Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Felipe de Souza Mazzoli Vale

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Insper Instituto de Ensino e Pesquisa
Monografia em Economia
Felipe de Souza Mazzoli
Vale a pena seguir metas de inflação?
Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do
PIB
São Paulo
2015
Felipe de Souza Mazzoli
Vale a pena seguir metas de inflação?
Uma análise do trade-off entre inflação e crescimento do
PIB
Monografia apresentada ao curso de Ciências
Econômicas, como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e
Pesquisa.
Orientadora: Prof.ª Juliana Inhasz– Insper
São Paulo
2015
Mazzoli, Felipe de Souza
Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre
inflação e crescimento do PIB./ Felipe de Souza Mazzoli: orientadora Juliana
Inhasz. – São Paulo: Insper, 2015
38f.
Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas,
como requisito parcial para a obtenção do Grau de Bacharel
do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.
1.Inflação 2.Produto 3.Regime de metas de inflação
FOLHA DE APROVAÇÃO
Felipe de Souza Mazzoli
Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise do trade-off entre inflação e
crescimento do PIB
Monografia apresentada à Faculdade de Economia do
Insper, como parte dos requisitos para conclusão do curso
de graduação em Economia.
Aprovada em Junho 2015.
Banca examinadora
Profª. Juliana Inhasz
Instituição: Insper
Assinatura: ____________________
Prof. Fernando Ribeiro
Instituição: Insper
Assinatura: ____________________
Prof. Antonio Bruno de Carvalho Morales
Instituição: Insper
Assinatura: ____________________
Dedicatória
Dedico essa monografia a Carlos, Valéria e Thayne, que sempre estiveram ao meu
lado me apoiando nas horas difíceis, e comemorando comigo nas horas felizes. Sem
vocês eu nunca teria chegado aonde cheguei.
Agradecimentos
Agradeço a minha professora orientadora, Juliana Inhasz, por todo suporte que me
deu ao longo dessa monografia e também pela dedicação que teve comigo no
desenvolvimento desse projeto.
Resumo
MAZZOLI, Felipe de Souza. Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise
do trade-off entre inflação e crescimento do PIB. São Paulo, 2015.
Este trabalho tem como objetivo analisar se vale a pena seguir um regime de metas
de inflação e qual o impacto de divergir dessa meta no produto. Para tanto será
realizada uma análise entre dois países, Brasil e Austrália. Além disso, analisarei o
impacto da inflação no crescimento econômico. Para tanto, analisarei o caso Brasil x
Argentina de forma a reforçar a necessidade de controle da inflação.
Palavras-chave: Inflação, Brasil, Argentina, Produto, Regime de metas de inflação.
Abstract
MAZZOLI, Felipe de Souza. Vale a pena seguir metas de inflação? Uma análise
do trade-off entre inflação e crescimento do PIB. São Paulo, 2015.
This article aims to analyze whether it is worth following a regime of inflation
targeting, and how the impact of this goal differ in the product, for such, an analysis
will be carried between two countries Brazil and Australia. I will also analyze the
impact of inflation on economic growth. To do that I will analyze both Brazil x
Argentina cases in order to reinforce the need to control inflation.
Keywords: Inflation, Brazil, Argentina, Product, Inflation targeting regime.
Lista de Figuras
Figura 1 –Gráfico Inflação/Produto ........................................................................ 19
Figura 2 –Gráfico Inflação/Produto pós-choque .................................................. 20
Figura 3: Gráfico de Inflação para a Austrália ...................................................... 21
Figura 4: Gráfico de Inflação para o Brasil ........................................................... 23
Figura 5: Gráfico de Inflação para a Argentina ..................................................... 24
Lista de Tabelas
Tabela 1 –Histórico de Metas de inflação no Brasil ............................................... 8
Tabela 2 –Previsão de crescimento do PIB........................................................... 12
Tabela 3: Dados de PIB e Inflação para Austrália ................................................ 22
Tabela 4: Dados de PIB e Inflação para o Brasil................................................... 23
Tabela 5: Dados de PIB e Inflação para a Argentina ............................................ 24
Tabela 6: Estimação para a Austrália de 1980 até 1993 ....................................... 25
Tabela 7: Estimação para a Austrália de 1993 até 2014 ....................................... 25
Tabela 8: Estimações para o Brasil de 1980 até 1998 .......................................... 26
Tabela 9: Estimações para o Brasil de 1999 até 2014 .......................................... 26
Tabela 10: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1981 até 1994 . 27
Tabela 11: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1995 até 1999 . 28
Tabela 12: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 2000 até 2004 . 28
Tabela 13: Estimação para a Argentina de 1980 até 2013.................................... 29
Sumário
1 Introdução ............................................................................................................... 6
1.1 O Problema da Inflação .................................................................................. 10
2 Revisão da Literatura ........................................................................................... 13
2.1 O trade-off entre inflação e crescimento da do PIB......................................... 13
2.2 O debate sobre a política de metas de inflação .............................................. 14
2.3 A necessidade do controle inflacionário .......................................................... 16
3 Metodologia .......................................................................................................... 17
4 Dados .................................................................................................................... 21
4.1 Austrália .......................................................................................................... 21
4.2 Brasil ............................................................................................................... 22
4.3 Argentina ......................................................................................................... 23
5 Resultados comparando Brasil e Austrália ....................................................... 25
5.1 Austrália – Periodicidade Anual ...................................................................... 25
5.2 Brasil – Periodicidade Anual ........................................................................... 26
5.2.1 Brasil – Periodicidade Trimestral .................................................................. 27
6 Resultados comparando Brasil e Argentina ...................................................... 29
6.1 Argentina – Periodicidade Anual ..................................................................... 29
7 Conclusões ........................................................................................................... 30
8 Referências ........................................................................................................... 33
6
1. Introdução
Este trabalho visa analisar se vale a pena seguir um regime de metas de inflação e
qual o impacto de divergir dessa meta no produto. Para tanto, será realizada uma
análise entre dois países, Brasil e Austrália. Além disso, entrarei em um dos debates
mais antigos no mundo acadêmico que é o impacto da inflação no crescimento
econômico. Para tanto, analisarei o caso Brasil x Argentina de forma a reforçar a
necessidade de controle da inflação. Desta forma, será possível assegurar ou refutar
os resultados apurados.
Para ambos os casos será estimado, através do método de Mínimos Quadrados
Ordinários, um sistema de equações reconhecidas no mundo econômico composto
por: (i) a Regra de Taylor (criada por John B. Taylor), que é uma regra
macroeconômica que relaciona a taxa de juros com a inflação e o produto; (ii) a
Curva IS (formalizada por John Richard Hicks), que relaciona o produto com a taxa
de juros e, ceteris paribus, representa a condição de equilíbrio do mercado de bens;
e (iii) a Curva de Phillips (criada por Willian Phillips) que estabelece um trade-off
entre inflação e desemprego. A diferença estará na variável META, que terá valores
atribuídos dependendo da meta de inflação e da existência ou não da mesma no
período estudado.
