Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Monografia em Economia Felipe de Souza Mazzoli Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do PIB São Paulo 2015 Felipe de Souza Mazzoli Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do PIB Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientadora: Prof.ª Juliana Inhasz– Insper São Paulo 2015 Mazzoli, Felipe de Souza Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do PIB./ Felipe de Souza Mazzoli: orientadora Juliana Inhasz. – São Paulo: Insper, 2015 38f. Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. 1.Inflação 2.Produto 3.Regime de metas de inflação FOLHA DE APROVAÇÃO Felipe de Souza Mazzoli Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do PIB Monografia apresentada à Faculdade de Economia do Insper, como parte dos requisitos para conclusão do curso de graduação em Economia. Aprovada em Junho 2015. Banca examinadora Profª. Juliana Inhasz Instituição: Insper Assinatura: ____________________ Prof. Fernando Ribeiro Instituição: Insper Assinatura: ____________________ Prof. Antonio Bruno de Carvalho Morales Instituição: Insper Assinatura: ____________________ Dedicatória Dedico essa monografia a Carlos, Valéria e Thayne, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando nas horas difíceis, e comemorando comigo nas horas felizes. Sem vocês eu nunca teria chegado aonde cheguei. Agradecimentos Agradeço a minha professora orientadora, Juliana Inhasz, por todo suporte que me deu ao longo dessa monografia e também pela dedicação que teve comigo no desenvolvimento desse projeto. Resumo MAZZOLI, Felipe de Souza. Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do PIB. São Paulo, 2015. Este trabalho tem como objetivo analisar se vale a pena seguir um regime de metas de inflação e qual o impacto de divergir dessa meta no produto. Para tanto será realizada uma análise entre dois países, Brasil e Austrália. Além disso, analisarei o impacto da inflação no crescimento econômico. Para tanto, analisarei o caso Brasil x Argentina de forma a reforçar a necessidade de controle da inflação. Palavras-chave: Inflação, Brasil, Argentina, Produto, Regime de metas de inflação. Abstract MAZZOLI, Felipe de Souza. Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do PIB. São Paulo, 2015. This article aims to analyze whether it is worth following a regime of inflation targeting, and how the impact of this goal differ in the product, for such, an analysis will be carried between two countries Brazil and Australia. I will also analyze the impact of inflation on economic growth. To do that I will analyze both Brazil x Argentina cases in order to reinforce the need to control inflation. Keywords: Inflation, Brazil, Argentina, Product, Inflation targeting regime. Lista de Figuras Figura 1 –Gráfico Inflação/Produto ........................................................................ 19 Figura 2 –Gráfico Inflação/Produto pós-choque .................................................. 20 Figura 3: Gráfico de Inflação para a Austrália ...................................................... 21 Figura 4: Gráfico de Inflação para o Brasil ........................................................... 23 Figura 5: Gráfico de Inflação para a Argentina ..................................................... 24 Lista de Tabelas Tabela 1 –Histórico de Metas de inflação no Brasil ............................................... 8 Tabela 2 –Previsão de crescimento do PIB........................................................... 12 Tabela 3: Dados de PIB e Inflação para Austrália ................................................ 22 Tabela 4: Dados de PIB e Inflação para o Brasil................................................... 23 Tabela 5: Dados de PIB e Inflação para a Argentina ............................................ 24 Tabela 6: Estimação para a Austrália de 1980 até 1993 ....................................... 25 Tabela 7: Estimação para a Austrália de 1993 até 2014 ....................................... 25 Tabela 8: Estimações para o Brasil de 1980 até 1998 .......................................... 26 Tabela 9: Estimações para o Brasil de 1999 até 2014 .......................................... 26 Tabela 10: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1981 até 1994 . 27 Tabela 11: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1995 até 1999 . 28 Tabela 12: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 2000 até 2004 . 28 Tabela 13: Estimação para a Argentina de 1980 até 2013.................................... 29 Sumário 1 Introdução ............................................................................................................... 6 1.1 O Problema da Inflação .................................................................................. 10 2 Revisão da Literatura ........................................................................................... 13 2.1 O trade-off entre inflação e crescimento da do PIB......................................... 13 2.2 O debate sobre a política de metas de inflação .............................................. 14 2.3 A necessidade do controle inflacionário .......................................................... 16 3 Metodologia .......................................................................................................... 17 4 Dados .................................................................................................................... 21 4.1 Austrália .......................................................................................................... 21 4.2 Brasil ............................................................................................................... 22 4.3 Argentina ......................................................................................................... 23 5 Resultados comparando Brasil e Austrália ....................................................... 25 5.1 Austrália – Periodicidade Anual ...................................................................... 25 5.2 Brasil – Periodicidade Anual ........................................................................... 26 5.2.1 Brasil – Periodicidade Trimestral .................................................................. 27 6 Resultados comparando Brasil e Argentina ...................................................... 29 6.1 Argentina – Periodicidade Anual ..................................................................... 29 7 Conclusões ........................................................................................................... 30 8 Referências ........................................................................................................... 