EMPREENDEDORISMO SOCIAL: DEFINIÇÕES E CASOS

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EMPREENDEDORISMO SOCIAL: DEFINIÇÕES E CASOS BRASILEIROS
Autores: Alessandor Aveni – (DOUT – UNB) [email protected] ; Carlos Neymer
F. Nunes (PG – UFG) [email protected]; Lucineide A. M. Cruz (PG –
UnaM) [email protected] .
INTRODUÇÃO
Este
trabalho
faz
parte
de
um
projeto
de
estudo
sobre
o
empreendedorismo. Nasceu de experiências com pesquisadores e professores do
Brasil da disciplina em Empreendedorismo por vários anos e experiências na Europa
pelo primeiro autor deste artigo.
Com esse ensaio, pretende-se colocar para uma interpretação de
empreendedorismo
social,
com
base
na
literatura
e
experiências
vividas
principalmente, na Itália como gerente na área de desenvolvimento de redes
comerciais.
Trata-se de um tema que fica no meio dos estudos teóricos econômicos e
empresariais e não é bastante tratado, como aspecto fundamental da ação
econômica. Os economistas atuais, bem como os grandes teóricos do século
passado, como por exemplo, Shumpeter, tentam colocar os empreendedores como
agentes transformadores da ordem microeconômica mundial. Os administradores
tratam mais os aspectos motivacionais e tentam encaixá-los em modelos para serem
“repetidos” como se fossem um possível modelo de “produção” de empreendedores.
O empreendedor é uma pessoa que tem um sonho, é bastante forte e tem sorte em
transformar este sonho em realidade. Este sonho é algo novo e que quebra
paradigmas. Trata-se de um individuo não comum, mas não raro, que matura no
tempo, e com uma capacitação muito boa em alguma prática negocial, com uma
capacidade de planejar e gerenciar processos, uma visão e uma forte motivação
para o sucesso no que ele faz. Não se trata de um gerente ou de um administrador
ou de um empresário e tampouco de um empresário por necessidade, como é visto
em alguns países em desenvolvimento.
Os economistas clássicos, como Schumpeter (1937), explicam claramente
este tipo de empreendedor e seu potencial inovador e destrutivo para a economia 1.
Não concordamos com agências públicas que para desenvolver a economia
colocam este sujeito como um fator fundamental e um agente de crescimento. O que
é verdade é o contrário, que os empreendedores podem aquecer, com seus
negócios, a economia, nos velhos setores onde vão entrar, e desenvolver novos
mercados ainda não explorados. Mas a macroeconomia e os setores econômicos se
quiserem
um
desenvolvimento
controlado,
devem
potencializar
esses
empreendedores dando condições para o seu desenvolvimento e aquecer a
economia com políticas macroeconômicas condizentes com o livre mercado.
O empreendedor social, ao contrário de um empreendedor clássico, não
leva destruição no setor, mas age como complemento ou substituto do Estado na
produção de serviços públicos. Esta é uma característica importante e pouco
ressaltada, pois se diferencia muito no seu impacto na economia. Na verdade este
tipo de agente não se pode colocar diretamente como agente individual de mudança
do mercado, mas sim como agente integralizador de todo o processo, por fazer parte
dele?2.
É dado pouco destaque ao Empreendedor Social, em geral ,ele é incluído
entre pessoas e organizações que trabalham sem fins lucrativos. Uma organização é
o resultado do trabalho organizativo do empreendedor social, mas é ele o motor e
sem ele não há organização.
Este ensaio quer mostrar características do empreendedorismo social,
relatar alguns casos no Brasil verificar proposta versus o apresentado e mostrar
motivações econômicas e quantitativas para que seja chamada atenção da
sociedade no compromisso com a maior visibilidade ao setor para a disponibilização
de fundos e serviços de qualidade a uma categoria que poderia ser maior e gerar
mais valor para sociedade Brasileira.
A seguir, uma primeira seção colocará uma taxonomia do empreendedor
social, seus diferenciais com outros tipos de empreendedores tentando esboçar uma
teoria do empreendedor social; uma segunda tratará do terceiro setor e suas
1
A referência é para Schumpeter (1937) e sua explicação da atitude do empreendedor chamada de
“destruição criativa”.