Para interpretar os resultados obtidos irei me fundamentar nas teorias de
expectativas racionais de Robert Lucas Jr. e nas relações de curto e longo prazo de
Nicholas Gregory Mankiw.
Iniciando pelo contexto histórico brasileiro, pode-se constatar que o país sofreu por
várias décadas com a inflação, tendo no passado convivido com uma inflação
crônica que culminou no advento da hiperinflação.
Diversos planos, como os Planos Cruzado 1 e 2, o Plano Verão, a Política do Feijão
com Arroz e o Plano Collor, tentaram conter a inflação; porém, foi apenas através do
Plano Real que foi possível alcançar a estabilização de preços. Apesar de a inflação
ter sido ''domada'' para padrões considerados mais aceitáveis após a implementação
do Plano Real, a memória inflacionária ainda parece persistir na economia, e a
inflação permanece em grande pauta na mídia. O tema também aparece na
discussão ainda inconclusa, no Brasil, sobre um Banco Central formalmente
7
independente; argumenta-se que quanto maior a independência, maior seriam a
eficiência e eficácia em cumprir sua missão: “(...) assegurar a estabilidade do poder
de compra da moeda em um sistema financeiro sólido e eficiente” (Banco Central do
Brasil, 2014), uma vez que o Banco Central não estaria sujeito a pressões políticas,
podendo, assim, se focar em sua missão primária.
O Comitê de Política Monetária (Copom)1 foi instituído em 20 de junho de 1996, com
o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de
juros. Em 21 de junho de 1999, foi adotado o sistema de metas de inflação como
foco da política monetária. A partir dessa data, as decisões do Copom passaram a
ter como principal objetivo o cumprimento das metas de inflação definidas pelo
Conselho Monetário Nacional (Banco Central do Brasil, 2014), substituindo, assim, a
âncora cambial que fora um dos elementos centrais (além do ajuste fiscal e a
reforma monetária) do Plano Real de julho de 1994. Naquele contexto de
intensificação da abertura comercial, a taxa de câmbio sobrevalorizada tornava os
preços dos produtos importados mais competitivos, servindo, assim, para impedir a
elevação da inflação.
Dessa forma, o regime cambial que definiu um limite superior para a taxa de câmbio,
mas não um inferior, contribuiu significativamente na redução da inflação média de
2075% em 1994 para 66% em 1995 e 9,5% em 1996 (Fonseca, 2013).
Desde a sua adoção, o regime de metas de inflação conseguiu evitar o retorno a um
ambiente de hiperinflação, ainda que sua aplicação e seus resultados na economia
não tenham sido homogêneos ao longo de todo o período.
Recentemente, o governo foi duramente criticado pela oposição por deixar a inflação
muito próxima do teto da meta, conforme vemos na tabela 1.
1
O Copom é composto pelo Presidente do Banco Central e pelos Diretores de Administração, Assuntos
Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle
de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação e Relacionamento
Institucional e Cidadania.
8
Tabela 1: Histórico de Metas de Inflação no Brasil.
Ano
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Meta(%) Banda(p.p.) Limite Inferior (%) Limite Superior (%) Inflação Efetiva (IPCA % a.a.)
8
2
6
10
8,94
6
2
4
8
5,97
4
2
2
6
7,67
3,5
2
1,5
5,5
12,53
4
2,5
1,5
6,5
9,3
5,5
2,5
3
8
7,6
4,5
2,5
2
7
5,59
4,5
2
2,5
6,5
3,14
4,5
2
2,5
6,5
4,46
4,5
2
2,5
6,5
5,9
4,5
2
2,5
6,5
4,31
4,5
2
2,5
6,5
5,91
4,5
2
2,5
6,5
6,5
4,5
2
2,5
6,5
5,84
4,5
2
2,5
6,5
5,91
4,5
2
2,5
6,5
6,41
Fonte: Banco Central do Brasil.
Já a Argentina, um dos países escolhidos como comparativo ao caso brasileiro,
também sofre com um vasto histórico de hiperinflação (entre 1961 e 2011, a taxa
média de inflação foi de 192% ao ano) e, assim como o Brasil, realizou diversos
planos econômicos para tentar conter o avanço de preços. Em 1967, a Argentina
adotou políticas focadas na indexação dos salários e na redução do desequilíbrio
fiscal; porém, não obteve sucesso em conter a inflação que era de 8% em 1969 e
chegou a 473% em 1976, enquanto o PIB elevou-se 1,8% ao ano nesse período
(1969-1976). Em 1976, com o objetivo de reorganização nacional, ocorreu um golpe
militar2.
Nesse período, o governo adotou práticas como a âncora cambial, o equilíbrio fiscal
e a abertura comercial. Mais uma vez, a política não obteve sucesso, uma vez que o
país não conseguiu um efetivo controle do déficit e atingiu uma inflação de 350% em
1983.
2
O golpe militar ocorrido em 24 de março de 1976, na Argentina, na realidade, é o resultado de um processo
mais longo de controle e repressão contra a esquerda peronista e a esquerda tradicional. Desde 1955, com a
queda do governo do general Juan Domingos Perón, vinha ocorrendo um amplo e crescente processo de
institucionalização do poder militar como ator político (SAIN, 2000, p. 21-22).
9
Com o regime democrático restituído em 1983, a Argentina ainda continuou a sofrer
com a inflação que, com a crise da dívida, chegou a 672% em 1985, quando foi
lançado o plano Austral, que novamente utilizou o mecanismo de congelamento de
preços e fracassou, chegando a uma inflação anual de 3079% em 1989. Na década
de 1990, com o Plano Cavallo que dolarizou a economia por quase 10 anos, o país
obteve um sucesso inicial, mas que não foi suficiente para manter a estabilidade no
longo prazo.
Até hoje a inflação atormenta os argentinos e, numa tentativa inócua de mascarar3 a
realidade, o governo divulga dados incorretos sobre a inflação real através do
INDEC (Instituto Nacional de Estadística y Censos) o que gerou desconforto dentro
e fora do país. A taxa estimada de inflação no país em 2014 está em cerca de 30%
ao ano. A variação do PIB em 2014 foi de -1,7% segundo o Fundo Monetário
Internacional (FMI). Além disso, o Banco Central argentino sofre com a falta de
independência e é totalmente submetido às pressões políticas do governo.
Por outro lado, a Austrália não sofreu com a hiperinflação que assolou diversos
países latino-americanos na década de 1980. O país decidiu ingressar no sistema
de metas de inflação em meados de 1993, quando o presidente do Banco Central
anunciou que o destino mais apropriado para o país seria alcançar uma inflação de
2% a 3% em média, de forma a não distorcer as decisões dos agentes econômicos
e servir de âncora para as incertezas do mercado.
No período de 1980 até 1992, a inflação anual australiana era em média de 7,2%,
com desvio padrão de 2,4%. Já logo após a adoção do regime de metas, a média
anual de 1993 até 1997 foi de 2,2%, com desvio padrão de 0,6%. Quanto ao
produto, também podemos observar uma melhora dado que, de 1980 até 1992, o
crescimento anual real do PIB australiano foi em média de 2,8%, com desvio padrão
de 2,8%; já de 1993 até 1997 o crescimento real do PIB foi de 3,9%, com desvio de
1,1% (Reserve Bank of Australia Bulletin, Maio 1999).
