ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENAAJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA-ISE ESPECIALIZAÇÃO EM “GESTÃO ESCOLAR E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS” DISCUTINDO AS ATRIBUIÇÕES E A PRÁTICA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO EDEMILSON BOTELHO RODRIGUES ORIENTADOR: ILSO FERNANDES DO CARMO ARIPUANÃ/2010 ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENAAJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA-ISE ESPECIALIZAÇÃO EM “GESTÃO ESCOLAR E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS” DISCUTINDO AS ATRIBUIÇÕES E A PRÁTICA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO EDEMILSON BOTELHO RODRIGUES ORIENTADOR: ILSO FERNANDES DO CARMO “Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Gestão Escolar e Práticas Pedagógicas”. ARIPUANÃ/2010 ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENAAJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA-ISE ESPECIALIZAÇÃO EM “GESTÃO ESCOLAR E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS BANCA EXAMINADORA ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ORIENTADOR Prof. Ilso Fernandes do Carmo "Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire) "A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget) RESUMO Na escola atual o Coordenador Pedagógico é levado a assumir várias funções, muitas vezes relegando em segundo plano aquela atividade que poderíamos considerar como essencial. Este trabalho visa discutir a função central do Coordenador Pedagógico no espaço escolar, refletindo sobre o papel do coordenador pedagógico no cotidiano escolar frente à formação continuada de professores. A importância e atualidade desta discussão no seio da escola de educação básica, local do exercício de liderança deste profissional, certamente se mostram pontual na organização e desdobramento das atribuições do coordenador em relação ao seu papel, em relação ao seu compromisso teórico-metodológico, ao estabelecimento de um clima organizacional propício ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico que respeite as distintas vozes que se apresentam no âmbito escolar. Por meio de uma revisão de literatura, de discussões e análise de vivências no cotidiano da escola, perfazemos alguns pontos recorrentes para a discussão do objeto de estudo, o que possibilita constatar que a prática pedagógica se constrói pela contribuição de todos os atores sociais, cujo sujeito facilitador, pode ser materializado, dentre outros, na figura do coordenador pedagógico. SUMÁRIO Introdução...................................................................................................................06 1. A história da coordenação ou supervisão..............................................................10 2. O trabalho da supervisão escolar..........................................................................15 2.1 O trabalho de gestão escolar..............................................................................15 2.2 O trabalho do supervisor escolar.........................................................................18 2.3 O trabalho do professor........................................................................................19 3. O papel e atribuições do coordenador pedagógico dentro da escola...................21 4. Desafios do coordenador pedagógico no trabalho coletivo da escola..................26 5. coordenador sim! “o faz tudo”... Não!....................................................................30 6. O saber fazer e aprender do coordenador pedagógico no universo escolar........................................................................................................................32 7. O coordenador pedagógico e a formação continuada dos professores.................................................................................................................35 8. Competências e atribuições do coordenador pedagógico....................................39 9. A formação do coordenador pedagógico...............................................................42 10. Objetivos da coordenação pedagógica................................................................45 11. Supervisão escolar: um exercício de democracia ou autoritarismo.....................47 11.1 Escola ou empresa?...........................................................................................49 Conclusão...................................................................................................................52 Referências Bibliográficas..........................................................................................54 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende fazer uma reflexão sobre o legítimo papel do coordenador pedagógico. Fazer uma análise do processo histórico da coordenação pedagógica, tendo como finalidade, mostrar e discutir o verdadeiro papel do coordenador pedagógico, buscando, assim, respostas as várias interrogações apresentadas dentro do universo escolar, buscando melhorias para o processo ensino-aprendizagem. Buscando também, refletir o papel do coordenador frente à relação professor/aluno e vice-versa, fazendo a mediação do trabalho pedagógico da escola frente à coordenação, visando encontrar caminhos para sanar as perguntas que muito se tem feito e até hoje não temos uma resposta concreta e objetiva. Muito se tem falado, discutido, estudado sobre o verdadeiro papel do coordenador pedagógico, mas afinal, qual é o seu verdadeiro papel, sobretudo, visando à possibilidade de compreender as práticas da supervisão pedagógica no dia-a-dia da escola, associando- se aos seus fundamentos, buscando discutir o papel do supervisor educacional. A sociedade e as escolas passaram por momentos importantes de transição, o que implica um trabalho de desafios da coordenação pedagógica e, principalmente vencer obstáculos rotineiros nas escolas tem sido alvo de alguns estudiosos da educação. 07 Refletir e revisar sobre as práticas pedagógicas leva o educador e, conseqüentemente a escola, a assumirem um papel diferenciado frente ao educando, descobrindo um espaço no processo de ensinar-aprender que valorize a importância da coordenação, conseqüentemente do aspecto afetivo, fazendo do educador um ser transformador. Seria impossível realizar bem o papel da educação sem compreender a realidade do entorno escolar, a história da sociedade com as suas mudanças sistemáticas, as diferentes visões de educação. Mas do que nunca vivemos numa sociedade que avança em descobertas cientificam tecnológicas que favorecem a melhor compreensão do espaço em que vivemos e do ser humano. Dentro do universo escolar, o coordenador pedagógico é o responsável pela mediação o PPP (Projeto Político Pedagógico), mas também aquele que faz “tudo”, desviando-se da principal competência no âmbito educativo. Essa discussão visa apresentar uma visão ampla da atuação desse profissional e sua verdadeira missão enquanto mediador de todas as práticas educativas em sintonia com o PPP, com a visão de “transformador” assumido pela escola oferecendo cidadãos críticos, éticos e competentes para o mercado de trabalho. A Coordenação Pedagógica deve ser uma ação dinamizadora que possibilite a integração das dimensões política, pedagógica e administrativofinanceira da gestão escolar, a fim de estimular a renovação e a melhoria do processo de ensino- aprendizagem, visando à garantia do sucesso de todos os alunos. Diante dessa realidade, e do imenso e diversificado universo escolar, dentre os muitos atores que nele atuam, temos a figura do Professor Coordenador Pedagógico que é o profissional que atua na gestão da escola e que tem como uma de suas funções construírem um ambiente democrático e participativo. O que não é uma tarefa fácil. Pois administrar, assim como educar, não é uma ação individual, feita de um só sujeito, mas sim uma atividade coletiva que infere em discussões, em administrar conflitos, ceder a idéias dos outros, fazer com que as pessoas participem com suas idéias, façam e recebam críticas e aceitem os consensos. Por isto, penso que o Professor Coordenador Pedagógico seja o profissional que atuando democraticamente, leve o professor à reflexão da sua 08 prática, gerando assim, questões para o debate constante a que podemos chamar de formação continuada docente. Pois efetivamente, não existe educação sem a reflexão da própria prática. Segundo NÓVOA (1999: p. 45), “o paradigma do professor reflexivo, ou seja, do professor que pensa e elabora em cima da prática”. Assim, o Coordenador Pedagógico deve manter-se atualizado, realizando leituras especificas da sua área de atuação bem como a respeito de assuntos da contemporaneidade social, ou seja, o Coordenador Pedagógico também está inserido no processo de formação continuada, formando e sendo formado numa relação dialética. Entende-se que o coordenador pedagógico, ao mesmo tempo em que atua no coletivo, de forma a alcançar objetivos estabelecidos com a participação de todos, também está em processo de desenvolvimento profissional, pois reconstrói seus saberes e seus fazeres permanentemente. A importância e a atualidade desse assunto e a constatação que a figura do Coordenador Pedagógico é indispensável na escola, mantendo-se uma postura democrática, para efetivamente contribuir no campo da formação docente. Este trabalho poder ser caracterizado como uma reflexão sobre o papel e intervenções do coordenador pedagógico, que partiu preliminarmente de vivências na escola de educação básica e contribuições de literatura especializada. Propusemo-nos a uma abertura de discussão recorrente, portanto, num itinerário dialético, em que o coordenador pedagógico pode e necessita desenvolver continuamente uma leitura proximal de sua realidade e dos atores sociais que compõem. Neste caso, como agente responsável pela formação continuada de professores, o coordenador pedagógico deve sensibilizar seu saber-fazer de maneira a não unilateralizar as tomadas de decisões, como se tivesse todas as respostas para os encaminhamentos pedagógicos e resoluções de conflitos que inquietam a equipe docente. LIMA (2005), observa que: “Quando o saber-fazer parte de uma concepção sensível da realidade, onde figura como o mais importante, a possibilidade de se trabalhar a intervenção pedagógica pela necessidade do grupo, pela identificação das manifestações que impactam mais e de forma significativa estudantes e professores, não necessariamente somente causa prazer no clima organizacional da escola, mas promove à reflexão, o desafio, a significação da trajetória histórica em que vivem”. (p. 14). 09 O mesmo está organizado em onze seções, a saber: a) a história da coordenação ou supervisão, b) o trabalho da supervisão escolar, c) o papel e atribuições do coordenador pedagógico dentro da escola, d) desafios do coordenador pedagógico no trabalho coletivo da escola, e) coordenador sim! “o faz tudo”... não!, f) o saber fazer e aprender do coordenador pedagógico no universo escolar , g) o coordenador pedagógico e a formação continuada dos professores, h) competências e atribuições do coordenador pedagógico, i) a formação do coordenador pedagógico, j) objetivos da coordenação pedagógica, e k) supervisão escolar: um exercício de democracia ou autoritarismo. 