UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

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Nível de estresse em alunos de Psicologia
Jesiane de Souza Marins Lopes- Mestre em Psicologia Social-Unviersidade Estácio de Sá
Gisele Péssin- Graduada em Psicologia; Universidade Estácio de Sá
Lucas Salim- Graduando em Psicologia- Universidade Estácio de Sá
Resumo: Foi realizada uma pesquisa em uma universidade privada, em um município do Rio de
Janeiro, com vinte alunos do terceiro período de Psicologia, com o objetivo de identificar se há
diferença no nível de estresse, destes mesmos, anterior a avaliação e no dia que esta ocorre. Para o
levantamento dos dados foi utilizado o inventário sobre o nível de estresse elaborado e validado pela
Lipp (1986). Os resultados não demonstraram diferença significativa, fazendo perceber que os alunos
não se sentem estressados quando submetidos a situação de avaliação.
Palavras-chave: estresse, avaliações, alunos de Psicologia.
Estresse é um termo de interesse a todos, principalmente a aqueles que se encontram inseridos
em um ambiente de pressão, sobrevivência e avaliação. Todas essas três últimas situações são
inevitáveis para quem se insere em um mercado de trabalho competitivo, quem exerce sua profissão de
alguma maneira ou quem se coloca diante da situação acadêmica, enquanto aluno. Não desmerecendo
outras situações estressantes, como ser mãe e dona de casa, mas apenas dando ênfase as queixas
principais e aos focos de maior número de pessoas estressadas.
De acordo com Corbin e Lindsey (1994), o estresse seria uma resposta não específica
(adaptação generalizada) do corpo a qualquer demanda, com o intuito de manter o equilíbrio
fisiológico. Todos os seres vivos estariam em estado de estresse constante, alguns mais outros menos.
Há uma série de agentes estressores, dentre eles os do ambiente, como calor, barulho, multidão etc., e
os emocionais, os mais freqüentes e importantes que afetam o ser humano, como mudanças no estilo
de vida, doenças, problemas no trabalho, mortes, aumento de responsabilidades etc.
Segundo Margis, Picon, Formel e Silveira (2003) a resposta ao estresse é resultado da interação
entre as características da pessoa e as demandas do meio, ou seja, as discrepâncias entre o meio
externo e interno e a percepção do indivíduo quanto a sua capacidade de resposta.
A resposta ao estresse só acontece, porque houve um estressor responsável por desencadear o
desequilíbrio do indivíduo frente a uma determinada situação, envolvendo na ausência do seu estado
homeostático os componentes cognitivo, fisiológico e comportamental. Esses três últimos são
responsáveis por buscar soluções para as situações estressantes, mas quando não encontradas as
respostas, esses componentes são altamente requisitados, causando o desequilíbrio, por não conseguir
o resultado esperado diante do estressor.
O organismo busca seu estado de equilíbrio, tentando reativar a calma e a solução para o
problema, quando este não é encontrado e persiste por muito tempo na mesma situação e com os
mesmos sintomas, o estresse acaba se tornando psicopatológico, como o transtorno de estresse póstraumático, reação aguda ao estresse, reação de ajustamento ao estresse e alteração de personalidade
após experiência catastrófica, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID – 10).
Para Margis et. al (2003), existem diversos ambientes causadores de estresse, tais como
acontecimentos vitais (life-events), acontecimentos diários menores e situações de tensão crônica.
Holmes e Rahe (1967) , responsáveis pelo termo life-events e utilizado mais facilmente como eventos
da vida estressores, que se subdividem em dependentes e independentes. Os dependentes apresentam a
participação do sujeito, ou seja, dependem da forma como o sujeito se coloca nas relações
interpessoais, como se relaciona com o meio, onde seu comportamento provoca situações
desfavoráveis para si mesmo. Os eventos de vida estressores independentes são aqueles que estão além
do controle do sujeito, independem de sua participação, sendo inevitáveis, como por exemplo, a morte
de um familiar ou a saída de um filho de casa como parte do ciclo vital de desenvolvimento.
Segundo Calais, Andrade e Lipp (2003) o processo de estresse passa por três fases: alerta,
resistência e exaustão. A fase de alerta se caracteriza por reações do sistema nervoso simpático,
quando o organismo percebe o estressor (o evento). A resistência apresenta-se quando esse estressor
permanece presente por períodos prolongados ou se é de grande dimensão. Na fase de exaustão, o
estresse ultrapassou a possibilidade do indivíduo conviver com ele e está associado a diversos
problemas como úlceras, gengivites, psoríase, hipertensão arterial, depressão, ansiedade, problemas
sexuais, dentre outros.
Para resumir, pode-se entender como estresse “uma reação intensa do organismo frente a
qualquer evento bom ou mau que altere a vida do indivíduo. Essa reação ocorre, em geral, frente à
necessidade readaptação exigida do indivíduo em momentos de mudança”. (Everly, 1989).
