AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE MAIONESES PRODUZIDAS E CONSUMIDAS EM LANCHONETES E LANCHES AMBULANTES MICROBIOLOGICAL EVALUATION OF MAYONNAISES PRODUCED AND CONSUMED IN SNACK BARS AND ITINERANTS SNACKS Altenira Galvão Maia1, Maria Luzenira de Souza*2, Cydia de Menezes Furtado3 1 Estudante de Agronomia, bolsista Pibic/CNPq/UFAC Profa. Dra. Associada Universidade Federal do Acre/UFAC, 3 Bióloga, M. Sc. Universidade Federal do Acre/UFAC, 2* Palavras-chave: maionese, salmonella spp., Staphylococus coagulase positivo, coliformes a 45 °C. Introdução A rápida urbanização e a concentração nas grandes cidades vêm contribuindo para substanciais mudanças na alimentação do brasileiro (SILVA et al., 2007). Destaca-se entre essas mudanças o consumo de refeições fora de casa, em estabelecimentos fixos ou ambulantes. No Brasil estima-se que de cada cinco refeições, uma é efetuada fora do domicílio. A maionese caseira é um dos alimentos manipulados mais susceptíveis às contaminações por microrganismos, muitos patogênicos, que podem ser provenientes da manipulação, matéria-prima contaminada e/ou condições de armazenamento. A maionese caseira tem sido associada a surtos de doenças transmitidas por alimentos - DTA como Salmonella, Sthaphylococcus aureus, Bacillus, Campylobacter e outros, desencadeando pesquisas sobre o controle de microrganismos na maionese (XIONG et al., 2002). Conforme dados da OPAS entre 1996 e 2002 ocorreram 8.278 casos de salmonelose no Brasil provocada por maionese caseira (OPAS, 2003). Apesar do consumo de maionese caseira não ser recomendado, muitas pessoas optam por consumi-la devido as suas características organolépticas ou culturais. Em contraponto esse tipo de comércio pode constituir um risco a saúde da população, pois os alimentos podem ser facilmente contaminados com microrganismos patogênicos, devido às condições inadequadas de preparo e a falta de conhecimentos higiênicos, por parte dos manipuladores/comerciantes. Além disso, muitos estabelecimentos e lanches ambulantes não contam com abastecimento de água tratada, dificultando a higienização correta dos utensílios usados no preparo, o que representa risco eminente de contaminação. Este trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade microbiológica da maioneses caseiras produzidas e utilizadas por lanchonetes e ambulantes de lanches da cidade de Rio Branco - Acre. Material e métodos Foram coletadas e analisadas no período de outubro a dezembro de 2010 o total de 30 amostras de maioneses caseiras, produzidas e comercializadas em estabelecimentos (lanchonetes) e ambulantes de lanches da cidade de Rio Branco/AC. Os estabelecimentos onde foram realizadas as coletas se encontravam nas principais vias públicas da cidade, onde há maior número de consumidores. Estes eram do tipo “trailer” e do tipo “barracas”. As amostras de maionese foram coletadas direto das bisnagas e acondicionadas em saco plástico (100 mL) estéril e transportadas sob refrigeração, em caixas de isopor com gelo para o Laboratório de Microbiologia da Unidade de Tecnologia de Alimentos (UTAL) da Universidade Federal do Acre. Foram realizadas análises de coliformes a 45°C, Staphylococcus aureus (coagulase positivo) e investigada a presença de Salmonella sp. conforme o Compendium of methods for the microbiological examination of foods, da American Public Health Association (APHA, 2001). Resultados e discussão Os resultados das análises microbiológicas obtidos nas 30 amostras de maioneses caseiras estão representados na Tabela 1. Tabela 1. Resultado das análises microbiológicas realizadas em amostras de maioneses caseiras produzidas e servidas em lanchonetes e ambulantes de lanches da cidade de Rio Branco-AC em 2010. * amostra/limite segundo a RDC n° 12 de janeiro de 2001/ANVISA/MS do Brasil 2 -1 10 UFC g b 3 -1 10 UFC g c Ausência em 25 g a Das 30 amostras analisadas 25 (83,33%) apresentaram-se não conforme ao padrão microbiológico estabelecido pela RDC n. 12/2001 em pelo menos, um dos parâmetros referidos, caracterizando-se, como produtos em condições sanitárias insatisfatórias, ou seja, impróprios para o consumo humano. Os valores encontrados, referentes a coliformes a 45 registraram inadequados em 22 amostras (73,33%), Staphylococcus aureus (coagulase positivo) foi detectado em 9 amostras (30%), porém não foi detectada a presença de Salmonella spp. em nenhuma amostra (Tabela 1). Conclusões As maioneses caseiras produzidas e usadas nos lanches não contem Salmonella spp, estando segura quanto a este parâmetro; Coliformes a 45 °C e Staphylococcus aureus (coagulase positiva) são contaminantes freqüentes nas maioneses caseiras servidas nos lanches; Nem todas as maioneses caseiras produzidas e usadas nos lanches se apresentam como um alimento seguro ao consumo humano; São necessárias medidas corretivas imediatas, via procedimentos de boas práticas de fabricação, adequados à manipulação higiênico-sanitária dos alimentos. Referências Bibliográficas AMERICAN PUBLISCH HEALTH ASSOCIATION - APHA. Compendium of methods for the microbiological examination of water and foods. 20th ed. Washington, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n° 12, de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/index_2001_rdc.htm. Acesso em: 3 jan. 2011. OPAS. Organización Panamericana de la salud. Prevenção e controle de doenças transmissíveis. Brasília: 2007. Disponível em: <http://www.opas.org.br/prevencao/temas.cfm?id=28&Area> Acesso em: 27 dez. 2010. SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A.; TANIWAKI, M. H., SANTOS, R. F. S., GOMES, R. A. R. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. São Paulo: Varela. 3. ed. 2007. 552 p. XIONG, R.; XIE, G.; EDMONDSON, A. S.; MEULLENET, J-F. Neural network modeling of the fate of Salmonella enterica serovar Enteritidis PT4 in home-made mayonnaise prepared with citric acid. Food Control, 13 p. 525-533, 2002. Autor a ser contactado: Maria Luzenira de Souza, Centro de Ciências Biológicas e da Natureza e Unidade de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Acre/UFAC, Rio Branco Acre, e-mail: [email protected]