu uso via solo, com raças novas do fungo; através da combinação de ativos e inclusão de novos, com o uso de fungicidas cupricos no manejo de resistência e trabalhar na ampliação de uso do controle genético Na nutrição em cafezais é preciso melhorar o equilíbrio nutricional, no solo e nas plantas, definir melhor as recomendações: de uso de fósforo, gesso, adubos foliares e hormônios, alem, é claro, de aumentar o uso de análises (solo e foliar), visando racionalizar a adubação/calagem. A irrigação tem sua necessidade crescente, visando reduzir riscos de perdas, considerando os problemas de aquecimento, a disponibilidade de água(outorga), a melhor definição dos períodos de stress hídrico e sistemas mais econômicos, sem perder de vista a necessidade de desenvolver variedades/espécies mais tolerantes No uso das podas deve-se utiliza-las como um auxiliar no manejo de cafezais, para redução de altura de plantas, promovendo re-equilibrio entre a parte aérea e o sistema radicular dos cafeeiros, visando minimizar problemas de deficit hídrico, e para melhoria ambiental. Deve, ainda, adequar plantas baixas, novas e produtivas, através de podas em ciclos curtos, para melhoria do rendimento de colheita, isto mais aplicável á cafeicultura de montanha. As podas para safra zero tem também sua finalidade de redução nos custos da lavoura. Por último, talvez o mais importante desafio, é a melhor viabilização da colheita, especialmente nas pequenas propriedades e áreas montanhosas. Com a elevação de custos e carências de mão-deobra é preciso investir mais na mecanização, ampliando a oferta de máquinas e maior uso em propriedades médias e pequenas e, ainda, obter reduções de custos na colheita manual, através de modificação no tipo dos cafeeiros a serem colhidos (menor altura), pela maior produtividade e pela colheita de ramos. 38 SÉRIE ESTATÍSTICA A SAFRA DE CAFÉ EM 2010 J.B. Matiello e L.B. Japiassú, Engs. Agrs. Mapa/Fundação Procafé. A primeira estimativa da safra cafeeira que será colhida em 2010 saiu agora em janeiro. A CONAB divulgou que deverão ser colhidas entre 45,9 e 48,7 milhões de sacas, na média, 47 milhões, cerca de 8 milhões (20%) a mais em relação àquela colhida em 2009 (39 milhões). O ciclo bienal de produção e as condições climáticas favoráveis explicam essa elevação prevista para a próxima safra. De fato, a maioria das regiões vai produzir em ciclo de alta. As chuvas estiveram presentes entre junho e setembro, quando ocorreu a primeira florada. Com a falta de stress várias floradas aconteceram. Ocorreu uma verdadeira loucura no pé de café. Parece que estamos na Colômbia, pois temos desde frutos bem granados, em áreas mais quentes já amadurecendo e, ao mesmo tempo, frutos em água, chumbinhos, flores e botões. Vai ser difícil aproveitar toda a frutificação das plantas em colheita única, por derriça, conforme aqui praticada. A qualidade do café vai ser ruim, pois se formos esperar aqueles frutos mais atrasados vai ocorrer muita quantidade de frutos caídos no chão (das primeiras floradas). Se colhermos mais cedo vai ter grande quantidade de verdes, das últimas floradas. Sorte que, em algumas regiões, os frutinhos das últimas floradas estão sendo descartados pelas plantas. No aspecto regional quase todas as regiões aumentaram a produção, havendo a liderança dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que, juntos, perfazem cerca de 75% da produção total. Quanto à distribuição por “qualidade” a estimativa é de 35 milhões de sacas de cafés arábica e 12 milhões de robusta-conillon. Sobre a estimativa efetuada tem-se algumas dúvidas, pois a metodologia ainda continua precária, visto que os dados referentes aos 2 principais estados produtores (MG e ES) são estimados subjetivamente, como o próprio relatório da CONAB indica, que, em reunião entre a CONAB, as cooperativas a Emater, o Banco do Brasil e técnicos eles chegaram à conclusão por uma redução de 8,4% no parque cafeeiro no Sul de Minas. Outra coisa que deveria ser eliminada é a faixa de estimativa, pois já se sabe, pelo que ocorreu em todos os anos anteriores, que a