Distúrbios do Na+ MARIANA PEREIRA RIBEIRO 6° SEMESTRE 07/12/2015 Principais problemas clínicos na emergência; Cuidado com pacientes críticos: ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ Grande queimado; Trauma; Sepse; ICC e IRA; Iatrogenia. Sódio Sódio ◦ Íon mais importante do espaço extracelular; ◦ Responsável pela manutenção do volume do líquido extracelular; ◦ Valor de referência normais: Na+ = 135 a 145 mEq/L. Fisiologia A natremia é o principal determinante da osmolaridade dos nossos fluídos! NORMAL - Na+ 135-145 mEq/L Osmolaridade plasmática: 2x[ Na+ ] + Glic/18 + [Ur]/6 → 2x 140+90/18+30/6=290 Sódio é responsável por 280 dos 290 da osmolaridade. Mecanismo regulatório da natremia 1 – ADH ( Hormônio Antidiurético) 2 – Centro da SEDE ADH produzido no hipotálamo ( centro osmorregulador) e armazenado na neuro-hipófise Nos protege da hiperosmolaridade ao promover a concentração da urina, ao fazer o rim “guardar” água limpa livre de solutos Mecanismo sensível (alterações de 1-2%). Osmolaridade plasmática: < 275 deixa de ser liberado; >275 é liberado proporcionalmente. Atua no nefron distal (túbulo coletor) estimulando a incorporação de aquaporinas Resposta do ADH não dependente de osmolaridade: ↓ volemia >8% A Sede Grupo de neurônios no hipotálamo anterior ativados por aumentos da osmolaridade sérica acima de 290 mOsm/L. É o principal fator protetor contra osmolaridade Quando a perda de água é grande, o aumento da absorção de água pelo rim não é suficiente para reestabelecer a volemia →ESTÍMULO A INGESTÃO HÍDRICA. Hiponatremia Definida como sódio sérico menor que 135 mEq/L. Distúrbio muito frequente. Fatores de risco idade avançada (> 75 anos); sexo feminino; uso de vários medicamentos; insuficiência renal; e presença de comorbidades. Etiologia e Fisiopatologia Medicamentos ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ Diuréticos tiazídicos. Antipsicóticos (clássicos e atípicos). Antidepressivos tricíclicos, tetracíclicos e atípicos. Inibidores da recaptação de serotonina. Estabilizadores do humor e anticonvulsivantes: lítio, carbamazepina, ácido valproico, gabapentina e lamotrigina. Benzodiazepínicos: lorazepam, alprazolam, clonazepam e outros. Opioides. Clorpropramida. Clofibrato. Ciclofosfamida. Vincristina. Etiologia e Fisiopatologia Estados edematosos ◦ sinais de aumento do volume do espaço extracelular. ◦ hiponatremias hipervolêmicas. ◦ Insuficiência cardíaca, insuficiência hepática, insuficiência renal e síndrome nefrótica. Etiologia e Fisiopatologia Desidratação ◦ sinais ou sintomas de desidratação. ◦ Hiponatremia hipovolêmica. ◦ Investigar minha perda de sódio. Etiologia e Fisiopatologia Renal Extrarrenal Sódio urunário > 20 mEq/L <10 mEq/L Quadros diuréticos, hiperglicemia com diurese osmótica, insuficiência adrenal, nefropatia perdedora de sal ou acidose tubular renal. diarreia, vômitos, hemorragia, perda de fluidos para terceiro espaço, esmagamento muscular ou queimaduras. Etiologia e Fisiopatologia Hiperglicemia ◦ Aumento da osmolalidade. ◦ Diurese osmótica. ◦ Pode-se corrigir o sódio, por hiperglicemia, com a seguinte fórmula: + + Na corrigido: Na medido + variação da glicemia. Etiologia e Fisiopatologia Volemia normal ◦ ◦ ◦ ◦ Tem hipotireoidismo? Tem insuficiência adrenal? E transtorno psiquiátrico? Se negativo, pensar em SSIADH Medicamentos, doenças do SNC, doenças pulmonares, câncer e pósoperatório. INVESTIGAÇÃO DA CAUSA DA HIPONATREMIA 1) Pode ser uma pseudo-hiponatremia? 2) Quais medicamentos o paciente usa? Ele(s) pode(m) causar hiponatremia? 3) Há sinais de aumento do volume extracelular? 4) Há sinais de desidratação ou hipovolemia? Se positivo, avaliar o sódio urinário; pode ser renal ou extrarrenal. 5) Há hiperglicemia? 6) Pode ser transtorno psiquiátrico? 7) Sempre pensar em hipotireoidismo e insuficiência adrenal. 8) HIV? Uso de tiazídico? 