1. A HISTÓRIA DA COORDENAÇÃO OU SUPERVISÃO A idéia de supervisão nasceu com o processo de industrialização, com o objetivo de servir como adestramento de técnicas para indústria e comércio, visando uma melhoria quantitativa e qualitativa da produção. Posteriormente se migrou para o campo dos esportes, da logística militar e da política educacional. Só depois se estendeu para outras instâncias sociais, porém o objetivo sempre foi lançar mão do supervisor enquanto responsável pelo cumprimento dos objetivos visando à obtenção de resultados satisfatórios. Quando migrou para o sistema educacional, foi em busca de um melhor desempenho das unidades escolares em suas tarefas educativas, ou seja, sempre tendo como objetivo básico a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Durante o século XVIII e o início do século XIX, a supervisão ocupou o espaço da inspeção, cujo trabalho focava-se na repressão, checagem o monitoramento de ações (LIMA, apud RANGEL, 2001). Somente em 1841, em Cincinnatti, surgiu a idéia de supervisão relacionada ao processo educacional, porém, ainda, até 1875 a visão principal estava voltada para a verificação das atividades docentes (LIMA, apud RANGEL, 2001). No início do século XX, a supervisão buscou padrões de comportamento definidos e critérios de rendimento escolar, com vistas à eficiência do ensino, utilizando-se para isso, de modelos de aferição de rendimento escolar. Em 1925, já se percebia a influência das ciências do comportamento na supervisão, 11 ressaltando-se adoção de princípios democráticos nas instituições de ensino, tomando-se a figura do supervisor enquanto um líder democrático. Em 1930, a supervisão adquire o caráter de liderança e valorização de grupos na tomada de decisões, e, em 1960, volta-se para o currículo, com destaque para a pesquisa na busca de soluções de melhoria de ensino. (LIMA, apud ALVES, 2006). A partir de 1925, começou-se a perceber uma maior influência, na supervisão, das ciências comportamentais. Além disso, verificava-se uma grande tendência de se introduzir paradigmas democráticos nas organizações educacionais, entendendo-se o papel do supervisor como um líder democrático. Já em 1930, a supervisão passa a assumir um papel de liderança, onde se valorizava o alcance dos objetivos através de um esforço cooperativo. Começou-se também, a valorizar os processos grupais na tomada de decisões. Por fim, a partir de 1960, a ação supervisora voltou-se para o currículo, levando-se em consideração a pesquisa como um lugar proeminente na busca de novas soluções para a melhoria da qualidade de ensino. (ALVES, 2006). A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei 9.394 de 20/12/1996, houve a renovação no campo da inspeção voltada para o Ensino Primário, onde se lê, no artigo 52, referências à formação de inspetores para este nível. O texto enfatiza o papel do curso normal na formação de professores, orientadores, supervisores e administradores escolares, bem como o desenvolvimento de técnicas relacionadas à educação de crianças. (Lei 4.024/1961) A partir de então, neste período de nossa história, houve um processo de descentralização administrativa corroborado pela LDB de então, onde os Estados passaram a ter a incumbência de organizar os serviços referentes ao Ensino Fundamental e Médio daquela época. Em seu estudo ROMANELLI observa que: “... o Brasil, nos documentos oficiais, era tratado como País em Desenvolvimento e a Educação nesse período se caracterizou pela integração do planejamento educacional no Plano Nacional de Desenvolvimento, tratada a educação como área prioritária e parte de estratégia de desenvolvimento global.” (1984, p.197). A supervisão, no Brasil, surgiu com a Reforma Francisco Campos, não mais sendo considerada por seu caráter de fiscalização, mas adotando a nova face de supervisão, sob o Decreto-Lei 18.890 de 18/04/1931. 12 O trabalho de supervisão continuou, a partir da criação da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (Cades), por meio do DecretoLei 34.638 de 14/11/1953, transformando-se numa moderna aliança entre Brasil e EUA, cuja finalidade era a melhoria da qualidade do ensino, utilizando-se para tanto o treinamento de recursos humanos, bem como fazendo a oferta aos inspetores de subsídios para “... a formação e a fundamentação de seu trabalho nas escolas, enfatizando-se sempre o caráter pedagógico de sua área.” (LIMA, apud ALVES, 2006, p.71). Com isso, o Brasil do fim da década de 60 era visto como um País em desenvolvimento, portanto, neste momento, foi estabelecida a integração do planejamento educacional ao Plano Nacional de Desenvolvimento, por ser a educação tomada como prioridade para se atingir o desenvolvimento como um todo. Logo,visando à melhoria da qualidade do ensino se exigia do Supervisor uma formação em nível superior. Sendo assim, a presença dos especialistas no interior do sistema educacional, contribuiria cada vez mais para a divisão do trabalho no interior da escola. Para ALVES: “... como as demais habilitações educacionais criadas e oficialmente institucionalizadas na educação brasileira, a partir da regulamentação da lei 5540/68, a de graduação, sendo promovidos pelo Pabaee e Pamp. Istoé,fundamentada nos pressupostos da pedagogia tecnicista –que se apóia na neutralidade científica e se inspira nos princípios da racionalidade, eficácia e produtividade do sistema.” (2006, p.15). Sendo assim, em virtude das inúmeras mudanças ocorridas no país, depois de 1964, a supervisão escolar, agora função que exigia formação de nível superior, passou a ter o papel de controlar a qualidade do ensino ministrado. Seu perfil, sob este ângulo,promoveu, acentuou e reforçou, no interior da instituição de ensino, a divisão do trabalho. (LIMA, apud ALVES, 2006). A partir daí, a supervisão foi tomada como a busca da eficiência em educar, a certeza da produtividade do trabalho docente e a garantia de uma assistência técnica que as segurasse a sua função de reprodutora de sociedade capitalista. Desenvolvendo-se, então, a visão funcionalista da supervisão, com ênfase em três etapas: o de como fazer sem se observar o fim, o de como se imaginou o controle da ação pedagógica docente como garantia da qualidade do ensino e a imposição da ideologia dominante, por meio de livros didáticos, métodos e técnicas de ensino. (LIMA, apud ALVES, 2006). 13 Apesar disso, a supervisão desenvolveu a função de encaminhar o trabalho pedagógico sob uma nova concepção, a de que a mesma pode usar a técnica, sem correr no tecnicismo. Por isso, a supervisão entra na década de 90, auxiliando na promoção e coordenação de trabalhos, nos quais, toda a comunidade esteja envolvida. (LIMA, apud ALVES, 2006). A partir da implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e do desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico construído por todas as escolas, que conta, também, com a participação da comunidade, o supervisor poderá tecer um olhar avaliativo sobre os PCNs, auxiliando melhor seus professores, e, por fim, participando,cooperando, integrando e flexibilizando seu trabalho, a fim de tornar-se um interlocutor de todas as faces da escola. (LIMA, apud ALVES, 2006). Na nova visão, onde a educação assume um caráter permanente, o objetivo de se atingir todos os homens, apenas poderia ser atingido por uma escola viva, na qual todos os setores da comunidade deveriam interagir, ressaltando o papel do supervisor enquanto mediador. Dessa forma, a supervisão escolar desenvolveu uma prática voltada para os aspectos técnicos e burocráticos do ensino, onde a coordenação e o controle seria uma estratégia essencial para assegurar o papel reprodutor da sociedade capitalista brasileira. “Confirmando essa tese, a formação do supervisor se dá voltada para o desenvolvimento de uma concepção de supervisão escolar funcionalista, concepção que percebe a escola de modo passivo, na qual qualquer mudança é vista como um desequilíbrio no estado homeostático, negando-se, portanto, o caráter dinâmico e evolutivo da instiuição-escola e da sociedade.” (MEDEIROS,1985, p.24). Atualmente o supervisor escolar precisa compreender e interagir com os princípios que a escola elege para nortear a prática educativa, ou seja, sua cultura, no sentido de organizar toda a sua prática levando estas questões em consideração e procurando trabalhar no âmbito da legislação a fim de organizar sua prática pedagógica. Mediante isso, muitas modificações têm acontecido no nível da legislação, levadas por uma perspectiva política que modificou os parâmetros da intelectualização para a socialização da educação, resultando em falácias sobre a qualidade ruim do ensino. Além disso, essas concepções políticas começaram, 14 também, a mudar paradigmas, pois acreditavam que os especialistas, ou seja, técnicos atrapalhavam o desenvolvimentos da educação. Porém, o agir não muda simplesmente, é a visão sobre o trabalho que modifica algumas práticas. 2 – O TRABALHO DA SUPERVISÃO ESCOLAR “Os trabalhos escolares com atenção e olhar para o resgate de autoestima visam proporcionar a compreensão e a valorização de alguns sentimentos como: amizade, amor, respeito, solidariedade, etc, que lhes facilite e auxilie o educando em sua caminhada.” (LIMA apud FREIRE, 1975, 118). 2.1 - O TRABALHO DE GESTÃO ESCOLAR O mundo atual exige que pensemos, mas priva-nos freqüentemente das condições para pensar. E, muitas vezes, nas escolas a direção tem responsabilidade sobre esta situação, pois, devido à grande gama de trabalhos burocráticos exerce uma grande pressão sobre os funcionários em prol de determinadas atividades não levando, muitas vezes, em consideração a possibilidades de reflexões dos mesmos. A escola é o espaço do pensar, porém, estranhamente, num espaço em que tanto se fala da sociedade da informação e do conhecimento, a qual conota o triunfo do esforço mental sobre o físico, num tempo que se considera autorefletivo, em que os educandos assumem cada vez mais uma postura autônoma, senhores de suas escolhas, capazes de usar as reflexões para alterarem questões da vida e processos de trabalho, não se estimula o pensamento ativo, tanto dos educadores como dos educandos. Os atores escolares precisam entender que nem tudo está pensado. O possível, por representar um universo maior de opções, é mais rico que o real. Dessa forma, é o pensar que permite avaliar. É a clareza das ações que pressupõe que elas sejam pensadas, mas se forem só pensadas nunca serão ações. É preciso agir e sentir porque o pensamento só é útil para quem não permanece exclusivamente no pensar e para aqueles que também conseguem pensar em equipe. 16 “De fato, como toda instituição, as escolas buscam resultados, o que implica uma ação racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo, sendo uma atividade coletiva, não depende apenas das capacidades a responsabilidades individuais, mas de objetivos comuns e compartilhados, de meios e ações coordenadas dos agentes do processo.” (LIBÂNEO, 2003, p.132) Refletir em como seria o perfil do diretor de uma escola que objetiva desenvolver-se não só no processo educacional, como na gestão de pessoas seria, por exemplo, necessário atentar para o seu trabalho em relação à área administrativa, de relacionamento interpessoal e pedagógico. Em relação ao processo administrativo pode-se verificar a necessidade em se desenvolver uma visão holística de mundo voltada para o futuro, que busque executar o trabalho educacional e o papel da escola na comunidade. Visando o desenvolvimento do relacionamento interpessoal este gestor precisa compreender a dinâmica de interação e comunicação entre as pessoas, buscando alcançar uma habilidade de se comunicar eficazmente, a fim de mobilizar a equipe escolar e a comunidade local para realizar processos de atuação colaborativa. O diretor, igualmente precisa aprender a desenvolver o trabalho em equipe, valorizando a negociação e a resolução de conflitos, buscando sempre, dar um feedback construtivo ao trabalho dos outros, durante os processos de avaliação. Já, em relação à área pedagógica, este profissional precisa compreender os fundamentos e as bases da ação educacional, da relação entre as atividades instrucionais e seus resultados na aprendizagem e formação dos alunos. Necessita também, ter conhecimento sobre a organização do currículo e articulação entre seus componentes, mobilizando a equipe para a realização e promoção dos objetivos educacionais da escola. Visando alcançar seus objetivos