ENTREVISTA da sua vida e evitar consumo de substâncias com ação no cérebro, como álcool, drogas, cafeína em excesso, outros estimulantes. Na ingestão de qualquer medicamento deve consultar seu médico psiquiatra, para saber se não há interferência com a doença ou seu tratamento. A equipe multidisciplinar é fundamental, desde que todos os profissionais tenham conhecimento da doença bipolar. O tratamento deve ser gerenciado pelo médico psiquiatra que dará as diretrizes de como conduzir o caso clínico. Há cura para bipolaridade? Até o momento a ciência não desenvolveu a cura da doença bipolar, entretanto, como outras doenças crônicas há tratamentos que promovem o controle dos sintomas e a progressão da doença e permitem que o indivíduo tenha uma vida normal ou muito próxima disto. Quais são os casos mais graves identificados e há necessidade de internação? A internação psiquiátrica visa proteger o paciente. Quando a pessoa está acometida por uma depressão grave com risco de suicídio, não se alimenta, quando está fora do seu juízo e se submete a comportamentos de risco para sua integridade física, psicológica ou moral, é necessário protegê-la. Há várias situações onde a internação psiquiátrica voluntária ou involuntária salva vidas e de modo geral a permanência no hospital é de curta duração (dias ou semanas). Como conviver com pessoas bipolares? O importante é ter o conhecimento e o entendimento da doença e seu tratamento, com isto os familiares terão condições de modificar a forma de lidar com o paciente e, portanto, terem uma vida em família mais adequada. Por exemplo, não vale a pena entrar em discussões quando o paciente está irritado, nesta hora ninguém ganha a briga e todos perdem, porque a irritabilidade, a impaciência e o mau humor podem ser sintomas da doença e não necessariamente traduzem a forma habitual de pensar ou ser da pessoa. A psicoeducação ajuda muito nos relacionamentos interpessoais. 16 Prof. Dr. Ricardo Alberto Moreno CRM SP48154 Psiquiatra Especializações em Transtornos Afetivos (humor) Professor no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Médico Psiquiatra do Departamento e Instituto de Psiquiatria HC FMUSP. Diretor do Programa de Transtornos Afetivos (GURDA). Professor do Programa de pós-graduação da FMUSP. Diretor Presidente do Centro de Estudos Instituto de Psiquiatria (CEIP) – Federada da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Membro do Research Committee da International Society for Bipolar Disorders (ISBD). APM - Regional Piracicaba - Agosto 2014 Foto Arquivo Pessoal Qual a importância da família para o tratamento? A família é fundamental. O primeiro passo é o rastreamento de parentes afetados pela doença e não diagnosticados. A família deve ser educada sobre as características do transtorno bipolar e seu tratamento, pois ela tem que ser um aliado do médico e de sua equipe na recuperação do paciente. Geralmente um membro da família funciona como cuidador, e tem como função monitorar a adesão do paciente ao tratamento e ser parceira do médico para alertar quando sintomas sugestivos de recaída estejam presentes.