9) Tudo acima negativo? Pode ser uma SSIADH. Avaliar pulmão, sistema nervoso central ou câncer. Quadro clínico A hiponatremia, por si só, pode se manifestar com: ◦ Sintomas sistêmicos: fraqueza, adinamia, anorexia, fadiga, vômitos, malestar. ◦ Manifestações neurológicas: costumam ser progressivas e dependem do valor do sódio sérico e da velocidade de instalação. Incluem: sonolência, confusão, convulsões e coma. De acordo com a etiologia: ◦ Insuficiência cardíaca: dispneia, edema de membros inferiores, hepatomegalia dolorosa, turgência jugular, B3, crepitações pulmonares etc. ◦ Insuficiência hepática:ascite,edema de membros inferiores,telangiectasias,eritema palmar, ginecomastia, circulação colateral etc. ◦ Diarreia aguda: desidratação, hipotensão, taquicardia. Exames laboratoriais sódio sérico, sódio urinário e glicemia Medida direta da osmolalidade plasmática Concentração urinária de sódio Outros exames: ◦ ◦ ◦ ◦ Dosagem de TSH; Cortisol sérico basal e pós-estimulação com cortrosina (ACTH). Radiografia ou tomografia de tórax: avaliar doenças pulmonares. Tomografia de crânio: doenças neurológicas. Diagnóstico diferencial intoxicações agudas; hipoglicemia; hipóxia; hematoma subdural crônico; epilepsia; tumores do sistema nervoso central; acidente vascular cerebral; sepse; hipercalcemia. Tratamento Suporte clínico: corrigir distúrbios hemodinâmicos, hipoxemia, infecções etc. Tratar a causa de base. Aumento do sódio sérico com muita cautela mediante fórmula de correção do sódio. Variação máxima do sódio sérico: 0,5 a 1 mEq/L/ hora ou 12 mEq em 24 horas. (3mEq/3horas + 9 mEq/21horas). Tratamento Estados edematosos: restrição de água para 800 a 1.000 mL em 24 horas. Se necessário, pode-se associar furosemida. Em pacientes com hiponatremia associada a perda de volume (desidratação), a prioridade é soro fisiológico, até restaurar boa perfusão periférica e renal. SSIADH: soro hipertônico e furosemida Complicações Desmielinização osmótica do SNC: variação rápida da osmolalidade do SNC Quadro clínico: tetraparesia espástica, paralisia pseudobulbar, labilidade emocional, agitação, paranoia, depressão, coma, alterações pupilares, ataxia, parkisonismo, incontinência urinária. 2-6 dias após reposição de sódio Hipernatremia Concentração sérica de sódio maior que 145 mEq/L. Determinante da osmolaridade sérica. Etiologia e Fisiopatologia Hiperosmolaridade; células acumulam solutos; Causas diversas; Cuidado com Diabetes Insípidus: desidratação importante Etiologia e Fisiopatologia Achados clínicos Profunda desidratação com mucosas ressecadas; sede intensa, fraqueza muscular, confusão, déficit neurológico focal, convulsões e coma. Sintomas da hipernatremia ou da doença desencadeante? Na dúvida, faz TC! Achados clínicos Paciente muito desidratado com quadro neurológico proporcional à osmolaridade: ◦ Maior que 320 mOsm/L: há confusão mental. ◦ Maior que 340 mOsm/L: paciente em coma. ◦ Maior que 360 mOsm/L: pode levar o paciente a apneia. Diagnóstico O diagnóstico é feito pela dosagem sérica do sódio (> 145 mEq/L). Osmolalidade sérica, urinária e sódio sérico: avaliar diabetes insípidus. Glicemia: diabete melito. Potássio e cálcio séricos: podem ocasionar diabetes insípidus. Tomografia de crânio: avaliar tumores, traumas, AVC. Tratamento Hidratação do paciente; manter a volemia e corrigir instabilidade hemodinâmica é a mais. Não permitir a redução rápida e brusca do sódio para evitar lesões adicionais no SNC. Tratar a causa de base (doença desencadeante). Tratamento Fórmula para manejo adequado do sódio Tratamento Complicações As principais complicações são decorrentes: ◦ Da própria hipernatremia: em razão da desidratação do SNC, pode haver ruptura de vasos. ◦ Da correção rápida do sódio: leva a edema cerebral, convulsões e coma. Por isso, corrigir o sódio com cautela. ◦ Da excessiva quantidade de volume: edema agudo de pulmão. ◦ Da doença de base do paciente (exemplo: acidente vascular cerebral com pneumonia aspirativa). Referências Emergências clínicas : abordagem prática / Herlon Saraiva Martins...[et al.]. --8. ed. rev. e atual. -- Barueri, SP : Manole, 2013. Medicina interna de Harrison/ [Dan L.] Longo...[et al]; 18. ed – Porto Alegre: AMGH, 2013.