Comunicado Técnico 00 ISSN 0103-4189 Dezembro,2005 Natal,RN ALTERNATIVAS PARA FORMAÇÃO DE POMARES DE CAJUEIRO NO RIO GRANDE DO NORTE João Batista Fernandes1 José Robson da Silva2 Jorge Ferreira Torres3 Com a globalização da economia e a crescente expansão da área cultivada com cajueiro em alguns estados brasileiros e em outros paises, a competição no agronegócio da amêndoa de castanha de caju no mercado internacional se tornará ainda mais acirrada. Aumento de produtividade e melhorias na qualidade da castanha, sem elevações consideráveis nos custos de produção são elementos determinantes e favorecedores da competitividade. Entre os fatores responsáveis pela baixa produtividade do cajueiro no Estado, destacam-se: plantio em solos inaptos para a cultura, espaçamentos, tratos culturais e fitossanitários inadequados, fatores climáticos, material genético utilizado, senilidade das plantas e, principalmente, o plantio por sementes que gera pomares desuniformes, heterogêneos, de baixa produção e com castanha de qualidade inferior ao padrão desejado. A geração ou adaptação de tecnologias que possibilitem ao produtor a recuperação ou formação de pomares de cajueiro de alta produção e qualidade de castanha, reveste-se de fundamental importância para o desenvolvimento da cajucultura norte-riograndense. O presente trabalho teve por objetivo avaliar diferentes formas de propagação vegetativa para implantação e recuperação de pomares de cajueiro, visando redução de custos, aumento de produtividade e melhorias na qualidade de amêndoas e pedúnculos. A pesquisa foi realizada no Município de Mossoró-RN, em Latossolo Vermelho Amarelo e clima BSh, no período de 1996/2002, onde foram testadas as seguintes alternativas para cultivo do cajueiro em sequeiro: 1) Plantio do cajueiro anão precoce com muda enxertada; 2) Substituição de copas em população de cajueiro comum com 9 anos de idade; 3) Plantio de sementes com posterior enxertia das plantas por borbulhia no campo. As populações das parcelas experimentais corresponderam a, respectivamente, 204 plantas por hectare nos sistemas com cajueiro anão precoce e 100 plantas por hectare nos de cajueiro comum. A adubação do ensaio foi realizada só em fundação de acordo com as recomendações do Laboratório de análise de fertilidade de solos, utilizando-se 980 gramas de superfosfato simples e 500 gramas de calcário dolomítico por cova. Suprimiu-se os elementos nitrogênio e potássio para se reduzir riscos no estabelecimento das plantas pelo provável surgimento de períodos com deficiência hídrica. As mudas, sementes e propágulos vegetativos usados no trabalho foram provenientes do clone de cajueiro anão precoce CCP 076, material genético do banco de germoplasma de caju da Embrapa- Agroindústria Tropical. 1 Eng°. Agr°., M. Sc., Embrapa/EMPARN Eng°. Agr°., M. Sc.,EMPARN Caixa Postal 188, CEP 59.062-500 3 Eng°. Agrº. B. Sc., EMPARN . 2 EMPARN 2 ALTERNATIVAS PARA FORMAÇÃO DE POMARES DE CAJUEIRO NO RIO GRANDE DO NORTE RESULTADOS Os dados referentes ao custo de implantação, estande e produtividade dos sistemas são apresentados no Quadro 1. A implantação de área com mudas enxertadas apresentou o custo mais elevado por hectare e por planta estabelecida no campo, US$ 476,66 e US$ 2,50, respectivamente. A recuperação de plantas com a tecnologia de substituição de copas, devido a baixa população por hectare, teve o menor custo, US$ 197,85, porém o valor da planta recuperada ficou próximo ao de implantação no sistema com plantio de semente e enxertia no primeiro ano no campo. Este valor será ainda mais elevado em pomares com plantas mais velhas, consequentemente de maior porte e volume de massa vegetal. A principal diferença de custos nos sistemas com implantação de pomares foi causada pela aquisição das mudas. Comparando-se a produtividade dos sistemas observou-se que até o sexto ano, elas fora maiores no pomar com mudas enxertadas em conseqüência da maior população de plantas por hectare. Na substituição de copas, mesmo com mais baixa produtividade, foram observadas as mais altas produções por planta devido a maior capacidade dos troncos para armazenar e fornecer nutrientes ás novas copas com demandas muito inferiores que ás das copas anteriores. O aumento de produtividade nesta área ainda poderá ser obtido fazendo-se adensamento visando elevar a população para 200 plantas por hectare. Em ambos os sistemas o retorno dos investimentos, calculado em função da produção acumulada, ocorreu no quarto ano. No plantio de semente seguido de enxertia no primeiro ano no campo, as produtividades e as produções por planta foram mais baixas até o quinto ano, sendo iguais ou superiores nos seguintes, porém retardou em um ano o retorno dos investimento. A defasagem de idade de pelo menos 90 dias, em relação á muda enxertada, possivelmente refletiu-se na produção até sua estabilização. Embora o índice de pega de enxertos neste sistema tenha sido bom, o número de plantas obtidas foi menor. Nos pomares originados de sementes o problema ocorre devido a desuniformidade em todas as características das plantas, tendo como conseqüência uma redução no número de plantas em condições adequadas para enxertia. Outros fatores também importantes estão relacionados ás condições de germinação das sementes e a irregularidade na quantidade e distribuição das chuvas durante este processo. O problema pode ser amenizado com o plantio de duas sementes por cova para enxertia da planta mais vigorosa. No entanto, a utilização de mudas de pé franco dever ser preferida por que além do ganho de tempo na implantação,em relação ao plantio de sementes, ainda permite descarte das plantas defeituosas antes do seu transplantio no campo. A enxertia no campo dispensa a compra de mudas, não atrasa o plantio e é feita em plantas vigorosas estabelecidas no campo, durante o período seco, minimizando o risco de perda. A implantação de pomares com mudas enxertadas ainda é limitada em razão de alguns fatores como custo, risco de perdas devido à instabilidade climática da zona semi-árida, necessidade de financiamentos, contratação prévia para aquisição de mudas e disponibilidade na época adequada. CONCLUSÕES A implantação de áreas de cajueiro utilizando mudas enxertadas apresentou custo mais elevado, porém antecipou em um ano o retorno dos investimentos. Admite-se que plantio de mudas de pé franco com posterior enxertia no campo, mesmo com retorno dos investimentos a partir do quinto ano, apresenta-se como uma importante alternativa para os pequenos produtores na formação de pomares de cajueiro. A tecnologia de substituição de copas em plantas relativamente novas e sadias, associada ao adensamento populacional, se constitui numa das alternativas mais promissoras para formação e recuperação de pomares de cajueiro no Rio Grande do Norte. 3 ALTERNATIVAS PARA FORMAÇÃO DE POMARES DE CAJUEIRO NO RIO GRANDE DO NORTE Quadro 1 – Sistemas alternativos para formação de pomares de cajueiro: custo de implantação, estande e produtividade. Mossoró-RN, 2003. Sistemas Muda enxertada Subst. de copa Plantio de sementes Custo de Populações implantação estabelecidas US$/ha Planta (%) ha 474,66 197,85 331,75 190 95 153 93 95 75 Produtividade –kg/ha 1997 1998 1999 2000 2001 2002 48 24 11 145 95 76 499 263 299 749 585 414 801 500 765 935 522 1.173