com mais eficiência e eficácia o diretor precisa deixar de ser chefe e se tornar um líder capaz de inspirar os professores e mudar a escola. Um diretor capaz de exercer liderança educacional pode determinar a diferença entre uma escola estagnada e uma escola em movimento. Porém, esses gestores que atuam como professores de professores e agentes dinâmicos de mudança são difíceis de encontrar. Contudo, vale reforçar a idéia de que a liderança não é um dom, é uma habilidade que pode ser desenvolvida e exercitada diariamente. O diretor que almeja desenvolver a liderança precisa ir além do 17 gerenciamento e colocar as pessoas em primeiro lugar, deve estar em contato constante com os docentes, construir um sonho juntamente com sua equipe, de modo que todos se sintam comprometidos com a visão. O diretor enquanto gestor, também precisa fazer com que sua equipe sinta que possui poder para realizar e transformar objetivos e vivências institucionais, saindo da falácia, inconformismo e comodismo. Um diretor que exerce a função de líder transforma a escola em oficina de trabalho, onde profissionais aprendem uns com os outros, cooperando para solucionar problemas pedagógicos. Se o diretor é um líder, ele estimula os professores a debater, em grupo, problemas pedagógicos como dificuldade em motivar a classe ou em estabelecer relações entre os conteúdos e a vida dos alunos. Dessa forma, podem descobrir, por Exemplo, por que os alunos de alguma turma estão encontrando dificuldade na divisão com dois algarismos e que procedimento usar para facilitar esta aprendizagem. Em um clima descontraído, não ameaçador, de cooperação, os educadores vão sentir-se à vontade até para falar sobre seus próprios erros, discutilos e aprender com eles. O diretor-líder, enfim, é capaz de trazer à tona o potencial de cada pessoa ou instituição e criar um clima de cooperação que faz brotar uma realidade mais incentivadora, onde ninguém pára de aprender. E, sempre que o seu trabalho é coroado de êxito, todos dizem: “Nós fizemos isso!”. Consegue fazer com que a equipe sinta que está embarcando em um projeto vital, até mesmo sagrado, que exigirá sacrifícios, mas também realizará algo muito importante, digno do melhor que existe em cada um. Construir um ambiente democrático não é uma tarefa fácil, se fazendo necessário o uso da gestão participativa. Nesse sentido, a preocupação com a melhoria da qualidade da educação levantou a necessidade de descentralização e democratização da gestão escolar e, conseqüentemente, a participação tornou-se um conceito nuclear. Como aponta LÜCK et al. (1998), "O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando 18 situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto" (p.15). 2.2 O TRABALHO DO SUPERVISOR ESCOLAR Atualmente, independente da formação o supervisor precisa desenvolver uma visão crítica e construtiva do trabalho pedagógico, de modo a vitalizar as ações educativas, transformando reflexivamente a ação individual e coletiva dos atores escolares. Dentro desse contexto cabe ao supervisor planejar, avaliar e aperfeiçoar o curso das ações pedagógicas, visando garantir a eficiência do processo educacional e a eficácia de seus resultados. Igualmente, este profissional deve sempre ter o objetivo de levar os participantes do ato educativo a estarem integralmente envolvidos. A fim de alcançar esses objetivos o supervisor deve voltar o foco do seu trabalho para o aprimoramento do desempenho dos professores, valorizando o nível de produção acadêmica dos docentes, assim como a riqueza de suas contribuições para os fazeres pedagógicos. O supervisor, também precisa respeitar a personalidade dos profissionais da educação, valorizando-os individualmente e profissionalmente. A prática da supervisão igualmente exige uma constante avaliação crítica de seu próprio desempenho, levando-o a um esforço continuado de aperfeiçoamento como técnico, mas, especialmente, como pessoa. Este precisa analisar desde o acompanhamento planejamento de sua do currículo, execução, precedido orientando, de controlando diagnose e ao avaliando criticamente junto com os atores escolares. Em outras palavras, “O papel do supervisor escolar se constitui, em última análise, na somatória de esforços e ações desencadeados com o sentido de promover a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Esse esforço voltou-se constantemente ao professor, num processo de assistência aos mesmos e coordenação de sua ação.” (LÜCK et al, 1998, p. 20). Dessa forma, diariamente o supervisor precisa desenvolver flexibilidade, atualização e renovação, buscando integrar o coletivo, analisar casos e estudos de temas através da observação, entrevistas e reuniões. 19 Baseado numa nova visão do trabalho do supervisor escolar cabe a este profissional conhecer a natureza, a organização e o funcionamento da educação escolar, suas relações com o contexto histórico-social e com o desenvolvimento humano, além de perceber as conseqüências intrínsecas ao agir da gestão/administração do sistema escolar, seus níveis e modalidades de ensino. O mesmo precisa, também, conhecer os fundamentos e as teorias do processo de ensinar e aprender, relacionar princípios, teorias e normas legais a situações reais, identificar os impactos de diretrizes e medidas educacionais, objetivando a melhoria do padrão de qualidade do ensino e aprendizagem, comunicar-se com clareza com diferentes interlocutores e em diferentes situações, socializar informações e conhecimentos, conduzir democraticamente suas práticas, identificar criticamente a interferência das estruturas institucionais no cotidiano escolar, promover o desenvolvimento da autonomia da escola e o envolvimento da comunidade escolar, buscar e produzir conhecimentos relativas à formação permanente de pessoal, compreender e valorizar o trabalho coletivo no exercício profissional, além de ter disponibilidade de trabalhar em grupo, reconhecendo e respeitando as diferenças pessoais e as contribuições dos participantes. 2.3 O TRABALHO DO PROFESSOR Conforme FREIRE (1975), a atividade docente vem se modificando em decorrência de transformações nas concepções de escola e nas formas de construção do saber, resultando na necessidade de se repensar a intervenção pedagógico-didática na prática escolar. Um dos aspectos cruciais dessas transformações é o investimento na qualidade da formação dos docentes e no aperfeiçoamento das condições de trabalho nas escolas, para que estas favoreçam a construção coletiva de projetos pedagógicos capazes de alterar os quadros de reprovação, retenção e da qualidade social e humana dos resultados da escolarização. Dessa forma ALVES (2006), não se ignora que esse desafio precisa ser prioritariamente enfrentado no campo das políticas públicas. Todavia, não é menos certo que os professores são profissionais essenciais na construção dessa 20 nova escola. Entendendo que a democratização do ensino passa pela sua formação, sua valorização profissional, suas condições de trabalho, pesquisas e experiências inovadoras, apontando assim, para a importância do investimento no desenvolvimento profissional dos professores. Assim, o desenvolvimento profissional envolve formação inicial e contínua articulada a um processo de valorização individual e profissional dos professores. E o trabalho do supervisor pode muito contribuir como mediador desse processo, além de trabalhar juntamente com o educador o desenvolvimento de uma visão progressista de crescimento profissional baseada na racionalidade técnica, e, levando-os a assumir a perspectiva de decidir e de rever suas práticas e as teorias que as informam, pelo confronto de suas ações cotidianas com as produções teóricas, pela pesquisa da prática e a produção de novos conhecimentos para a teoria e a prática de ensinar. Para ALVES (2006), uma escola que inclua, ou seja, que eduque todas as crianças e jovens, com qualidade, superando os efeitos perversos das retenções e evasões, propiciando-lhes um desenvolvimento cultural que lhes assegure condições para fazerem frente às exigências do mundo contemporâneo, precisa de condições para que, com base na análise e na valorização das práticas existentes que já apontam para formas de inclusão, se criem novas práticas: de aula, de gestão, de trabalho dos professores e dos alunos, formas coletivas, currículos interdisciplinares, uma escola rica de material e de experiências, como espaço de formação contínua. Na área de gestão e relacionamento interpessoal que valoriza a compreensão da dinâmica, do comportamento, da individualidade e da habilidade dos alunos, de modo a criar um ambiente construtivo de aprendizagem significativa que motive os alunos a mobilizar sua atenção, diagnosticar necessidades de aprendizagem e propor alternativas interessantes para promovê-las, além de identificar conflitos e vencer obstáculos. Por fim, na área escolar, onde será desenvolvida a habilidade de se trabalhar em equipe, a percepção da relação com a turma e contexto da escola e a compreensão do ponto de vista de colegas, pais e alunos. 3- O PAPEL E ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DENTRO DA ESCOLA A profissão de coordenador pedagógico surgiu para substituir o "supervisor" escolar, pois até a década de 80/90, o supervisor era visto como um fiscalizador, um inspetor das rotinas escolas às normas oficiais e não alguém que contribuía com o processo educativo. Assim, mudou o nome, mas, segundo LÜCK (1998), as atribuições continuam as mesmas: a) Desenvolver um trabalho harmônico dentro da escola; b) Conversar diretamente com os professores sobre o desempenho discente; c) Acompanhar e avaliar o professor em relação ao que faz e como faz o seu próprio trabalho; d)Assessorar o trabalho do professor (transmitindo sugestões de atividades); e)Descentralizar as decisões a respeito da ação docente; f)Criar situações para a solução dos problemas que surjam no grupo de professores; g)Procurar h)Discutir i)Elogiar j)Incentivar subsídios diferentes o que os que maneiras positivo e professores facilitem de a trabalho e esclarecendo o a avançar ação comunicando que em docente; experiências; considera seus negativo; estudos; k) Organizar as condições de trabalho do professor como material de ensino; Por esse prisma, o coordenador não é mais aquele sujeito que possui um “superpoder” de assessorar, acompanhar, controlar e avaliar o trabalho docente realizado nas instituições de ensino, mas aquele que constrói com os professores o 22 seu trabalho diário. Seu papel envolve uma atuação grupal, pois atende tantos professores, alunos como todos os setores de uma escola. Por ser grupal, seu trabalho exige o exercício constante do pensar, do descobrir e do saber o modo de avançar nas ações. Dentro das inúmeras mudanças que ocorrem na sociedade atual, de ordem econômica, política, social, ideológica, a escola, como instituição de ensino e de práticas pedagógicas, enfrenta muitos desafios que comprometem a sua ação frente às exigências que surgem. Assim, os profissionais, que nela trabalham, precisam estar conscientes de que os alunos devem ter uma formação cada vez mais ampla, promovendo o desenvolvimento das capacidades desses sujeitos. Para tanto, torna-se necessária a presença de um coordenador pedagógico consciente de seu papel, da importância de sua formação continuada e da equipe docente, além de manter a parceria entre pais, alunos, professores e direção. A função de coordenação pedagógica é o suporte que gerencia, coordena e supervisiona todas as atividades relacionadas com o processo de ensino e aprendizagem, visando sempre à permanência do aluno com sucesso. Já segundo CLEMENTI, apud ALMEIDA (2001), cabe ao coordenador "acompanhar o projeto pedagógico, formar professores, partilhar suas ações, também é importante que compreenda as reais relações dessa posição." Partindo desse pressuposto, podem-se identificar as funções