Programa da Disciplina HCT744 e HCT846 Ciência, Tecnologia e Segurança Alimentar Programa, edição de 2012/2- HCTE Professores: José Carlos de Oliveira e Ana Lúcia do Amaral Vendramini É uma matéria interdisciplinar, procurando desenvolver debates de múltiplas questões, que se entrelaçam, envolvendo a produção, comercialização e consumo de alimentos e cujos desenvolvimentos, e implicações, revelaram, além de formas distintas de alimentar o ser humano: a) dificuldades de produção e má distribuição, acarretando fome e desnutrição; b) riscos à saúde advindos da produção (de alto volume e baixo custo), distribuição e consumo dos alimentos; c) fraudes na sua produção e comercialização; d) processos de conservação dos alimentos para possibilitar maior tempo de comercialização; e) problemas diversos como exploração e exposição dos trabalhadores em sistemas alimentares a situações não adequadas a sua saúde e ao seu bem estar; f) escolhas agrárias de produção de alimentos: monocultura x policultura; tecnologia intensiva x uso extensivo de mão de obra; grandes empresas x produção local de pequenas empresas; e, g) também questões concernentes a produção de carnes. Todos deram origem a preocupações, logo a procedimentos e políticas públicas, que hoje em dia denominamos ações de segurança alimentar. Os estudos aqui escolhidos para leituras discussões e pesquisas têm como características serem históricos e críticos, em que incluem ciência e tecnologia de alimentos às questões econômicas, éticas, antropológicas, sociais, ecológicas, de saúde, de agricultura, de política e de energia. Considera-se que o alimento tem um caráter holístico admitindo uma multiplicidade de correlações. Buscaram-se referências bibliográficas que se referissem a essas inter-relações com o objetivo de sugerir a partir de leituras e discussões políticas públicas que incorporem os problemas modernos que chamam a atenção para a construção de ações em defesa do bem-estar humano e do meio ambiente tão essencial a aquele. Optamos pela apresentação também de comentários dos textos de apoio, cujas leituras não são obrigatórias, para apresentar aspectos complementares ao estudo, caso haja esse interesse pelo aluno. FORMATO DE DISCUSSÃO: Todos os alunos devem ler os livros indicados. Em alguns casos haverá divisão de livros em capítulos. Após a apresentação destes haverá discussão livre. Todos, menos o apresentador deverá entregar resumos das leituras: mínimo de 2 páginas. I - Módulo: (2 aulas) História da Alimentação e Antropologia É uma ligeira introdução sobre História dos Alimentos ou da Alimentação, um olhar em perspectiva, sobre o papel da produção de alimentos na diferenciação dos desenvolvimentos das várias regiões do mundo: ou seja, como a produção, o consumo e a distribuição de alimentos moldaram as diferentes épocas e países. O livro de Henrique Carneiro tem a propriedade de mostrar numa perspectiva histórica, que a “alimentação além de uma necessidade biológica é um complexo sistema simbólico de significados sociais, sexuais, políticos, religiosos, éticos, estético etc.” se ajustando, portanto, a expectativa desta disciplina. O livro de Armesto, embora não de leitura obrigatória, enfatiza que a história da comida é tão cultural quanto à história da culinária produzindo estudos que mostram que a forma como produzimos, processamos, preparamos e comemos engloba questões ecológicas e gastronômicas e não apenas questões técnicas. Ele aponta para oito revoluções no âmbito alimentar, assim, como: 1) o ato de cozinhar diferenciou a espécie humana de outros animais; 2) “a ritualização do ato de comer trouxe mágica e significado ás relações das pessoas com os alimentos”; 3) a domesticação dos animais e o armazenamento de alimentos produziram grandes mudanças culturais na evolução humana; 4) o aparecimento da agricultura completou a grande transformação na