evolução das estimativas sempre ocorre com elevações e o limite superior é, desde já,entendido como o resultado real. Deve ser estimado um só dado, sendo que já se entende que pode haver uma margem de erro da estimativa, para baixo ou para cima. Finalmente, deve-se considerar que a condição climática que vem ocorrendo desde o final de dezembro, com estiagem de mais de 2 meses, no conillon e em parte do arabica no Espírito Santo e Z. Mata de MG, e na Bahia, pode reduzir bastante a produção nessas regiões. Estimativa da safra cafeeira no Brasil em 2010 Fonte: Convenio MAPA-SPAE/CONAB PRODUTOS E EQUIPAMENTOS 39 Altacor: um novo inseticida, muito eficiente, no controle do bicho mineiro do cafeeiro Maurício C. Fernandes, Coordenador de Desenvolvimento de Mercado DuPont do Brasil e Carlos Gilmar Diniz, Assistente Técnico Unicampo O Altacor é um inseticida novo no mercado, lançado pela Empresa DuPont do Brasil, para uso no controle do bicho mineiro do cafeeiro. Ele tem como ativo chloroantraniliprole, 350 g/kg ou Rynaxypyr, pertencente ao grupo das diamidas antranílicas Os técnicos recomendantes e os cafeicultores conhecem muito bem a importância do bicho mineiro na lavoura cafeeira, onde se constitui na principal praga. Sabem, também, que, ultimamente, o controle químico do bicho mineiro está cada vez mais difícil, pois os produtos que vem sendo usados já não fazem o efeito que faziam antigamente. Fatores climáticos, como altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e chuvas irregulares, tem favorecido o desenvolvimento do bicho mineiro, que, assim, provoca significativa desfolha das plantas de café, afetando a produtividade. Alem da sua alta eficiência contra o bicho mineiro, conforme demonstrado em seguida, o produto Altacor atende aos critérios exigidos pelo mercado consumidor, dando segurança ao café produzido. Ele utiliza doses baixas, apresenta alta seletividade, causa baixo impacto ambiental e possui classe toxicológica adequada. 100 folhas em 4 pontos por tratamento nos 3º. e 4º. pares de folhas do ponta para a base dos ramos plagiotrópicos, quantificando larvas vivas e folhas com larvas vivas (%). Os resultados das amostragens de folhas nos campos de teste estão colocados na figura 1. Pode-se observar os dados referentes à porcentagem de folhas com larvas vivas, média dos 26 campos, nas 5 avaliações efetuadas, na amostragem inicial e aos 15, 30, 45 e 60 dias da aplicação. Ao lado dos dados obtidos com o Altacor estão aqueles obtidos com outros 4 tratamentos, onde foram usados diferentes inseticidas e, também, na testemunha. Campos de teste, em grande numero, mostram a boa eficiência Foi avaliada a eficiência de ALTACORTM no controle de bicho mineiro do cafeeiro (L. coffeella) em campos demonstrativos, dentro de lavouras comerciais, localizados nas regiões do Alto Paranaíba, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais. Os campos foram conduzidos nos municípios de Araxá, Ibiá, São Gotardo, Três Corações, Passos, Machado, Três Pontas, Cássia e Capelinha, totalizando 26 campos. O tamanho das parcelas foi de 1 ha, sendo que os tratamentos foram baseados no padrão do produtor comparados ao tratamento DuPontTM, que consistiu na o uso de Altacor, na dose de 90 g/há, em aplicações em pulverizações foliares, usandio 400 litros de calda por hectare. A avaliações foram realizadas coletando-se Figura 1 - Porcentagem de folhas com larvas vivas de L. coffeella em 26 campos demonstrativos conduzidos na Zona da Mata, Alto Paranaíba e Sul de Minas Gerais. Detalhe da mina do bicho mineiro, com as lagartas expostas, após a retirada da epiderme. 