formadora, articuladora e transformadora do papel desse profissional no ambiente escolar. Considerando a função formadora, o coordenador precisa programar as ações que viabilizem a formação do grupo para qualificação continuada desses sujeitos. Conseqüentemente, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo impacto bastante produtivo e atingindo as necessidades presentes. Assim, muitos formadores encontram na reflexão da ação, momentos riquíssimos para a formação. Isso acontece à medida que professores e coordenadores agem conjuntamente observando, discutindo e planejando, vencendo 23 as dificuldades, expectativas e necessidades, requerendo momentos individuais e coletivos entre os membros do grupo, atingindo aos objetivos desejados. As relações interpessoais permeiam a prática do coordenador que precisa articular as instâncias escola e família sabendo ouvir, olhar e falar a todos que buscam a sua atenção. Conforme ALMEIDA (2001, p. 34), na formação docente, "é muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades", sabendo reconhecer e conhecer essas necessidades propiciando subsídios necessários à atuação. Assim, a relação entre professor e coordenação (práxis), concebe a confiança, o respeito entre a equipe e favorecem a constituição como pessoas. Na parceria escola verso família, esse profissional é requerido para estreitar esses laços e mantê-los em prol da formação efetiva dos educandos à medida que cada instância assuma seu papel social diante desse ato indispensável e intransponível. Como ressalta ALVES, apud REIS (2008): "Homens que através de sua ação transformadora se transformam. É neste processo que os homens produzem conhecimentos, sejam os mais singelos, sejam os mais sofisticados, sejam aqueles que resolvem um problema cotidiano, sejam os que criam teorias explicativas." Assim, é papel do coordenador favorecer a construção de um ambiente democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento por parte da comunidade escolar, promovendo mudanças atitudinais, procedimentais e conceituais nos indivíduos. Cabe ao coordenador atuar coletivamente e visualizar espaços como oportunidades para o desempenho das suas funções. Apesar das inúmeras responsabilidades desse profissional já descrito e analisadas, o coordenador pedagógico enfrenta outros conflitos no espaço escolar, tais como tarefas de ordem burocrática, disciplinar, organizacional. Assumir esse cargo é sinônimo de enfrentamentos e atendimentos diários a pais, funcionários, professores, além da responsabilidade de incentivo a promoção do projeto pedagógico, necessidade de manter a própria formação, independente da instituição e de cursos específicos, correndo o perigo de cair no 24 desânimo e comodismo e fatores de ordem pessoal que podem interferir em sua prática. Muitas vezes, a escola e o coordenador se questionam quanto à necessidade desse profissional e chegam à conclusão que esse sujeito pode promover significativas mudanças, pois esse trabalha com formação e informação dos docentes, principalmente. O espaço escolar é dinâmico e a reflexão é fundamental a superação de obstáculos, socialização de experiências e fortalecimento das relações interpessoais. O coordenador pedagógico é peça fundamental no espaço escolar, pois busca integrar os envolvidos no processo ensino-aprendizagem mantendo as relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação do professor e a sua, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de qualidade. Então tentamos definir o papel positivo e negativo em relação ao coordenador pedagógico. (VASCONCELOS, 2002, p.85-90): “Comecemos pela definição negativa, qual seja, por aquilo que a supervisão não é (ou não deveria ser): não é fiscal de professor, não é dedo-duro, (que entrega professores para a direção), não é pombo correio ( que leva recado da direção para os professores e viceversa), não é coringa/ tarefeiro/quebra galho/ salva vidas (ajudante de direção, auxiliar de secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.), não é tapa buraco ( que fica “toureando” os alunos em sala de aula no caso de falta de professores), não é burocrata (que fica á volta com relatórios e mais relatórios , gráficos, estatísticas sem sentido), não é gabinete (que está longe da prática e dos desafios efetivos dos educadores), não é dicário (que tem dicas e soluções pra todos os problemas, uma espécie de fonte inesgotável de técnicas, receitas), não é generalista (que entende quase nada de quase tudo)...” Seguindo dessa forma de maneira positiva, a coordenação pedagógica é a articuladora do PPP da instituição no campo pedagógico, organizando a reflexão, a participação e os meios para a concretização do mesmo, de tal forma que a escola possa cumprir sua tarefa de propiciar que todos os alunos aprendam e desenvolvam como seres humanos plenos, partindo do pressuposto que todos os alunos têm direito e são capazes de aprender. Nesse sentido, a própria concepção de supervisão se transforma, na medida em que não se centra na figura do supervisor, mas na função supervisora, que inclusive, pode e deve, circular entre os elementos do grupo, cabendo a coordenação a sistematização e integração do trabalho no conjunto, caminhando na linha da interdisciplinaridade(...). 25 É importante lembrar que, antes de tudo, a coordenação é exercida por um educador, e como tal deve estar no controle de tudo aquilo que desumaniza a escola: a reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo, o conhecimento desvinculado da realidade, a evasão, a lógica classificatória e excludente (repetência ou aprovação sem apropriação do saber), a discriminação social na e através da escola, etc. Entendemos também que o coordenador é o colaborador e explicitador do PPP, bem como na integração da própria coordenação com os demais setores da escola. O interlocutor, onde sua práxis comporta as dimensões reflexiva, organizativa, conectiva, interventiva, mediativa e avaliativa. Diante desse novo paradigma, podemos nos propor a passar de “super” – visão para “outra- visão”. 4- DESAFIOS DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO TRABALHO COLETIVO DA ESCOLA Para LIMA (2005), a educação que outrora era objeto de interesse apenas das comunidades familiares e educacionais, atualmente, passa a ser vista como condição essencial para a melhoria da qualidade de vida e como fator que denota cidadania. Para muitos estudiosos do assunto, a escola antes vista como uma organização racional e planificada (cumpridora apenas de objetivos burocráticos), passa a ser considerada como uma organização social, cultural e humana, na qual podem ser tomadas importantes decisões educativas, curriculares e pedagógicas. Cada personagem presente no seu interior — comunidade familiar, professores, alunos, gestores, dentre outros — tem importância fundamental, pois todos fazem o cotidiano escolar acontecer. Para romper as relações de poder autoritárias, rígidas e burocratizastes existentes durante anos na escola o trabalho coletivo torna-se condição “sine qua non” para a construção e reconstrução do dia a dia escolar (NOVOA, 1999). Entende-se trabalho coletivo como um articulador dos diversos segmentos da comunidade escolar e que é fundamental para sustentar a ação da escola em torno de um projeto. Ele é condição indispensável para que as atividades da sala de aula sejam planejadas e avaliadas, tendo em vista a direção comum que se pretende imprimir ao processo ensino-aprendizagem. 27 O trabalho coletivo é o melhor meio de atualização e reflexão sobre a ação educativa de seus profissionais. Trabalhar coletivamente não significa, necessariamente, todos trabalharem junto o tempo todo. Dependendo dos objetivos comuns, é possível dividir responsabilidades e executar atividades com subgrupos ou mesmo individualmente, desde que se garanta a troca constante de informações e a continuidade do trabalho na direção dos objetivos estabelecidos de comum acordo. É através do trabalho coletivo, segundo OLIVEIRA, 2005), que a escola pode se transformar num espaço privilegiado de formação, não apenas para os alunos, mas para todos os educadores nela envolvidos. A base desse trabalho deverá estar na participação consciente e na liberdade responsável. Só se garante a eficácia coletiva se a participação for centrada na responsabilidade. E para que haja essa participação, há que se ter consciência e responsabilidade, o que exigirá de toda a presença, reflexão e crítica constantes. É preciso estar consciente de que conflitos e desafios não faltarão. Entretanto, o resultado passará a ser responsabilidade de todos e não apenas de um que poderá perder seu tempo e não encontrar soluções. 4.1 - CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA UM AGIR COLETIVAMENTE O coordenador da escola, como um líder que é, é peça fundamental no processo de trabalho coletivo, pois caberá a ele promover o clima de fraternidade, de respeito, de diálogo e de responsabilidade entre os professores. Esse mesmo clima deverá ser extensivo aos alunos. O clima relacional de uma escola tem seu eixo nos professores que nela atuam. A liderança de um diretor conduz esses relacionamentos à condição desejada e necessária para o trabalho eficaz. Estabelecer o permanente diálogo entre a direção e todos os segmentos da escola é fundamental, principalmente com os professores, pois neles repousa a possibilidade de viabilizar um ensino de qualidade. Haverá aqueles que se lançarão com entusiasmo ao trabalho coletivo; existirão os céticos, incrédulos nas mudanças propostas face aos problemas que enfrentam no cotidiano da sala de aula; e haverá ainda os omissos, que se omitirão, deliberadamente, para não assumir compromissos quanto à sua conduta pedagógica. A perseverança e a 28 tolerância deverão ser a tônica nas discussões dos problemas enfrentados por todos os docentes em suas ações junto aos alunos. A equipe pedagógica terá a função de proporcionar a busca de propostas de soluções conjuntas; possibilitará a identificação do trabalho coletivo como elemento propulsor, que traz benefícios ao processo pedagógico; possibilitará também a percepção de que talvez a conquista do “mar” traga alguns receios, mas que o “barco” não poderá ser abandonado ao primeiro sinal de “tempestade”. É sempre muito importante a oferta de recursos pedagógicos que atualizem e estimulem o trabalho do professor. Tanto a direção como a coordenação pedagógica podem contribuir para uma melhoria geral no desempenho do trabalho, principalmente de professores que demonstrem muitas dificuldades em sua ação pedagógica. Seu principal objetivo é agregar um maior número de professores, das mais variadas áreas, na seleção de conteúdos significativos, dando a eles a idéia de que o conhecimento é um todo composto por partes que se relacionam. A coordenação pedagógica detém a visão de conjunto do processo pedagógico e oferecê-la à compreensão dos envolvidos é uma contribuição inestimável. Uma direção interessada haverá de ter presente sua capacidade de observação e avaliação. A primeira tarefa do corpo diretivo, em discussão com todos (professores, comunidade, alunos e equipe de apoio etc.) será encontrar mecanismos que garantam o cumprimento de tudo aquilo que todos se comprometeram em realizar coletivamente. O coordenador pedagógico mesmo mantendo estreitos laços de amizade com todos, irá desempenhar um novo papel, voltado para a orientação, gerenciamento e cobrança de resultados. O primeiro desafio do coordenador pedagógico é o de aglutinar os antigos colegas num trabalho de equipe, condição essencial para a melhoria do fazer pedagógico em sala de aula. Partindo do diagnóstico das séries, deverá reestimular o docente envolvido com maus resultados, para o compromisso de tentar novas formas de trabalho, capazes de alterar os rumos do processo. Ele deverá, também, acompanhar essas ações para que tudo o que se replanejou