Leucemia Mielóide Aguda.cdr

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02/2009
Este manual tem como objetivo fornecer informações aos
pacientes e seus familiares a respeito da Leucemia
Mielóide Aguda.
Sabemos que as informações médicas são cercadas, na
maior parte das vezes, por termos técnicos, difíceis e
incompreensíveis pela maioria dos usuários. Dessa forma,
esperamos que esse encarte possa esclarecer suas
dúvidas.
Qualquer comentário é muito bem vindo, seja sobre a
clareza desse manual ou sobre a omissão de alguma
informação considerada importante e pode ser enviado
através da urna de sugestões do HEMORIO ou pelo e-mail
[email protected].
A Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é uma doença que resulta de uma alteração
adquirida (não hereditária) do DNA de células precursoras de células sangüíneas
da medula óssea.
É a forma mais comum de leucemia aguda nos adultos, representando 65% de
todos os casos de leucemia diagnosticados, podendo acometer também
pessoas de outras faixas etárias.
A LMA pode ser melhor entendida se conhecermos mais sobre as células
sangüíneas normais.
O sangue é constituído de diferentes células, produzidas na medula que fica
dentro dos ossos. Os três principais tipos de células sangüíneas são:
Contém hemoglobina, que é uma proteína rica em ferro. Absorve oxigênio,
quando o sangue passa pelos pulmões e o distribui para diferentes órgãos e
tecidos no corpo. A redução dessa proteína causa anemia que se manifesta por
tonteira, fraqueza, sonolência, dor de cabeça, irritabilidade, respiração
acelerada e palpitação.
São pequenos glóbulos em forma de disco que ajudam a coagulação sangüínea.
As plaquetas previnem o sangramento anormal ou excessivo, e sua falta,
portanto, pode causar hemorragia.
Defendem o corpo contra infecções. Há três principais tipos de glóbulos brancos
(granulócitos, monócitos e linfócitos), cada um com sua própria infecção para
combater:
Monócitos - defendem o corpo contra a infecção bacteriana.
Granulócitos - Incluem os neutrófilos, os eosinófilos e os basófilos. Os
neutrófilos são as células predominantes, constituindo aproximadamente 60%
dos glóbulos brancos circulantes. Eles combatem a infecção e aumentam
rapidamente a sua quantidade para destruir substâncias estranhas. Os
granulócitos morrem e são ingeridos pelos monócitos. Os eosinófilos e basófilos
também combatem a infecção.”
Linfócitos - São constituídos por três tipos (Linfócitos T, B e NK), atuam na
regulação da resposta imunológica. As células T e NK são um subconjunto de
aniquiladores naturais que atacam as células infectadas por vírus e células
malignas. As células tipo B produzem e liberam anticorpos, que protegem o
organismo de agentes causadores da infecção.
A deficiência em qualquer tipo de glóbulo branco resulta em aumento da
suscetibilidade à infecção e resistência diminuída a doenças.
Na LMA, a alteração celular ocorre em uma fase muito precoce do
desenvolvimento da linhagem de leucócitos,o que leva a duas principais
conseqüências: (1) Crescimento elevado e descontrolado de células chamadas
“blastos leucêmicos” e (2) Bloqueio no crescimento de células sngüíneas
normais, levando à deficiência de glóbulos vermelhos (ANEMIA), glóbulos
brancos (LEUCOPENIA) e de plaquetas (TROMBOCITOPENIA), no sangue.
Os sinais e sintomas decorrem dos fenômenos descritos acima, ou seja,
ANEMIA, INFECÇÕES RECORRENTES e SANGRAMENTO, que se devem
respectivamente à deficiência de glóbulos vermelhos, brancos e de plaquetas.
Muitos pacientes com LMA vão ao médico porque estão sentindo-se cansados
(fadiga) ou porque têm infecções que não melhoram após o uso de antibiótico.