33 6 1. Introdução Este trabalho visa analisar se vale a pena seguir um regime de metas de inflação e qual o impacto de divergir dessa meta no produto. Para tanto, será realizada uma análise entre dois países, Brasil e Austrália. Além disso, entrarei em um dos debates mais antigos no mundo acadêmico que é o impacto da inflação no crescimento econômico. Para tanto, analisarei o caso Brasil x Argentina de forma a reforçar a necessidade de controle da inflação. Desta forma, será possível assegurar ou refutar os resultados apurados. Para ambos os casos será estimado, através do método de Mínimos Quadrados Ordinários, um sistema de equações reconhecidas no mundo econômico composto por: (i) a Regra de Taylor (criada por John B. Taylor), que é uma regra macroeconômica que relaciona a taxa de juros com a inflação e o produto; (ii) a Curva IS (formalizada por John Richard Hicks), que relaciona o produto com a taxa de juros e, ceteris paribus, representa a condição de equilíbrio do mercado de bens; e (iii) a Curva de Phillips (criada por Willian Phillips) que estabelece um trade-off entre inflação e desemprego. A diferença estará na variável META, que terá valores atribuídos dependendo da meta de inflação e da existência ou não da mesma no período estudado. Para interpretar os resultados obtidos irei me fundamentar nas teorias de expectativas racionais de Robert Lucas Jr. e nas relações de curto e longo prazo de Nicholas Gregory Mankiw. Iniciando pelo contexto histórico brasileiro, pode-se constatar que o país sofreu por várias décadas com a inflação, tendo no passado convivido com uma inflação crônica que culminou no advento da hiperinflação. Diversos planos, como os Planos Cruzado 1 e 2, o Plano Verão, a Política do Feijão com Arroz e o Plano Collor, tentaram conter a inflação; porém, foi apenas através do Plano Real que foi possível alcançar a estabilização de preços. Apesar de a inflação ter sido ''domada'' para padrões considerados mais aceitáveis após a implementação do Plano Real, a memória inflacionária ainda parece persistir na economia, e a inflação permanece em grande pauta na mídia. O tema também aparece na discussão ainda inconclusa, no Brasil, sobre um Banco Central formalmente 7 independente; argumenta-se que quanto maior a independência, maior seriam a eficiência e eficácia em cumprir sua missão: “(...) assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda em um sistema financeiro sólido e eficiente” (Banco Central do Brasil, 2014), uma vez que o Banco Central não estaria sujeito a pressões políticas, podendo, assim, se focar em sua missão primária. O Comitê de Política Monetária (Copom)1 foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. Em 21 de junho de 1999, foi adotado o sistema de metas de inflação como foco da política monetária. A partir dessa data, as decisões do Copom passaram a ter como principal objetivo o cumprimento das metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional (Banco Central do Brasil, 2014), substituindo, assim, a âncora cambial que fora um dos elementos centrais (além do ajuste fiscal e a reforma monetária) do Plano Real de julho de 1994. Naquele contexto de intensificação da abertura comercial, a taxa de câmbio sobrevalorizada tornava os preços dos produtos importados mais competitivos, servindo, assim, para impedir a elevação da inflação. Dessa forma, o regime cambial que definiu um limite superior para a taxa de câmbio, mas não um inferior, contribuiu significativamente na redução da inflação média de 2075% em 1994 para 66% em 1995 e 9,5% em 1996 (Fonseca, 2013). Desde a sua adoção, o regime de metas de inflação conseguiu evitar o retorno a um ambiente de hiperinflação, ainda que sua aplicação e seus resultados na economia não tenham sido homogêneos ao longo de todo o período. Recentemente, o governo foi duramente criticado pela oposição por deixar a inflação muito próxima do teto da meta, conforme vemos na tabela 1. 1 O Copom é composto pelo Presidente do Banco Central e pelos Diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação e Relacionamento Institucional e Cidadania. 8 Tabela 1: Histórico de Metas de Inflação no Brasil. Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Meta(%) Banda(p.p.) Limite Inferior (%) Limite Superior (%) Inflação Efetiva (IPCA % a.a.) 8 2 6 10 8,94 6 2 4 8 5,97 4 2 2 6 7,67 3,5 2 1,5 5,5 12,53 4 2,5 1,5 6,5 9,3 5,5 2,5 3 8 7,6 4,5 2,5 2 7 5,59 4,5 2 2,5 6,5 3,14 4,5 2 2,5 6,5 4,46 4,5 2 2,5 6,5 5,9 4,5 2 2,5 6,5 4,31 4,5 2 2,5 6,5 5,91 4,5 2 2,5 6,5 6,5 4,5 2 2,5 6,5 5,84 4,5 2 2,5 6,5 5,91 4,5 2 2,5 6,5 6,41 Fonte: Banco Central do Brasil. Já a Argentina, um dos países escolhidos como comparativo ao caso brasileiro, também sofre com um vasto histórico de hiperinflação (entre 1961 e 2011, a taxa média de inflação foi de 192% ao ano) e, assim como o Brasil, realizou diversos planos econômicos para tentar conter o avanço de preços. Em 1967, a Argentina adotou políticas focadas na indexação dos salários e na redução do desequilíbrio fiscal; porém, não obteve sucesso em conter a inflação que era de 8% em 1969 e chegou a 473% em 1976, enquanto o PIB elevou-se 1,8% ao ano nesse período (1969-1976). Em 1976, com o objetivo de reorganização nacional, ocorreu um golpe militar2. Nesse período, o governo adotou práticas como a âncora cambial, o equilíbrio fiscal e a abertura comercial. Mais uma vez, a política não obteve sucesso, uma vez que o país não conseguiu um efetivo controle do déficit e atingiu uma inflação de 350% em 1983. 2 O golpe militar ocorrido em 24 de março de 1976, na Argentina, na realidade, é o resultado de um processo mais longo de controle e repressão contra a esquerda peronista e a esquerda tradicional. Desde 1955, com a queda do governo do general Juan Domingos Perón, vinha ocorrendo um amplo e crescente processo de institucionalização do poder militar como ator político (SAIN, 2000, p. 21-22). 