não se perca nas boas intenções. Ele deverá, ainda, organizar previamente a pauta das reuniões e 29 aproveitar esses momentos para refletir a respeito das metas selecionadas pelo grupo. Todos os membros das escolas são co-responsáveis pelo trabalho coletivo, mas esses dois elementos podem ser considerados os articuladores do processo. A consolidação do trabalho coletivo na escola resulta de um processo intencional e árduo na busca do rompimento das relações de poder autoritário para um processo mais democrático. As linhas de qualquer projeto político pedagógico devem refletir o desejo de um trabalho coletivo. O trabalho coletivo não é meta fácil de atingir. Todavia, para uma escola que deseja ser democrática, é o caminho para um processo pedagógico eficiente e para a qualidade de ensino desejada por todos. O coordenador pedagógico não pode adentrar no universo educacional com a ingênua intenção de apenas reproduzir pressupostos teóricos. Na labuta com pessoas não há manual de instruções ou receitas infalíveis. Acreditamos que é justamente nessa ingenuidade, nesse sonho de se considerar o “Mister M” da educação que muitos pedagogos ao se verem frustrados diante da complexidade “psicosocioculturalespiritual” que envolve os atores do cenário da educação acabam por se corromperem, desiludindo-se e caindo na mediocridade da mesmice. Desejamos uma coordenação pedagógica que contemple a gestão participativa, que permita ao coordenador os instrumentos necessários para delegar afazeres envolvendo assim todo o corpo docente, funcionários, diretores, pais e alunos. No entanto, delegar afazeres nem sempre pode está relacionado ao autoritarismo, alias autoritarismo em coordenação contradiz muitos dos princípios relativos de flexibilidade. Um coordenador pedagógico tem a difícil missão de compreender os lados favoráveis e opostos ao seu plano de ação. Aos que resistem às tentativas de “ajustes” por serem reféns de um modelo epistemológico que não permite a quebra da rotina é preciso paciência, dialogo e boa fundamentação teórica. Aos que recebem de braços abertos os “gestores do amanhã” desejamos o aprendizado mútuo através do sócio-interacionismo que indiscutivelmente contribui para uma escola de qualidade. 5- COORDENADOR SIM! “O FAZ TUDO”... NÃO! As funções do coordenador pedagógico, segundo OLIVEIRA (2005), são várias, entre elas a de exercer um papel mediador entre os professores e alunos, dando todo o apoio possível para que o trabalho dos mestres seja condecorado com sucesso e acima de tudo com resultados satisfatórios. Além do mais, o coordenador traça metas e projetos a curto, médio e longo prazos juntamente com a direção, no sentido de promover um dinamismo à escola, transformando-a em um espaço transformador, estabelecendo ao aluno a tão necessária inclusão e conseqüentemente a sua auto-estima elevada, servindo isso de suporte bem estabelecido para toda a sua vida. Independente da posição que ocupamos na Educação precisou acreditar na mudança e estarmos sempre aberto para ela, se não de nada adianta! Quando todos envolvidos conceberem isso… teremos o que sonhamos. Ainda acredito que o Coordenador Pedagógico tenha espaço, conhecimento e amor suficiente pela Educação para fazer tudo o que aparece em seu redor. Acredito que mais cedo ou mais tarde ele possa ser chamado na prática: COORDENADOR PEDAGÓGICO! Sabemos como é a realidade na Escola. Ainda eles conseguirão o espaço tão esperado. Quem irá lucrar com isso? Com certeza os professores e conseqüentemente os alunos (RANGEL, 2001). Precisamos com urgência desmistificar a concepção de que o coordenador pedagógico é para “apagar incêndio” em escola. Ou seja, este 31 profissional não pode está subordinado aos caprichos de alguns diretores de escola que inacreditavelmente não sabem qual é a real função deste profissional. Consideramos importante que um bom coordenador tenha o mínimo de conhecimento em alguns aspectos. Ou seja, que tenha a palavra amiga, mas coordenador não é psicólogo, que mantenha na escola kits de primeiros socorros, mas coordenador não é enfermeiro, que entenda de crianças, mas que não seja babá, que seja um bom apaziguador, mas coordenador não é para separar briga na escola, que tenha conhecimento da infra-estrutura da escola, mas coordenador não é pedreiro nem encanador e que apesar de receber alguns “choques” também não é eletricista. Queremos esclarecer para aqueles que acham que o coordenador pedagógico é o “faz tudo” que é melhor rever seus conceitos, afinal de contas essa é uma profissão que assim como todas as outras merece respeito. Respeitar uma profissão é a forma mais sublime de respeitar o outro e ainda mais quando esse outro é o profissional que tem como função viabilizar a interação e contribuir para o bom funcionamento de uma instituição desvelando o papel de cada agente envolvido. "Misturar-se” aos sujeitos do universo educacional, conforme ZABALA (1998), é um ato crucial para o coordenador, no entanto é preciso que esta ação seja fruto de um diagnostico prévio no intuito de estabelecer um plano de ação sistematizado e em conjunto com o todo, desde o funcionário da limpeza ao secretário de educação. 6- O SABER FAZER E APRENDER DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO UNIVERSO ESCOLAR O trabalho do Coordenador Pedagógico tem sido alvo de inúmeros debates no âmbito educacional. A simultaneidade e o grande acúmulo de tarefas confundem de certa forma o profissional no seu cotidiano. Em PLACCO (2003, p. 47) encontramos: “O cotidiano do coordenador pedagógico ou pedagógico-educacional é marcado por experiências e eventos que o levam, com freqüência, a uma atuação desordenada, ansiosa, imediata e racional, às vezes até frenética”. Mas afinal o que é coordenar? Coordenar, do latim, segundo ZABALA (1998), Coordinar significa 'ligar', 'ajuntar', 'organizar', 'arranjar'. Coordenação, do latim. Tardio coordenatione nos passa a idéia de: 'mediar', 'ligar', articular um trabalho em andamento. Procurar unir, dar sentido, uma articulação ao que está sendo feito individualmente. Portanto, o Coordenador Pedagógico atua ou deve atuar como elemento integrador, dinamizador de toda a equipe escolar, como veremos no estudo realizado neste subitem. No cotidiano escolar, o Coordenador Pedagógico desempenha uma função que poderíamos afirmar que hoje é quase insubstituível. A sua importância no universo escolar dá-se pelo fato de ser ele o articulador, o mediador das relações pais/professores/alunos/diretoria, evitando o desgaste que possa vir a acontecer entre esses pólos que fazem parte da escola. Vejamos: 33 Esse trabalho é por si só complexo e essencial, uma vez que busca compreender a realidade escolar e seus desafios, construir alternativas que se mostrem adequadas e satisfatórias para os participantes, “propor um mínimo de consciência entre as ações pedagógicas, tornando-as solidárias e não isoladas ou em conflito uma com as outras”. (GARRIDO, 2002, p. 74). Na sua função integradora e articuladora, o Coordenador Pedagógico está presente nas ações pedagógicas e didáticas desenvolvidas na escola, mantendo uma relação constante com professores, alunos e pais, constituindo-se num agente articulador no processo de construção do coletivo escolar. O coordenador pedagógico, um dos atores da escola, conseguirá desencadear um trabalho transformador à medida que realizar uma “ação intencional, em conexão com a organização e gestão escolar e um trabalho coletivo, integrado com os atores da comunidade escolar” (ORLOSON, 2002, p.19). E mais, cumpre um papel de orientar esses agentes. Tal orientação, como nos mostra RANGEL (1997, p. 45), consiste em “Criar e estimular oportunidades de estudo coletivas, para análise da prática em suas questões e em seus fundamentos teóricos, em seus problemas e possíveis soluções, que se ‘trocam’ e se aproximam nos relatos de experiências”. Dessa forma, espera-se que o Coordenador Pedagógico favoreça a organização dos atores e dos processos da escola, com atitude crítica e reflexiva, fazendo uso dos saberes adquiridos na sua formação acadêmica e na experiência profissional, com o intuito de nortear as relações existentes no ato de aprender e ensinar, transformando a escola num espaço onde se coordena o saber fazer e o saber aprender. Para tal é importante que o coordenador pedagógico compreenda que: “Lidar com planejamento, com desenvolvimento profissional e a formação do educador, com as relações sociais e interpessoais existentes na escola é lidar com a complexidade do humano, com a formação de um ser humano que pode ser sujeito transformação de si e da realidade, realizando, ele mesmo, resultado de sua intencionalidade”. (PLACCO, 2003, p.59). A Coordenação Pedagógica de uma escola deve diferenciar-se do modelo organizacional cuja autoridade e poder se estabelecem nas relações verticais de dominação, indicando quem deve mandar e quem deve obedecer; ao 34 contrário, na escola a Coordenação Pedagógica deve ser um ambiente favorável ao diálogo, nas relações com os professores, alunos, pais e com a gestão. 7- O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES Percebe-se, pois, que a continuidade da formação é indispensável para a profissionalização no atual contexto educacional e que esse processo se constrói durante toda a carreira profissional RANGEL (1997, p. 15). A formação permanente se faz necessária pela própria natureza dos saberes e dos fazeres humanos como práticas que se transformam constantemente. Nesse sentido, os coordenadores pedagógicos, anteriormente chamados de supervisores escolares, possuíam um papel associado, principalmente, ao controle das práticas docentes. A partir das mudanças no processo de organização da escola, o coordenador pedagógico passou a ser considerado, também, um professor e seu foco passou a ser, prioritariamente, o processo de ensino e aprendizagem. Desse modo, os saberes teóricos e práticos oriundos da trajetória docente passaram a compor, juntamente com os saberes para o desenvolvimento das atividades administrativas, os conhecimentos necessários para o trabalho na coordenação. Outro objetivo, conforme PLACO (2004, p. 14), e foco do coordenador é a formação continuada, momento único e imprescindível onde o coletivo da escola se reúne para estudar e aprimorar o estudo em grupo e o conhecimento. É um instante fundamental para o sucesso da escola, e os coordenadores possuem a missão de organizar, preparar, pesquisar, enfim, deliberar esse momento de estudo, de leitura e de discussões dentro do colégio. Essa formação continuada dinamiza as ações da escola, proporciona um ambiente transformador e também dá subsídios 36 para que aconteçam momentos de puro conhecimento, para que os alunos, os profissionais da educação e também as famílias possam se entrelaçar cotidianamente para o bem de toda a comunidade. O coordenador é isso e muito mais, ele trabalha, media, projeta, prevê resultados, cobra, pesquisa, enfim, auxilia bastante a direção escolar para que as coisas andem corretamente dentro da unidade. Trabalha muitas vezes acima de sua carga horária semanal, e muito se preocupa quando as coisas não caminham da forma como deveriam caminhar dentro da escola. Por ser assim, esse coordenador merece ser mais valorizado pelo poder público, tanto na questão profissional como salarial. A função do coordenador é especial e tanto as escolas públicas como as particulares necessitam desse articulador educacional, pois como disse, sua função é preponderante para o funcionamento da instituição escolar (ROMANELLI, 1984, p. 48). O Professor Coordenador Pedagógico precisa se despir de sua imagem de "chefe" para tornar-se igual, para criar um clima em que todos participem coletivamente. Temos o desafio de ajudá-lo a redimensionar sua função na escola para que compreenda seu papel na coordenação de um projeto de formação com conteúdos claros e consistentes, visando