Avaliação da composição de bardana cultivada com cama de frango e fósforo. Claudia Andréa Lima Cardoso1; Maria do Carmo Vieira2; Rosimeire Pereira Gassi 2 1 2 UEMS, Caixa Postal 351, 79804-970, Dourados-MS; UFGD, C. Postal 533, 79804-970, Dourados-MS. e-mail: [email protected] RESUMO Arctium lappa L. é utilizada pela população sendo comercializada como bardana. Neste trabalho foram avaliados os perfis cromatográficos das folhas e raízes de bardana cultivada com diferentes doses de cama de frango e fósforo. Nas condições de análise empregadas não houve variação dos perfis cromatográficos das folhas e raízes mesmo em condições extremas de dosagem de cama de frango ou fosforo. Baseado nestes dados não houve alteração dos metabólitos secundários em bardana nos diferentes tratamentos. Palavras-chaves: Arctium lappa L., CLAE, metabólitos secundários. ABSTRACT- Evaluation of composition of the bardana cultivated with bed of chicken and phosphorus. Arctium lappa L. is used by the population being commercialized as bardana. In this work the chromatographic profiles of the leaves and root of bardana cultivated with different doses of bed of chicken and phosphorus had been evaluated. In the employed conditions of analysis it did not have variation of the chromatographic profiles of leaves and root same in extreme conditions of dosage of bed of chicken or phosphorus. Based in these data it did not have alteration of the secondary metabólitos in bardana in the different treatments. Keywords: : Arctium lappa L., HPLC, secondary metabolites. INTRODUÇÃO A bardana (Arctium lappa L.) pertence à família Asteraceae, é uma planta aromática e medicinal, originária da Europa e da Sibéria, que chegou ao Brasil por meio dos imigrantes japoneses (CORREA,1984). A importância medicinal e nutricional apresentada pela bardana torna-a uma espécie de interesse para estudos e produção de medicamentos. Seu êxito medicinal data da Antiguidade, não sendo nunca contrariado ao longo dos séculos. Diversos compostos e classes de substâncias de importância terapêutica já foram isolados da planta, tais como: inulinas, açúcares, polifenóis, fiquinona, eudesmol e taraxesterol. A principal indicação terapêutica da bardana é em doenças da pele. A planta é hipoglicemiante, depurativa e diaforética. É usada como cicatrizante, para tratamentos de furúnculos, abscessos, acnes e terçol. Ajuda no tratamento de queda de cabelos e enfermidades da pele, por exemplo, micose de unhas e frieiras em uso externo. Devido à sua capacidade de neutralizar venenos, é utilizada para acalmar a dor e a tumefação produzida por picadas de insetos, como da aranha (SANTOS et al., 1988, ALZUGARAY ; ALZUGARAY,1996.) As raízes frescas são usadas em decocção, cataplasma e compressas. O decocto das raízes é eficaz, como purificador do sangue em doenças reumáticas, afecções renais e distúrbios digestivos (SANTOS et al., 1988). Foi observado também atividade antibacteriana nos extratos vegetais da bardana (HOLETZ et al., 2002). Faz-se infusão das folhas e flores secas (MARTINS et al., 1998). Castro et al. (2001) ressaltam que fatores fisiológicos tais como época do ano, hora do dia e estágio de desenvolvimento, estão diretamente relacionados à variação da composição qualitativa e quantitativa das plantas medicinais. Além desses, os fatores genéticos e os ecológicos também influenciam essas variações. Dessa forma, o uso de nutrientes apresenta resultados contraditórios quanto à produção de metabólicos secundários. Este trabalho teve como objetivo analisar o perfil cromatográfico das folhas e raízes de bardana cultivada com diferentes doses de cama de frango e fósforo. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, no município de Dourados, no período de outubro de 2004 a abril de 2005. Neste experimento foi avaliado o efeito da incorporação ao solo de fósforo (P) e de cama-de-frango (CF) sobre a composição da bardana. Os fatores em estudo, através da matriz experimental Plan Puebla III deram origem aos nove tratamentos utilizados: 4,3 e 6.000; 25,8 e 1000; 25,8 e 14.000; 43,0 e 10.000; 60,2 e 6.000; 60,2 e 14.000; 60,2 e 19.000 e 81,7 de P (kg ha-1) e 14.000 CF (kg ha -1 ), respectivamente. Os tratamentos foram dispostos no delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. Cada parcela apresentou área de 4,5 m2 , com doze plantas arranjadas em fileiras duplas, com espaçamento de 0,50m entre plantas e 0,54m entre fileiras. As amostras (100 mg), previamente secas e trituradas, foram submetidas a extração com clorofórmio:metanol (3:5 v/v), volume total 8 mL, por 2 horas sendo que nos primeiros 30 minutos permaneceram em ultrassom com temperatura de 30oC. Após este processo as mesmas foram filtradas em papel de filtro comum e após foram filtrados, novamente, com filtro de 0,45 µm e então diretamente analisadas. No caso das folhas por cromatografia em camada fina (CCF) e nas raízes por cromatografia líquida de alta eficiencia (CLAE). Todas as 2 amostras foram analisadas em triplicata. Para a análise das amostras por cromatografia em camada fina, foram utilizadas placas de sílica gel , e os seguintes eluentes: 1metanol:acetato de etila (8:2 v/v), 2- metanol:acetato de etila (7:3 v/v), 3- clorofórmio:metanol (1:1 v/v) e 4- clorofórmio:metanol (8:2 v/v). As placas foram visualisadas com lâmpada de 254 nm e 365 nm e reveladas com vapores de Iodo. As análises das raízes foram realizadas empregando o Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência com detector de arranjo de diodos. A coluna C-18 (25 cm x 4,6 mm x 5 ? m) e pré coluna (2,5 cm x 6 mm) de mesma fase da coluna. A varredura foi realizada de 200-800 mn e a eluição realizada com metanol:acetonitrila:água de 20:40:40 v/v e fluxo de 1,0 mL min-1. Foram injetadas quantidades de 20 µl de amostra. RESULTADOS E DISCUSSÃO As diferentes doses de fósforo e cama de frango não tiveram influência em relação ao perfil cromatográfico obtido para as folhas de bardana nos diferentes tratamentos (Figura 1). Nas raízes em relação às análises de metabólitos secundários por CLAE podemos determinar que mesmo em condições extremas de dosagem de cama de frango ( Figura 2a) ou fósforo (Figura 2b) não houve variação do perfil cromatográfico. Em relação às áreas obtidas nos cromatogramas houve variação de no máximo 10%, indicando que os teores relativos obtidos de metabólitos secundários por grama de massa seca de raiz tive pequena influencia dos tratamentos de cultivo nas condições de análise empregadas. O aumento da massa fresca ou seca nem sempre esta diretamente relacionado com o aumento nos teores de metabólitos secundários da planta, uma vez que estas alterações de massa podem estar relacionadas com os metabólitos primários, fibras entre outros constituintes do vegetal. Os dados obtidos com as folhas podem ser avaliados somente do ponto de vista qualitativo, uma vez que a técnica de CCF não tem uma alta sensibilidade e resolução. Já com os resultados obtidos com as raízes, empregando a CLAE, a qual possui maior sensibilidade e resolução, podemos concluir que não houve variação qualitativa e praticamente nem variação quantitativa em relação ao perfil cromatográfico obtido das raízes. Baseados nestes dados não houve variação de metabólitos secundários nas folhas e raízes de bardana em função dos diferentes tratamentos de cultivo nas condições de análise empregadas. 3 Figura 1- Perfil cromatográfico das amostras das folhas de bardana (a) (b) Figura 2- Perfil cromatográfico das amostras das raízes de bardana LITERATURA CITADA ALZUGARAY, D.; ALZUGARAY, C. Plantas que curam. São Paulo: Três Ltda., v.1,1996. 260 p. CASTRO, H. G. de ; FERREIRA, F. A.; SILVA, D.J. H. da; MOSQUIM, P. R. Contribuição ao estudo das plantas medicinais: metabólitos secundários. Visconde do Rio Branco: Suprema, 2001. 104 p. CORREA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1984,v.1, p 669- 674. HOLETZ,F.B.; PESSINI,G.L.; SANCHES, N.R.; CORTEZ,D.A.G.; NAKAMURA,C.V.; DIAS FILHO, B.P. Screening of some plants used in the Brazilian folk medicine for the treatment of infectious diseases. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. V.97, 2002, p.1027-1031. MARTINS, E.R.; CASTRO, D.M. de; CASTELLANI, D.C.; DIAS, J.E. Plantas medicinais. 2.ed. Viçosa:UFV, Imprensa Universitária, 1998, 220 p. SANTOS, C.A.M.; TORRES, K.R.; LEONART, R. Plantas medicinais: herbarium, flora et scientia. 2.ed. Curitiba: Scientia et Labor, 1988. 160 p. AGRADECIMENTOS CNPq, FUNDECT, FINEP 4 5