9 Com o regime democrático restituído em 1983, a Argentina ainda continuou a sofrer com a inflação que, com a crise da dívida, chegou a 672% em 1985, quando foi lançado o plano Austral, que novamente utilizou o mecanismo de congelamento de preços e fracassou, chegando a uma inflação anual de 3079% em 1989. Na década de 1990, com o Plano Cavallo que dolarizou a economia por quase 10 anos, o país obteve um sucesso inicial, mas que não foi suficiente para manter a estabilidade no longo prazo. Até hoje a inflação atormenta os argentinos e, numa tentativa inócua de mascarar3 a realidade, o governo divulga dados incorretos sobre a inflação real através do INDEC (Instituto Nacional de Estadística y Censos) o que gerou desconforto dentro e fora do país. A taxa estimada de inflação no país em 2014 está em cerca de 30% ao ano. A variação do PIB em 2014 foi de -1,7% segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o Banco Central argentino sofre com a falta de independência e é totalmente submetido às pressões políticas do governo. Por outro lado, a Austrália não sofreu com a hiperinflação que assolou diversos países latino-americanos na década de 1980. O país decidiu ingressar no sistema de metas de inflação em meados de 1993, quando o presidente do Banco Central anunciou que o destino mais apropriado para o país seria alcançar uma inflação de 2% a 3% em média, de forma a não distorcer as decisões dos agentes econômicos e servir de âncora para as incertezas do mercado. No período de 1980 até 1992, a inflação anual australiana era em média de 7,2%, com desvio padrão de 2,4%. Já logo após a adoção do regime de metas, a média anual de 1993 até 1997 foi de 2,2%, com desvio padrão de 0,6%. Quanto ao produto, também podemos observar uma melhora dado que, de 1980 até 1992, o crescimento anual real do PIB australiano foi em média de 2,8%, com desvio padrão de 2,8%; já de 1993 até 1997 o crescimento real do PIB foi de 3,9%, com desvio de 1,1% (Reserve Bank of Australia Bulletin, Maio 1999). 3 Reportagens como “Don´t lie to me, Argentina” na revista The Economist evidenciaram a distorção dos dados informados na Argentina, acarretando na remoção do indicador argentino de suas páginas por falta de credibilidade. 10 Segundo dados do FMI referentes ao ano de 2014, a Austrália é a décima segunda economia do mundo com um produto de USD 1,482 trilhão; a Argentina é a vigésima nona com PIB de USD 536 bilhões; e o Brasil é a sétima economia, com PIB em USD 2,244 trilhões. A Austrália possui um setor industrial extenso voltado para o setor primário e, assim como Brasil e Argentina, também é uma grande exportadora de alimentos (além de outros produtos como minerais e diamantes). O país é membro da APEC 4 (Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), diferente de Brasil e Argentina, que fazem parte de outro bloco econômico, o MERCOSUL 5 (Mercado Comum do Sul). Ambos os blocos têm como objetivo facilitar o livre comércio entre seus membros. Assim, o debate em torno do impacto da inflação sobre o produto e a aplicação dos mecanismos de controle continua em aberto no Brasil, mas as experiências de Austrália e Argentina podem contribuir para elucidar pontos importantes sobre esse tema. 1.1 O problema da Inflação De forma geral, a inflação pode ter várias causas, tais como: monetária, através da injeção de liquidez pelo governo; fiscal, por conta de sucessivos e elevados déficits nas contas públicas e dos desajustes entre demanda e oferta por bens e serviços; ou inercial, na qual a expectativa de inflação futura pelos agentes econômicos alimenta a inflação corrente, o que é bem comum em países com histórico de hiperinflação, tais como Brasil e Argentina. Caso a inflação não seja controlada, o aumento do nível de preços pode representar uma perda real da capacidade de consumo para a população, sobretudo para as camadas com renda mais baixa, que não têm acesso a instrumentos financeiros de proteção para a corrosão do valor da moeda. Para combater esse problema, desde a década de 1990, diversos países passaram a utilizar a política de metas de 4 O tratado completo da APEC pode ser encontrado em http://www.apec.org/. 5 O tratado completo do MERCOSUL pode ser encontrado em http://www.mercosul.gov.br/. 11 inflação, na qual o governo faz um anúncio prévio de um valor a ser seguido como meta, bem como de um limite superior para a inflação em um dado período, e se diz comprometido a perseguir tal objetivo, reduzindo, dessa forma, a incerteza 6 dos agentes econômicos e possibilitando que o mercado flua de maneira mais eficiente, beneficiando de forma geral os níveis de emprego e produção. O período do pós-guerra colocou em xeque a importância do controle inflacionário para o crescimento do produto, na medida em que diversos países conviveram com períodos de inflação alta – acima de dois dígitos – e taxas de crescimento também altas. O fenômeno foi teoricamente explicitado na década de 1960 pelo que se convencionou chamar de curva de Phillips, um estudo empírico que evidenciava o trade-off entre inflação e desemprego, implicando a existência de uma relação positiva entre crescimento e inflação. Esse fato gerou intensos debates nas décadas que se seguiram, e alguns autores tentaram criar explicações para a aparente contradição. Segundo Mankiw e Romer (1991), o curto prazo é neo-Keynesiano, enquanto o longo prazo é inteiramente clássico, ou seja, variáveis nominais no curto prazo como, por exemplo, a oferta de moeda podem causar flutuações em variáveis reais. Logo, é possível que a inflação eleve o PIB no curto prazo. Essa relação positiva entre inflação e crescimento é encontrada em Sarel (1996) e em Ghosh e Phillips (1998). Oreiro e Padilha (2006) já defendem que uma inflação alta imputa prejuízos elevados ao crescimento, seja por criar custos financeiros elevados e variabilidade excessiva dos preços relativos, seja por constituir-se de um processo instável para o cenário macroeconômico. Por outro lado, também ressalvam que a inflação baixa ajuda no crescimento, por ser um mecanismo de acomodação dos desequilíbrios reais da economia, como os choques de oferta, a negociação de contratos de trabalho, etc. 6 A incerteza dos agentes é reduzida desde que o governo seja crível, ou seja, desde que as pessoas acreditem que ele realmente vai fazer isso. 12 Portanto, achar um patamar adequado para a inflação é de grande importância para o crescimento do país. Para isso, existem várias ferramentas que podem ser utilizadas no controle da inflação. A mais tradicional é a utilização da taxa de juros; porém, existem outros mecanismos, tais como controle de taxa de câmbio e choques de oferta, realizados com a expansão da capacidade produtiva (criando-se condições favoráveis para aumento da produtividade) o que, por sua vez, culminarão na redução do preço dos bens e serviços. Segundo Eichengreen (2002), a adoção do regime de metas de inflação envolve quatro elementos: comprometimento institucional da autoridade monetária com o controle da inflação, instrumentos que possam realizar essa perseguição à meta, transparência do governo em relação ao anúncio da meta, e, por fim, uma comunicação com o público e os agentes econômicos da racionalidade das medidas tomadas pelo Banco Central. O Brasil está em um cenário no qual a manutenção do regime de metas não tem sido suficiente para viabilizar um cenário de inflação totalmente sob controle e de crescimento econômico sustentável. O Banco Central teve que elevar a taxa básica de juros gradativamente de 7,25%a.a. em janeiro de 2013, chegando a 13,75%a.a. em junho de 2015, o que tem