3
Reportagens como “Don´t lie to me, Argentina” na revista The Economist evidenciaram a distorção dos dados
informados na Argentina, acarretando na remoção do indicador argentino de suas páginas por falta de
credibilidade.
10
Segundo dados do FMI referentes ao ano de 2014, a Austrália é a décima segunda
economia do mundo com um produto de USD 1,482 trilhão; a Argentina é a vigésima
nona com PIB de USD 536 bilhões; e o Brasil é a sétima economia, com PIB em
USD 2,244 trilhões.
A Austrália possui um setor industrial extenso voltado para o setor primário e, assim
como Brasil e Argentina, também é uma grande exportadora de alimentos (além de
outros produtos como minerais e diamantes). O país é membro da APEC 4
(Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), diferente de Brasil e
Argentina, que fazem parte de outro bloco econômico, o MERCOSUL 5 (Mercado
Comum do Sul). Ambos os blocos têm como objetivo facilitar o livre comércio entre
seus membros.
Assim, o debate em torno do impacto da inflação sobre o produto e a aplicação dos
mecanismos de controle continua em aberto no Brasil, mas as experiências de
Austrália e Argentina podem contribuir para elucidar pontos importantes sobre esse
tema.
1.1 O problema da Inflação
De forma geral, a inflação pode ter várias causas, tais como: monetária, através da
injeção de liquidez pelo governo; fiscal, por conta de sucessivos e elevados déficits
nas contas públicas e dos desajustes entre demanda e oferta por bens e serviços;
ou inercial, na qual a expectativa de inflação futura pelos agentes econômicos
alimenta a inflação corrente, o que é bem comum em países com histórico de
hiperinflação, tais como Brasil e Argentina.
Caso a inflação não seja controlada, o aumento do nível de preços pode representar
uma perda real da capacidade de consumo para a população, sobretudo para as
camadas com renda mais baixa, que não têm acesso a instrumentos financeiros de
proteção para a corrosão do valor da moeda. Para combater esse problema, desde
a década de 1990, diversos países passaram a utilizar a política de metas de
4
O tratado completo da APEC pode ser encontrado em http://www.apec.org/.
5
O tratado completo do MERCOSUL pode ser encontrado em http://www.mercosul.gov.br/.
11
inflação, na qual o governo faz um anúncio prévio de um valor a ser seguido como
meta, bem como de um limite superior para a inflação em um dado período, e se diz
comprometido a perseguir tal objetivo, reduzindo, dessa forma, a incerteza 6 dos
agentes econômicos e possibilitando que o mercado flua de maneira mais eficiente,
beneficiando de forma geral os níveis de emprego e produção.
O período do pós-guerra colocou em xeque a importância do controle inflacionário
para o crescimento do produto, na medida em que diversos países conviveram com
períodos de inflação alta – acima de dois dígitos – e taxas de crescimento também
altas. O fenômeno foi teoricamente explicitado na década de 1960 pelo que se
convencionou chamar de curva de Phillips, um estudo empírico que evidenciava o
trade-off entre inflação e desemprego, implicando a existência de uma relação
positiva entre crescimento e inflação. Esse fato gerou intensos debates nas décadas
que se seguiram, e alguns autores tentaram criar explicações para a aparente
contradição.
Segundo Mankiw e Romer (1991), o curto prazo é neo-Keynesiano, enquanto o
longo prazo é inteiramente clássico, ou seja, variáveis nominais no curto prazo
como, por exemplo, a oferta de moeda podem causar flutuações em variáveis reais.
Logo, é possível que a inflação eleve o PIB no curto prazo. Essa relação positiva
entre inflação e crescimento é encontrada em Sarel (1996) e em Ghosh e Phillips
(1998).
Oreiro e Padilha (2006) já defendem que uma inflação alta imputa prejuízos
elevados ao crescimento, seja por criar custos financeiros elevados e variabilidade
excessiva dos preços relativos, seja por constituir-se de um processo instável para o
cenário macroeconômico. Por outro lado, também ressalvam que a inflação baixa
ajuda no crescimento, por ser um mecanismo de acomodação dos desequilíbrios
reais da economia, como os choques de oferta, a negociação de contratos de
trabalho, etc.
6
A incerteza dos agentes é reduzida desde que o governo seja crível, ou seja, desde que as pessoas acreditem
que ele realmente vai fazer isso.
12
Portanto, achar um patamar adequado para a inflação é de grande importância para
o crescimento do país. Para isso, existem várias ferramentas que podem ser
utilizadas no controle da inflação. A mais tradicional é a utilização da taxa de juros;
porém, existem outros mecanismos, tais como controle de taxa de câmbio e
choques de oferta, realizados com a expansão da capacidade produtiva (criando-se
condições favoráveis para aumento da produtividade) o que, por sua vez, culminarão
na redução do preço dos bens e serviços.
Segundo Eichengreen (2002), a adoção do regime de metas de inflação envolve
quatro elementos: comprometimento institucional da autoridade monetária com o
controle da inflação, instrumentos que possam realizar essa perseguição à meta,
transparência do governo em relação ao anúncio da meta, e, por fim, uma
comunicação com o público e os agentes econômicos da racionalidade das medidas
tomadas pelo Banco Central.
O Brasil está em um cenário no qual a manutenção do regime de metas não tem
sido suficiente para viabilizar um cenário de inflação totalmente sob controle e de
crescimento econômico sustentável. O Banco Central teve que elevar a taxa básica
de juros gradativamente de 7,25%a.a. em janeiro de 2013, chegando a 13,75%a.a.
em junho de 2015, o que tem afetado o crescimento econômico, visto que o
crescimento do PIB em 2014 foi de apenas 0,1%, segundo o FMI.
Segundo o FMI, o Brasil tem uma previsão de taxa de crescimento de 0,3% para
2015 e 1,4% para 2016, abaixo da previsão do Mundo que é de 3,5% para 2015,
3,7% para 2016 e, em comparação com outros países em desenvolvimento como
China e Índia, a diferença é ainda maior já que a previsão para esses países é,
respectivamente, 6,8%, 6,3% e 6,3%,6,5%, como demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2: Previsão de crescimento do PIB.
País
África do Sul
2015
2,10%
2016
2,50%
Região
América Latina
2015
2016
1,30%
2,30%
Argentina
-1,70%
-
Econ.Avançadas
2,40%
2,40%
Austrália
2,80%
3,00%
Emergentes
4,30%
4,70%
Brasil
0,30%
1,50%
Global
3,50%
3,70%
China
6,80%
6,30%
EUA
3,60%
3,30%
Índia
6,30%
6,50%
Fonte: Fundo Monetário Internacional
13
2. Revisão da Literatura
A discussão do tema de regime de metas de inflação é mais recente no mundo
acadêmico do que a discussão sobre o trade-off entre inflação e PIB. Podemos notar
que a literatura sobre metas de inflação é predominantemente do século XXI. Já o
debate do trade-off surge fortemente nas décadas de 1960 e 1970 com Friedman e
Phelps e é comentado até os dias atuais.
