Uso de anticoncepcionais e o risco de trombose

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CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ
(CEFACE)
INFORME Nº 125
MAIO - 2015
EM FARMACOVIGILÂNCIA
Uso de anticoncepcionais e o risco de trombose
A contracepção é amplamente utilizada no
mundo inteiro e, dados da Organização das Nações
Unidas
mostram
que
o
uso
continuo
dos
anticoncepcionais está crescendo, sendo relatado como
método reversível mais utilizado pela população feminina
1,
2
brasileira.
Os anticoncepcionais consistem da
associação entre um estrógeno (em geral, etinilestradiol)
e um progestágeno; ou em apresentações de
1, 2
progestágeno isolado sem o componente estrogênico.
Eles têm o objetivo de bloquear a ovulação, ao inibir a
secreção
dos
hormônios
folículo-estimulante
e
luteinizante, além de promover o espessamento do muco
1
cervical dificultando a passagem dos espermatozóides.
Estudos
sobre
os
efeitos
adversos
dos
anticoncepcionais
Contrapondo-se ao elevado índice de uso, os
efeitos adversos associados ao uso de contraceptivos
orais, especificamente o aumento do risco de trombose
venosa e de doenças cardiovasculares, foram notificados
logo após a introdução deste método contraceptivo no
início de 1960. Isto está relacionado à existência de
receptores de estrógeno e progesterona em todas as
camadas constituintes dos vasos sanguíneos, o que torna
os efeitos dos hormônios sexuais femininos sobre o
sistema cardiovascular, um tema de grande interesse
1, 2, 3
científico.
Sendo assim, vários estudos epidemiológicos
têm demonstrado uma associação clara entre o uso de
contraceptivos orais combinados e o aumento de eventos
cardiovasculares, tais como acidente vascular cerebral,
infarto do miocárdio, trombose venosa profunda e
tromboembolismo venoso, especialmente entre as
mulheres que têm fatores de risco concomitantes, como
1, 3
tabagismo.
Alguns estudos observacionais do tipo coorte e
caso-controle, sendo um deles realizado por Kemmeren et
al. (2001), avaliaram o risco de tromboembolismo venoso
em mulheres que usaram contraceptivos orais antes de
4
outubro de 1995. Esses estudos têm relatado que
contraceptivos orais combinados de terceira geração
(gestodeno, desogestrel), os quais envolvem em sua
composição maior quantidade de progestágenos,
associavam-se a um risco aumentado (aproximadamente
duas vezes) de tromboembolismo venoso não fatal do que
os que continham progestágenos de segunda geração
1
(levonorgestrel).
No entanto, mesmo após os estudos de coorte e
caso-controle apontarem maior risco de tromboembolismo
em contraceptivos de terceira geração, ainda não existe
nenhuma evidência clara de que a utilização dos
contraceptivos de terceira geração confere benefícios
superiores aos dos outros contraceptivos orais na
prevenção da gravidez, no tratamento da acne, no alívio
da síndrome pré-menstrual, ou para evitar o aumento de
peso. Dessa forma, a prescrição de contraceptivos de
primeira ou segunda geração parece ser prudente por
3
apresentar menor risco.
Uma recente revisão sistemática e metanálise
teve como objetivo, fornecer uma visão abrangente do
risco de trombose venosa em mulheres que utilizam
contraceptivos orais combinados diferentes.
Foram
selecionados estudos incluindo mulheres saudáveis que
tomavam contraceptivos orais combinados com a
ocorrência de trombose venosa. O estudo mostra que o
uso de contraceptivos orais combinados aumentou o risco
de trombose venosa em comparação com as não
usuárias desses medicamentos (risco relativo de 3,5 e
intervalo de confiança de 95%; 2,9-4,3). Os dados de
risco relativo de trombose venosa pelo uso de
contraceptivos orais combinados com etinilestradiol 30-35
ug e gestodeno, desogestrel, acetato de ciproterona ou a
drospirenona foram semelhantes e cerca de 50-80%
maior do que para contraceptivos orais combinados com
levonorgestrel. O estudo concluiu que, todos os
contraceptivos orais combinados investigados nesta
análise, foram associados com um risco aumentado de
trombose venosa, sendo que a intensidade do efeito
dependia tanto do progestágeno utilizado como da dose
5
de etinilestradiol.
A partir dessas considerações o CEFACE
solicita que, qualquer reação adversa observada, seja
notificada, se possível, através da Ficha Amarela de
Notificação de Reações Adversas ou pelos telefones
3366-8276 ou 3366-8293. Se você ainda não tem ficha de
notificação, solicite-nos. Email: [email protected] As
notificações também poderão ser feitas através do
formulário de notificação de reações adversas e/ou
queixas técnicas, disponível no endereço eletrônico:
>>http://www.anvisa.gov.br/form/fármaco/index_prof. htm
Referências bibliográficas: 1. BRITO, M. B.; NOBRE, F.; VIEIRA, C. S. Contracepção hormonal e sistema cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol., São
Paulo, v. 96, n. 4, p. e81-e89, 2011.; 2. GIRIBELA, C. R. G. et al. Effect of a low-dose oral contraceptive on venous endothelial function in healthy
young women: preliminary results. Clinics, São Paulo, v. 62, n. 2, p. 151-158, 2007.; 3. PARKIN, L., SHARPLES, K., HERNANDEZ, R. K., JICK, S.
S. Risk of venous thromboembolism in users of oral contraceptives containing drospirenone or levonorgestrel: nested case-control study based on UK
General Practice Research Database. BMJ 2011. 4. KEMMEREN, JM; ALGRA, A; GROBBEE, DE. Third generation oral contraceptives and risk of
venous thrombosis: meta-analysis, BMJ, 2001. 5. BASTOS, M. et al. Combined oral contraceptives: venous thrombosis. NCBI, 2014.
Responsável pela elaboração: Rosana Deyse Ponte Portela (acadêmica de Farmácia), Natiele Queiroz Vieira (acadêmica de Farmácia) e Eudiana Vale
Francelino (farmacêutica do CEFACE). Responsável pela revisão: Profa Mirian Parente (Coordenadora do GPUIM).
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