afetado o crescimento econômico, visto que o crescimento do PIB em 2014 foi de apenas 0,1%, segundo o FMI. Segundo o FMI, o Brasil tem uma previsão de taxa de crescimento de 0,3% para 2015 e 1,4% para 2016, abaixo da previsão do Mundo que é de 3,5% para 2015, 3,7% para 2016 e, em comparação com outros países em desenvolvimento como China e Índia, a diferença é ainda maior já que a previsão para esses países é, respectivamente, 6,8%, 6,3% e 6,3%,6,5%, como demonstrado na Tabela 2. Tabela 2: Previsão de crescimento do PIB. País África do Sul 2015 2,10% 2016 2,50% Região América Latina 2015 2016 1,30% 2,30% Argentina -1,70% - Econ.Avançadas 2,40% 2,40% Austrália 2,80% 3,00% Emergentes 4,30% 4,70% Brasil 0,30% 1,50% Global 3,50% 3,70% China 6,80% 6,30% EUA 3,60% 3,30% Índia 6,30% 6,50% Fonte: Fundo Monetário Internacional 13 2. Revisão da Literatura A discussão do tema de regime de metas de inflação é mais recente no mundo acadêmico do que a discussão sobre o trade-off entre inflação e PIB. Podemos notar que a literatura sobre metas de inflação é predominantemente do século XXI. Já o debate do trade-off surge fortemente nas décadas de 1960 e 1970 com Friedman e Phelps e é comentado até os dias atuais. 2.1. O trade-off entre inflação e crescimento Phelps (1968) analisa o impacto que a inflação gera no desemprego e afirma que uma inflação moderada e estável (“steady rate of inflation”) pode ser benéfica para as firmas. Sem a inflação, firmas que precisariam cortar custos via redução de salários se vêm obrigadas ou a aceitar reduzir seus lucros ou a demitir funcionários, em vez de reduzir o salário de seus funcionários, porque alguns empregados prefeririam sair da empresa a sofrer a humilhação de uma redução salarial. Em suas palavras, “because some employees would rather quit than suffer the indignity of a Money-wage cut” (PHELPS, 1968, p. 704). Dessa forma, a inflação, ao diminuir o salário real dos empregados, pode ajudar a conter um aumento no desemprego, o que geraria uma queda no produto. Friedman (1969) discute os papéis da política monetária. Segundo o autor, há um amplo consenso sobre os principais objetivos da política econômica: níveis elevados de emprego, preços estáveis e crescimento rápido; porém, não há o mesmo consenso de que essas metas sejam compatíveis entre si. Para o autor, as autoridades monetárias, ao estabelecer um curso constante (“steady course”) de oferta de moeda e se manter fiel a ele, estariam fazendo uma contribuição fundamental para promover estabilidade econômica. Ao estabelecer e perseguir tal curso, as autoridades estariam evitando tanto um excesso de inflação como de deflação dos preços. Outras forças ainda afetariam a economia e requisitariam ajustes; contudo, ao manter um crescimento estável de oferta de moeda (“steady monetary growth”) proveriam um clima favorável e eficiente para as forças básicas de empreendedorismo, engenhosidade, inovação, trabalho duro, que são as genuínas causas do crescimento econômico, segundo o autor. 14 Já no caso de metas de inflação, os diversos artigos citados abaixo são muito mais recentes. A importância de uma política monetária transparente, como advogada por Friedman, evoluiu mais recentemente para a adoção de políticas de metas de inflação. 2.2. O debate sobre a política de metas de inflação A meta de inflação é uma política que visa controlar o nível de preços de forma a possibilitar um melhor desenvolvimento do país. Um teto mais elevado das metas de inflação pode ser extremamente útil em uma crise financeira, conforme afirma o diretor de pesquisa do FMI, Olivier Blanchard. Por exemplo, nos países mais industrializados, os Bancos Centrais tentam manter a inflação abaixo de 2% ao ano. Uma menor inflação significa menores taxas de juros; logo, quando uma crise atinge o país como, por exemplo, a crise de 2008, os Bancos Centrais ficam com poucas possibilidades de cortar as taxas antes que atinjam 0%. Quando a taxa atinge 0%, o país depende apenas da política fiscal para estimular a economia, o que pode gerar um grande problema de déficit nas contas do governo. Blanchard (2010) afirma que manter a taxa de juros nominal em valor nulo é muito custoso à economia, de forma que, se os Bancos Centrais tivessem estipulado metas mais altas, eles também teriam possibilidade de estabelecer juros um pouco mais elevados, permitindo mais espaço para manobras monetárias que mantivessem a economia funcionando de forma mais satisfatória. Blanchard também defende uma meta de 4% ao ano: “Between 2% and 4%, there isn't much cost from inflation”. (BLANCHARD, 2010) O argumento de Blanchard (2010), no entanto, vai contra décadas de política monetária, e devemos pensar se, nesse caso, a cura não causa piores efeitos comparados à doença, conforme argumenta Douglas Porter (CASTALDO, 2010), economista chefe no BMO Capital Markets, já que pode afetar as expectativas do mercado, fazendo com que a situação da economia fique fora de controle. Craig Wright (CASTALDO, 2010), economista chefe do RBC Financial Group, diz: “The risk is, if 4% is better than two, then maybe six is better than four. Where do you stop?”. (CASTALDO, 2010) Wright ainda argumenta que a política deve ser baseada nos eventos mais prováveis e não nos casos esporádicos, tais como a crise de 2008. 15 Farhi (2007) diz que um regime de metas muito rígido tende a trazer uma maior volatilidade nas taxas de juros e no produto do país, o que gera custos sociais, uma vez que gera incerteza nas expectativas dos investidores, dificultando o acesso a crédito. Fonseca, Peres e Araújo (2013) realizam uma análise comparativa entre regimes de metas de inflação do Brasil, África do Sul, Chile, Colômbia, Coréia do Sul e México, através de um modelo autorregressivo com vetores de correção de erros (VEC). Como quase todas as séries são identificadas de ordem um, além dos usuais testes de raiz unitária para verificar as ordens de integração das variáveis para cada país, são realizados os testes de cointegração. Também é feita a seleção das defasagens, a causalidade de Granger e as funções de Impulso-Resposta de cada país. Os autores fazem uma análise da eficácia do regime de metas nessas economias, dividindo os países em dois grupos: países com regimes de metas de inflação mais flexíveis (África do Sul, Chile, Coréia do Sul e Colômbia), e países com regimes mais rígidos (Brasil e México). Segundo os autores, o regime brasileiro de metas é menos efetivo que em outros países emergentes, uma vez que o regime brasileiro, implantado em 1999, é bastante rígido e deveria ser flexibilizado, ou seja, deixar de ser um regime de preços cheio para um mais flexível com a exclusão de itens, como alimentos e energia, do regime (como a Coréia fez). Além disso, os