Outros observam um sangramento anormal em um pequeno ferimento (um corte
no dedo, por exemplo) ou em um pequeno procedimento cirúrgico (uma extração
de dente). Mulheres podem perceber que têm períodos menstruais muito
prolongados. Algumas pessoas podem perceber que ficam roxas facilmente ou
desenvolvem manchas vermelhas ou arroxeadas na pele. Alguns pacientes têm
sangramento nas gengivas ou no nariz (ao escovar os dentes ou sem qualquer
causa aparente). Não é raro encontrarmos sangue na urina ou nas fezes.
Ocasionalmente, as pessoas têm dores nos ossos e "juntas" (articulações),
especialmente nas costelas e no esterno (osso do peito). Às vezes os gânglios
linfáticos, o baço e o fígado aumentam de tamanho.
As causas da LMA ainda são desconhecidas. O que se sabe, é que existem
alguns fatores que estão relacionados a um maior risco de desenvolvimento de
LMA, como a exposição a altas doses de radiação ionizante, benzeno e seus
derivados e/ou à quimioterapia antineoplásica. Outro fator considerado
predisponente, é a presença de algumas alterações genéticas, como a “Anemia
de Fanconi” e a “Síndrome de Down”.
Muito raramente, o diagnóstico de LMA pode ser feito durante um exame de
revisão regular ou um exame de sangue rotineiro. O diagnóstico da LMA iniciase com um histórico médico detalhado, seguido por um exame físico do paciente
e um exame microscópico da amostra do sangue. Se os resultados do exame
sangüíneo parecerem suspeitos, uma amostra da medula óssea deverá ser
examinada.
As células da LMA podem ou não aparecer inicialmente em gandes quantidades
no sangue, mas um número significativo quase sempre estará presente na
medula óssea. Portanto, uma amostra da medula óssea deve ser obtida e
examinada para confirmar, com precisão, o diagnóstico.
Obter uma amostra da medula óssea é um procedimento relativamente simples e
direto. Amostras são obtidas normalmente da medula do osso ilíaco localizado
na parte posterior do quadril. Uma pequena área da pele e do osso que está sob a
pele são limpos e anestesiados localmente. Então, uma agulha é introduzida no
osso e uma pequena quantidade de medula óssea é aspirada com uma seringa,
durante poucos segundos.
A LMA pode ser classificada de acordo com o tipo de blasto leucêmico. Esses
subtipos são listados por siglas (de M0 a M7), ou pelas características das células
blásticas predominantes (Mieloblástica sem maturação, Mieloblástica com
maturação, Promielocítica, Mielomonocítica, Monocítica, Eritroleucemia e
Megacariocítica).
Em alguns casos, a LMA pode espalhar-se pelo sistema nervoso. Durante a
primeira internação, o médico poderá examinar o fluido espinhal para ver se
células leucêmicas estão presentes no sistema nervoso central (SNC) do
paciente. O procedimento (punção lombar), que é realizado após anestesia
local, consiste em inserir uma agulha entre as vértebras na base da espinha e
coletar fluido espinhal, que é examinado no microscópio a fim de determinar se
células malignas estão presentes.
Praticamente todos os pacientes de LMA necessitam tratamento imediatamente
após o diagnóstico. Na maioria dos casos, o tratamento indicado é a
quimioterapia.
O objetivo da quimioterapia é induzir a remissão da doença, que corresponde à
normalização dos exames, desaparecimento das células leucêmicas e
desaparecimento dos sintomas da doença. Assim, o sangue e a medula óssea
voltam a ter função e aparência normais.
Para confirmar a remissão, é preciso examinar o material da medula óssea com
um microscópio e observar se não há mais células leucêmicas. É importante
ressaltar que a remissão não é sinônimo de cura e que mesmo o paciente em
remissão tem que manter o acompanhamento para aumentar as chances de ficar
realmente curado.