2
Nesse ensaio o empreendedor clássico é a caracterização comum do empreendedor, ou seja, de
um inovador, em geral com base a tecnologia, no mercado que com sua intuição desenvolve um novo
negocio.
relações com o empreendedor social; e uma terceira relatará casos brasileiros de
empreendedores sociais com suas conclusões.
1. TAXONOMIA DO EMPREENDEDOR SOCIAL
A pergunta inicial para compreender os empreendedores sociais é se esse
tipo deve ser exclusivamente focado em resultados sociais, ou não? Em outras
palavras, qual é a importância desses empreendedores e quais as diferenças de um
empreendedor social de outros tipos de empreendedores? Nessa seção, portanto,
tenta-se responder as seguintes questões: como definir o empreendedor social,
segundo sua ideia inovadora, e qual o tipo de motivação este tipo de empreendedor
encontra para este negócio? Qual a diferença do empreendedor social com o
Empresário e o Empreendedor por necessidade?
Como primeiro ponto acredita-se que não há, na realidade, tipologias
exclusivamente puras, ou seja, cada empreendedor trabalha com diversas ações,
contudo, cada um tem um foco diferente de “mercado”. Para fins didáticos o início de
pesquisa é partir da ideia de existir pessoas, empreendedores, que querem ajudar a
sociedade sem ter lucro e que são focados na sociedade e não no mercado
capitalista. O lucro deles é a felicidade dos outros e o valor do trabalho dele como
serviço para a sociedade. Nessa descrição podemos colocar principalmente
instituições religiosas ou organizações não governamentais (ONGs) ou associações
de classe e voluntários.
Então, para ser empreendedor social, um empreendedor deve ser parte da
própria instituição onde atua; deve se sentir totalmente integrado a ela, e dar uma
entrega física, mental e emocional ao projeto. Ser parte de uma organização com
fins religiosos ou de caridade é uma condição suficiente, mas não necessária para
ser empreendedor social. O que é certo, para os principais autores que trabalham
com esse conceito, (Bill Drayton, Charles Leadbeater, Muhammad Yunus, por
exemplo) que o fundamento do empreendedorismo social não é o fundamento
religioso, mas a procura do uso das qualidades e conhecimentos empreendedoriais
(positivista) em qualquer lugar e instituição.
Temos, portanto, que tratar dois problemas: um histórico e outro
metodológico para definir o empreendedor social. O primeiro fala da colocação do
conceito e do seu posicionamento histórico e o segundo, qual o “mercado” do
empreendedor social.
Conceitos e características históricas dos empreendedores sociais
Tentamos responder ao primeiro problema. A história que autores
modernos que tratam do empreendedorismo social contam, é ligada ao nascer do
conceito de empreendedor social depois dos efeitos da globalização. Esta tipologia
de empreendedor que trabalha nas “áreas cinzas”, dos serviços públicos e em
particular em países onde o serviço público é bastante carente como em países do
terceiro mundo.
Não é escopo, do atual trabalho, levantar uma questão da arqueologia da
história do pensamento sobre empreendedores e de bibliografias de grandes
pensadores do passado3.
Empreendedor social é uma definição que foi usada principalmente depois
dos anos 60 e 70 do século passado4. Nos anos 80 e 90 vários autores e
empreendedores colocaram suas experiências em livros de sucesso. Entre os mais
famosos empreendedores sociais estão: M. Yanus que fundou A Grameen Bank em
Bangladesh, na Inglaterra e nos Estados Unidos pode-se citar Bill Drayton que
fundou Ashoka, Charles Leadbeater. (The Rise of the Social Entrepreneur, Demos,
London, 1996). Michael Young cuja experiência foi descrita para Daniel Bell5,
Andrew Mawson6 e outros no mundo.
Uma descrição de empreendedor social, a nosso ver, deve ser abrangente
e incluir a possibilidade de ser parte de instituições religiosas, ser parte do mercado
capitalista, mas também deve ser mais ambígua porque há diferentes graus de
fomentar e suportar mudanças sociais fora e dentro do mercado.