produção alimentar; 5) a acentuação e visibilidade das desigualdades sociais possibilitaram a culinária transformar em haute cuisine; 6) o aumento do comércio de alimentos aproximou as diferentes culturas; 7) “o intercâmbio de espécie transformou a ecologia e a distribuição de plantas e alimentos básicos”; 8) a globalização e a industrialização produziram grandes alterações no modo como a comida é transportada, consumida e concebida. O livro de Wrabghan se assemelha ao de Armesto quando diz que tornamos homem ao cozinhar, (entramos em outro patamar). Ele se detém mais em um passado remoto e tem um olhar antropológico sobre o que examina. A cocção, para ele, se deu com o homo erectus a 1,8 milhões de anos atrás, permitindo que tivéssemos acesso a novos nutrientes e hábitos. Para isso reúne as áreas de antropologia cultura, biologia evolutiva ligando a anatomia do sistema digestivo para compor seu estudo. De certa forma esse conjunto de textos procura mostrar que as questões alimentares básicas remontam épocas antigas e registra a importância de se ter um conhecimento da história dos alimentos para um entendimento melhor dos problemas presentes. 1a aula: CARNEIRO, Henrique. Comida e Sociedade: uma história da Alimentação. Rio de Janeiro, Elsevier, 2003 (4a edição). (p.7-168) Professor: Apresentação do autor e introdução p.1-5. 2a aula: WRANGHAM, Richard. Pegando Fogo: Porque cozinhar nos tornou humano. Rio de Janeiro, Zahar, 210 © 2009. (p.19-159) Professores: Apresentação do autor e introdução p.7-17. Texto de apoio: Leitura recomendada e complementar. ARMESTO, Felipe Fernandez. Comida uma História. Rio de Janeiro – São Paulo, Editora Record, 2004 © 2001. DIA a 1 aula 2a aula Aluno II – Módulo (2 aulas) A questão da carne “Com o avanço da tecnologia, de novos cuidados de criação e abate e com a fiscalização séria sobre a qualidade do produto, podemos afirmar que a carne vermelha é, hoje, um dos melhores alimentos para freqüentar sua mesa. É uma das balanceadas fontes de proteínas, aminoácidos, vitaminas e minerais que pode encontrar, desde que venha de animais criados em liberdade no campo, alimentados a pasto, onde o w3 é encontrado em abundância. Não importa o tipo de exercícios que você faça saladas não vão criar um corpo musculoso. Se você quer ganho de massa muscular, a carne vermelha pode ser a chave de sua alimentação. O mais importante em relação à nutrição e à saúde pública não se baseia simplesmente nos alimentos e nos nutrientes, mas sim no que é feito com os alimentos e os nutrientes contidos neles antes que sejam comprados ou consumidos. Assim, vale dizer que o assunto principal é o processamento e o que acontece com os alimentos e, consequentemente, conosco como resultado desse processamento.” (da contra capa de Sinal Verde para Carne Vermelha). Essa pequena extração do livro inaugura uma discussão muito importante para a segurança alimentar: o consumo de carne. Em que isso afeta o homem e o meio ambiente: questão polêmica, porém presente no cenário das discussões alimentares. Isto pode ser ilustrado pelo seguinte texto de um livro também muito representativo dessa discussão: “Para onde vão os milhões de toneladas de cereais e grãos que produzimos? Segundo Lappé 44% das culturas destinam-se à alimentação de animais (aqui incluídas aves, suínos e bovinos), ou seja, quase 50% de tudo o que nosso solo produz é desviado para alimentá-los, no entanto, ao ser transformado em alimento é dos mais caros para a população e só pode nutrir uma reduzíssima fatia da mesma: a de alto poder aquisitivo”. Através deste livro, você será posto em contato com um tipo de visão crítica sobre a produção e consumo de alimentos. A autora, Frances Lappé, substancialmente diz que o consumidor é transformado em simples elo de uma cadeia de produção de alimentos que visa apenas o lucro de alguns e não o bem estar de todos. Nesse