2.1. O trade-off entre inflação e crescimento
Phelps (1968) analisa o impacto que a inflação gera no desemprego e afirma que
uma inflação moderada e estável (“steady rate of inflation”) pode ser benéfica para
as firmas. Sem a inflação, firmas que precisariam cortar custos via redução de
salários se vêm obrigadas ou a aceitar reduzir seus lucros ou a demitir funcionários,
em vez de reduzir o salário de seus funcionários, porque alguns empregados
prefeririam sair da empresa a sofrer a humilhação de uma redução salarial. Em suas
palavras, “because some employees would rather quit than suffer the indignity of a
Money-wage cut” (PHELPS, 1968, p. 704).
Dessa forma, a inflação, ao diminuir o salário real dos empregados, pode ajudar a
conter um aumento no desemprego, o que geraria uma queda no produto.
Friedman (1969) discute os papéis da política monetária. Segundo o autor, há um
amplo consenso sobre os principais objetivos da política econômica: níveis elevados
de emprego, preços estáveis e crescimento rápido; porém, não há o mesmo
consenso de que essas metas sejam compatíveis entre si.
Para o autor, as autoridades monetárias, ao estabelecer um curso constante
(“steady course”) de oferta de moeda e se manter fiel a ele, estariam fazendo uma
contribuição fundamental para promover estabilidade econômica. Ao estabelecer e
perseguir tal curso, as autoridades estariam evitando tanto um excesso de inflação
como de deflação dos preços. Outras forças ainda afetariam a economia e
requisitariam ajustes; contudo, ao manter um crescimento estável de oferta de
moeda (“steady monetary growth”) proveriam um clima favorável e eficiente para as
forças básicas de empreendedorismo, engenhosidade, inovação, trabalho duro, que
são as genuínas causas do crescimento econômico, segundo o autor.
14
Já no caso de metas de inflação, os diversos artigos citados abaixo são muito mais
recentes. A importância de uma política monetária transparente, como advogada por
Friedman, evoluiu mais recentemente para a adoção de políticas de metas de
inflação.
2.2. O debate sobre a política de metas de inflação
A meta de inflação é uma política que visa controlar o nível de preços de forma a
possibilitar um melhor desenvolvimento do país. Um teto mais elevado das metas de
inflação pode ser extremamente útil em uma crise financeira, conforme afirma o
diretor de pesquisa do FMI, Olivier Blanchard. Por exemplo, nos países mais
industrializados, os Bancos Centrais tentam manter a inflação abaixo de 2% ao ano.
Uma menor inflação significa menores taxas de juros; logo, quando uma crise atinge
o país como, por exemplo, a crise de 2008, os Bancos Centrais ficam com poucas
possibilidades de cortar as taxas antes que atinjam 0%. Quando a taxa atinge 0%, o
país depende apenas da política fiscal para estimular a economia, o que pode gerar
um grande problema de déficit nas contas do governo. Blanchard (2010) afirma que
manter a taxa de juros nominal em valor nulo é muito custoso à economia, de forma
que, se os Bancos Centrais tivessem estipulado metas mais altas, eles também
teriam possibilidade de estabelecer juros um pouco mais elevados, permitindo mais
espaço para manobras monetárias que mantivessem a economia funcionando de
forma mais satisfatória. Blanchard também defende uma meta de 4% ao ano:
“Between 2% and 4%, there isn't much cost from inflation”. (BLANCHARD, 2010)
O argumento de Blanchard (2010), no entanto, vai contra décadas de política
monetária, e devemos pensar se, nesse caso, a cura não causa piores efeitos
comparados à doença, conforme argumenta Douglas Porter (CASTALDO, 2010),
economista chefe no BMO Capital Markets, já que pode afetar as expectativas do
mercado, fazendo com que a situação da economia fique fora de controle. Craig
Wright (CASTALDO, 2010), economista chefe do RBC Financial Group, diz: “The risk
is, if 4% is better than two, then maybe six is better than four. Where do you stop?”.
(CASTALDO, 2010)
Wright ainda argumenta que a política deve ser baseada nos eventos mais prováveis
e não nos casos esporádicos, tais como a crise de 2008.
15
Farhi (2007) diz que um regime de metas muito rígido tende a trazer uma maior
volatilidade nas taxas de juros e no produto do país, o que gera custos sociais, uma
vez que gera incerteza nas expectativas dos investidores, dificultando o acesso a
crédito.
Fonseca, Peres e Araújo (2013) realizam uma análise comparativa entre regimes de
metas de inflação do Brasil, África do Sul, Chile, Colômbia, Coréia do Sul e México,
através de um modelo autorregressivo com vetores de correção de erros (VEC).
Como quase todas as séries são identificadas de ordem um, além dos usuais testes
de raiz unitária para verificar as ordens de integração das variáveis para cada país,
são realizados os testes de cointegração. Também é feita a seleção das
defasagens, a causalidade de Granger e as funções de Impulso-Resposta de cada
país. Os autores fazem uma análise da eficácia do regime de metas nessas
economias, dividindo os países em dois grupos: países com regimes de metas de
inflação mais flexíveis (África do Sul, Chile, Coréia do Sul e Colômbia), e países com
regimes mais rígidos (Brasil e México). Segundo os autores, o regime brasileiro de
metas é menos efetivo que em outros países emergentes, uma vez que o regime
brasileiro, implantado em 1999, é bastante rígido e deveria ser flexibilizado, ou seja,
deixar de ser um regime de preços cheio para um mais flexível com a exclusão de
itens, como alimentos e energia, do regime (como a Coréia fez). Além disso, os
autores apontam a Coréia do Sul como um bom exemplo de país que flexibilizou seu
regime de metas de inflação e obteve melhorias no crescimento do produto, que foi
de 10,7% em 1998, com uma inflação de 1%. Também apontam que os horizontes
de convergência das metas estipuladas dos outros países são mais coerentes que
aqueles previstos para o Brasil (dois anos ou mais) e, dessa forma, as políticas
monetárias que sofrem com uma defasagem temporal têm mais tempo para surtir
efeito sobre os agentes econômicos.
Já Modinesi (2011) aponta que a inflação no Brasil tem baixa sensibilidade às
mudanças na taxa de juros (prática muito utilizada pelo governo brasileiro) e, dessa
forma, a inflação brasileira seria mais influenciada por outras variáveis, como o
câmbio por exemplo. Segundo o autor, a flexibilização do regime atual de metas de
inflação brasileiro claramente não acabaria com todos os problemas de crescimento
do país.
16
2.3. A necessidade do controle inflacionário
É sabido que existem outras variáveis exógenas que impactam na relação entre a
meta de inflação e o crescimento econômico, tais como o ritmo de crescimento
internacional (sobretudo o crescimento da China, que é o maior consumidor de
commodities e é fundamental na pauta de exportação tanto do Brasil quanto da
Argentina e Austrália). Assim, em meio a todo o debate levantado nos itens
anteriores, vale ressaltar a importância do controle inflacionário em si e as
especificidades do regime de metas de inflação.