Há também uma polêmica se podemos considerar empresas como
empreendedoras sociais. As empresas que atuam com (RSC) responsabilidade
social corporativa, colocando fundos para projetos sociais são elas empreendedores
3
Uma análise desse tipo foi trabalhada para o filosofo Foucault na sua pesquisa sobre o conceito de
poder. Hoje em dia se multiplicam os autores que trabalham com um conceito retórico na história do
pensamento de várias disciplinas pelos menos na Europa. Um caso americano é da economista D.
McCloskey.
4
Robert Owen in J Banks, The Sociology of Social Movements, London, MacMillan, 1972.
5
(http://www.amazon.co.uk/Social-Entrepreneur-Making-Communities-Work/dp/1843546612)
6
The Social Entrepreneur: Making Communities Work
sociais? Ou empresários que aproveitam o momento para divulgar os seus produtos
e serviços? Com certeza existe uma maior responsabilidade das empresas, pelos
menos na fala, mas isso não quer dizer automaticamente que há motivação e prática
social na missão dessas empresas.
Como existe certamente diferenciais entre projetos então não se pode
colocar sem análise, nos balanços sociais, as contribuições ou doações no item
empreendedorismo social. Mas também se houver só investimentos há um foco
social? É necessário diferenciar, mas isso reduz o impacto do valor total de fundos
que a empresa destina para responsabilidade social e provavelmente não é isso que
as empresas querem mostrar.
Um empreendedor social em geral tem uma visão e uma ação prática de
múltiplas motivações. Com certeza uma motivação em resolver problemas de saúde
em bairros pobres é uma motivação social, organizar uma rede e receber doações
entra no estilo empreendedor e implica uma criação de uma oferta a demanda
detectada. Isso leva por sua vez a uma organização, custos, benefícios e um
mercado. Aí a motivação social se mistura à motivação do sucesso da organização e
do “produto”, defesa da concorrência, como em mercados de capitais.
A literatura faz questão de mostrar um empreendedor social bom, mas
deixamos claro que não é um santo, tampouco está fazendo caridade com seus
projetos, pois trabalha com objetivos e resultados, apesar de ser social, levando
soluções e ajuda a comunidades carentes e aonde o governo não chega com
soluções para os maiores problemas da população.
Todas as organizações com fins sociais, inclusive as religiosas, se voltarem
ao mercado (ou seja, à produção e venda de produtos e serviços) podem ser
consideradas empreendedoras sociais; se fundarem uma empresa para produzir,
vender
ou
negociar
no
mercado.
Assim
associações
religiosas
e
não-
governamentais também tiveram e têm um grande papel em fomentar e suportar
empreendimentos sociais ao longo dos séculos. Também se pode estender aos
sindicatos que se encarregam de ajudar os trabalhadores, em suas reivindicações e
projetos, como associações de assistência e de aposentadoria para os seus
membros fomentando associações cooperativas (seguros, associações de compra e
de venda).
Atualmente outros agentes como ONGs e movimentos sociais são grupos e
pessoas com objetivos diferentes dos sindicatos (pois são de gênero, ambientais, de
diversão), mas com o mesmo espírito de proteção dos mais fracos contra situações
de risco (saúde, inclusão social etc.) ou para fomentar um desenvolvimento de micro
empresas e negócios.
Características dos empreendedores sociais.
Tenta-se responder aqui a segunda pergunta, ou seja, qual o mercado dos
empreendedores sociais? Quais as características dos empreendedores sociais e
suas diferenças com outros tipos de empreendedores?
Peter Drucker, por exemplo, colocou que ser empreendedor social é
também fundar uma universidade7. Ou seja, hoje em dia onde o setor público está
procurando parcerias público-privado, pode ser uma boa opção. Em que Estado ou
outras organizações internacionais sustentam o empreendimento e o empreendedor
monta o negócio e leva educação à sociedade, há mais valia naquelas menos
assistidas e em áreas de risco ou longe dos grandes centros urbanos.
