CAFÉ ARABICA, PARECE QUE QUANTO MAIS QUENTE MELHOR J.B. Matiello – Eng Agr Mapa e Fundação Procafé Os fatores climáticos que influenciam no processo de crescimento e produção do cafeeiro são, principalmente, a temperatura e as chuvas. As temperaturas consideradas, teoricamente, ótimas para o crescimento do cafeeiro são de cerca de 23ºC durante o dia e 17ºC à noite, sendo que a máxima fotossíntese ocorre a uma temperatura de 24ºC, havendo um decréscimo de 10% no processo, com o aumento de cada grau da temperatura acima. Assim, a 34ºC a fotossíntese é nula. Diante destes parâmetros, determinados em condições de estufa, resta a pergunta- Por que em áreas quentes se está produzindo muito café arábica. Parece que, como o cafezinho que tomamos, quanto mais quente melhor para produzi-lo. A resposta está no seguinte- As condições de temperatura aqui citadas, como níveis registrados no macro-ambiente, não se aplicam, na mesma intensidade, dentro do cafezal, pois ali se diferenciam de acordo com as condições topo e micro climáticas. Enquanto a temperatura pode estar maior no topo e na parte externa das plantas ela estará bem menor na saia e no interior das plantas. Os estudos de zoneamento dizem que regiões aptas às variedades arabica devem ter temperatura média de 19-22º C, sabendo-se que nas regiões com temperaturas médias anuais superiores a 22-23ºC é comum ocorrer problemas de abortamento das flores e formação de estrelinhas. No entanto, este problema não tem estado presente em sistemas de cultivo de alta tecnologia, com irrigação, conforme tem sido demonstrado em ensaios e em extensas plantações de café arabica atualmente cultivadas em regiões mais quentes, antes consideradas aptas apenas para o café robusta. Na condição de altas temperaturas, o ano todo, os cafeeiros arabica respondem rapidamente aos tratos, crescem continuadamente, resultando em altos níveis de produtividade. Veja-se o exemplo de produtividade em cafezais conduzidos em Pirapora, com temperatura média anual de 24,3º C, a 520 m de altitude, onde na média de 8 primeiras safras foi obtida uma produtividade de mais de 60 sacas por ha. Em função desses bons resultados de produtividade em zonas quentes é possível oncluir que o abortamento floral ocorre devido aos botões florais amadurecerem rapidamente e, deste modo, estariam aptos a abrirem em flores mais cedo. Então, com um diferencial hídrico adequado, que se promove através de stress seguido de retomada de irrigação mais cedo, não ocorrem problemas de pegamento da florada. Deste modo, conduzindo com irrigação e tratos adequados , pode-se, com segurança, cultivar variedades apropriadas de café arábica em climas mais quentes, observações estas que concordam com o que ocorreu no passado, em zonas baixas e quentes dos Estados do Espírito Santo e Rondônia. Na época, com solos de mata e períodos mais chuvosos, toda a produção nessas regiões era de cafés arabica. Somente o município de Colatina-ES, a 150m de altitude e com temperatura média de 23,6ºC, chegou a produzir 1,5 milhão de sacas de café arábica (na época Bourbon) nas décadas de 1950-60. Deve-se considerar que em regiões mais quentes a evapo-transpiração aumenta e também a exigência de água na irrigação é maior. É preciso aumentar a dose de adubo nitrogenado na adubação, ter cuidados com a escaldadura, com bicho-mineiro, com ácaros e com a cercosporiose e os ciclos de poda devem ser mais curtos, a intervalos menores, já que as plantas crescem mais e, também, produzem mais. O efeito de temperaturas altas sobre o cafeeiro foi aqui destacado, mesmo por que, com o fenômeno do aquecimento global, é previsto o aumento das temperaturas e os estudos de zoneamento estão prevendo o deslocamento da cafeicultura, especialmente a de café arábica, mais para o Sul do país e, até, para países vizinhos. Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400 35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br Formação de flores anormais, tipo estrelinhas, em ramo de cafeeiro catuai, em região quente, sem stress hídrico e alta produtividade em cafeeiros da cultivar Catucai amarelo 24-137, sob irrigação, em Pirapora-MG, em condições de ta média superior a 24º C. Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400 35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br