autores apontam a Coréia do Sul como um bom exemplo de país que flexibilizou seu regime de metas de inflação e obteve melhorias no crescimento do produto, que foi de 10,7% em 1998, com uma inflação de 1%. Também apontam que os horizontes de convergência das metas estipuladas dos outros países são mais coerentes que aqueles previstos para o Brasil (dois anos ou mais) e, dessa forma, as políticas monetárias que sofrem com uma defasagem temporal têm mais tempo para surtir efeito sobre os agentes econômicos. Já Modinesi (2011) aponta que a inflação no Brasil tem baixa sensibilidade às mudanças na taxa de juros (prática muito utilizada pelo governo brasileiro) e, dessa forma, a inflação brasileira seria mais influenciada por outras variáveis, como o câmbio por exemplo. Segundo o autor, a flexibilização do regime atual de metas de inflação brasileiro claramente não acabaria com todos os problemas de crescimento do país. 16 2.3. A necessidade do controle inflacionário É sabido que existem outras variáveis exógenas que impactam na relação entre a meta de inflação e o crescimento econômico, tais como o ritmo de crescimento internacional (sobretudo o crescimento da China, que é o maior consumidor de commodities e é fundamental na pauta de exportação tanto do Brasil quanto da Argentina e Austrália). Assim, em meio a todo o debate levantado nos itens anteriores, vale ressaltar a importância do controle inflacionário em si e as especificidades do regime de metas de inflação. Para analisar a pertinência e o impacto da utilização do regime de metas inflacionárias, é também relevante utilizar a teoria de expectativas racionais de Robert Lucas Junior. Fischer (1996) defende que a teoria de Lucas revolucionou a macroeconomia na década de 1970 e, mais significantemente, estabeleceu uma abordagem analítica alternativa que se tornou a corrente principal na macroeconomia. Sua teoria baseia-se na hipótese de que os agentes econômicos usam toda a informação disponível, assim como previsões, para antecipar, de forma racional, as atitudes e políticas futuras do governo. Dessa forma, elas são capazes de reagir no presente de acordo com as expectativas criadas, o que pode anular, em algum grau, a efetividade dessas políticas, em particular aquelas voltadas ao estímulo do produto por meio de mecanismos monetários. 17 3. Metodologia Para analisar se vale a pena seguir um regime de metas de inflação, e qual o impacto de divergir dessa meta no produto, será estimado entre Brasil e Austrália um sistema de equações amplamente conhecidas no mundo econômico e muito utilizadas no mundo acadêmico. Esse mesmo sistema será usado entre Brasil e Argentina para analisar o impacto da inflação no crescimento econômico; a diferença entre os dois casos estará na variável META que assumirá valores diferentes de acordo com a situação. Um exemplo de aplicação empírica dessas equações encontra-se em Laurrabaquio (2013), que buscou estudar o efeito dos preços sobre o produto para três setores da economia mexicana. O sistema de equações é composto pela regra de Taylor, Curva IS e pela Curva de Phillips. A regra de Taylor (criada por John B. Taylor), é uma regra macroeconômica que relaciona a taxa de juros com a inflação e o produto e visa determinar de maneira exógena a taxa de juros. A Curva IS (formalizada por John Richard Hicks) relaciona o produto com a taxa de juros e, ceteris paribus, representa a condição de equilíbrio do mercado de bens que, representada graficamente, apresenta inclinação decrescente. A Curva de Phillips (criada por Willian Phillips) estabelece um trade-off entre inflação e desemprego visando analisar a relação entre ambos no curto prazo. Essas serão as equações a ser estimadas. Através delas, utiliza-se o método de mínimos quadrados ordinários (MQO) para estimar a equação que deriva do conjunto de equações mencionadas. Tal equação mostra uma relação do produto com a inflação e a meta de inflação, como será apresentado abaixo, e que quando estimada para os períodos pré e durante o regime de metas de inflação nos ajudará a conhecer o efeito da inflação na produção antes e durante o período de metas. Os dados serão extraídos das bases do Fundo Monetário Internacional. As equações estimadas serão uma Regra de Taylor (equação 1), uma Curva IS (equação 2) e uma Curva de Phillips (equação 3), como ilustrado a seguir: 18 (1) 𝑅 = 𝑟 ∗ + 𝛼(𝜋 − 𝜋 ∗ ) + 𝛽(𝑌 − 𝑌 ∗ ) (2) Ỹ = 𝑦 − 𝛿(𝑅 − 𝑟) (3) 𝜋 = 𝜋𝑡−1 + 𝑣Ỹ + θ R representa a taxa de juros real; r*, a taxa natural de juros; π, a taxa de inflação; π*, a meta de inflação; Y-Y*, o desvio do produto real em relação ao produto potencial; y representa os choques em demanda agregada; θ representa as perturbações dos preços; e α, β, б, ν são parâmetros. Com as equações acima, constrói-se um modelo de oferta e demanda agregada que explica o funcionamento teórico do regime de inflação de uma economia. Para construir a equação de demanda, deve-se tomar a equação (1) sem o desvio do produto real: (4) 𝑅 − 𝑟 ∗ = 𝛼(𝜋 − 𝜋 ∗ ) Como (4) depende unicamente da diferença da taxa de inflação e a meta de inflação, ao igualar com a equação (2), cria-se a seguinte curva de demanda agregada: (5) Ỹ = 𝑦 − 𝛿𝛼(𝜋 − 𝜋 ∗ ) Isso nos evidencia que a diferença do produto real para o produto potencial depende da diferença da inflação para sua meta. Já a curva de oferta agregada é construída a partir de um raciocínio lógico da curva de Phillips (3), uma vez que, de maneira convencional, uma curva de oferta agregada descreve a quantidade de bens e serviços que as empresas estão dispostas a vender em determinado nível de preços; esse mesmo raciocínio encontra-se na curva de Phillips, em que substituindo 𝜋𝑡−1 por 𝜋𝑡𝜖 se obtém: (6) 𝜋 = 𝜋𝑡𝜖 + 𝑣Ỹ + θ Dessa forma, as expectativas dos indivíduos passam a ser racionais (FRIEDMAN, 1968; PHELPS, 1968). Com as curvas de oferta e demanda criadas, o modelo de inflação em seu estado estacionário é apresentado na Figura 1: 19 Figura 1 Gráfico Inflação/Produto Fonte: Elaboração própria a partir de Jones (2009). Demanda Agregada é negativamente inclinada, uma vez que existe uma relação inversa entre a taxa de juros e a produção econômica (curva IS); já a Oferta Agregada tem uma inclinação positiva pela relação positiva entre produto e inflação (curva de Phillips). O ponto em que as curvas se encontram indica que a inflação esperada e o produto efetivo são iguais ao seu objetivo de inflação e produto potencial, ou seja, estão em seu equilíbrio de longo prazo. Caso o Banco Central decida passar a meta de inflação de, por exemplo, 2p para p, usando o conceito da Regra de Taylor, ele aumenta as taxas de juros, assim, a Demanda Agregada deslocar-se-á para baixo; logo, com o deslocamento da Demanda Agregada, os agentes econômicos ajustarão suas expectativas de inflação de forma que a curva de Oferta Agregada também se desloque para baixo. Dessa forma, o governo pode trazer a inflação para a meta, como se ilustra na Figura 2. 