Todos os empreendedores sociais têm características semelhantes aos
empreendedores de negócios, por exemplo, são grandes trabalhadores e bastante
motivados. O que muda é o objetivo final. Este para empreendedores sociais não é
só a geração de lucro, mas o impacto social, esses são os agentes de
transformação no setor social. Então, não se contentam em atuar apenas
localmente. São extremamente visionários e pensam sempre em inspirar a
sociedade com as suas ideias e como colocá-las em prática. São persistentes e, ao
invés de desistir ao enfrentar um obstáculo, os empreendedores sociais se
perguntam “como posso ultrapassar este obstáculo?” e seguem com determinação
em busca de respostas8.
Um empreendedor social, geralmente, é um indivíduo com experiência na
área social, desenvolvimento comunitário ou de negócios. Ele persegue uma visão
do desenvolvimento econômico através da criação de empreendimentos sociais
7 Peter F. Drucker, Max De Pree, Frances Hesselbein Excellence in Nonprofit Leadership JosseyBass , 1998.
8
Adaptado do The Meaning of Social Entrepreneurship by J. Gregory Dees) Fonte:
http://www.gsb.stanford.edu/csi/SEDefinition.html)
voltados para prover oportunidades àqueles que estão à margem ou fora da
economia de um país9.
Empreendedores sociais são como empresários nos métodos que eles
utilizam, mas eles são motivados por objetivos sociais ao invés de benefícios
materiais. A grande habilidade deles é que, com frequência, fazem as coisas a partir
de quase nada, criando formas inovadoras de promoção de bem estar, saúde,
habitação, que são tanto de baixo custo, quanto efetivas se comparadas aos
serviços governamentais tradicionais10.
Empreendedores sociais são também executivos do setor sem fins
lucrativos que prestam maior atenção às forças do mercado sem perder de vista
suas missões (sociais) e são orientados por um propósito duplo: empreender
projetos funcionais e disponíveis às pessoas e se tornam menos dependentes do
governo e da caridade11.
O Empreendedor social na caracterização de Oliveira12 tem como
característica pessoal em saber trabalhar com métodos e técnicas empresariais para
resolver problemas sociais; tem uma visão de soluções aos problemas sociais
enfrentados; tem um sentido de responsabilidade social e de solidariedade; fica
inconformado com a injustiça e desigualdade; é apaixonado por seu trabalho social.
Tudo isso além das características do empresário base clássico.
A seguir, na conceituação de Oliveira (2004), em uma comparação com
outros autores nacionais e internacionais, sobre a definição das características dos
empreendedores sociais.
9
(Jed Emerson e Fay Twersky, editores do livro "New Social Entrepreneurs: the success, challenge
and lessons of Non-Profit Enterprise creation" (The Roberts Foundation, São Francisco, 1996).
10
Charles Leadbeater, autor de "The rise of the Social Entrepreneur",Demos, Inglaterra.
11
The National Center for Social Entrepreneurs).
12
Oliveira Edson Marques. Empreendedorismo social no Brasil: atual configuração perspectivas e
desafios – notas introdutórias . Rev. FAE, Curitiba, v.7, n.2, p.9-18, jul./dez. 2004.
Para o autor há diferencias claras, por exemplo, entre empreendedorismo
social, empresarial e empreendedorismo social corporativo (responsabilidade social).
Em resumo as semelhanças são: Iniciativa, originalidade, autoconfiança, ser
inovador.
Dentre os conceitos dos vários autores sobre o assunto: ter alta tolerância à
ambiguidade e à incerteza, capacidade em aceitar riscos moderados, entres outros,
são fortes características de um empreendedor social.
As principais diferenças são: missão - o empreendedor social adota uma
missão social; seus objetivos são: geração valor social; a riqueza é a felicidade de
seus integrantes sendo um meio para atingir determinado fim, capacidade de atrair
recursos filantrópicos.
Um dos grandes problemas é que essa categoria não está incluída nas
estatísticas nacionais e nas categorias de produção nacional. Alguns autores como
Ashoka tem um sistema interno de avaliação, com base no julgamento e experiência
dos “partners” (parceiros) regionais e internacionais. Outros usam como parâmetro
os objetivos do empreendedor e da organização a ser tratada e, portanto, definem
seu escopo e ranking entre esse tipo de empreendedor.
