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Titulo: Calcificação de pavilhão auricular: relato de caso e possíveis
etiologias
Categoria: PD - Diag. por Imagem em Estomatologia, Patologia Bucal e Odonto. p/ Pac. com Necess. Especiais
Autores: Maria Inês MEURER; Eduardo MEURER; Aira Maria Bonfim SANTOS; Caroline ZIMMERMANN; Liliane Janete
GRANDO.
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo
A calcificação/ossificação de pavilhão auricular é de ocorrência relativamente rara. Essa condição tem sido associada a
processos traumáticos (incluindo traumas físico e térmico - congelamento), processos inflamatórios, várias
endocrinopatias (como diabetes melitus, hipopituitarismo, hipotireoidismo e doença de Addison) e outras condições,
tais como a hipertensão arterial sistêmica. Em vários casos relatados na literatura tal alteração foi descoberta em
exames de rotina, desconhecendo-se o fator ou evento precipitante, e não havendo sintomatologia associada. O caso
apresentado refere-se a paciente do sexo feminino, 64 anos, que submeteu-se a tomografia computadorizada para
planejamento em Implantodontia. Após análise específica, a avaliação da totalidade do volume escaneado revelou
hiperatenuação homogênea parcial de pavilhão auricular, bilateralmente, bem como da porção cartilaginosa do meato
acústico externo. Frente ao achado incomum, procedeu-se pesquisa em bases de dados, levantando-se as possíveis
etiologias para a condição. Contactou-se o profissional de referência, que informou ser a paciente portadora de diabetes
tipo 2 há pelo menos 12 anos, controlada; perguntado sobre possíveis traumas auriculares, informou que a paciente
submete-se a acupuntura através de estimulação auricular. A paciente negou qualquer sintomatologia associada ao
achado tomográfico. Segundo literatura consultada, o tipo de alteração encontrada pode decorrer de ossificação
ectópica ou de calcificação. A ossificação ectópica é um processo em que há a presença de tecido ósseo
histologicamente idêntico ao osso lamelar em tecidos que normalmente não ossificam. Já a calcificação, supostamente
mais comum que a ossificação, decorre da deposição anormal de sais de cálcio (juntamente com menores quantidades
de outros minerais), podendo ser distrófica (quando ocorre em áreas de tecido lesado ou necrótico, que apresentam
aumento da alcalinidade, facilitando a deposição de cálcio) ou metastática (quando está relacionada a alterações no
metabolismo do cálcio). Diagnóstico diferencial poderia ser obtido por estudo histopatológico, o que nem sempre é
justificável e aceito pelo paciente. Alguns autores sugerem que o tipo de alteração encontrada radiologicamente pode
sugerir a causa da calcificação / ossificação: a presença de densidades com aspecto pontilhado e grosseiro seriam
devidas a fatores locais, mantendo-se confinadas à orelha externa; já calcificações decorrentes de doenças sistêmicas
seriam mais extensas e bilaterais. No caso apresentado, as porções cartilaginosas de ambas as orelhas externas
apresentavam-se parcialmente hiperatenuadas, de forma homogênea, sugerindo calcificação associada a doença
sistêmica; adicionalmente, havia hiperatenuação em meatos acústicos externos. Considerando a história clínica e os
achados radiológicos, a hipótese de associação com o diabetes mellitus pareceu ser a mais provável, embora não possa
ter sido comprovada. Também não foi indicada análise histopatológica para diagnóstico diferencial entre calcificação ou
ossificação, dado o reduzido benefício de tal definição. Concluindo, apesar da calcificação / ossificação de pavilhão
auricular não requerer tratamento específico, e não se encontrar na área de atuação específica do radiologista
odontológico, deve ser relatada nos laudos, pois pode refletir a presença de alguma doença sistêmica não diagnosticada.
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