Para analisar a pertinência e o impacto da utilização do regime de metas
inflacionárias, é também relevante utilizar a teoria de expectativas racionais de
Robert Lucas Junior. Fischer (1996) defende que a teoria de Lucas revolucionou a
macroeconomia na década de 1970 e, mais significantemente, estabeleceu uma
abordagem
analítica
alternativa
que
se
tornou
a
corrente
principal
na
macroeconomia. Sua teoria baseia-se na hipótese de que os agentes econômicos
usam toda a informação disponível, assim como previsões, para antecipar, de forma
racional, as atitudes e políticas futuras do governo. Dessa forma, elas são capazes
de reagir no presente de acordo com as expectativas criadas, o que pode anular, em
algum grau, a efetividade dessas políticas, em particular aquelas voltadas ao
estímulo do produto por meio de mecanismos monetários.
17
3. Metodologia
Para analisar se vale a pena seguir um regime de metas de inflação, e qual o
impacto de divergir dessa meta no produto, será estimado entre Brasil e Austrália
um sistema de equações amplamente conhecidas no mundo econômico e muito
utilizadas no mundo acadêmico. Esse mesmo sistema será usado entre Brasil e
Argentina para analisar o impacto da inflação no crescimento econômico; a diferença
entre os dois casos estará na variável META que assumirá valores diferentes de
acordo com a situação.
Um exemplo de aplicação empírica dessas equações encontra-se em Laurrabaquio
(2013), que buscou estudar o efeito dos preços sobre o produto para três setores da
economia mexicana.
O sistema de equações é composto pela regra de Taylor, Curva IS e pela Curva de
Phillips.
A regra de Taylor (criada por John B. Taylor), é uma regra macroeconômica que
relaciona a taxa de juros com a inflação e o produto e visa determinar de maneira
exógena a taxa de juros. A Curva IS (formalizada por John Richard Hicks) relaciona
o produto com a taxa de juros e, ceteris paribus, representa a condição de equilíbrio
do mercado de bens que, representada graficamente, apresenta inclinação
decrescente. A Curva de Phillips (criada por Willian Phillips) estabelece um trade-off
entre inflação e desemprego visando analisar a relação entre ambos no curto prazo.
Essas serão as equações a ser estimadas. Através delas, utiliza-se o método de
mínimos quadrados ordinários (MQO) para estimar a equação que deriva do
conjunto de equações mencionadas. Tal equação mostra uma relação do produto
com a inflação e a meta de inflação, como será apresentado abaixo, e que quando
estimada para os períodos pré e durante o regime de metas de inflação nos ajudará
a conhecer o efeito da inflação na produção antes e durante o período de metas. Os
dados serão extraídos das bases do Fundo Monetário Internacional.
As equações estimadas serão uma Regra de Taylor (equação 1), uma Curva IS
(equação 2) e uma Curva de Phillips (equação 3), como ilustrado a seguir:
18
(1) 𝑅 = 𝑟 ∗ + 𝛼(𝜋 − 𝜋 ∗ ) + 𝛽(𝑌 − 𝑌 ∗ )
(2) Ỹ = 𝑦 − 𝛿(𝑅 − 𝑟)
(3) 𝜋 = 𝜋𝑡−1 + 𝑣Ỹ + θ
R representa a taxa de juros real; r*, a taxa natural de juros; π, a taxa de inflação;
π*, a meta de inflação; Y-Y*, o desvio do produto real em relação ao produto
potencial; y representa os choques em demanda agregada; θ representa as
perturbações dos preços; e α, β, б, ν são parâmetros.
Com as equações acima, constrói-se um modelo de oferta e demanda agregada que
explica o funcionamento teórico do regime de inflação de uma economia. Para
construir a equação de demanda, deve-se tomar a equação (1) sem o desvio do
produto real:
(4) 𝑅 − 𝑟 ∗ = 𝛼(𝜋 − 𝜋 ∗ )
Como (4) depende unicamente da diferença da taxa de inflação e a meta de
inflação, ao igualar com a equação (2), cria-se a seguinte curva de demanda
agregada:
(5) Ỹ = 𝑦 − 𝛿𝛼(𝜋 − 𝜋 ∗ )
Isso nos evidencia que a diferença do produto real para o produto potencial depende
da diferença da inflação para sua meta. Já a curva de oferta agregada é construída
a partir de um raciocínio lógico da curva de Phillips (3), uma vez que, de maneira
convencional, uma curva de oferta agregada descreve a quantidade de bens e
serviços que as empresas estão dispostas a vender em determinado nível de
preços; esse mesmo raciocínio encontra-se na curva de Phillips, em que
substituindo 𝜋𝑡−1 por 𝜋𝑡𝜖 se obtém:
(6) 𝜋 = 𝜋𝑡𝜖 + 𝑣Ỹ + θ
Dessa forma, as expectativas dos indivíduos passam a ser racionais (FRIEDMAN,
1968; PHELPS, 1968).
Com as curvas de oferta e demanda criadas, o modelo de inflação em seu estado
estacionário é apresentado na Figura 1:
19
Figura 1
Gráfico Inflação/Produto
Fonte: Elaboração própria a partir de Jones (2009).
Demanda Agregada é negativamente inclinada, uma vez que existe uma relação
inversa entre a taxa de juros e a produção econômica (curva IS); já a Oferta
Agregada tem uma inclinação positiva pela relação positiva entre produto e inflação
(curva de Phillips). O ponto em que as curvas se encontram indica que a inflação
esperada e o produto efetivo são iguais ao seu objetivo de inflação e produto
potencial, ou seja, estão em seu equilíbrio de longo prazo.
Caso o Banco Central decida passar a meta de inflação de, por exemplo, 2p para p,
usando o conceito da Regra de Taylor, ele aumenta as taxas de juros, assim, a
Demanda Agregada deslocar-se-á para baixo; logo, com o deslocamento da
Demanda Agregada, os agentes econômicos ajustarão suas expectativas de inflação
de forma que a curva de Oferta Agregada também se desloque para baixo. Dessa
forma, o governo pode trazer a inflação para a meta, como se ilustra na Figura 2.
20
Figura 2
Gráfico Inflação/Produto
Pós-choque
Fonte: Elaboração própria a partir de Jones (2009).
Portanto, para modelar o efeito que um regime de metas de inflação causa no
produto, deve-se estimar a curva (5) de demanda agregada:
(7) Ỹit = 𝑦0 − ∅(𝜋𝑡 − 𝜋 ∗ )𝑖𝑡 + 𝑢𝑖𝑡
Onde 𝑦0 é a constante do sistema; ∅, o parâmetro a ser estimado que mede a
sensibilidade da inflação na produção econômica; u, o erro que representa as
variações em Ỹit que não são explicadas pelo modelo.