Quimioterapia é a principal forma de tratamento da LMA. É um termo usado para
referir o uso de medicamentos que matam as células leucêmicas. Às vezes,
tratamentos de radiação são usados para suplementar a quimioterapia,
especialmente quando tumores de células leucêmicas forem encontrados em
determinado local, isoladamente, ou se o sistema nervoso central estiver
envolvido.
A quimioterapia da LMA geralmente requer o uso de 2 ou 3 diferentes tipos de
medicamentos combinados (poliquimioterapia). A associação de fármacos tem
como objetivo, utilizar, simultaneamente, medicamentos que têm formas
diferentes de matar células leucêmicas.
Alguns dos fármacos mais usadas para tratar LMA são: Ara-C, Daunorubicina,
Doxorubicina, Mitoxantrone, Idarubicina e VP-16
O ácido transretinóico (ATRA), medicamento relacionado à vitamina A, é usado
em pacientes com um tipo específico de LMA, a leucemia promielocitica aguda
Essa é a primeira fase do tratamento. O objetivo é destruir tantas células
anormais quanto for possível para obter remissão.
É durante esse período que o paciente necessita de um monitoramento rigoroso,
podendo ser necessário tratamento com transfusões sangüíneas
e/ou
antibióticos. Os efeitos colaterais da quimioterapia são discutidos mais adiante.
Após cada sessão de quimioterapia existe um período de descanso em que se
espera que haja recuperação da medula óssea.
Assim que a medula óssea começa a funcionar normalmente, os pacientes
passam a se sentir melhor. Amostras da medula óssea e do sangue são
recolhidas para saber se o tratamento teve sucesso.
A maioria dos pacientes entra em remissão logo após o primeiro ou segundo ciclo
de quimioterapia e aqueles que não entram em remissão após o primeiro ciclo de
tratamento recebem mais quimioterapia.
O objetivo da terapia pós-remissão é manter esse estado, exterminando células
leucêmicas não detectadas que ainda possam existir no corpo. Há diferentes
formas de se fazer isso dependendo do esquema de quimioterapia que estiver
sendo usado.
As pesquisas têm mostrado que todos os pacientes com leucemia precisam de
um tipo de quimioterapia. Pacientes mais velhos que possam ter problemas
médicos tais como diabetes, doença cardíaca ou problemas pulmonares, podem
ter mais dificuldade em tolerar doses altas de quimioterapia. Eles devem ser
monitorados mais de perto durante o tratamento. Apesar dessas dificuldades, os
pacientes idosos podem esperar taxas de remissão similares àquelas obtidas
com pacientes mais jovens.
Os efeitos colaterais do tratamento podem ser divididos em:
1. Efeitos Relativos à Supressão da Medula Óssea:
A quimioterapia e a radiação usada para tratar LMA agem na Medula Óssea e
interrompem a produção de hemácias, glóbulos brancos e plaquetas, levando
respectivamente aos sinais de ANEMIA (cansaço, falta de ar, desânimo,
palpitação), LEUCOPENIA (predisposição à infecções) e PLAQUETOPENIA
(tendência a hemorragia).
Náuseas e vômitos - são efeitos colaterais bem controlados com medicamentos
chamadas antieméticos. Para diminuir essa sensação de náusea, os
antieméticos são geralmente dados por via intravenosa (pela veia) ou medicação
oral (pela boca), antes da quimioterapia.
Estomatite (mucosite) - são aftas ou irritações da cavidade oral que podem ser
causadas pela quimioterapia ou por uma infecção. A avaliação de um dentista,
antes do tratamento, e uma boa higiene oral ajudam a minimizar as estomatites.
Soluções ou líquidos para bochechos comprados em drogarias não são
recomendados para uso dos pacientes, pois contém álcool que irrita a cavidade
oral. Soluções orais especiais são usadas para prevenir ou minimizar as aftas.