Antes de enfrentar este problema fundamental para poder caracterizar e
relacionar estes agentes precisa-se uma análise de casos práticos que possam
explicar melhor as definições teóricas vistas nessa seção.
2. EMPREENDEDORISMO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR
Nas pesquisas em geral, para responder a pergunta de qual mercado os
empreendedores sociais participam, há talvez dificuldades teóricas em encaixar este
tipo como parte do chamado “terceiro setor”13. Como empreendedores sociais são
13 Segundo SEBRAE o terceiro setor surgiu no Brasil há aproximadamente três décadas Trata-se de
um setor que se situa entre o público e o privado. O setor público é o governo, representando o uso
de bens públicos para fins públicos. O segundo setor refere-se ao mercado e é ocupado pelas
empresas privadas com fins lucrativos. O terceiro é formado por organizações privadas, sem fins
lucrativos, desempenhando ações de caráter público. Geralmente o termo terceiro setor é utilizado
para identificar que o espaço dessas organizações na vida econômica não se confunde nem com o
Estado nem com o mercado, trata-se de um setor que identifica-se com uma terceira forma de
redistribuição
de
riqueza,
diferente
da
do
Estado
e
da
do
mercado.
http://www.sebraemg.com.br/culturadacooperacao/associacoes/terceiro_setor.htm.acesso 30/8/2011.
frequentemente colocados no terceiro setor, mas sabe-se que deve discutir mais
esta temática.
Como podemos considerar um empreendedor social que tem algum lucro e
não é incluído no terceiro setor? Enfim, o que é o terceiro setor?
O Manual das Nações Unidas para pesquisa (UN 2000) mostra a
classificação adotada na análise experimental em 26 nações.14 O projeto piloto em
diferentes nações foi lançado para avaliar o setor “no profit” (o terceiro setor)15.
Os dados16 mostram que na pesquisa em 26 países há 36 milhões de
trabalhadores nesse setor (6,8% da força trabalho mundial), cuja parte de
voluntários é avaliada em 11,3 milhões, com pique de quase 50% na Suécia,
Noruega e Finlândia.
Os setores de atividade considerando a divisão da contabilidade social são:
educação, saúde, serviços sociais.
Na America Latina é concentrado no setor da educação. O crescimento é
avaliado em três vezes maior dos setores “profit”. Segunda a pesquisa 50% das
entradas das organizações deriva do preço do serviço, só 10% de filantropia
enquanto o restante 40% é devido a contribuições estaduais. Na America Latina as
entradas devidas ao serviço cabem quase 75% das entradas sendo as contribuições
do estado quase 15%.
Se colocar o trabalho voluntário como filantropia o que muda é o valor das
entradas (cai até 40%) enquanto sobe o valor das entradas filantrópicas até 28% do
total.
Simplificando, o Terceiro Setor é o conjunto de entidades da sociedade civil
com fins públicos e não-lucrativas.
Por exemplo, há empresas que tem desenvolvido nos últimos anos uma
responsabilidade social e participam do terceiro setor com suas fundações, como é o
caso da Fundação Bradesco, que oferece cursos técnicos em empreendedorismo e
clínicas empresariais para comunidades carentes.
Assim não concordamos em colocar os empreendedores sociais só no
terceiro setor, se na lógica a maioria deles derivam dessa definição. Seja qual for o
empreendedor social é algo endógeno a uma cultura e uma nação, não nasce só por
14
Johns Hopkins University e Organização Nações Unidas.
Handbook on Nonprofit Institutions in the System of National Accounts UN, 2000.
16
Ibidem, Handbook on Nonprofit Institutions in the System of National Accounts UN, 2000.
15
meio de propaganda ou incentivos, faz parte do espírito humano, de quem tem mais
consciência de problemas e que não julga uma fraqueza trabalhar sem ter lucro.
Acredita-se que merece ser considerada uma categoria econômica, tão importante
quanto às outras.