Para que o efeito da inflação com o produto seja em termos percentuais, ambas as
variáveis serão transformadas em seus logaritmos.
Portanto, ao fazer a estimação de 1980 até 1993 e depois de 1993 até 2014 para a
Austrália, e de 1980 até 1998 e depois de 1999 até 2014 para Brasil e Argentina
será possível conhecer o efeito que a inflação causava no produto antes e no atual
regime. Apesar de a Argentina não ter adotado o regime de metas de inflação,
comparar seu resultado para o mesmo período que o caso brasileiro traz resultados
importantes.
21
4. Dados
4.1 Austrália
Para a Austrália, foram utilizados dados de crescimento do PIB divulgados pelo
Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1980 até 2014, com periodicidade anual,
sendo que o período pré-meta de inflação delimita-se entre 1980 e 1993, e o período
pós-meta de 1993 em diante. Para a Inflação, os dados também foram fornecidos
pelo FMI.
As estatísticas descritivas para a economia australiana encontram-se na Tabela 3, e
o comparativo entre inflação pré e pós meta de inflação está no Gráfico 3. É possível
notar que o regime de metas de inflação teve êxito em diminuir a inflação, passando
de uma média de 6,95% de 1980 a 1993, para 2,64% de 1993 a 2014.
Figura 3: Gráfico de Inflação para a Austrália.
Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional.
22
Tabela 3: Dados de PIB e Inflação para Austrália.
Série
AUSGDP AUSGDP
19801993Amostra
1993
2014
Observações
14
22
Média
3,0379
3,3725
Máximo
6,34
4,99
Mínimo
-1,21
1,53
Desvio Padrão
2,27
0,91
Série
AUSINFLA AUSINFLA
19801993Amostra
1993
2014
Observações
14
22
Média
6,9513
2,64
Máximo
11,35
4,62
Mínimo
1,01
0,22
Desvio Padrão
3,26
1,15
Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional.
4.2 Brasil
Para o Brasil, foram utilizados dados de crescimento do PIB divulgados pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI), de 1980 até 2014, com periodicidade anual, sendo
que o período pré-meta de inflação delimita-se entre 1980 e 1998, e o período pósmeta de 1999 em diante. Para a Inflação, os dados também foram fornecidos pelo
FMI.
Podemos observar a trajetória da inflação no Gráfico 4, e as estatísticas descritivas
para a economia brasileira encontram-se na Tabela 4. Notamos bem claramente os
picos de hiperinflação, na qual a inflação chegou a atingir 2947,73% em 1989. Além
disso, fica evidente que, com o Plano Real e o regime de metas de inflação, o Brasil
teve êxito em acabar com a hiperinflação.
23
Figura 4: Gráfico de Inflação para o Brasil.
Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional.
Tabela 4: Dados de PIB e Inflação para o Brasil.
Série
BRAGDP BRAGDP
19801999Amostra
1998
2014
Observações
19
16
Média
2,4302
2,971
Máximo
9,19
7,53
Mínimo
-4,4
-0,328
Desvio Padrão
3,93
2,32
Série
BRAINFLA BRAINFLA
19801999Amostra
1998
2014
Observações
19
16
Média
622,29
6,45
Máximo
2947,73
14,71
Mínimo
3,19
3,64
Desvio Padrão
859,08
2,51
Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional.
4.3 Argentina
Para a Argentina, também foram utilizados dados de crescimento do PIB divulgados
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1980 até 2014, com periodicidade
anual, sendo que o primeiro período delimita-se entre 1980 e 1998, e o segundo
período de 1999 em diante. Para a Inflação, os dados também foram fornecidos pelo
FMI.
24
Podemos observar a trajetória da inflação no Gráfico 5, e as estatísticas descritivas
para a economia argentina encontram-se na Tabela 5. Assim como no gráfico do
Brasil, a Argentina demonstra picos de hiperinflação. Podemos observar isso
claramente na tabela abaixo, na qual o desvio padrão para o período 1980-1998
atinge 832,91, com uma inflação máxima de 3079,45% e mínima de 0,15%.
Figura 5: Gráfico de Inflação para a Argentina.
Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional.
Tabela 5: Dados de PIB e Inflação para a Argentina.
Série
ARGGDP ARGGDP
19801999Amostra
1998
2014
Observações
19
16
Média
1,9727
2,9363
Máximo
10,48
9,19
Mínimo
-7
-10,89
Desvio Padrão
5,56
6,15
Série
ARGINFLA ARGINFLA
19801999Amostra
1998
2014
Observações
19
16
Média
431,3
8,37
Máximo
3079,45
25,86
Mínimo
0,15
-1,16
Desvio Padrão
832,91
6,76
Fonte: Elaborado a partir de dados do Fundo Monetário Internacional.
25
5. Resultados comparando Brasil e Austrália
5.1 Austrália – Periodicidade Anual
Para a Austrália, estimou-se a seguinte Equação:
AUSGDP =𝛽+ ∅*(AUSINFLA-AUSMETA).
Na qual 𝛽 é a constante do sistema; e ∅, o parâmetro a ser estimado que mede a
sensibilidade do crescimento do PIB com relação a variações da inflação.
Para os períodos em que o país ainda não estava no regime de metas, foi adotado
AUSMETA=07.
Tabela 6: Estimação para a Austrália de 1980 até 1993.
Variável Dependente
AUSGDP
Amostra
1980-1993
Variável
Coeficiente
C
3,8706
AUSINFLA-AUSMETA
-0,1197
Desvio Padrão
1,5103
0,1979
P-valor
0,0249
0,5564
Tabela 7: Estimação para a Austrália de 1993 até 2014.
Variável Dependente
AUSGDP
Amostra
1993-2014
Variável
Coeficiente
C
3,4567
AUSINFLA-AUSMETA
-0,3192
Desvio Padrão
0,1866
0,1569
P-valor
0,0000
0,0554
Se analisarmos os dados australianos, no período de metas de inflação o P-valor é
0,0554, ou seja, é estatisticamente significante com 95% de confiança, e podemos
observar um resultado no qual, se a inflação ultrapassar a meta, o produto em média
cairá. Já se a inflação for inferior à meta, o produto em média aumentará. Esse
resultado não corrobora com a teoria de que economia em um ritmo maior de
7
AUSMETA = Meta de inflação anual australiana. AUSINFLA = Índice de Preços ao
Consumidor anual australiano. AUSGDP = Crescimento anual do PIB australiano.
26
crescimento, ou seja, mais aquecida, deveria ter preços mais elevados. Por outro
lado, era esperado que uma divergência em relação à meta estabelecida, tanto para
cima como para baixo, teria um impacto negativo para o crescimento australiano.
Isso se justifica pela teoria de expectativas racionais de Robert Lucas Jr., uma vez
que, como o país tem um histórico de inflação dentro da meta, qualquer saída desse
patamar afeta as expectativas dos agentes, prejudicando, assim, o resultado de
crescimento do país.
Já para o período de 1980 até 1993, o P-valor deu não significante a 95% de
confiança.