sentido examina como atuam as multinacionais e as grandes corporações no âmbito da produção de carnes. Outro livro que aborda essas questões trazendo novos elementos e, assim, enriquecendo a discussão é o “Comer Animais”. Ele procura desenvolver a discussão estabelecendo que comer pode ser um exercício de ética, e que uma das maiores oportunidade de viver de acordo com nossos valores passa por aquilo que colocamos em nosso prato. Sem ditar regras, longe de radicalismos, Foer nos estimula a buscar uma dieta mais consciente, que respeite a nossa saúde, a dos nossos filhos e a do planeta. Legumes ou carne, frango orgânico ou industrial? São decisões diárias mais simples que podem moldar – e mudar – o mundo que vivemos.” (da contra capa de Comer Animais). É oportuno lembrar que essa discussão sobre o consumo de carne é muito recorrente na história do ocidente, sendo presente na virada do século XVIII para o XIX e nos anos 30 nos EUA, como teremos ocasião de ver em outros textos desta disciplina em aulas posteriores. O que se procura perseguir é a discussão sobre se a produção, comercialização e consumo de carne industrializada podem trazer problemas para o meio ambiente (poluição do ar, do clima e da água). 3a aula: LAPPÉ, Frances Moore. Dieta para um pequeno Planeta. São Paulo, 1985 ©1971 – 1982. Professores: Apresentação da autora e Introdução p. 9-13 e 23-24 4a aula: RONDÓ Jr., Wilson. Sinal Verde para a Carne Vermelha: uma nova luz sobre a alimentação saudável, São Paulo, Gaia, 2011. Texto de apoio: Leitura recomendada e complementar. FOER, Jonathan Safran. Comer Animais. Rio de Janeiro, Rocco, 2011 © 2009. DIA Aluno a 3 aula 4a aula III - Módulo (2 aulas) Ética e Alimentação Em primeiro lugar (Chuahy) discute-se o papel do homem frente aos animais. É um convite para pensarmos sobre nossos atos e hábitos alimentares e como interfere na vida humana como um todo além de introduzir debates sobre a necessidade de preservação da biodiversidade. Como as formas de alimentação interferem no meio ambiente e os problemas criados inviabilizando a sustentabilidade. No que se refere à ética da ingestão de comida (Singer) há ma crítica ao barateamento do preço, em detrimento às propriedades dos alimentos, aos processos de embalagem, criando novos problemas – diretamente aos alimentos, pelo contato e indiretamente ao meio ambiente pelo consumo de energia e aumento de detritos. Se a embalagem e a conveniência facilitam o manuseamento, estocagem, transporte, tornando mais fluido o comércio de alimentos há um custo a se pagar no que concerne à qualidade nutritiva dos alimentos. Um livro preocupado: com nossa saúde, pelas pessoas que trabalham na produção alimentar, pelo meio ambiente, pelo bem estar dos animais. Reconstruindo o trajeto de cada um dos tipos de alimentos até nossa cozinha (Pollan), do campo a mesa, mostra quão complexo é esse trajeto, tornando-nos ignorantes sobre o que comemos e, portanto dependentes de terceiros das informações sobre alimentos que ingerimos, cujos objetivos não são apenas de alimentar, mas subordinados à obtenção de lucros. Incluem conversas com engenheiros de alimentos, nutricionistas, ecologistas, pecuarista e cientistas. Trata em substância de examinar três formas de se obter alimentos, contrastando-as: a de escala industrial, a da orgânica e a de caça e coleta. 