Diarréia ou Prisão de Ventre - Uma mudança nos hábitos do intestino é comum
quando o paciente é internado no hospital e a sua dieta normal e rotina são
interrompidos. Medicamentos que aumentam a quantidade de água no intestino
podem ajudar a aliviar a prisão de ventre. A "motilidade" ou atividade do intestino
também pode ser alterada pelos medicamentos. Finalmente, os pacientes
podem receber uma dieta especial a fim de ajudar a normalização de seus
intestinos.
A quimioterapia faz com que as pessoas percam (parcial ou completamente) os
cabelos. O cabelo cresce de novo assim que o tratamento termina.
As transfusões sangüíneas e de plaquetas são, geralmente, necessárias para
manter o paciente durante o tempo em que a medula óssea está sendo afetada
pela quimioterapia.
Os concentrados de Plaquetas são dados quando a contagem de plaquetas é
baixa e ou quando há um sangramento evidente. As plaquetas transfundidas são
ativas por pouco tempo, então muitas transfusões podem ser necessárias
durante o tratamento. Às vezes, o sistema imunológico, de alguns pacientes
rejeita as plaquetas. Esses pacientes são chamados "refratários" a plaquetas.
Busca-se, então, usar plaquetas que são mais similares às do paciente. O
doador da família (ou compatível por HLA) pode ajudar o paciente a parar o
sangramento nesses casos.
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As infecções podem ocorrer quando a quimioterapia é introduzida no corpo, e
destroi os glóbulos brancos leucêmicos. No momento inicial, não existe outro
tipo de célula na medula óssea, dessa forma, a defesa fica muito baixa, até que
se inicie a sua recuperação, que leva em torno de 21 a 28 dias. Essa maior
susceptibilidade às infecções pode ocorrer após cada novo ciclo de
quimioterapia, ao longo do tratamento.
Uma higiene bucal rigorosa é fundamental, já que a primeira linha de defesa do
corpo é a pele e as membranas mucosas que circundam a boca e o anus. Os
pacientes são aconselhados a só cortar as unhas quando for absolutamente
necessário. Manter a pele ao redor da unha limpa e evitar pequenos cortes, é
também um importante cuidado. Da mesma forma, aconselha-se evitar o uso de
termômetros anais que podem causar irritação do ânus. Também são
aconselhados a não usarem papel higiênico, usando apenas água e toalha de
pano. Manter a área em volta do ânus limpa e hidratada previne irritação cutânea.
Banhos de assento e aplicação de cremes no ânus após cada evacuação
ajudarão a manter a área limpa.
Deve-se observar que qualquer um (visitante ou funcionário) lave as mãos ao
visitar o paciente. Pessoas resfriadas ou com suspeita de qualquer doença não
devem fazer visitas.
Alguns médicos recomendam uma dieta só de alimentos cozidos, porque o
cozimento mata as bactérias. Frutas e vegetais crus não são recomendados. A
nutricionista do hospital deve oferecer uma dieta especial.
Pacientes com leucemia, recebendo tratamento, geralmente não têm glóbulos
brancos suficientes para combater a infecção ou produzir sinais da infecção.
Geralmente o único sinal de infecção é o aumento na temperatura, ou sensação
o
de calafrios. Sinais precoces de infecção são: febre acima de 38 C, calafrios,
tosse recente ou produção de escarro, dor de garganta, um local sensível no
corpo, três ou mais evacuações líquidas por dia e dor ou ardência ao urinar. Os
pacientes e seus responsáveis devem relatar tais sinais ao médico ou à
enfermeira.
Quando possível, muitos pacientes têm um acesso venoso permanente (cateter
de acesso venoso) implantado antes do tratamento, que é usado para múltiplas
aplicações de medicações e de sangue.
o
Quando aparece febre (temperatura acima de 38 C) é conduta do médico fazer
testes para procurar a fonte da infecção. Uma amostra limpa de urina, testes
sangüíneos, culturas do acesso venoso e um exame geral são feitos no paciente.
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O que é Cateter Venoso Central ?
O Cateter Venoso Central é um tubo colocado numa veia calibrosa (grossa), através do
qual o paciente recebe soro, transfusões e medicações. Por vezes, é possível também, a
coleta de sangue através dele.