20 Figura 2 Gráfico Inflação/Produto Pós-choque Fonte: Elaboração própria a partir de Jones (2009). Portanto, para modelar o efeito que um regime de metas de inflação causa no produto, deve-se estimar a curva (5) de demanda agregada: (7) Ỹit = 𝑦0 − ∅(𝜋𝑡 − 𝜋 ∗ )𝑖𝑡 + 𝑢𝑖𝑡 Onde 𝑦0 é a constante do sistema; ∅, o parâmetro a ser estimado que mede a sensibilidade da inflação na produção econômica; u, o erro que representa as variações em Ỹit que não são explicadas pelo modelo. Para que o efeito da inflação com o produto seja em termos percentuais, ambas as variáveis serão transformadas em seus logaritmos. Portanto, ao fazer a estimação de 1980 até 1993 e depois de 1993 até 2014 para a Austrália, e de 1980 até 1998 e depois de 1999 até 2014 para Brasil e Argentina será possível conhecer o efeito que a inflação causava no produto antes e no atual regime. Apesar de a Argentina não ter adotado o regime de metas de inflação, comparar seu resultado para o mesmo período que o caso brasileiro traz resultados importantes. 21 4. Dados 4.1 Austrália Para a Austrália, foram utilizados dados de crescimento do PIB divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1980 até 2014, com periodicidade anual, sendo que o período pré-meta de inflação delimita-se entre 1980 e 1993, e o período pós-meta de 1993 em diante. Para a Inflação, os dados também foram fornecidos pelo FMI. As estatísticas descritivas para a economia australiana encontram-se na Tabela 3, e o comparativo entre inflação pré e pós meta de inflação está no Gráfico 3. É possível notar que o regime de metas de inflação teve êxito em diminuir a inflação, passando de uma média de 6,95% de 1980 a 1993, para 2,64% de 1993 a 2014. Figura 3: Gráfico de Inflação para a Austrália. Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional. 22 Tabela 3: Dados de PIB e Inflação para Austrália. Série AUSGDP AUSGDP 19801993Amostra 1993 2014 Observações 14 22 Média 3,0379 3,3725 Máximo 6,34 4,99 Mínimo -1,21 1,53 Desvio Padrão 2,27 0,91 Série AUSINFLA AUSINFLA 19801993Amostra 1993 2014 Observações 14 22 Média 6,9513 2,64 Máximo 11,35 4,62 Mínimo 1,01 0,22 Desvio Padrão 3,26 1,15 Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional. 4.2 Brasil Para o Brasil, foram utilizados dados de crescimento do PIB divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1980 até 2014, com periodicidade anual, sendo que o período pré-meta de inflação delimita-se entre 1980 e 1998, e o período pósmeta de 1999 em diante. Para a Inflação, os dados também foram fornecidos pelo FMI. Podemos observar a trajetória da inflação no Gráfico 4, e as estatísticas descritivas para a economia brasileira encontram-se na Tabela 4. Notamos bem claramente os picos de hiperinflação, na qual a inflação chegou a atingir 2947,73% em 1989. Além disso, fica evidente que, com o Plano Real e o regime de metas de inflação, o Brasil teve êxito em acabar com a hiperinflação. 23 Figura 4: Gráfico de Inflação para o Brasil. Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional. Tabela 4: Dados de PIB e Inflação para o Brasil. Série BRAGDP BRAGDP 19801999Amostra 1998 2014 Observações 19 16 Média 2,4302 2,971 Máximo 9,19 7,53 Mínimo -4,4 -0,328 Desvio Padrão 3,93 2,32 Série BRAINFLA BRAINFLA 19801999Amostra 1998 2014 Observações 19 16 Média 622,29 6,45 Máximo 2947,73 14,71 Mínimo 3,19 3,64 Desvio Padrão 859,08 2,51 Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional. 4.3 Argentina Para a Argentina, também foram utilizados dados de crescimento do PIB divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1980 até 2014, com periodicidade anual, sendo que o primeiro período delimita-se entre 1980 e 1998, e o segundo período de 1999 em diante. Para a Inflação, os dados também foram fornecidos pelo FMI. 24 Podemos observar a trajetória da inflação no Gráfico 5, e as estatísticas descritivas para a economia argentina encontram-se na Tabela 5. Assim como no gráfico do Brasil, a Argentina demonstra picos de hiperinflação. Podemos observar isso claramente na tabela abaixo, na qual o desvio padrão para o período 1980-1998 atinge 832,91, com uma inflação máxima de 3079,45% e mínima de 0,15%. Figura 5: Gráfico de Inflação para a Argentina. Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional. Tabela 5: Dados de PIB e Inflação para a Argentina. Série ARGGDP ARGGDP 19801999Amostra 1998 2014 Observações 19 16 Média 1,9727 2,9363 Máximo 10,48 9,19 Mínimo -7 -10,89 Desvio Padrão 5,56 6,15 Série ARGINFLA ARGINFLA 19801999Amostra 1998 2014 Observações 19 16 Média 431,3 8,37 Máximo 3079,45 25,86 Mínimo 0,15 -1,16 Desvio Padrão 832,91 6,76 Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional. 25 5. Resultados comparando Brasil e Austrália 5.1 Austrália – Periodicidade Anual Para a Austrália, estimou-se a seguinte Equação: AUSGDP =𝛽+ ∅*(AUSINFLA-AUSMETA). Na qual 𝛽 é a constante do sistema; e ∅, o parâmetro a ser estimado que mede a sensibilidade do crescimento do PIB com relação a variações da inflação. Para os períodos em que o país ainda não estava no regime de metas, foi adotado AUSMETA=07. Tabela 6: Estimação para a Austrália de 1980 até 1993. Variável Dependente AUSGDP Amostra 1980-1993 Variável Coeficiente C 3,8706 AUSINFLA-AUSMETA -0,1197 Desvio Padrão 1,5103 0,1979 P-valor 0,0249 0,5564 Tabela 7: Estimação para a Austrália de 1993 até 2014. Variável Dependente AUSGDP Amostra 1993-2014 Variável Coeficiente C 3,4567 AUSINFLA-AUSMETA -0,3192 Desvio Padrão 0,1866 0,1569 P-valor 0,0000 0,0554 Se analisarmos os dados australianos, no período de metas de inflação o P-valor é 0,0554, ou seja, é estatisticamente significante com 95% de confiança, e podemos observar um resultado no qual, se a inflação ultrapassar a meta, o produto em média cairá. Já se a inflação for inferior à meta, o produto em média aumentará. Esse resultado não corrobora com a teoria de que economia em um ritmo maior de 7 AUSMETA = Meta de inflação anual australiana. AUSINFLA = Índice de Preços ao Consumidor anual australiano. AUSGDP = Crescimento anual do PIB australiano. 26 crescimento, ou seja, mais aquecida, deveria ter preços mais elevados. Por outro lado, era esperado que uma divergência em relação à meta estabelecida, tanto para cima como para baixo, teria um impacto negativo para o crescimento australiano. Isso se justifica pela teoria de expectativas racionais de Robert Lucas Jr., uma vez que, como o país tem um histórico de inflação dentro da meta, qualquer saída desse patamar afeta as expectativas dos agentes, prejudicando, assim, o resultado de crescimento do país. Já para o período de 1980 até 1993, o P-valor deu não significante a 95% de confiança. 