5a aula: SINGER, Peter e Mason, Jim. A Ética da Alimentação. Rio de Janeiro, Elsevier, 2007 © 2006. (p. 15- 199) 6a aula: SINGER, Peter e Mason, Jim. A Ética da Alimentação. Rio de Janeiro, Elsevier, 2007 © 2006. (p. 203-320) Professores: Apresentação do autor e introdução p.1-11. Textos de apoio: Leitura recomendada e complementar. POLLAN, Michael. O Dilema do Onívoro. Rio de Janeiro, Intrínseca, 2007 CHUAHY, Rafaella. Manifesto pelo direito dos Animais. Rio de Janeiro, 2009. DIA Aluno a 5 aula 6a aula III - Módulo. (4 aulas) Alimentos, Política, Comércio, Fome, Saúde e Economia. Relações da pesquisa, de cientistas, de técnicos, da agricultura, do governo empresas e política na produção de alimentos. Paul Roberts expõe as entranhas da produção de alimentos, a sua comercialização, a propaganda e o transporte indicando as incompatibilidades dos sistemas criados com o objetivo central do alimento que seria atender aos consumidores fornecendo-lhes saúde e bem-estar. Examina o paradoxo de uma produção cada vez mais volumosa, com preços cada vez mais baixos, acelerando o esgotamento dos recursos naturais para produção de alimentos. Discute o globalismo da produção e comercialização dos alimentos, o papel das grandes corporações (Nestlé, Kellogs, etc) e procura trazer as inquietações para o futuro da humanidade que esta forma de produzir e comercializar alimentos acarreta. Transformando a abundância e o “progresso” em um dos maiores riscos para a saúde. Mostra que os problemas de Segurança Alimentar têm a ver muito mais com a Política do que com Ciência e Tecnologia. Trata de forma global do problema da fome no mundo: sugere porquês e indica saídas. Trata da conscientização do ser humano sobre o novo sistema alimentar. 7a aula: ROBERTS, Paul. O Fim dos Alimentos. Rio de Janeiro, Elsevier / Campus, 2009 ©2008. (p. 3-109) a 8 aula: idem, (p.113-205) 9a aula: idem (p. 206- 324) Professores: Apresentação do autor e prólogo. Textos de apoio: Leitura recomendada e complementar. DIA Aluno a 7 aula 8a aula 9a aula IV Módulo – (2 aulas) Alimentos e transgênicos. O livro de Monique apresenta uma característica interessante para os propósitos desta disciplina: ele mostra uma relação entre os mais variados protagonistas dessa atividade: cientistas, políticos, agricultores e empresários. “Desde a sua criação em 1901 (Monsanto) ela vem acumulando processos (jurídicos) em razão da toxidade de seus produtos, embora se apresente hoje como uma empresa das “ciências da vida”, convertida às virtudes do desenvolvimento sustentável. Comercializando sementes transgênicas, a Monsanto pretende ampliar os limites dos ecossistemas para o bem da humanidade. O livro revela, ainda, o papel desempenhado pela Monsanto na formidável manobra que permitiu a expansão das culturas transgênicas em escalas planetária sem nenhum controle sério dos seus efeitos sobre a natureza e a saúde humana.” 10a. aula: ROBIN, Marie-Monique. O Mundo segundo a Monsanto: da dioxina aos transgênicos, uma multinacional que quer seu bem. São Paulo, Radical Livros, 2008 (Copyright 2008). P.14-168 a 11 . aula: idem, 169-340 Professores: Apresentação do autor e prólogo. p. 14-26 Textos de apoio: Leitura recomendada e complementar. José Eli da Veiga. Transgênicos: sementes da discórdia. São Paulo, Senac, 2007. DIA Aluno a 10 aula 11a aula Módulo V - (1 aula) Química, Alimentos, Ecologia. “O jornalista investigativo Randall Fitzgerald mostra de que maneira milhares de substâncias químicas manufaturadas são misturadas à nossa comida, água, medicamento e no próprio meio ambiente, fazendo da espécie humana a mais contaminada dentre todas as que habitam o planeta. Fitzgerald mostra que o mito da química servindo para melhorar nossa vida é falso. Ele fornece provas suficientemente chocantes para abalar essa crença – e muitas outras, impingidas à população pelas indústrias químicas, farmacêuticas e de alimentos processados. Um livro com informações e sugestões práticas para virar o jogo e viver uma vida mais saudável.” (Contra capa do livro). “Raramente um único livro altera o curso da História, mas a Primavera Silenciosa de Rachel Carson fez exatamente isso. O clamor que seguiu a sua publicação em 1962 forçou a proibição do DDT e instigou mudanças revolucionárias nas leis que dizem respeito ao nosso ar, terra e água. A preocupação apaixonada de Carson com o futuro de nosso planeta reverberou poderosamente por todo o mundo, e seu livro eloqüente foi determinante para o lançamento do movimento ambientalista. Este notável trabalho de Rachel Carson foi considerado em 2000, pela escola de jornalismo de Nova York, uma das maiores reportagens investigativas do século XX.