a formação de seus professores. Para muitos municípios participantes da rede, essa proposta de formação permanente é nova. Ela vai exigir uma reorganização da Secretaria de Educação quanto aos papéis destinados aos formadores locais. Não é uma tarefa fácil e temos clareza que exigirá, em muitos casos, um tempo de reflexão da equipe e negociações internas para efetivar mudanças necessárias. Sabemos que em alguns lugares existe uma cultura escolar em que o coordenador assume muitas atribuições administrativas, pois recebe uma demanda enorme de tarefas. Não sobra tempo para se dedicar à formação dos professores e, muitas vezes, o coordenador não é reconhecido como um formador. Por este e por outros motivos, há muitas situações em que, para cumprir minimamente sua responsabilidade junto aos professores, os coordenadores adotam uma linha mais prescritiva, dizendo aos professores o que eles precisam fazer, entregando o planejamento pronto, explicando demandas, mas sem incorporar 37 na sua ação os saberes dos professores. Sem dúvida, esta situação torna o professor muito dependente, sem autoria. Isto evidentemente não o ajuda a se tornar um profissional pesquisador, reflexivo e autônomo, qualidades exigidas de um educador contemporâneo. Dentro da escola, a função de coordenador pedagógico nem sempre é bem ilimitada SILVA (2006) . Muitos acham que o profissional que exerce o cargo é um auxiliar do diretor para as questões burocráticas. Outros acreditam que cabe a ele resolver os problemas disciplinares dos alunos. E o pedagógico que está na denominação do cargo quase sempre é esquecido. Porém é essa palavra que define a tarefa do coordenador: fazer com que os professores se aprimorem na prática de sala de aula para que os alunos aprendam sempre. Para isso, ele só tem um caminho: realizar a formação continuada dos docentes da escola. Coordenador pedagógico – está relacionada a concepções diferentes sobre a maneira como ele se torna um bom profissional. Há quem acredite que ensinar é uma vocação e, por isso, o “dom” nasceria com a pessoa. Outros afirmam que ele aprende por tentativa e erro, acumulando experiências de sala de aula. E ainda existem os que defendem que o domínio do “como ensinar” vem da mera reprodução de roteiros prontos de aulas e de atividades. A necessidade de haver formação continuada só surge quando o professor é visto como um profissional que deve sempre aperfeiçoar sua prática ao fazer um trabalho de reflexão sobre ela e tem contato com o conhecimento didático. É aí que surge o papel de formador do coordenador pedagógico, que se torna imprescindível para orientar esse processo. Para bem cumprir a função, ele deve estar sempre atualizado (o que significa estudar muito) com as didáticas específicas – compostas dos saberes sobre os conteúdos, da forma de ensinar cada um deles e da maneira como as crianças aprendem. É com esse conhecimento que o coordenador pedagógico planeja os encontros de formação. Nele, ele tem dois principais caminhos a percorrer: o da dupla conceitualização e o da tematização da prática. A formação continuada deve ocorrer durante toda a vida do profissional. No mundo contemporâneo, faz-se necessário uma constante atualização de métodos, conceitos, teorias concernentes à área profissional na qual atue. Para GLEGLIO (2003), a formação continuada é uma das etapas de preparação do profissional da educação e, de acordo com a própria nomenclatura, 38 ela é continuada. Quer dizer, não tem fim, é constante. A formação continuada do professor dá-se basicamente na escola, pois este é o espaço da sua atuação diária, como também em eventuais congressos, palestras, cursos. Pensamos o Coordenador pedagógico como contributo essencial para a formação continuada do professor, pois como agente articulador do processo educacional na escola, deverá estimular o professor a refletir sobre a sua prática. É importante reforçar que: Pensar a prática não é somente pensar a ação pedagógica na sala de aula, nem mesmo a colaboração didática com os colegas. “É pensar a profissão, a carreira, as relações de trabalho e de poder nas organizações escolares, a parte de autonomia e de responsabilidade conferida aos professores, individual ou coletivamente”. (PERRENOUD, 1993, p.200). Portanto, o Coordenador Pedagógico é aquele que proporciona a reflexão da prática. Segundo RANGEL (1997, p.76), o coordenador propicia: “A reflexão teórica sobre a prática e as trocas de experiências, a observação e análise de problemas e soluções comuns, acompanhamento, leitura e debate de estudos e pesquisas sobre a prática pedagógica; a orientação é procedimento natural, conseqüente ao ‘olhar sobre’, com atenção a perceber e estimular o aproveitamento dos elos articuladores das atividades pedagógicas. O Coordenador Pedagógico deve incumbir-se de garantir, auxiliar e orientar esta formação, a fim de que o professor possa aperfeiçoar suas habilidades, aliando a Teoria à Prática.” A formação contínua de educadores que atuam na escola básica será mais bem-sucedida se a equipe escolar, liderada pelos diretores e coordenadores, encará-la como valor e condição básicos para o desenvolvimento profissional dos trabalhadores em educação. A estrutura e a gestão democrática são elementos essenciais por enaltecerem a participação e o envolvimento dos professores e técnicos. Autor como PERRENOUD (2001), analisa a formação docente embasados nas teorias cognitivistas e nas teorias psicanalistas. Chama-nos atenção o fato de que as teorias que na escola eram voltadas para o processo de aprendizagem do aluno, são redimensionadas. A aprendizagem do professor (inclusive do seu ofício) é foco privilegiado para a atual pesquisa educacional. 8- COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO Quanto colaboradoras às atribuições apontaram que seu como trabalho coordenador reside, pedagógico, as prioritariamente, no desenvolvimento das questões burocráticas, postas pela legislação vigente, e no seu trabalho com a equipe docente. Ou seja, o coordenador é o mediador das práticas do professor, uma vez que sua ação está diretamente ligada à educação, aos aspectos pedagógicos do ambiente escolar. Corroborando com o exposto, OLIVEIRA (2005, p. 373) destaca que, “[...] a coordenação pedagógica [...] responde pela viabilização do trabalho pedagógico-didático e por sua integração e articulação com os professores, em função da qualidade do ensino.” Dessa forma, o trabalho desenvolvido pelo coordenador pedagógico constitui-se em uma prática mediadora no sentido de visar o comprometimento com o corpo docente e o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. A partir disso, percebe-se que o coordenador pedagógico é o gestor responsável por: “[...] coordenar, acompanhar, acessorar, apoiar e avaliar as atividades pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-didática aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho interativo com os alunos.” (OLIVEIRA, 2005, p. 373). Dentro das escolas, existe a figura do Professor Coordenador, um personagem peculiar. Este profissional exerce, em seu cotidiano, uma série de funções. Penso que uma das principais atribuições do Professor Coordenador Pedagógico é ser o Elo entre o corpo docente e a direção escolar. 40 É este profissional quem ajuda na gestão escolar e na elaboração da proposta pedagógica da escola. Orienta alunos, pais e professores, além de responder pela formação crítica dos professores. Deve ainda auxiliar a resolver problemas de disciplina dos estudantes. Por tudo isso, o coordenador pedagógico só vai desempenhar bem seu ofício se for um líder e tiver apoio da direção em suas ações e reivindicações, como infra-estrutura de trabalho e tempo de estudo para ele e para todos os professores. Neste complexo emaranhado de atribuições e burocracias, fica difícil estabelecer um perfil para os coordenadores. O que pode-se afirmar é que devem estar sempre se atualizando, e buscando melhorias coletivas dentro da escola. O que me pergunto sobre a função de coordenador pedagógico é o porque este profissional muitas vezes é visto com desconfiança? As chamadas minorias, por exemplo, precisam reconhecer que, no fundo, elas são a maioria. “O caminho para assumir-se como maioria está em trabalhar as semelhanças entre si e não só as diferenças e assim criar a unidade na diversidade, fora da qual não vejo como aperfeiçoar-se e até como construir-se uma democracia substantiva, radical.” (FREIRE, 1975, página 43). Ele faz a transposição da teoria para a prática escolar e é o maior responsável pela formação dos docentes, ajudar a elaborar e aplicar o projeto da escola, dar orientação em questões pedagógicas e, principalmente, atuar na formação contínua dos professores. Essas são as funções do coordenador pedagógico (também conhecido em algumas regiões do país como supervisor ou orientador). Assim, é necessário que ele antecipe conhecimentos para o grupo. Para isso é preciso ler muito, não só sobre conteúdos específicos, mas também livros de literatura, jornais e revistas. Um bom coordenador é também um apreciador das diferentes manifestações culturais. Visita regularmente museus e exposições e vai ao cinema e ao teatro. Em muitas escolas, cabe a esse profissional fazer ainda o atendimento aos pais e ajudar a resolver problemas de disciplina dos estudantes. Por tudo isso, o coordenador pedagógico só vai desempenhar bem seu ofício se for um líder e tiver apoio da direção em suas ações e reivindicações, como infra-estrutura de trabalho e tempo de estudo para todos os professores. 41 O que ele faz ajuda a elaborar a proposta pedagógica da escola e garante que ela seja posta em prática. Orientam pedagogicamente pais e responsáveis, alunos, educadores e demais funcionários da instituição. Responde pela formação dos docentes. 9- A FORMAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO Educação de qualidade é uma busca constante das instituições de ensino, para que isso se torne realidades são necessárias ações que sustentem um trabalho em equipe e uma gestão que priorize a formação docente contribuído para um processo administrativo de qualidade conforme CHIAVENATO (1997, p.101), “não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar com as pessoas.” “As organizações cada vez mais precisam de pessoas proativas, responsáveis, dinâmicas, inteligentes, com habilidades para resolver problemas, tomar decisões”. (CHIAVENATO,1997,p.104). Nessa perspectiva devemos identificar as necessidades dos professores e com eles encontrar soluções que priorizem um trabalho educacional de qualidade esse trabalho é desenvolvido pelo coordenador pedagógico. Esse profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática como nos fala NOVOA (1999), que a experiência não é nem formadora nem produtora. “É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação” (p.19), com esse pensamento ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos, assim o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe. 43 Dentro das diversas atribuições está o ato de acompanhar o trabalho docente, sendo responsável pelo elo entre os envolvidos na comunidade educacional. A questão do relacionamento entre o coordenador e o professor é um fator crucial para uma gestão democrática, para que isso aconteça com estratégias bem formuladas o coordenador não pode perder seu foco. O coordenador precisa estar sempre atento ao cenário que se apresenta a sua volta valorizando os profissionais da sua equipe e acompanhando os resultados, essa caminhada nem sempre é feita com segurança, pois as diversas informações e responsabilidades o medo e a insegurança também fazem parte dessa trajetória, cabe ao coordenador refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino – aprendizagem. O trabalho em equipe é fonte inesgotável de superação e valorização do profissional. Imaginemos uma instituição de ensino sem a