A discussão sobre os limites da atuação do empreendedor social no
mercado e como classificá-lo é bastante complexo. O empreendedor social pode
obter lucro na sua atuação no mercado (com seus clientes) e pode trabalhar para ou
com o governo (com contrato) e ganhar doações ou outros benefícios. Se
considerarmos o empreendedor social como categoria autônoma isso entra na sua
caracterização.
3. CASOS DE EMPREENDEDORES SOCIAIS NO BRASIL
Abaixo segue a introdução de um caso brasileiro, descrito pelo Sebrae em
casos de sucesso de empreendedorismo social, que conta a história de Ana Penido
criou a CIPÓ – Comunicação Interativa, fundada em 1999. Esta organização cria e
dissemina metodologias de intervenção social que utilizam as tecnologias da
comunicação para promover a garantia de direitos, o desenvolvimento e a
participação de crianças, adolescentes e jovens. Além de promover inserção social
qualificada no mercado de trabalho.
Anna começou a desenvolver projetos de educação pela comunicação em
1989, quando estudante de jornalismo, editou com adolescentes um boletim diário
durante os Jogos Escolares Brasileiros, em Brasília (DF). Sob sua orientação, os
jovens “repórteres” produziram e publicaram artigos sobre cidadania, cooperação,
sexualidade, preconceito e drogas. Anna percebeu o quanto a experiência contribuiu
para o desenvolvimento dos jovens que se mostraram verdadeiros protagonistas de
sua própria história e dos destinos das suas comunidades.
A CIPÓ conta com um programa amplo desde a capacitação de professores
nas escolas públicas, através da produção de sites, programas de rádio, vídeos e
jornais, até o apoio dos jovens por meio dos centros de inclusão digital. Nas
comunidades, a organização atua através dos meios de comunicação como
instrumento de monitoramento e influência em políticas públicas. Juntamente com
empresas viabiliza a contratação e formação de jovens aprendizes e com os
veículos e profissionais da mídia promove ações que permitem aos jovens cumprir o
importante papel de informar e mobilizar a sociedade brasileira dobre os direitos dos
jovens e adolescentes no país.
A CIPÓ atua em três regiões do estado da Bahia (Salvador, Camaçari e
Feira de Santana) e difunde suas metodologias por meio de capacitações realizadas
com instituições, educadores e comunicadores de diversos estados brasileiros.
Desde 2002, criou a CIPÓ Produções, agência de comunicação que presta serviços
diferenciados para organizações e projetos sociais, cujos lucros são revertidos para
a sustentabilidade dos seus programas.
Estará disponível casos de empreendedorismo social que por questão das
normas
para
publicação
ficaram
em
um
endereço
eletrônico
em:
https://skydrive.live.com/?sc=documents&cid=c39470f868339daf#!/?cid=c39470f868339daf&
permissionsChanged=1&id=C39470F868339DAF!283
CONCLUSÃO
Nesse trabalho foram discutidas as características do empreendedor social,
ressaltando as dificuldades de entender o conceito e de classificá-lo em um terceiro
setor da economia. Também, apresentados casos de empreendedores no Brasil.
Os
empreendedores
sociais,
além
do
valor
gerado,
apresentam
características de flexibilidade a exigências locais e nacionais, foco em problemas
de minorias e de faixas sensíveis e frágeis da população; reduzida capacidade de
aproveitar em reduzir custos para ter mais lucros; maior sensibilidade na prestação
de serviços e no atendimento aos desejos e necessidades dos clientes-alvo.
Sugere-se uma extensiva pesquisa para mostrar qual o valor dessa tipologia
e de pesquisas mais aprofundadas acerca das contribuições deste segmento para a
economia. Deve-se quebrar um mito que não é possível calcular o valor produzido
dos empreendedores sociais ao PIB e aproveitar mais desse capital humano que
tem a vantagem de ser largamente disponível em todos os níveis da população,
endógeno, flexível e barato.
Fica como contribuição para este estudo a discussão do conceito e tipologia
do empreendedor social como um agente econômico que atua como vetor de
crescimento em países em desenvolvimento, parcerias público-privado na prestação
de serviços, onde o governo não chega com suas ações sociais e que é necessário
para o desenvolvimento das populações.
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