“ (contra capa de Primavera Silenciosa) “Estamos apenas começando a compreender as consequências da contaminação provocada pelo uso indiscriminado de agrotóxicos e outros agentes (.....) hoje relatos nas principais revistas médicas apontam acusadoramente para os efeitos das alterações hormonais provocadas por agentes químicos sobre nossa fertilidade – e sobre nossos filhos. Futuro Roubado oferece uma descrição realista e fácil de ler sobre a pesquisa científica emergente que investiga de que maneira uma ampla variedade de agentes químicos sintéticos alteram delicados sistemas hormonais. Sistemas estes que têm um papel fundamental, desde o desenvolvimento sexual humano até a formação do comportamento e da inteligência e o funcionamento do sistema imunológico. Estudos com animais e seres humanos relacionam os agentes químicos a inúmeros problemas, como infertilidade e deformações genitais: câncer e de próstata; desencadeados por hormônios, como câncer de mama e de próstata; desordens neurológicas em crianças, como hiperatividade e déficit de atenção; e problemas de desenvolvimento e reprodução em animais silvestres. Futuro Roubado é um livro de importância crítica que nos Força a fazer novas perguntas sobre os agentes químicos sintéticos que espalhamos pela Terra.” (extraído da contra capa do Futuro Roubado). 12ª aula: FITZGERALD, Randall. Cem anos de Mentira: como proteger-se dos produtos químicos que estão destruindo a sua saúde. São Paulo, Idea & Ação, 2008 ©2006. P. 31 – 88; 98-180 Professores: Apresentação do autor e introdução p. 11-28 Textos de apoio: Leitura recomendada e complementar. COLBORN, Theo; Dumanoski, Diani e Myers, John Peterson. O Futuro Roubado. Porto Alegre, L&PM, 2002 © 1996. CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. São Paulo, Editora Gaia, 2010, © 1962. DIA Aluno a 12 aula VI – Módulo – (1 aula) Segurança Alimentar O termo "Segurança Alimentar" surgiu no fim da Primeira Guerra Mundial. Isso porque se percebeu que um país poderia dominar o outro controlando seu fornecimento de alimentos. A alimentação seria, assim, uma arma poderosa. Portanto esta questão adquiria um significado de segurança nacional para cada país, dentro d a ideia de que a soberania de um país dependia de sua capacidade de auto-suprimento de alimentos. O entendimento de que a questão alimentar está estritamente ligada à capacidade de produção manteve-se até a década de setenta. Começa a se perceber que, mais do que a oferta, a capacidade de acesso aos alimentos por parte dos povos em todo o planeta mostra-se como a questão crucial para a Segurança Alimentar. Um primeiro ponto diz respeito à qualidade dos alimentos e sua sanidade. Ou seja, todos devem ter acesso a alimentos de boa qualidade nutricional e que sejam isentos de componentes químicos que possam prejudicar a saúde humana. Estes dois elementos são da maior importância em um contexto atual que favorece o desbalanceamento nutricional das dietas alimentares, bem como o envenenamento dos alimentos, em nome de uma maior produtividade agrícola ou com a utilização de tecnologias cujos efeitos sobre a saúde humana permanecem desconhecidos. Outro ponto refere-se ao respeito aos hábitos e à cultura alimentar. A segurança alimentar depende não apenas da existência de um sistema que garanta, presentemente, a produção, distribuição e consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequadas, mas que também não venha a comprometer a mesma capacidade futura de produção, distribuição e consumo. Cresce a importância dessa condição frente aos atritos produzidos por modelos alimentares atuais, que colocam em risco