Diante das conceituações expostas acima e suas conseqüências, desperta-se o interesse em
investigar, em alunos de Psicologia, o nível de estresse anterior e no dia das avaliações. Presencia-se
no ambiente de sala de aula grande reclamações dos alunos em relações as provas que eles precisam
realizar após os conteúdos terem sidos ministrados.
Alguns alunos sentem-se inseguros para expor suas idéias no papel, reclamam da quantidade de
conteúdo para estudar, com medo de não conseguirem atender as necessidades das avaliações. Já que
esta última é a forma que eles têm para passarem de um período para o outro, isso os deixa mais
estressados ainda.
Será que as avaliações aumentam o nível de estresse dos alunos ou eles já se sentem
estressados quando inseridos em um ambiente acadêmico? É possível perceber que muitos alunos
mesmo quando não passam pelo processo de avaliação, têm comportamentos de estresse, por terem
que administrarem muitas disciplinas, cumprimento das atividades, dos trabalhos, trabalharem fora,
cuidar de filhos, sustentar a família etc.
Este artigo tem como objetivo observar e constatar de forma quantitativa o nível de estresse dos
alunos, do curso de Psicologia, mas precisamente, do terceiro período, com o intuito de fazer com que
os mesmos tenham um parâmetro mais próximo da realidade sobre as variações do estresse quando
submetidos a situações de avaliações.
MÉTODO:
Amostra
A população-alvo desse estudo compreendeu estudantes do terceiro período de Psicologia, de
uma faculdade particular do estado do Rio de Janeiro. A amostra foi composta por 20 sujeitos,
variando entre os sexos feminino e masculino.
Instrumento
Inventário sobre avaliação preliminar do nível de estresse: Esta escala é constituída por 14
itens fechados, validada e elaborada por Marilda Lipp (1986), sendo unifatorial sua avaliação.
A resposta do aluno a cada item é indicada através de cinco possibilidades: 1 = nunca; 2 =
raramente; 3 = às vezes; 4 = com freqüência e 5 = muito freqüentemente.
As respostas se dividem em fatores psicológicos ou fisiológicos, de acordo com a pontuação
apresentada em relação as respostas.
Contexto e Procedimento:
A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2007 no ambiente acadêmico, em um
município do Estado do Rio de Janeiro.
Análise dos Dados
Para análise dos dados utilizou-se limpeza do banco de dados, média, Testet, utilizando-se o
pacote Excel.
Resultados
De acordo com os resultados obtidos, a partir da análise dos dados, pôde-se perceber que o
nível de estresse não variou significativamente em relação à data anterior a avaliação e a data da
avaliação.
A média obtida anterior a avaliação foi de 22,15 e a do dia da avaliação foi de 21,20, obtendo
dessa forma o Testet no valor de 0,38, o que não é considerado com uma diferença significante.
Uma explicação para esse resultado pode ter sido em relação ao número restrito da amostra, o
que sugere que uma nova pesquisa seja realizada com a intenção de verificar se essa é a justificativa
para tal resultado ou se de fato o valor final é real.
Tabela 1: Média e Test em relação ao estresse dos alunos de Psicologia
N Média/anterior Média/dia Testet
20
22
21
0,38
Discussão dos resultados
A partir do inventário aplicado em 20 alunos, do terceiro período do curso de Psicologia, podese obter um resultado mais próximo da realidade referente a discrepância sobre o nível de estresse
anterior e no dia das avaliações.
Depois de coletado todos os dados, com os devidos resultados sobre o nível de estresse de cada
aluno que sofreu avaliação através do inventário elaborado por Lipp (1986), retirou-se a média e
constatou-se o resultado através do Testet.
Considera-se pela estatística que o resultado é significante quando o Teste T for  .05, onde
nesta pesquisa obteve-se o resultado sobre o mesmo igual 0,38, ou seja, não houve diferença
significativa referente a amostra pesquisada, sobre o nível de estresse antes e depois das avaliações,
não confirmando a hipótese de que alunos quando submetidos ao sistema de provas saem do estado
homeostático.
Em relação a comparação com outras pesquisas, que investigaram o meso grupo e com os
mesmos objetivos, não foi obtido nenhum resultado que vá ao encontro da pesquisa atual. Mas,
Tartari, Schultz, Holst e Argimon (2006) realizaram uma pesquisa com 150 estudantes, de dois cursos
do pré-vestibular, em uma cidade de Porto Alegre, com o objetivo verificar se os alunos que irão
prestar vestibular apresentam níveis de estresse significativos durante o período de preparação para o
concurso, podendo gerar manifestações orgânicas, ou seja, somatizações.
Apesar de se ter o entendimento que a situação de vestibular é mais estressante que a situação
de avaliação no ambiente acadêmico, por esses últimos já terem escolhido a profissão, já terem
passado no vestibular e por já terem mudado do ambiente da pressão psicológica para a escolha, mas o
vestibular não deixa de ser uma avaliação, que mede os conhecimentos dos alunos e os coloca em uma
situação de aprovação e reprovação.