40 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS Visual de plantas de cafeeiro tratadas com ALTACOR® (esquerda) e plantas tratadas com produtos padrões dos produtores das regiões do Alto Paranaíba, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais. Como pode ser observado na Figura 1, as avaliações prévias estavam no momento adequado para a realização da aplicação de inseticidas (3 a 5% de infestação), sendo que o efeito de ALTACOR® ficou mais evidenciado após 10 a 15 dias da aplicação. Os outros tratamentos apresentaram redução da população de bicho mineiro em menor tempo, mas a reincidência foi rápida e ao redor de 15 a 30 dias da primeira aplicação houve a necessidade de repetir para manter a população dentro de nível de dano adequado. Os dados sobre numero médio de larvas vivas por folha tiveram comportamento semelhante aos dados de percentagem de folhas. Foi verificado que após à aplicação de ALTACOR®, não houve reinfestação de bicho mineiro, com redução drástica da população, ao nível zero de incidência, mantendo-se por mais de 60 dias sem necessidade de novas aplicações. Enquanto isso, os demais tratamentos apresentaram re-infestação atingindo nível de dano econômico e havendo a necessidade de realização de novas pulverizações. Concluiu-se que: - O produto ALTACOR® é eficiente no controle de bicho mineiro (L. coffeella) na dose de 90 g/ha; - A mortalidade final das larvas ocorre após 10 dias do tratamento, sendo que o efeito da intoxicação do chloroantraniliprole (RynaxypyrTM) é rápido e os insetos praga param a alimentação e não causam mais injúrias a planta do cafeeiro; - Foi observado a preservação da população de inimigos naturais devido à alta seletividade de ALTACOR®; - A sanidade das folhas das plantas de cafeeiro resultou em enfolhamento mais pronunciado e excelente emissão de folhas novas, diferenciando fortemente das demais plantas que receberam tratamentos com outros produtos; - A tecnologia disponível da molécula de chloroantraniliprole (RynaxypyrTM) é uma excelente opção para o controle de bicho mineiro do cafeeiro (L. coffeella) como também para os programas de manejo da resistência de insetos a inseticidas. Características desejáveis e recomendações As principais características, desejáveis, que o produto Altacor apresenta são as seguintes: pertence a um novo grupo químico, com modo de ação diferenciado, atuando na musculatura do inseto, inicialmente na mandíbula, fazendo com que a praga pare rápidamente sua alimentação, ficando atordoada até sua morte. Seu potencial inseticida é alto, por isso pode-se usa-lo em baixas doses. O período de controle é longo, mostrando alta eficiência, contra o bicho mineiro, e, também, contra outras lagartas que eventualmente estejam atacando o cafeeiro. O produto é muito resistente à lavagem pelas chuvas. Apresentase bastante seletivo, à cultura e a insetos benéficos. Não causa desequilíbrio para ácaros. O intervalo para entrada na cultura, após à aplicação é de apenas 21 dias. A formulação é diferenciada - WG (grânulos dispersíveis em água), apresentando alta compatibilidade. As recomendações de uso podem ser assim resumidas: Usar o Altacor (350 WG) na dose de 90 g/ha, em aplicações foliares, atingindo bem a folhagem. O emprego de óleos na calda, conforme o usual, pode ser feito, ativando ainda mais o produto. Deve-se usar 2 aplicações por ciclo, com intervalo de cerca de 45 dias. Estação de Avisos Fitossanitários: Boletins mensais com condições climáticas e acompanhamento do crescimento do cafeeiro e evolução das pragas e doenças no Sul de Minas. Laboratório de Solos e Folhas presta serviços de análise de macro e micronutrientes. Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere - CEP: 37026400 - Varginha, MG. Venda de Sementes de Café categoria S1 das principais cultivares. Consulte a disponibilidade. Serviço de Atendimento e Consultas por e-mail ([email protected]) ou por telefone (0xx35-3214-1411 ou 0xx21-2233-8593). Com 100 anos, é reconhecida como uma das melhores Instituições de Ensino do País, e seu reconhecimento se deve à inquestionável capacitação física e humana a serviço do ensino, pesquisa e extensão; considerada pelo Ministério da Educação como “Centro de Excelência”. Oferece os seguintes cursos de graduação: Agronomia, Administração, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Zootecnia, Medicina Veterinária, Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos, Química e Ciências Biológicas. Possui também 80 (oitenta) cursos de Pós-Graduação, entre LATO SENSU, STRICTO SENSU e Doutorado.