figura de um Coordenador Pedagógico? Afinal de contas, qual o papel do coordenador? Diversas são as reclamações que emergem em seu cotidiano: sentem-se sozinhos, lutando em muitas frentes, tendo que desempenhar várias funções. Qual seria sua efetiva identidade profissional? A sensação que têm, com freqüência, é de que “são bombeiros” a apagar alguns focos de “incêndio” na escola, e no final do dia vem o sabor amargo sabor de que não se fez nada de muito relevante… Sentem ainda o distanciamento em relação aos professores, a desconfiança, a competição, a disputa de influencia e de poder, etc. A função de coordenação pedagógica é o suporte que gerencia, coordena e supervisiona todas as atividades relacionadas com o processo de ensino e aprendizagem, visando sempre a permanência do aluno com sucesso Poderíamos dizer que a coordenação pedagógica é a articuladora do Projeto Político Pedagógico da instituição no campo pedagógico, organizando a reflexão, a participação e os meios de concretização do mesmo, de tal forma que a escola possa cumprir sua tarefa de propiciar que todos os alunos aprendam e se desenvolvam (desde a alfabetização), como seres humanos plenos, partindo do pressuposto de que todos têm direitos e são capazes de aprender. É oportuno que a coordenação pedagógica, oriente e acompanhe o professor, acreditando na possibilidade de que tudo pode mudar sua visão e postura 44 em relação a prática pedagógica. Precisamos trabalhar nesta direção, desarmar preconceitos, buscar sinceramente esta crença. Assim como o professor não pode desistir do aluno, o coordenador não pode desistir do professor. Parte-se sempre do pressuposto de que todo ser humano pode aprender, todo ser humano “tem jeito”. Em suma, quando se fala em séries iniciais, nos remetemos idéias de que nesta fase o acompanhamento sistemático e a contento se torna imprescindível, por se tratar de uma fase que representa a base, o alicerce de todo processo educativo. Interessante que haja comprometimento, envolvimento, compromisso dos envolvidos, em prol de melhores resultados tanto no fazer pedagógico, quanto na aprendizagem de nossas crianças e adolescentes deste nosso país. A Formação do Coordenador Pedagógico dá-se basicamente na graduação em Pedagogia, nos cursos de pós-graduação destinados à especialidade da Coordenação Pedagógica. Como afirma LIBANEO (2003, p. 99): “O curso de pedagogia tem como objetivo a formação de especialistas em educação, abrangendo várias áreas de educação profissional: coordenação pedagógica de escolas, direção de escolas, planejamento e avaliação educacional.” No entanto, é necessário que o Coordenador Pedagógico esteja atento para a sua formação continuada, pois este, como vimos, é responsável pela formação dos seus professores. Mas, como ocorre a formação continuada do Coordenador? Para respondermos a essa questão, recorremos a GLEGLIO (2003, p.118): “Essa formação continuada acontece de forma marcante no próprio movimento de constituição de seu papel na formação continuada do professor. Ou seja, à medida que ele contribui para a formação do professor em serviço, ele também reflete sobre sua atuação e, conseqüentemente a sua autoformação continuada.” O Coordenador Pedagógico precisa buscar formas sempre novas para a sua própria formação continuada, pois como articulador do processo educativo deve fornecer instrumentos teóricos que fundamentem o saber fazer educativo, onde Teoria e Prática no seu cotidiano andem sempre em harmonia. Pois, como entende ALONSO (2000), a sua ação implica numa ação planejada e organizada a partir de objetivos muito claros, assumido por todo o pessoal escolar, com vistas ao fortalecimento do grupo e ao seu posicionamento responsável frente ao trabalho educativo. 10- OBJETIVOS DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA A Coordenação Pedagógica visa, segundo GLEGLIO (2003, p.119), entre outras questões: • Ser o co-responsável pela construção de uma equipe escolar coesa, empenhada, engajada, para viabilizar as metas preconizadas no Plano de Desenvolvimento da educação – PDE • •Elaborar, em sintonia com os coordenadores de curso, o horário de aulas no início do ano letivo. • •Planejar, orientar e coordenar as atividades da área zelando pelo fiel cumprimento do regime acadêmico interno. • •Convocar e presidir reuniões pedagógicas entre os coordenadores do curso da Unidade. • •Promover a execução das atividades pedagógicas programadas. • •Resolver questões pedagógicas que surjam na Unidade. • •Apreciar, em conjunto com os coordenadores de curso, os planos de curso, o Projeto Pedagógico e o desenvolvimento das aulas em cada curso ministrado. • •Auxiliar o coordenador do curso na contratação ou afastamento de professor temporário. 46 • •Adotar medidas em conjunto com o coordenador de curso que visem a excelência acadêmica. • •Apoiar pedagogicamente os professores. • •Coordenar as atividades pedagógicas do corpo docente visando à articulação entre ensino, pesquisa e extensão. • •Propor e coordenar plano de formação docente para o quadro de professores da Unidade. •Acompanhar a elaboração e o desenvolvimento das atividades acadêmicas dos docentes. • •Pronunciar sobre aproveitamento de estudos de alunos transferidos e diplomados em conjunto com o coordenador de curso. • •Acompanhar a planilha de carga horária dos docentes, de acordo as matrizes curriculares e outras atividades atribuídas a cada professor. • •Atender aos alunos. (Ouvidoria) • •Examinar as ementas, os programas e as cargas horárias das disciplinas dos cursos, analisando sua adequação e cuidando da sua constante atualização, bem como da sua obediência às disposições legais e regulamentares e emitir parecer. • •Participar do processo de matrícula emitindo parecer, quando necessário. • •Trabalhar em sintonia com o coordenador do curso. Além destas atividades cabe, também, ao coordenador pedagógico exercer as funções: • Preventiva: que consiste em acompanhar o processo pedagógico para contribuir na melhoria do processo ensino-aprendizagem; • Construtiva: visando auxiliar o docente a superar as possíveis dificuldades de maneira positiva e cooperativa. • Criativa: objetiva estimular e motivar o docente a buscar novos caminhos, elaborar projetos de pesquisas e criar novos recursos didáticos do ensino. 11- SUPERVISÃO ESCOLAR: UM EXERCÍCIO DE DEMOCRACIA OU AUTORITARISMO A escola, pelo que observamos, nem sempre, ou diria, raramente, é pautada pelo princípio de que deva ser governada por interesses dos que estão envolvidos. Será que existe, na verdade, interesse em uma gestão democrática? Qual seria então o papel da democracia na escola? Dentro de um contexto da rede pública, observa-se pelo que tenho notado que o gestor ou diretor escolar assume uma nova centralidade organizacional, sendo o que deve prestar contas pelos resultados educacionais conseguidos, transformando-se no principal responsável pela efetiva concretização de metas e objetivos, quase sempre centrais e hierarquicamente definidos. Neste sentido, esta concepção de gestão introduz uma nova nuance na configuração das relações de poder e autoridade nos sistemas educativos. “Uma grande escola exigirá docentes competentes, abertos para o mundo e para o saber, sempre de novo redefinidos. Docentes e estudantes conscientemente comprometidos. Uma grande escola exigirá espaços físicos, culturais, sociais e artísticos, equipados que abriguem toda a sabedoria acumulada da humanidade e toda a esperança de futuro – que não seja continuidade do presente, porque este está em ritmo de barbárie – mas seja sua ultrapassagem. Uma grande escola exigirá tempo. Tempo de encontro, de encanto, de canto, de poesia, de arte, de cultura, de lazer, de discussão, de gratuidade, de ética e de estética, de bem-estar e de bem-querer e de beleza. Porque escola grande se faz com grandes cabeças (é certo!), mas também com grandes corações, com muitos braços, que se estendem em abraços que animam caminhadas para grandes horizontes.” (REDIN, 1999:07). 48 Trata-se de uma autoridade cuja legitimidade advém agora da revalorização neoliberal do “direito a gerir” — direito este por sua vez, apresentado como altamente convergente com a idéia neoconservadora que vê a gestão ao serviço de uma nova ordem social, política e econômica, com formas de avaliação que facilitam a comparação e o controle de resultados, embora no primeiro modelo se exija sempre a sua divulgação pública e no outro essa prestação de contas se faça diretamente às hierarquias de topo da administração. Democracia refere-se à “forma de governo” ou a “governo da maioria”; então, torna-se claro, que as relações cotidianas no âmbito escolar, deveriam explicitar esta linha de ação, porém sabendo-se que toda gestão, pressupõe uma AÇÃO e a palavra ação é justamente o oposto da inércia, do comodismo, espera-se do gestor educacional atitudes compromissadas de construir, de fazer e o que se observa são atitudes autoritárias, seguindo diria, uma linha horizontal, onde os princípios democráticos não se inserem; visto que a escola deve ser vista como um lugar privilegiado para a construção do conhecimento e como eixo base das relações humanas, viabilizando não só a produção de conhecimentos como também de atitudes necessárias à inserção neste novo mundo com exigências cada vez maiores de cidadãos participativos e criativos. Seria para muitos, um exagero em considerar a gestão escolar na esfera pública, autoritária. Porém, partindo-se que o autoritarismo está ligado a práticas antidemocráticas e anti-sociais e estas, permeiam sutilmente a gestão das escolas públicas, creio sim, que este termo não estaria sendo utilizado aqui, neste artigo, de forma errada, a afrontar a administração pública. A questão do controle, do poder aprisionado nas mãos de diretores e superiores ainda é prática constante. Administrar escolas é tarefa árdua, porém, dentro dos moldes do autoritarismo, legitima-se então, traumas antigos em que a sociedade se mostra ainda fragilizada, com medo, sem liberdade de se expressar e covardemente cedendo lugar às ideologias. Percebe-se na gestão educacional, uma administração voltada com ações na verdade, reprodutoras de uma sociedade infelizmente alienada e passiva, ditando regras e não estabelecendo uma relação dialógica ideal com os envolvidos, estabelecendo meramente uma transmissão de ordens, 49 alegando na maioria das vezes cumprirem determinações que lhes vem de cima não proporcionando assim, momentos para discussão.... Todas as iniciativas de política educacional, apesar de sua aparente autonomia, têm um ponto em comum: o empenho em reduzir custos, encargos e investimentos públicos, buscando senão transferi-los e/ou dividi-los, com a iniciativa privada e organizações não governamentais. (ROSSI, 2001). A participação é muitas vezes, limitada, controlada e puramente formal. A estrutura técnica se sobrepõe aos indivíduos envolvidos e o poder e a autoridade (leia-se: autoridade: como não prática social- sem visão crítica) se instalam de forma sutil , com obediência, dentro de uma perspectiva clássica de administração que repudia a participação, o compartilhar idéias, a liberdade para expressar-se , a deliberação de decisões e o respeito às iniciativas. A questão do controle ainda é muito forte e mesmo sabendo que o poder e a autoridade são necessários em muitos momentos dentro de várias organizações, intermediando e viabilizando ações criativas para melhora, observa-se ainda um controle rígido, um descompromisso e muito pouca participação da comunidade escolar como um todo (professores, pais, funcionários, lideranças de bairro) no processo da gestão escolar, causando assim automaticamente uma acomodação, em que as pessoas não se mobilizam para nada e ficam alheias, esperando sempre serem orientadas ou então aceitando passivamente tudo que venha das “autoridades competentes”, sem quer que seja nenhum questionamento crítico construtivo. As atuais discussões sobre gestão escolar têm como dimensão e enfoque de atuação: a mobilização, a organização e a articulação das condições materiais e humanas para garantir o avanço dos processos socioeducacionais, priorizando o conhecimento e as relações internas e externas da escola. ”Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria Ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas.” (PIMENTA, 1997, pág. 45). 