5.2 Brasil – Periodicidade Anual
Para o Brasil estimou-se a seguinte Equação:
BRAGDP =𝛽+ ∅*(BRAINFLA-BRAMETA).
Sendo que para os períodos em que o país ainda não estava no regime de metas,
foi adotado BRAMETA=08.
Tabela 8: Estimações para o Brasil de 1980 até 1998.
Variável Dependente
BRAGDP
Amostra
1980-1998
Variável
Coeficiente
C
2,9515
BRAINFLA-BRAMETA
-0,0008
Desvio Padrão
1,1383
0,001092
P-valor
0,0190
0,4536
Tabela 9: Estimações para o Brasil de 1999 até 2014.
Variável Dependente
BRAGDP
Amostra
1999-2014
Variável
Coeficiente
C
3,2222
BRAINFLA-BRAMETA
-0,147
Desvio Padrão
0,6881
0,2055
P-valor
0,0004
0,4861
O caso brasileiro com dados anuais apresentou os mesmos sinais que o australiano;
seu resultado não é significante para nenhum dos períodos, uma vez que o P-valor
8
BRAMETA = Meta de inflação anual brasileira. BRAINFLA = Índice de Preços ao Consumidor anual
brasileiro. BRAGDP = Crescimento anual do PIB brasileiro.
27
para ambos os casos foi superior a 0,45. O que pode ajudar a explicar esse
resultado é a diferença amostral dos dados anuais e trimestrais, já que com dados
anuais os efeitos anuais são englobados, como por exemplo a típica política do
Estado de conter os gastos no fim do ano para se manter dentro do planejamento. A
seguir será realizada a estimação com dados trimestrais visando conter esse efeito.
5.2.1 Brasil – Periodicidade Trimestral
Como a periodicidade dos dados anuais pode atrapalhar ou comprometer os
resultados, é possível usar dados trimestrais para o caso brasileiro, pois é esperado
que, com o aumento da amostra, seus resultados se tornem significantes. Os dados
trimestrais tanto para o crescimento do PIB como para a Inflação foram divulgados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já para a Austrália, como
não há disponibilidade de dados trimestrais, serão mantidos os dados anuais, uma
vez que, apesar de não estarem com a mesma periodicidade, analisar seus sinais
traz significantes resultados para a conclusão.
Para comparar os resultados dentro do mesmo plano econômico, no caso o Plano
Real, foram feitas três regressões em três períodos diferentes, de 1981 até 1994, ou
seja, fora do Plano Real, e mais duas dentro do plano: 5 anos antes e 5 anos depois
do regime de metas ter sido incorporado.
Tabela 10: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1981 até 1994.
Variável Dependente
BRAGDP
Amostra
1981-1994
Variável
Coeficiente
C
1,0450
BRAINFLA-BRAMETA
0,0129
𝑅 2 =0,01
Desvio Padrão
1,0826
0,0179
P-valor
0,3391
0,4755
28
Tabela 11: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 1995 até 1999.
Variável Dependente
BRAGDP
Amostra
1995-1999
Variável
Coeficiente
C
0,4754
BRAINFLA-BRAMETA
0,8582
𝑅 2 =0,29
Desvio Padrão
0,9151
0,3256
P-valor
0,0601
0,0173
Tabela 12: Estimações com dados trimestrais para o Brasil de 2000 até 2004.
Variável Dependente
BRAGDP
Amostra
2000-2004
Variável
Coeficiente
C
0,9229
Desvio
Padrão
0,5519
BRAINFLA-BRAMETA
0,5715
0,2586
P-valor
0,1255
0,0516
2
𝑅 =0,33
Usando dados trimestrais para o Brasil, podemos notar resultados significantes a
95% de confiança. Podemos observar que, a partir do primeiro trimestre de 1981 até
janeiro de 1994, o coeficiente de (∅) é irrelevante, uma vez que seu P-valor é de
0,4755; esse resultado já era esperado devido à hiperinflação do período. Já para o
período de 1995-1999, quando o Plano Real já tinha sido implantado, o coeficiente
de (∅) é significante com P-valor de 0,0173. Também para o período de metas de
inflação, notamos que o coeficiente de (∅) é significante com P-valor de 0,0516.
Podemos observar que, com a inflação igual à meta de inflação, a economia teria
em média um crescimento positivo. Se a inflação ultrapassar a meta, o produto em
média aumentará. Por fim, se a inflação for inferior à meta, o produto em média
cairá. Tais resultados eram esperados, pois diferentemente do caso australiano, o
caso brasileiro possui uma divergência maior em relação ao centro da meta, o que
pode ser demonstrado pelo maior desvio padrão observado na economia brasileira.
Dessa forma, já é esperado pelos agentes que o nível de inflação não fique no
centro da meta; logo, um pequeno desvio não surpreende os agentes ou suas
expectativas como no caso australiano.
Não afeta negativamente o crescimento do país. Portanto, a teoria de que no curto
prazo uma elevação nos preços deixa a economia mais aquecida parece se
sustentar para o caso brasileiro.
29
6. Resultados comparando Brasil e Argentina
Este comparativo visa enfocar o impacto da inflação no PIB, visto que a Argentina
não adota o regime de metas de inflação.
6.1 Argentina – Periodicidade Anual
Para a Argentina, estimou-se a seguinte Equação:
ARGGDP =𝛽+ ∅*(ARGINFLA-ARGMETA).
Para a Argentina ARGMETA=09 para todo o período.
Tabela 13: Estimação para a Argentina de 1980 até 2013.
Variável Dependente
ARGGDP
Amostra
1980-2013
Variável
Coeficiente
C
3,3400
ARGINFLA-ARGMETA
-0,0033
Desvio Padrão
1,0078
0,0014
P-valor
0,0023
0,0320
A Argentina apresentou sinal negativo para (∅) durante todo o período de estudo,
esse resultado é significante com 95% de confiança. Tal resultado está de acordo
com o esperado, uma vez que a Argentina tem um histórico de inflação muito alta no
período, o que gera um impacto negativo no produto, pois como é frisado por
Mankiw e Romer (1991) e por Oreiro e Padilha (2006) apesar de a inflação trazer
benefícios para o crescimento no curto prazo, longos períodos de grande inflação
são prejudiciais ao crescimento econômico.
Agora se compararmos com os resultados da seção 5.2.1 para o Brasil do período
de 1995-1999 no qual a meta também é igual a 0, notamos um comportamento
distinto no qual a inflação possui um impacto positivo no PIB. Esse fato também está
de acordo com Mankiw e Romer (1991) e por Oreiro e Padilha (2006). Em ambos os
períodos em que o P-valor é significante para o Brasil, notamos um impacto positivo,
uma vez que por ser uma inflação mais baixa que a argentina, essa inflação ainda
pode ser benéfica ao crescimento do PIB.
9
ARGMETA = Meta de inflação anual argentina, ARGINFLA = Índice de Preços ao Consumidor anual
argentino. ARGGDP = Crescimento anual do PIB argentino.