A colocação do Cateter Venoso Central é indicada pelo médico que acompanha o
paciente, desde que este ou o responsável esteja de acordo. Geralmente está indicado
nos casos em que o paciente tem que receber quimioterapia e/ou transfusões freqüentes.
Também pode ser indicado quando o paciente tem veias difíceis de serem puncionadas e
perdem a veia , com freqüência.
A colocação do Cateter Venoso Central é feita por um cirurgião, em Centro Cirúrgico, sob
anestesia geral. Este procedimento não é feito no HEMORIO, e a responsabilidade
técnica é do profissional / hospital onde o procedimento é realizado.
Não há um tempo máximo de permanência do Cateter Venoso Central e a sua
permanência no corpo não dói.
Embora pequenas, existem chances de complicações do Cateter Venoso Central. Que
podem levar 'a sua retirada. As principais são:
!Entupimento por coágulos, comprometendo o fluxo.
!Infecção por bactérias e fungos.
Atualmente os riscos de uma anestesia geral são pequenos e os acidentes anestésicos
são raros. Com medicamentos, instrumental e técnicas modernas, o anestesiologista
reduz ao máximo os riscos de acidentes anestésicos, mas ainda assim eles podem
ocorrer. Os pacientes vão para casa com o cateter e continuarão com ele até que todo o
tratamento tenha terminado. O paciente ou responsável deve receber treinamento sobre
como cuidar do cateter a fim de evitar as complicações citadas acima.
O transplante de medula óssea é uma forma de tratamento na qual se utilizam altíssimas
doses de quimioterapia, associadas ou não à radioterapia, seguido de infusão venosa da
medula óssea do doador, cuja finalidade é restabelecer a capacidade de reproduzir as
células do sangue, perdida com a destruição completa da medula óssea original. Isso
ocorre porque aquelas altas doses de quimioterapia usadas inicialmente, visando a
eliminação das células leucêmicas, também destruirá as células normais da medula óssea
do paciente. Com o transplante uma nova medula óssea regenerá dentro dos ossos do
paciente tratado.
Além da quimioterapia, o transplante de medula óssea (TMO) pode ser uma outra opção
de tratamento para alguns pacientes de LMA. Como regra, o tratamento por meio de TMO
é uma opção para pacientes com menos de 55 anos. Há diversos tipos diferentes de
medula óssea para usar-se no transplante:
Transplante Autólogo ou Autogênico: é aquele em que utilizamos a medula óssea do
próprio paciente.
Transplante Alogênico: é aquele em que utilizamos a medula óssea de um doador
compatível.
Transplante Singênico: é aquele em que utilizamos a medula óssea de um irmão gêmeo
idêntico.
Transplante de Cordão: é aquele em que utilizamos células do sangue de cordão
umbilical.
O TMO não é a primeira opção de tratamento para a maioria dos portadores de
LMA. Estará indicado apenas para os casos em que houver recidiva da doença
após o tratamento quimioterapico convencional e para aqueles que puderem
utilizar sua própria medula óssea ( auto-TMO ) ou que tiverem um doador
compatível ( alo-TMO ). Ser compatível com um determinado doador significa
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possuir as mesmas características genéticas que determinam um tipo de
identidade tecidual que chamamos de HLA ou, traduzindo, antigenos de
compatibilidade tecidual leucocitária.(não confundir com o sistema ABO,
utilizado para identificar os diferentes tipos de sangue).
Os candidatos ao TMO deverão ter sensibilidade comprovada aos
quimioterápicos, ou seja; não poderão ser refratários aos remédios, deverão ter
menos de 55 anos de idade e suas funções vitais deverão estar preservadas sob
risco de não suportarem a toxicidade inerente ao tratamento.
O TMO é realizado obedecendo três etapas:
A medula é obtida através de punções no osso da bacia do doador, sob anestesia
geral, até que se obtenha um volume de aproximadamente 200ml de sangue rico
em células matrizes, capazes de reproduzir completamente a medula óssea do
receptor.