11.1 - ESCOLA OU EMPRESA? 50 A tendência gerencialista adquire certas especificidades quando adotada em instituições e serviços do Estado tem sido designada de nova gestão pública. Gestão esta com requintes de modelo empresarial, onde a escola se coloca a serviço da empresa, com metas a cumprir, atendendo “clientela”, sendo o aluno na verdade, um mero número. O uso da autoridade dentro de uma gestão educacional, deve ter o cuidado de não se estender a um modelo vertical, devendo essencialmente privilegiar as relações horizontais entre seus integrantes, mediando as discussões, as trocas de idéias, legitimando assim, verdadeiras ações democráticas. Sabe-se o quanto somos facilmente manipulados, por vivermos em uma sociedade de consumo, porém não devemos esquecer que as organizações educacionais são melhores situadas que outras, para iniciar mudanças, começando no âmbito de suas relações internas, no trabalho educativo e logicamente na qualidade da gestão que viabiliza este trabalho. Eliminar as desconfianças, incentivar a criatividade, a ousadia, a solidariedade e a boa convivência, são elementos básicos fundamentais, que com certeza estruturam uma gestão democrática. É claro que estes princípios não se desvinculam da análise de um contexto político, social, ideológico e cultural num sentido amplo, mas mesmo assim, os principais atores deste espetáculo, são os educadores, peças chave na construção de uma gestão educacional digna e humanitária, com potencial de ação, motivadora e inovadora. É necessário que o gestor garanta a participação das comunidades interna e externa, a fim de que assumam o papel de co-responsáveis na construção de um projeto pedagógico que vise ensino de qualidade para a atual clientela da escola pública e para que isso aconteça é preciso preparar um novo diretor, libertando-o de suas marcas de autoritarismo redefinindo seu perfil, desenvolvendo características de coordenador, colaborador e de educador, para que consigamos programar um processo de planejamento participativo de representantes dos segmentos da comunidade interna (diretor, vice-diretor, especialistas, professores, alunos e funcionários) e externa (pais, órgãos/instituições, sociedade civil organizada, etc.), com um conselho não só consultivo como também deliberativo (que não se vê há tempos). 51 “A esses que sempre se beneficiaram do autoritarismo que gerou a exclusão,do centralismo que gerou a alienação, da falta de transparência que gerou a corrupção e da irresponsabilidade que produziu a ignorância; temos que dar um recado: [...] Não abriremos mão de construirmos o que já conquistamos e não nos acomodaremos ante o sonho de sermos os próprios obreiros e gestores do nosso mundo.” (PIMENTA, 1997, pág. 23). CONCLUSÃO Como conclusão observou-se que existe na sociedade brasileira um conflito entre aquilo que se atribui oficialmente enquanto função específica do supervisor/coordenador pedagógico e aquilo que realmente acontece no interior de nossas escolas municipais. A legislação atual, bem como a formação oferecida nos cursos de Pedagogia destoa enormemente das práticas pedagógicas exercida historicamente pelos supervisores/coordenadores. O contexto de desmonte da escola pública é outro empecilho que dificulta ainda mais o desenvolvimento do trabalho pedagógico destes profissionais. O supervisor/coordenador vive em meio de constantes contradições, entre aquilo que ele pensa e aquilo que lhe é possível realizar, entre a sua prática e a sua teoria, entre a necessidade de articular os diferentes atores do processo educativo e a rejeição que este sofre por parte destes, e outra contradição vivenciada pelo supervisor/coordenador é o dilema entre o que o sistema lhe impõe e aquilo que a realidade escolar requer. A relação entre os supervisores e professores é ambígua marcada oficialmente por um discurso de confiança, compromisso, participação, diálogo, democracia, aconselhamento, orientação entre outros, no entanto, o que observamos, é que na prática há um clima de desconfiança, insegurança, 53 descontentamento e omissão, que perpassam todas as relações estabelecidas dentro e fora do universo escolar. Podemos afirmar, com convicção, que nem os coordenadores e nem os professores tem clareza sobre a função oficial que deve ser exercida pelo coordenador, neste sentido constatamos uma incoerência entre aquilo que a legislação estabelece enquanto função do supervisor/coordenador, aquilo que abertamente este profissional assume enquanto sua função mesmo desconhecendo a referida Resolução e aquilo que realmente no cotidiano escolar este executa. Após todo o caminho percorrido na busca de enfocar a Relação Teoria e Prática no Cotidiano do Coordenador Pedagógico, pensamos ser relevante para concluir tecer algumas considerações. O Coordenador Pedagógico precisa estar atento a algumas dimensões que são importantes para a sua coerência no cotidiano escolar. Primeiro, deve preocupar-se com a sua formação, manter-se constantemente atualizado, procurando realizar leituras específicas no que tange a sua área de ação, bem como aos avanços e desafios da contemporaneidade social. Segundo, deve procurar centrar o seu trabalho na ação humana, voltar a sua Prática à Teoria para o outro acreditar sempre nas mudanças, possuindo assim a capacidade de aceitar e conviver com as diferenças. Terceiro, estar atento ao saber fazer, ao saber pôr em ação por meio de métodos, técnicas e recursos didáticos, o seu saber, de tal forma que possa realmente garantir, auxiliar de forma organizada e coerente a formação continuada do professor. Para finalizar, entendemos que é necessário que o Coordenador Pedagógico tenha embasamento teórico que oriente a sua prática; este deve ser antes de tudo, um profissional reflexivo, conhecedor de estratégias que lhe permitam auxiliar seus professores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Luci C. de, BRUNO, Eliane B.G. O coordenador pedagógico e a questão do fracasso escolar. In: ALMEIDA,Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S. O coordenador pedagógico e questões da contemporaneidade. São Paulo: Loyola, 2006. ALMEIDA, Laurinda R. O relacionamento interpessoal na coordenação pedagógica. In: ALMEIDA,Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S. O coordenador pedagógico e o espaço de mudança.São Paulo: Loyola, 2001. ALONSO, Myrtes. A supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In: FERREIRA, Selma. Supervisão educacional para uma escola de qualidade: da formação à ação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2000. ALVES, Vera Maria. In: LIMA, Laurinda Ramalho de, O coordenador pedagógico. São Paulo: Loyola, 2006. BRASIL. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional. CHIAVENATO, André. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria e Educação, n.2,1997. CHRISTOV, L. H. Da educação continuada: função essencial do coordenador pedagógico. In: GUIMARÃES, A (Org.) O coordenador pedagógico e a educação continuada. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2000. CLEMENTI, Nilba.A voz dos outros e a nossa voz. In: ALMEIDA, Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S. O coordenador pedagógico e o espaço de mudança.São Paulo: Loyola, 2001. DECRETO-LEI nº 18.890 de 18/03/1931 - Dispõe sobre a organização do ensino secundário. 55 FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1975. FURASI, José Cerchi. Formação continua de educadores na escola. In: BRUNO, Eliane Bambino. A. (Org.). O coordenador pedagógico e a formação docente. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2004. GADOTTI, Moacir. Um legado de esperança. São Paulo: Cortez, 2001. GARRIDO, Elsa. Espaço de formação continuada para o professorcoordenador. In: CHRISTOV, L. H. da S. (Org.). O coordenador pedagógico e a formação docente. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2002. GLEGLIO, Paulo César. O papel do coordenador na formação do professor. In: PLACCO, Vera Maria de S. e e Almeida, Laurinda Ramalho (orgs.). O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2003. BRASIL. Lei nº 4.024 de 20/12/1961. Diretrizes e bases da educação nacional. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? novas exigências educacionais e profissão docente. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2003. LIMA, Paulo Gomes. Possibilidades ou potencialidades: a postura piagetiana na epistemologia genética sobre a gênese da inteligência. Acta científica. Ciências humanas. Engenheiro Coelho: Unaspress: , v.02, n.09, p.17 - 21, 2005. LUCK, Ivani, et al. Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 1998. MEDEIROS, Sylvio Proença. O ensino do desenho no curso secundário. Atualidades Pedagógicas. n. 01 p. 17, jan/fev. 1985. NÓVOA, Antônio. Profissão professor. Portugal: Porto, 1999. OLIVEIRA, Francisco Oliveira de. Planos de curso para a 1ª série ginasial (desenho). Escola Secundária. n. 17, 2005. ORSOLON, Luiza A. Marino. O coordenador/formador como um dos agentes de transformação da/na escola. In: ALMEIDA, L.R. O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo: Loyola, 2002. PARO V. H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2001. PEDROZA, R. Psicologia e psicanálise (re) pensando o sujeito na educação. DOXA – Revista paulista de psicologia e Educação,1994 PERRENOUD, P. et. al.(Org.) Formando professores profissionais: Quais estratégias? Quais competências? 2. ed. rev. Porto Alegre: Artmed. 2001. 56 PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1993. PIMENTA, Selma Garrido. O Estágio na Formação de Professores: Unidade Teoria e Prática? 3 ed., São Paulo: Cortez, 1997. PLACCO, V. M. N. de S. O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo: Loyola, 2001. PLACCO, Vera Maria N. de S. O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2003. PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza e ALMEIDA, Laurinda Ramalho (orgs.). O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. São Paulo: Edições Loyola, 2004. QUEIROZ, M. T. S. Desafios à educação num mundo globalizado. In: RBPAE v. 19, nº 1, jan/jun, 2003. RANGEL, M. Considerações sobre o papel do supervisor, como especialista em educação, na América Latina. In: SILVA JÚNIOR e RANGEL M. (Orgs.) Nove olhares sobre a supervisão. Campinas: Papirus,1997. RANGEL, Mary(org.). Supervisão Pedagógica. 3. ed. São Paulo: Papirus, 2001. REDIN, Euclides. Nova fisionomia da escola necessária. São Leopoldo: Unisinos,1999. (mimeo.) REGIMENTO Escolar, Artigo nº.129/2006-Resolução CEE/TO. REIS, Fátima. Coordenação pedagógica. In: www.webartigos.com. Acesso em: 20 ago. 2008; ROMANELLI, Otaíza de O. História da educação no Brasil. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1984. ROSSI, Herbert. A validade da Educação Artística. Escola Secundária. n. 12, 2001. SANTOS FILHO, J. C.dos. Democracia institucional na escola: discussão teórica. feIn: Rev. de administração Educacional, vol.1 nº 2. Jan/jun/98. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1998. SILVA, Moacyr da. O coordenador pedagógico e a questão da participação nos órgãos colegiados. In: ALMEIDA, Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S. O coordenador pedagógico e questões da contemporaneidade. São Paulo: Loyola,2006. 57 VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político - pedagógico a ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002 ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.