30
7. Conclusões
Este trabalho teve por objetivo estudar se vale a pena seguir um regime de metas de
inflação e qual o impacto de divergir dessa meta no produto. Para tanto, foi realizada
uma análise entre dois países, Brasil e Austrália. Além disso, foi avaliado o impacto
da inflação no crescimento econômico a partir da análise do caso brasileiro e do
caso argentino, o que reforçou a necessidade de controle da inflação.
No caso do Brasil, utilizando os dados trimestrais, foi possível observar resultados
mais relevantes do que os resultados anuais. A partir da análise trimestral, pudemos
notar que, com a inflação igual à meta de inflação, a economia teria em média um
crescimento positivo. Já se a inflação ultrapassasse a meta, o produto em média
aumentaria, porém sabemos que existe um limite até onde esse impacto pode ser
positivo, uma vez que a inflação alta ou hiperinflação como mencionado traz
prejuízos. E por fim se a inflação fosse inferior à meta, o produto em média cairia.
Esses fatos corroboram a ideia de que, em uma economia aquecida, os preços se
elevam. Portanto, podemos inferir que se a inflação estiver em patamares
considerados baixos, de um dígito por exemplo, ela pode trazer benefícios ao
crescimento do PIB, como podemos notar para o caso do Brasil. Antes mesmo de
ter sido instalado o regime de metas, a inflação gerava um impacto positivo para o
crescimento do PIB brasileiro (coeficiente 0,8582 para ∅ de 1995-1999), assim como
no período de metas de inflação.
O que pode justificar esse resultado é que uma inflação baixa, de um dígito como foi
em média a inflação para o período dos resultados pós Plano Real, pode trazer
benefícios como a facilitação dos ajustes no mercado de trabalho. Uma vez que os
salários nominais são rígidos para baixo, a inflação permite que ajustes salariais
sejam realizados através de uma redução do salário real sem que exista a
necessidade de cortes no nível de emprego (Tobin, 1972), já que, se o nível de
emprego cair, o crescimento do PIB do país cairá. Alguma inflação também é
importante para combater a deflação, tanto que países como o Japão e os
pertencentes à União Europeia tentam gerar inflação através de QEs (Quantitative
31
easing10) financiados principalmente por geração de moeda, uma vez que a deflação
afeta o consumo de forma que as pessoas passam a preferir consumir no futuro em
vez de consumir no presente, o que diminui a atividade econômica.
Por outro lado, uma inflação de quatro dígitos como já foi a inflação brasileira
durante o primeiro período de estudo (1981-1994) é extremamente prejudicial à
economia, pois imputa prejuízos elevados ao crescimento, por criar custos
financeiros elevados, variabilidade excessiva dos preços relativos e constituir-se de
um processo instável para o cenário macroeconômico (OREIRO e PADILHA, 2006).
Além disso, com esses resultados, fica ainda mais clara a relevância que o Plano
Real teve no combate à hiperinflação que assolou este país até então.
Já se observarmos os dados australianos, para o período de metas de inflação,
podemos observar um sinal negativo, contrário ao sinal brasileiro. O que pode
justificar isso é o fato de a Austrália ser um país desenvolvido e muito mais
intolerante à inflação; os australianos diferentemente dos brasileiros não possuem a
expectativa de que o país ficará fora do centro da meta, o que ocorre no Brasil como
vimos na Tabela 1. A Austrália possui um passado de inflação controlada há
décadas, sem passar de um dígito, com média de 2,64% para 1994 a 2014, ou seja,
colada no centro da meta. Tal inflação não representa nada se comparada à média
de inflação de Brasil e Argentina para o mesmo período. Além disso, diferentemente
da Europa e do Japão, a Austrália não está lutando contra a deflação; logo, um
aumento pode surpreender os agentes econômicos e afetar suas expectativas e,
portanto, o nível de emprego e o produto. Outro fator que pode ajudar a explicar
esse resultado é a diferença amostral dos dados anuais e trimestrais, já que com
dados anuais os efeitos anuais são englobados, como por exemplo a típica política
do Estado de conter os gastos no fim do ano para se manter dentro do
planejamento.
Isso também pode ser uma das explicações do porquê do caso brasileiro com dados
anuais apresentar resultados insignificantes para ambos os períodos.
10
Quantitative easing (QE) é um tipo de política monetária utilizada pelos bancos centrais para estimular a
economia quando a política monetária padrão tornou-se ineficaz. Um banco central implementa o QE através da
compra de determinados montantes de ativos financeiros de bancos comerciais e outras instituições privadas,
elevando os preços dos ativos financeiros e reduzindo o seu rendimento, aumentando ao mesmo tempo a base
monetária (ELLIOTT, LARRY, 8 January 2009).
32
O caso Argentino corrobora a ideia da necessidade de controle da inflação, pois a
Argentina apresentou sinal negativo para (∅) durante todo o período de estudo.
Sofrendo com uma hiperinflação que atingiu 3079,45% em 1989 e inflação alta de
25,89% em 2002, tamanha inflação não possui mais o efeito benéfico como
mencionado previamente e traz diversos problemas para a economia.
Foi possível notar que todos os três países obtiveram melhora em ambos os
resultados de PIB e inflação do primeiro período para o segundo. A Austrália passou
de uma média de crescimento de 3,03% para 3,37% e sua inflação passou de uma
média aproximadamente de 7% para 2,64%, bem próxima à meta estipulada pelo
governo. O Brasil passou de um crescimento de 2,43% para aproximadamente 3%
e, com o fim da hiperinflação, obteve o impressionante resultado de passar de uma
média de 622,29% para 6,45%, exatamente o teto da meta atual. Por fim, o caso
Argentino, dividido no mesmo período que o Brasileiro (1990-1998;1999-2014) para
efeito de comparação, evidenciou que mesmo um país que não adotou o processo
de regime de metas também obteve melhoras expressivas em seus resultados: seu
crescimento passou de 1,97% para 2,93% e sua média de inflação caiu de 431,3%
para 8,37%; porém, vale ressaltar que foi o pior resultado dos três e que é provável
que essa inflação seja ainda maior. Esse resultado era esperado para os casos
latinoamericanos, uma vez que ambos os países tiveram impactos muito negativos
na década de 1980.
Portanto, seguir metas de inflação para reduzir a inflação a níveis aceitáveis vale a
pena como foi indicado pelos resultados dos países nas últimas décadas. No longo
prazo, a inflação é prejudicial. Logo, manter uma inflação acima da meta de modo a
deixar a economia mais aquecida para aumentar o crescimento do PIB deve ser
uma política apenas de curto prazo e não uma ferramenta constante para gerar
crescimento “artificial” que não se sustenta a longo prazo. Além do que, deixar a
inflação acima da meta por longos períodos de tempo afeta de forma significativa a
expectativa do mercado e dos consumidores, o que pode acarretar em situações nas
quais o país, mesmo que com uma inflação maior, gera um crescimento pior, como o
atual cenário brasileiro no qual o governo não possui muita credibilidade, visto que
deixou a inflação no teto da meta por vários anos, e possui uma inflação acumulada
nos últimos doze meses superior à meta.
33
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