A partir da análise dos dados obtidos, Tartari et. al. (2006), concluíram que os participantes
apresentam um estado de estresse considerável, representando 67,7% dos entrevistados. Contudo,
apenas 6,45% apresentaram sintomatologia física, ou seja, pode-se inferir que o concurso vestibular
não é desencadeador de manifestações orgânicas em adolescentes, apesar de ser uma situação geradora
de estresse. É interessante ressaltar que estudantes do sexo feminino apresentaram mais sintomas de
estresse do que as do sexo masculino, porém essa diferença não foi significativa. Em relação ao sexo
masculino 68% apresentaram sintomas de estresse, enquanto que 75% do sexo feminino apresentaram
esses sintomas.
De acordo com a pesquisa realizada no presente artigo, desperta-se o interesse em investigar o
estresse dos alunos de Psicologia, anterior e no dia da avaliação, em uma amostra mais representativa
e fazer um estudo comparativo entre os sexos feminino e masculino.
Referências
1- CALAIS, Sandra Leal, ANDRADE, Lívia Márcia Batista de e LIPP, Marilda Emmanuel Novaes.
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2003,
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no.2,
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Disponível
em
http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n2/a05v16n2.pdf. Acesso dia 07/08/2007.
2- CORBIN, C. B.; LINDSEY, R. Concepts of physical fitness with laboratories. Indianapolis: WCB
Brown & Benchmark, 1994.
3- EVERLY, G. S. (1989). A clinical guide to the treatment of the human stress response. New
York: Plenum Press.
4- HOLMES, T.H.; RAHE, R.K. The Social Readjustment Rating Scale. Journal of Psychosomatic
Research 4: 189-194,1967.
5- MARGIS, Regina, PICON, Patrícia, COSNER, Annelise Formel et al. Relação entre estressores,
estresse e ansiedade. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, abr. 2003, vol.25 supl.1, p.65-74. ISSN 0101-8108.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rprs/v25s1/a08v25s1.pdf. Acesso dia 17/08/2007.
6- NUNOMURA, M. ; TEIXEIRA, L. A. C. ; CARUSO, M. R. F. . Nível de estresse em adultos
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Disponível
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http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Cursos/Educacao_Fisica/REMEFE-3-32004/art10_edfis3n3.pdf. Acesso dia 15/06/2007.
7- OMS. Organização Mundial de Saúde. Classificação de transtornos mentais e de
comportamento da CID-10. Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes
Médicas; 1993.
8- TARTARI, SCHULTZ, HOLST e ARGIMON. Estresse e o vestibular: possível gerador de
manifestações orgânicas? Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC. 2006.
Disponível em http://www.sbpcnet.org.br/livro/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_2247.html. Acesso
dia 18/06/2007.
Anexo
Avaliação Preliminar do nível de Stress
CURSO DE PSICOLOGIA
(Este instrumento tem como finalidade uma avaliação preliminar do nível de estresse. Caso sua
pontuação seja elevada é importante conversar com um profissional de saúde. As questões foram
elaboradas pela Dra. Marilda Novaes Lipp, psicóloga, diretora da Clínica Psicológica de Controle do
Stress, de Campinas, que gentilmente autorizou sua reprodução e uso pela Universidade).
A lista abaixo tem 14 sintomas do stress. Leia cada item e anote à parte o número que melhor
corresponde ao que você sente. Depois confira o resultado de suas anotações.
1 = nunca
2 = raramente
3 = às vezes
4 = com freqüência
5 = muito freqüentemente
1. Meu coração bate rápido demais.
2. Tenho dificuldade de me concentrar porque não consigo controlar meus pensamentos.
3. Sinto um tremor no corpo, como se eu fosse uma corda vibrando.
4. Preocupo-me demais com coisas que, no fundo, não tem tanta importância assim.
5. Tenho diarréia.
6. Imagino cenas amedrontadoras.
7. Ando, nervosamente, de um lado para o outro.
8. Sinto-me paralisada, com dificuldade de tomar uma atitude.
9. Pensamentos sem importância passam pela minha cabeça e me aborrecem.
10. Transpiro muito.
11. Sinto que estou sempre perdendo porque não me decido a tempo.
12. Minha irritabilidade está aguçada.
13. Meu estômago fica tenso.
14. Não consigo eliminar da minha cabeça imagens que levam à ansiedade.
Some os pontos
Dos 14 sintomas do teste, sete se referem à mente e sete ao corpo. Coloque no espaço em branco o número
que você assinalou e, em seguida, some os pontos.
Corpo - Questões
1.
3.
5.
7.
8.
10.
13.
Mente - Questões:
2.
4.
6.
9.
11.
12.
14.
TOTAL:
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