5.2 Brasil – Periodicidade Anual Para o Brasil estimou-se a seguinte Equação: BRAGDP =𝛽+ ∅*(BRAINFLA-BRAMETA). Sendo que para os períodos em que o país ainda não estava no regime de metas, foi adotado BRAMETA=08. Tabela 8: Estimações para o Brasil de 1980 até 1998. Variável Dependente BRAGDP Amostra 1980-1998 Variável Coeficiente C 2,9515 BRAINFLA-BRAMETA -0,0008 Desvio Padrão 1,1383 0,001092 P-valor 0,0190 0,4536 Tabela 9: Estimações para o Brasil de 1999 até 2014. Variável Dependente BRAGDP Amostra 1999-2014 Variável Coeficiente C 3,2222 BRAINFLA-BRAMETA -0,147 Desvio Padrão 0,6881 0,2055 P-valor 0,0004 0,4861 O caso brasileiro com dados anuais apresentou os mesmos sinais que o australiano; seu resultado não é significante para nenhum dos períodos, uma vez que o P-valor 8 BRAMETA = Meta de inflação anual brasileira. BRAINFLA = Índice de Preços ao Consumidor anual brasileiro. BRAGDP = Crescimento anual do PIB brasileiro. 27 para ambos os casos foi superior a 0,45. O que pode ajudar a explicar esse resultado é a diferença amostral dos dados anuais e trimestrais, já que com dados anuais os efeitos anuais são englobados, como por exemplo a típica política do Estado de conter os gastos no fim do ano para se manter dentro do planejamento. A seguir será realizada a estimação com dados trimestrais visando conter esse efeito. 5.2.1 Brasil – Periodicidade Trimestral Como a periodicidade dos dados anuais pode atrapalhar ou comprometer os resultados, é possível usar dados trimestrais para o caso brasileiro, pois é esperado que, com o aumento da amostra, seus resultados se tornem significantes. Os dados trimestrais tanto para o crescimento do PIB como para a Inflação foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já para a Austrália, como não há disponibilidade de dados trimestrais, serão mantidos os dados anuais, uma vez que, apesar de não estarem com a mesma periodicidade, analisar seus sinais traz significantes resultados para a conclusão. Para comparar os resultados dentro do mesmo plano econômico, no caso o Plano Real, foram feitas três regressões em três períodos diferentes, de 1981 até 1994, ou seja, fora do Plano Real, e mais duas dentro do plano: 5 anos antes e 5 anos depois do regime de metas ter sido incorporado. Tabela 10: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1981 até 1994. Variável Dependente BRAGDP Amostra 1981-1994 Variável Coeficiente C 1,0450 BRAINFLA-BRAMETA 0,0129 𝑅 2 =0,01 Desvio Padrão 1,0826 0,0179 P-valor 0,3391 0,4755 28 Tabela 11: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1995 até 1999. Variável Dependente BRAGDP Amostra 1995-1999 Variável Coeficiente C 0,4754 BRAINFLA-BRAMETA 0,8582 𝑅 2 =0,29 Desvio Padrão 0,9151 0,3256 P-valor 0,0601 0,0173 Tabela 12: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 2000 até 2004. Variável Dependente BRAGDP Amostra 2000-2004 Variável Coeficiente C 0,9229 Desvio Padrão 0,5519 BRAINFLA-BRAMETA 0,5715 0,2586 P-valor 0,1255 0,0516 2 𝑅 =0,33 Usando dados trimestrais para o Brasil, podemos notar resultados significantes a 95% de confiança. Podemos observar que, a partir do primeiro trimestre de 1981 até janeiro de 1994, o coeficiente de (∅) é irrelevante, uma vez que seu P-valor é de 0,4755; esse resultado já era esperado devido à hiperinflação do período. Já para o período de 1995-1999, quando o Plano Real já tinha sido implantado, o coeficiente de (∅) é significante com P-valor de 0,0173. Também para o período de metas de inflação, notamos que o coeficiente de (∅) é significante com P-valor de 0,0516. Podemos observar que, com a inflação igual à meta de inflação, a economia teria em média um crescimento positivo. Se a inflação ultrapassar a meta, o produto em média aumentará. Por fim, se a inflação for inferior à meta, o produto em média cairá. Tais resultados eram esperados, pois diferentemente do caso australiano, o caso brasileiro possui uma divergência maior em relação ao centro da meta, o que pode ser demonstrado pelo maior desvio padrão observado na economia brasileira. Dessa forma, já é esperado pelos agentes que o nível de inflação não fique no centro da meta; logo, um pequeno desvio não surpreende os agentes ou suas expectativas como no caso australiano. Não afeta negativamente o crescimento do país. Portanto, a teoria de que no curto prazo uma elevação nos preços deixa a economia mais aquecida parece se sustentar para o caso brasileiro. 29 6. Resultados comparando Brasil e Argentina Este comparativo visa enfocar o impacto da inflação no PIB, visto que a Argentina não adota o regime de metas de inflação. 6.1 Argentina – Periodicidade Anual Para a Argentina, estimou-se a seguinte Equação: ARGGDP =𝛽+ ∅*(ARGINFLA-ARGMETA). Para a Argentina ARGMETA=09 para todo o período. Tabela 13: Estimação para a Argentina de 1980 até 2013. Variável Dependente ARGGDP Amostra 1980-2013 Variável Coeficiente C 3,3400 ARGINFLA-ARGMETA -0,0033 Desvio Padrão 1,0078 0,0014 P-valor 0,0023 0,0320 A Argentina apresentou sinal negativo para (∅) durante todo o período de estudo, esse resultado é significante com 95% de confiança. Tal resultado está de acordo com o esperado, uma vez que a Argentina tem um histórico de inflação muito alta no período, o que gera um impacto negativo no produto, pois como é frisado por Mankiw e Romer (1991) e por Oreiro e Padilha (2006) apesar de a inflação trazer benefícios para o crescimento no curto prazo, longos períodos de grande inflação são prejudiciais ao crescimento econômico. Agora se compararmos com os resultados da seção 5.2.1 para o Brasil do período de 1995-1999 no qual a meta também é igual a 0, notamos um comportamento distinto no qual a inflação possui um impacto positivo no PIB. Esse fato também está de acordo com Mankiw e Romer (1991) e por Oreiro e Padilha (2006). Em ambos os períodos em que o P-valor é significante para o Brasil, notamos um impacto positivo, uma vez que por ser uma inflação mais baixa que a argentina, essa inflação ainda pode ser benéfica ao crescimento do PIB. 9 ARGMETA = Meta de inflação anual argentina, ARGINFLA = Índice de Preços ao Consumidor anual argentino. ARGGDP = Crescimento anual do PIB argentino. 