a segurança alimentar no futuro. Dentro da ótica aqui definida, pode-se afirmar que a segurança alimentar está regida por determinados princípios. O primeiro deles é que a segurança alimentar e a segurança nutricional são como “duas faces da mesma moeda”, não podendo se garantir uma delas sem que a outra também esteja garantida. O segundo princípio está no fato de que somente será assegurado a segurança alimentar e nutricional através de uma participação conjunta de governo e sociedade, sem que com isto se diluam os papéis específicos que cabe a cada parte. Por fim, é preciso que se considere o direito humano à alimentação como primordial, que antecede a qualquer outra situação, de natureza política ou econômica, pois é parte componente do direito à própria vida. Assim segurança Alimentar e Nutricional é a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e respeitando as características culturais de cada povo, manifestadas no ato de se alimentar. Esta condição não pode comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, nem sequer o sistema alimentar futuro, devendo se realizar em bases sustentáveis. É responsabilidade dos estados nacionais assegurarem este direito e devem fazê-lo em obrigatória articulação com a sociedade civil, dentro das formas possíveis para exercê-lo. (Extrato de Maluf - Caderno ‘Segurança Alimentar’ ) 13ª aula: MALUF, Renato Sérgio Jamil. Segurança Alimentar e Nutricional. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 2009. Professores: Apresentação do autor Textos de apoio: Leitura recomendada e complementar. Bernadette D. G. M. Franco e Silvia M. Franciscato Cozzolino. Segurança e Alimento. São Paulo, Blucher, 2010 DIA Aluno a 13 aula VII – Módulo História e Futuro: propostas. “Neste provocativo acréscimo aos seus aclamados escritos sobre alimentação, Warren Belasco trata de um tema pouco explorado, porém oportuno: a preocupação profundamente arraizada da humanidade em relação ao futuro da alimentação. Ele explora com habilidade uma série de materiais fascinantes, cobrindo mais de duzentos anos – desde romances e filmes futuristas até parque s de diversão da Disney, a arquitetura de supermercados e restaurantes, mercados de agricultores orgânicos e debates sobre engenharia genética – e, ao longo do caminho, proporciona uma estrutura inovadora para se pensar sobre o futuro da alimentação atual.” (da contracapa de “O que iremos comer amanhã”)? “Slow Food preconiza uma nova gastronomia. Ao gastrônomo cabe o papel que Carlo Petrini denomina co-produtor: não apenas o alienado elemento final de uma longa cadeia, mas alguém conhecedor da agricultura e pecuária, das condições dos trabalhadores do campo e da procedência dos produtos. Isso basta? Não. Ao agrônomo é imprescindível ser pessoa ativa na mudança do planeta, rejeitar alimentos provenientes da exploração humana, de meios de transportes poluidores em excesso, de empresas que arruínam culturas locais ao se instalarem nas comunidades. Alem disso, todas as pessoas devem estar dispostas a pagar mais por tais alimentos. E por quê? Para que um mundo mais justo e sustentável se torne realidade, onde globalização seja sinônimo de intercâmbio entre culturas ricas e distintas e não massificação sem rosto. Para que a agricultura e pecuaristas voltem a ser donos da terra e não mais assalariados de latifúndios. E para que ao sentar a mesa de um restaurante, tenhamos a consciência tranqüila de que o prato diante de nós não seja fruto da exploração humana ou ambiental.” (contra capa de “Slow Food”) 14ª aula: BELASCO, Warren. O que iremos Comer Amanhã: Uma história do Futuro da Alimentação. São Paulo, SENAC, 2009, © 2006. p. 29- 196. 15ª aula: idem, p. 197 - 370 Professores: Apresentação do autor p. 9-26 Textos de apoio: Leitura recomendada e complementar. PETRINI, Carlo. Slow Food: princípios da nova Gastronomia. São Paulo, SENAC, 2009.