Outra forma de obter essas mesmas células progenitoras é coletar sangue do
doador por intermédio de uma máquina especial chamada Separadora de
Células, num processo conhecido pelo nome de aférese. Dessa forma o doador é
posto sentado em uma poltrona e ligado à Separadora de Células por meio de
uma agulha inserida em uma de suas veias do braço e ligada a túbulos flexíveis
que levam o sangue até o interior da máquina, onde sofrerá um processo de
centrifugação. Dessa maneira as células progenitoras serão separadas e
guardadas em uma bolsa específica para esse fim, no interior da máquina,
enquanto o restante do sangue e seus componentes são devolvidos ao doador
pelo mesmo circuito fechado de túbulos flexíveis.
Esse material (medula óssea ou células progenitoras) é levado ao laboratório,
preparado com substâncias preservadoras e congelado à baixíssimas
temperaturas.
Após a primeira etapa o paciente estará apto a receber quimioterapia de
altíssimas doses, cuja finalidade é exterminar completamente todas as células
leucêmicas, principal fundamento do TMO. No entanto, essas doses destruirão
igualmente as células da medula óssea do paciente e a maioria das células de
multiplicação rápida do corpo humano. Por essa razão os pacientes perdem os
cabelos e sofrem inflamações das mucosas de todo o aparelho digestivo, urinário
e reprodutor.
Terminada a quimioterapia de altas doses, o paciente receberá as células
progenitoras capazes de reproduzir completamente uma nova medula óssea.
Esse procedimento consiste em descongelar a medula previamente guardada e
infundir por via venosa a medula doada. Uma vez na corrente sangüínea, as
células progenitoras “migrarão espontaneamente” até as cavidades ósseas,
lugar de seu destino. Lá se dará o processo de multiplicação celular até a
regeneração completa de uma nova medula óssea.
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Há vinte anos atrás, os resultados do tratamento para LMA eram tão sombrios
que os médicos questionavam até se os pacientes deveriam ser tratados. Desde
então, têm havido mudanças drásticas no tratamento desta doença devido a
esforços de pesquisadores em todo o mundo. Hoje em dia, a remissão pode ser
esperada em aproximadamente 65% dos pacientes. Em muitos casos, as
remissões de longa duração prolongam-se e acabam tornando-se curas. Um
tratamento precoce é necessário para melhores resultados.
Não é fácil viver com uma doença como a LMA. Quando o diagnóstico é feito,
muitos sentimentos diferentes podem vir à tona. Esses sentimentos e as
respostas emocionais podem flutuar de maneira significante dentro de qualquer
pessoa. Nenhuma resposta emocional é considerada "típica" ou "certa".
Os pacientes geralmente se sentem assustados, sem esperança, nervosos e
confusos. Eles estão preocupados com o desgaste que a doença causa nos
membros da família. Assuntos de emprego e seguro também podem causar um
desgaste nos pacientes e em seus familiares. Alguns pacientes precisam e
ativamente procuram pessoas de fora com quem eles possam discutir suas
preocupações enquanto outros podem se sentir embaraçados por sua condição
de vulnerabilidade e se retraem.
É importante para pacientes e famílias falar diretamente com seus médicos
sobre qualquer dúvida específica sobre sua doença.
Eles devem sentir-se livres para discutir suas preocupações conforme elas
aparecerem. O contato com outros profissionais da área de saúde, como
psicólogos, enfermeiras, assistentes sociais, nutricionistas, terapeutas e
farmacêuticos também é importante. Essas pessoas entendem as necessidades
diferentes e especiais de quem vive com leucemia.
Após o fim do tratamento quando o paciente está em remissão, um
acompanhamento minucioso é necessário. Isso envolve ir ao hematologista
regularmente. Nessas visitas tanto um exame físico quanto um teste de sangue
serão feitos. Periodicamente uma biópsia / aspiração poderá ser necessária.