30 7. Conclusões Este trabalho teve por objetivo estudar se vale a pena seguir um regime de metas de inflação e qual o impacto de divergir dessa meta no produto. Para tanto, foi realizada uma análise entre dois países, Brasil e Austrália. Além disso, foi avaliado o impacto da inflação no crescimento econômico a partir da análise do caso brasileiro e do caso argentino, o que reforçou a necessidade de controle da inflação. No caso do Brasil, utilizando os dados trimestrais, foi possível observar resultados mais relevantes do que os resultados anuais. A partir da análise trimestral, pudemos notar que, com a inflação igual à meta de inflação, a economia teria em média um crescimento positivo. Já se a inflação ultrapassasse a meta, o produto em média aumentaria, porém sabemos que existe um limite até onde esse impacto pode ser positivo, uma vez que a inflação alta ou hiperinflação como mencionado traz prejuízos. E por fim se a inflação fosse inferior à meta, o produto em média cairia. Esses fatos corroboram a ideia de que, em uma economia aquecida, os preços se elevam. Portanto, podemos inferir que se a inflação estiver em patamares considerados baixos, de um dígito por exemplo, ela pode trazer benefícios ao crescimento do PIB, como podemos notar para o caso do Brasil. Antes mesmo de ter sido instalado o regime de metas, a inflação gerava um impacto positivo para o crescimento do PIB brasileiro (coeficiente 0,8582 para ∅ de 1995-1999), assim como no período de metas de inflação. O que pode justificar esse resultado é que uma inflação baixa, de um dígito como foi em média a inflação para o período dos resultados pós Plano Real, pode trazer benefícios como a facilitação dos ajustes no mercado de trabalho. Uma vez que os salários nominais são rígidos para baixo, a inflação permite que ajustes salariais sejam realizados através de uma redução do salário real sem que exista a necessidade de cortes no nível de emprego (Tobin, 1972), já que, se o nível de emprego cair, o crescimento do PIB do país cairá. Alguma inflação também é importante para combater a deflação, tanto que países como o Japão e os pertencentes à União Europeia tentam gerar inflação através de QEs (Quantitative 31 easing10) financiados principalmente por geração de moeda, uma vez que a deflação afeta o consumo de forma que as pessoas passam a preferir consumir no futuro em vez de consumir no presente, o que diminui a atividade econômica. Por outro lado, uma inflação de quatro dígitos como já foi a inflação brasileira durante o primeiro período de estudo (1981-1994) é extremamente prejudicial à economia, pois imputa prejuízos elevados ao crescimento, por criar custos financeiros elevados, variabilidade excessiva dos preços relativos e constituir-se de um processo instável para o cenário macroeconômico (OREIRO e PADILHA, 2006). Além disso, com esses resultados, fica ainda mais clara a relevância que o Plano Real teve no combate à hiperinflação que assolou este país até então. Já se observarmos os dados australianos, para o período de metas de inflação, podemos observar um sinal negativo, contrário ao sinal brasileiro. O que pode justificar isso é o fato de a Austrália ser um país desenvolvido e muito mais intolerante à inflação; os australianos diferentemente dos brasileiros não possuem a expectativa de que o país ficará fora do centro da meta, o que ocorre no Brasil como vimos na Tabela 1. A Austrália possui um passado de inflação controlada há décadas, sem passar de um dígito, com média de 2,64% para 1994 a 2014, ou seja, colada no centro da meta. Tal inflação não representa nada se comparada à média de inflação de Brasil e Argentina para o mesmo período. Além disso, diferentemente da Europa e do Japão, a Austrália não está lutando contra a deflação; logo, um aumento pode surpreender os agentes econômicos e afetar suas expectativas e, portanto, o nível de emprego e o produto. Outro fator que pode ajudar a explicar esse resultado é a diferença amostral dos dados anuais e trimestrais, já que com dados anuais os efeitos anuais são englobados, como por exemplo a típica política do Estado de conter os gastos no fim do ano para se manter dentro do planejamento. Isso também pode ser uma das explicações do porquê do caso brasileiro com dados anuais apresentar resultados insignificantes para ambos os períodos. 10 Quantitative easing (QE) é um tipo de política monetária utilizada pelos bancos centrais para estimular a economia quando a política monetária padrão tornou-se ineficaz. Um banco central implementa o QE através da compra de determinados montantes de ativos financeiros de bancos comerciais e outras instituições privadas, elevando os preços dos ativos financeiros e reduzindo o seu rendimento, aumentando ao mesmo tempo a base monetária (ELLIOTT, LARRY, 8 January 2009). 32 O caso Argentino corrobora a ideia da necessidade de controle da inflação, pois a Argentina apresentou sinal negativo para (∅) durante todo o período de estudo. Sofrendo com uma hiperinflação que atingiu 3079,45% em 1989 e inflação alta de 25,89% em 2002, tamanha inflação não possui mais o efeito benéfico como mencionado previamente e traz diversos problemas para a economia. Foi possível notar que todos os três países obtiveram melhora em ambos os resultados de PIB e inflação do primeiro período para o segundo. A Austrália passou de uma média de crescimento de 3,03% para 3,37% e sua inflação passou de uma média aproximadamente de 7% para 2,64%, bem próxima à meta estipulada pelo governo. O Brasil passou de um crescimento de 2,43% para aproximadamente 3% e, com o fim da hiperinflação, obteve o impressionante resultado de passar de uma média de 622,29% para 6,45%, exatamente o teto da meta atual. Por fim, o caso Argentino, dividido no mesmo período que o Brasileiro (1990-1998;1999-2014) para efeito de comparação, evidenciou que mesmo um país que não adotou o processo de regime de metas também obteve melhoras expressivas em seus resultados: seu crescimento passou de 1,97% para 2,93% e sua média de inflação caiu de 431,3% para 8,37%; porém, vale ressaltar que foi o pior resultado dos três e que é provável que essa inflação seja ainda maior. Esse resultado era esperado para os casos latinoamericanos, uma vez que ambos os países tiveram impactos muito negativos na década de 1980. Portanto, seguir metas de inflação para reduzir a inflação a níveis aceitáveis vale a pena como foi indicado pelos resultados dos países nas últimas décadas. No longo prazo, a inflação é prejudicial. Logo, manter uma inflação acima da meta de modo a deixar a economia mais aquecida para aumentar o crescimento do PIB deve ser uma política apenas de curto prazo e não uma ferramenta constante para gerar crescimento “artificial” que não se sustenta a longo prazo. Além do que, deixar a inflação acima da meta por longos períodos de tempo afeta de forma significativa a expectativa do mercado e dos consumidores, o que pode acarretar em situações nas quais o país, mesmo que com uma inflação maior, gera um crescimento pior, como o atual cenário brasileiro no qual o governo não possui muita credibilidade, visto que deixou a inflação no teto da meta por vários anos, e possui uma inflação acumulada nos últimos doze meses superior à meta. 33 8. 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