Alguns médicos preferem manter o cateter até que a remissão tenha durado
meses. Se a leucemia retorna, isso se chama recaída.
Pacientes com LMA, em primeira remissão, que têm uma recaída, recebem mais
quimioterapia intensiva com a mesma droga ou com drogas diferentes para
produzir a segunda remissão. Isso se chama terapia de re-indução. Nesse
ponto, um tipo de tratamento completamente diferente pode ser avaliado. Uma
vez que a segunda remissão é obtida, a possibilidade de um transplante de
medula óssea será discutida com a equipe de saúde. Os riscos e benefícios
devem ser considerados.
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R.: Deve-se evitar alimentos crus ou de procedência duvidosa. O setor de
Nutrição e Dietética pode orientar e fornecer a dieta específica.
R.: Essa questão deve ser tratada com o seu médico, uma vez que depende de
uma série de fatores individuais e da fase do tratamento em que você estiver.
Contudo, deve-se ter como regra que ambientes com grande potencial de risco
para infecções tem que ser evitado, ao longo de todo o tratamento.
R.: Toda vacinação fica suspensa, durante o tratamento, retomando o calendário
após 6 a 12 meses do término da quimioterapia. O seu médico orientará os
casos especiais.
R.: Depende do tipo de esporte e da fase do tratamento. A melhor conduta é se
orientar com o seu médico.
R.: Qualquer paciente em uso de quimioterapia deve evitar ambientes fechados
com aglomeração, onde a chance de propagação de infecção é maior. Não é
uma contra-indicação absoluta, deve-se avaliar os prós e os contras, caso a
caso.
R.: É comum que durante a quimioterapia, haja diminuição do desejo sexual,
sendo esse efeito passageiro. Durante algumas fases do tratamento, pode estar
contra-indicado o ato sexual. Converse com seu médico.
R.: Não é aconselhável pegar sol forte, pois algumas medicações tornam a pele
mais sensíveis ao sol. Também não é aconselhável freqüentar praias, pelo risco
da poluição e aglomeração. Converse com seu médico.
R.: Você deve buscar opções que apresentem pouco ou nenhum risco de
sangramento e infecção. Assim, você deve escovar os dentes com escovas
macias na higiene bucal. O mesmo princípio deve ser usado para outros hábitos
de cuidados pessoais. Converse com seu médico.
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R.: A gravidez deve ser evitada durante todo o tratamento quimioterápico e seis
meses após seu término, pois as medicações utilizadas no tratamento podem
causar malformações no bebê.
R.: Tudo que você sentir deve ser relatado ao seu médico durante as consultas,
ainda que possam parecer questões banais. Nenhuma medicação deve ser
utilizada sem o consentimento de seu médico, pois pode influenciar a
quimioterapia.
R.: Os pacientes em tratamento quimioterápico encontram-se freqüentemente
imunossuprimidos (com as defesas do organismo enfraquecidas), portanto, os
cuidados a serem tomados são semelhantes àqueles que tomamos com um
bebê recém-nascido, como: lavagem constante das mãos, higiene minuciosa
dos alimentos e do ambiente domiciliar, além de troca freqüente das roupas do
paciente.
Sinais como febre ou sangramento devem ser sempre vistos como um sinal de
alarme, obrigando a ida, imediata, do paciente, ao HEMORIO.
13
Direção Geral
Clarisse Lobo
Equipe Técnica
Fernando Sellos
Jamison Menezes
Vera Marra
Editoração
Marcos Monteiro
Revisado em
Julho de 2009
2332-8611
14
ONDE QUER QUE VÁ, LEVE UMA
MENSAGEM DE AMOR
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DOAÇÃO DE SANGUE!
Rua Frei Caneca, 8 - Centro - Rio de Janeiro - CEP: 20.211-030 - Tel.: 2332-8611
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SECRETARIA
DE SAÚDE
E DEFESA CIVIL
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